Aspectos de Rádio - Propagação

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16/10/2020 ASPECTOS DE RÁDIO - PROPAGAÇÃO (2)

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ASPECTOS DE RÁDIO - PROPAGAÇÃO (2)


Autor: Marcio Eduardo da Costa Rodrigues

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2.1.1. Propagação em espaço livre - Visibilidade

Essa é a situação básica de propagação, segundo a qual transmissor e receptor estão imersos em um
espaço livre de obstruções em qualquer direção e o campo elétrico é calculado em um ponto qualquer de
observação. O mecanismo de propagação envolvido é o de propagação em visibilidade. Embora a
propagação em espaço livre seja uma situação bastante particular, o seu entendimento e cálculo são úteis
para que se desenvolva expressões mais complexas e que possam melhor definir a propagação em
diferentes ambientes e para diferentes sistemas (como os celulares). Além disso, sua expressão pode
servir como uma base de comparação com expressões mais complexas e realistas.

A perda (atenuação) de propagação é determinada pela relação entre a potência recebida e a potência
transmitida. Inicialmente, será calculada a perda de propagação entre antenas isotrópicas (irradiação
uniforme em todas as direções) e, posteriormente, será inserido o ganho das antenas.

A densidade de potência calculada a uma distancia d (em campo distante) do transmissor isotrópico é
dada pela expressão (3-4), onde o ganho GT é igual à unidade. A potência recebida é calculada da forma

já mostrada no desenvolvimento da expressão (3-6). Aqui, no cálculo da área efetiva de recepção, o


ganho GR é também igual à unidade. Então:

(3-7)

Expressando o resultado em decibéis:

(3-8)

Apresentando o resultado em unidades mais convenientes à faixa de freqüências utilizada (sistemas


celulares e PCS - Personal Communication Systems) e às dimensões usuais das células, para sistemas

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celulares :

(3-9)

Essa é, portanto, a atenuação de propagação considerando-se as antenas transmissora e receptora


isotrópicas (irradiação igual em todas as direções), chamada atenuação (ou perda) básica de transmissão
em espaço livre. Quando se considera os ganhos das antenas :

(3-10)

A expressão (3-10) é denominada Fórmula de Friis. Calculando em decibéis, por procedimento idêntico
ao adotado na obtenção da expressão (3-9), chega-se a :

(3-11)

onde :

dBi - ganho, em dB, em relação ao ganho da antena isotrópica (unitário)

A expressão (3-11) fornece a perda (ou atenuação) de transmissão em espaço livre.

2.1.2. Reflexão sobre Terra Plana (expressão de dois raios)

Para se chegar a expressões de atenuação de propagação que melhor descrevam as situações reais
encontradas, vai-se acrescentando complexidade ao problema inicial (espaço livre), obtendo-se
expressões teóricas que retratam os novos mecanismos considerados. O primeiro procedimento, e o mais
intuitivo, é o de se considerar a influência da superfície da Terra na propagação. A faixa de freqüências
aqui enfatizada (UHF) e as distâncias envolvidas (nos sistemas atuais, tipicamente menores que 15 km)
permitem que a Terra seja considerada plana na maior parte das regiões sem a introdução de erros
significativos, para efeito de reflexão no solo.

Durante a propagação do sinal, os raios oriundos da antena transmissora sofrem, em geral, inúmeras
reflexões até chegarem à antena receptora. O tratamento inicial dado à questão da reflexão considera a
Terra Plana. Isso pode ser feito pela análise da solução de Norton para este problema. A Figura 3-2 ilustra
os mecanismos de propagação que dão origem à solução de Norton.

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Figura 3-2 - Reflexão sobre Terra Plana

Pela solução de Norton chegam três ondas ao receptor: onda do raio direto, onda do raio refletido na
Terra Plana e a onda de superfície. É importante ressaltar que essa solução é válida apenas quando a
distância horizontal entre transmissor e receptor é muito maior que o comprimento de onda (l), e quando
o índice de refração da Terra (proporcional a k1 , o número de onda na Terra) é muito maior que o índice

de refração no espaço livre (proporcional a k0 , o número de onda no espaço livre). A expressão da

solução de Norton é a seguinte: [2]

; d >> l e k1 >> k0 (3-12)

O primeiro termo da expressão é referente ao raio direto, correspondendo à Fórmula de Friis vista na
propagação em espaço livre. Esse resultado é esperado, uma vez que na propagação em espaço livre, a
onda que chega ao receptor é de um raio direto (propagação sem intervenção de nenhum obstáculo),
exatamente como representado no primeiro termo da expressão de Norton. O segundo termo é referente
ao raio refletido em Terra Plana. O coeficiente de reflexão (R) é dependente do ângulo qi e da relação

entre k1 e k0 ; e a fase Dj é proporcional à diferença de percurso entre o raio direto e o raio refletido.

O coeficiente de reflexão no solo, R, é dado pelas seguintes expressões: [6]

(3-13)

onde :

índices V e H - referem-se às componentes do campo elétrico incidente em relação ao


plano de incidência. O plano de incidência é o plano formado pelo raio

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incidente e a normal à superfície de reflexão (Terra Plana, nesse caso) no


ponto de incidência.

RV - coeficiente de reflexão de Fresnel, para a componente vertical (também denominado

componente hard)

RH - coeficiente de reflexão de Fresnel, para a componente horizontal (também

denominado componente soft)

(3-14)

permissividade elétrica complexa (efetiva) relativa da superfície da Terra.

com :

e - permissividade elétrica da superfície refletora [F/m]

s - condutividade da superfície refletora [Siemens/m]

w = 2pf - freqüência angular [rad/s]

f - freqüência [Hz]

e0 = 8,854x10-12 - permissividade elétrica no vácuo [F/m]

qi - ângulo de incidência, formado entre o raio incidente e a normal no ponto de incidência

(Figura 3-2)

Uma observação a respeito dos coeficientes de reflexão é que, para uma faixa muito grande de valores de

qi , tem-se : [1]

RH (qi) @ -1 , ou seja, a componente horizontal do campo elétrico refletido mantém o módulo e

sofre inversão de 1800 na fase, em relação ao campo incidente

Esse valor só se altera de forma significativa para freqüências muito altas e terra de pobre
condutividade. Se qi é muito grande (incidência rasante), então RV @ RH @ -1, pois, observando-se as

expressões (3-13), quando qi cresce muito, cos(qi) tende a zero e RV,H tendem a -1. Mas, para outros

valores de qi , o comportamento de RV difere do comportamento de RH (RV não tende a -1 para um ampla

faixa de valores de qi , como ocorre com RH). A Tabela 3-2 apresenta alguns valores de condutividade e de

permissividade elétrica relativa, para algumas superfícies. [1]

Superfície s [Siemens/m] er

Terra seca (pobre) 10-3 4-7

Terra comum 5x10-3 15

Terra úmida 2x10-2 25 - 30

Água do mar 5 81
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Água doce 10-2 81

Tabela 3-2 - Alguns valores típicos de s e er

O terceiro termo da expressão de Norton representa a onda de superfície. A função F(w) é a função de
atenuação da onda de superfície e é ela que define sua intensidade. Essa função diminui de intensidade
com o aumento da freqüência e com o afastamento do ponto de observação (recepção) em relação ao
transmissor. Na faixa de freqüências tratada (UHF), o efeito da onda de superfície pode ser desprezado.
Então, se simplificarmos a expressão (3-12), através da supressão do termo de onda de superfície,
considerarmos os coeficientes de reflexão iguais a -1 (o que é válido, como visto, para incidência rasante)
e, se a distância d for muito maior que hT + hR (soma das alturas da antena transmissora e receptora,

respectivamente), a potência recebida pode ser obtida da seguinte maneira.

Diferença de fase entre raio direto (R1) e todo o percurso de reflexão (R2) :

(3-15)

(essa expressão é geral e independe das condições assumidas no parágrafo anterior, naturalmente)

Pode-se demonstrar que, se a condição de d >> (hT + hR) é atendida :

(3-16)

Com as condições assumidas e algum tratamento algébrico, a expressão (3-12) toma a seguinte forma :

(3-17)

Levando a expressão (3-16) em (3-17), obtém-se :

(3-18)

E a expressão de potência recebida fica :

(3-19)

O gráfico referente à expressão (3-19) é apresentado na Figura 3-3 a seguir.

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Figura 3-3 - Gráfico de atenuação por Terra Plana (2 raios)

A expressão (3-19) pode sofrer uma outra simplificação se, além das condições já impostas, garantirmos
que sen(Df/2) @ Df/2. Esta situação ocorre quando a incidência é de tal maneira rasante que a diferença
de percurso, e portanto de fase, entre o raio direto e o raio refletido é muito pequena. Essa aproximação é
válida a partir de determinada distância em relação ao transmissor, como será apresentado adiante.
Através da aproximação

(3-20)

e como, pela expressão (3-12), , pode-se escrever

, para < 0,3 radianos (aproximadamente)

(3-21)

Inserindo o resultado (3-21) em (3-19), obtém-se :

(3-22)

Essa é a expressão de potência recebida na propagação em Terra Plana, usada quando são válidas as
aproximações feitas. A expressão de atenuação de propagação L correspondente é calculada a seguir.

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(3-23)

Em decibéis :

(3-24)

A expressão (3-24) fornece a atenuação de propagação de Terra Plana, que se aproxima do valor exato
quando as condições assumidas nas aproximações são satisfeitas. Demonstra-se que a distância d a partir
da qual é válida a aplicação de (3-24) é :

(3-25)

Essa distância corresponde ao último máximo do gráfico da Figura 3-3 , que ocorre, segundo ), na
distância aproximada de 6 km. A partir desse ponto, a queda do campo com a distância se aproxima a

1/d4 .

O que é interessante de se observar na expressão de atenuação em Terra Plana é a sua independência

com a freqüência e a dependência com a distância através de uma fator 4 (10log(d4)), em contraste com

a dependência através de um fator 2 (10log(d2)) encontrada na propagação em espaço livre (onde o único
mecanismo é o de visibilidade).

A expressão obtida tem aplicação limitada a regiões de relevo relativamente plano e com poucas
construções (espaços amplos e abertos, típicos de regiões rurais). A análise da reflexão em Terra Plana
acima realizada, considera a superfície refletora como sendo lisa. A reflexão é dita especular, e a direção
da onda refletida é única e bem definida pelo ângulo entre a onda incidente e a normal à superfície
refletora, através da Lei de Snell da reflexão.

Se a superfície refletora não é lisa, a onda refletida não possuirá direção única. O que ocorre é um
espalhamento (difusão) da energia incidente, em várias direções, causado pela irregularidade
(rugosidade) da superfície refletora. A Figura 3-4 ilustra o espalhamento de uma frente de onda plana
(representada pelos raios incidentes paralelos) refletida em uma superfície rugosa.

Figura 3-4 - Reflexão em superfície rugosa (espalhamento)

Observa-se na Figura 3-4 que, embora a lei de reflexão continue válida (ângulo de incidência igual ao
ângulo de reflexão), como a superfície é irregular, haverá inúmeros ângulos de incidência, distribuídos de

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maneira desordenada, dando origem a inúmeros ângulos de reflexão. Isso constitui o espalhamento da
energia. O efeito prático da reflexão assim gerada (reflexão difusa) é que menos energia será acoplada ao
receptor. Foi desenvolvido um critério prático para a avaliação da rugosidade de uma superfície. Seja a

Figura 3-5 a seguir.[1], [8]

Figura 3-5 - Determinação da diferença de fase entre raios refletidos em superfície rugosa

Demonstra-se que a diferença de comprimento entre os dois percursos, (AB + BC) e (A’B’ + B’C’) é dada
por :

(3-26)

A diferença de fase entre os percursos será, então :

(3-27)

Se d << l, Df é pequeno e pode-se considerar a superfície como sendo lisa. O critério prático consiste
em assumir que a superfície é rugosa quando Df ³ p/2 , o que leva a :

, conhecido por Critério de Rayleigh (3-28)

Ou, se y é suficientemente pequeno : seny @ y, que leva o critério a ser expresso por .

A rugosidade é, portanto, determinada pela diferença de fase entre raios que atingem diferentes pontos
da superfície (com elevações distintas), conforme a Figura 3-5 ilustra. Dessa forma, o espalhamento da
energia está sendo analisado através da diferença de fase entre raios. Quanto menor a diferença
(determinada pela relação entre o desnível d e o comprimento de onda l), mais lisa é a superfície e
menor será o espalhamento por ela causado. O que ocorre na prática é que, pela característica irregular
do perfil das rugosidades, o desnível d é tratado como uma variável aleatória e o seu desvio padrão sh

passa a ser a medida de quão acentuada é a rugosidade da superfície.

Substituindo d por sh na expressão (3-27), é definido o parâmetro C.

(3-29)

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Para Y pequeno : (3-30)

Um critério usual é o seguinte :

C < 0,1 ® superfície lisa;

C > 10 ® superfície muito rugosa, de forma que o espalhamento é tão grande que pode-se
desconsiderar a componente refletida, pois é desprezível a energia acoplada ao
receptor através de reflexão.

Para valores de C entre 0,1 e 10, é definido o coeficiente de espalhamento: , obtido


empiricamente. O coeficiente de reflexão especular é então corrigido pelo coeficiente de espalhamento,
resultando no coeficiente de reflexão especular a ser usado :

(3-31)

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