2175 3539 Pee 21 03 573

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http://dx.doi.org/10.

1590/2175-3539/2017/0213111111

Discutindo a formação em Psicologia: a atividade de


supervisão e suas diversidades

Walter Mariano de Faria Silva Neto


Universidade Federal do Triângulo Mineiro – Uberaba – Minas Gerais – Brasil

Wanderlei Abadio de Oliveira


Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto – SP – Brasil

Raquel Souza Lobo Guzzo


Pontifícia Universidade Católica de Campinas – Campinas – SP – Brasil

Resumo
Este estudo discute e explora a supervisão como momento importante da formação profissional em Psicologia. Mediante um ensaio teórico,
objetivou-se refletir sobre a atividade de supervisão de estágios e a multiplicidade conceitual do termo, além de explorar aspectos específicos
da Psicologia Escolar. A Psicologia Crítica foi adotada como referencial teórico para pensar nos elementos da supervisão analisados. Entram
em cena seus aspectos históricos no contexto da formação em Psicologia, a diversidade de sentidos que a palavra supervisão adquire, os
modelos teóricos e as áreas prevalentes. Destaca-se a supervisão em Psicologia Escolar e como esta se delineou no Brasil ao longo do tempo.
Reconhece-se a potencialidade da supervisão para romper com práticas profissionais centradas em concepções individuais ou médico-clínicas.
Palavras-chave: Ensino da Psicologia; Formação do Psicólogo; Psicologia Escolar.

Discussing the training in Psychology: the activity of supervision and its


diversities
Abstract
This study discusses and explores supervision as an important moment of professional training in Psychology. Through a theoretical essay, the
objective was to reflect about the activity of supervising stages and the conceptual multiplicity of the term, besides exploring specific aspects of
School Psychology. Critical Psychology was adopted as a theoretical reference to think about the elements of supervision analyzed. Its historical
aspects come into play in the context of the formation in Psychology, the diversity of meanings that the word supervision gets, the theoretical
models and the prevalent areas. We emphasize supervision in School Psychology and how it has been outlined in Brazil over time. It is recognized
the potential of supervision to break with professional practices focused on individual or medical-clinical conceptions.
Keywords: Psychology Education; Psychologist Education; School Psychology.

Discutiendo la formación en psicología: la actividad de supervisión y sus


diversidades
Resumen
En este estudio se discute y explora la supervisión como momento importante de la formación profesional en Psicología. Mediante ensayo
teórico, se tuvo el objetivo de reflexionar sobre la actividad de supervisión de pasantía y la multiplicidad conceptual del término, además de
explorar aspectos específicos de la Psicología Escolar. La Psicología Crítica fue adoptada con referencial teórico para pensar en los elementos
de la supervisión analizados. Entran en escena sus aspectos históricos en el contexto de la forma en Psicología, la diversidad de sentidos que
la palabra supervisión adquiere, los modelos teóricos y las áreas prevalentes. Se destaca la supervisión en Psicología Escolar y como esta se
delineó en Brasil a lo largo del tiempo. Se reconoce la potencialidad de la supervisión para romper con prácticas profesionales centradas en
concepciones individuales o médico-clínicas.
Palabras clave: Enseñanza de Psicología; Formación del Psicólogo; Psicología Escolar.

Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 21, Número 3, Setembro/Dezembro de 2017: 573-582. 573
Introdução profissional do psicólogo. Esse movimento de expansão
da profissão ensejava, ainda, a necessidade de definição
A Psicologia no Brasil se desenvolve com uma tra- profissional da categoria e o estabelecimento de grupos,
jetória caracterizada por diferentes elementos, de acordo sociedades e associações para pensar nas áreas de forma
com o momento político e social vivido pelo país – de uma específica e como elas se desenvolviam na realidade
disciplina com semblantes colonizados a um perfil mais brasileira (Soares, 2010).
comprometido com a realidade – a ciência e a profissão no No contexto da regulamentação legal, também já se
país têm se constituído como um movimento importante de notava uma preocupação com a formação tecnicista e se
diferentes matizes ideológicas (Guzzo, 2015b). As ideias psi- evidenciava uma preocupação com os estágios e a atividade
cológicas apareceram no Brasil no século XIX, nas primeiras de supervisão dessas práticas. Supervisionar profissionais e
faculdades de Medicina e Direito (Pereira & Pereira Neto, alunos em trabalhos técnicos e práticos de Psicologia já era
2003; Yazlle, 1990); mas somente em 1954 é ��������������
que foi
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ela- prerrogativa das primeiras leis regulamentárias da profissão,
borado o primeiro anteprojeto de lei para constituir a prática e desde então essa atividade passou a ser exercida na gra-
psicológica como uma profissão (Soares, 2010). Em1962, duação e mesmo em modalidades diferentes de atuação
ocorreu a regulamentação da profissão de psicólogo quando profissional. O estabelecimento do chamado currículo míni-
“O Governo Federal reconheceu a necessidade de aprimo- mo para os cursos de Psicologia, pelo Conselho Nacional
rar a formação dos profissionais e de restringir quaisquer de Educação (parecer 403/62), instituiu a necessidade de
abusos eventuais em relação à prática da Psicologia” atividade prática em forma de estágio supervisionado como
(Cruces, 2003, p. 23). Duas são as legislações que marcam etapa formativa e caracterizado como período de treinamen-
o início da profissão: a lei 53.464/64, de 21 de janeiro, e a lei to prático (ABEP, 2008). A partir dos anos 2000, a formação
4.119/62, de 27 de agosto. Nessa lei, estavam previstas as em Psicologia passou a seguir as Diretrizes Curriculares
seguintes funções do psicólogo: utilizar métodos e técnicas Nacionais (Resolução 8/2004), que instituiu o conceito de
psicológicas com o objetivo de diagnóstico psicológico ênfases curriculares, prevendo estudos e estágios em algum
orientação e seleção profissional, orientação psicopedagó- domínio da Psicologia nos cursos de graduação (Resolução
gica e solução de problema de ajustamento; dirigir serviços 8/04, 2004) e fornecendo a possibilidade de que cada ins-
de Psicologia em órgãos e estabelecimentos públicos autár- tituição de ensino formasse profissionais comprometidos
quicos, paraestatais, de economia mista e particulares; com dimensões específicas do contexto onde a instituição
ensinar cadeiras ou disciplinas de Psicologia nos vários formadora estivesse inserida.
níveis de ensino; supervisionar profissionais alunos em Sumariamente, a supervisão de estágio é uma mo-
trabalhos técnicos e práticos de Psicologia. dalidade didático-pedagógica que se delineia a partir da par-
Nesse contexto da regulamentação jurídica, nota-se a ticipação direta dos estudantes em situações profissionais
preocupação com a formação tecnicista, porém é a primeira de dadas áreas, com o objetivo de estabelecer correlações
vez em que a preocupação com os estágios foi regulamenta- entre teoria e prática. Esse cenário sinaliza a essencialidade
da, seja para estudantes seja para os profissionais. O Instituto do fazer do supervisor de estágio como sujeito detentor de
de Waclaw Radecki — cabe frisar — criou o primeiro curso, conhecimentos e experiências práticas que se responsa-
aberto em 19 de março de 1932 (Associação Brasileira de biliza por formar os estudantes, os quais, empiricamente,
Ensino de Psicologia [ABEP], 2008), ainda no nível de aper- possuem menos ferramentas para orientar suas práticas
feiçoamento para profissionais de outras áreas. Esse curso (Gonçalves, 2000). Dessa forma, o estágio supervisionado
foi extinto após sete meses de funcionamento, dadas a falta consegue atingir o objetivo de preparar os estudantes para
de recursos orçamentários e a pressão de grupos médi- a inserção no mundo do trabalho e o desenvolvimento das
cos e católicos (Centofanti, 1982). Com a regulamentação competências próprias da atividade profissional. Ao mesmo
da profissão de psicólogos nos anos 60, começaram a ser tempo, essas atividades supervisionadas e desenvolvidas
abertos os cursos de graduação em Psicologia país afora. em situações reais de vida e trabalho revelam os elementos
Sabe-se que não passavam de 30 até 1967 (Soares, 2010). centrais desse processo formativo: o saber e o fazer do pro-
Atualmente, segundo dados da plataforma e-MEC são 710 fessor supervisor e a experiência dos estudantes.
cursos em atividade no país1, o que denota a crescente ex- Especificamente, o estágio e a supervisão na área
pansão e, consequentemente, a preocupação com a forma- da Psicologia Escolar — área importante por sua interface
ção profissional. com o desenvolvimento humano e os direitos de crianças e
Como consequência direta da regulamentação da adolescentes em idade escolar — são campos privilegiados
profissão e da oferta crescente de cursos que aconteceu a em relação às possibilidades de atuação profissional. Isso
partir desse momento, o número de profissionais na área porque a relação entre universidade e escola, muitas vezes,
aumentou aos poucos. Isso resultou, após a lei 5.766, de torna possível realizar atividades que, talvez,������������
não �������
aconte-
1971, na constituição do Sistema Conselhos de Psicologia, çam no cotidiano escolar, pois, afinal esse profissional não
que abrange o Conselho Federal e os conselhos regionais, se encontra presente na rede escolar pública, não sendo
responsáveis pela orientação e fiscalização do exercício considerado um profissional da Educação e não fazendo
1 Dados atualizados na plataforma e-MEC (http://emec.mec.gov. parte do corpo técnico da escola.
br/), em 24 de janeiro de 2017.

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Entretanto, dificuldades no manejo da supervisão, O ensaio é um meio de análise e elucubrações relati-
tais como resistências institucionais ao trabalho e até o perfil vas ao fenômeno investigado. Aqui, o fenômeno de interes-
dos estagiários — muitas vezes formados numa visão hege- se é a supervisão na formação em Psicologia. As reflexões
mônica de Psicologia —, expressam a necessidade contínua decorreram da análise de artigos científicos e documentos
de reflexões sobre essas atividades formativas (Silva Neto, identificados em pesquisa de doutorado (Silva Neto, 2014).
2014). Nesse sentido, considera-se o compromisso social O material foi analisado segundo suas contribuições para
e político presente na supervisão, uma vez que a atuação pensar na história da supervisão na formação do psicólogo
do psicólogo como supervisor de estágio não se limita às brasileiro, nos significados diferentes que a palavra super-
questões técnicas; antes, indica como tem ocorrido a forma- visão adquiriu nesse processo, nas áreas e nos modelos
ção do psicólogo no Brasil. Esse tipo de reflexão crítica só teóricos mais presentes na divulgação sobre o uso dessa
é possível mediante uma leitura da realidade educacional ferramenta, enfim, na experiência da Psicologia Escolar no
numa associação com os aspectos macroestruturais e o tocante à supervisão.
conhecimento das políticas governamentais e de sua rela- No ensaio, a contradição entre o todo e as partes
ção com o caráter político das atividades dos professores resultada dialética entre a realidade objetiva e os sujeitos
supervisores, contextualizadas segundo os pontos de vista que pensam nela (Meneghetti, 2011). Assim, o referencial
dialético e ideológico (Brandão, 1995).2 da Psicologia crítica que abrange concepções diversas para
Questões sobre a supervisão na formação de profis- compreender as questões sociais e humanas, com foco nas
sionais de Psicologia no Brasil são abordadas e analisadas relações de poder e no modo de produção social das rela-
aqui conforme o recorte teórico da Psicologia crítica (Parker, ções e do capital, foi essencial para a análise construída.
2004, 2007a, 2007b; Prilleltensky & Nelson, 2002; Burton,
2013; Dobles, 1999; Martín-Baró, 1996). Especificamente,
objetivou-se: 1) refletir sobre a atividade de supervisão na Aspectos históricos da supervisão na formação do
formação profissional e a multiplicidade conceitual do ter- psicólogo
mo; 2) explorar aspectos pertinentes à área da Psicologia
Escolar. Este tópico visa apresentar a supervisão como pro-
Discutir a formação em Psicologia nessa direção cesso essencial à formação de profissionais na Psicologia,
permitiu identificar a inserção dos estágios curriculares e as traçando momentos históricos de sua regulamentação. A
mudanças na condução do processo de formação. O ponto análise mostra que aspectos de sua regulamentação datam
forte do estudo é a abordagem crítica e histórica da supervi- de meados dos anos 1990. Como resultado dos primeiros
são como momento essencial da formação do psicólogo. Ela debates sobre essa prática essencial ��������������������
à ������������������
formação do psicó-
é o ponto de partida para orientar práticas e construir modos logo, surgiu a necessidade de elaborar critérios para que as
de atuar junto a pessoas, grupos e comunidades em áreas universidades pudessem contratar psicólogos supervisores,
diferentes, em especial na educação. aspecto amadurecido pelo Sistema Conselhos de Psicologia
(Costa Jr & Holanda, 1996; Dias, 1998; Dimenstein & Mace-
do, 2012).
Método A legislação que regulamenta a supervisão de está-
gios em Psicologia no Brasil – desde a regulamentação da
Este estudo é um ensaio teórico, caracterizado pela profissão até a necessidade de estabelecer serviços-escola
divulgação científica de pensamentos e concepções base- para os cursos de graduação – passou por modificações de
adas na literatura. Um ensaio não busca respostas nem entendimento naquele sistema, sobretudo os critérios para
afirmações verdadeiras. É um texto orientado por perguntas contratar supervisores de estágio e regulamentar a atividade
que conduzem autores e leitores a reflexões mais profun- de supervisão. Nesse sentido, a experiência do supervisor
das sobre os fenômenos sociais. É um recurso importante nas áreas de atuação era algo relevante a ser considera-
na atualidade para formar conhecimentos; mas exige um do, assim como a responsabilidade dessa personagem
exercício de rompimento com o paradigma positivo e car- pelo trabalho desenvolvido nos campos do estágio pelos
tesiano predominante no fazer e na divulgação científicos estagiários (Silva Neto, 2014). Por outro lado, em geral, o
(Meneghetti, 2011). Trata-se, pois, de um estilo e uma forma perfil do supervisor de estágio se relaciona com seu registro
de refletir sobre um elemento central da realidade – neste no conselho de classe e a comprovação de experiência na
caso, da realidade da formação do psicólogo brasileiro. As área supervisionada, mas não se têm claros os critérios de
perguntas que orientaram este ensaio foram: quais são as avaliação da experiência exigida. Além disso, quanto ao pa-
concepções e as características da supervisão na formação pel do supervisor, parece não haver definição ou consenso
em Psicologia no Brasil? Como esse tema é abordado na que orientem a contratação e o exercício dessa atividade
área de Psicologia Escolar? profissional, que, majoritariamente acontece no âmbito das
instituições formadoras.
Em geral, as legislações e os documentos de orienta-
2 O vocábulo crítico é empregado aqui porque é nessa perspectiva
que se pode construir uma oposição ao saber construído pela ção focalizam diretrizes filosóficas e enfatizam a supervisão
ciência dominante (Silva Neto, 2014). como momento para estabelecer relações entre referenciais

Discutindo a formação em Psicologia * Walter Mariano de Faria Silva Neto, Wanderlei Abadio de Oliveira & Raquel Souza Lobo Guzzo 575
teóricos e campos de prática (Gonçalves, 2000). Em termos, magem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina e
ante a ausência desse tipo de diretriz, é preciso entender Odontologia, sobretudo.3
o fenômeno da supervisão, historicamente como atividade Noutra vertente, internacionalmente os momentos
de trabalho que engendra a formação de um profissional de supervisão em Psicologia voltam-se à especialização e
para atuar num contexto específico, no caso, a escola. Esse pós-graduação – para aprofundamento técnico e científico.
entendimento conduz a reflexões sobre o papel do outro Parece ser consenso que a supervisão se relaciona direta-
no processo de desenvolvimento e suas relações com a mente com a prática e as habilidades necessárias ao exer-
realidade concreta em que os supervisores estão inseridos, cício profissional (Huhra, Yamokoski, & Prieto, 2008; Loe,
assim como em relação aos diferentes modos de formação Jones, Crank, & Krash, 2009). Em realidades e contextos
vivenciados pelos estudantes (Martins, 2006). diferentes, os grupos de supervisão configuram-se como es-
No campo científico e profissional, a Psicologia foi paços para desenvolver a competência e a autonomia profis-
um mecanismo ideológico de reprodução da ideologia do- sional, assim como para frisar a necessidade de colaboração
minante e contribuiu, durante muito tempo, para manter uma entre atores distintos (Haboush, 2003; Harvey & cols., 2010).
consciência alienada (Parker, 2007a). Por outro lado, dada A literatura internacional é
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central nesse
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debate, pois as ex-
sua constituição contraditória, no melhor dos exemplos da periências de outros países podem ajudar a propor práticas e
compreensão marxista de história pode-se afirmar que a fundamentar trabalhos de supervisão no Brasil, bem como es-
Psicologia busca formas contraideológicas, numa perspec- clarecer a importância desse momento do processo formativo
tiva crítica e num movimento de autocrítica que a liberte de do psicólogo na realidade nacional. Experiências de formação
suas próprias amarras, dito de outra forma, que a Psicologia específica para a atuação dos supervisores são encontradas no
possa se libertar de seu compromisso história com um modo Reino Unido, Austrália e Portugal (Oliveira-Monteiro, Herzberg,
de vida capitalista (Martín-Baró, 1996). Oliveira, & Silvares, 2013). Nessas experiências são aborda-
A Psicologia não é uma entidade em si que opera no das questões éticas e de boas práticas, bem como se valoriza
contexto social��������������������������������������������
; são seus profissionais que têm a capacida- a construção de espaços para a análise de competências,
de de provocar esses movimentos e transformar a realidade estratégias e tarefas relacionadas a esse tipo de exercício
a partir de uma leitura crítica sobre a conjuntura e o papel da profissional do psicólogo.
ciência na análise de suas características. Daí que a super- A diversidade é uma parte inseparável de questões
visão acadêmica é um momento para formar profissionais relacionadas com a Psicologia e não seria diferente tratan-
comprometidos socialmente com as diferentes formas de do-se da formação de seus operadores. Como este estudo
manifestação da subjetividade, com os processos psicosso- adota o referencial da Psicologia Crítica, investiga-se como
ciais e com o rompimento com as práticas positivistas. superar modelos de abordagem centradas nas lógicas mé-
Assim como a história da Psicologia no Brasil, a su- dicas e clínicas nesse processo formativo, quando o mundo
pervisão acadêmica foi atravessada por questões políticas, do trabalho parece ser o ponto central para a prática de su-
sociais e estruturais que determinaram como os cursos de pervisão. Ora, num amplo contexto de concepção do termo,
graduação e as instituições de ensino se apropriaram dessa fica claro que a supervisão é um espaço de aprendizagem
ferramenta. Os dados históricos parecem indicar que a mu- das regras para a coexistência e atuação junto aos pares
dança na maneira como ocorre o trabalho profissional na re- nos espaços de trabalho.
alidade só é possível se houver mudanças na sua formação. Com efeito, a supervisão é �����������������������
percebida como momen-
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Nessa dimensão de caminhos viáveis – como a participação to em que alguém com mais experiência e conhecimento
em campos diferentes da Psicologia e no contato com su- oferece orientações a alguém em formação em dada área.
pervisores críticos –, as intervenções são redefinidas e se Tornada prática comum na formação, a supervisão se pro-
tornam mais pertinentes às realidades (Guzzo, 2007). jeta como prática docente que se soma ao cotidiano com
estagiários, a tarefas específicas da função de supervisor e
a outras demandas advindas das atividades docentes. No
Diversidade de significados da supervisão em desenvolvimento dessas tarefas, percebem-se exigências
Psicologia por competências profissionais que abarcam as dimensões
teóricas, metodológicas, técnicas, éticas e políticas, que,
Em geral, há uma grande variedade no uso da pa- também, precisam ser consideradas quando nos referimos à
lavra supervisão na literatura. Seu emprego tem destaque diversidade abrigada no termo (Silva Neto, 2014).
em duas dimensões principais. A primeira delas se vincula Esse tipo de compreensão deriva do rompimento de
à Educação — ou seja, envolve a supervisão pedagógica, uma visão liberal e fragmentada de homem e dos proces-
que analisa a prática de supervisores na rede de ensino e a sos de trabalho sintonizados com a ideologia capitalista e
formação de professores de Bioquímica, Educação Física, médico-clínico. A supervisão é um processo que pode assu-
Física, História, Língua Estrangeira, Língua Materna, Quími- mir um caráter estritamente tecnicista, corporativista, elitista
ca, a própria Psicologia, dentre outras. A outra área é relativa
3 A supervisão em Psicanálise é expressiva no estado da arte sobre
à formação de profissionais da saúde nos campos da ������Enfer-
o tema, contudo, ante suas características e o foco não universitário
dessa modalidade, esse tipo de supervisão não entrou no escopo
deste estudo.

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e distante da realidade socioeconômica brasileira, porque nos processos clínicos (Cruces, 2009). Se isso corrobora
incorpora os modelos internacionais sem problematizá-los a tendência histórica dessa área no interior da Psicologia,
(Parker, 2004, 2007a, 2007b; Dobles, 1999). Superar essa então as ênfases diferenciadas e focalizadas em processos
visão tradicional da supervisão acadêmica é percebê-la psicossociais e processos educativos podem ser entendidas
como essencial para a formação do psicólogo brasileiro como amadurecimento da ciência e profissão psicológica,
quando aborda conhecimentos historicamente acumulados tanto quanto como reconhecimento da importância de outros
pela humanidade; mas é, também, um processo de ensino e campos de atuação que, por consequência, exigem forma-
aprendizagem fundamental para transformar práticas profis- ções específicas e modelos de supervisão diversos.
sionais e, logo, a sociedade (Burton, 2013). Desse dado se pode problematizar, também, que, do
ponto de vista histórico, algumas áreas não se constituíram
legitimamente como lócus de atuação profissional; tal qual
Modelos teóricos e áreas prevalentes ocorreu com a Psicologia Escolar, ao contrário dos psicólo-
gos que atuavam na área clínica e industrial. Nesse caso,
É expressiva, na literatura, a referência à supervisão a análise nos leva à visão de uma escola muito mais teóri-
em Psicologia Clínica. Em geral, essa prática é abordada para ca do que prática. Isso foi agravado pela ausência desses
esclarecer pontos sobre a atuação dentro dos serviços-escola profissionais nesse tipo de instituição. Tal situação criou um
com o foco na formação profissional para essa área. Nessa padrão de atendimento inadequado às questões educacio-
direção, os campos mais tradicionais da Psicologia figuram nais, pois os estudantes considerados problemáticos eram
como os mais abordados: Psicanálise (D›Agord, 2005; Darriba, encaminhados a consultórios particulares; supostamente,
2011; Maraschin, D’Agord, Santos, & Sordi, 2006; Melo, 2011; incorporar o psicólogo à rede pública de educação seria
Pinheiro, Darriba, 2010; Rodrigues, 2009; Scorsolini-Comin, oneroso ao Estado (Mello, 1975).
Nedel, & Santos, 2011); a abordagem fenomenológico-existen-
cial (Boris, 2008); a terapia cognitivo-comportamental (Barlet-
ta, Delabrida, & Fonsêca, 2011); e abordagens centradas na Supervisão em Psicologia Escolar
pessoa e no psicodrama (Tavora, 2002). Mesmo sendo a clí-
nica uma área tradicional da Psicologia é possível identificar Este estudo destaca a supervisão na área da Psi-
abordagens de contexto, a problematização dos processos cologia Escolar para contribuir com a construção crítica de
clínicos e a relação dos estudantes com a equipe de saúde e modelos de atuação dos estudantes e futuros psicólogos
os supervisores da universidade (direto) e do campo de está- da área. Isso se justifica por ser um campo diverso, com
gio (interno) (Santeiro, 2012). características particulares e com histórico de intervenções
Além da clínica, a supervisão pode ser encontrada psicológicas com ênfase no diagnóstico ou a prática clínica
em práticas de formação da Psicologia Social, Política e dos no contexto escolar. Dados os componentes da comunidade
Direitos Humanos (Castro, Toledo, & Andery, 2010; Diehl, escolar – estudantes, professores, pais, técnicos e funcio-
Maraschin, &Tittoni, 2006; Schwede, Barbosa, & Schruber nários –, essa área é essencial para compreender como o
Júnior, 2008), da Psicologia Jurídica (Sequeira, Monti, & Bra- papel do professor-supervisor pode mudar paradigmas e
connot, 2010; Sigler, Gomes, Fedrigo, Ribeiro, & Coladello, modos de atuação.
2011), da Psicologia Hospitalar e da Saúde (Amaral, Gon- A Psicologia Escolar no Brasil se desenvolveu como
çalves, & Serpa, 2012; Couto, Schimith, & Dalbello-Araújo, área com
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foco na atuação em meio a estudantes com “difi-
2013; Guedes, 2006; Koda, Silva, Machado, & Naldos, 2012; culdades de aprendizagem” e baseada na influência norte-
Mendes, Fonseca, Brasil, & Dalbello-Araújo 2012; Reis e -americana e francesa. Nessa perspectiva, a área definiu
Guareschi, 2010), da Psicologia Comunitária (Gama & Koda, suas concepções de intervenção e processos (Barbosa &
2008), assim como na Psicologia Escolar, que será detalhada Marinho-Araújo, 2010). Estudiosos desse campo t�������
�����
m bus-
no tópico Supervisão em Psicologia Escolar. Nessas áreas e cado discutir como as práticas poderiam romper com as
em seus espaços de atuação são propostas iniciativas com dicotomias sujeito–objeto, objetividade–subjetividade; ao
foco na emancipação de pessoas, grupos e comunidades, mesmo tempo, constroem-se bases epistêmico-filosóficas
bem como no fortalecimento social e na efetivação de direitos que ultrapassam a dimensão do indivíduo para justificar os
nos diversos contextos de atuação. fenômenos sociais (Faria & Guzzo, 2006; Tanamachi, 2007).
As concepções e atuações na perspectiva clínica são Nas últimas décadas, delineou-se uma trajetória de
expressivas. Isso pode ser associado à história da profissão mudanças nas concepções de atuação na área, uma vez
do psicólogo no Brasil, que indica uma vertente de trabalho que as demandas dos atores que compõem os cenários da
eminentemente clínica, teórica, elitista e orientada por uma educação têm exigido mais sensibilidade dos profissionais.
concepção liberal de homem. As disciplinas dos cursos de No bojo dessas transformações foram incorporadas as
graduação oferecidas enfatizavam o psicodiagnóstico, as perspectivas psicoeducativa e psicossocial, para abordar
psicoterapias e as técnicas de exame psicológico; o que se o contexto escolar, seus componentes e seus fenômenos
tornou presença comum nos cursos de Psicologia nos anos (Martínez, 2010). Como processo, a supervisão na área da
seguintes (Mello, 1975). Além disso, a maioria dos cursos Psicologia Escolar é um momento de aprendizagem em que
de Psicologia Brasil enfatiza a área da saúde, com foco o estudante tem a oportunidade de refletir sobre suas ações,

Discutindo a formação em Psicologia * Walter Mariano de Faria Silva Neto, Wanderlei Abadio de Oliveira & Raquel Souza Lobo Guzzo 577
seus pensamentos e seus sentimentos; o que contribui para esta se revela como experiência de condução do estudante
a construção da prática e do percurso profissional (Silva, à superação das aparências (Emílio & cols., 2012).
2004; Silva, Ribeiro, & Marçal, 2004). Percebermos que, no campo da Psicologia Escolar,
Dessa forma, no que se refere à exploração científica faltam referências de atuação do supervisor, assim como
do estágio na formação, verificaram-se produções que apre- estudos que mapeiem o fazer do supervisor de estágio. Mui-
sentam e/ou relatam experiências de estagiários e questões tas vezes, elas derivam de perspectivas clínicas, que corro-
suscitadas nesse tipo de prática (Delvan, Ramos, & Dias, boram ideias equivocadas da atuação clínica do psicólogo
2002; Emílio, Mataresi, Horvat, & Figueiredo, 2012; Ulup & atuante na educação (Gonçalves, 2000). Nesse sentido, ao
Barbosa, 2012). O enfoque dado, em geral, é o papel do romper com essas lógicas, a área da Psicologia Escolar,
estágio na formação, com suas perspectivas teóricas e as em especial a atuação de supervisores de estágio na área,
estratégias utilizadas na prática dos estágios (Delvan & considera elementos fundamentais do movimento de crítica
cols., 2002). Ao mesmo tempo, a inserção do estagiário nos e aponta os desafios à formação e ao desenvolvimento de
cenários de prática, especificamente na escola, é percebida ações alicerçadas no pensamento crítico (Brasil, 2012).
como marco no amadurecimento do psicólogo em formação, Dito isso, um primeiro questionamento a ser feito
uma vez que este contribui para a construção das propostas refere-se ao papel profissional em contextos educacionais
de atuação e problematiza o fazer profissional (Ulup & Bar- e como sua inserção nesse ambiente é orientada (via su-
bosa, 2012). pervisão). O supervisor não executa as ações diretamente;
Em uma reflexão teórica sobre o tema em estudo, mas pode ajudar a elaborar novas práticas e intervenções
Cosmo (2011) apresentou aspectos da complexidade das alternativas potencialmente transformadoras e fortalecedo-
práticas psicológicas no contexto escolar e seus objetivos ras, em vez de ser mantenedoras das estratégias de contro-
vinculados à promoção da saúde da comunidade escolar. le social. Para isso se impõe a necessidade de uma leitura
Didaticamente, essa autora sumariza as fases necessárias de mundo capaz de identificar microfatores e macrofatores
à estruturação e execução de estágios com esse fim, quais presentes no contexto escolar para se planejarem e se de-
sejam: 1) qualificação; 2) escolha do cenário da prática; 3) senvolverem planos de ação (Veiga & Magalhães, 2013;
desenvolvimento de pesquisa institucional; 4) elaboração da Prilleltensky & Nelson, 2002).
proposta da intervenção; 5) encerramento e avaliação do es-
tágio. Outro objetivo do estágio em Psicologia Escolar tem
de ser a formação profissional para atuação crítico-reflexiva Considerações finais
na convergência das ideias correntes (Cosmo, 2011).
O registro e a divulgação de experiências diferentes A reflexão sobre a supervisão de estágio em Psico-
contribuem para o avanço da área no que se refere ao tema. logia e sobre o papel do supervisor mostra-se como fun-
Nesse sentido, pode-se compreender o momento do estágio damental para a formação profissional. Ao mesmo tempo,
e da consequente supervisão como capaz de estabelecer o reconhecimento da falta de elementos na literatura para
relações teórico-práticas necessárias para a intervenção problematizar a temática põe em pauta a formação e ne-
dos estagiários como profissionais em formação (Lima, cessidade de intervenções balizadas numa crítica e no pen-
2009; Ulup & Barbosa, 2012) numa interface não só com samento que possa romper com a ideologia médico-clínico
as teorias de base da Psicologia, mas também com outras de atenção às demandas de pessoas, grupos e comunida-
áreas do conhecimento como a educação (Ulup e Barbosa, des. Este estudo convergiu para tal pauta ao refletir sobre
2012). Ao mesmo tempo, a supervisão é um momento para a atividade de supervisão na formação de profissionais na
romper com paradigmas dominantes de atuação e mesmo Psicologia brasileira, a multiplicidade conceitual do termo e
com a visão clínica de que na escola o foco são estudantes as especificidades da Psicologia Escolar. Ficou claro que,
desajustados ou suas famílias, que necessitam se adequar se historicamente a Psicologia auxiliou na manutenção do
à instituição e às suas regras (Asbahr, Martins, & Mazzolini, poder instituído, as experiências de supervisão de estágio e
2011; Lima, 2009). de supervisores podem contribuir para mudar paradigmas,
Em geral, os relatos de experiência, também, tateiam em particular na atuação na área educacional.
aspectos da atuação do supervisor de estágio, enfatizando Do ponto de vista crítico, histórico e conceitual,
que tal atuação tem de contribuir para as práticas desenvol- este estudo apresenta diálogos importantes acerca da
vidas pelo estagiário, auxiliar e instrumentalizar o estudante supervisão; mas isso não anula sua limitação no desenho
na problematização de questões e na busca de respostas metodológico adotado. Noutros termos, o ensaio teórico é
cabíveis à realidade que se lhe impõe, já vislumbrando sua um recurso útil para pensar e problematizar a supervisão
prática profissional (Angst & Silva, 2009). As experiências acadêmica, porém o uso de outros métodos ou mesmo da
dos supervisores, por sua vez, podem contribuir para a refle- abordagem teórica sistematizada no formato de revisão de
xão sobre a prática dos estagiários, mas sem que se possa literatura pode enriquecer o debate sobre a temática, além
reeditá-la. Assim, o estudante se perceberia instrumentaliza- de oferecer outros elementos para análise. Enfim, esta re-
do para agir segundo uma concepção crítica. Ao supervisor flexão ajuda a compreender a supervisão acadêmica, em
caberá fazer a leitura desses aspectos na supervisão, pois especial no campo da Psicologia Escolar, e indica caminhos
tributários de uma perspectiva crítica para melhorar a forma-

578 Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 21, Número 3, Setembro/Dezembro de 2017: 573-582.
ção do psicólogo brasileiro. Sugerem-se estudos empíricos Asbahr, F.S.F., Martins, E., & Mazzolini, B.P.M. (2011).
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novas práticas de supervisão, acima de tudo na área em contemporâneos. Psicologia em Estudo, 16 (1), 157-163. 
destaque, com propostas de ensino e aprendizagem mais
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Salienta-se, nessa direção, que alguns desses as- do tempo da Psicologia.
pectos já foram discutidos em estudos recentes que reve-
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2016). Essa tarefa é executada por supervisores que além Barletta, J.B., Delabrida, Z.N.C., & Fonsêca, A.L.B. (2011).
de suas formações acadêmicas imprimem no contexto da Conhecimento, habilidades e atitude em TCC: percepção de
supervisão suas subjetividades e revelam tensões referen- terapeutas iniciantes. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 7
tes à manutenção ou à ruptura com o desenvolvimento de (1), 21-29.
práticas hegemônicas no campo psicológico (Silva Neto &
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que se traduz, principalmente, pela reprodução de modelos
de prática que não impactam a realidade brasileira (Guzzo, Brasil, R.T. (2012). Psicologia escolar: o desafio da crítica em tempos
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nal, em uma relação dialética com fundamentos teóricos da do cotidiano: a Psicodinâmica do trabalho em um Conselho
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nar uma prática não trata apenas de ensinar a aplicar técnicas Ciência e Profissão, 3(1), 3-52.
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estagiários consigam ler a realidade para além da aparência e Costa Jr, A.L. & Holanda, A.F. (1996). Estágio em Psicologia:
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Discutindo a formação em Psicologia * Walter Mariano de Faria Silva Neto, Wanderlei Abadio de Oliveira & Raquel Souza Lobo Guzzo 581
Recebido em: 11 de setembro de 2016
Aprovado em: 26 de janeiro de 2017

Sobre os autores

Walter Mariano de Faria Silva Neto (walterfarianeto@gmail.com)


Doutor. Universidade Federal do Triângulo Mineiro – Uberaba – Minas Gerais.

Wanderlei Abadio de Oliveira (wanderleio@hotmail.com)


Doutor em Ciências (Programa de Pós Graduação Enfermagem em Saúde Pública). Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de
São Paulo – Ribeirão Preto – SP.

Raquel Souza Lobo Guzzo (rguzzo@puc-campinas.edu.br)


Doutora. Pontifícia Universidade Católica de Campinas – Campinas – SP.

582 Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 21, Número 3, Setembro/Dezembro de 2017: 573-582.

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