1.1 - Histórico e Conceitos Básicos de Geometria Descritiva
1.1 - Histórico e Conceitos Básicos de Geometria Descritiva
1.1 - Histórico e Conceitos Básicos de Geometria Descritiva
Geometria Descritiva
APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem você aprenderá sobre a dupla projeção de Gaspard Monge,
matemático francês que criou a Geometria Descritiva. Os princípios de Monge são aplicados em
muitas áreas de conhecimento, como engenharia, até os dias de hoje.
Bons estudos.
DESAFIO
E agora o desafio!
Ao apresentar a planta baixa da casa a ser construída, o arquiteto foi indagado várias vezes por
seu cliente que não conseguia visualizar a proposta em questão. Tal situação pode ter acontecido
por que? Demonstre.
INFOGRÁFICO
Boa leitura.
INCLUI CD-ROM
EM INGLÊS
FRANCIS D. K. CHING
com STEVEN P. JUROSZEK
DESENHO
PARA ARQUITETOS
SEGUNDA EDIÇÃO
Obra originalmente publicada sob o título
Design Drawing, 2nd Edtion
ISBN 9780470533697 / 0470533692
CDU 72.012
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
6
Desenhos de Vistas
Múltiplas
Os desenhos de vistas múltiplas compreendem tipos de desenho co-
nhecidos como plantas, elevações e cortes. Cada um deles é a projeção
ortogonal de um aspecto particular de objetos ou construções. Estas
vistas ortogonais são abstratas, uma vez que não correspondem à
realidade ótica. Elas são um modo conceitual de representação, ba-
seado mais no que sabemos a respeito de alguma coisa e menos no que
é visto a partir de determinado ponto no espaço. Não há referência ao
observador, mas, se houver, os olhos do espectador estarão a uma dis-
tância infinitamente grande.
Na projeção ortográfica ou ortogonal, as linhas de projeção encontram
o plano do desenho em ângulos retos. Portanto, uma projeção ortogo-
nal de qualquer característica ou elemento que seja paralela ao plano
do desenho se mantém verdadeira em tamanho, formato e configura-
ção. Isso traz a principal vantagem dos desenhos de vistas múltiplas: a
possibilidade de posicionar os pontos de modo preciso, estimar o com-
primento e a inclinação de retas e descrever o formato e a extensão de
planos.
Durante o processo de desenhar, os desenhos de vistas múltiplas
estabelecem planos bidimensionais, sobre os quais podemos estudar
modelos formais e relações de escala de uma composição, bem como
impor uma ordem intelectual ao projeto. A habilidade de regular ta-
manho, posição e configuração também torna os desenhos de vistas
múltiplas úteis na comunicação das informações gráficas necessárias
à descrição, à pré-fabricação e à execução de um projeto.
Por outro lado, um único desenho de vistas múltiplas consegue apenas
revelar informações parciais sobre o objeto ou a edificação, apresentan-
do uma ambiguidade de profundidade inerente, já que a terceira dimen-
são fica achatada no desenho. Portanto, a profundidade que lemos em
plantas, cortes ou elevações isolados deve ser sugerida pelos indicado-
res de profundidade, como a hierarquia de pesos de linha e o contraste
de tonalidades. Mesmo quando a sensação de profundidade é sugerida,
somente a observação das vistas adicionais permitirá um entendimen-
to perfeito. Assim, precisamos de uma série de vistas distintas, mas
relacionadas, para descrever completamente a natureza tridimensional
de uma forma ou composição – daí o termo vistas múltiplas.
136 PROJEÇÕES ORTOGONAIS
sta
Um plano principal é qualquer um dos planos, perpendi-
Are
culares entre si, nos quais a imagem do objeto é proje- Are
tada ortogonalmente. sta
Plano horizontal
É o plano do desenho do principal pavimento, no qual a
planta baixa, ou a vista superior, é projetada ortogonal-
mente.
Plano frontal
É um plano vertical do desenho, no qual uma elevação,
ou a vista frontal, é projetada ortogonalmente.
Aresta
Plano lateral
É um plano vertical do desenho, no qual uma vista late-
l
era
ral, ou posterior, é projetada ortogonalmente.
lat
Aresta
no
Pla
Pla
É o traço correspondente à interseção de dois planos no
do desenho perpendiculares. fro
nta
l
Traço
É a linha que representa a interseção de dois planos.
Vistas principais
As principais vistas ortogonais são a planta, a eleva-
ção e o corte.
Planta
É uma vista ou um corte principal projetado ortogo-
nalmente em um plano horizontal do desenho. Também
pode ser uma vista superior do objeto, chamada de
planta de cobertura, no caso das edificações. No dese- Planta
nho de arquitetura, existem diferentes tipos plantas
para a representação das várias projeções horizontais
de uma edificação, construção ou terreno.
Elevação
É uma vista principal do objeto, projetada ortogonal-
mente em um plano horizontal do desenho. A elevação
pode ser uma vista frontal, lateral ou posterior, depen-
dendo de como nos orientamos com relação ao objeto
ou de como julgamos a importância relativa de suas
faces. Na representação gráfica em arquitetura, de-
nominamos cada elevação com base nas direções dos
pontos cardeais ou por associação a uma característi-
ca específica do terreno.
Corte Elevação Corte
É a projeção ortogonal do objeto, ou seja, como seria
sua aparência se fosse cortado por um segundo plano.
138 VISTAS ORTOGONAIS
l
era
tal, enquanto a vista, ou elevação lateral, se alinha
at
ol ao lado da frontal. O resultado é o conjunto coerente
an
Pl
Planta
Número de vistas
O número de vistas ortogonais necessárias para
descrever completamente a forma tridimensional de
um objeto varia conforme com sua geometria e sua
complexidade.
Condições de simetria geralmente eliminam a necessi-
dade de uma ou mais vistas. Por exemplo, uma forma
ou composição caracterizada por simetria axial ou
bilateral tem dois lados que são imagens espelhadas.
Portanto, uma das vistas laterais se torna redun-
dante e pode ser omitida. De modo similar, vistas
múltiplas de elevações de uma forma ou composição
radial simétrica seriam desnecessárias, porque estas
elevações reproduziriam as mesmas informações. Po-
rém, a omissão de uma vista, em algumas situações,
pode acarretar ambiguidade, caso uma simetria não
exista de fato.
A maior parte dos objetos requer no mínimo três vis-
tas associadas para descrever sua forma. Composi-
ções e formas complexas podem exigir quatro ou mais
vistas relacionadas, especialmente se possuem faces
oblíquas.
Vistas auxiliares
Para cada face oblíqua de um objeto ou uma edificação
é necessária uma vista auxiliar, a fim de descrever seu
tamanho e formato verdadeiros. Estabelecemos uma
vista auxiliar ao inserir uma nova aresta da caixa de
projeção imaginária, mostrando uma vista de quina do
plano do desenho auxiliar paralelo à face inclinada ou
oblíqua.
Ta
re ma
ai nh
s o
ef
or
m
at
o
Linha paralela à
face inclinada
140 VISTAS ORTOGONAIS
Construindo as vistas
Sempre que possível, alinhe as vistas ortogonais re-
riz lacionadas de modo que os pontos e as dimensões
et
ss possam ser facilmente transferidos de uma vista para
Bi
outra. Esta relação não somente facilita a construção,
como também torna os desenhos mais compreensíveis
como um conjunto de informações coordenadas. Por
exemplo, uma vez desenhada uma planta, podemos
transferir de modo eficiente as dimensões horizontais
de largura na superfície de desenho para uma elevação
posicionada abaixo. De maneira similar, podemos proje-
tar horizontalmente as dimensões verticais de altura,
na superfície de desenho, de uma elevação a outra ou a
mais elevações adjacentes.
Sempre projete pontos em uma vista adjacente com
linhas de projeção transferidas perpendicularmente às
arestas comuns. Como os pontos mantêm o mesmo
afastamento em relação às arestas, em todas as vis-
tas relacionadas com a vista comum é possível trans-
ferir uma distância do plano horizontal ao plano lateral
traçando-se uma bissetriz pelo ponto de interseção
dos dois planos de projeção. Uma alternativa é conside-
rar este ponto de interseção dos planos como o centro
de uma série de quartos de circunferência.
VISTAS ORTOGONAIS 141
Princípios e técnicas
A projeção ortogonal de qualquer reta ou plano paralelo
l
ao plano do desenho terá verdadeira grandeza em qual- to rea
rimen
quer escala em que o desenho for construído. Comp
• Para determinar o comprimento real de uma
reta, estabeleça um plano de projeção paralelo à Com
prim
reta e, sobre este, projete as extremidades da reta. ento
real
• A projeção ortogonal de qualquer reta perpendicular
ao plano do desenho é um ponto. Para mostrar a vis-
ta da reta como um ponto, outra vista deve antes ter
revelado seu comprimento real. Feito isso, estabeleça
um plano de projeção perpendicular à reta (que está Vista da
reta ab
em tamanho real) e projete a reta sobre o plano.
como um
• A projeção ortogonal de qualquer plano perpendicular ao ponto
Paralela
plano do desenho equivale a uma reta. Se uma reta exis-
tente no plano aparece como um ponto, o plano aparece-
rá como uma reta, na mesma vista. Então, para mostrar
a vista lateral de um plano, encontre a vista da reta no
plano (que será um ponto) e projete os pontos, definindo
o plano na nova vista.
• Para encontrar o tamanho e o formato verdadeiros de
um plano, estabeleça uma superfície de projeção per-
pendicular à vista lateral do plano e projete os pontos
Comprimento real
do plano, definindo-o sobre a superfície.
• Se duas ou mais retas são paralelas no espaço, suas
projeções ortogonais serão paralelas em todas as
vistas.
• O tamanho de um elemento permanece constante T
reaama
is nh
em qualquer vista, independentemente de sua dis- o ef
tância em relação ao plano do desenho. or
ma
to
Vista lateral
do plano da
cobertura A
Pa
ra
le
la
Princípios e técnicas
• A projeção ortogonal de qualquer reta ou plano
oblíquo ao plano do desenho sempre sofrerá escor-
ço, ou seja, terá seu tamanho reduzido. Para dese-
nhar a vista reduzida de um plano ou reta oblíqua,
outra vista deve mostrar o verdadeiro comprimen-
to da reta ou da vista lateral do plano.
Princípios e técnicas
• O ângulo verdadeiro entre duas retas que se in-
terceptam aparece quando o comprimento real
de ambas as retas é mostrado na mesma vista.
Se duas retas em interseção são perpendicula-
res entre si, o ângulo de 90° permanecerá real em
qualquer vista que mostre a verdadeira grandeza
de uma das retas.
CR
Vista lateral de B
CR
CR
acb = Ângulo real
CR = Comprimento real
Vista da quina de A
CR CR
• O ângulo real entre uma reta e um plano aparece Ângulo
Ângulo real entre cf e A
no desenho que mostra a vista lateral do plano e real entre fd e B
a reta em verdadeira grandeza.
Vista de ab como
um ponto
Comprim
ento rea
lb
Ângulo real entre A e B
144 LENDO DESENHOS DE VISTAS MÚLTIPLAS
Exercício 6.2
Para cada par de projeções ortogonais, dese-
nhe uma terceira vista ortogonal, bem como
uma vista pictórica tridimensional do objeto
descrito.
Exercício 6.3
Estude cada conjunto de projeções ortogo-
nais e tente visualizar o objeto descrito. Qual
conjunto, visto de uma projeção de terceiro
ângulo, contém vistas que podem ser incoe-
rentes ou impossíveis?
146 PLANTAS
EXERCÍCIOS
2) A épura é obtida:
C) uma ou outra vista ortogonal pode ser omitida na descrição de objetos tridimensionais
E) uma vista ortogonal é obtida pela conexão de pontos projetados paralelamente ao objeto de
modo que coincidam paralelamente ao plano do desenho .
A)
B)
C)
D)
E)
NA PRÁTICA
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
PROJEÇÃO MONGEANAS