Apostiladocursoviveirista

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 24

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/342215950

Módulo Botânica, Sistemática e Fisiologia. Curso de Viveirista

Chapter · January 2016

CITATIONS READS

0 1,851

1 author:

Alexandra Gobatto
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
15 PUBLICATIONS   49 CITATIONS   

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Museu itinerante - Divulgação Cientifica View project

bee pollination in ripary forest View project

All content following this page was uploaded by Alexandra Gobatto on 16 June 2020.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


Fundação Oswaldo Cruz | FIOCRUZ
Presidente
Paulo Ernani Gadelha Vieira

Coordenação Executiva do Programa de Desenvolvimento


do Campus Fiocruz Mata Atlântica (CFMA)
Coordenação Executiva do Projeto de Recuperação
e Restauração Ecológica no CFMA, Jacarepaguá, RJ.
Gilson Antunes da Silva

Coordenação Técnica do Projeto de Recuperação


e Restauração Ecológica no CFMA, Jacarepaguá, RJ.
Andrea Vanini

Coordenação do I Curso de Viveirista


Kamila Teixeira Mynssen
João Carlos Silva (JBRJ)
Elaine Imenes Nobre de Almeida
Márcia de Fátima Inácio (JBRJ)
Ulisses de Carvalho Souza (JBRJ)

Professores
Alexandra Gobatto
Amita Domiciano
Cláudio Bastos
José Mauro de Macedo
Lucas Couto de Oliveira
Ricardo Carelli
Robson Patrocínio
Simone Marques

Projeto Gráfico e Diagramação


Lin Lima (linlima27@gmail.com)

Revisão
Andrea Vanini
Elaine Imenes Nobre de Almeida
Kamila Teixeira Mynssen

Equipe Técnica
Carlos Rodrigues Silva
Nota za. A Botânica também tem como objetivo o entendimento
de como as plantas se reproduzem e evoluem, não apenas
Esse módulo foi desenvolvido com informações e conhecimen- naturalmente, como também pela intervenção do homem e
tos básicos de botânica, fisiologia e taxonomia vegetal, para emprego das tecnologias.
atender as exigências teórico-práticas necessárias para o bom Sabe-se que a Terra formou-se há mais de 4,5 milhões de
trabalho do viveirista. anos. O aparecimento da vida no nosso planeta surgiu há mais
de 3,5 mil milhões de anos, com organismos de uma única
INTRODUÇÃO célula, ou seja, muito simples, capazes de viver em meio sem
muito oxigênio e com alta radiação solar. Aos poucos a Terra
As plantas são essenciais para a nossa existência e formam a foi passando por modificações e começou a ficar mais propícia
base de todas as relações entre os organismos vivos na Terra. Em à existência de seres cada vez mais complexos, até chegarmos
termos ecológicos, as plantas e as algas estão na base da pirâmi- a biodiversidade atual.
de de energia de forma que, para entendermos como funciona Na página a seguir uma representação da sucessão de
a vida na Terra, o conhecimento das plantas é fundamental. organismos nas diferentes Eras Geológicas.
A área da Botânica que estuda essa sucessão de seres vivos
ao longo dos milhares de anos através do estudo de fósseis
chama-se Paleobotânica. Um dos instrumentos mais utilizados
para o conhecimento da história das plantas é a análise dos
restos vegetais fossilizados como algas, partes de caules, folhas,
grãos de pólen, frutos e sementes.

REINO PLANTAE OU METAPHYTA


Morfologia E Fisiologia
As plantas são seres pluricelulares, ou seja, formados por muitas
figura 1 - Pirâmide Alimentar células. Por conta desse aspecto são semelhantes aos animais
e a muitos tipos de fungos; entretanto, têm uma característica
Além de seu papel na natureza, as plantas são economicamente que as – são seres autotróficos.
importantes, uma vez que são de utilização diária pelo homem.
Você já se deu conta do quanto a botânica faz parte do O que é um ser autotrófico?
nosso dia a dia? Seja no arroz e no feijão que comemos, nas São aqueles que produzem o seu próprio alimento por um
folhas de papel e lápis que usamos para nossas anotações, as processo chamado fotossíntese.
fibras dos tecidos, enfim, uma infinidade de coisas. Além dessa
dependência das plantas como fonte de alimentos e vestimenta, Como?
passamos a depender delas na confecção de ferramentas, de Utilizando a luz solar, o gás carbônico e a água. Com esses três
objetos e como fonte de materiais (madeira, borracha, resinas elementos as plantas realizam o processo da fotossíntese que
e muitos outros). Há também o lado do prazer, do lazer que as se dá no interior de pequenos órgãos chamados de cloroplas-
áreas verdes nos presenteiam, mas que estão sendo destruídas tos. Os cloroplastos possuem o pigmento clorofila e produzem,
de maneira avassaladora, infelizmente. assim, a glicose (açúcar) e oxigênio, que liberam no ambiente.
Assim, a grande importância desse curso de Viveirista é de
formar pessoas qualificadas para trabalharem na diminuição Fotossíntese:
do desequilíbrio ambiental por meio do plantio de mudas da Além de realizarem a fotossíntese como vimos acima, as plantas
Mata Atlântica utilizando técnicas certas e cuidados com as também respiram, como os animais. O processo de RESPIRAÇÃO
plantas jovens e as sementes. se dá da mesma forma, com a entrada de oxigênio (O2) nas
células e liberação do gás carbônico (CO2) e água na atmosfera.
NOÇÕES DE BOTÂNICA E EVOLUÇÃO
A Transpiração:
Botânica é a área da Biologia que estuda os vegetais. Esse estudo Tal como nós, as plantas também transpiram. Nesse processo
engloba desde sua forma, anatomia, fisiologia, bem como as elas libertam água para a atmosfera. Sem a transpiração das
relações que as plantas têm com os outros grupos na nature- plantas, o planeta seria muito diferente, porque ela interfere no

3
figura 2 - Sucessão de seres vivos ao longo dos milhares de anos.

4
O CORPO DA PLANTA
Morfologia externa das Angiospermas
(plantas com flores)
Ao compararmos o ambiente terrestre com o ambiente aquático
verificamos que no terrestre a quantidade de água na forma
líquida está acumulada no interior do solo.
Como, então, as plantas sobrevivem no ambiente terres-
tre? Como fazem para captar a água na terra, já que a água é
fundamental para a existência dos seres vivos?
Isso é possível porque as plantas apresentam estruturas
chamadas de RAÍZES que permitem a absorção de água pre-
sente no solo.
O corpo da maioria das plantas com flores é dividido em duas
figura 3 – esquema da fotossíntese realizada pelas plantas.
partes principais, uma localizada sob o solo, constituída pelas
raízes e outra aérea constituída pelo caule, folhas, flores e frutos.
No corpo de uma planta todos os órgãos são interdepen-
dentes, como acontece nos animais. As células das raízes, assim
com as células de muitos caules, não fazem fotossíntese e, por
isso, dependem do alimento produzido nas células das folhas.
O caule, folhas, flores e frutos, por sua vez, dependem da água
e dos sais minerais absorvidos pelas raízes.

A raiz

figura 4 - representação do processo de respiração nas folhas.

figura 6 - Partes da semente - germinação

Quase sempre a raiz é originada a partir da radícula do embrião,


localizado na semente.

figura 5 - As gotas de água acumuladas dentro do saco provam que as plantas transpiram.

microclima, na umidade relativa do ar. As plantas características


dos desertos, os cactos, para pouparem água, não têm folhas,
pois ao transpirarem por elas perderiam água indispensável à
sua sobrevivência. figura 7 - raízes adventícias

5
A partir da raiz surgem ramos secundários, conhecidos como as novas células da raiz, o que possibilita o seu crescimento.
raízes como adventícias (do latim advena = que vem de fora, Logo após a extremidade, localiza-se a região onde as cé-
que nasce fora do lugar habitual) são comuns, por exemplo, lulas crescem.
na base de um pé de milho Nessa região denominada zona de distensão ou de alon-
As raízes se esparramam pelo solo, mas há algumas plantas gamento celular, a raiz apresenta a maior taxa de crescimento.
que possuem raízes aéreas, comuns nas trepadeiras, bromélias, Após a zona de distensão situa-se a zona pilífera da raiz,
orquídeas, enquanto outras possuem raízes submersas, como que se caracteriza por apresentar células epidérmicas com os
os aguapés, comuns em represas e outros cursos d’água. pelos absorventes.
É através desses pelos que a raiz absorve a maior parte da
água e dos sais minerais de que precisa.
A região de ramos secundários é aquela que se nota o
brotamento de novas raízes que surgem de regiões internas
da raiz principal.

figura 8a - aspecto de raiz aérea e b. aspecto de raiz aquática

a- Raiz aérea
b- Raiz aquática

Há dois tipos básicos de sistema radicular: o pivotante, em


que há uma raiz principal e o fasciculado, em que os ramos
radiculares são equivalentes em tamanho e aparência, não
apresentando uma raiz principal. figura 10 - Partes da raiz: coifa, zona de crescimento, zona pilífera, zona sube-
rosa, zona principal e raiz lateral.

Tipos de Raizes

A principal função da raiz é a absorção de água e dos nutrientes


minerais, sendo que, no solo, também é responsável pela fixa-
ção do vegetal ao substrato. Alguns tipos de raízes, no entanto,
também desempenham outras funções:

Raiz Aprumada tem raiz principal de onde derivam as outras


figura 9 - Desenho esquemático mostrando a diferença entre raízes de dicoti-
menores (secundárias)
ledôneas (árvores) e monocotiledôneas (palmeiras). [Modificado a partir de: Quando acumula reservas, caso do nabo e da cenoura,
www.cursojuecesnacionalesgardenuruguay.com] diz-se aprumada tuberculosa (tubérculo é onde são acumu-
ladas reservas alimentares). Outros exemplos, a mandioca,
Partes da raiz batata-doce e do nabo onde as reservas armazenadas estão
principalmente na forma de grãos de amido, utilizadas pela
A extremidade de uma raiz é envolta por um capuz de células planta durante a floração e a produção de frutos.
denominado coifa, cuja função é proteger o meristema radicular, Os agricultores colhem essas raízes antes da planta con-
um tecido em que as células estão se multiplicando ativamente sumir as reservas armazenadas, utilizando-as na alimentação
por meio de divisão celular. É no meristema que são produzidos humana e de animais.

6
Raízes-escoras

figura 11 - Exemplo de raiz aprumada


figura 14 - Raizes-escoras
Raízes aéreas são características de plantas epífitas, isto é, que
vivem sobre outras plantas sem parasitá-las. Essas raízes podem
atingir vários metros de comprimento antes de alcançar o solo,
constituindo os cipós.
Raízes sugadoras são características de plantas parasitas, como
o cipó-chumbo e a erva-de-passarinho.

figura 12 - Tipos de tubérculos

Raízes respiratórias ou pneumatóforos são adaptadas a rea-


lização de trocas gasosas com o ambiente. Esse tipo de raiz é
encontrado em plantas dos manguezais. As raízes principais
dessa planta crescem rente à superfície do solo e apresentam
pneumatóforos, que crescem para cima. Durante a maré va-
zante os pneumatóforos ficam expostos e pode realizar trocas
de gases com o ar.

figura 15 - Raízes aéreas de orquídeas e trepadeiras

As raízes sugadoras são adaptadas a retirar alimentos de plantas


hospedeiras.
figura 13 - Vista dos pneumatóforos em plantas de mangue (Rizophora mangle)
No caso da planta ser um hemiparasita, a exemplo da erva-
-de-passarinho (é clorofilada, e portanto, autótrofa) somente
Raízes-suportes, também chamadas raízes-escoras, aumentam a seiva bruta (água e minerais) que corre pelos vasos lenhosos
a fixação da planta ao solo. do xilema, é que é retirada da planta hospedeira.
Quando acumula reservas diz-se fasciculada tuberculosa.

7
o caule desempenha as funções de condução de água e sais
minerais das raízes para as folhas, e de condução de matéria
orgânica das folhas para as raízes.
Caules jovens têm células clorofiladas e são revestidos
por uma epiderme formada por uma única camada de células
(uniestratificada). Plantas que apresentam pequeno crescimen-
to em espessura, como as gramíneas, por exemplo, também
apresentam caules revestidos pela epiderme e esta pode ainda
apresentar sobre si, externamente, uma cutícula protetora.
Plantas que crescem em espessura, transformando-se em arbus-
tos ou árvores, a epiderme é substituída por um revestimento
complexo, formado por vários tecidos. O tecido mais externo é

figura 16 - Raiz sugadora

figura 17 - Raíz fasciculada - quando não se distingue uma raiz principal, têm
todas tamanho semelhante.

figura 19 - Partes da planta

formado por células mortas, que conferem o aspecto áspero e


opaco aos troncos das árvores. Esse revestimento chama-se pe-
riderme e acompanha o crescimento em espessura dos troncos.
Os caules são, em geral, aéreos que crescem verticalmente
em relação ao solo. Existem, no entanto, caules que crescem
horizontalmente e, muitas vezes, subterraneamente.
figura 18 - raiz fasciculada tuberculosa E como diferenciamos caules subterrâneos das raízes?
Caules subterrâneos podem ser distinguidos de raízes por-
Caule e suas funções
que apresentam gemas ou botões vegetativos, a partir dos quais
podem se desenvolver ramos e folhas.
O caule realiza a ligação das raízes e folhas, tanto do ponto de
vista estrutural como funcional. Em outras palavras, além de Gemas
constituir a estrutura física onde se inserem raízes e folhas,

8
As gemas caulinares são formadas por grupos de células me- denominaram “axila” foliar. As gemas axilares permanecem
ristemáticas, capazes de se multiplicar ativamente por mitose. inativas durante certo período, denominado dormência após
Um conjunto de células meristemáticas forma um meristema, o qual podem entrar em atividade, originando ramos laterais.
motivo pela qual as gemas caulinares também são chamadas
meristemas caulinares. Tipos de caules
No ápice do caule (e de cada ramo) existe sempre uma gema
(ou meristema) apical, que permite o crescimento em extensão Troncos são caules robustos, desenvolvidos na parte inferior e
graças à multiplicação das células meristemáticas. À medida ramificados no ápice. São encontrados na maioria das árvores
e arbustos do grupo das Eucotiledôneas.
Estipes são caules geralmente não ramificados, que apresen-

figura 22 - Tipos de tronco comuns


figura 20 - Parte interna do caule. tam em seu ápice um tufo de folhas. São típicos das palmeiras.
Colmos são caules não-ramificados que se distinguem dos
que o caule cresce diferenciam-se lateralmente, regiões onde
estipes por apresentarem, em toda a sua extensão, divisão
surgem folhas e gemas axilares (ou laterais). As regiões onde nítida em gomos. Os gomos dos colmos podem ser ocos como
se inserem as folhas e as gemas são denominadas nós e os no bambu, ou cheios como no milho ou na cana-de-açúcar.
espaços entre os nós são chamados entrenós.
As gemas axilares são meristemas localizados no caule, junto
ao ângulo formado entre a folha e o ramo, que os botânicos

figura 21 - Detalhe da localização da gema figura 23 - Estipe

9
Caules trepadores estão presentes em plantas trepadeiras e Rizomas são caules subterrâneos que acumulam substâncias
crescem enrolados sobre diversos tipos de suporte. Esse tipo nutritivas. Em alguns rizomas ocorre acúmulo de material nu-
de caule representa uma adaptação à obtenção de locais mais tritivo em certas regiões, formando tubérculos. Rizomas podem
iluminados, em que há mais luz para a fotossíntese. ser distinguidos de raízes pelo fato de apresentarem gemas
laterais. O gengibre, usado como tempero na cozinha oriental,
é um caule tipo rizoma.

figura 26 - Estolão

Na bananeira, o caule é um rizoma e a parte aérea é constituída


exclusivamente por folhas.
Uma única vez na vida de uma bananeira um ramo caulinar
cresce para fora do solo, dentro do conjunto de folhas e forma

figura 24 - Colmos

Estolão ou estolho é um tipo de caule que cresce paralelamente


ao chão, produzindo gemas de espaço em espaço. Essas gema
podem formar raízes e folhas e originar novas plantas.

figura 25 - Caules trepadores figura 27 - Rizomas

10
Função: servir como local em que é realizada a fotossíntese.
Em algumas plantas, existem folhas modificadas e que exercem
funções especializadas, como as folhas aprisionadoras de insetos
das plantas insetívoras e os espinhos dos cactos.

Uma folha é sempre originada a partir de uma gema lateral do


caule. Existem dois tipos básicos de folhas quanto ao tipo de
nervura que apresentam: as paralelinérveas, típicas das mono-
cotiledôneas, e as reticulinérveas, comuns em eucotiledôneas.

figura 28 - Partes da bananeira.

na ponta uma inflorescência que se transforma em um cacho


com várias pencas de bananas.
Bulbos são estruturas formadas pelo caule e por folhas figura 29 - Nervação foliar
modificadas. Os bulbos costumam ser classificados em três
tipos: tunicado, escamoso e cheio.
O exemplo clássico de bulbo tunicado é a cebola, cuja
porção central, chamada prato, é pouco desenvolvida. O bul-
bo escamoso é encontrado no lírio. No caso do bulbo cheio
presentes na palma.
Gavinhas são ramos modificados que servem para a fixação
de plantas trepadeiras. Ao encontrar um substrato adequado
as gavinhas crescem enrolando-se sobre ele.
Espinhos são ramos curtos, resistentes e com ponta afiada,
cuja função é proteger a planta, afastando dela animais que
poderiam danificá-la.

A folha: local da fotossíntese

De formato extremamente variável, uma folha completa é for-


mada por um “cabinho”, o pecíolo, e uma superfície achatada figura 30 - Bainha
dotada de duas faces, o limbo percorrido pelas nervuras.

11
Em algumas plantas não há um tecido propriamente dito, mas
uma estrutura conhecida pelo nome de bainha, que serve de
ligação da folha à planta. É o caso, por exemplo, da folha de milho.
Já em outras plantas próximas aos pecíolos existem estruturas
de formatos diversos – podem ser pontiagudas, laminares ou
com a forma de espinhos – conhecidas por estípulas.

figura 31 - Nervação foliar figura 33 - Estípulas

é especialmente interessante a coloração de certas brácteas,


pequenas folhas modificadas na base das flores, apresentam:
de tão coloridas, elas atuam como importante elemento para
atração dos insetos.
Em muitas espécies de angiospermas, principalmente nas
adaptadas a regiões temperadas, as folhas caem no outono e
renascem na primavera. Plantas que perdem as folhas em deter-
minada estação do ano são chamadas decíduas ou caducifólias.
Plantas que não perdem as folhas são chamadas de perenes.

figura 34 - Dionaea muscipula - Planta insetívora

A queda das folhas no outono é interpretada como uma adap-


tação ao frio intenso e à neve. Em vez de ter as folhas lesadas
figura 32 - Bainha pelo frio do inverno, a planta as derruba “deliberadamente”
no outono.
A queda das folhas ocorre por meio de um processo cha-
O formato e a cor das folhas são muito variáveis e algumas mado abscisão foliar.
delas chamam a atenção por sua estrutura peculiar. É o caso
por exemplo, das folhas modificadas presentes em plantas car-
nívoras, cuja adaptação auxilia na captura de insetos. Também

12
Filotaxia res que apresentam órgãos reprodutores de ambos os sexos,
masculino e feminino, são chamadas de hermafroditas. Já as
Filotaxia é o modo como as folhas estão arranjadas no caule. As flores que apresentam órgãos reprodutores de apenas um dos
folhas podem ser classificadas de acordo com a sua disposição sexos (masculino ou feminino) são chamadas de unissexuais.
no caule, forma do limbo, a forma da borda, etc. A flor é composta de cálice, constituído pelas sépalas, a
Existem três tipos básicos de filotaxia: oposta, verticilada corola, pelas pétalas, o androceu, constituído pelos estames,
e alternada. e o gineceu, pelos carpelos e estigma.

a. oposta: quando existem duas folhas por nó, inseridas As sépalas são geralmente verdes e lembram folhas. Sua função
em regiões opostas. é cobrir e proteger o botão floral antes dele se abrir. O conjunto
b. verticilada: três ou mais folhas inserem-se no mesmo nó. de sépalas forma o cálice floral.
c. alternada: as folhas se inserem em regiões ligeiramente Pétalas são estruturas geralmente coloridas e delicadas que
deslocadas entre si, em nós sucessivos, descrevendo
uma hélice.
Tipos de limbo

O limbo pode ser simples (não-dividido) ou composto, dividido

a b c
figura 35 - Filotaxia.

em dois, três ou mais folíolos.

Flor

A flor é o órgão reprodutivo das plantas angiospermas. Flo-


figura 37 - Esquema de flor hermafrodita

figura 38 - Cálice, corola e partes reprodutivas

tem função de atrair polinizadores e o conjunto de pétalas


forma a corola.

Estames

Estames são folhas modificadas, onde se formam os gametas


masculinos da flor. O conjunto de estames forma o androceu
(do grego andros, homem, masculino). Um estame geralmente
apresenta uma parte alongada, o filete, e uma parte terminal
figura 36 - Tipos de limbos dilatada, a antera.

13
figura 39 - Botão de pequi (Cariocar brasiliensis) - com as sépalas protegendo
os botões.

figura 41 - Parte feminina da flor

figura 40 - Conjunto formado pelo cálice e a corola é denominado perianto


(do grego Peri, em torno, e anthos, flor).

O interior da antera se formam os grãos


de pólen. No interior de cada grão de pó- figura 42- Inflorescência do brócolis

len forma-se dois gametas masculinos.


Quando a flor está madura, as anteras Formação dos frutos e das sementes
se abrem e libertam os grãos de pólen.
Para que servem as flores?
Carpelos (parte feminina da flor) Como são formados os frutos e sementes, afinal?
Tudo começa com a Polinização!
Carpelos são folhas modificadas onde se formam os gametas
femininos da flor. Um ou mais carpelos formam uma estrutura É o nome que se dá a transferência do grão de pólen da antera
em forma de vaso, o pistilo. Este apresenta uma região basal para o estigma da flor feita por um agente polinizador.
dilatada, o ovário, do qual parte um tubo, o estilete, que termina Essa transferência pode ser promovida de diversas maneiras:
em uma região dilatada, o estigma. O conjunto de pistilos de
uma flor constitui o gineceu (do grego gyncos, mulher, feminino). a) Pela gravidade
No interior do ovário formam-se um ou mais óvulos. b) Pela ação de animais (insetos, pequenos
Os óvulos vegetais são constituídas por muitas células. roedores e morcegos, aves)
Nisso os óvulos vegetais diferem dos óvulos animais, que são c) Pela ação do vento
estruturas unicelulares.
d) Pela ação da água

Inflorescências
A época de florescimento varia de espécie para espécie, mas
coincide com o aparecimento no local do polinizador. Esso é
Em algumas plantas muitas flores se agrupam em um mesmo
uma adaptação decorrente de milhares de anos de coevolução.
ramo, formando conjuntos denominados inflorescências.

14
Após a polinização pode ocorrer a fecundação, ou seja, a união
dos gametas masculino e feminino dentro do ovário da flor.
A partir daí a flor sofre uma modificação extraordinária.
O ovário sofre uma grande modificação, cresce, se desenvolve
e agora dizemos que virou um fruto. As demais partes da flor
caem. E em seu interior os óvulos fecundados viram sementes.
Assim, a grande novidade das Angiospermas, em termos
de reprodução, é a presença dos frutos.
Quando a planta tem inflorescências os frutos formados
também ficarão reunidos e constituirão as infrutescências. É o
caso do cacho de uvas, da amora, da jaca e da espiga de milho.

Partes do fruto
figura 45 - Tipos de frutos

Pseudofrutos e frutos partenocárpicos

Nos pseudofrutos a porção comestível não corresponde ao


ovário desenvolvido e sim o pedúnculo floral (caju) ou recep-
táculo (maçã, pera e morango).
figura 43 - Exemplos de infrutescências: jaca, uva, milho.

Um fruto é constituído por duas partes principais:

a) o pericarpo, resultante do desenvolvimento das


paredes do ovário (que tem três camadas) .
b) sementes, resultantes do desenvolvimento
dos óvulos fecundados.

figura 46 - Pseudofrutos. Morango e Caju.

Assim, ao comer a polpa de um abacate ou de uma manga você


está se alimentando do fruto verdadeiro.
No entanto, ao saborear um caju ou uma maçã, você está
mastigando o pseudofruto.
No caso da banana e da laranja de umbigo (baiana), o fruto
figura 44 - Partes de um fruto - pessego é partenocárpico, corresponde ao ovário desenvolvido sem
fecundação, logo, sem sementes.
Classificação dos frutos
Semente: Origem e estrutura
Diversas características são utilizadas para se classificar os
frutos, entre elas o tipo de pericarpo, se o fruto abre ou não
A semente é o óvulo fecundado e desenvolvido. Toda a semente
para liberar as sementes, etc.
possui um envoltório, mais ou menos rígido, um embrião inativo
Frutos que apresentam pericarpo suculento são denomina-
da futura planta e um material de reserva alimentar chamado
dos carnosos e podem ser do tipo baga (ex.: tomate, abóbora,
endosperma ou albúmen.
uva e laranja - suculentos) ou do tipo drupa (ex.: azeitona,
Em condições ambientais favoráveis, principalmente de umi-
pêssego, ameixa e amêndoa - secos).
dade, ocorre a hidratação da semente e inicia-se a germinação.
O que se conhece popularmente por “frutas” não tem signi-
Todo o embrião contido em uma semente é um eixo formado
ficado botânico.
por duas extremidades:

15
>> A radícula é a primeira estrutura a emergir,
quando o embrião germina;e
>> O caulículo é o responsável pela formação das primeiras
folhas embrionárias.

Uma “folha” embrionária merece especial atenção. É o cotilé-


done. Algumas angiospermas possuem dois cotilédones, outras
possuem apenas um. Plantas que possuem dois cotilédones,
são chamadas de eudicotiledôneas (antiga dicotiledôneas) e
plantas que possuem um cotilédone são chamadas de mo- figura 49 - germinação do milho

nocotiledôneas. Os cotilédones inserem-se no caulículo, que


dará origem ao caule. Sementes Quiescentes E Dormentes.
Germinação, portanto, é o conjunto de processos que trans-
formam o embrião em uma planta jovem. O Que São?

1- Semente quiescente: germina normalmente quando colocada


nas condições adequadas.
2- Semente dormente: não germina de imediato.
Necessita sofrer um tratamento para quebrar a dormência.

A maioria das sementes passam por um período de dormência,


embora isto seja raro em sementes usadas na agricultura ou
em horticultura.
Agricultores e horticultores fazem seleção contra dormên-
cia, por que este fenômeno não é interessante do ponto de
vista comercial. Por exemplo, a aveia (Avena sativa) não exibe
qualquer tipo de dormência, embora a aveia selvagem (Avena
fatua) o faz.
figura 47 - Germinação. Monocotiledoneas e Eucotiledoneas.

Dormência relativa
Tipos de germinação A dormência não é necessariamente um fenômeno tudo ou
nada. Assim, algumas sementes exibem dormência em uma
a) Germinação epígea: O cotilédone emerge acima do solo. temperatura particular, não o fazendo em outra. Exemplo:
Exemplo: Feijão trigo: em 20°C as sementes exibem dormência por um curto
período de tempo. Esta dormência desaparece se as sementes
b) Germinação hipógea: O cotilédone fica preso a semente. são postas para germinar em 15°C.
Exemplo: Milho
Dormência secundária
Algumas sementes quiescentes podem adquirir dormência
quando colocadas para germinar em condições inadequadas,
como por exemplo uma temperatura muito alta ou muito baixa.
Exemplo: alface - sementes embebidas no escuro e colocadas
em temperatura elevada entram em dormência secundária não
germinam quando a temperatura é reduzida (a germinação
destas sementes é induzida pela luz).

Causas da dormência
A dormência das sementes é imposta por vários mecanismos,
dependendo da espécie, ou vem da casca ou vem do embrião.

figura 48 - germinação do feijão

16
Quebra de dormência
Há uma grande variedade de processos que induzem a quebra
da dormência:

- diferenças no tempo de exposição à luz;


- escarificação (lixamento, abrasão) da casca dura da semente
para facilitar a entrada de água que pode ser feita:
a) com lixas, ácidos ou serem mastigadas por animais, podendo
provocar fraturas nas sementes, particularmente quando
o fruto é uma drupa.
b) pela ação da água, no caso de plantas de deserto que tem
suas sementes levadas por uma enxurrada e provocar
abrasão pelo atrito com seixos e rochas.
figura 50 - Crescimento do vegetal
c) Ingestão das sementes por animais: quando a semente
passa pelo trato digestivo o meio ácido pode amolecer
Classificação das plantas
a casca ou remover ceras.
d) pela ação de microorganismos onde a flora microbiana
As plantas cobrem boa parte dos ambientes terrestres do pla-
do solo pode decompor lentamente a casca da semente.
neta. Vistas em conjunto, como nesta foto, parecem todas
e) Ação do fogo: incêndios na floresta podem provocar
iguais. Mas na realidade existem vários tipos de planta e elas
a ruptura da casca. Ex. sementes de plantas do cerrado.
ocupam os mais diversos ambientes. A isso damos o nome de
Biodiversidade Vegetal.
Pós-maturação

Muitas sementes, inclusive de muitas plantas cultivadas, neces-


sitam de um período de armazenamento, sob condições secas,
denominado pós-maturação.O período de pós-maturação varia
bastante dependendo da espécie, mas pode ser diminuído colo-
cando a semente durante algum tempo em temperaturas elevadas.

Período necessário ao armazenamento a seco


de algumas espécies cultivadas e selvagens

Algodão 1 mês
Cevada 2 ou 3 semanas até 9 meses
Alface 3-9 meses
Trigo 1-2 anos Você já sabe que para classificar, ou seja, organizar diversos
Cyperus rotundos (tiririca) 7 anos objetos ou seres em diferentes grupos, é preciso determinar
os critérios através dos quais identificaremos as semelhanças
e as diferenças entre eles. Vamos ver agora como as plantas
Crescimento e desenvolvimento do vegetal podem ser classificadas.
É necessário definir outros critérios que possibilitem a
O crescimento de uma planta começa a partir da germinação classificação das plantas para organizá-las em grupos menos
abrangentes que o reino.
da semente. As reservas contidas no endosperma ou nos co-
Em geral, os cientistas consideram como critérios importantes:
tilédones são acionadas. As células embrionárias recebem os
nutrientes necessários, o metabolismo aumenta e são iniciadas
> a característica da planta ser vascular ou avascular, isto é,
as divisões celulares que conduzirão ao crescimento.
a presença ou não de vasos condutores de água e sais minerais
A radícula é a primeira a imergir; a seguir, o caulículo e a (seiva bruta) e matéria orgânica (a seiva elaborada);
plântula inicia um longo processo que culminará no vegetal > ter ou não estruturas reprodutoras (semente, fruto e
adulto. Os vasos condutores xilema e floema realizam o trans- flor) ou ausência delas.
porte da seiva bruta (xilema) e da seiva elaborada (floema).

17
Os nomes dos grupos de plantas O termo alga foi usado a partir de 1753 e introduzido por Lineu.
Há algas unicelulares, invisíveis a olho nu e macroscópicas e
> Algae - das algas pluricelulares, embora haja uma alga de uma única célula, a
> Criptógama - palavra composta por cripto, que significa escon- Acetabularia SP que é visível ao olho nu. Dentre as algas temos
dido, e gama, cujo significado está relacionado a gameta (estru- as algas pardas, vermelhas, verdes e douradas.
tura reprodutiva). Esta palavra significa, portanto, “planta que > Briófitas - Plantas sem vasos condutores, ou seja, sem floema
tem estrutura reprodutiva escondida”. Ou seja, sem semente. e xilema. Essa divisão compreende vegetais terrestres com
> Fanerógama - palavra composta por fanero, que significa morfologia bastante simples, conhecidos popularmente como
visível, e por gama, relativo a gameta. Esta palavra significa, “musgos” ou “hepáticas”.
portanto, “planta que tem a estrutura reprodutiva visível”. São As briófitas mais conhecidas são as hepáticas e os musgos.
plantas que possuem semente. As hepáticas são tanto aquáticas quanto terrestres e seu talo
> Gimnosperma - palavra composta por gimmno, que significa é uma lâmina extremamente fina. Seu talo lembra muito um
descoberta, esperma, semente. Esta palavra significa, portanto, vegetal superior: apresenta-se ereto, crescendo a partir do solo.
“planta com semente a descoberto” ou “semente nua”. > Hepáticas
> Angiosperma - palavra composta por angion, que significa > Musgo
vaso (que neste caso é o fruto) e sperma, semente. A palavra
significa, “planta com semente guardada no interior do fruto”.

Algas

Acetabularia sp

figura 52 - Musgos e hepáticas

Importância dos musgos

Apesar do aspecto modesto, os musgos têm grande impor-


tância para os ecossistemas. Juntamente com os liquens, os
musgos foram as primeiras plantas a crescer sobre rochas, as
quais desgastam por meio de substâncias produzidas por sua
atividade biológica. Desse modo, permitem que, depois deles,
outros vegetais possam crescer sobre essas rochas. Daí seu
figura 51 - Tipos de algas. importante papel nas primeiras etapas de formação dos solos.

Os registros fósseis indicam firmemente que organismos seme- Reino Fungi (Fungos)
lhantes às algas atuais viveram há mais de três bilhões de anos
(Bold, 1972). Por isto e em virtude da relativa simplicidade da
Os fungos são popularmente conhecidos por bolores, mofos,
maioria das algas, o estudo sobre a diversidade do reino vegetal
fermentos, levedos, orelhas-de-pau, trufas e cogumelos-de-
se iniciará nesses organismos.

18
-chapéu (champignon). É um grupo bastante numeroso, formado
por cerca de 200.000 espécies espalhadas por praticamente
qualquer tipo de ambiente.

Os Fungos e sua Importância Ecológica

Os fungos apresentam grande variedade de modos de vida.


Podem viver como saprófitas, quando obtêm seus alimentos
decompondo organismos mortos; como parasitas, quando se
alimentam de substâncias que retiram dos organismos vivos
nos quais se instalam, prejudicando-o ou podendo estabelecer
associações mutualísticas com outros organismos, em que am-
bos se beneficiam. Além desses modos mais comuns de vida,
existem alguns grupos de fungos considerados predadores que
capturam pequenos animais e deles se alimentam.
Em todos os casos mencionados, os fungos liberam enzi-
mas digestivas para fora de seus corpos. Essas enzimas atuam
imediatamente no meio orgânico degradando-o.

figura 54 - Folha da soja com sintomas da ferrugem asiática.

figura 53 - Fungos apodrecendo o morango.

Os fungos saprófitas são responsáveis por grande parte da


degradação da matéria orgânica, propiciando a reciclagem
figura 55 - Micorriza
de nutrientes. Juntamente com as bactérias saprófagas, eles
compõem o grupos dos organismos decompositores, de grande Algumas plantas que formam as micorrizas naturalmente são o
importância ecológica. tomateiro, o morangueiro, a macieira e as gramínias em geral.
A ferrugem do cafeeiro, por exemplo, é uma parasitose Certos grupos de fungos podem se associar com algas azuis
provocada por fungo; as pequenas manchas negras, indican- ou verdes ou originando os líquens.
do necrose em folhas, como a da soja, ilustrada a seguir, são
devidas ao ataque por fungos. Importância Econômica
Dentre os fungos mutualísticos, existem os que vivem as-
sociados a raízes de plantas formando as micorrizas (mico= Os liquens degradam rochas e ajudam na formação do solo,
fungo; rizas = raízes). tornando-se organismos pioneiros em diversos ambientes. Os

19
Encrustado Folioso: o talo é parecido com folhas

Fruticoso: o talo é parecido com um arbusto e tem posição ereta.


figura 56 - Tipos de líquens.

liquens são extremamente sensíveis à poluição e são bioindica-


dores da qualidade do ar e até quantidade de metais pesados
em áreas industriais.Algumas espécies são comestíveis, servindo
de alimento para muitos animais.
Pteridófitas é o grupo que abrange as samambaias, avencas. Já
possuem um sistema de condução da seiva, mas ainda é rudimentar.

figura 57 - Samambaias e avencas.

As Gymnospermas são o grupo dos pinheiros, ciprestes, Arau-


cárias. Crescem muito, mas não apresentam o sistema de con-
dução muito evoluído,

Angiospermas - Plantas Com Flores

Angiospermas são as plantas que tem a maior distribuição e a mais


figura 58 - Pinheiros. Em detalhe, uma pinha.
diversificada no reino vegetal. Apresentam sistema de condução
da seiva complexo e evoluído, realizado pelos vasos condutores conservados em um herbário, baseando-se no estudo morfo-
xilema e floema. Habitam os mais diversos ecossistemas. lógico desses espécimes. A sistemática moderna, tanto estuda
A Sistemática Vegetal lida com a classificação das plantas. o comportamento da planta na natureza, como se fundamenta
No conceito antigo, Sistemática era uma ciência que se restringia na morfologia e na estrutura dos vegetais, seus caracteres
ao estudo de pedaços de plantas, devidamente etiquetados e genéticos, sua ecologia, distribuição geográfica, estudo dos

20
seus antepassados, etc, para compreender e estabelecer as de identidade conhecida e em qualquer hierarquia (família,
verdadeiras afinidades e graus de parentesco existentes entre gênero, espécie, subespécie, etc.). Tratando-se de material novo
os diversos grupos de plantas. Baseia-se na hipótese de que para a Sistemática, por conseguinte ainda não designado cien-
existem relações genéticas entre as plantas e que os vegetais tificamente, deve receber denominação própria e ser objeto de
atuais descendem de outros existentes ou já extintos, através descrição, publicação em órgão especializado, observando-se o
de sucessivas gerações, encontrando-se elas, hoje em dia, mais que preceitua o Código Internacional de Nomenclatura Botânica.
aperfeiçoadas.
Classificação é a ordenação das plantas em categorias hierár-
quicas, segundo as afinidades naturais ou graus de parentesco
e de acordo com um sistema de classificação. Cada espécie é
classificada como membro de um gênero, cada gênero pertence
a uma família, as famílias estão subordinadas a uma ordem,
cada ordem a uma classe, cada classe a uma divisão.

Nomenclatura está relacionada com o emprego correto dos


nomes das plantas e compreende um conjunto de princípios,
regras e recomendações aprovados em congressos interna-
cionais de Botânica e publicados num texto oficial. A Botânica
necessita de um sistema preciso e simples de nomenclatura
para ser usado pelos botânicos em todos os países, que lide
por um lado com os termos que denotam nível dos grupos ou
unidades taxonômicas e por outro com os nomes científicos
que são aplicados as grupos taxonômicos individuais de plantas.
Foi adotada a língua Latim, universalmente empregada para
designar as categorias taxonômicas.

História

A história da classificação das plantas é muito antiga. Para fins


práticos vamos elencar aqui a partir de sistemas de classificação
mais organizados.
O primeiro desses sistemas exposto em definições claras,
exatas e lógicas foi criado por Andréa Caesalpino (Piza, 1519-
1603), baseado na estrutura de frutos e sementes. Esteve em
uso por um século, até o aparecimento do sistema também
artificial, porém mais completo e prático, do professor Karl
Von Lineé, da Suécia (1707-1775) (conhecido como Lineu).
O sistema lineano é baseado na morfologia da flor, princi-
figura 59 - Variedade de Angiospermas.
palmente na estrutura e número de estames e pistilos. Lineu
Assim, a Taxonomia Ou Sistemática Vegetal é a parte da Botâ- dividiu o reino vegetal em Criptógamas – plantas com processos
nica que tem por finalidade agrupar as plantas dentro de um sexuados encobertos e Fanerógamas – plantas com processos
sistema, levando em consideração suas características morfo- sexuados visíveis. Esta divisão, com certas modificações é usada
lógicas e externas, sua srelações genéticas e suas afinidades. até hoje. O maior mérito de Lineu foi o de pôr em ordem enor-
me quantidade de material coletado por ele mesmo e outros
Etapas e Regras de Nomenclatura botânicos e zoólogos e de idealizar e empregar com sucesso
uma nomenclatura e uma terminologia breve, clara e lógica,
Identificação é a determinação de qualquer material botânico, que até hoje está em vigor. Foi o primeiro que deu a noção de
como idêntico ou semelhante a outro já conhecido. Pode ser ‘espécie’ e ‘gênero’ como base para a nomenclatura binária.
feita com o auxilio da literatura ou pela comparação com outro Lineu estabeleceu classes e ordens de plantas.

21
Com a vinda de novos conhecimentos sobre a flora mundial Os nomes aplicados a todas as categorias taxonômicas são
veio a verificação da existência de maiores afinidades naturais latinos e recebem, em geral, nomes com terminações próprias,
entre plantas do que as indicadas pelo ‘sistema sexual’ de Lineu. relacionadas à categoria a que pertencem. Resultam, nestes
Os novos sistemas organizam plantas em grupos afins, pela casos, nomes que têm o mesmo radical da palavra com que é
existência de caracteres morfológicos e anatômicos comuns. designado um gênero. Exemplo: Magnólia (gênero), Magno-
Em rigor, não poderiam ser ‘naturais’ por não se compatibiliza- liaceae (família), Magnoliales (ordem), Magnoliopsida (classe)
rem com a idéia da evolução, o que só ocorreu com os atuais e, Magnoliophyta (divisão).
sistemas filogenéticos, também chamados naturais modernos. As terminações próprias dos nomes de grupos taxonômicos,
A vitória final das idéias evolucionistas coube Charles Darwin correspondentes às categorias acima de gênero são:
(1809-1882) com a publicação do seu famoso trabalho sobre
a origem das espécies.
Divisão phyta
A teoria de descendência e de desenvolvimento evoluti-
Subdivisão phytina
vo de formas mais complexas e perfeitas a partir de formas
Classe opsida
mais antigas e primitivas fornecem um sólido alicerce em que
Subclasse idae
poderia ser construído um verdadeiro sistema filogenético,
Ordem ales
isto é, seqüência de organismos pela afinidade de origem, sua
Subordem inae
sucessão e como nos parece, a marcha do processo evolutivo
Família aceae
a partir de organismo unicelular até o mais perfeito.
Subfamília oideae
A maioria dos sistemas desta época (Sistemas filogenéticos)
Tribo eae
fundamentam-se nas teorias de Darwin. Merecem ser desta-
Subtribo inieae
cados o Sistema de Engler e mais recentemente o Sistema de
Arthur Cronquist.
Definição de cada categoria taxonômica:
Unidades Sistematicas Ou Categorias Taxonomicas
1. Divisão: é a categoria que fica logo abaixo do Reino, formada
De acordo com o conceito de que existem relações entre as por um conjunto de classes. Em regra, são tomados para sua
plantas, elas devem ser enquadradas em categorias que indi- constituição caracteres gerais relacionados com estruturas
quem suas presumíveis afinidades sistemáticas. Cada categoria reprodutivas, morfológicas ou anatômicas.
taxonômica representa um grupo de plantas, e há categorias 2. Classe: categoria hierarquicamente inferior à Divisão, cons-
maiores e menores de classificação. As categorias taxonômicas tituída por um conjunto de Ordens.
representam níveis hierárquicos, segundo critérios adotados nos 3. Ordem: formada por um conjunto de famílias, é estabele-
diversos sistemas de classificação, os táxons são os termos aplica- cida com base em particularidades mais definidas (caracteres
dos aos agrupamentos considerados incluídos nessas categorias: filogenéticos). Terminação ales.
4. Família: constituída por mais de um gênero. Sua descrição é
CATEGORIA TÁXON feita de modo a contemplar características dos gêneros quase
sempre numerosos. Quando se está interessado em identificar
Divisão Magnoliophyta, Briophyta um material botânico desconhecido, comumente procura-se, em
Ordem Malvales, Rosales primeiro lugar, conhecer a família a que pertence. A partir daí,
Família Araceae, Rutaceae com ou sem uso de chaves, chega-se aos grupos subordinados.
O nome da Família é formado pelo radical do nome de um de
As regras Internacionais de Nomenclatura estabelecem que seus gêneros, acrescido da terminação aceae.
uma categoria de plantas pode se subdividir em categorias 5. Gênero: categoria formada pela reunião de espécies se-
intermediarias e de hierarquia mais baixa, acrescentando-se melhantes, cujo relacionamento não se baseia somente em
ao seu nome o prefixo sub. caracteres morfológicos, mas também em particularidades de
Consideradas as categorias principais pode-se ter a seguinte outra natureza, como a origem, as migrações, o comportamento
gradação: genético, fisiológico e ecológico.
6. Espécie: O sistema binomial passou a ser adotado a partir
Reino – Divisão – Subdivisão – Classe- Subclasse – Ordem – de Lineu (1753), daí por diante se tornou normativa a nomen-
Subordem – Família – Subfamília – Tribo – Subtribo – Gênero
clatura binária. Usa-se sp. ou spp. para espécie ou espécies
– Subgênero – Seção – Subseção – Série – Subsérie - Espécie
– Subespécie – Variedade – Subvariedade – Forma – Subforma. respectivamente.

22
O que é nomenclatura binária? BIBLIOGRAFIA

Segundo o sistema de nomenclatura binária, universalmente BRYANT, J. (1985) Seed Physiology. Edward Arnold Pubblishing
adotado, as plantas são cientificamente designadas por um FERRI, M.G. (1979) Fisiologia vegetal, volume II. EDUSP
conjunto de duas palavras latinas ou latinizadas, correspon- Gonçalves, E. G. e Lorenzi, H. (2011). Morfologia Vegetal -
dentes ao nome genérico e ao epíteto especifico (exemplo: Organografia e Dicionário Ilustrado de Morfologia das Plantas
Croton sonderianus). A primeira palavra (nome genérico) in- Vasculares 2ª Ed. 244p.
dica o gênero a que pertence a espécie e a segunda (epíteto http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/biologia/bo-
especifico) permite designar espécies diferentes dentro de um tanica/index.php
mesmo gênero. http://mundobiologico-geral.blogspot.com.br/
Para distinguir as espécies com exatidão, torna-se neces- file:///C:/Users/Alexandra/Downloads/Apostila_de_Biologia_
sário que em todo o Reino Vegetal só haja um nome de gênero -_M%C3%B3dulo_de_Bot%C3%A2nica%20-%20C%C3%B3pia.pdf
válido e que em determinado gênero não se repita o mesmo http://www.ebah.com.br/content/ABAAAArisAI/botanica
epíteto especifico. file:///C:/Users/Alexandra/Downloads/USP%20-%2006%20-
Categorias infraespecíficas: no Código de Nomenclatura -%20BOT%C3%83-NICA.pdf
Botânica, são previstas as seguintes categorias taxonômicas: http://ramonlamar.blogspot.com.br/2011/06/por-que-caem-
subespécie, variedade, subvariedade, forma e subforma. Su- -as-arvores-1.html
bespécie, variedade e subvariedade são abreviadas para subsp., http://auladecienciasdanatureza.blogspot.com.br/2011_01_01_
var. e subvar. archive.html
http://dicasdeciencias.com/2009/09/29/lineu-taxonomia/
Citação dos nomes dos autores BOTÂNICA AGRÍCOLA. Prof. Dra. Adriana Graciela Desiré Zecca.
http://www.ebah.com.br/content/ABAAABPMwAK/apostila-
Os nomes das plantas devem ser escritos seguidos dos nomes -completa-sistematica-vegetal. 29/05/2014
dos autores: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/biologia/taxonomia-
-como-funciona-o-sistema-de-classificacao-dos-seres-vivos.
- Mimosa platycarpa Ducke htm. 29/05/2014
- Cassia catártica var. tenuicaulis Irwin

Quando os autores são botânicos bastante conhecidos, podem


ser escritos abreviadamente: Tricogonia Endl. (Endlicher).
Às vezes, são usadas abreviações extremas como L. para Lineu,
M. para Martius, etc. as quais são inteligíveis por representarem
nomes consagrados.

Casos especiais – Plantas cultivadas

As plantas cultivadas se desenvolvem como populações arti-


ficiais, mantidas e propagadas pelo homem. Por esta razão, a
hierarquia botânica de categorias infraespecificas baseia-se na
categoria Cultivar, sendo às vezes chamadas erroneamente de
variedades.
Uma cultivar é um conjunto de plantas cultivadas o qual se
distingue claramente por uma serie de caracteres, os quais se
mantêm nos descendentes, quando estes se reproduzem tanto
sexuada como assexuadamente. Algumas cultivares têm-se
originado naturalmente, mas a maioria é criada por cultivo. O
nome da cultivar se escreve com inicial maiúsculo e precedido
pela abreviação cv., ou colocando-o entre aspas. Por exemplo:
Phaseolus vulgaris L.cv. Carioca. O nome da cultivar deve ser
imaginário, em línguas modernas (não se usa o latim).

23
View publication stats

Você também pode gostar

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy