Noção de Direito Administrativo
Noção de Direito Administrativo
Noção de Direito Administrativo
No seu sentido comum, administração significa uma gestão de recursos escassos, através
do funcionamento de uma organização, para obtenção de utilidades (que podem ser
permanentes, periódicas ou fortuitas), segundo opções racionais (finalidades e
prioridades) que foram pré-definidas (em regra, por outrem).
Essa atribuição de tarefas pode ser feita em exclusividade (uso legítimo da força,
justiça, defesa, segurança pública, tributação), ou, sobretudo no que respeita ao Bem-
estar, com a complementação pelo sector social (não lucrativo) e pelo sector privado
(nas áreas da saúde, segurança social e educação). Admite-se ainda a possibilidade de
concessão translativa (serviços públicos de abastecimento de água e de recolha,
tratamento e rejeição de efluentes, serviço postal universal, transportes ferroviários,
exploração dos portos de mar, construção e exploração de infra-estruturas) ou de
delegação (auto-regulação do desporto federado) de algumas das tarefas públicas a
favor de entidades privadas.
Acentua-se hoje uma limitação das tarefas de prestação pública – assim, sobretudo
por determinação europeia, privatizam-se serviços essenciais ou de interesse económico
geral (como, por exemplo, a energia, os transportes e as telecomunicações), em que
passam a caber à Administração, como tarefas públicas, a regulação, a fiscalização, a
garantia da universalidade do serviço e a defesa dos consumidores, cuja prestação
passou a ser tarefa privada e a ser cometida a empresas privadas, actuando em
concorrência no mercado.
Por outro lado, a actividade pública administrativa está, por definição, sujeita a previsão
normativa (é, nesse sentido, tipicamente executiva) e a subordinação política (é de
natureza heterónoma).
A qualificação de interesses colectivos como interesses públicos, bem como a
atribuição da respectiva prossecução a entidades públicas (ou sob direcção ou controlo
público), exprimem escolhas realizadas num momento anterior e num plano
superior, ao nível político-legislativo – plano em que, no âmbito europeu ou nacional,
se definem as “políticas públicas”, entre nós, em regra, mediadas, concretizadas ou
determinadas pela via legislativa governamental (decreto-lei).