A População Da Europa Nos Séculos XVII e XVIII

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A população da Europa nos séculos XVII e XVIII: crises e

crescimento
 A evolução demográfica da Época Moderna é marcada por uma oscilação
permanente até à década de 40 do século XVIII:

Séc. XVI Séc. XVII Séc. XVIII

Retrocesso ou A partir da
Crescimento década de 40
demográfico estagnação demográfica
(conforme as regiôes, Crescimento
disparidades regionais) demográfico
contínuo

 Séculos XVI e XVII  Regime demográfico antigo


 Século XVIII  Regime demográfico novo
 Regime demográfico antigo
o Elevada mortalidade (principalmente infantil)
o Elevada natalidade
o Frequentes crises demográficas (quando a mortalidade se elevava e forma
súbita e intensa devido às fomes, epidemias, guerras ou maus anos agrícolas)

Economia pré-industrial
 Larga base agrícola – subsistências limitadas
 Evolução tecnológica lenta (utensílios rudimentares e
técnicas antigas)

 O volume de produção encontrava-se ligado ao número de homens, estando a


expansão demográfica limitada pela insuficiência dos recursos alimentares.

 Século XVII
o Fomes: arrefecimento climático que condicionou a produtividade agrícola
o Epidemias: como consequência da fome que debilitava o sistema imunitário
o Guerras: Guerra dos Trinta Anos
o Economia pré-industrial
 Século XVIII – Regime Demográfico Novo
o A partir de 1740, inicia-se um período de crescimento longo e continuado
o Diminuição da mortalidade
o Natalidade mantém-se elevada
o Aumento da esperança média de vida
o Causas
 Inovações da agricultura
 Progressos da indústria
 Conquistas da medicina (como a descoberta da vacina contra a varíola; a
prática médica ganha terreno, como no campo da obstetrícia com a
formação de parteiras)
 Melhoria das condições de higiene
 Clima favorável que se traduziu em anos de boas colheitas e dificultou a
propagação de epidemias

Estratificação social e poder político nas sociedades de Antigo Regime


 Uma sociedade de ordens assente no privilégio
o Antigo Regime: séc. XVI – XVIII (corresponde, de grosso modo, à Época
Moderna)
o Tempo das monarquias absolutas e de uma sociedade hierarquizada em
ordens ou estados
o Socialmente, caracteriza-se por uma estrutura fortemente hierarquizada.
o Ordem/Estado
 Categoria social definida quer pelo nascimento quer pelas funções sociais
desempenhadas
 Confere aos seus membros determinadas honras, direitos e deveres, sendo
que a cada ordem corresponde também um estatuto jurídico próprio.
 Os seus elementos distinguiam-se pelo traje e pela forma de tratamento
 Mobilidade social era reduzida.
o Três ordens: Clero, Nobreza e o Terceiro Estado (estratificação social herdada
da Idade Média)
o Cada ordem está subdividida em vários estratos Estratificação social:
Divisão social em grupos
o Clero ou primeiro estado hierarquicamente
 Dedica-se à vida religiosa organizados consoante o seu
 Estado mais digno porque é considerado o mais próximo prestígio, poder ou riqueza.
de Deus, usufruindo, por isso, de inúmeros privilégios:
 Isento de pagar impostos à Coroa e de prestar serviço
militar
 Não está sujeito à lei comum, mas sim ao Direito Canónico e os seus
membros são julgados em tribunais próprios
 Podem conceder asilo aos fugitivos, não estando obrigados a franquear as
suas casas aos soldados do rei
 Não executam trabalhos pesados
 O clero é também uma ordem rica, proprietário de todo o tipo de bens e
recebendo ainda os dízimos e as ofertas dos crentes.
 Aglutina elementos de todos os grupos sociais mas, visto que os clérigos
estão sujeitos a uma rígida hierarquia, cada um acaba por ocupar um lugar
de acordo com a sua origem social.
 Dividia-se então entre o alto clero, o baixo clero e o clero regular.

 Alto clero
 Reunia os filhos segundos da nobreza e um conjunto de cardeais,
arcebispos, bispos e seus séquitos, bem como os abades dos mosteiros
mais ricos.
 Viviam rodeados de luxo e recebiam uma educação esmerada, podendo,
assim, desempenhar cargos na administração e na corte.
 Baixo clero
 Reunia pessoas do campo (membros do Terceiro Estado)
 Competia-lhes oficiar os serviços religiosos e orientar espiritualmente
os paroquianos e, também, as escolas locais
 Eram apenas ensinados a dizer a missa em latim nos seminários
 Clero regular
 Aquele que está sujeito à regra de uma ordem religiosa
 Os seus membros vivem em conventos ou mosteiros
 Reunia os abades (alto clero) e os frades (baixo clero)
 O seu número não deixou de aumentar na Península Ibérica, apesar de a
sua importância ter vindo a diminuir na Europa em comparação com a
Idade Média.
 Clero secular
 Em contacto direto com a população
 Cardeais, bispos, arcebispos (alto clero); párocos (baixo clero)

o Nobreza ou segunda ordem


 Considerada a ordem de maior prestígio por estar mais próxima do rei
 Privilégios:
 Isenção do pagamento de impostos, exceto em caso de guerra
 Desfruta de um regime jurídico próprio, que lhe garante superioridade
perante as classes populares
 Detinha grandes propriedades, o que lhe permitia cobrar uma série de
impostos aos camponeses que trabalham nas suas terras (direitos
senhoriais)
 Ocupam altos cargos na administração e no exército.
 Cede ao clero os seus membros, visto que os seus filhos-segundos
ingressavam no clero enquanto o primeiro filho herdava toda a fortuna
 Estratos:
 Nobreza de sangue ou de espada
 Reúne membros cujos antepassados sempre forma considerados
nobres
 Dedicada à carreira das armas, sendo que o seu símbolo é a espada
 Subdivide-se em categorias hierarquizadas:
 Topo: Príncipes, duques e pares do reino que convivem perto do
monarca
 Nobreza rural: Vive mais humildemente mas com dignidade, dos
rendimentos do seu pequeno senhorio
 Nobreza de serviços / de toga / administrativa
 Os membros, oriundos do Terceiro Estado, foram nobilitados pela
prestação de serviços extraordinários ao rei ou pela ocupação de
cargos administrativos
 A ocupação de cargos públicos de destaque por juristas de origem
burguesa forçava o rei a conceder-lhes um título digno das funções
que desempenhavam
 Surge destinada a satisfazer as necessidades burocráticas do Estado
 Foi crescendo ao longo do tempo dada à crescente necessidade de
funcionários letrados por parte do rei
 De início olhada com desprezo pela velha aristocracia, não tardou a
fundir-se com ela pelo casamento

o O Terceiro Estado
 Ordem mais heterógena (reúne tanto membros mais ricos e formados como
membros que podem vegetar na miséria extrema)
 Topo  Burguesia (elite do Terceiro Estado dividida em grupos
hierarquicamente ordenados):
 Burguesia administrativa (Homens de letras)
 Burguesia financeira ou comercial (mercadores ou financeiros)
 Os que desempenhavam ofícios superiores (boticário, ourives,
joalheiro que estão mais ligados à atividade mercantil do que ao
trabalho manual)
 Povo
 Camponeses (Lavradores) com terra própria ou de renda
 Artesãos (os que desempenham ofícios mecânicos)
 Assalariados (trabalhadores de jornada)
 Mendigos, vagabundos e indigentes
 Todos os elementos do povo pagam impostos e, salvo algumas exceções,
vivem do seu trabalho
 Terceiro Estado: 96%; Camponeses: 80%

o A diversidade de comportamento e de valores


 A diferenciação social deveria refletir-se no comportamento dos
indivíduos e no tratamento que recebiam por parte dos outros.
 Assim, cada estrato tinha as suas insígnias e distintivos.
 Nobres: usavam a espada e  Clérigos: reconhecidos pela
vestiam trajes mais ricos tonsura e pela batina preta
 Bispos: exibiam o anel e o  Doutores, licenciados: toga/
báculo batina
 Identificados desta forma, cada um esperava receber o tratamento a que
tinham direito e estavam sujeitos a um rígido protocolo
 Esta diversidade de estatuto está também presente no exercício da justiça:
clérigos e nobres estão isentos de penas vis (enforcamento), sendo punidos
com pesadas multas pecuniárias ou sendo executados por decapitação)
 Esta preocupação em tornar visível a diferenciação social exprimia os
principais valores defendidos na sociedade de ordens:
 A defesa dos privilégios pelas ordens sociais mais elevadas
 Primazia do nascimento como critério de distinção social
 Fraquíssima mobilidade social

o A mobilidade social
 Muito reduzida, pois o critério de diferenciação social assenta no
nascimento
 Transição de indivíduos de um para outro estrato social (ascendente ou
descendente)
 Iremos assistir à ascensão do Terceiro Estado e à decadência dos critérios
sociais baseados no nascimento.
 Foi o dinheiro que conduziu a burguesia ao topo:
 Possuidora de grandes fortunas, procurava meios para eliminar o
estigma que pesava sobre os novos-ricos e, consequentemente, conseguir
ascender socialmente e adquirir títulos e privilégios reservados à
nobreza.
 Vias de mobilidade social:
 Estudos / conhecimento
 Dedicação aos cargos do Estado
 Casamento (com filhas da velha nobreza)
 Lucros do grande comércio (dinheiro), riqueza
 Incapaz de resistir à atração que lhe despertavam as grandes fortunas da
burguesia, a velha nobreza casava filhos e filhas com membros da burguesia
com o objetivo de recuperar as suas finanças arruinadas.
 Assim, foi a diferente postura perante a vida e a sociedade que ditaram o
percurso da nobreza e da burguesia:
 Nobreza: agarrada aos privilégios antigos, negligenciando o
conhecimento e empobrecendo, foi lentamente decaindo
 Burguesia: assume uma postura combativa e dinâmica, alicerçada no
conhecimento e no trabalho, o que lhe abriu as portas à ascensão social
e ao poder.

 O absolutismo régio
o O rei é representado como o vértice da hierarquia social
o Séculos XVII e XVIII: auge da centralização do poder (D. Luís XIV)
o Marcado pela autoridade absoluta do rei, sendo lhe atribuídos todos os
poderes e responsabilidades do Estado
o A legitimidade do seu poder supremo encontrava-se na vontade de Deus, ou
seja, foi Deus que escolheu os reis como seus representantes na Terra.

o Fundamentos e atributos do poder real


 Bossuet: teorizou os fundamentos e atributos da monarquia absoluta
 Segundo Bossuet, o poder real conjuga quatro características básicas:
 É de origem divina, o que o torna sagrado (conferido por Deus para que
este o exerça em Seu nome): Daqui decorre que atentar contra o rei é um
sacrilégio e que o poder real é incontestável, devendo ser usado para o
bem público.
 É paternal: o rei deve cultivar a imagem de “pai do povo”, governando
brandamente, satisfazendo as necessidades do seu povo e protegendo
os mais fracos
 É absoluto, único: governa a título pessoal, concentrando nas suas mãos
todos os poderes do estado. O rei deve tomar as suas decisões com total
liberdade, assegurando o respeito pelas leis e normas jurídicas de forma
a manter a paz e evitar uma anarquia.
 Está submetido à razão, à sabedoria: Escolhidos por Deus, acreditava-se
que os reis possuíam qualidades intrínsecas que lhes permitiam
assegurar o bom governo.

o O exercício da autoridade
 O rei concentra em si todo o poder do Estado: ele legisla, executa e julga.
 Apesar de, na teoria, o rei estar obrigado a respeitar o direito natural e
consuetudinário, não existia qualquer órgão político que controlasse a
atuação régia. Assim, o seu poder era, na prática, absoluto e ilimitado.
 O rei tomou o lugar do Estado, identificando-se com ele.
 O rei dispensava o auxílio de outros órgãos políticos, dado que as suas ações
eram legitimadas por si próprias.
 As Cortes/Estados Gerais deixam de ser convocados, mas não são abolidos,
visto que poderia ser considerado uma afronta ao direito consuetudinário e
aos privilégios estabelecidos que ao rei cabia preservar.
 O rei torna-se, assim, o garante da ordem social estabelecida, cabe-lhe
manter a ordem, a justiça e os privilégios estabelecidos. Qualquer atropelo
às leis fundamentais era olhado com desagrado.

o A encenação do poder: a corte régia


 Sociedade de corte: grupo de pessoas que rodeavam o rei e participavam na
vida da corte.
 Versalhes: paradigma da corte real
 Era o centro do poder político, frequentada por uma multiplicidade de
funcionários (diplomatas, conselheiros, nobres, privados do rei,…) que
seguiam as normas impostas por uma hierarquia e etiqueta rígida.
 Esta sociedade de corte servia de modelo aos que aspiravam à grandeza, pois
representavam o cume do poder e da influência
 Papel desempenhado pela corte no regime absolutista:
 Na monarquia absoluta, o rei utilizava a vida na corte para mais facilmente
controlar a nobreza e o clero. A proximidade física entre o rei e cortesãos era
intencional, para que estes estivessem constantemente sujeitos à vigilância
do rei, o que tornava a corte num centro político.
 Luís XIV utiliza a corte instalada no Palácio de Versalhes para reforçar a
autoridade régia através da encenação e teatralização do poder e da
grandeza do soberano:
 A opulência dos banquetes
Convergiam no
 A riqueza do vestuário
endeusamento da
 Complicação do cerimonial que rodeava todos os pessoa real
atos
 Todos os atos quotidianos do rei eram ritualizados, “encenados”,
transformando-se em cerimónias semipúblicas, carregadas de protocolo e
significado institucional.
 Cada gesto tinha um significado social ou político, pelo que, através da
etiqueta, o rei controlava a sociedade. Um sorrido, um olhar reprovador
funcionavam como recompensa ou punição de determinada pessoa.
 Assim, o Palácio era, simultaneamente, lugar de governação, de ostentação
de poder e de controlo das ordens privilegiadas.

 Sociedade e poder em Portugal


Realidade francesa  Modelo da sociedade de Antigo Regime para toda a Europa
Contudo, cada país apresenta particularidades que o distinguem e individualizam:
Características:

o Preponderância da nobreza fundiária e mercantilizada Nobreza fundiária: ligada


à posse de grandes terras
 1640: a nobreza garante a Restauração da Independência, Nobreza mercantilizada:
restaurando a monarquia portuguesa na pessoa do duque de ligada ao comércio
Bragança 1640: Restauração da
 Também foram os nobres que asseguraram o êxito da guerra Independência
da independência em Castela
 Desta forma, a Restauração e a pós-Restauração trouxeram o
reforço do papel político da nobreza portuguesa, pela sua importância nesta
fase, visto que foram o suporte indispensável do rei D. João IV.

 Séc. XVII  Assiste-se ao reforço do papel político da nobreza de sangue


(fundiária)
 Até meados do século XVIII, a nobreza de sangue manteve o acesso aos
cargos superiores da monarquia:
 Comandos das províncias militares
 Presidência dos tribunais de corte
 Vice-reinados da Índia e Brasil
 Missões diplomáticas importantes
 Também os cargos ligados à administração e ao comércio ultramarino
eram usados pelos monarcas para agraciar a nobreza, que, no geral, pouco
percebia de negócios.
 O facto de estes cargos serem apenas delegados aos nobres, que nada sabiam
de negócios, gerou críticas.
 Beneficiando da sua posição na administração do Império, a nobreza
intervém diretamente no comércio ultramarino, mercantilizando-se e
dando origem a um tipo social específico: o cavaleiro-mercador.
 Junta então os rendimentos que tira da terra, dos cargos que exerce e das
dádivas reais, aos que provêm do comércio.
 Contudo, o cavaleiro-mercador nunca foi um verdadeiro comerciante, pois
encarava o comércio como uma forma fácil de adquirir riqueza, que aplicava
na compra de mais terras, fonte tradicional de prestígio da nobreza, ou para
gastar em artigos de luxo numa ostentação excessiva.
 Foi assim que que boa parte dos lucros do comércio marítimo português não
contribuiu para o desenvolvimento de uma burguesia enriquecida e
energética, fazendo com que esta tivesse sérias dificuldades em se afirmar.

Impedia o desenvolvimento do comércio e prejudicava a economia


portuguesa

o A debilidade da burguesia portuguesa


 Fatores:
 Ataques holandeses e ingleses ao comércio e às possessões portuguesas
 Intervenção excessiva da coroa e da nobreza no comércio ultramarino
(nobreza  Concorrência à burguesia)
 Crescente infiltração dos comerciantes estrangeiros no comércio ultramarino
(sobretudo ingleses)
 Perseguições aos judeus e cristãos-novos pelo Tribunal da Inquisição, sendo
que muitos destes eram burgueses
 Mentalidade nobiliárquica da burguesia portuguesa:
 Aspirava nobilitar-se Aquisição de
 Investe os seus rendimentos provenientes do comércio na terras: fonte
tradicional de
aquisição de terras e no luxo, procurando imitar a nobreza
prestígio da nobreza
 Não tem valores próprios
o Excessiva importância do clero na sociedade (sobretudo o regular)

o A criação do aparelho burocrático do Estado absoluto


 Aparelho burocrático: conjunto de instituições necessárias ao
funcionamento do Estado
 Os monarcas absolutos sentiram a necessidade de reestruturar a burocracia
do Estado, reorganizando órgãos já existentes e criando novos concelhos.
 Em 1640, quando a nobreza pôs fim ao domínio filipino, o país assistiu à
desarticulação dos órgãos centrais da administração pública.
 Assim, após a Restauração, D. João IV irá reorganizar o aparelho
burocrático do Estado:
 Cria um núcleo administrativo central – as secretarias
 Intervém em áreas como a defesa, as finanças, a justiça e a
administração
 Na segunda metade do século XVII (D. Pedro II):
 A estrutura governativa, criada por D. João IV foi-se aperfeiçoando
 Assistiu-se ao reforço do poder real, que teve como consequência a
diminuição da influência governativa dos nobres
 E conduziu ao apagamento do papel das Cortes como órgão político,
sendo estas apenas consultadas para assuntos de “forma”

 D. João V encarnou, em Portugal, a imagem do rei absoluto.


 Na primeira metade do século XVIII (D. João V):
 Aumento do controlo do rei sobre o aparelho burocrático do Estado
 Aumento do controlo do rei sobre a capacidade de decisão dos diversos
conselhos, transferindo-a para um número restrito de colaboradores
diretos – os secretários – que trabalhavam na dependência direta do rei.
 Reformou o núcleo de administração central em 1736, procedendo à
reforma das três secretarias existentes
 Perda de importância das Cortes, que já não reúnem, apesar de não
desparecerem
 Meados do século XVIII:
 A máquina burocrática do Estado continuava pesada, lenta e
insuficiente.
 Os elementos de ligação com a administração local escasseavam
 O poder absoluto não se fez sentir totalmente em todo o país, uma vez
que a maioria dos portugueses via a sua vida orientada pelas “justiças
locais”.
o O absolutismo joanino
 1706 – 1750: reinado de D. João V, o Magnânimo
 O governo joanino reuniu condições favoráveis:
 Período de paz
 Excecional abundância para os cofres do Estado, devido à exploração
das recém-descobertas minas de ouro e diamantes no Brasil
 Foi este ouro que alimentou, em grande parte, o esplendor real.
 Numa altura em que a imagem de D. Luís XIV se impunha na Europa como
modelo a seguir, quer na sua forma de governo, quer na sua magnificência, o
nosso rei procurou imitá-lo nos dois aspetos.
 A nível político:
 Recusa em reunir as cortes
 Exerceu um controlo pessoal sobre a administração pública,
reformando a administração central de forma a reforçar o seu poder ()
 Procurou controlar a nobreza, não hesitando em banir da corte certos
dos seus elementos por desrespeitaram um oficial de justiça. Expressava,
assim, a sua superioridade face à nobreza
 Na magnificência:
 Tal como Luís XIV, D. João V realça a figura régia através do luxo e da
etiqueta, adotando a moda francesa quer no traje, quer no cerimonial,
quer na preferência pelos grandes espetáculos
 Uma rígida hierarquização marca o protocolo da corte:
 Nas audiências, cerimónias, banquetes, todos ocupavam um lugar
definido de acordo com o seu título ou cargo
 O rei tem sempre o lugar central, sendo o centro das atenções e o centro
do poder.
 A nível cultural:
 Como complemento à sua “vocação de grandeza”, o rei irá desenvolver
uma política de mecenato nas artes, nas letras e nas ciências:
o Patrocina importantes bibliotecas (Biblioteca Joanina e a do Convento
de Mafra)
o Promove a impressão de diversas obras (História de Portugal)
o Funda a Real Academia de História
o Chama para a corte os melhores artistas plásticos estrangeiros
o Financia a aprendizagem dos pintores portugueses no estrangeiro
 Empreende uma política de grandes construções, como:
o Palácio-Convento de Mafra
o Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra
o Aqueduto de Águas Livres em Lisboa
o Construção e renovação de igrejas no estilo barroco
 Em termos de política externa:
 Procurou a neutralidade face aos conflitos europeus
 No entanto, não se furtou à intervenção armada quando esta lhe podia
proporcionar prestígio internacional (auxílio do Papa no combate aos
Turcos, que ameaçavam a Itália)
 Envio de embaixadas diplomáticas grandiosas a países estrangeiros que
impressionavam os contemporâneos pela sua pompa e prodigalidade:
o Trajes sumptuosos
o Coches magníficos
o Distribuição de moedas de ouro pela população
 Em plena época barroca, o brilho e a ostentação significavam autoridade e
poder.

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