Iniciação Antiga e Moderna - Max Heindel
Iniciação Antiga e Moderna - Max Heindel
Iniciação Antiga e Moderna - Max Heindel
Por
Max Heindel
Fraternidade Rosacruz
ÍNDICE
PREFÁCIO ................................................................................................................. 6
PARTE I ...................................................................................................................... 8
O Átrio do Tabernáculo................................................................................................... 15
A Vara de Aarão.......................................................................................................... 38
PARTE II .................................................................................................................. 54
5 ÍNDICE
PREFÁCIO
Nas páginas desse pequeno volume se encontram algumas das joias das mais
inestimáveis pertencentes às fases mais profundas da Religião Cristã. Essas
joias são o resultado das investigações espirituais do vidente inspirado e
iluminado, Max Heindel, o mensageiro autorizado dos Irmãos Maiores da
Ordem Rosacruz, que estão trabalhando para disseminar por todo o mundo
ocidental os significados espirituais mais profundos, ocultos e revelados da
Religião Cristã.
Que a Sua Verdade ilumine, que a Sua Sabedoria e o Seu Amor envolvam a
todos aqueles que vierem a participar de Sua Água da Vida. E que cada um
que vier encontre o Caminho Iluminado que é descrito aqui.
7 PREFÁCIO
1
N.T.: Mt 13:45-46
8 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
PARTE I
O TABERNÁCULO NO DESERTO
9
Ele não é dependente de seus próprios recursos nessa busca, pois nosso Pai
Celestial preparou um caminho marcado com mensagens que nos levarão até
Ele, caso queiramos segui-lo. No entanto, como esquecemos a Palavra divina
e seríamos incapazes de compreender o seu significado agora, o Pai nos fala
na linguagem do simbolismo, que tanto oculta como revela as verdades
espirituais que devemos compreender antes de podermos voltar a Ele. Assim
10 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
como damos aos nossos filhos livros ilustrados que lhes revelam conceitos
intelectuais, de outro modo incompreensíveis às suas Mentes infantis, também
cada símbolo fornecido por Deus tem um significado profundo que não
poderia ser aprendido se não fosse dessa maneira expressado.
É óbvio que assim como nossa atitude mental de hoje depende de como
pensamos ontem, também nossa condição e circunstâncias atuais dependem de
como trabalhamos ou nos esquivamos no passado. Cada novo pensamento ou
nova ideia que chega a nós consideramos à luz de nossas experiências
anteriores e, assim, vemos que nosso presente e nosso futuro são determinados
por vivências passadas. Semelhantemente, o caminho do esforço espiritual
que abrimos por nós mesmos em existências passadas determina nossa
atitude presente e o caminho que devemos seguir para alcançar nossas
aspirações. Por isso, não podemos obter uma perspectiva verdadeira do nosso
desenvolvimento futuro, a menos que nos familiarizemos primeiramente com
o passado.
11 PARTE I – CAPÍTULO I – O TEMPLO DE MISTÉRIO ATLANTE
O Tabernáculo no Deserto
oceano, onde está reunindo forças para dar mais um salto em sua jornada
cíclica através da imensidade das águas, para recomeçar, em um futuro
distante, uma nova jornada cíclica ao redor da Terra.
Para que possamos ter uma concepção correta desse lugar sagrado, devemos
considerar o próprio Tabernáculo, seu mobiliário e seu átrio.
O Átrio do Tabernáculo
Esse era um recinto que rodeava o Tabernáculo. Seu comprimento era o dobro
da sua largura e o portão ficava no extremo leste. Esse portão era coberto por
uma cortina de linho fino torcido de cores azul, escarlate e roxo, e essas cores
nos demonstram, de bate e pronto, o nível desse Tabernáculo no Deserto. No
sublime Evangelho de São João somos ensinados que “Deus é luz”, e
nenhuma descrição ou semelhança poderia transmitir uma melhor concepção
ou maior iluminação para a Mente espiritual do que essas palavras. Quando
consideramos que mesmo o maior dos telescópios modernos não conseguiu
determinar as fronteiras da luz, embora eles penetrem no espaço por milhões e
milhões de quilômetros, isso nos fornece uma fraca ideia, porém abrangente,
da infinitude de Deus.
Sabemos que essa luz, que é Deus, é refratada nas três cores primárias pela
atmosfera que circunda nossa Terra, a saber: o azul, o amarelo e o vermelho.
É um fato bem conhecido, por todo ocultista, que o raio do Pai é azul,
enquanto o do Filho é amarelo e a cor do raio do Espírito Santo é vermelha.
Somente o raio mais forte e mais espiritual tem a possibilidade de penetrar no
assento da consciência da onda de vida que anima o nosso Reino Mineral e,
dessa forma, encontramos sobre as cordilheiras de montanhas o raio azul do
Pai refletindo em volta das encostas áridas e pairando como uma névoa sobre
desfiladeiros e barrancos. O raio amarelo do Filho, mesclado ao azul do Pai,
fornece vida e vitalidade ao mundo das plantas, que, dessa forma, refletem de
volta uma cor verde por incapacidade de reter o raio dentro de si. Porém, no
Reino Animal, ao qual, anatomicamente, o ser humano não regenerado
pertence, os três raios são absorvidos e o raio do Espírito Santo fornece a cor
vermelha da carne e do sangue do ser humano. A mescla do azul e do
vermelho evidencia a cor púrpura do sangue, envenenado devido ao pecador.
Contudo, o amarelo nunca se evidenciará até que se manifeste como um
16 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
Desse modo, as cores dos véus do Templo, tanto no portão como na entrada
do Tabernáculo, mostravam que essa estrutura foi projetada para um período
anterior ao tempo do Cristo, pois possuía somente as cores azul e escarlate do
Pai e do Espírito Santo, respectivamente, que juntas formavam a cor púrpura.
Porém, o branco é a síntese de todas as cores e, portanto, o raio amarelo de
Cristo estava oculto nessa parte do véu, até que, no seu devido tempo, Cristo
deveria aparecer para nos emancipar das leis, como eram fornecidas, que nos
limitam e nos iniciar na plena liberdade dos Filhos de Deus, Filhos da Luz,
Phree Messen ou Maçons Místicos.
17
Elas adoravam as posses materiais e sabiam que o aumento dos seus rebanhos
ocorria pela disposição de Deus, e dado por Ele segundo o mérito. Assim, elas
foram ensinadas a agir corretamente na esperança de uma recompensa nesse
mundo atual. Também foram dissuadidas de praticar o mal, devido ao rápido
castigo que sofreriam em consequência da retribuição por seus pecados. Isso
2
N.T.: No Átrio do Tabernáculo
3
N.T.: Sl 51:19
4
N.T.: Sl 51:18
5
N.T.: Ex 21:24
18 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
era a única maneira que elas entendiam. Elas não podiam fazer o bem pelo
simples prazer de fazer o bem, e muito menos podiam compreender o
princípio de se tornarem elas próprias “sacrifícios viventes” e, provavelmente,
sentiam tanto a perda de um animal quando cometiam o pecado, assim, como
nós sentimos as dores agudas da consciência por nossas más ações.
Durante o período do seu progresso, da condição de nudez até que ele tenha
sido trajado com as vestes resplandecentes do sumo sacerdote, há um longo e
difícil caminho a ser percorrido. A primeira lição que lhe é ensinada é que o
ser humano progride somente por meio de sacrifícios e sozinho. Na Iniciação
6
N.T.: Nosso Esquema de Evolução começou no Período de Saturno e vai até o Período de Vulcano.
7
N.T.: Lv 10:1
19 PARTE I – CAPÍTULO II – O ALTAR E O LAVABO DE BRONZE
Mística Cristã, quando o Cristo lava os pés dos Seus Discípulos, a explicação
fornecida é que a menos que seja oferecida a decomposição dos minerais
como forma de alimento ao reino vegetal, não haveria vegetação; também, se
os alimentos vegetais não fossem o sustento para os animais, esses últimos
não conseguiram se expressar; e assim sucessivamente – o superior está
sempre se alimentando do inferior. Portanto, o ser humano tem uma obrigação
para com os animais, e assim o Mestre lava os pés dos Seus Discípulos,
simbolizando nesse humilde serviço o reconhecimento do fato de que eles O
serviram como bases de apoio para algo mais elevado.
O Apóstolo São Paulo nos ensinou que o Tabernáculo no Deserto era uma
sombra de grandes coisas que vêm. Por isso, pode ser interessante e
proveitoso ao candidato que vem ao Templo em tempos atuais descobrir qual
é o significado desse Altar de Bronze, com seus sacrifícios e a queima da
carne. A fim de que possamos compreender esse mistério, primeiro de tudo,
devemos assimilar a grande e absoluta ideia essencial que fundamenta todo
verdadeiro misticismo; a saber, que essas coisas estão dentro e não fora de
nós. Angelus Silesius diz sobre a Cruz:
Essa ideia deve ser aplicada a todo símbolo e a toda fase da experiência
mística.
Não é o Cristo externo que salva, mas o Cristo interno. O Tabernáculo foi
construído no passado; é claramente visto na Memória da Natureza quando a
visão interior tenha sido suficientemente desenvolvida para tal; porém,
ninguém deve esperar qualquer ajuda do símbolo externo. Devemos construir
o Tabernáculo dentro dos nossos corações e da nossa consciência. Devemos
vivenciar, como uma real experiência interna, o ritual completo do serviço lá
demonstrado. Devemos ser, tanto o Altar dos Sacrifícios como o animal
sacrificado repousado sobre ele. Devemos ser, igualmente, o sacerdote que
imola o animal e o próprio animal imolado. Mais tarde, devemos aprender a
nos identificar com o Lavabo místico e devemos aprender a nos lavar nele, em
espírito. Em seguida, devemos adentrar pelo primeiro véu, servir na Sala
Oriental, e prosseguir através de todo serviço do Templo até nos tornarmos o
maior de todos esses antigos símbolos, a Glória de Shekinah, ou isso de nada
nos beneficiará. Em resumo, antes que o símbolo do Tabernáculo possa,
realmente, nos ajudar, devemos transferi-lo do deserto para um lar em nossos
corações, para que quando nós nos tornarmos em tudo que aquele símbolo é,
também tenhamos nos tornados naquilo que ele significa em espiritualidade.
8
N.T.: Esse exercício noturno é chamado de Exercício de Retrospecção.
21 PARTE I – CAPÍTULO II – O ALTAR E O LAVABO DE BRONZE
À noite, quando nos retiramos para dormir, o corpo deve estar relaxado. Isso é
muito importante, pois quando alguma parte do corpo está tensa, o sangue não
circula livremente; tal parte está temporariamente aprisionada, sob pressão.
Como todo desenvolvimento espiritual depende do sangue, o esforço máximo
para alcançar o crescimento anímico não pode ser feito, enquanto qualquer
parte do corpo está sob tensão.
9
N.T.: Primeira e Segunda Dispensações, de um total de quatro.
23 PARTE I – CAPÍTULO II – O ALTAR E O LAVABO DE BRONZE
10
N.T.: Is 1:18
24 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
Não pode haver dúvida quanto ao poder da água benta preparada por alguém
que tenha um caráter muito forte e magnético. Ela adquire ou absorve os
eflúvios do Corpo Vital de quem a preparou, e as pessoas que a usam se
tornam receptivas às suas sugestões em um grau proporcional à sensibilidade
delas. Consequentemente, o Lavabo de Bronze, nos antigos Templos de
Mistérios Atlante, onde a água era magnetizada pelas Hierarquias divinas de
poder imensurável, era um fator poderoso para guiar o povo de acordo com os
desejos desses poderes instituídos.
11
N.T.: Mt 22:14
12
N.T.: Aí alguém se aproximou dele e disse: “Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?”.
Respondeu: “Por que me perguntas sobre o que é bom? O Bom é um só. Mas se queres entrar para a Vida,
guarda os mandamentos”. Ele perguntou-lhe: “Quais?”. Jesus respondeu: “Estes: Não matarás, não
adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho; honrarás pai e mãe e amarás o teu próximo
como a ti mesmo”. Disse-lhe então o moço: “Tudo isso tenho guardado. Que me falta ainda?”. Jesus lhe
respondeu: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus.
Depois, vem e segue-me”. O moço, ouvindo essas palavras, saiu pesaroso, pois era possuidor de muitos
bens. (Mt 19:16-30; Lc 18:18-30)
26 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
especial e por isso considerado santo, de modo que nenhum ser humano
poderia fazer uso dessa composição para si. O sacerdote era encarregado de
zelar para que nenhum incenso estranho fosse oferecido no Altar de Ouro, isto
é, nenhum outro que não tivesse a composição sagrada. Esse Altar estava
colocado diretamente diante do véu, do lado de fora, mas diante do
Propiciatório, que estava dentro da sala do segundo véu. Por isso, quem
ministrasse no Altar do Incenso não podia ver o Propiciatório por causa do
véu interposto, mas devia olhar nessa direção e para ela orientar o fluxo do
incenso. Era costume, quando a nuvem fragrante do incenso se erguia por
cima do templo, que todas as pessoas que estivessem no Átrio do Santuário
enviassem suas preces a Deus, cada uma silenciosamente dentro de si.
Isso simbolizava o fato de que os sete dadores de luz, ou planetas que trilham
a dança do círculo místico ao redor da órbita central, o Sol, deslocam-se na
estreita faixa abrangendo oito graus de cada lado do caminho do Sol, que é
chamado de Zodíaco. “Deus é luz” e os “Sete Espíritos diante do Trono” são
Ministros de Deus; portanto, eles também são mensageiros da luz para a
humanidade.
Além disso, como os céus ficam iluminados, quando a Lua em suas fases
chega à ‘plenitude’ na parte oriental dos céus, também a Sala Leste do
Tabernáculo ficava cheia de LUZ, indicando visivelmente ali a presença de
Deus e Seus sete ministros, os Anjos Estelares.
29 PARTE I – CAPÍTULO III – A SALA LESTE DO TEMPLO
Originalmente, os grãos dos quais eram feitos esses Pães da Proposição foram
fornecidos por Deus, mas foi a humanidade que os plantou, depois de ter
arado e preparado o solo. Depois de plantados os grãos, ela devia cultivá-los e
regá-los. Então, quando, de acordo com a natureza do solo e os cuidados
recebidos, o que foi plantado produzisse os grãos, esses eram colhidos,
debulhados, moídos e assados. Depois os anciãos servos de Deus tinham que
levar os pães ao Templo, onde eram colocados diante do Senhor para
“demonstrar” que eles tinham realizado seu árduo trabalho, durante todo um
longo tempo, e prestado o serviço essencial.
Os grãos de trigo fornecidos por Deus e contidos nos doze pães representam
as oportunidades para o crescimento da alma, que chegam a todos por meio
dos doze departamentos da vida, representados pelas doze Casas do horóscopo
e sob o domínio das doze Hierarquias Divinas, conhecidas como os Signos do
Zodíaco. Contudo, é tarefa do Maçom Místico, o verdadeiro Construtor do
Templo, abraçar essas oportunidades, cultivá-las e nutri-las para extrair delas
o PÃO VIVO que nutre a alma.
31 PARTE I – CAPÍTULO III – A SALA LESTE DO TEMPLO
O Altar do Incenso
Também é bom deixar bem claro que o serviço não consiste, somente, em
realizar grandes feitos. Alguns que são chamados de heróis foram, em suas
vidas cotidianas, bons e simples, e se destacavam apenas nas ocasiões em que
era necessário. Os mártires foram inseridos no calendário dos santos porque
morreram por uma causa; entretanto, o maior heroísmo, o grande martírio é,
às vezes, fazer as pequenas coisas que ninguém nota e se sacrificar no serviço
simples aos outros.
Atrás do segundo véu, nessa segunda sala, nenhum mortal poderia passar a
não ser o Sumo Sacerdote e, mesmo assim, era permitido a ele entrar somente
uma vez por ano, a saber, no Yom Kippur, no Dia da Expiação, e somente
após a mais solene preparação e com o maior reverente cuidado. O Santo dos
Santos era revestido com a solenidade de outro mundo; estava repleto de uma
grandeza sobrenatural. O Tabernáculo inteiro era o santuário de Deus, mas,
aqui nesse local estava a certeza absoluta da Sua presença, a morada especial
da Glória Shekinah, e qualquer ser mortal tremia ao se apresentar dentro
desses recintos sagrados, como deveria acontecer com o Sumo Sacerdote, no
Dia da Expiação.
“Aqui”, disse Ele a Moisés, “Eu virei a ti, e, de cima do propiciatório, do meio
dos dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho, falarei contigo
acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel.”13.
13
N.T.: Ex 25:22
35 PARTE I – CAPÍTULO IV – A ARCA DA ALIANÇA
Fora dessa nuvem, a voz de Deus era ouvida com uma profunda solenidade
quando Ele era consultado em prol do povo.
“Deus é luz; se andarmos na luz como Ele está na luz, seremos fraternais uns
com os outros.” Isso geralmente é usado para indicar apenas a Fraternidade
14
N.t.: Lv 16-2
36 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
dos Santos, mas, de fato, se aplica também à Fraternidade que temos com
Deus. Quando o Discípulo entra no segundo Tabernáculo, a LUZ dentro de si
vibra com a LUZ da Glória Shekinah entre os Querubins, e ele realiza a
Fraternidade com o Fogo do Pai.
nosso Pai, para uma peregrinação através da matéria, e o Pote de Ouro onde
foi guardado simboliza a aura dourada do Corpo-Alma.
A Vara de Aarão
Uma antiga lenda relata que quando Adão foi expulso do Jardim do Éden,
levou consigo três mudas da Árvore da Vida, que foram plantadas por Seth.
Seth, o segundo filho de Adão, é de acordo com lenda Maçônica pai da
hierarquia espiritual dos clérigos que trabalham com a humanidade através do
Catolicismo, enquanto os filhos de Caim são os Artesões do mundo. Esses
últimos estão ativos na Maçonaria, promovendo o progresso material e
industrial, como deveriam ser os construtores do Templo de Salomão, o
universo. As três mudas plantadas por Seth tiveram importantes missões no
desenvolvimento espiritual da humanidade, e uma delas é a Vara de Aarão.
No início da existência concreta, a geração era realizada sob a sábia direção
dos Anjos, que assistiam para que o ato criador fosse realizado nos momentos
em que os raios de força interplanetários eram propícios, e o ser humano
também foi proibido de comer da Árvore do Conhecimento. A natureza dessa
árvore foi prontamente determinada a partir de sentenças como “Adão
conheceu sua esposa e ela deu à luz Caim”; “Adão conheceu sua esposa, e ela
deu à luz Seth”. “Como posso dar à luz a uma criança visto que não conheço
um homem?”, como foi dito por Maria ao Anjo Gabriel.
Por isso, o ser humano foi exilado dos reinos etéricos da força espiritual
(Éden), onde cresce a árvore do poder vital; exilado para a existência concreta
em Corpos físicos Densos que ele gerou para si. Certamente foi uma bênção,
39 PARTE I – CAPÍTULO IV – A ARCA DA ALIANÇA
Por isso, a morte é uma dádiva e uma bênção, na medida em que nos permite
retornar aos reinos espirituais periodicamente e, assim, construirmos melhores
veículos para cada retorno à vida terrena. Como disse Oliver Wendell
Holmes15:
Contudo, que fique bem claro que ninguém que chegue a tal ponto na
evolução, simbolizado pela Arca da Aliança na Sala Oeste do Tabernáculo,
jamais usará esse poder para fins egoístas. Quando Parsifal, nome dado ao
herói do mito da alma, tendo testemunhado a tentação de Kundry e provado
15
N.T.: (1809-1894) - médico americano, professor, palestrante e autor
40 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
Nós, normalmente, não percebemos que o mundo inteiro está em chamas, que
o fogo está na água, que arde continuamente na planta, no animal e no ser
humano, sim, não há nada no mundo que não esteja dotado ou imbuído de
uma alma pelo fogo. A razão pela qual não percebemos isso com mais clareza
é que não podemos dissociar o fogo da chama. Contudo, na realidade, o fogo
tem, como característica, a mesma relação com a chama tal como o espírito a
tem com o corpo, é o não visto ou não percebido, mas, potente poder de
manifestação. Em outras palavras, o verdadeiro fogo é escuro e invisível à
visão física. Só é revestido de chama quando consome matéria física.
Considere, a título de ilustração, como uma faísca de fogo salta de uma pedra
de quartzo escuro quando atingido por um aço e como uma chama de gás tem
o centro escurecido debaixo da parte luminosa; também como um fio pode
conduzir eletricidade e, no entanto, permanecendo frio emitir uma chama sob
certas condições.
A Sombra da Cruz
São Paulo, em sua Carta aos Hebreus 16, forneceu uma descrição do
Tabernáculo e muitas informações sobre os costumes que lá se usavam, os
quais beneficiariam o Estudante a conhecê-los. Entre outras coisas observe
que ele chama o Tabernáculo de “uma sombra das boas coisas que virão”17.
16
N.T.: Capítulos 8, 9 e 10.
17
N.T.: Hb 10:1: a sombra dos bens futuros.
43 PARTE I – CAPÍTULO V – A GLÓRIA SAGRADA DO SHEKINAH
44 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
Há, nesse antigo Templo de Mistério, uma promessa feita que ainda não foi
cumprida, uma promessa que é tão boa hoje como o foi naquele tempo em que
foi feita. Se visualizarmos em nossa Mente a disposição dos objetos no
interior do Tabernáculo, facilmente veremos a sombra da Cruz. Começando
pelo portão oriental havia o Altar dos Sacrifícios; um pouco além, em direção
ao Tabernáculo, encontramos o Lavabo da Consagração, o Mar Fundido, no
qual se lavavam os Sacerdotes. Logo depois de entrarmos na Sala Oriental do
Templo encontramos uma peça de mobiliário, o Candelabro Dourado, no
lado extremo esquerdo de quem entra, e a Mesa dos Pães da Proposição no
lado extremo direito de quem entra, os dois formando uma cruz com o
caminho que temos seguido ao longo do Tabernáculo. No centro e em frente
do segundo véu, encontramos o Altar de Incenso, que forma o centro da cruz,
enquanto a Arca, colocada na parte mais ocidental da Sala Ocidental, o Santo
dos Santos, representa a parte mais curta ou superior da Cruz. Desse modo, o
símbolo do gradual desenvolvimento ou revelação espiritual, que hoje é o
nosso específico ideal, foi representado ou indicado vagamente no antigo
Templo de Mistério, e aquela consumação que se atinge no topo da cruz, a
plenitude da lei dentro de nós como estava dentro da Arca é a única que deve
interessar atualmente a todos nós. A Luz que brilha sobre o Propiciatório no
Santo dos Santos, no topo da cruz, no fim do caminho nesse mundo, é a luz ou
o reflexo do Mundo invisível, em que o candidato procura entrar quando, ao
seu redor, tudo no mundo se tornou para ele sombrio e obscuro. Só quando
atingimos esse estado, em que percebemos a luz espiritual que nos acena, a
luz que paira sobre a Arca, somente quando permanecemos à sombra da Cruz,
podemos conhecer o significado, o objetivo e a meta da vida.
Atualmente, sucede algo similar conosco. Por vezes, nós obtemos vislumbres
das coisas que nos estão reservadas e das coisas que devemos fazer para
seguirmos Cristo ao lugar para onde Ele foi. Você relembra que Ele disse aos
Seus Discípulos: “Não podes seguir-me agora aonde vou, mas me seguirás
mais tarde”18. E sucede o mesmo conosco. Devemos olhar repetidamente para
dentro desse templo escuro, o Santo dos Santos, antes de estarmos realmente
capacitados para permanecer lá; antes que estejamos realmente preparados
para darmos o último passo e, assim, subir até o cume da Cruz, o lugar da
caveira, aquele ponto, em nossas cabeças, por onde o Espírito sai quando
deixa o seu Corpo quando da morte, ou entrando e saindo como um Auxiliar
Invisível. Esse Gólgota é a melhor realização humana alcançável e devemos
estar preparados para entrar muitas vezes na sala obscura antes que estejamos
prontos para esse clímax final.
18
N.T.: Jo 13:36
46 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
19
N.T.: Gn 4:2
20
N.T.: Gn 4:25
21
N.T.: Ism 1:19
22
N.T.: Lc 1:34
47 PARTE I – CAPÍTULO V – A GLÓRIA SAGRADA DO SHEKINAH
23
N.T.: Jo 14:6
49 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
Quando o candidato entrava pela porta Leste do Templo, procurando pela luz,
confrontava com uma chama de fogo no Altar dos Sacrifícios, que emitia uma
luz fraca envolta em nuvens de fumaça. Ele estava na condição de escuridão
espiritual do ser humano comum, necessitando da luz interior e era,
consequentemente, necessário lhe fornecer a luz externa. Porém, quando
chegava ao ponto onde ele estava pronto para entrar pela Sala Ocidental
escura, se supunha que ele tenha evoluído à condição de ter o luminoso
Corpo-Alma, desenvolvido por meio do serviço à humanidade. Então, supõe-
se que ela tenha a luz dentro de si, “a luz que ilumina todo ser humano”. A
menos que ele tenha essa luz, ele não pode penetrar na sala escura do Templo.
na noite mais longa e escura noite do mês, isto é, na noite da Lua Nova,
quando a esfera lunar está na parte mais ocidental dos céus.
Perto do portão leste ficava o Altar dos Sacrifícios. Naquele Altar, a fumaça
era gerada continuamente pelos corpos sacrificados, e a coluna de fumaça era
vista por toda parte pela multidão que não era instruída nos mistérios internos
da vida. A chama, a luz, escondida nessa nuvem de fumaça era, na melhor das
hipóteses, apenas fracamente percebida. Isso mostrava que a grande maioria
da humanidade é ensinada, principalmente, pelas leis imutáveis da natureza,
que exigem dela um sacrifício, quer se apercebam disso ou não. Assim como a
chama da purificação era, então, alimentada pelos corpos mais grosseiramente
construídos e inferiores de animais sacrificados, como exigidos pela lei
mosaica, assim também, hoje a massa mais baixa e passional da humanidade
está sendo subjugada pelo medo da punição, submetida pela lei do mundo
atual, mais do que pelo temor daquilo que possa acontecer no mundo
vindouro.
brilha para todos os que estão se esforçando para realmente servir no altar do
autossacrifício, particularmente para os Aspirantes comprometidos com uma
Escola de Mistérios como a Ordem Rosacruz. Eles estão caminhando em uma
luz invisível para a multidão e, se realmente estão servindo, recebem a
verdadeira orientação dos Irmãos Maiores da humanidade, que estão sempre
prontos em ajudá-los nos momentos difíceis no Caminho.
Observe bem isso, o fogo que estava envolto na fumaça e na chama sobre o
Altar dos Sacrifícios, consumindo os corpos sacrificados ali trazidos em
expiação dos pecados cometidos sob a lei, era o símbolo de Jeová, o Dador da
Lei; e relembremos que a lei foi dada para nos conduzir a Cristo. A luz clara e
bela que brilhava na Sala do Serviço, a Sala Leste do Tabernáculo, é a cor
dourada da luz de Cristo, que guia aqueles que se esforçam por seguir Seus
passos no caminho do serviço altruísta.
Como disse Cristo, “Eu vou ao meu Pai”, quando Ele estava para ser
crucificado, assim também o Servo da Cruz, que aproveitou ao máximo suas
oportunidades no Mundo visível, tem permissão para entrar na glória de seu
Fogo-Pai, a invisível Glória de Shekinah. Então, ele deixa de ver através do
vidro escuro do Corpo, e vê seu Pai face a face, nos reinos invisíveis da
natureza.
Por meio do Mar Fundido nós fomos ensinados que devemos viver uma vida
pura de santidade e consagração.
Da Sala Leste, nós aprendemos hoje como fazer uso apropriado de nossas
oportunidades para cultivar o grão dourado do serviço altruísta e preparar o
“pão vivo” que alimenta a alma, o Cristo interior.
Embora esse antigo Templo não se encontre mais no lugar onde as hostes
errantes levantaram seus acampamentos no longínquo passado, pode ser um
fator muito mais poderoso para o crescimento anímico pelo Aspirante atual,
do que o foi para os antigos israelitas, contanto que ele construa de acordo
com o modelo indicado. Nem a falta de ouro para construí-lo pode afligir a
53 PARTE I – CAPÍTULO VI – A LUA NOVA E A INICIAÇÃO
Enquanto isso, deve conservar a lâmpada cheia da divina orientação, para que
possa discernir como, quando e onde servir; ele deve trabalhar duramente para
ter abundância de “pão para apresentar”, e o incenso da aspiração e da oração
devem estar sempre em seu coração, assim como em seus lábios. Então, Yom
Kippur, o Grande Dia da Expiação, certamente o encontrará preparado para ir
até seu Pai e aprender como melhor ajudar seus irmãos mais novos no
Caminho da ascensão.
54 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
PARTE II
24
N.T.: Denominam-se Vedas as quatro obras, compostas em um idioma chamado Sânscrito védico, de
onde se originou posteriormente o sânscrito clássico. Inicialmente, os Vedas eram transmitidos apenas de
forma oral porque ainda hoje, em algumas regiões da Índia, como Kerala, há escolas védicas onde as
crianças aprendem de cor o seu conteúdo.
25
N.T.: Eddas, Edas ou simplesmente Edda, é o nome dado a duas coletâneas distintas de textos do séc.
XIII, encontradas na Islândia, e que permitiram iniciar o estudo e a compilação das histórias referentes
aos deuses e heróis da mitologia nórdica e germânica.
26
N.T.: Arjuna (também conhecido como Parth, significando filho de Prita ou Cunti) é uma personagem
da mitologia hindu, um dos heróis do épico Maabárata. Filho do deus Indra é um dos cinco heróis da
epopeia hindu.
27
N.T.: O Mahabharata, conhecido também como Maabárata, Mahabarata e Maha-Bharata, é um dos dois
maiores épicos clássicos da Índia, juntamente com o Ramáiana. Sua autoria é atribuída a Krishna
Dvapayana Vyasa. O texto é monumental, com mais de 74 000 versos em sânscrito, e mais de 1,8 milhões
de palavras.
56 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
28
N.T.: igurd (nórdico antigo: Sigurðr; também conhecido em alemão como Siegfried) é um herói
lendário da mitologia nórdica e personagem central da Saga dos Volsungos. As primeiras representações
de sua lenda vêm de sete pedras rúnicas da Suécia. Como Siegfried, é o herói do Nibelungenlied, e das
óperas Siegfried e Götterdämmerung de Richard Wagner. O nome Sigurðr não é o mesmo que o alemão
Siegfried. A versão em nórdico antigo seria Sigruþr, uma forma que aparece no petróglifo de Ramsund.
Nota-se que todas as variações do nome possuem o prefixo “Sig”, que significa vitória.
29
N.T.: aqui Norte e Sul como vimos no parágrafo anterior.
30
N.T.: Rafael Sanzio (1483-1520), frequentemente referido apenas como Rafael, foi um mestre da
pintura e da arquitetura da escola de Florença durante o Renascimento italiano, celebrado pela perfeição e
suavidade de suas obras. Segundo historiadores e mestres da arte, o mais adequado é chamá-lo de
Raffaello Santi, já que Sanzio fazia referência apenas ao seu local de nascimento e Santi era o sobrenome
de seu pai, Giovanni Santi, nascido em Lucca, na Toscana. Junto com Michelangelo e Leonardo da Vinci
forma a tríade de grandes mestres do Alto Renascimento.
31
N.T.: também chamada Madonna di San Sisto.
57 PARTE II – CAPÍTULO I – A ANUNCIAÇÃO E
A IMACULADA CONCEPÇÃO
Primeiro Céu, tanto quanto possível fazê-lo com os pigmentos da Terra. Uma
inspeção mais cuidadosa desse pano de fundo revelará o fato de que ele é
composto por uma multitude do que costumamos chamar de cabeças e asas de
“Anjos.
que não pudesse ser um líder cego conduzindo outros cegos, mas que tivesse o
“olho que vê”, necessário para indicar o Caminho, a Verdade e a Vida. E é um
fato, embora desconhecido por muitos, que com uma ou duas exceções em
que o poder político foi o suficientemente forte para corromper o Colegiado
dos Cardeais, todos aqueles que se sentaram no chamado trono de Pedro
tinham a visão espiritual, em maior ou menor grau.
obras de Jacob Boehme 32, Thomas de Kempis33 e muitos outros que seguiram
o Caminho Místico. Quanto mais conhecimento nós possuirmos, maior a
condenação nós mereceremos se fizermos mal uso dele. Todavia, o amor, que
é o princípio básico na vida do Místico Cristão, nunca poderá nos levar à
condenação ou conflitar com os propósitos de Deus. É infinitamente melhor
ser capaz de sentir emoções nobres, do que ter o intelecto tão aguçado e hábil
para definir todas as emoções. Tecer algo sobre a constituição e evolução do
átomo, seguramente, não promoverá o crescimento anímico tanto quanto a
humilde ajuda direcionada ao próximo.
32
N.T.: Jakob Böhme, por vezes grafado como Jacob Boehme (1575-1624) foi um filósofo e místico
luterano alemão. Passou por experiências místicas em toda a sua juventude, culminando em uma epifania
no ano de 1600, a qual ter-lhe-ia revelado a estrutura espiritual do mundo, assim como as relações entre o
Bem e o Mal. Na época, ele decidiu não divulgar a sua experiência e continuou trabalhando como
sapateiro na cidade de Goerlitz, na Silésia, constituindo família e tendo quatro filhos. Entretanto, após
uma outra visão em 1610, ele começou a escrever sua primeira obra, Aurora (Die Morgenroete im
Aufgang), resultante dessa iluminação.
33
N.T.: Tomás de Kempis, também conhecido como Tomás de Kempen, Thomas Hemerken, Thomas à
Kempis ou Thomas von Kempen (1379 ou 1380-1471) foi um monge e escritor místico alemão. Tomás de
Kempis produziu cerca de quarenta obras representantes da literatura devocional moderna. Destaca-se o
seu livro mais célebre, Imitação de Cristo, composto por quatro volumes, no qual apela a uma vida
seguida no exemplo de Cristo, valorizando a comunhão como forma de reforçar a fé.
61 PARTE II – CAPÍTULO I – A ANUNCIAÇÃO E
A IMACULADA CONCEPÇÃO
Há nove degraus definidos na Iniciação Mística Cristã, começando com o
Batismo, que é introdutório. A Anunciação e a Imaculada Concepção
precedem como temas de curso por razões que serão dadas posteriormente.
Tendo preparado nossas Mentes pelas considerações anteriores, agora estamos
prontos para considerar cada estágio separadamente, nesse glorioso processo
de desenvolvimento espiritual.
34
N.T.: ou bálsamo de Geliad. Bartolomeu Angélicus, monge inglês que preparou a primeira enciclopédia
de preciosas resinas e essências, disse: “A árvore do bálsamo cresce na Babilônia, no Egito, e suas
virtudes são únicas e todas medicinais. Seus sucos curam o cérebro à semelhança de um fogo; sua virtude
e dissolver e temperar, consumir e desgastar, resguardar e evitar a decomposição dos cadáveres”. O
bálsamo de Gilead de Mecca e de La Matéria perto da Babilônia, foi considerado o melhor. As árvores de
onde é extraído, eram protegidas por paredes altas. Atualmente, a goma é extraída especialmente por
incisão, porém, antes, havia três diferentes meios de consegui-la. O primeiro, era pelo cozimento de
brotos novos e chamava-se Xobalsamum; o outro, era produzido espremendo-se o suco da fruta e era
chamado de Canapobalsamum; e o terceiro método, era usado para obter o mais fino bálsamo de todos,
conhecido como Opobalsamum. Este óleo precioso era usado na medicina, e fornecia, também, às
mulheres, os melhores cosméticos. O corpo era ungido com óleo, antes do banho, e agia não só como
desinfetante, como também para atender à crença de que seu uso prolongava vida até idade avançada. O
bálsamo de GiIead tem propriedades valiosas e é usado hoje pelos farmacêuticos que manipulam ervas,
no preparo de uma excelente mistura para a tosse. Em algumas partes da Índia, a resina da Comm’phora
Mokal é usada como remédio para doenças da pele e doenças reumáticas.
62 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
Diz-se na Bíblia que José era um carpinteiro, mas a palavra grega é “tekton”,
que significa “construtor”. Na Maçonaria Mística, Deus é chamado de O
Grande Arquiteto. Arche é uma palavra grega que significa substância
primordial e, um tekton é um construtor. Assim, Deus é o Grande Mestre
Construtor que a partir da substância primordial moldou o mundo como um
Campo de Evolução para vários graus de seres. Ele usa no Seu universo
muitos tektons ou construtores, de vários graus. Todo aquele que segue a
Senda do desenvolvimento espiritual, esforçando-se por trabalhar
construtivamente com as leis da natureza, como um servo da humanidade, é
um tekton ou um construtor no que se refere a ter as qualificações necessárias
para ajudar a dar à luz a uma grande alma. Desse modo, quando se diz que
Jesus era um carpinteiro e filho de um carpinteiro, entendemos que ambos
eram tektons ou construtores ao longo de linhas cósmicas.
O Sol é “a luz do mundo” num sentido material. Quando no inverno ele atinge
a maior declinação sul, no Solstício de Dezembro, as pessoas no hemisfério
norte, onde nasceram todas as religiões atuais, estão mergulhadas na mais
profunda escuridão e desprovidos de toda a força vital sustentadora emanada
do Sol que, então, está morto no que diz respeito à sua influência sobre os
seres humanos. Portanto, é necessário que uma nova luz brilhe na escuridão,
que nasça um Sol da Bondade nessa mesma humanidade, pois,
inevitavelmente, resultará o frio e a fome, se o Sol permanecesse nessa
posição meridional, ocupada por ele no Solstício de Dezembro.
35
N.T.: A ablução é um rito de purificação, com símbolos, atos e significados variados em diversas
situações. Relacionam-se a ritos de preparação para o sacrifício. As abluções são feitas com água, folhas,
areia ou sangue.
67 PARTE II – CAPÍTULO III – A TENTAÇÃO
Para tornar mais claro o que foi dito acima, deve ser compreendido e tido em
conta que o ser humano é um ser composto, tendo outros veículos mais sutis
que interpenetram o Corpo Denso e que, normalmente, se considera o
indivíduo como um todo. Durante a morte e o sono, o Corpo Denso se torna
inconsciente devido a uma completa separação entre ele e os veículos mais
sutis, mas, essa separação é somente parcial durante o sono com sonhos e
pouco antes de um afogamento. Essa condição capacita o Espírito
impressionar os acontecimentos no cérebro, com maior ou menor exatidão e
de acordo com as circunstâncias, particularmente, para aqueles incidentes que
estão relacionados com ele próprio. À luz dessas coisas é que nós devemos
compreender o que realmente se constitui o ritual do Batismo.
De acordo com a Teoria Nebular, o que agora é a Terra foi, outrora, uma
névoa ígnea luminosa que, gradualmente, se esfriou em contato com o frio do
espaço. Esse contato do calor com o frio gerou uma difusão líquida ou
condensada, que se evaporava e que emergia do centro aquecido até se
condensar pelo frio e caindo novamente como uma difusão líquida ou
condensada sobre o mundo aquecido. Assim, a superfície da Terra ficou
sujeita a alternação entre liquefação e evaporação por muito tempo, até que
finalmente ela se cristalizou em uma concha que cobriu inteiramente o centro
ígneo. Essa concha de suave difusão líquida ou condensada em grande
quantidade, naturalmente, gerou uma névoa que envolveu o Planeta como uma
69 PARTE II – CAPÍTULO III – A TENTAÇÃO
atmosfera, e esse foi o berço de tudo o que tem sua existência na Terra, o ser
humano, o animal e a planta.
36
N.T.: Eddas, Edas ou simplesmente Edda, é o nome dado a duas coletâneas distintas de textos do séc.
XIII, encontradas na Islândia, e que permitiram iniciar o estudo e a compilação das histórias referentes
aos deuses e heróis da mitologia nórdica e germânica: a Edda em prosa e a Edda em verso.
37
N.T.: O Anel de Nibelungo é, na mitologia nórdica, um anel mágico que daria ao seu portador um
grande poder e, posteriormente, uma grande maldição. Foi forjado por Alberich, senhor dos Nibelungos, o
povo das neblinas, após roubar das náiades o ouro do Reno, o tesouro mais precioso do mundo,
mergulhando no fundo do rio.
70 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
38
N.T.: As bases do modelo de formação do Sistema Solar atualmente mais aceito foram propostas, na
segunda metade do século 18, independentemente, pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) e
pelo matemático, astrônomo e físico francês Pierre Simon de Laplace (1749-1827). É a chamada hipótese
Kant-Laplace da nebulosa protossolar. O modelo da nebulosa protossolar visa a reproduzir as
características observadas do Sistema Solar: i) todos os Planetas giram em torno do Sol na mesma
direção, e o Sol gira em torno de seu eixo, na direção do movimento dos Planetas; ii) os Planetas (exceção
de Vênus e Urano) giram em torno de seu eixo nessa mesma direção; iii) as órbitas dos Planetas são quase
circulares e coplanares; iv) apesar de variações que dependem da distância ao Sol, todos os corpos têm
composição química similar e uma única idade de solidificação (4,55 milhões de anos); v) 99,8% da
massa do Sistema Solar estão concentrados no Sol. Portanto, a Hipótese de Laplace, de Pierre Laplace
explicou que a nossa estrela, o Sol, não poderia ter tido outra origem a não ser oriunda da condensação
gradual de matéria nebulosa primitiva, assim como ocorreu com todas as outras estrelas do universo. Ele
se baseou na hipótese de Kant para melhor estudá-la e desenvolvê-la. A hipótese de Laplace se tornou
uma das mais conhecidas das teorias evolucionárias.
39
N.T.: Adam Gottlob Oehlenschläger (1779-1850) foi um poeta e dramaturgo dinamarquês, celebrado
como o introdutor do romantismo na literatura dinamarquesa.
71 PARTE II – CAPÍTULO III – A TENTAÇÃO
Assim, pela ação do calor e do frio Aurgelmer ou, como também é chamado,
o Gigante Ymer, foi formado pela primeira vez. Esse foi o terreno com
sementes férteis de onde surgiram as Hierarquias espirituais, os espíritos da
Terra, do Ar e da Água e, finalmente, do ser humano. Ao mesmo tempo, o Pai
Todo-Poderoso criou a Vaca Audumla, de cujas quatro tetas saíam quatro
jatos de leite, que nutriam todos os seres. Esses são os quatro Éteres, um dos
quais agora sustenta minerais, dois alimentam a planta, três o animal e todos
os quatro alimentam o reino humano. Na Bíblia, eles são os quatro rios que
saíam do Éden.
Finalmente, como postulado pela ciência, uma crosta deve ter sido formada
pela contínua ebulição da água, e dessa crosta seca ascendia uma névoa,
conforme ensinado no segundo capítulo do Gênesis. Gradualmente, a névoa
deve ter esfriado e condensado, bloqueando a luz do Sol, de modo que teria
sido impossível para a humanidade comum perceber o corpo, mesmo se
tivesse a visão física, pois, sob tais condições ela não necessitava mais de
olhos, do mesmo modo que uma toupeira que escava a terra não precisa. No
entanto, não eram cegos, pois nos foi dito que “eles viram a Deus”; e como
“coisas espirituais (e seres) são percebidos espiritualmente”, eles deviam ter
sido dotados de visão espiritual. Nos Mundos espirituais, há um padrão de
realidade diferente da que temos aqui, a qual é a base dos mitos.
Entretanto, para indicar o caminho, nós devemos conhecer tal caminho; sem
uma verdadeira compreensão da causa da angústia profunda, tristeza ou do
arrependimento não podemos ensinar os outros a obter a paz permanente.
Nem pode essa compreensão da angústia profunda, tristeza ou do
arrependimento, do pecado e da morte ser obtida por meio de livros, de
palestras ou mesmo por meio de ensinamentos individuais de outra pessoa;
pelo menos, uma impressão suficientemente intensa para preencher todo o ser
do Aspirante não pode ser transmitida dessa forma. Somente o Batismo
alcançará o propósito de uma forma adequada; por isso, o primeiro passo na
vida de um Místico Cristão é o Batismo.
73 PARTE II – CAPÍTULO III – A TENTAÇÃO
40
N.T.: Mt 5:40-41
41
N.T.: Lc 23:34
74 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
Aliás, isso é apenas o início da carreira ativa do Místico Cristão, na qual ele se
torna profundamente impregnado com o fato extraordinário da unidade de
toda a vida, e imbuído com um sentimento de fraternidade por todas as
criaturas, em tal medida que, daqui em diante, ele não só enunciará como
também praticará os princípios do Sermão da Montanha.
42
N.T.: Mt 23:37
76 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
Quando nos elevamos através das águas do Batismo, o Dilúvio Atlante, para a
Era do Arco-Íris das estações alternantes, nos tornamos presas das mudanças
de emoções, que nos levam de um lado para outro no mar da vida. A fé “fria”,
limitada pela razão e considerada pela maioria dos Cristãos professos, pode
lhes proporcionar uma dose de paciência e equilíbrio mental que os sustenta
diante das provações da vida, mas quando a maioria tiver obtido a FÉ VIVA
do Místico Cristão que supera a razão porque SENTE com o CORAÇÃO,
então a Era das Alternâncias passará, o Arco-Íris cairá com as nuvens e com o
ar, que agora compõe a atmosfera, e haverá um novo céu de puro Éter, onde
receberemos o Batismo do Espírito e “haverá paz” (Jerusalém).
Ainda estamos na Era do Arco-Íris, sujeitos à sua lei, então podemos perceber
que como o “Batismo” do Místico Cristão ocorre num momento de exaltação
espiritual, esse deve ser necessariamente seguido por uma reação. A enorme
magnitude da revelação o sobrepõe, e ele não pode percebê-la ou contê-la em
seu veículo carnal, então, ele foge frequentemente de lugares onde há pessoas
e se refugia na solidão, alegoricamente representada como um deserto. Ele
fica tão arrebatado em sua sublime descoberta que, durante o tempo em que
está em seu êxtase, ele vê o Tear da Vida, em que são construídos todos os
corpos de todos os que vivem, do menor ao maior, do rato e do ser humano,
do caçador e de sua presa, do guerreiro e de sua vítima. Mas, para ele, eles não
estão separados e à parte, pois, também contempla o único divino halo
77 PARTE II – CAPÍTULO III – A TENTAÇÃO
dourado da luz da vida “que atravessa tudo e que a todos une”43. Mais ainda,
ele ouve em cada um a nota-chave flamejante soando suas aspirações e
expressando suas esperanças e seus temores, e ele percebe esse som composto
de cores cromáticas como uma canção ou hino de louvor ou alegria mundial
de Deus que se fez carne. A princípio, tudo isso está além de sua
compreensão, a enorme magnitude da descoberta esconde isso dele, e não
pode conceber o que vê e o que sente, pois não há palavras para descrevê-lo e
nenhum conceito pode explicá-lo. Mas, aos poucos, se dá conta que está na
própria Fonte da Vida, não mais contemplando-a, mas com o SENTIMENTO
de cada pulsação dela, e com essa compreensão atinge o clímax de seu êxtase.
43
N.T.: da obra A Visão de Sir Launfal de James Russel Lowell
44
N.T.: Mt 4:3
78 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
45
N.T.: Mt 4:4
79 PARTE II – CAPÍTULO III – A TENTAÇÃO
CAPÍTULO IV – A TRANSFIGURAÇÃO
46
N.T.: 1ª Guerra Mundial
47
N.T.: Principal personagem de Parsifal (WWV 111), uma ópera de três atos com música e libreto do
compositor alemão Richard Wagner. Estreou no Bayreuth Festspielhaus em Bayreuth no mês de julho de
1882. É vagamente baseada em Parzival, atribuído a Wolfram von Eschenbach, um poema épico do
século XIII do cavaleiro arturiano Parzival (Percival) e sua busca pelo Santo Graal (século XII).
48
N.T.: Herodes foi um rei do território da Palestina, como representante (rei cliente) do Império
Romano, entre 37 a.C. e 4 a.C. Descrito como “um louco que assassinou sua própria família e inúmeros
rabinos”, Herodes é conhecido por seus colossais projetos de construção em Jerusalém e outras partes do
mundo antigo, em especial a reconstrução que patrocinou do segundo Templo, naquela cidade, por vezes
chamado de Templo de Herodes. Foi durante seu reinado que nasceu Jesus, segundo a narrativa bíblica.
Herodes foi visitado pelos Três Reis Magos, que foram adorar o Rei dos Judeus, Herodes pediu aos
magos que seguissem para Belém e que depois voltassem para reportar se tinham conseguido encontrar a
criança, porém, os Magos foram avisados em sonho a seguir outro caminho e não passarem por Herodes,
que mandou matar todas as crianças de até 2 anos de idade (Mt 2:1-16).
49
N.T.: o mago negro da obra Parsifal.
81 PARTE II – CAPÍTULO IV – A TRANSFIGURAÇÃO
50
N.T.: refere-se ao século XIX. A ópera se passa nas legendárias colinas do Monte Salvat, na Espanha,
onde vive uma fraternidade de cavaleiros do Santo Graal. O mago negro Klingsor teria construído um
jardim mágico povoado com mulheres que, com seus perfumes e trejeitos, seduziriam os cavaleiros e faria
com que eles quebrassem seus votos de castidade, e teria ferido Amfortas, rei do Graal, com a lança que
perfurou o flanco de Cristo, e todas as vezes em que Amfortas olha em direção ao Graal sente a ferida
arder. Tal redenção só poderia ser realizada por um “inocente casto” (significado da palavra “Parsifal”).
Este, em sua primeira aparição na ópera, surge ferindo um dos cisnes que purificavam a água do banho de
Amfortas, e a todas as perguntas que os cavaleiros lhe fazem responde dizendo que não sabe de nada,
nem ao menos seu nome. Parsifal atravessa o jardim mágico de Klingsor e é seduzido pela amazona
Kundry, que ora é uma fiel serva do Graal, ora é escrava de Klingsor. Ao beijá-la, sente os estigmas das
feridas que afligiam Amfortas e, quando Klingsor atira a lança contra ele, a lança dá a volta em seu corpo,
e todo o castelo mágico é destruído. Tempos depois, tendo os cavaleiros se convencido de que ele é o
“inocente casto” que faria a salvação, Parsifal cura as feridas de Amfortas e o destrona, assumindo a nova
condição de rei do Graal.
82 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
esses poderes para o mal, para proveito pessoal, e tendo superado o desejo
pelas coisas mundanas, eles se voltaram para o caminho do ministério e do
serviço, como Cristo fez, e suas vidas são marcadas não tanto pelo que
disseram, mas pelo que eles fizeram. O verdadeiro Místico Cristão é
facilmente distinguido. Ele jamais ocupa os seis dias da semana para se
preparar para uma grande alocução para emocionar seus ouvintes no domingo,
mas gasta, igualmente, todos os dias num humilde esforço de cumprir a
vontade do Mestre, independentemente dos aplausos externos. Assim,
inconscientemente, ele trabalha sempre em direção ao grande clímax que, na
história dos mais nobres de todos os que percorreram esse caminho, é
conhecido como “Transfiguração”.
51
N.T.: ou bushmen são membros de várias etnias de caçadores-coletores da África Austral, cujos
territórios abrangem Botsuana, Namíbia, Angola, Zâmbia, Zimbábue e África do Sul. Há uma diferença
linguística significativa entre os povos que vivem nesses lugares. Eles contribuem uma riqueza de
informações para os campos da antropologia e da genética. Um amplo estudo sobre a diversidade genética
africana concluído em 2009 descobriu que os “sãs” estavam entre as cinco populações com os níveis mais
altos medidos de diversidade genética entre as 121 populações africanas distintas amostradas. Os “sãs”
são um dos catorze povos ainda existentes da chamada “população ancestral” existentes, a partir do qual
todos os seres humanos modernos conhecidos descendem.
52
N.T.: um elemento químico de símbolo Ra, número atômico 88 (88 prótons e 88 elétrons) com massa
atómica [226] u, pertencente à família dos metais alcalino-terrosos, grupo 2 ou IIA da classificação
periódica dos elementos. À temperatura ambiente, o rádio encontra-se no estado sólido. É um metal
altamente radioativo encontrado em minerais de urânio como na pechblenda. As suas aplicações são
derivadas do seu caráter radioativo. Foi usado em medicina, porém substituído por radioisótopos mais
eficientes. Foi descoberto por Marie Curie e seu marido Pierre em 1898 na pechblenda/uranita.
53
N.T.: Descoberta por Antoine Henri Becquerel, a pechblenda é uma variedade, provavelmente impura,
de uraninita. Dela é retirado o urânio, que é constituinte de muitas rochas. É extraído do minério,
purificado e concentrado sob a forma de um sal de cor amarela, conhecido como “yellowcake”.
87 PARTE II – CAPÍTULO IV – A TRANSFIGURAÇÃO
Por outro lado, aqueles cujas Mentes são fortes e insistentes em saber a razão
do porquê de cada sentença e dogma, o Fogo Espinhal da regeneração atuará
sobre os segmentos do vermelho Marte e do incolor Mercúrio, buscando
infundir o desejo com a razão para purificar a antiga paixão primordial, para
que se torne casta como a rosa e, assim, transmuta o corpo na alma rubi, a
vermelha Pedra Filosofal, provada pelo Fogo, purificada, uma
individualidade criativa em desenvolvimento.
Místico Cristão deve aprender como adquirir conhecimento por seus próprios
esforços, sem a necessidade de recorrer à fonte universal de toda a sabedoria.
54
N.T.: Mt 10:16
93 PARTE II – CAPÍTULO V – A ÚLTIMA CEIA E O LAVAPÉS
Tem sido explicitamente declarado sobre o fato de alguns dos santos exalarem
um suave odor e, como muitas vezes tivemos a oportunidade de dizer, essa
não é uma mera história fantasiosa – é um fato oculto. A grande maioria da
humanidade inala, durante toda a vida aqui, o oxigênio vitalizante contido na
atmosfera circundante. A cada expiração exalamos uma carga de dióxido de
carbono que é um veneno mortal e que, certamente e com o tempo,
94 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
contaminaria todo o ar, se a planta pura e casta não inalasse esse veneno,
usando parte dele para construir corpos que, algumas vezes, permanecem por
séculos ou até milênios, como exemplificado nas sequoias da Califórnia,
devolvendo-nos o restante em forma do oxigênio puro que necessitamos para
a nossa vida aqui. Esses corpos carboníferos das plantas, por processos
contínuos da natureza, se tornaram mineralizados no passado e se
transformaram nas pedras, ao invés de se desintegrarem. Hoje nós os
encontramos como carvão, a Pedra Filosofal perecível elaborada por meios
naturais no laboratório da natureza. Mas, a Pedra Filosofal também pode ser
construída artificialmente pelo ser humano a partir do seu próprio corpo. Isso
deve ser compreendido definitivamente: a Pedra Filosofal não é elaborada
num laboratório químico externo, mas que o próprio corpo é o laboratório do
Espírito, que contém todos os elementos necessários para produzir esse Elixir
da Vida, e que a Pedra Filosofal não está fora do corpo, mas ele é o próprio
alquimista que se torna a Pedra Filosofal. O sal, o enxofre e o mercúrio,
emblematicamente contidos nos três segmentos da coluna espinhal e que
controlam os nervos simpático, motor e sensorial são acionados pelo Fogo
Espiritual Netuniano espinhal, e constituem os elementos essenciais no
processo alquímico.
“Depois de terem cantado o hino, saíram para o monte das Oliveiras. Jesus
disse-lhes: ‘Todos vós vos escandalizareis, porque está escrito: Ferirei o
pastor e as ovelhas se dispersarão. Mas, depois que Eu ressurgir, Eu vos
precederei na Galileia’. Pedro lhe disse: ‘Ainda que todos se escandalizem,
eu não o farei!’. Disse-lhe Jesus: ‘Em verdade te digo que hoje, esta noite,
antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás!’ Ele, porém,
reafirmou com mais veemência: ‘Mesmo que tivesse de morrer contigo, não
Te negarei’. E todos diziam o mesmo.
Na narrativa do Evangelho citado acima, temos uma das mais tristes e difíceis
experiências do Místico Cristão, delineada de forma espiritual. Durante toda a
sua experiência anterior, ele vagueou cegamente, isto é, cego para o fato de
que ele está no caminho, que se consistentemente seguido, o conduzirá a um
objetivo definido, embora também se sinta intensamente prevenido ao menor
suspiro de cada alma sofredora. Ele concentrou todos os seus esforços em
aliviar a dor física, moral ou mental de cada alma sofredora. Ele serviu a cada
alma sofredora com toda a sua capacidade e ensinou a cada uma o evangelho
98 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
55
N.T.: Lc 1:27
99 PARTE II – CAPÍTULO VI – GETSEMANI, O HORTO DA AFLIÇÃO
virtude quando a tentação se tornou mais forte. Foi tão profunda a dor de
compaixão que o impeliu, por muitos anos, a buscar pelo sofredor Rei do
Graal e, finalmente, quando encontrou Amfortas, esse sentimento profundo e
sincero o permitiu derramar o bálsamo curativo.
56
N.T.: Mt 12:48-50
57
N.T.: Mt 26:41
100 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
com uma confiança cega no Pai, ele se curva à Sua vontade, oferecendo-se
inteiramente, sem reservas.
Para isso nasci e para isso vim ao mundo para dar testemunho da
verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. Pilatos disse-
lhe: O que é a verdade?... Então ele voltou aos judeus e disse-lhes: Não
acho nele crime algum. É costume entre vós que eu vos solte alguém
por ocasião da Páscoa; quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?
Então, gritaram todos, novamente: Não este, mas Barrabás! Ora,
Barrabás era salteador.
Então, por isso, Pilatos tomou a Jesus e mandou açoitá-lo.
Os soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos, lhe puseram na
cabeça e vestiram-no com um manto de púrpura.
Chegavam-se a ele e diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe
bofetadas. Outra vez saiu Pilatos e lhes disse: Eis que eu vo-lo
apresento, para que saibais que eu não acho nele crime algum.
Saiu, pois, Jesus trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura.
Disse-lhes Pilatos: Eis o homem!
Ao verem-no, os principais sacerdotes e os seus guardas gritaram:
Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós outros e
crucificai-o; porque eu não acho nele crime algum.
103 PARTE II – CAPÍTULO VII – OS ESTIGMAS E A CRUCIFICAÇÃO
58
N.T.: São Francisco de Assis (Assis, 1181 ou 1182-1226), foi um frade católico nascido na atual Itália.
Depois de uma juventude irrequieta e mundana, voltou-se para uma vida religiosa de completa pobreza,
fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, que renovaram
o Catolicismo de seu tempo. Durante uma dessas meditações, em 14 de setembro de 1224, no dia da Festa
da Exaltação da Santa Cruz, no Monte Alverne, acompanhado do Frei Leo, Francisco viu a figura de um
homem com seis asas, semelhante a um serafim, e pregado a uma cruz, e à medida que continuava na
contemplação, que lhe dava imensa felicidade, mas era sombreada de tristeza, sentiu se abrirem em seu
corpo as feridas que o tornaram uma imitação do próprio Cristo crucificado. Foi, dessa forma, o primeiro
Cristão a ser estigmatizado, mas enquanto isso lhe trazia alegria, sendo um sinal do favor divino, foi-lhe
motivo de muito embaraço e sofrimento físico. Sempre tentou ocultar os estigmas com faixas e seu
hábito, e poucos irmãos os viram enquanto ele viveu. Mas eles lhe causavam muita dor e com isso
dificultavam seus movimentos, além de sangrarem com frequência. Muitas vezes teve de ser carregado
por não poder andar, ou teve de viajar sobre uma mula, o que não era permitido aos irmãos por ser um
luxo.
105 PARTE II – CAPÍTULO VII – OS ESTIGMAS E A CRUCIFICAÇÃO
fogo e tendo entre as asas a figura do Crucificado. São Francisco percebeu que
nas mãos, nos pés e no lado ele recebeu externamente as marcas da
crucificação. Essas marcas permaneceram durante os dois anos até a sua
morte, e muitas testemunhas oculares dizem que as viram, incluindo o Papa
Alexandre IV.
59
N.T.: nascida Caterina Benincasa (1347-1380), foi uma terceira da Ordem dos Pregadores
(dominicanos), filósofa escolástica e teóloga do século XIV. Nascida em Siena, ela cresceu lá e queria
muito cedo se consagrar a Deus, contra a vontade de seus pais. Ela se juntou às irmãs da Penitência de
São Domingos e fez seus votos lá. Muito rapidamente marcada por fenômenos místicos, como estigma e
casamento místico, ela se deu a conhecer. (...) foi em Pisa, em 1375, que ela recebeu seus estigmas
(visíveis, depois de um pedido dela, somente para ela).
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N.T.: Santa Verônica Giuliani (também “Veronica de Julianis”; 1660-1727), foi uma freira e mística
italiana Clarissa Capuchinha. Verônica tinha uma devoção ao longo da vida a Cristo crucificado que
eventualmente se manifestou em sinais físicos. As marcas da coroa de espinhos apareceram em sua testa
em 1694 e as cinco feridas em seu corpo em 1697.
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N.T.: Anna Catarina Emmerich (1774–1824) foi uma freira alemã, agostiniana, mística, visionária e
arrebatada. Emmerich é notável por suas visões sobre a vida e a paixão de Jesus Cristo, cuja reputação é
revelada a ela pela Bem-aventurada Virgem Maria sob êxtase religioso. Durante toda a vida, Anna
Emmerich ajudava os pobres e enfermos com tudo o que possuía, dividindo o pouco que conseguia em
sua pobreza, e por vezes não lhe restava nada nem para o próprio sustento, tendo que ser ajudada pela
mãe e amigos; porém, mesmo assim, não deixava de dividir tudo que ganhava com os que mais
necessitavam. E quando não os encontrava, rezava para que Deus os revelasse. Também tinha visões com
almas presas no Purgatório, e por muitas vezes rezou por essas almas e era acordada por elas no meio da
noite, pedindo-lhe que rezasse por elas. Aos 24 anos, em 1798, Anne teve uma visão na Igreja dos
Jesuítas, em Coesfeld, na qual ela vislumbrava Jesus Cristo com uma coroa de espinhos e outra de rosas
em cada mão, pedindo a ela que escolhesse, decidindo-se Anne pela de espinhos e enterrando-a na própria
cabeça. Desde então, passou a receber estigmas, que ocultava de todos usando lenços envoltos na testa.
106 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
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N.T.: nome completo Maria Theresia von Mörl zu Pfalzen and Sichelburg (1812-1868) era uma nobre
tirolesa, mística e estigmatizada, é referida na literatura como uma “senhora extática”. Depois dos 19
anos, ela experimentou estados cada vez mais de êxtase. Depois de receber a Sagrada Comunhão, ela
permaneceu em êxtase silencioso por horas, ajoelhada na cama ou flutuando, como mostram muitas fotos.
Por outro lado, ela sofreu ataques físicos e mentais agonizantes, que não podiam ser explicados de forma
natural. Em 1834, ela teve as marcas de Cristo em suas mãos e pés. Ela parecia ver a Paixão de Cristo
todas as sextas-feiras. Seus amigos a descrevem como amorosa e, também, descrevem a convivência
infantil e feliz com ela.
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N.T.: Foi uma mística belga (1850-1883). O caso de Louise Lateau é um dos mais bem documentados
sobre os estigmas. Ela teve sofrimentos imensos quando perdeu seu pai, que era ferreiro e foi tomado pela
varíola a 18 de abril de 1950. Ela viu e ajudou muitos irmãos vítimas da cólera. Muitos morreram na
epidemia que tomou conta da região em 1866. Louise trabalhava muito e costurava as vestimentas
destinadas aos pobres. Ela entrou na Ordem Terceira de São Francisco em 1867. Sua vida foi modificada
em 1868, quando Louise tinha 18 anos, e pela primeira vez o sangue escorreu de suas mãos, do seu lado e
de seus pés. Médicos, especialistas em teologia, padres, personalidades civis se apresentaram em sua casa
para constatar esses fatos extraordinários. Na noite da primeira-sexta feira de 1868, em 3 de janeiro,
Louise fez uma oração quando um raio de luz penetrou em sua alma. E a transportou para fora dela
mesma, e a fez sentir uma grande alegria, seguida de grandes sofrimentos. Essas manifestações agudas
partiam seu coração com sulcos de dor, que arrebentavam nos pés e nas costas. Essas manifestações
misteriosas se renovavam nas sextas-feiras seguintes, a partir da sexta-feira de 24 de abril. A imitação das
chagas de Jesus, o sangue fluía do seu lado esquerdo, dos pés e mãos. Também apareciam os ferimentos
da coroa de espinhos e mais tarde uma chaga no ombro direito. No lugar dos estigmas permanecia uma
marca rosada, seca, inteiramente fechada, um pouco mais lisa que a pele. A quantidade de sangue que
perdia era no mínimo de 250 g. A partir de 17 de julho de 1868, o surgimento dos estigmas era
acompanhado pelos êxtases, a duração do êxtase era variada. Mas, se manifestava antes do meio-dia da
sexta-feira. Louise falou desses êxtases aos padres que a interrogaram. Ela era tomada por uma luz
espiritual que revelava algo da grandeza de Deus. “Eu sou envolvida por um grande sentimento da
presença de Deus, e não sei onde me encontro. Eu O vejo tão grande e me sinto tão pequena que não sei
onde me esconder.”
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N.T.: Mary Ann Girling (1827-1886) foi uma líder religiosa americana, fundadora da seita chamada “O
Povo de Deus”, também conhecida como New Forest Shakers. Mrs. Girling teve uma visão de Jesus
Cristo no dia de Natal de 1858. Um sinal disso foram os estigmas que apareceram em suas mãos, pés e
lado. Ela costumava descrever com detalhes minuciosos a emoção extraordinária que a dominou no
momento em que experimentou o chamado divino. A partir desse período, ela proclamou a nova
revelação e falou com conhecimento absoluto dos mistérios ocultos.
107 PARTE II – CAPÍTULO VII – OS ESTIGMAS E A CRUCIFICAÇÃO
Iam é a palavra hebraica que significa água, o fluídico ou elemento lunar, que
constitui a parte principal do corpo humano (cerca de 57 por cento). Essa
108 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
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N.T.: ou hipófise, também conhecida como Glândula Pituitária ou conarium, é uma glândula endócrina
de cerca de 1 cm de diâmetro e 1 g de peso, localizada na base do cérebro, em uma área chamada sela
túrcica, ou mais tecnicamente, localizada abaixo do hipotálamo e posteriormente ao quiasma óptico,
estando ligada ao hipotálamo pela haste pedúnculo hipofisário ou infundíbulo, é envolvida pela dura-
máter (exceto o infundíbulo).
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N.T.: ou epífise neural, é uma glândula endócrina, que tem uma forma de pinha, medindo em média 25
mm por 12 mm e pesa cerca de 500 mg, localizada no topo da medula espinhal, terminando dentro do
cérebro, logo acima do cerebelo, ou mais tecnicamente, localizada logo superiormente ao colículo
superior e atrás da stria medullaris, entre os corpos talâmicos posicionados lateralmente.
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N.T.: situa-se na região do osso frontal (testa). É um dos espaços pareados, mas raramente simétricos,
preenchidos de ar, localizados entre as camadas compactas interna e externa do osso frontal.
110 INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA
FIM