Apostila Latim 1 Ufma Ead

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Universidade Federal do Maranhão

Língua Latina I
Prof. Dr. Paulo da Silva Lima

Apostila de
Língua
Latina I
Universidade Federal do Maranhão I
Língua Latina I Prof. Dr. Paulo da Silva Lima
1

APOSTILA DE LÍNGUA LATINA I

1. NOÇÕES HISTÓRICAS

A fundação de Roma e a realeza

a) Geografia e povos da Itália


A história de Roma começa com a fundação da cidade à margem do rio Tibre e compreende
três períodos: realeza, república e império.
A Itália, península alongada, estreita, semelhante a uma bota, divide o Mediterrâneo em duas
partes: oriental e ocidental. É limitada ao norte pelos Alpes e possuí dois rios importantes: o
Tibre e o Pó.
Na Antigüidade diversos povos habitavam a Itália ao norte; ao centro e ao sul. Ao norte
situavam-se os gauleses, na região chamada Gália Cisalpina (aquém dos Alpes). Além dos
Alpes, fica a França, na Antigüidade também povoada por gauleses e por isso chamada Gália
Transalpina (além dos Alpes).
O centro da Itália era povoado pelos italiotas e etruscos. Os italiotas eram indo-europeus,
como os gauleses, e um dos seus ramos mais importantes, o latino, habitante da região do
Lácio, deu origem ao povo romano.
Os etruscos, cuja origem os sábios ignoram, já possuíam adiantada civilização, quando Roma
ainda era uma cidade humilde. Deixaram milhares de inscrições, mas infelizmente seu
significado permanece até hoje desconhecido.
Os etruscos tinham adiantada indústria de bronze e ferro, fabricavam armas, como espadas,
capacetes e escudos, sabiam trabalhar o ouro e a prata, com que faziam jóias com incrustações
de pedras preciosas; foram ainda notáveis arquitetos e, na construção de seus templos, criaram
a abóbada, forma de teto que os gregos não conheceram. De suas práticas religiosas algumas
chegaram até os romanos, como a de adivinhar o futuro pela observação do vôo dos pássaros
ou pelo exame das vísceras dos animais sacrificados aos deuses.
O sul da Itália, chamado Magna Grécia, possuía numerosas colônias fundadas pelos gregos;
uma delas, Tarento, sustentou guerra contra os romanos, quando estes empreenderam a
unificação da Itália.

b) Fundação de Roma
Não se sabe com exatidão quando e como foi fundada Roma. Há, porém, uma lenda sobre
esse acontecimento transmitida por Tito Lívio, célebre historiador romano do tempo do
imperador Augusto.
Conta-se que, depois da destruição de Tróia pelos gregos, o herói troiano Enéias fugiu para a
Itália, onde fundou a cidade de Alba Longa. Um rei de Alba Longa, Numitor, pai de Réia
Silva, foi destronado pelo irmão, Amúlio.
Réia Silva era vestal, nome das sacerdotisas do culto da deusa Vesta, encarregadas de manter
aceso o fogo sagrado da cidade. As vestais eram obrigadas ao voto de castidade, mas Réia
Silva teve com Marte, deus da Guerra, dois gêmeos, Rômulo e Remo.
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Amúlio, receando ser destronado pelos gêmeos, ordenou que os lançassem ao Tibre.
Milagrosamente salvos, foram amamentados por uma loba até que um pastor, Fáustulo, os
recolheu. Como mais tarde viessem, a saber, de sua origem, os dois irmãos expulsaram
Amúlio do trono de Alba Longa e puseram no lugar o avô Numitor. À margem do rio Tibre,
no monte Palatino, fundaram a cidade de Roma (753 a.C.). Depois, Rômulo matou Remo e
tornou-se o primeiro rei.
Para os historiadores Roma não teve fundador, como conta a lenda. Primeiramente,
formaram-se à margem do Tibre, naquele lugar, diversas aldeias de latinos que se dedicavam
ao pastorio e à agricultura; depois, lentamente, essas aldeias foram-se agrupando até
constituir-se a cidade.

c) A realeza
Como a fundação de Roma, também os acontecimentos da realeza são narrados de modo
lendário. Do governo de Rômulo recorda-se o episódio que se chamou “rapto das sabinas”.
Como em Roma só houvesse homens, os romanos, durante uma festa, raptaram as mulheres
dos sabinos, seus convidados, povo também italiota.
Conta a tradição que Rômulo desapareceu durante uma tempestade e passou a ser adorado
como um deus, sob o nome de Quirino. Seu sucessor, Numa Pompílio, organizou um
calendário e criou numerosas leis. Depois reinou Tulo Ostílio que empreendeu uma guerra
contra Alba Longa. O rei seguinte, Anco Márcio, fundou na foz do rio Tibre o pôrto de Óstia.
Os últimos reis romanos, Tarquínio Prisco ou Antigo, Sérvio Túlio e Tarquínio o Soberbo
eram etruscos, o que prova haver este povo dominado Roma.
Tarquínio Prisco construiu as cloacas (canais subterrâneos de esgoto) e o Circo Máximo,
destinado às corridas; a Sérvio Túlio atribuem obras de defesa da cidade, como as muralhas
que cercavam as sete colinas por onde se havia estendido a população romana. Por isso Roma
ficou conhecida pelo nome de Cidade das Sete Colinas.
O último rei, Tarquínio o Soberbo, concluiu o Capitólio, o mais famoso templo romano,
dedicado a Júpiter, cuja construção fora iniciada por Tarquínio Prisco.
Durante a realeza, o poder do soberano era limitado pelo das assembléias, principalmente o
senado, formadas pelos cidadãos romanos ou patrícios; eles eram como os eupátridas de
Atenas, ricos proprietários de terras. A outra classe, que não exercia os cargos públicos nem
participava das assembléias, constituía a plebe. Então Tarquínio o Soberbo, para fortalecer-se
no poder, procurou o apoio dos plebeus contra os patrícios; mas estes se revoltaram,
destronaram o soberano e estabeleceram a república (509 a.C.).
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A república romana e as lutas internas

a) Organização da república
Estabelecida a república, Roma passou a ser governada por dois cônsules, eleitos pelo senado,
por um ano.
Em ocasiões de perigo, quando a cidade se encontrava ameaçada, escolhia-se um ditador, que
dispunha de toda a autoridade. Sua palavra, isto é, o que ele dizia (daí o nome ditador), tinha
força de lei. Mas, com tanto poder, o ditador poderia pretender tornar-se rei e, para que tal não
acontecesse, ficou estabelecido que ele só podia permanecer no poder pelo prazo de seis
meses.
Dos outros magistrados importantes da república, cita-se o censor, que fazia a censura, isto é,
zelava pelos bons costumes e também contava a população, o que ainda hoje se chama censo.
É por isso que duas palavras censo e censura, de significado diverso, têm a mesma origem.
Entre os romanos, ao concluir-se o censo, feito de cinco em cinco anos, havia uma cerimônia
religiosa, chamada lustrum, destinada a limpar ou purificar a população dos seus pecados. É
por isso que a palavra lustro, que significa brilho, também tem o sentido de período de cinco
anos.
O mais célebre dos censores foi Catão; muito severo, combateu o luxo, que se introduziu em
Roma durante as conquistas.
Das assembléias a mais importante era o senado. Os senadores, a princípio em número de
trezentos, eram escolhidos pelos censores entre cidadãos de honestidade comprovada. Os
senadores não podiam exercer determinadas atividades comerciais, como emprestar dinheiro a
juros. Possuíam, entretanto, muitos privilégios; tinham lugar de honra nos jogos públicos e,
quando acusados de algum crime, só podiam ser julgados em Roma.

b) As lutas internas
A princípio, todas as funções públicas, como também as religiosas, eram exercidas
exclusivamente pelos aristocratas ou patrícios, descendentes das antigas famílias de Roma. Os
outros, os plebeus, não tinham nenhum direito: cultivavam a terra, exerciam diversos ofícios
e, como soldados, participavam das guerras. Nessas ocasiões, suas pequenas propriedades
eram devastadas e, reduzidos à situação de miséria, tinham que recorrer aos patrícios,
solicitando-lhes empréstimos e, se não pagavam as dívidas, passavam à condição de escravos
dos seus credores.
Pouco a pouco, porém, os plebeus foram-se igualando aos patrícios: primeiramente,
conseguiram a nomeação de dois tribunos para a defesa dos seus interesses (tribunos da
plebe); depois obtiveram leis escritas, gravadas em doze tábuas de bronze, por isso chamadas
Lei das Doze Tábuas; seguiram-se outras conquistas, como os casamentos mistos, isto é, entre
patrícios e plebeus, e o exercício, por eles, de todos os cargos políticos e religiosos.
Mas não se deve pensar que, estabelecida a igualdade entre patrícios e plebeus, a república
romana se tornasse democrática. Com as conquistas houve romanos que se apoderaram de
extensas terras, tomadas aos vencidos, e se tornaram poderosos, constituindo uma espécie de
nobreza, enquanto que outros, embora cidadãos romanos, viviam em Roma em extrema
miséria. Então os termos patrício e plebeu mudaram de sentido: patrício ou nobre era o
cidadão rico e plebeu, o de condição humilde.
Na luta entre ricos (patrícios) e pobres (plebeus) distinguiram-se os dois irmãos Gracos:
Tibério e Caio. Eleitos tribunos, procuraram resolver a questão agrária, isto é, a distribuição
das terras cultiváveis, de modo que os plebeus pudessem tornar-se proprietários.
Os poderosos, sentindo-se prejudicados, levantaram-se contra os Gracos: Tibério, acusado de
aspirar a seu rei, foi assassinado e seu cadáver jogado às águas do rio Tibre; Caio Graco, para
não ser vítima de seus inimigos, pediu a um escravo que o matasse.
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Depois dos Gracos, surgiram generais que se diziam defensores dos ricos ou dos pobres; na
realidade, procuravam apoiar-se nessas classes para satisfazer suas ambições. Desses generais
dois ficaram célebres: Mário e Sila.
Nessa ocasião as leis da república já não eram mais respeitadas e a numerosa plebe, formada
de cidadãos pobres, vendia seu voto aos ambiciosos. Tudo parecia favorável à formação de
um regime em que o poder coubesse, de modo definitivo, a um só homem. Esse regime, que
se chamou império, foi afinal fundado por Otávio, sobrinho de César.

c) O exército romano
Os romanos deveram o império que conquistaram à excelente organização de seus exércitos.
Comandado pelo ditador ou pelos cônsules, o exército dividia-se em legiões, semelhantes aos
atuais regimentos; cada legião dividia-se em manípulos e cada manípulo em duas centúrias. O
comandante da legião era o tribuno militar.
O legionário trazia, além do capacete e do escudo, uma espada curta, o gládio, e uma lança,
chamada pilo, semelhante ao dardo dos gregos, que se usava como arma de arremesso. Cada
legião possuía a sua insígnia, geralmente a figura de uma águia (aquila). O soldado que a
conduzia era o aquiles feris e dessas palavras latinas derivou-se alferes, nome dado a um
posto militar no antigo exército brasileiro e hoje correspondente a segundo-tenente.
Para as operações do cerco o exército romano dispunha de máquinas apropriadas; uma delas
era o aríete, cujo nome se deriva de aries (carneiro), pois consistia num grosso e pesado
tronco que terminava numa peça de ferro com a forma de cabeça de carneiro. O aríete
destinava-se a abrir brechas nas muralhas inimigas.
A disciplina do exército romano era muito severa: por faltas insignificantes o soldado era
condenado à morte. Também havia punições coletivas; a mais importante consistia em
dizimar a legião, quando esta cometia faltas graves, como traição e fuga: em cada dez
soldados um era sorteado para sofrer a pena de morte.
Havia também recompensas, como a coroa cívica, uma coroa de ramos de carvalho, oferecida
ao soldado que salvava da morte um companheiro. A mais importante, porém, de todas as
recompensas era o triunfo, que o senado concedia ao general vencedor: coroado de louros,
entrava ele em Roma, seguido de seus soldados, que entoavam hinos guerreiros, e dos chefes
inimigos acorrentados. Para fugir a essa humilhação, os vencidos preferiam muitas vezes o
suicídio, como a rainha egípcia Cleópatra, quando suas forças foram derrotadas por Otávio.
Durante o triunfo, a multidão aclamava o vencedor, que se dirigia para o templo de Júpiter
Capitólio onde, junto à estátua do deus, depositava a coroa de louros.
Outra recompensa que o senado dispensava ao vencedor era a ovação: consistia no sacrifício
de uma ovelha no templo de Júpiter Capitólio.

Instituições romanas

A família romana

A família foi uma das mais importantes instituições em Roma. Na verdade o lar dos romanos
era bem diferente da casa do grego; para este, a casa era somente o lugar para comer, dormir e
guardar seus objetos. Para o romano, a veneração pelos antepassados, pelas tradições fazia
com que o lar fosse um lugar sagrado, ao qual dedicavam seu respeito e seus cuidados. Nesse
ponto, os romanos foram os verdadeiros criadores do que se chama um lar.
Numa família romana o pater famílias era o chefe da casa, o pai de família. Não tinha
ascendente vivo (pai ou avô), e estavam sob seu poder a mulher, os filhos, os netos, libertos,
escravos e bens.
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A mulher era mater famílias e tinha a posição de filha. Se casada cum manu passava da
dependência do chefe de sua família para a dependência do marido e do pai deste. O marido
adquiria, pois, total poder sobre a mulher. Seus bens eram absorvidos pelos bens do marido.
Se casada sine manu, a mulher, mesmo casada permanecia na dependência de seu pater
famílias e continuava a dispor de seus bens, usufruía a mesma situação social do marido. Mais
tarde o casamento sine manu predominou sobre a outra modalidade.
A cerimônia do casamento foi assim descrita por um escritor: (1) “A moça é conduzida à casa
do esposo. Como na Grécia, vai velada, leva uma coroa e um archote nupcial precede o
cortejo. Canta-se à sua volta um antigo hino religioso... O cortejo pára em frente da casa do
marido. Aí apresentam à moça o fogo e a água. O fogo é o emblema da divindade doméstica;
a água é a água lustral que serve à família em todos os atos religiosos. Para que a donzela
entre em casa é preciso, como na Grécia, simular o rapto. O esposo deve tomá-la nos braços e
com ela ao colo atravessar a soleira sem que seus pés a toquem.”
1 - Coulanges, Fustel. A Cidade Antiga, vol. I, p.66.
Entre os romanos havia a dissolução do matrimônio: quando o marido morria; quando ele era
aprisionado; pelo divórcio.
No matrimônio cum manu só o marido podia dissolver o casamento. Ele possuía o poder de
repudiar a mulher por motivos graves, nos tempos mais antigos e por motivos leves, mais
tarde, com a decadência de costumes que atingiu a sociedade romana.
No casamento sine manu, os cônjuges, por consentimento mútuo podiam divorciar-se; a
mulher podia repudiar o marido e este também podia repudiá-la. Na época imperial houve tal
epidemia de divórcios que a natalidade decresceu. Augusto, preocupado em este fato,
querendo dar à mulher nova oportunidade para casar, permitiu que a mesma, com certas
restrições, reivindicasse seu dote, pois este era um atrativo para os pretendentes. A
conseqüência dessa lei foi prorrogar uniões por motivos de ordem material e às vezes
transformar a mulher bem dotada em senhora absoluta do marido.
No lar romano a matrona desempenhava um papel muito importante. Era a fiel auxiliar do
marido, sua colaboradora, participando da alegria das festas, da autoridade do lar e das
honrarias da vida pública.
Tão grande era o prestígio da matrona na família romana que Catão, escritor romano muito
moralista (234 a.C. e 149 a.C.) comentava com azedume: “Todas as nações dominam suas
mulheres; nós dominamos todas as nações, mas somos dominados por nossas mulheres.”
A História da posição da mulher romana na família e na sociedade assinala uma crescente
conquista de autonomia e liberdade. O casamento significava, em geral, para a mulher um
alargamento no horizonte de suas atividades, pois com o mesmo adquiria relativa liberdade de
vida e de movimento. Nisso era mais afortunada que as mulheres gregas as quais pelo
casamento passavam de enclausuradas na casa do pai para enclausuradas na casa do marido;
patroas das escravas, mas elas também escravas.
As matronas romanas, ao contrário, gozavam da confiança de seus maridos; saíam, trocavam
visitas, iam pelos armazéns para fazer compras. Acompanhavam os maridos aos banquetes e
voltavam tarde para a casa.
As transformações sociais motivadas pelas conquistas ampliaram muito o campo de liberdade
de ação das mulheres. Nos últimos tempos da República assinala-se o início do feminino
triunfante. Com a abolição de velhas leis as mulheres tornaram-se livres e como sempre
acontece, o prisioneiro libertado, a primeira coisa que faz é abusar da liberdade. Foi o que
aconteceu à sociedade romana desta época e todos os desregramentos havidos de parte das
mulheres podem ser explicados pelo encanto e enlevo que a liberdade lhes trouxe. As
mulheres, sob o manto do divórcio, passavam de um marido para o outro; outras, com
atrevimento, ostentavam o escândalo. Juvenal (fins do século I a.C. a começo do século II
a.C.) nos fala de uma esposa que no espaço de cinco outonos teve oito maridos. Para
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abandonar os maridos as mulheres arranjavam qualquer pretexto: velhice, doença, partida para
a guerra.
Mas, apesar de tudo, ainda temos belos exemplos de mulheres romanas que despertam nossa
veneração como a admirável mãe dos Gracchos, Cornélia, Paulina, esposa de Sêneca, grande
trágico romano vítima de Nero (4 a.C. a 65 d.C.), Arria, esposa do senador Petus e outras.
Um famoso epitáfio diz: “Foi casta, cuidou da casa, fez lã.”

A educação em Roma

Os principais objetivos da educação romana eram:


1 - Domínio de si mesmo.
2 - Obediência a toda autoridade, a começar pela autoridade paterna e a terminar pela
autoridade pública.
3 - A benevolentia (boa vontade, dedicação) para com o próximo.
4 - Sobretudo o respeito aos mos maiorum (costume dos antepassados).
Antes de nascer, a criança estava sujeita a um sério perigo: o aborto, que a lei não vedava,
pois o produto da concepção era considerado como parte do organismo da gestante.
Ao nascer a criança corria ainda o perigo de ser abandonada pelo pai: este devia levantar o
filho do chão para reconhecê-lo; se não o fizesse a criança era condenada a morrer de
inanição.
A infância das crianças era alegre, entre o carinho da família e das amas e velhas escravas que
lhes contavam belas estórias. Aqui aparece a grande missão da materfamilias: educadora dos
filhos. A História mostra inúmeros exemplos de influência materna exercida sobre o filho: a
mãe de Cesar, que foi grande conselheira do filho; a mãe de Augusto à qual este deveu boa
parte de seu triunfo; a mãe de Coriolano que fez o filho desistir de sua marcha contra Roma;
Cornélia Graco, honrado pelo próprio Estado que mandou erigir uma estátua sua, às expensas
de tesouro público.
Aos sete anos os meninos passavam a sentir mais diretamente a influência do pai: seguiam os
pais por toda a cidade para se instruírem sobre os segredos da vida pública na qual um dia
deveriam desempenhar papel importante. As meninas permaneciam no lar, aprendendo a fiar
lã e a desempenhar os deveres de dona de casa.
Aos sete anos a criança ia para a escola primária. O mestre da escola primária era muito mal
pago, ganhando o mínimo para seu sustento e gozava de pouco consideração. Os alunos eram
levados à escola pela manhã por um escravo chamado paedagogus que desempenhava papel
decisivo em sua educação, explicando-lhes as lições, servindo-lhes de companhia até a idade
de envergarem a toga viril. Depois que a Grécia foi conquistada geralmente o paedagogus era
um escravo grego.
O ano letivo durava de oito a nove meses e as férias iam de julho a meados de outubro.
O programa da escola abrangia a leitura, a escrita e a aritmética.
A disciplina escolar era rígida e feroz, incluindo os castigos físicos.
Após o término dos estudos elementares os meninos ingressavam na escola secundária. O
professor de escola secundária era um pouco mais considerado que o da escola primária,
ganhando quatro vezes o que este ganhava. Aí os meninos aprendiam a boa linguagem, liam
os poetas clássicos, estudavam os fundamentos de História, Geografia, Astronomia, etc.
Como a sociedade romana permaneceu sempre uma sociedade aristocrática, poucos podiam
continuar seus estudos além do curso secundário. A educação era por isso elitista.
O professor da escola superior era o rhetor, retor, que ocupava uma posição mais elevada em
relação aos seus colegas de magistério. As primeiras escolas de retórica latina foram criadas
no século I a.C. O retor latino visava ensinar as regras da oratória e a maneira como se utilizar
delas. A influência grega foi enorme nas escolas de retórica latina, sendo essa uma cópia
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daquela. Após a parte teórica, os alunos passavam para a parte prática: composição e
declamação de discursos. Os pais dos alunos iam ouvir essas aulas de retórica, entusiasmados
com os arroubos oratórios dos filhos.
Como a influência da cultura grega sempre esteve presente em toda a sociedade romana,
primeiro em contacto com os gregos da Magna Grécia e em seguida pela conquista da Grécia,
podemos afirmar que a civilização grega penetrou, com todos seus aspectos, na sociedade
romana impregnando-a desde as altas rodas aristocráticas até as camadas servis.
Com isso, a mocidade romana passou a freqüentar os centros de civilização grega como
aperfeiçoamento de sua formação intelectual. Para isso era necessário o conhecimento da
língua grega, de modo que em Roma falava-se constantemente o grego entre as pessoas
cultas, incluindo as moças, que admiravam os poetas gregos.

A estrutura social entre os romanos

A sociedade romana era composta em linhas gerais de:


Patricios, descendentes das grandes famílias que haviam fundado Roma e detinham o poder
político e a riqueza. Estes pertenciam a uma casta orgulhosa e fechada, afastando do governo
todos os que não pertenciam às grandes famílias e não possuíam magistrados entre os
antepassados.
Clientes, descendentes empobrecidos de antigas famílias de projeção. Eram protegidos pelos
patrícios que lhes davam dinheiro e víveres em troca de votos.
Mais tarde, durante as guerras contra Cartago, surgiu uma nova classe social, a dos cavaleiros.
Estes, impedidos pelos patrícios de ingressarem no Senado, voltaram-se para os negócios:
comércio, bancos, cobrança de impostos, trabalhos públicos como construção de estradas,
portos, canais, exploração de minas, salinas, etc.
Os plebeus eram aventureiros, negociantes, viajantes. Seus direitos variavam de acordo com
os bens que possuíam. Dentro dessa classe estavam os pequenos agricultores que mal podiam
subsistir, pois voltando da guerra encontravam sua propriedade arruinada e não podendo
reconstruí-la vendiam-na a preço baixíssimo, ficando quase na miséria.
Ao lado dos homens livres havia ainda uma classe - a dos escravos. A sorte dos escravos era
tristíssima; eram considerados pelo dono como coisa e não pessoa, sem direito algum. Seu
dono podia torturá-lo, matá-lo, fazê-lo trabalhar o ano inteiro sem uma folga. Podia também
libertá-lo. O escravo tornava-se então um liberto mas ainda não podia ser considerado
cidadão; somente seus netos o podiam. A princípio havia pequeno número de escravos em
Roma, mas as conquistas romanas lançaram na escravidão milhões de vencidos que eram
escravizados e levados a Roma. Os ricos possuíam por vezes milhares de escravos a seu
serviço.

Aspectos da vida cotidiana

Depois de ser levantada do chão pelo pai, isto é, ser aceita, a criança recebia seu prenome e
penduravam-lhe no pescoço uma bulla, um saquinho com amuletos para protege-los das
desgraças possíveis.
Em geral o romano tinha três nomes: o prenome, o nome de família e o sobrenome. Por
exemplo o grande escritor e orador Cícero chamava-se Marcus Tullius Cicero; Marcos era o
prenome; Tullius era o nome de família, porque pertencia à família Tullia; Cicero era o
sobrenome e significava “O homem do grão de bico”, talvez porque um dos seus antepassados
tivesse na ponta do nariz uma excrescência em forma de grão de bico.
As mulheres usavam um único nome, o de sua gens (família) no feminino: Tullia, filha de
Cicero, cujo nome de família era Tullius.
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De acordo com a idade as pessoas em Roma eram chamadas:


Infans (que não fala) era toda a criança até os sete anos.
Puella e virgo eram designações para meninas e mocinhas. Mas o termo puella também
significava namorada.
Uxor era a esposa. Matrona designava a mãe de família. Anus era a mulher idosa.
Puer era o menino dos sete aos dezessete anos. Pelos dezessete anos o rapaz envergava a toga
virilis, deixando de lado a bulla. As meninas só deixavam a bulla no dia do casamento.
Aos quarenta anos o homem era senior; a partir de sessenta e três anos o homem era senex
(velho).
Os romanos usavam a túnica (homens e mulheres), espécie de camisa sem mangas. Os
homens por cima usavam a toga que era o traje nacional dos romanos. As mulheres usavam a
stola. Os romanos calçavam sandálias. As mulheres também calçavam sandálias, mas em
cores vivas e ornamentadas.
Os romanos, pelo século II a.C. adotaram o costume de cortar o cabelo e fazer a barba. As
mulheres dedicavam grande cuidado ao penteado com enchimentos, tinturas, perucas e
unguentos.
Havia as termas onde os romanos se banhavam. Os romanos ricos dirigiam-se às termas
acompanhados por escravos, massagistas, depiladores, etc.
A partir do século II a.C. o romano fazia três refeições diárias: pela manhã comiam pão e
queijo. Ao meio-dia faziam uma refeição com carne fria, legumes, frutas, vinho, alimentos
que eram tomados de pé. A cena era a refeição principal servida numa sala especial onde
havia uma mesa e os triclínios (leitos inclinados), pois os romanos faziam sua principal
refeição deitados, por influência dos povos orientais e gregos. Começava a cena perto das 15
horas e ia até a noite. Durante esse tempo os comensais falavam sobre vários assuntos, faziam
leituras, recitações, audições musicais, cantos, jogos, danças, etc.
Além das termas e dos banquetes os romanos iam a festas familiares (casamentos,
recebimento de toga viril), a solenidades públicas de caráter religioso, e aos espetáculos
teatrais.
A partir do século II a.C. começaram a ser construídos teatros de madeira, desarmáveis. No
tempo de Augusto já havia teatros de pedra.
Nesses teatros os romanos assistiam a:
1 - atelanas, mimos, sátiras dramáticas, que eram os gêneros prediletos dos assistentes.
2 - Tragédias e comédias imitadas do grego e versando sobre assunto grego; e tragédias e
comédias, imitadas do teatro grego, mas tratando de assuntos romanos.
Outra divisão dos romanos eram os circos onde havia manobras militares, pugilatos, corridas
a pé, a cavalo, e de carro.
Havia ainda os anfiteatros onde os gladiadores lutavam entre si ou com feras e de feras entre
si. Os gladiadores eram escravos, condenados, prisioneiros de guerra ou voluntários.

Giordani, Mário Curtis. História de Roma. Petrópolis, R.J. Editora Vozes Ltda, 1976

2. A LÍNGUA

“Língua do Lácio, língua do mundo”.


(J. Marouzeau, grande filósofo francês)
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A língua latina

O latim foi primeiramente o idioma falado numa pequena zona da Itália Central, à margem
esquerda do rio Tibre, não longe do Mar Tirreno. A cidade principal dessa minúscula região,
chamada Lácio, foi e é Roma, fundada, segundo consta, por Rômulo no dia 21 de abril de 754
a.C.
Essa língua do Lácio, seguindo as conquistas dos exércitos de Roma, implantou-se na Itália
Central, depois em toda a Itália, na Espanha, em Portugal, no Norte da África, nas Gálias
(França, Suíça, Bélgica, regiões alemãs ao longo do Reno), na Récia e no Nórico (Áustria), na
Dácia (România) e, menos profundamente, na Grã-Bretanha, na Frísia (Holanda), na
Dalmácia e na Ilíria (Iugoslávia), e na Panônia (Hungria).
O mais vetusto (antigo) documento da Língua Latina é uma inscrição do 6.º século a.C., mas
os mais antigos textos literários que chegaram até nós, pertencem ao 3.º século antes de nossa
era. Nesses escritos a língua já é bem desenvolvida, mas apresenta ainda alguma incerteza na
ortografia e no emprego das formas.
Foi no 1.º século da era cristã e no século precedente que a Língua Latina teve seu máximo
esplendor. Pertencem a este período, chamado “idade de ouro”, os maiores escritores latinos
(os clássicos): Marco Túlio Cicero (106-43 a.C.), político, filósofo, um dos maiores oradores
de todos os tempos; Caio Júlio César (100.44 a.C.), escritor primoroso, um dos grandes
generais da história; Caio Crispo Salústio (87-35 a.C.), historiador; Públio Virgilio Marão
(70-19 a.C.), um dos mais excelsos poetas da humanidade; Quinto Horacio Flaco (65-8 a.C.) e
Públio Ovídio Nasão (43 a.C. - 17 d.C.), grandíssimos poetas líricos; Tito Lívio (59 a.C. - 17
d.C.), o maior dos historiadores romanos.
Com a queda do Império Romano (476 d.C.) acaba a História Romana e um século depois,
mais ou menos, termina também a História da Literatura Latina, mas o latim continua ainda
por quase mil anos, sendo em toda a Idade Média a língua da Civilização Ocidental,
inspirando assim todas as obras primas das literaturas modernas da Europa (e da América).
Em nossos dias o latim não é mais falado em parte alguma, mas é a língua oficial da Igreja e é
estudado em quase todas as nações do mundo, por ser, com razão, considerado elemento
precípuo (principal) e fator eficiente de cultura, instrumento indispensável para o
conhecimento profundo das línguas neolatinas (português, italiano, espanhol, francês,
rumeno, etc.) e meio incomparável para educação da inteligência, disciplina do raciocínio e
formação do caráter.

QUESTIONÁRIO: Roma é a cidade principal de qual região? Roma foi fundada no


mesmo dia que Brasília. Quantos anos antes? Que devemos entender por “idade de ouro da
Língua Latina”? Quem nasceu antes: Cicero ou César? Nomeie um clássico latino que tenha
morrido depois de Cristo. César foi somente escritor? Por que o Latim é estudado em quase
todas as nações?

O Latim e a expansão romana

1. A língua portuguesa provém do latim, que se entronca, por sua vez, na grande família
das línguas indo-européias, representada hoje em todos os continentes.
2. De início, simples falar de um povo de cultura rústica, que vivia no centro da
Península Itálica (o Lácio), a língua latina veio, com o tempo, a desempenhar um
extraordinário papel na história da civilização ocidental, “menos por suas virtudes intrínsecas
do que pelo êxito político do povo que dela se servia”.
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Foram as vitórias de seus soldados e o espírito de organização de seus homens de


governo que estenderam e, em parte, consolidaram o enorme império, que, no auge de sua
expansão, ia da Lusitânia à Mesopotâmia, e do Norte da África à Grã-Bretanha.
3. Enumeremos, cronologicamente, as conquistas que dilataram de tal forma os domínios
do Império Romano.
Até meados do IV século antes de Cristo, os romanos pouco haviam ampliado as
fronteiras do antigo Lácio. Foi com a guerra contra os samnitas, iniciada em 326 a.C. e
terminada com a decisiva batalha de Sentino (295 a.C.), que começou a irresistível penetração
romana na parte meridional da Península Itálica, concluída em 272 a.C., com a anexação de
Tarento.
Principia, então, o longo período das conquistas externas. Sucessivamente, vão sendo
subjugados os territórios da Sicília (241 a.C.), da Sardenha e da Córsega (238 a.C.), da Ilíria
(229 a.C.), da costa este e sul da Península Ibérica (218-197 a.C.), dos reinos helenísticos do
Oriente (200-168 a.C.), da Gália Cisalpina (191 a.C.), da Ligúria (154 a.C.), de Cartago e
Norte da África (146 a.C.), da Macedônia e da Grécia (146 a.C.), da Gália Narbonense (118
a.C.), da Gália do Norte (50 a.C.), da Mésia (29 a.C.), do Noroeste da África (25 a.C.), do
resto da Península Ibérica (19 a.C.), da Nórica (16 a.C.), da Récia (15 a.C.), da Panônia (10
d.C.), do resto da Mauritânia (42 d.C.), da Bretanha (43 d.C.), da Trácia (46 d.C.), da Dácia
(107 d.C.), da Arábia Petréia, da Armênia e da Mesopotâmia (107 d.C.)
Com a anexação da Dácia (Romênia) e, sem caráter permanente, dessas regiões da
Ásia Menor, o Império atingia, sob o governo de Trajano, o máximo de sua expansão
geográfica.
4. Ao mesmo tempo em que estendiam os seus domínios, os romanos levaram para as
regiões conquistadas os seus hábitos de vida, as suas instituições, os padrões de sua cultura.
Em contato com outras terras, outras gentes e outras civilizações, ensinavam, mas também
aprendiam. Aprenderam, por exemplo, muito com os gregos, e isso desde épocas antigas,
através dos etruscos e, principalmente, das colônias helênicas do Sul da Itália, que formavam
a Magna Grécia. Lívio Andronico, o primeiro que tentou elevar à altura de língua poética
aquele rude idioma de agricultores e pastores, que era então o latim, procurou diretamente em
Homero e nos trágicos gregos os modelos para suas experiências de tradução e adaptação
literárias. Ele próprio era um grego de Tarento. E, na sua trilha, Plauto, Ênio, Névio e todos os
que, pioneiramente, se impuseram a árdua tarefa de criar obras de arte na língua nacional não
deixaram de inspirar-se nos estimulantes exemplos da Hélade, cuja influência vai ampliar-se
mais ainda, a partir de 146 a.C., quando vencida pelas armas, acabou dominando pelo espírito
o cruel vencedor.
“Graecia capta ferum victorem cepit et artes Intulit agresti Latio.” - Entende-se:
“A Grécia subjugada, subjugou o cruel vencedor e introduziu as artes no agreste Lácio”.
Diz-nos Horácio.

Latim literário e Latim vulgar

1. Desde o século III a.C., pios, sob a benéfica influência grega, o latim escrito com
intenções artísticas foi sendo progressivamente apurado até atingir, no século I a.C., a alta
perfeição da prosa de Cicero e César, ou da poesia de Vergílio e Horácio. Em conseqüência,
acentuou-se com o tempo a separação entre essa língua literária, praticada por uma pequena
elite, e o latim corrente, a língua usada no colóquio diário pelos mais variados grupos sociais
da Itália e das províncias.
2. Tal diferença era já sentida pelos romanos, que opunham ao conservador latim
literário ou clássico (sermo litterarius) o inovador latim vulgar (sermo vulgaris),
compreendidas nesta denominação as inúmeras variedades da língua falada, que vão do
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colóquio polido às linguagens profissionais, e até às gírias (sermo quotidianus, urbanus,


plebeius, rusticus, ruralis, pedestris, castrensis, etc.).
Foi esse matizado latim vulgar que os soldados, colonos e funcionários romanos
levaram para as regiões conquistadas e, sob o influxo de múltiplos fatores, diversificou-se
com o tempo nas chamadas línguas românicas.

As línguas românicas

1. Se dos gregos os romanos foram discípulos atentos, dos outros povos vencidos
souberam eles ser os mestres imitados. Não só na Itália, mas também na Gália, na Hispânia,
na Récia e na Dácia, as tribos mais diversas cedo assimilaram os seus costumes e instituições,
adotaram como própria a língua latina, romanizaram-se.
2. É fácil concluir que, falado em tamanha área geográfica, por povos de raças tão
diversas, o latim vulgar não poderia conservar a sua relativa unidade, já precária como a de
toda língua que serve de meio de comunicação a vastas e variadas comunidades de
analfabetos.
Nos centros urbanos mais importantes, o ensino do latim difundia o padrão literário e,
com isso, retardava até certo ponto os efeitos das forças de diferenciação. Mas no campo ou
nas vilas e aldeias a língua, sem nenhum controle normativo, ia voando com suas próprias
asas.
A partir do século III da nossa era, podemos dizer que a unidade lingüística do Império
não mais existia, embora, continuassem os contatos políticos entre as suas diversas partes,
interligados por certa comunidade de civilização; é o que se entende por Romania, em
contraste com Barbaria, as regiões habitadas por outros povos.
3. Alguns fatos históricos vieram contribuir para ativar o processo de dialectalização.
Enumeremos os principais.
Desde 212, o edito de Caracala estendera o direito de cidadania a todos os indivíduos
livres do Império, com o que Roma e a Itália perderam a situação privilegiada que
desfrutavam.
Diocleciano, que governou de 284 a 305, instituiu a obrigatoriedade do latim como
língua da administração. Mas, contraditoriamente, anulou os efeitos dessa medida unificadora
as descentralizar política e administrativamente o Império em doze dioceses, caminho aberto
para o aguçamento de nacionalismos regionais e locais. Não sendo mais capital, Roma
deixou, conseqüentemente, de exercer a função reitora da norma lingüística.
Em 330, Constantino, que se tornara defensor do Cristianismo, transferiu a sede do
Império para Bizâncio, a nova Constantinopla.
Com a morte de Teodósio em 395, o vasto domínio foi dividido entre os seus dois
filhos, cabendo a Honório o Ocidente, e a Arcádio o Oriente. O Império do Oriente teve vida
longa. Conservou-se até 1453. O do Ocidente, porém, depois de sucessivas invasões de hunos,
visigodos, ostrogodos, burguinhões, suevos, alanos e vândalos, sucumbe em 476, quando
Odoacro destrona o imperador fantoche Romulus Augustus, apelidado com o diminutivo
Augustulus, “Augustinho”.
As forças lingüísticas desagregadoras puderam então agir livremente, e de tal forma
que, em fins do século V, os falares regionais já estariam mais próximos dos idiomas
românicos do que do próprio latim. Começa então o período do romance ou romanço
denominação que se dá à língua vulgar nessa fase de transição que termina com o
aparecimento de textos redigidos em cada uma das línguas românicas: francês (séc. IX),
espanhol (séc. X), italiano (séc. X), sardo (séc. XI), provençal (séc. XII), rético (séc. XII),
catalão (séc. XII, ou princípios do séc. XIII), português (séc. XIII), franco-provençal (séc.
XIII), dálmata (séc. XIV) e romeno (séc. XVI).
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A romanização da Península

1. Os romanos chegaram à Península Ibérica no século III a.C., por ocasião da 2.ª Guerra
Púnica, mas só conseguiram dominá-la por completo, ao fim de longas e cruentas lutas, em 19
a.C., quando Augusto venceu a resistência dos altivos povos das Astúrias e da Cantábria.
2. Muito pouco se sabe das antigas populações ibéricas. No início da romanização
habitava a Península uma complexa mistura racial: celtas, iberos, púnico-fenícios, lígures,
gregos e outros grupos mal identificados.
Das línguas desses povos quase nada conservaram os idiomas hispânicos. Com
relativa segurança, atribui-se origem pré-romana apenas a uns quantos sufixos, como: arra
(bocarra), orro- (beatorro), asco- (penhasco) e ego- (borrego) e algumas palavras de
significação concreta: arroio, balsa, barro, Braga (s), carrasco, gordo, lama, lança, lousa,
manteiga, tamuge, tojo, veiga, etc.
3. A romanização da Península não se processou uniformemente. Das três províncias em
que Agripa (27 a.C.) dividiu a Hispânia - a Tarraconense.

3. MORFOLOGIA DOS SUBSTANTIVOS E DOS ADJETIVOS

INTRODUÇÃO ÀS DECLINAÇÕES

Gêneros

O latim, além do masculino e do feminino, tem também o gênero neutro, isto é, nem
masculino nem feminino.

Terminação

O adjunto restritivo, o objeto indireto, o objeto direto, etc., exprimem-se em português por
meio de artigos e preposições.
Em latim não há artigos, por isso a palavra latina rosa pode, conforme as circunstâncias
traduzir-se por: “a rosa”, “uma rosa” ou, simplesmente, “rosa”; os complementos e os
adjuntos se exprimem, em geral, por meio de modificações na parte final das palavras.
À parte final variável de qualquer nome chamaremos terminação.

Casos e Declinações

a) Declinar (ou flexionar) quer dizer acrescentar à parte invariável de um nome as


terminações dos casos.
b) Os Casos são seis: o nominativo para o sujeito e para o predicativo do sujeito; o genitivo
para o adjunto restritivo; o dativo para o obj. indirireto; o acusativo para o obj. dir.; o vocativo
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para o vocativo; o ablativo para o agente da passiva e para muitos adjuntos que serão
estudados mais tarde.
c) As Declinações dos substantivos são cinco e distinguem-se pela terminação do genitivo
singular, a qual é: ae- na primeira declinação, i- na segunda, is- na terceira, us- na quarta, ei-
na quinta.
Por isso os dicionários registram os substantivos, dando por extenso o nominativo singular e
acrescentando a terminação do genitivo singular: nauta, ae marinheiro (1.ª decl.); avus, i avô
(2.ª decl.); civis, is cidadão (3.ª decl.); manus, us mão (4.ª decl.); species, éi espécie (5.ª decl.).

“O professor que, pela vez primeira, abre a gramática na declinação de rosa, rosae, não sabe
sobre que canteiros de flores abre a alma do jovem”.
(Charles Péguy, primoroso romancista francês contemporâneo)

4. PRIMEIRA DECLINAÇÃO

Primeira declinação (Genitivo singular- ae)

Todos os substantivos da 1.ª declinação se flexionam como rosa, rosae (f):

Casos Singular Plural


Nom. ros-a a rosa ros-ae as rosas
Gen. ros-ae da rosa ros-arum das rosas
Dat. ros-ae à rosa ros-is às rosas
Ac. ros-am a rosa ros-as as rosas
Voc. ros-a ó rosa ros-ae ó rosas
Abl. ros-a pela rosa ros-is pelas rosas

Exercícios

a) Declinem-se estes substantivos femininos: casa, casae- choupana; luna, lunae- lua;
rota, rotae- roda; corona, coronae- coroa; via, viae- rua; lacrima, lacrimae- lágrima.

b) Declinem-se estes substantivos masculinos: conviva, ae- comensal; collega, ae-


colega; nauta, ae- marinheiro; poeta, ae- poeta; incola, ae- habitante; scurra, ae- bobo.
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Tradução, Análise de Caso e Função de Frases:

1. Puella amat rosam.


2. Domina vocat ancillam.
3. Nauta amat lunam et stellas.
4. Puellae amant coronas rosarum.
5. Vos donatis puellis coronas rosarum.
6. Opera agricolae fecundat terram.
7. Sapientia est gloria poetarum.
8. Britannia est insula.
9. Viae et silvae et insulae et paeninsulae in Europa sunt.
10. Silvae et viae in insula Britannia sunt.
11. Brasilia est terra magna in America.
12. Lingua nostra est lingua Lusitana.
13. Lingua Lusitana paene lingua latina est.
14. Magna est fama Siciliae.
15. Familiae magnae sunt et vita dura est.

Verbo - 1.ª Conjugação - Presente do Indicativo:

laud-o
lauda-s
lauda-t
lauda-mus
lauda-tis
lauda-nt

Verbos - Presente do Indicativo:

Esse Laudare Delere (Destruir) Legere (Ler) Audire (ouvir)

Sum laudo deleo lego audio


Es laudas deles legis audis
Est laudat delet legit audit
Sumus laudamus delemus legimus audimus
Estis laudatis deletis legitis auditis
Sunt laudant delent legunt audiunt

N.B. Como, para indicar o número, a pessoa do verbo, usam-se desinências ditas pessoais,
assim, na língua latina, não só os verbos têm suas “desinências”, mas também os nomes
(substantivo, adjetivo, pronome) possuem desinências que servem para indicar o caso (função
sintática) e o número.

Aprendemos até agora, entre outras coisas, que:

1. O latim não tem __________________.


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2. Os nomes latinos mudam de forma (desinência) segundo sua _______________ na frase.


3. A ordem das palavras na frase latina é muito mais ________________ do que em
português.
4. O nominativo latino, que no singular tem a desinência ___________ e no plural a
desinência _________ é o caso do _______________ e do _________________.
5. O genitivo latino, que no singular tem a desinência ________ e no plural a desinência
_______________, é o caso do ____________________________.
6. O dativo latino, que no singular tem a desinência _____________ e no plural a
desinência ________________, é o caso do _________________________,
_________________.
7. O acusativo latino, que no singular tem a desinência ___________ e no plural a
desinência ____________, é o caso do _________________________________.
8. O vocativo latino, que no singular tem a desinência _________ e no plural a desinência
____________, é o caso do _________________________________.
9. O ablativo latino, que no singular tem a desinência _____________ e no plural a
desinência _____, é o caso dos ________________ e do ___________________.
10. O conjunto de todas as formas de um nome latino se chama ________________.
11. As desinências pessoais de um verbo latino são: _______, _______, _______, ________,
________, _________.

VERSÃO:

48. Puell habet cas . (A menina tem uma choupana).

49. Naut dedit pulchr ros magistr puell .


(O marinheiro deu uma linda rosa à professora da menina.)

50. Puell portat pulchr ros in corbul .


(A menina leva lindas rosas numa cestinha.)

51. Naut , amatis puell ! (Ó marinheiros, amais as meninas)

52. Pup puell sunt pulchr . (As bonecas das meninas são lindas.)

53. Insul Britanni est magn . (A illha da Inglaterra é grande).

54. Insul Brasili sunt magn . (As ilhas do Brasil são grandes.)

55. Ros rubr sunt in cas agricol .


(As rosas vermelhas estão nas choupanas dos agricultores.) (Há rosas vermelhas nas
choupanas dos agricultores.)

56. In Brasili sunt magn insul . (No Brasil há grandes ilhas).


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Tradução, Análise de Caso e Função II

I - A Descoberta do Mundo Antigo

Nominativo
-a / -ae

1. -Europa: Sicilia est insula. Corsica est insula. Sicilia et Corsica sunt insulae.
Italia non est insula, sed paeninsula. Hispania quoque est paeninsula.
Estne Gallia insula? Non est.
2. - Natura est deae: Minerva, es dea. Diana quoque est dea.
Minerva et Diana, deae estis. Diana est Luna. Suntne luna et terra deae
Luna non est stella.
Lupa est fera. Formica et cicada sunt bestiolae.
3. - Personae. Nasica est agricola. Agrippa est nauta. Seneca est poeta.
Staphyla est ancilla. Sumusne poetae? Non sumus - Estisne agricolae?

II - Italia, Graecia, Gallia

Acusativo
-am / -as

1. Italiam descripsimus:
Itália est antiqua terra. Agricolas, nautas, poetas habuit. Agricolae terram araverunt et
oleas, vineas, curaverunt.
Nautae terram patriam defenderunt.
2. Poetae, multas pugnas narravistis, magnas victorias cecinistis, Romamque amavistis.
3. Galliam olim coluerunt Celtae. Ubi Italiam invaserunt et Romam ceperunt, Graeciam
petierunt. Athenas non ceperunt. Legistine historiam Romanam historiamque Graecam?
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III - Roma Antiqua

1. Roma diu floruit. Romae gloria terras complevit. Roma antiqua pulchra fuit, magnasque
copias habuit. Postremo, fortuna adversa fuit, Romaque periit.
2. Fuisti, Roma. Fortunae tuae reliquiae supersunt. Vidimus marmoreas columnas,
basilicarum formas viasque vacuas.
3. Ubi sunt dearum cellae et aureae statuae? Non audivimus incolarum turbam, non vidimus
victimarum pompas neque athletarum pugnas.
4. Sed potentiae tuae ruína tuam memoriam non delevit. Latinas litteras amavisti, Minerva,
Romaeque famam defendisti.

Exercícios Morfológicos

1. Lusitania et Hispania sunt vicinae.


2. Industria et diligentia rarae sunt in ancillis.
3. Avara est formica et prodiga cicada.
4. Provida est formica, mala tamen.
5. Bruma erit longa; parca igitur esto, o formica.
6. Lusitania, patria mea, mihi est cara.
7. Roma Fortunaque erant deae.
8. Salve, Lusitania, mea patria.
9. Formicae, parvae bestiolae, sunt multae.
10. Laetitia incolarum est magna.
11. Domina laudat diligentiam suarum ancillarum.
12. Ancillae, amate vestras dominas.
13. Poeta vituperavit impudentiam scurrarum.
14. Procella est saepe causa ruinae agricolis.
15. Ornaverunt mensas magnis placentis.

Vocabulário

1. Lusitania, ae, f.: a Lusitânia. - Et.: e. - Hispania, ae, f.: a Espanha. - Sunt: são. - Vicina, ae:
vizinha.
2. Industria, ae, f.: o zelo. - Diligentia, ae, f.: a diligência. – Rara-ae: rara. - In: em. - Ancilla,
ae, f.: a criada.
3. Avara, ae: avara. - Est: é. - Formica, ae, f.: a formiga - At: mas. – PR odiga, ae: pródiga. -
cicada, ae, f.: a cigarra.
4. Provida, ae: previdente. - Mala, ae: má. - Tamen: contudo, ainda que.
5. Bruma, ae, f.: o inverno. - Erit: será. - Longa, ae: comprida, longa. - Parca, ae: poupada.-
igitur: portanto. - Esto: sê. - O: ó.
6. Patria, ae, f: a pátria. - Mea, ae: minha. - Mihi: a mim, para mim. - Cara, ae: querida.

7. Roma, ae, f.: Roma. - Fortuna, ae, f.: a Fortuna. - Que: e. - Erant: eram. - Dea, ae, f.: deusa
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8. Salve: Deus te salve.


9. Parva, ae: pequena. - Bestiola, ae, f.: o animalzinho. - Multa, ae: muita.
10. Laetitia, ae, f.: a alegria. - Incola, ae, m. e f.: o habitante. - Magna, ae: grande.
11. Domina, ae, f.: a senhora. - Laudat: louva. - Sua, ae: sua.
12. Amate: amai. - Vestra, ae: vossa.
13. Poeta, ae, m.: o poeta. - Vituperavit: censurou. - Impudentia, ae, f.: o descaso, atrevimento. -
scurra,ae, m.: o bagunceiro.
14. Procela, ae, f.: a tempestade. - Saepe: muitas vezes. - Causa, ae, f.: a causa. - Ruina, ae, f.:
a ruína. - Agricola, ae, m.: o agricultor.
15. Ornaverunt: ornaram. - Mensa, ae, f.: a mesa. - Placenta, ae, f.: o bolo.

Primeira declinação -Tema em a- (continuação)

1. Copiae romanae vastaverunt insulam Siciliam.


2. Laudamus Graeciam, magistram litterarum.
3. Copiae habent galeas auratas et hastas lentas.
4. Rana in herba ambulat; lusciniae in silvis cantant; tota natura laeta est.
5. Historia victorias, iniustitiam et ruinam Spartae, monstrat; superba fuit et Graeciæ iras
excitavit.
6. Terra opulentas dat copias, non sine cura; socordia est ubique infecunda.
7. Scythiae incolae feras sagittis necant et dilicatae vitae delicias repudiant.
8. Per horas calidas frigidam aquam affectamus, et per horas frigidas flammam amamus.
9. Romanae feminae deabus hostias immolabant.
10. Filiabus agricolarum rosae pulchrae placent.
11. Saevissima domina a servabus occisa est.

Vocabulário

1. Copiae, arum, f.: as tropas. - Romana, ae: romana. - Vastaverunt: devastaram. - Insula, ae,
f.: a ilha. - Sicilia, ae, f.: a Sicilia.
2. Laudamus: louvamos. - Graecia, ae, f.: a Grécia. - Magistra, ae, f.: a mestra. - Litterae,
Arum, f.: as letras, a literatura.
3. Habent: têm. - Galea, ae, f.: o capacete. - Aurara, ae: dourada. - Hasta, ae, f.: a lança. –
Lenta, ae: pesada.
4. Rana, ae, f.: a rã. - Herba, ae, f.: a erva. - Ambulat: anda. - Luscinia, ae, f.: o rouxinol. –
Silva, ae, f.: o bosque. - Cantant: catam. - Tota (gen. arc.: ae): toda. - Natura, ae, f.: a
natureza. - Laeta, ae: alegre.
5. Historia, ae, f.: a história. - Victoria, ae, f.: a vitória. - Iniustitia, ae, f.: a injustiça. - Sparta,
Ae f.: Esparta. - Monstrat: mostra, conta. - Superba, ae: soberba. - Fuit: foi. - Ira, ae, f.: a
ira. - Excitavit: excitante.

6. Terra, ae, f.: a terra. - Opulenta, ae: abundante. - Copia, ae, f.: a riqueza. - Dat: dd. - Non:
não. - Sine: sem. - Cura, ae, f.: o cuidado, o trabalho. - Socordia, ae, f.: a indolência. –
Ubique: em toda a parte.
7. Infecunda, ae: estéril. - Scythia, ae, f.: a Citia. - Fera, ae, f.: a fera. - Sagitta, ae, f.: a seta. –
Necant: matam. - Delicata, ae: delicada. - Vita, ae, f.: a vida. - Delicia, ae, f.: a delícia. –
Repudiant: rejeitam.
8. Per: durante. - Hora, ae, f.: a hora. - Calida, ae: quente. - Frigida, ae: fria. - Aqua, ae, f.: a
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água - Affectamus: desejamos. - Flamma, ae, f.: o fogo. - Amamus: gostamos de.
9. Femina, ae, f.: a mulher. - Hostia, ae, f.: a vítima. - Immolabant: imolaram.
10. Filia, ae, f.: a filha. - Rosa, ae, f.: a rosa. - Pulchra, ae: bela. - Placent: agradam.
11. Saevissima, ae: cradelistima. - Serva, ae: a criada, escrava. - Occisa est: foi morta.

5. SEGUNDA DECLINAÇÃO

2.ª Declinação

Conhecemos já a desinência do genitivo singular desta declinação: i. Qualquer palavra que o


dicionário traga com essa desinência no genitivo singular (por exemplo: romanus, i; liber, bri;
vir, i; bellum, i) pertence à 2.ª declinação.
Acontece, porém, que o nominativo singular dessa declinação não apresenta uma única forma
para todos os nomes. Grande número das palavras pertencentes a esta declinação têm o
nominativo em us: romanus, i; dominus, i; servus, i etc.
Outras, em número menor, têm o nominativo em er: liber, bri; ager, agri; puer, i etc.
Uma palavra existe, desta declinação, que termina em ir no nominativo: vir, viri = varão.
Finalmente, em grupo de palavras neutras que têm o nominativo em um: bellum, i = guerra;
vinum, i = vinho etc.
As palavras neutras são mais fáceis de declinar, porque têm três casos iguais no singular,
nominativo, vocativo e acusativo, que terminam em um, e esses mesmos casos iguais no plural,
que terminam em a.
O vocativo singular das palavras em us termina em geral em e; o das palavras terminadas em er,
ir e um é igual ao nominativo.
Com exceção de algumas (domus = casa, humus = terra, alvus = ventre, colus = roca, vannus =
joeira, periodus = período, methodus = método, dialectus = dialeto - e em geral os nomes de
árvores, ilhas e de alguns países, como Ægyptus, ou cidades, como Saguntus, i), as palavras
terminadas em us são masculinas (existem três que são neutras); as em er são masculinas; a
palavra vir é masculina e as palavras em um, como vimos, são neutras.
Os casos não observados (genitivo, dativo e ablativo) são iguais para todos os gêneros.
Estabelecidas essas normas, podemos ver e decorar muito bem as desinências da 2.ª declinação.
(Chamo a atenção para as abreviações: m. = masculino; f. = feminino; n. = neutro).

Como sabemos, uma vez conhecido o genitivo singular, sabe-se qual é o radical da palavra; para
declinar os demais casos, é suficiente acrescentar as desinências ao radical. Declinemos
dominus, domini (masc.; = senhor) e bellum, belli (neutro; = guerra):

NOM. DOMINUS DOMINI PUER PUERI


GEN. DOMINI DOMINORUM PUERI PUERORUM
DAT. DOMINO DOMINIS PUERO PUERIS
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ACUS. DONINUM DONINOS PUERUM PUEROS


VOC. DOMINE DOMINI PUER PUERI
ABL. DOMINO DOMINIS PUERO PUERIS

NOM. AGER AGRI TEMPLUM TEMPLA


GEN. AGRI AGRORUM TEMPLI TEMPLORUM
DAT. AGRO AGRIS TEMPLO TEMPLIS
ACUS. AGRUM AGROS TEMPLUM TEMPLA
VOC. AGER AGRI TEMPLUM TEMPLA
ABL. AGRO AGRIS TEMPLO TEMPLIS

2.ª Declinação - Algumas Observações:

a) Como vimos, há palavras que no plural podem ter, além do primeiro, um segundo
significado:
singular plural
auxilium (n.) = auxílio auxilia = tropas auxiliares
bonum (n.) = bem bona = propriedades, bens
castrum (n.) = castelo castra = acampamento
comitium (n.) = lugar para comício comitia = reunião do povo, comicio
hortus (m.) = jardim horta = parque, jardim público
impedimentum (n.) = impedimento impedimenta= bagagens do exército
ludus (m.) = jogo, divertimento ludi = espetáculo público
rostrum (n.) = bico de pássaro, rostro rostra = tribuna de orador

b) Outras há que só se usam no plural:


arma, orum = armas
liberi, orum (ou liberum) = meninos (com o significado de filhos)
Argi, orum = Argos
Veii, Veiorum - Veios

Questionário

1. Qual é o caso que importa conhecer para identificar a declinação de um substantivo?


Como termina na 2.ª declinação?
2. Quais são as terminações do nominativo singular da 2.ª declinação?
3. Os nomes terminados em us a que gênero geralmente pertencem?
4. Que palavras terminadas em us são femininas?
5. De que gênero são as palavras da 2.ª declinação terminadas em er?
6. Qual é a única palavra da 2.ª declinação cujo nominativo é em ir?
7. De que gênero são as palavras da 2.ª declinação terminadas em um?
8. Quais são os três casos iguais das palavras netras? No singular da 2.ª declinação como
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terminam? E no plural?
9. Como é o vocativo singular dos nomes terminados em us?
10. O vocativo das palavras terminadas em er, ir e um é igual ao nominativo?
11. Decline uma destas palavras: servus, i; amicus, i; discipulus, i.

2.ª Declinação (outras observações)

O genitivo singular da 2.ª declinação pode apresentar às vezes dois ii. Isto acontece quando a
palavra já tem um i radical, ou seja, quando no nominativo termina em ius ou em ium. Por
exemplo: fluvius (rio) tem por radical fluvii. É claro que no nominativo e no vocativo plural o
mesmo fenômeno se opera, aparecendo ainda dois ii no dativo e no ablativo do plural. Outros
exemplos: nuntius, nuntii; vicarius, vicarii; impius, impii; filius, filii; auxilium, auxilii;
proclium, proclii etc. (Em tais palavras, os dicionários costumam indicar os dois ii do genitivo:
nuntius, ii).
Para maior segurança vejamos a declinação de um desses nomes, tendo o cuidado de pronunciar
destacadamente os dois ii nos casos citados:

singular plural
Nom. fluvi-us Nom. fluvi-i
Voc. fluvi-e Voc. fluvi-i
Gen. fluvi-i Gen. fluvi-orum
Dat. fluvi-o Dat. fluvi-is
Abl. fluvi-o Abl. fluvi-is
Ac. fluvi-um Ac. fluvi-os

a) Deus, Dei (= Deus), agnus, agni (= cordeiro) e chorus, chori (= coro) têm o vocativo igual
ao nominativo.
b) Filius, filii (= filho) tem o vocativo singular irregular fili.
c) Os nomes próprios em ius, de i (i breve) no nominativo, terminam no vocativo em i:
Demetrius, Demetri. Os nomes próprios em ius, de i (i longo) no nominativo, terminam no
vocativo em ie: Darius, Darie.
d) Além da irregularidade observada no vocativo, a palavra Deus apresenta outras
irregularidades. Vamos declinar este nome:

singular plural

Nom. DEUS DEI, DII, DI


Gen. DEI DEORUM, DEUM
Dat. DEO DEIS, DIIS, DIS
AC. DEUM DEOS
Voc. DEUS DEI, DII, DI
ABL. DEO DEIS

e) Alguns nomes têm geralmente o genitivo plural em um em vez de orum: sestertius,


sestertium; modius, modium, decemvir, decemvirum.
f) Outros, a exemplo de Deus, têm o genitivo plural em orum ou em um: liberi (meninos,
filhos): liberorum ou liberum. Faber (obreiro) e socius (aliado) têm o genitivo plural em
um nas expressões praefectus fabrum (comandante dos obreiros militares) e praefectus
socium (comandante dos aliados).
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Não sei se o aluno notou que a desinência do dativo e do ablativo do plural é igual na 2.ª
declinação e na 1.ª declinação. Ao mesmo tempo em que isso facilita decorar a 2.ª declinação,
sugere observar o seguinte: O dativo e o ablativo plural de filia, ae (= filha) é também filiis.
Como saber distinguir uma palavra da outra? Em tais casos, o latim adota para a 1.ª declinação a
desinência abus para o dativo e ablativo plural. Se não houver perigo de confusão, poder-se-á,
indiferentemente, empregar filiabus ou filiis: duabus filiabus ou duabus filiis, porque duabus
denota, por si, tratar-se do nome feminino filia, ae.
Outras palavras que podem trazer essa confusão e seguem essa irregularidade nos casos citados:

1.ª declinação dat. e abl. plural


anima, ae (f.) = alma animabus
dea, deae (f.) = deusa deabus
filia, ae (f.) = filha filiabus
liberta, ae (f.) = livre libertabus
famula, ae (f.) = serva famulabus
nata, ae (f.) = filha natabus
mula, ae (f.) = mula mulabus
equa, ae (f.) = égua equabus
asina, ae (f.) = jumenta, burra asinabus

Decline as seguintes palavras:

1. pulcher-chri (belo)
2. servus-i (servo)
3. dominus-i (senhor)
4. liber-bri (livro)
5. aper-pri (javali)
6. pomum-i (fruto)
7. perum-i (pêra)
8. morbus-i (doença)
9. magister-tri (professor)
10.liber-i (livre) 1.miser-i (miserável)
12.ventus-i (vento)
13.aurum-i (ouro)

Vocativo singular na 2.ª declinação de nomes terminados em IUs


Os nomes próprios de pessoas, cujo Nominativo singular termina em -ius, têm o Vocativo
singular terminado somente por um -i:
N. Caius Vergilius Horatius
V. Cai Vergili Horati
O mesmo se dá com meus, filius e genius, ou seja, no Vocativo: mi, fili e geni.

2.ª declinação dat. e abl. plural


animus, i (m.) = espírito animis
deus, dei (m.) = deus diis (ou deis)
filius, i (m.) = filho filiis
libertus, i (m.) = livre libertis
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famulus, i (m.) = servo famulis


natus, i (m.) = filho natis
mulus, i (m.) = mulo, um mulis
equus, i (m.) = cavalo equis
asinus, i (m.) = burro, jumento asinis

Questionário

1. Uma palavra da 2.ª declinação pode apresentar dois ii no genitivo singular? Quando
acontece isso? Em quais outros casos se dá o aparecimento desses dois ii?
2. Decline nuntius, ii.
3. Qual é o vocativo de Deus? Quais as outras palavras nas mesmas condições de Deus?
4. Decline Deus, Dei.
5. Qual é o vocativo de filius, ii? Decline essa palavra.
6. Por que é filiabus o dativo e o ablativo plural de filia, ae? Quais as outras palavras em
idênticas condições?

Exercício: traduzir em latim

vocabulário
afugentar - fugo, are ímpio - impius, ii
aluno - alumnus, i (1) jardim - hortus, i
amigo - amicus, i lobo - lupus, i
cavalo - equus, i patrão - herus, i
circundar - circundo, are recusar - recuso, are
criado - servus, i riacho - rivus, i
Deus - Deus, Dei rio - fluvius, ii m.
disposição - anímus, i sujar - inquíno, are (2)
filho - filius, ii

(1) Pronuncie todas as consoantes: alúmnus, alúmni.


(2) Muita atenção sempre com o acento; se o i é breve, não poderá ser acentuado quando
Constituir a penúltima sílaba: inquinas, inquinal, inquinámus, inquinátis, inquinant.
Àsinus; ásini.

1. Deus dá disposição aos alunos.


2. O rio circunda o jardim.
3. Os criados do patrão afugentam os cavalos.
4. Os lobos sujam as águas dos riachos e dos rios.
5. Recusamos os filhos e os amigos dos ímpios.

Exercício: traduzir em português

vocabulário

accuso, are - acusar filius, ii - filho


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asínus, i - burro herus, i - patrão


concordia, ae - concórdia patrientia, ae - paciência
Deus, Dei - Deus praedico, are - gabar
equus, i - cavalo servus, i - criado, escravo
existimo, are - apreciar verbero, are - açoitar, surrar

1. Ancillae servos herorum accusant.


2. Herorum et servorum concordiam praedicant.
3. Agricolarum equos et asínos verberatis.
4. Reginae filii prudentiam existimamus.
5. Servorum filiis et filiabus Deus prudentiam et patientiam dat.

VII - DE VITA RUSTICA

1. - Quintus antiquus Romanus fuit. QUINTUS FOI UM ANTIGO ROMANO. Antiqui


Romani erant agricolae. OS ANTIGOS ROMANOS ERAM AGRICULTORES. Quintus
barbam horridam et magnun capillum habuit. QUINTUS TEVE UMA BARBA
ENROLADA E UM CABELO COMPRIDO. Habuit quoque togam. TEVE TAMBÉM UMA
TOGA. Barbatus erat et togatus. ERA BARBADO E TOGADO.
2. - Quinti vita honesta fuit. A VIDA DE QUINTUS FOI HONESTA. Terram in fundo suo
aravit. AROU A TERRA EM SUA PROPRIEDADE. Servos et ancillas habuit. TEVE
ESCRAVOS E ESCRAVAS. Dominus familiam exercuit, ancillis et servis imperavit.O
SENHOR CHEFIOU A FAMÍLIA, CUIDOU DOS ESCRAVOS E DAS ESCRAVAS.
Servorum opera, et industria sua, pecuniam fecit. COM O TRABALHO DOS SERVOS E
DE SUA DEDICAÇÃO, FEZ RIQUEZA.
3. - Unicum filium Quintus habuit: Marcum. TEVE UM ÚNICO FILHO: MARCO. “Marce
fili, terram colui, colui deos. MEU FILHO MARCO, CULTIVEI A TERRA, CULTIVEI OS
DEUSES. Di boni, semper quieto animo vixi.” Ó BONS DEUSES, SEMPRE VIVI
TRANQÜILAMENTE. Ubi Quintus animam efflavit, filio honestae vitae memoriam,
familiam pecuniamque reliquit. DEPOIS QUE QUINTUS MORREU, DEIXOU PARA O
FILHO A MEMÓRIA DE UMA VIDA HONESTA, A FAMÍLIA E A RIQUEZA.

Exercícios

1. Bonus discipulus est magnum exemplu m. O BOM ALUNO É UM GRANDE


EXEMPLO. 2. Templum Dei sanctum est. O TEMPLO DE DEUS É SANTO.
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3. Vergilius magnus poeta latinus fuit. VERGÍLIO FOI UM GRANDE POETA LATINO. 4.
Poetæ Romani erant docti; seduli enim discipuli fuerant. OS POETAS ROMANOS ERAM
SÁBIOS; NA VERDADE TINHAM SIDO ALUNOS APLICADOS. 5. Pueri, seduli estote;
industria enim est primum vestrum officium. MENINOS, SEDE APLICADOS; NA
VERDADE O TRABALHO É O VOSSO PRIMEIRO DEVER. 6. Aderant docti magistri; sed
aberant impigri discipuli. ESTAVAM PRESENTES OS SÁBIOS PROFESSORES; MAS
ESTAVAM AUSENTES OS DEDICADOS ALUNOS. 7. Tagus et Durius magni sunt fluvii.
O TEJO E O DOURO SÃO GRANDES RIOS. 8. O Tityre, beatus es. Ó TÍTIRO, ÉS FELIZ.
9. Fili mi, esto iustus et sanctus. FILHO MEU, SÊ JUSTO E SANTO. 10. Populus Romanus
magnificos ludos amabat. O POVO ROMANO AMAVA OS GRANDIOSOS JOGOS. 11.
Galli pagi strenuos villæ incolas excitant. OS GALOS DA ALDEIA DESPERTAM OS
DEDICADOS HABITANTES DA VILA. 12. Studium linguae latinæ discipulo impigro
gaudium est. O ESTUDO DA LÍNGUA LATINA É A FELICIDADE PARA O ALUNO
DEDICADO. 13. Habemus cerebrum, oculos, supercilia, labra, mentum, collum, dorsum.
TEMOS CÉREBRO, OLHOS, SOBRANCELHAS, LÁBIOS E DORSO. 14. Praecipua
metalla sunt aurum, argentum, ferrum et plumbum. OS PRINCIPAIS METAIS SÃO O
OURO, A PRATA, O FERRO E O CHUMBO. 15. Boni discipuli semper mundos libros
habent. OS BONS ALUNOS SEMPRE TÊM OS LIVROS LIMPOS. 16. Nigri apri soceri
nostri campum vastaverunt. OS NEGROS JAVALIS DEVASTARAM O CAMPO DE
NOSSO SOGRO. 17. In libris pigrorum discipulorum sunt sæpe lacerae paginæ. NOS
LIVROS DOS PREGUIÇOSOS ALUNOS SEMPRE HÁ PÁGINAS RASGADAS. 18.
Pulchra præmia studiosis discipulis dabimus. BELOS PRÊMIOS DAREMOS AOS
ALUNOS ESTUDIOSOS. 19. Temperamus aqua rubrum vinum. MISTURAMOS VINHO
TINTO À ÁGUA. 20. Fraudavistis, o mali ministri, dominum vestrum bonis. TIRASTES, Ó
MAUS MINISTROS OS BENS DE VOSSO SENHOR.

Vocabulário

1. Bonus, i: bom. - Discupulus, i, m.: o discípulo. - Magnum, i: grande. - Exemplum, i, n.: o


exemplo.
2. Templum, i, n.: o templo. - Deus, i, m.: Deus. - Sanctum, i: santo.
3. Vergilius, i, m.: Vergílio. - Latinus, i: latino.
4. Doctus, i: douto, sábio. - Sedulus, i: diligente. - Fuerant: tinham sido.
5. Puer, ri, m.: o menino. - Estote: sede. - Primum, i: primeiro. - Vestrum, i: vosso. -
Officium, i, n.: o dever.
6. Aderant: estavam presentes. - Magister, tri, m.: o professor. - Sed: mas. - Aberant: estavam
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ausentes. - Impiger, gri: diligente.


7. Tagus, i, m.: o Tejo. - Durius, i, m.: o Douro. - Fluvius, i, m.: o rio.
8. Tityrus, i, m.: Titiro. - Beatus, i: feliz. - Es: és.
9. Filius, i, m.: o filho. - Mi: meu. - Iustus, i: justo. - Sanctus, i: santo.
10. Populus, i, m.: o povo. - Magnificus, i: grandioso. - Ludus, i, m.: o jogo. - Amabat:
gostava de.
11. Gallus, i, m.: o galo. - Pagus, i, m.: a aldeia. - Strenuus, i: diligente. - Excitant: despertam.
12. Studium, i, m.: o estudo. - Língua, ae, f.: a língua. - Gaudium, i, n.: o gozo.

13. Habemos: temos. - Cerebrum, ri, n.: o cérebro. - Oculus, i, m.: o olho. - Supercilium, i, n.:
a sobrancelha. - Labrum, i, n.: o lábio. - Mentum, i, n.: o queixo. - Collum, i, n.: o
pescoço. - Dorsum, i, n.: o dorso, as costas.
14. Praecipuum, i: principal. - Metallum, i, n.: o metal. - Aurum, i, n.: o ouro. - Argentum, i,
n.: a prata. - Ferrum, i, n.: o ferro. - Plumbum, i, n.: o chumbo.
15. Semper: sempre. - Mundus, i: limpo. - Liber, bri, m.: o livro.
16. Niger, gri: negro. - Aper, apri, m.: o javali. - Socer, ri, m.: o sogro. - Noster, tri: nosso. -
Campus, i, m.: o campo.
17. Piger, gri: preguiçoso. - Lacera, ae: rasgada. - Pagina, ae, f.: a página.
18. Praemium, i, n.: o prêmio. - Strudiosus, i: estudioso. - Dabimus: daremos.
19. Temperamus: misturamos. - Rubrum, i: vermelho. - Vinum, i, n.: o vinho.
20. Fraudavistis: defraudastes. - Malus, i: mau. - Minister, tri, m.: o ministro. - Dominus, i,
m: o senhor. - Vester, tri: vosso. - Bonum, i, n.: o bem.

BONUS, BONA, BONUM


Os adjetivos em latim distribuem-se em vários grupos, dos quais passaremos a estudar o
primeiro, cujo modelo é bonus, bona, bonum. Os adjetivos deste grupo sempre se enunciam
dessa maneira, citando-se as três formas do nominativo singular. Bonus corresponde ao
masculino (= bom); bona, ao feminino (= boa) e bonum corresponde ao neutro, gênero
inexistente para os adjetivos portugueses.
O masculino (bonus) segue a 2.ª declinação, declinando-se como dominus; o feminino (bona)
segue a 1.ª declinação, declinando-se como rosa e o neutro (bonum) segue também a 2.ª,
declinando-se como bellum, belli.
Fácil é, portanto, para quem sabe bem a 1.ª e a 2.ª declinação, dos substantivos, declinar um
adjetivo desta classe.

singular
m. (2.ª) f. (1.ª) n. (2.ª)
Nom. bonus bona bonum
Voc. bone bona bonum
Gen. boni bonae boni
Dat. bono bonae bono
Abl. bono bona bono
Ac. bonum bonam bonum
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plural
m. (2.ª) f. (1.ª) n. (2.ª)
Nom. boni bonae bona
Voc. boni bonae bona
Gen. bonorum bonarum bonorum
Dat. bonis bonis bonis
Abl. bonis bonis bonis
Ac. bonos bonas bona

O cuidado único para declinar os adjetivos é o de encontrar o radical, o que se consegue da


mesma forma que nos substantivos. Para o caso presente, basta que se tire a desinência us: bom,
magn, parv, alt, depress, nov, pi, me, tu, su.
Os dicionários e os vocabulários indicam os adjetivos pelas terminações do nominativo,
apresentando o masculino inteiro, depois um a e o um: bonus, a, um.
Outro exemplo: parvus, a, um. Com isso sabemos que se trata de um adjetivo da 1.ª classe, que
se declina como bonus, a, um, e que o radical é o parv.

Outros exemplos

magnus, a, um = grande antiques, a, um = antigo


parvus, a, um = pequeno pius, a, um = piedoso
altus, a, um = alto malus, a, um = mau
depressus, a, um = baixo meus, a, um = meu
novus, a, um = novo tuus, a, um = teu
notus, a, um = conhecido suus, a, um = seu

Tal qual acontece em português, também em latim, o adjetivo concorda com o substantivo a que
se refere, isto é, o adjetivo deve ir para o gênero, para o número e para o caso do substantivo
com que se relaciona:

vir bonus vir bonus = o homem bom


nom. masc. sing. nom. masc. sing.

virorum bonorum virorum bonorum = dos homens bons


gen. masc. plural gen. masc. plural

alumnae novae alumnae novae = as alunas novas


nom. fem. plural nom. fem. plural

bella mala bella mala = as guerras más


nom. neutro pl. nom. neutro pl.

a) O adjetivo coloca-se ordinariamente depois do substantivo. Essa colocação é até proveitosa,


porquanto, uma vez encontrado o substantivo latino, o aluno fica conhecendo o gênero do
substantivo com o qual deverá concordar o adjetivo. Suponhamos a frase: grande guerra; é
impossível traduzir o adjetivo grande sem antes saber como é guerra em latim e de que gênero é.
Procurando-se no dicionário, encontra-se “guerra - bellum, i n (neutro).” O adjetivo, portanto,
será magnum, também neutro.
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b) Quando o substantivo vem regendo um genitivo, coloca-se o adjetivo em 1.º lugar, em


seguida o genitivo e por último o substantivo:

Português: A piedosa filha da rainha.


Latim: Pia reginae filia.

Questionário

1. Quantas formas possui em latim o adjetivo bom no nominativo singular?


2. Que declinação segue essas formas?
3. Decline bonus, a, um, recitando sempre, em cada caso, os três gêneros em seguida.
4. Como concorda o adjetivo com o substantivo a que se refere?
5. Comumente, o adjetivo vem antes ou depois do substantivo? Há vantagens nessa
colocação? Por quê?
6. Quando o substantivo, já acompanhado de adjetivo, vem regendo um genitivo, qual a
posição que se dá às palavras em latim?
7. Decline, conjuntamente, em todos os casos do singular e do plural, o substantivo e o
adjetivo das seguintes frases (não recorra à lição):

a) donunus bonus
b) insula longa
c) bellum nefastum
d) agricola operosus
e) periódus longa

Decline os seguintes adjetivos:

1. purus-a-um 5. sanus-a-um 9. piger-a-um


2. rarus-a-um 6. liber-a-um 10. miser-a-um
3. insanus-a-um 7. pulcher-chra-chrum 11. secer-cra-crum
4. altus-a-um 8. vafer-fra-frum 12. tener-a-um

Pronomes

Pronomes pessoais:

N. Ego Nos N. Tu Vos


G. Mei Nostrum/nostri G. Tui Vestrum/Vestri
D. Mihi Nobis D. Tibi Vobis
Ac. Me Nos Ac. Te Vos
V. ----- ----- V. Tu Vos
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Ab. Me Nobis Ab. Te Vobis

Um de nós-nostrum (partitivo)

Tende pidade de nós: nostri (complemento nominal)

Pronomes possessivos:

N. meus-mea-meum N. mei-meae-mea
G. mei-meae-mei G. meorum-mearum-meorum
D. meo-meae-meo D. meis
Ac. meum-meam-meum Ac. meos-meas-mea
V. mi-mea-meum V. mei-meae-mea
Ab. meo-mea-meo Ab. meos

N. tuus-tua-tuum
Não tem vocativo

N. noster-nostra-nostrum
Não tem vocativo

N. vester-vestra-vestrum
Não tem vocativo

N. suas-sua-suum
Não tem vocativo

Pronome reflexivo:

N. ----
G. sui
D. sibi
Ac. se
V. ----
Ab. se

Exercício: traduzir em português

Vocabulário

bonus, a, um - bom perniciosus, a, um - pernicioso, prejudicial


discipulus, i - discípulo proelium, ii, n. - combate
ingratus, a, um - ingrato puer, i - menino
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liber, bri - livro sed (conj.) - mas


magister, tri - mestre, professor socer, eri - sogro
meus, a, um - meu tuus, a, um - teu

1. Libri bonis pueris boni sunt.(1)


2. Magister meus amici mei discipulus fuit.(2)
3. Socer tuus agricola fuit et agricolas amat.
4. Pueri, ingrati estis.
5. Proelium non magistris sed pueris perniciosum fuerat.
Exercício: traduzir em latim

Vocabulário

alegre - lactus, a, um latino - latinus, a, um


benéfico - beneficus, a, um língua - lingua, ae
campo - ager, agri prejudicial - noxius, a, um;
genro - gener, erri perniciosus, a, um
chuva - pluvia, ae varão - vir, viri
conhecido - notus, a, um variado - varius, a, um
dinheiro - pecunia, ae f. vocábulo - vocabulum, i n.
escrito - scriptum, i n. vulgo - vulgus, i n.

1. Muitos vocábulos da língua latina são conhecidos para os meus discípulos.


2. O dinheiro não é benéfico para o meu genro.
3. Os escritos dos varões tinham sido variados.
4. As chuvas foram (pret. Perf.) prejudiciais aos campos.
5. O vulgo é alegre.(3)

(1) Observe bem que bonis, adjetivo como é, está se referindo a um substantivo do mesmo
caso, número e gênero. “Boni sunt”: aqui boni é predicativo; a leitura deve ser (o traço
representa pausa; a linha „pontilhada‟, pausa menor): Libri | bonis pueris ¦ boni sunt.
(2) A leitura deve ser: Magister meus | amici mei ¦ discipulus fuit.
(3) Espero que preste atenção na concordância do predicativo com o sujeito.

6. VOZ PASSIVA & AGENTE DA PASSIVA

Voz passiva - Agente da passiva

Vimos, que o sujeito de um verbo é aquilo que pratica a ação expressa pelo verbo. Na oração “O
menino quebrou o brinquedo”, menino é sujeito do verbo quebrar, porque é ele quem pratica a
ação de quebrar. Pois bem, quando o sujeito pratica a ação, isto é, quando age, o verbo está na
voz ativa.
Quando, então, um verbo está na voz ativa? - Um verbo está na voz ativa quando o sujeito
pratica a ação do verbo.
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Vejamos agora o caso em que o sujeito, em vez de praticar, recebe a ação do verbo. Na oração
“O menino foi castigado pelo professor”, qual é o sujeito? Descobre-se, fazendo-se a pergunta
que já sabemos: “Quem foi castigado pelo professor?” - O menino. O sujeito, portanto, é
menino.
Agora eu pergunto: O menino praticou ou recebeu a ação de castigar? Naturalmente que
recebeu, porque quem praticou a ação de castigar foi o professor.
Estamos dessa forma, vendo um caso em que o sujeito recebe, sofre a ação em vez de praticar.
Pois bem, quando o sujeito recebe, sofre a ação do verbo, o verbo está na voz passiva.
Nota: A palavra (passivo) prende-se à mesma raiz latina de paixão (lat. passio, passionis);
ambas têm relação com sofrer, padecer (paixão de Cristo = sofrimento de Cristo); daí a
significação de verbo “passivo”: verbo cuja ação é sofrida pelo sujeito.
Como se analisa o complemento “pelo professor” na oração que acabamos de ver - “O menino
foi castigado pelo professor”? Chama-se agente da passiva. Agente da passiva é, portanto, o
complemento que nas orações passivas pratica a ação.
Nota: O agente da passiva costuma aparecer, em português, acompanhado de preposição per ou
por (per + o = pelo; per + a = pela); em alguns casos, em vez de per aparece a preposição de,
principalmente com verbos que exprimem sentimentos: “ser querido das crianças” - “ser
temidos dos néscios” - “ser amado de todos”.
O sujeito da oração passiva vai para o nominativo. O verbo coloca-se em forma especial para
indicar passividade, e o agente da passiva como se traduz? Coloca-se no ablativo.
Quando o agente da passiva é coisa, é ser inanimado, basta ir para o ablativo. Quando é pessoa
ou qualquer ser animado, ou considerado animado pelo autor, além de ir para o ablativo deve ir
antecedido da preposição a ou ab, empregando-se a quando a palavra começa por consoante, e
ab quando começa por vogal ou por h.

a) de extensão no espaço e no tempo:


Nauta pugnavit hasta sex podes longa.
Nauta pugnavit quinquo horas.
b) de causa: (com as preposições propter ou ob):
Nauta pugnavit propter puellam.
Nauta pugnavit ob pocuniun.

Vocativo - caso da pessoa ou coisa a que nos dirigimos diretamente; é o caso da interpelação.
Vale por interjeição e se constrói com independência do resto da oração. Para maior ênfase,
pode ser acompanhado pela interjeição:
Salvo, o Patria! Valo, puella! Valoto, puellae!

Ablativo - caso da maioria dos adjuntos adverbiais, em latim. Principais exemplos:


a) por quem (agente da passiva): Puella a nauta amatur.
b) por causa de: Nauta occidit puellam pecunia. (ou propter pecuniam)
c) com quem: Nauta ambulat com puella.
d) a respeito de, sobre: Fabula de columba et formica.
e) como, de que modo: Puella nautam cum laetitia amat.
Puella nautam magna laetitia amat. / Puella nautam cum magna laetitia amat.
f) com que, por meio de: Nauta hasta pugnavit.
g) tempo (sem idéia de duração, tempo pontual): Nauta venit tertia hora.
h) lugar onde (normalmente com a preposição in):
Puella est in Italia.
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N.B. Puella est Romae. (locativo).


i) lugar donde (sozinho ou com preposições: ex, de, ab...):
Poeta venit ex Italia.
Pila de mensa cecidit.
j) origem: Puella ex optima familia nata.
k) separação: Puella excodit casa (ou ex casa).

Caso do complemento nominal de nomes que significam:

I. separação (material ou figurada): livre de...; diferente de...; afastado de...:


Ancilla, libera a catenis, venit ad patriam.
II. abundância ou privação: cheio do...; vazio de...; contente com...:
Puella habet corbulam plenam rosis.
Vita ancillae orat vacua laetitia.
Ancilla sua sorte contenta est.

Os principais adjuntos adverbiais de lugar são quatro:

a) O adjunto de lugar “ONDE” indica o lugar no qual alguém está ou faz alguma ação:
Estamos na aula; Cicero combateu na Ásia.
Traduz-se com o ablat. precedido pela prep. in: Sumus in shcola; Cicero in Asia pugnavit.
b) O adjunto de lugar “DONDE” indica o lugar do qual alguém (ou algo) se afasta:
Antonio partiu da Gália; A sabedoria afasta dos ânimos a tristeza. Traduz-se com o abl.
precedido por uma destas preposições ab, ex, de: Antonius de Gallia discessit; Sapientia ex
(ab) animo tristitiam fugat.
Obs. 1.ª - Diante de consoante que não seja h, as preposições ab e ex podem mudar-se
Respectivamente em a e c: Ab legione ou a legione (da legião): ex Gallia ou e Gallia (da
Gália).
Obs. 2.ª - Preste-se atenção ao sentido da oração para não confundir o adjunto de lugar com o
adjunto restritivo.
c) O adjunto de lugar “POR ONDE” indica o lugar através do qual se passa. Esse adjunto, em
português, é geralmente precedido pela prep. por ou pela locução através de: Os romanos
passaram por bosques densos e escuros; Os lobos correm através dos campos.
Traduz-se com o acusat. precedido pela prep. per: Romani per densas et obscuras silvas
transiérunt; Lupi per agros currunt.
d) O adjunto de lugar “PARA ONDE” indica o lugar para o qual alguém se dirige: O aluno
entra na aula; César foi para a Espanha; A frota chegou ao porto; O cordeiro foi ao rio.
Esse adjunto, em português, é geralmente precedido por uma destas preposições : em, para, a.
Traduz-se em latim com o acusat. precedido pela preposição in (principalmente quando se
indica entrada num lugar) ou ad (quando não se indica entrada num lugar): Discipulus in
scholam intrat; Caesar in Hispaniam contendit; Classis in portum venit; Ad rivum agnus venit.

1ª observação:
a) Para termos o adjunto de lugar para onde não basta que o verbo indique movimento, mas é
preciso que quem faça a ação, mude de lugar: Os meninos nadam na piscina, pueri natant in
piscina (adjunto de lugar onde, e não para onde).
b) Desde que o adjunto de lugar para onde só pode ser encontrado após as palavras que indicam
movimento, não será difícil distinguí-lo do objeto indireto.
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2.ª observação:
Qualquer adjunto se traduz de acordo com as regras acima, ainda que exprima uma
circunstância figurada e não real. Nos exemplos “Vivo nas letras; mandei uma carta para
Pompeu” temos um adjunto de lugar onde e um adjunto de lugar para onde figurados, mas a
tradução é regular: In literis vivo; ad Pompelum epistulam misi.

Vocabulário

batalha- praelium onde- ubi


caneta- cálamus (m) negligência- neglegentia
cavalo- equus planície- campus (m)
combater- pugnare prado- pratum
correr- cúrrere repreender- vituperare (vitúpero)
car- dare quarto- cubiculum
cescansar- quiéscere rua- via
fera- fera selva- silva
igreja- Ecclesia sinal- signum
logo- imediatamente prótinus trincheira- vallum

Voz Passiva - Agente da Passiva

Exemplos de traduções de agente da passiva constituído de coisa (ablativo sem preposição):

Ele foi envenenado por erva- herba


O país foi salvo pela fuga- fuga
Os habitantes foram sacrificados pela guerra- bello
O campo estava iluminado pela lua- luna

Exemplos de traduções de agente da passiva constituído de pessoa (ablativo com preposição a


ou ab):

O menino foi castigado pelo professor- a magistro


O mundo foi criado por Deus- a Deo
As ilhas são conhecidas pelos marinheiros- a nautis
Os campos foram salvos pelos amigos- ab amicis
Os empregados foram gratificados pelo patrão- ab hero
A eloqüência foi dada pela natureza- a natura (o autor considerou animado o agente)

O português indica a passividade geralmente de duas maneiras:

1.ª) Mediante os verbos ser e estar e o particípio de certos verbos ativos: ser visto (sou visto, és
visto, é visto, etc.); estar preso (estou preso, estás preso, está preso, etc.).
Notas:
a) Também o verbo ficar presta, ás vezes, para indicar a voz passiva; na oração: “Ele foi preso”
- podemos, sem sacrifício do sentido passivo da oração, substituir o foi por ficou: “Ele ficou
preso”.
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b) O português não possui flexões verbais sintéticas para - verbo passivo; em latim o indicativo
presente passivo de amar se expressa por uma única palavra - amor (pronuncie ámor) - ao passo
que o português necessita de duas: sou amado.
2.ª) Mediante o pronome se, que então se diz pronome apassivador.
Na oração “alugam-se casas” - casas não pratica a ação de alugar e, sim, recebe, sofre tal ação, o
que eqüivale a dizer que casas não é o agente, mas, o paciente da ação verbal. O verbo é
passivo, e essa passividade é indicada pelo pronome se. A oração “Alugam-se casas” é idêntica
à oração “Casas são alugadas”; em ambas o sujeito é casas.
Questionário

1. Quando um verbo está na voz ativa?


2. Quando um verbo está na voz passiva?
3. Que é agente da passiva?
4. Em que caso se coloca em latim o agente da passiva?
5. Quando o agente da passiva é constituído de pessoa, que preposição se emprega antes do
ablativo? Quando se coloca a, quando ab?
6. Geralmente de quantas maneiras o português indica passividade e quais são?

Exercício

Vocabulário

Antônio - Antionius, ii honesto - honestus, a, um


consciência - conscientia, ae Senhor - Dominus, i
mestre - magister, tri

Traduzir somente as palavras grifadas das seguintes orações:

1. Os maus são castigados pela consciência.


2. Os maus são castigados pelo Senhor.
3. Ele foi preso por Antônio.
4. O bom aluno é estimado dos mestres.
5. O comandante ficou envaidecido pela vitória.
6. Nero era termido pelos romanos.
7. As lições foram dadas pelos alunos.
8. Eles são levados pelos prêmios.
9. Os homens perversos serão desprezados pelos honestos.
10. Por muitos varões foi trazido o cavalo.

Questionário

1. Quais são as desinências pessoais do presente do indicativo da voz ativa?


2. Quais as desinências pessoais do presente do indicativo da voz passiva?
3. Que é preciso fazer para passar um verbo do presente do indicativo ativo para o presente do
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indicativo passivo?
4. Conjugue, na voz ativa, o imperfeito do indicativo de voco, are.
5. Conjugue esse mesmo tempo na voz passiva.
6. Para se assegurar da tradução perfeita de um trecho latino, que deve o aluno procurar em
primeiro lugar? Por quê?

Exercício: traduzir em português

Vocabulário

auxilium, ii, n. - auxílio mundus, i - mundo, universo


Belgae, arum - belgas pocúlum, i n. - copo
celébro, are - celebrar rogo, are - pedir, rogar
expugno, are - subjugar Romani, orum - romanos
Galli, orum - gauleses vir, viri - varão, homem
paro, are - preparar (frases 4, 5, 6), proporcionar

1. Reginae a poetis celebrantur (1).


2. Auxilium a viro rogabatur.
3. Puéris bonis auxilia a viro rogabantur.
4. Pocúlum a servo parabatur (2).
5. Pocúlum a servis paratur.
6. Pocúla a servis viris parabantur.
7. A puéris bonis laudamur (3).
8. Mundus lunã illustratur (4).
9. Libris laetitia puéris paratur.
10. Belgae et Galli, a Romanis expugnamíni.

(1) a poetis: Note que as dez orações são passivas: em todas elas entra um agente da passiva.
(2) servo: Note que não se trata do verbo servo, are, mas sim do subst. servus, i (= criado,
escravo).
(3) laudamur: Tanto em latim como na tradução portuguesa não é preciso que o sujeito venha
expresso porque a própria pessoa do verbo o indica claramente.
(4) lunã: Está lembrado do significado da sigla?

07. SÍNTAXE

Sintaxe clementar dos casos

Nominativo: - caso do sujeito e do predicativo do verbo em modo finito: Britannia est insula.
- caso de títulos: Columba et Formica (Do Columba et Formica)

Genitivo: - caso de nome que limita a significação de outro e que nomearíamos, em


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português, simplesmente como adjunto adnominal; acrescentaremos, todavia, a


palavra restritivo, para evitar confusão com o simples adjetivo, que não vai
necessariamente para o genitivo.
A preposição que em português, representa esse caso é de (restritivo e
possessivo. Não confundir com o de que indica origem, proveniência, assunto,
agente da passiva): Magistra puellae est pulchra.
Debemus sanam formam vitae tenere.

- caso que serve de complemento nominal de nomes que indicam:


a) posse ou privação: dono de...; privado de...: Vita miseriarum plena est.
b) desejo de ter: ávido de...; desejoso de...: Puella avida divitiarum est.
c) saber ou ignorância: lembrado de...; esquecido de...: Ancilla, oblita
miseriarum vitae, solum suas rosas amabat.

- caso que serve para indicar a qualidade característica ou permanente de um


ser; inclui sempre um adjetivo:
Maria est puella magnae sapientiae.
Turba erat nongentarum ancillarum.

Dativo: - caso que mais comumente se usa para marcar a pessoa ou coisa indiretamente
atingida pela ação do verbo, ou o que chamamos de objeto indireto:
Magistra dat veniam puellae.
Me philosophiae do.
-caso que indica a pessoa ou coisa em benefício ou em prejuízo de quem se
faz alguma coisa (Dativo de interesse):
Non sholae, sos vitae discimus.
-caso que serve de complemento nominal de nomes que indicam:
a) utilidade, favor e seus contrários: útil a...; pernicioso a...:
Ancilla dominae suae utilis est.
Pugna perniciosa est patriae.
b) igualdade ou semelhança: semelhante a...; igual a...:
Puella irata bestiae similis est.
c) proximidade ou vizinhança (física ou moral): vizinho de...; próximo de...:
Casa agricola proxima Romae est.
Ira insaniae vicina est.
d) conveniência, destino, benevolência: apto a...; caro a...:
Gloria poetis cara est.

Acusativo: -caso que indica a pessoa ou coisa sobre que cai diretamente a ação do verbo: é o
caso do objeto direto:
Puella amat nautam.
Clementia tua multas vitas conservat.
-caso de alguns adjuntos adverbiais, precedido ou não de preposição:
a) de lugar (inclui normalmente idéia do movimento, direção para onde;
movimento por onde):
Agricola in Italiam oxiit.
Agricola Romam oxiit.
Poeta ad torram adapiciobat.
Puella ambulat per vias Romao.
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Os adjuntos de tempo são vários: os principais são:


a) O que responde à pergunta: quando?
b) O que responde à pergunta: por quanto tempo?
O adjunto de tempo “quando” indica o tempo em que se realiza alguma ação: No
ano vindouro estarei aqui; Júlio chegará no sétimo dia.
Traduz-se com o ablativo simples: Venturo anno hic erro: Iulius die septino
perveniet.
b) O adjunto de tempo “por quanto tempo” indica o espaço (de tempo) que se
emprega para realizar uma ação: Lutei por quatro horas; Rômulo reinou muitos
anos.
Traduz-se com o acusativo simples ou com acusativo precedido pela preposição
per: (per) quattuor horas pugnávii; Rómulus (per) multos annos regnávit.
O adjunto de modo indica a maneira segundo a qual se faz alguma ação: Os
veteranos defendem a república com cuidado; os meninos brincavam com grande
alegria.
Esse adjunto responde às perguntas: como? De que modo? e traduz-se como o
adjunto de companhia, isto é, com o ablativo precedido por cum: Veterani
patriam cum cura defendunt; pueri ludunt cum magno gaudio.
Obs: Em geral é fácil distinguir o adjunto de modo do adjunto de companhia,
porque só o adjunto de modo pode, por regra, ser transformado num advérbio:
Defendem com cuidado ou cuidadosamente; brincam com muita alegria ou
muito alegremente.

Vocabulário

alegria- laetitia suportar- tolerare (tólero)


enfeitar- ornare trabalhar- laborare (labóro)
ferro- ferrum trabalho- ópera (f)
prata- argentum Túlio- Tullius
salvar- servare

O adjunto de causa indica o motivo pelo qual se faz alguma ação: Os meninos descuidam os
deveres por preguiça; rimos por causa de vossa avareza.
Esse adjunto responde às perguntas: por quê? Por causa de quê? Traduz-se com o ablativo
simples ou com o acusativo precedido pelas preposições ob ou propter: Púeri officia déserunt
pigritia (ou ob pigritiam ou propter pigritiam); ridémus avaritia vestra (ou ob avaritiam
vestram ou propter avaritiam vestram).

Vocabulário

duro- durus preguiça- pigritia


egito- Aegyptus (f) querido- carus
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entretecer- néctere repreende- obiurgare


homem- vir, viri seu- suus, sua, suum
passear- ambulare (ámbulo) valoroso- strenuus
lindo- pulcher, pulchra, pulchrum

08. A TERCEIRA DECLINAÇÃO

3a. DECLINAÇÃO

Passaremos agora a ver a mais importante das declinações latinas, a terceira declinação,
à qual pertencem nomes de todos os gêneros e de muitas terminações no nominativo singular.
Na 2.ª declinação vimos que existem quatro terminações no nominativo, mas na 3.ª as
terminações são tão variadas que não podem ser fixadas. Por isso é que, ao mencionar as
desinências da 3.ª declinação, costuma-se dizer: Nominativo - várias terminações. Quer isso
dizer que os nomes da 3.ª declinação devem ser estudados quase de um em um ou de grupo em
grupo, por causa dessa variedade de terminações.
O vocativo não apresenta dificuldade, porquanto é sempre igual ao nominativo.
O genitivo singular, já sabemos que termina em is. As demais terminações do singular
são mais ou menos fixas e iremos estudá-las aos poucos.
E as desinências do plural? Não apresentam dificuldade, mas o genitivo tem duas
terminações: um e ium. Para o correto emprego dessas terminações precisamos saber o que são
palavras parissílabas e palavras imparissílabas.
Palavras parissílabas são as que no singular têm igual número de sílabas no nominativo
e no genitivo. Não vá pensar o aluno que parissílabas sejam as palavras que têm número par de
sílabas; nada disso. Uma palavra de três sílabas no nominativo pode muito bem ser parissílaba,
com tal que no genitivo tenha também três sílabas. Exemplos de nomes parissílabos:

NOM. GENIT.
auris auris 2 sílabas em ambos os casos
nubes nubis 2 sílabas em ambos os casos
volucris volucris 3 sílabas em ambos os casos
cubile cubilis 3 sílabas em ambos os casos

Palavras imparissílabas são as que no genitivo singular têm uma ou mais sílabas a mais
do que no nominativo. Imparissílabo quer dizer, portanto, número diferente de sílabas e não
número ímpar de sílabas. Uma palavra de duas sílabas no nominativo pode ser imparissílaba,
uma vez que tenha três ou quatro sílabas no genitivo. Exemplos de nomes imparissílabos:
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NOM. GENIT.
Dux ducis 1 sílaba no nom. e 2 no gen.
urbs urbis 1 sílaba no nom. e 2 no gen.
labor laboris 2 sílabas no nom. e 3 no gen.
homo hominis 2 sílabas no nom. e 3 no gen.
iter itineris 2 sílabas no nom. e 4 no gen.
societas societatis 4 sílabas no nom. e 5 no gen.

Genitivo plural: Uma vez que aprendemos o que são palavras parissílabas e palavras
imparissílabas e uma vez que sabemos que o radical de uma palavra se descobre tirando-se a
desinência do genitivo singular (que na 3.ª declinação é is), podemos compreender a seguinte
regra geral:

A) Os nomes imparissílabos, cujo radical termina em uma só consoante, têm o genitivo plural
em: um
B) Os nomes parissílabos, bem como os nomes imparissílabos cujo radical termina em duas ou
mais consoantes, têm o genitivo plural em: ium

Podemos agora decorar as desinências da maior parte das palavras da 3.ª declinação:

SINGULAR PLURAL
NOMINATIVO várias terminações NOMINATIVO es
VOCATIVO igual ao nominativo VOCATIVO es
GENITIVO is GENITIVO um ou ium
DATIVO i DATIVO íbus
ABLATIVO e ABLATIVO íbus
ACUSATIVO em ACUSATIVO es

Cientes do que acabamos de estudar e do que já ficou dito, isto é, uma vez achado o
radical de uma palavra, este radical não varia em todo o decurso da declinação, podemos
declinar com segurança muitas palavras da 3.ª declinação, como rex, regis; Ico, Iconis; libertus,
libertatis; natio, nationis; civis, civis; nox, noctis; ars, artis etc.:

SINGULAR PLURAL
NOM. rex (= rei) NOM. reg-es
VOC. rex VOC. reg-es
GEN. reg-is GEN. reg-um
DAT. reg-i DAT. reg-ibus
ABL. reg-e ABL. reg-ibus
AC. reg-em AC. reg-es

NOM. leo (= leão) NOM. leon-es


VOC. leo VOC. leon-es
GEN. leon-is GEN. leon-um
DAT. leon-i DAT. leon-ibus
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ABL. leon-e ABL. leon-ibus


AC. leon-em AC. leon-es

NOM. libertas (= liberdade) NOM. libertat-es


VOC. libertas VOC. libertat-es
GEN. libertat-is GEN. libertat-um
DAT. libertat-i DAT. libertat-ibus
ABL. libertat-e ABL. libertat-ibus
AC. libertat-em AC. libertat-es

NOM. homo (= homem) NOM. homin-es


VOC. homo VOC. homin-es
GEN. homin-is GEN. homin-um
DAT. homin-i DAT. homin-ibus
ABL. homin-e ABL. homin-ibus
AC. homin-em AC. homin-es

NOM. natio (= nação) NOM. nation-es


VOC. natio VOC. nation-es
GEN. nation-is GEN. nation-um
DAT. nation-i DAT. nation-ibus
ABL. nation-e ABL. nation-ibus
AC. nation-em AC. nation-es

NOM. civis (= cidadão) NOM. civ-es (= cidadãos)


VOC. civis VOC. civ-es
GEN. civ-is GEN. civ-ium
DAT. civ-i DAT. civ-ibus
ABL. civ-e ABL. civ-ibus
AC. civ-em AC. civ-es

NOM. nox (= noite) NOM. noct-es


VOC. nox VOC. noct-es
GEN. noct-is GEN. noct-ium
DAT. noct-i DAT. noct-ibus
ABL. noct-e ABL. noct-ibus
AC. noct-em AC. noct-es

NOM. ars (= arte) NOM. art-es


VOC. ars VOC. art-es
GEN. art-is GEN. art-ium
DAT. art-i DAT. art-ibus
ABL. art-e ABL. art-ibus
AC. art-em AC. art-es

QUESTIONÁRIO
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1. A 3.ª declinação tem terminações fixas no nominativo? Por quê?


2. Qual o vocativo da 3.ª declinação?
3. As palavras da 3.ª declinação dividem-se em parissílabas e imparissílabas; o que vem a ser
isso? (Resposta completa e exemplificada.)
4. Quantas terminações têm o genitivo plural da 3.ª declinação? Quais são? Que espécie de
nomes tem o genitivo plural em um e que espécie em ium?
5. Quais são as desinências para o geral dos nomes da 3.ª declinação?
6. Decline lex, legis (= lei).
7. Decline sermo, sermonis (= discurso, conversação).
8. Decline sacerdos, sacerdotis (= sacerdote).
9. Decline majestas, majestatis (= majestade).
10. Decline pavo, pavonis (= pavão).
11. Decline nox, noctis (= noite).
12. Decline nubes, nubis (= nuvem).
13. Decline geus, gentis (= povo, raça, nação).
14. Decline piscis, piscis (= peixe).

EXERCÍCIOS: Traduzir em Latim

VOCABULÁRIO

ação - actio, actionis f. flor - flos, floris m.


celebrar - celebro, are germanos- Germani, orum
(plural)
cor - color, oris m. homem - homo, inis
costume - mos, moris m. imperador - imperator, oris
elogiar - laudo, are orador - orator, oris
escritor - scriptor, oris m. perfume - odor, oris m.

1. Os bons costumes dos alunos são elogiados pelo mestre. (Notou que a oração é passiva? “São
elogiados”, portanto, traduz-se por uma única forma. “Pelo mestre” é agente da passiva, não
é verdade?)
2. Os perfumes e as cores das flores são variados. (Não se trata de voz passiva: “são” é verbo de
ligação, e “variados” é predicativo - adjetivo que deve concordar com o sujeito; estou quase
certo de que irá errar no gênero)
3. Os escritores romanos louvavam os costumes dos germanos.
4. Os imperadores são amigos dos oradores.
5. As boas ações são celebradas pelos homens bons.

EXERCÍCIO: Traduzir em Português

VOCABULÁRIO
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42

flor, floris m. - flor obscuro, are - obscurecer


homo, inis - homem sol, solis - sol
justus, a, um - justo sum, esse - ser
lex, legis - lei templum, i n. - templo
mos, moris - costume victor, oris - vencedor
nubes, is - nuvem

1. Bonos discipulorum mores magistri laudant.


2. Boni (nom.) patriae (gen.) homines sunt victores.
3. Sol nubibus obscuratur.
4. Dei templa floribus ornantur.
5. Leges justae ab hominibus celebrabantur.

NOMES EM (TER)

Certos nomes da 3.ª declinação, cujo nominativo termina em ter, perdem o e dessa
terminação no genitivo e, conseguintemente, em todos os demais casos. A desinência do
genitivo plural de tais nomes é um. São eles: pater, patr-is (= pai), mater, matr-is (= mãe),
frater, fratr-is (= irmão), accpiter, accipitr-is (= gavião).
Para maior elucidação, vejamos a declinação completa de pater, patr-is:

SINGULAR PLURAL
NOM. - pater (= pai) NOM. - patr-es
VOC. - pater VOC. - patr-es
GEN. - patr-is GEN. - patr-um
DAT. - patr-i DAT. - patr-ibus
ABL. - patr-e ABL. - patr-ibus
AC. - patr-em AC. - patr-es

Há na 3.ª declinação um nome terminado em ter, bastante irregular: Jupiter (= Júpiter),


cujo genitivo é Jovis, declinável somente no singular:

SINGULAR
NOM. - Jupiter (ou Juppiter)
VOC. - Jupiter
GEN. - Jovis
DAT. - Jovi
ABL. - Jove
AC. - Jovem

IMPARISSÍLABOS EM (S)

Muitos nomes imparissílabos terminados em s no nominativo têm o radical do genitivo


geralmente terminado ou numa labial, ou numa gutural, ou numa dental.
Chamam-se labiais as consoantes b, p e m, porque são pronunciadas com o auxílio dos
lábios.
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Guturais são as consoantes g e c, que no primitivo latim eram produzidas na garganta:


gá, gó, cá etc.
Chamam-se dentais as consoantes d, t e n, porque seu som se produz nos dentes.
a) Os imparissílabos em s, cujo radical termina em labial (b, p, m), conservam a labial
no nominativo. Exemplo: o radical da palavra plebe é em latim pleb (genit. pleb-is);
como o b é labial, essa consoante subsiste no nominativo singular, que é então plebs.
b) Quando o radical de tais imparissílabos termina em gutural (g. c), funde-se com o s
no nominativo, produzindo a letra x, que em latim sempre tem o som de cs. Exemplo:
o radical de rei é em latim reg (gen. reg-is); como o g é gutural, essa consoante, em
combinação com o s, dá x no nominativo, que é então rex (reg + s).
c) Quando o radical de tais imparissílabos termina em dental (d, t, n), a dental
desaparece no nominativo. Exemplo: o radical de dente é em latim dent (gen. dent-is);
como o t é dental, essa letra desaparece antes do s no nominativo, que é então dens
(dent + s).

Em resumo:
Labial - permanece
Gutural - funde-se (= x)
Dental - desaparece

Vemos mais uma vez quanto é importante o genitivo de uma palavra latina, tão
importante no presente caso que por meio dele ficamos conhecendo o nominativo da palavra.

Notas: 1.ª - Quando, no caso presente, e radical tem um i breve, essa vogal muda-se no
nominativo em e se o nominativo terminar em:
ps - gen. princip-is, nom. princeps
(t)s, (d)s - gen. milit-is, nom. miles - gen. obsid-is, nom. obses
x - gen. judic-is, nom. judex
Suponhamos que o aluno encontre numa frase latina a palavra custodibus: não sabendo o
significado e precisando consultar o dicionário, que palavra irá procurar? Sabe ele que ibus é
desinência: o primeiro trabalho, pois, é tirar a desinência ibus: resta custod, radical terminado
em dental. Pelo que acabamos de estudar, o nominativo deve ter s (custods), mas, como o
radical termina em dental (d), esta dental deve desaparecer, ficando custos.
Temos um exemplo interessante na palavra noite, cujo radical latino é noct (gen. noct-
is). Acrescido de s, o radical perde a dental, ficando “noca”, mas do encontro cs resulta x, sendo
então o nominativo nox.

QUESTIONÁRIO

1. Que particularidade apresenta a declinação dos nomes da 3.ª declinação terminados em


ter?
2. Decline os seguintes nomes: pater, patris; frater, fatris; accipiter, accipitris. Qual o
significado desses substantivos?
3. Decline Jupiter.
4. Quais são as consoantes labiais e por que assim se denominam?
5. Quais são as consoantes guturais e por que assim se denominam?
6. Quais são as consoantes dentais e por que assim se denominam?
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7. Os nomes imparissílabos em s, cujo radical termina em labial, como se declinam? Dê


exemplos.
8. Os nomes imparissílabos em s, cujo radical termina em gutural, como se declinam? Dê
exemplos.
9. Os nomes imparissílabos em s, cujo radical termina em dental, como se declinam? Dê
exemplos.
10. Aplicando o conhecimento adquirido, diga e justifique, sem consultar dicionário nenhum,
o nominativo singular das seguintes palavras: hiemes, dentem, legum, milites, urbes,
montium, pontibus, sanguinis e noctium. (Não se esqueça de justificar).

EXERCÍCIO: Traduzir em português

VOCABULÁRIO

custos, odis - guarda obses, idis - refém


pater, tris - pai dax, ducis - comandante, chefe
firmo, are - assegurar reverentia, ae - respeito
foedus, eris n. - tratado rex, regis - rei
gratus, a, um - agradável sacerdos, otis - sacerdote
semper (a.lv.) - sempre laus, laudis f. - louvor, elogio
lex, legis - lei signum, i n. - sinal
miles, itis - soldado virtus, utis - virtude
eoxius, a, um - prejudicial voluptas, atis f. - prazer

1. Voluptates hominibus semper noxiae sunt. (noxiae: predicativo; está concordando em gen.,
num. e caso com o sujeito.)
2. Magistri laudes discipuli patri gratae fuerunt. (gratae: predicativo; a regra de concordância é
sempre a mesma.)
3. Reges sunt militum duces et legum custodes. (Há dois predicativos e cada um deles tem um
adjunto adnominal restritivo.)
4. Obsidum vita reverentiam foederis firmabat.
5. Sacerdotum reverentia signum est virtutis.

EXERCÍCIO: Traduzir em Latim

VOCABULÁRIO
Universidade Federal do Maranhão I
Língua Latina I Prof. Dr. Paulo da Silva Lima
45

autoridade - auctoritas, atis lição - lectio, onis


comprido - longus, a, um noite - nox, noctis
condenar - damno, are procedimento - mores, morum m.pl.
gavião - accipiter, accipitris proporcionar - paro, are
grato - gratus, a, um rei - rex, regis
inverno - hiems, hiemis f. ser (verbo) - sum
irmão - frater, fratis soldado - miles, militis

1. As noites do inverno são compridas. (Atenção com a concordância do predicativo.)


2. O rei condena o procedimento do filho.
3. As asas dos gaviões são variadas.
4. A autoridade dos reis é grata aos soldados.
5. Grande alegria era proporcionada aos mestres pelas lições de teu irmão. (Veja bem em que
voz está a oração; saiba, portanto, traduzir “era proporcionada”.

NEUTROS DA 3.ª DECLINAÇÃO

Para o completo estudo dos neutros da 3.ª declinação, devemos dividi-los em três
grupos.
No 1.º, estudaremos os terminados em e, al e ar.
No 2.º, estudaremos os restantes não compreendidos no 1.º grupo.
No 3.º, estudaremos certos nomes neutros de origem grega, terminados em ma.
Neutros da 3.ª, terminados em E, AL e AR: Os neutros assim terminados fazem:
a) no ablativo singular - i
b) nos três casos iguais no plural - ia
c) no genitivo plural - ium.
As desinências dos neutros deste grupo são, portanto:

SINGULAR PLURAL
NOM. e al ar NOM. ia
VOC. igual ao nominativo VOC. ia
GEN. is GEN. ium
DAT. i DAT. ibus
ABL. i ABL. ibus
AC. igual ao nominativo AC. ia

Exemplos:

SINGULAR PLURAL
NOM. mare (= mar) NOM. maria
VOC. mare VOC. maria
GEN. maris GEN. marium
DAT. mari DAT. maribus
ABL. mari ABL. maribus
AC. mare AC. maria
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46

NOM. animal (= animal) NOM. animalia


VOC. animal VOC. animalia
GEN. animalis GEN. animalium
DAT. animali DAT. animalibus
ABL. animali ABL. animalibus
AC. animalal AC. animalia

NOM. exemplar (= cópia) NOM. exemplaria


VOC. exemplar VOC. exemplaria
GEN. exemplaris GEN. exemplarium
DAT. exemplari DAT. exemplaribus
ABL. exemplari ABL. exemplaribus
AC. exemplar AC. Exemplaria

Outros nomes neutros da terceira: Os nomes neutros de outras terminações têm:


a) o ablativo singular em e
b) os três casos iguais do plural em a
c) o genitivo plural em um
As desinências dos neutros dêste grupo geral são, portanto:

SINGULAR PLURAL
NOM. várias terminações NOM. a
VOC. igual ao nominativo VOC. a
GEN. is GEN. um
DAT. i DAT. ibus
ABL. e ABL. ibus
AC. igual ao nominativo AC. a

Exemplos:

SINGULAR PLURAL
NOM. corpus (= corpo) NOM. corpor-a
VOC. corpus VOC. corpor-a
GEN. corpor-is GEN. corpor-um
DAT. corpor-i DAT. corpor-ibus
ABL. corpor-e ABL. corpor-ibus
AC. corpus AC. corpor-a

NOM. flumen (= rio) NOM. flumin-a


VOC. flumen VOC. flumin-a
GEN. flumin-is GEN. flumin-um
DAT. flumin-i DAT. flumin-ibus
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47

ABL. flumin-e ABL. flumin-ibus


AC. flumen AC. flumin-a

NOM. caput (= cabeça) NOM. capit-a


VOC. caput VOC. capit-a
GEN. capit-is GEN. capit-um
DAT. capit-i DAT. capit-ibus
ABL. capit-e ABL. capit-ibus
AC. caput AC. capit-a

Neutros de origem grega, terminados em (MA)

O radical de tais nomes sempre apresenta um t depois da terminação ma. Exemplos:


thema, themat-is; poema, poemat-is; diploma, diplomat-is etc.
De preferência o dativo e o ablativo do plural destes neutros é em is, como se fossem da
2.ª declinação, e o genitivo do plural é também o da 2.ª, em orum. Podem, no entanto, esses
casos ter as mesmas desinências regulares da 3.ª declinação. Exemplo:

SINGULAR PLURAL
NOM. poema (= poema) NOM. poemat-a
VOC. poema VOC. poemat-a
GEN. poemat-is GEN. poemat-orum (ou
poematum)
DAT. poemat-i DAT. poemat-is (ou poematibus)
ABL. poemat-e ABL. poemat-is (ou poematibus)
AC. poema AC. poemat-a

QUESTIONÁRIO

1. Em quantos grupos se dividem os neutros da 3.ª declinação?


2. Quais as particularidades desinenciais dos neutros terminados em e, al, ar?
3. Decline ovile, ovilis (n. = ovil, redil).
4. Decline cubile, cubilis (n. = leito).
5. Decline praesepe, praesepis (n. = curral).
6. Decline tribunal, tribunalis (n. = tribunal).
7. Decline calcar, calcaris (n. = espora).
8. Os nomes neutros nectar, jubar e sal que irregularidade apresentam no ablativo singular?
Sobre sal, salis não há outra observação que fazer?
9. Decline marmor, marmoris (n. = mármore).
10. Decline tempus, temporis (n. = tempo).
11. Decline nomen, nominis (n. = nome).
12. Decline agmen, agminis (n. = esquadrão).
13. Decline poema, poematis (n. = poema).
14. Decline aenigma, aenigmatis (n. = enigma).
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EXERCÍCIO: Traduzir em Português

VOCABULÁRIO

adhortatio, onis - exortação diligenter - diligentemente


animal, alis n. - animal dubius, a, um - duvidoso, incerto
futurus, a, um - futuro attentus, a, um - atencioso, vigilante
captivus, i - escravo, incitamentum, i n. - estímulo, incentivo
prisioneiro
omen, ominis n. - presságio praeceptor, oris - preceptor
onus, eris n. - encargo, peso purgo, are - limpar
ovile, ovilis n. - ovil, redil saepe (adv.) - muitas vezes
parentes, um plur. - pais suile, suilis - chiqueiro, pocilga
periculosus, a, um - perigoso tempus, oris n. - tempo
mare, maris n. - mar villicus, i - feitor, camponês

1. Magna maris animalia nautis saepe periculosa sunt. (Se maris é genitivo e nautis é dativo,
não podem ser sujeito de sunt.)
2. Villici attenti ovilia et suilia diligenter purgant.
3. Parentum et praeceptorum adhortationes incitamenta sunt pueris.
4. Omen temporis futuri dubium est.
5. Magna sunt onera captivorum.

EXERCÍCIO: Traduzir em Latim

VOCABULÁRIO

aliado - socius, ii Homero - Homerus, i


alto - altus, a, um honra - honor, oris m.
áspero - confragosus, a, um incitar - incito, are
caminho - iter, itineris n. indicar - indico, are
cavaleiro - eques, equitis montanha - mons, montis m.
cavalo - equus, i nome - nomen, nominis n.
cônsul - consul, consulis palavra - verbum, i n.
dar - do, dare poema - poema, poematis n.
espora - calcar, aris n. tema - thema, thematis n.

1. Os caminhos das montanhas altas são ásperos. (Cuidado com o gênero do predicativo.)
2. As esporas dos cavaleiros incitam os cavalos. (Está sempre lembrado da costumeira ordem
latina: complemento antes da palavra completada? Em latim ficará como se em português
estivesse: “Dos cavaleiros as esporas os cavalos incitam”.)
3. As palavras são indicadas pelo tema. (Precisarei lembrar-lhe que esta e as duas últimas
orações são passivas?)
4. Os nomes são dados aos aliados pelos cônsules.
5. Aos poemas de Homero grandes honras são dadas.
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ALGUMAS PARTICULARIDADES DA 3.ª DECLINAÇÃO

Certos nomes da terceira têm o acusativo em im e o ablativo em i. São os seguintes:


1- Nomes próprios geográficos em is como, por exemplo, Tiberis (Tibre), Neapolis
(Nápoles), Tanais (Tânais ou Dom), Tripolis (Trípole), Sybaris (Síbaris).
Arar, Araris (Árar ou “Saona”) e Liger, Ligeris (Líger ou “Loire”) têm também o
acusativo em im, mas o ablativo pode ser em i ou em e.
2- Os seguintes nomes comuns:
amussis - nível, régua, esquadro (ad amussim = à risca, com exatidão).
basis - pedestal ravis - rouquidão
buris - rabiça do arado securis - machado
febris - febre sitis - sede
poesis - poesia turris - torre
puppis - popa tussis - tosse
vis - força, violência, ataque (o plural desta palavra é vires, virium, viribus): Vim
vi repellere = repelir a força pela força.

3- Outros têm o acusativo em em, mas o ablativo tanto pode ser em e como em i:
amnis - rio classis - armada
anguis - serpente navis - navio, nau
civis - cidadão ovis - ovelha
avis - ave (tem o ablativo em i quando significa presságio.)
ignis - fogo (tem sempre o ablativo em i nas expressões consagradas.)

EXERCÍCIO: Traduzir em Português

VOCABULÁRIO

Arpinates, atium - arpinates angustus, a, um - apertado, estreito


canis, is - cão carus, a, um - caro
custodia, ae - guarda fidus, a, um - fiel
finis, is (m. e f.) - fim foramen, inis n. - buraco
glis, gliris - arganaz mus, muris - rato
sedo, are - matar, extinguir senex, senis - velho, ancião
sitis, is - sede tussis, is - tosse
vexo, are - atormentar

1. Aqua sitim sedat.


2. Senes vexantur tussi. (Precisarei chamar a atenção para a voz passiva e para o agente da
passiva?)
3. Fida canum custodia agricolis cara est.
4. Murium et glirium foramina parva sunt.
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5. Fines Arpinatium angusti erant. (Traduza fines por território; se em latim o verbo está
obrigatoriamente no plural (porque o suj. é pl.), em português verbo e predicativo ficarão no
singular.)

EXERCÍCIOS

Decline as seguintes palavras:

1. ovis-is (ovelha)
2. vulpes-is (raposa)
3. virtus-utis (virtude)
4. arbor-oris (árvore)
5. sermo-onis (discurso)
6. leo-onis (leão)
7. miles-itis (soldado)
8. lex-legis (lei)
9. gens-gentis (gente)
10. pons-pontis m. (ponte)
11. nix-nivis (neve)
12. nomen-nominis n. (nome)
13. corpus-corporis n. (corpo)
14. flumen-fluminis n. (rio)
15. animal-is n. (animal)

Traduza e analise o caso e a função das frases abaixo:

1. Tudex est bonus.


2. Miles habebat magnam hastam.
3. Reges sunt alti.
4. Podes puerorum sunt parvi.
5. Corda nostra amant vitam.
6. Princeps noster severus est.
7. Honores poetarum magni sunt.
8. Tempus nostrum est longum.
9. Opus poetae pulchrum est.
10. Crus discipuli erat robustum.

XVIII – CRAS ROMAE ERIS


Pastor
Pastor -is

Personae: Poeta - Davus, poetae vilicus.


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1. - P. - Fundo meo praees, Dave Cur Romam venire cupis? Nitidus tamen es et
rotundus.
D. - Romae beatus ero.
P. - Heu! Rustica otia amo, urbana negotia fugio.
D. - Urbanas voluptates desidero; molesti sunt Davo rustici labores.
2. - P. - At pauper illic eris: nam desunt Romae prata flonda, desunt laetae segetes etiam
diviti homini.
D. - At sunt ludi et balnea.
P. - Hic habes tibias pastorum varietates florum, undasque rivorum.
D. - Romae erunt Davo bona vina tabernarum.
3. - P. - Hic dormis sub densa arbore.
D. - Terram et saxa moveo sub solis ardore.
P. - Romae semper cum invidis comitibus eris.
D. - Hic cotidie, cum mutis jumentibus vivo.
P. - Semper urbanus invidet colono, colonus urbano. Nunquam fortuna contenti homines.
Cras Romae eris, insane!

XIX – JUPPITER ET NUMA


Nomen
Nominis

Não se poderia compreender bem os romanos sem conhecer sua religião. Conta-se que
o rei Numa organizou o culto, entremeado, por vezes, de práticas supersticiosas.
1. - Olim Juppiter crebra fulmina in Aventinum jaciebat. Romani Jovis fulmina
vehementer timebant. Rex Numa sic fulminum procurationem cognovit.
2. - Sub Aventino fluminis liquidi undae fluebant. Fluminis aquam rustici dei, Faunus
nomine et Martius Picus, cotidie bibebant.
Rex vetus vinum prope ripam posuit. Postquam dei vinum biberunt, vino victi
dormierunt. Deos ebrios rex vinxit.
3. - Dein rex numina e somno excitat interrogatque. Numina regem carmina docent. Rex
Numa, postquam in Aventino sacrificium fecit, divinis carminibus Jovem e caleo ad terras trahit
Rex a Jove fulminis procurationem petit. Juppiter procurationem regem docet.

09. Vocabulário
Abundant – rica Ferox, ocis - intolerável Pars, partis - parte
Aegrotus, a, um - doente Fessus, a, um - cansado Parva, æ - pequena
Agnis - cordeiros Fidelis, e – fiel Parvus, a, um - pequeno
Agricola, ae m. - agricultor Fides, ei – fidelidade Patria, ae f. - pátria
Ala, ae - ala Filia, ae f. - filha Paucus, a, um - pouco
Ala, ae f. - asa Florens, entis – florescente Pax, pacis - paz
Albam - branca Formica, ae - formiga Peccatum, i n. - falta
Albus, a, um – branco Fortis, e - forte Pecunia, ae f. - dinheiro
Altus, a, um – a Fortuna - sorte Pennae,ae f. - pena (pluma)
Amavestis - amastis Fortunae - bens, riquezas Peninsula - península
Ambulo, are – passear Frater, tris – irmã Perniciosus, a, um- pernicioso
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Amnis, is - rio Frons, ntis - fronte Persae, arum - os persas


Amo, are - amar Fuga, ae f. - fuga Persona - pessoa
Amor, oris - amor Fugo, are - afugentar, afastar Petierunt - conquistaram
Ancilla, ae f. - escrava, criada Fulgens, entis – refulgente Philosophus, i - filósofo
Angustia – brevidade Fulmen, inis n.raio Pietas, atis - piedade
Angustiae - desfiladeiros Fundare - fundar Piger,gra,grum - preguiçoso
Animus, i - inteligência, ânimo Furfures, um (m. pl.) – farelo Pignus, oris n. - penhor
Annus, i - ano Galli, orum - gauleses Pius, a, um - honrado
Antiqua - antiga Genus, eris n. - gênero Placentis - bolos
Apollo, inis - Apolo Gloria, æ - gloria Plato, onis - Platão
Aqua, ae - água Gracilis, e - frágil Plebs, plebis - plebe
Aquila, ae f. - águia Graeci, orum - os gregos Poeta, æ m. - poeta
Araverunt - araram Graecia, ae f. - Grécia Populus, i - povo
Arbor, oris f. – árvore Graecus, a, um - grego Pondo n. - peso, libra
Arbuscula, ae - arbusto Gratiae – adradecimentos Portare - levar
Aristoteles, is - Aristóteles Habere - ter Porticus, us f. - pórtico
Arnaverunt - enfeitaram Habit - tem Praeceptum, i n. - preceito
Asia, ae – Ásia Habuit - teve Praeda, æ - presa
Asinus, i - burro Herodes, is - Herodes Pretiosus, a, um - precioso
Athenae, arum - Atenas Hispania, æ - Espanha Princeps, cipis - chefe
Atticus, i - Ático Historia, ae - história Privo, are - privar
Aurdire - ouvir Honor, oris m. - honra Probo, are - verificar
Aurum, i n. - ouro Humanus, a, um – humano Procella - tempestade
Australis, e - meridional Humilis, e - baixo, pequeno Prodiga, æ - pródiga
Bellicosus, a, um - belicoso Ignavia, ae f. - covardia Proles, is - prole
Bellicus, a, um - bélico Illustro, are - iluminar Provida - previdente
Bellum, i n. - guerra Incertus, a, um - incerto Provincia, ae f. - província
Bestiola - inseto Incola, ae m. - habitante Prudens, entis - prudente
Blandus, a, um - lisonjeiro Indutiae, arum - trégua Psittacus, i - papagaio
Bona - boa Industria, ae - zelo, atividade Puella, ae - moça, menina
Bonum, i - bem (subst.) Industrius, a, um – laborioso Puer, eri - menino
Bos, bovis - boi Infelix, icis - infeliz Pulchra - bonita
Brasilia, æ - Brasil Ingenuus,a,um-de boa família Pugna, æ - batalha
Britania - Inglaterra Innocens, entis – inocente Pupa - boneca
Bruma-ae - o inverno Insidiae, arum- cilada, insídia Quercus, us f. - carvalho
Caesar, aris - César Instar n. - semelhante a Quia - por que
Calamitas, atis - calamidade Insula, ae f. - ilha Quid?- o que?
Camelus, i - camelo Invaserunt - invadiram Quies, quietis - repouso
Canis, is - cão Italia, ae - Itália Quoque - também
Caritas, atis - caridade Jesus, u - Jesus Ramus, i - ramo
Caro, carnis f. – carne Jucundus, a, um – agradável Regina, ae f. - rainha
Casa - cabana Jupiter, Jovis - Júpiter Requies - descanso, repouso
Castigo, are – corrigir Justitia, ae - justiça Res, rei - coisa
Causa, ae - causa Juvenis, is - moço, jovem Rex, regis - rei
Cecinistis - cantastes Lacrima - lágrima Rigo, are - regar
Celeber, bris, bre - célebre Laetitia, ae f. - alegria Romanque - et Roman
Celer, eris, ere - célere Laudare - louva Romulus, i - Rômulo
Ceperunt - tomaram Laudo, are - louvar Rosa-æ - rosa
Cera - cera Laurus, i f. - loureiro Rota - rota
Cerae - tábuas escritas Laurus, us f. - loureiro Ruber, bra, brum - vermelho
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Certus, a, um - certo Legere - ler Rubram - vermelha


Cicada-æ - cigarra Legestine - acaso leste? Ruinae - ruina
Cimon, onis - Címon Lepus, oris m. - lebre Saepe - causa
Circundo, are - circundar Liber, era, erum - livre Saepe - muitas vezes
Civilis, e - civil Lingua, ae f. - língua, idioma Saluber, bris, bre - sadio
Civis, is - cidadão Litera - letra Salus, utis f. - salvação
Clarus, a, um - ilustre Literae - carta Sanguis, inis - sangue
Classis, is f. - armada, frota Longa - longa Sapiens, entis - sábio, douto
Clemens, entis - clemente Longus, a, um - longo Sapientia, ae - sabedoria
Coena, ae - refeição Luna, ae - lua Scurra - baderneiro, bobo
Cogitatio, onis - pensamento Lupa - loba Sed - mas (conjunção)
Collega - colega Luscinia, ae f. - rouxinol Semis m. - moeda romana
Coluerunt - habitaram Lusitana, ae - portuguesa Semper - sempre
Columba, ae f. - pomba Magistra - professora Senectus, utis - velhice
Communis, e - comum Magna, æ - grande Senex, senis - velho
Conditio, onis f. - condição Mala - má Servo, are - preservar
Conviva - comensal Malum, i n. - mal Silva, ae f. - floresta
Copia - abundância Mane n. - de manhã Sinister,tra,trum - esquerdo
Copiae - exércitos, tropas Mare, is n. - mar Socrates, is - Sócrates
Copiosus, a, um - rico Mater, matris - mãe Solidus, a, um - sólido
Corbula - cestinha Mens, mentis - mente Solum - somente
Corpus, oris n. - corpo Mensas - mesas Soror, oris - irmã
Corona, ae f. - coroa Meridies, ei - meio dia Spes, ei - esperança
Culpa, ae f. - culpa Metallum, i n. - metal Splendidus,a, um - esplêndido
Custodia, ae - guarda Meus, a, um – meu Statua, ae f. - estátua
Cum (ablat.) - com (prep.) Mihi - para mim Stella, ae - estrela
Cur - por quê? Miltiades, is- Milcíades Stultitia, ae - estultícia
Curaverunt - cultivaram Ministro, are - fornecer Suarum - dedicação
Dare - dar Minotaurus, i – Minotauro Supero, are - superar
Dat - dá Miser, era, erum- desgraçado Sus, suis - porco
Dea - deusa Miser, era, erum – miserável Suus, a, um - seu
Defederunt - defenderam Mitigo, are - abrandar Syracusae, arum - Siracusa
Delecto, are - deleitar Mola - mó, moinho Tamem - todavia, contudo
Delere - destruir Molae - maxilas Tarentum, i n. - Tarento
Deligentia - dedicação Mons, montis m.- montanha Tempus, oris - estação
Dexter, tra, trum - direito Monstro, are - mostrar Tenebrae, arum - trevas
Dicatus, a, um - dedicado Monstrum, i n. - monstro Terra, ae - terra
Dicit - diz Morbus, i m. - doença Terrester, tris, tre - terrestre
Dies, ei - dia Mors, mortis (f.) - morte Terribilis, e - terrível
Diligens, entis - diligente Multa, ae- muitas Thebae, arum - Tebas
Diligentia, æ - a diligência Multitudo, udinis – multidão Thraces, acum - trácios
Dilucide - claramente Munificus, a, um – generoso Timidus, a, um - tímido
Dis, dite - rico, opulento Musca, æ - mosca Tristitia, ae - tristeza
Disciplina - aluna Myrica, ae - urze (planta) Trucido, are - trucidar
Discripsimus - descrevemos Narravistis - narrastes Turba, ae - turba
Ditior - comparativo de dis Natura - natureza Turpis, e - horrendo
Diversus, a, um - diferente Nauta, ae m. - marinheiro Tute - seguramente
Dives, itis - rico, abastado Nefas n. - ilegal, ilícito, torto Tutus, a, um - seguro
Do, dare - dar Niger, gra, grum - negro, preto Tuus, a, um - teu
Dolor, oris m. - dor Non - não Ubi - onde, quando
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Domicilium, ii n.- domicílio Nostra - nossa Umbra, ae - sombra


Domina - senhora Nova - nova Urbs, bis - cidade
Domus, us - casa Nox, noctis – noite Utilis, e - útil
Donare - doar Numerus, i - número Vaccis - vacas
Dura - dura Nuntio, are - anunciar Vanus, a, um - vão (adj.)
Duo, ae, duo - dois Nuptiae, arum - núpcias Vastus, a, um - espaçoso
Dux, ducis - comandante O (int.) - ó Velox, ocis - veloz, rápido
Egitur - portanto Oboedere - obedecer Venetiae, arum - Veneza
Elephantus, i - elefante Obses, obsidis - refém Ventus, i - vento
Eloquens, entis - eloqüente Oculus, i - olho Ver, veris n. - primavera
Equus, i - cavalo Occupo, are - ocupar Vere- exatamente
Erant - eram Olea, æ - oliveira Vestras - vossas
Eruditus, a, um - erudito Olim (adv.) - outrora Vetus, eris - velho, antigo
Est - ser, estar Omnis, e - todo Via, æ - rua, estrada
Estne - acaso Opera - trabalho, obra Vicinae - vizinhas
Et - e (conjunção aditiva) Operae - operários Victoria, ae f. - vitória
Etiam - também Opinio, onis - opinião Vigilia-ato de ficar acordado
Europa, ae - Europa Oppidum, i n. - praça Vigilae - sentinelas
Ex - de (preposição) Opulentus,a,um - rico, opulento Vigilantia, ae f. - vigilância
Exemplum, i n. - exemplo Opus, eris n. - obra, trabalho Villa, ae - quinta
Exire - sair, partir Optimates - nobres Vinha - videira
Explico, are - explicar Oraculum, i n. - oráculo Vis, vis (pl. vires) - força
Externus, a, um - externo Orno, are - adornar, enfeitar Vita-ae - vida
Fabula, æ - fábula Pabulum, i n. - forragem Vitulis - novilhos
Facies, ei - face Paene - quase Vituperavit - atrevimento
Fama, æ - fama Palaestina, ae - Palestina Vitupero, are - recriminar
Fas n. - lícito, direito, correto Parare - obter Vocare - chamar
Felix, icis - feliz Parat - obtém Voco, are - chamar
Femina, ae - mulher Parca - econômica Voluptas, atis - prazer
Fere - quase Paro, are - preparar Vos - vós (pron. pessoal)

10. BIBLIOGRAFIA

Apostila utilizada pelo Prof. Ariovaldo Peterleni Verdier, Roger; Marcus et Tullia Manual de
Língua Latina, Presença, Editora da U.S.P.
Ascenção, Álvaro; Pinheiro, José; Selecta Latina, quinta edição; Livraria Apostalado da
Imprensa; Porto 1.965.
Comba, P. Júlio; Programa de Latim; 1.º Volume; Editorial Dom Bosco.
Cunha, Celso Ferreira da; Gramática da Língua Portuguesa; 5.ª edição; Fename; R. Janeiro;
1.979.
Almeida, Napoleão Mendes de; Gramática Latina: curso único e completo; 22. Ed.; Saraiva;
São Paulo; 1989.
Nardini, Bruno; Mitologia: O primeiro encontro; Círculo do Livro S.A.; São Paulo.
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Professor Dr. Paulo da Silva Lima

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