Aulas 02 - CHAVES-FUSÍVEIS PARA PROTEÇÃO DE ALIMENTADORES

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PROT. SIST.

ENERGIA

CHAVES-FUSÍVEIS PARA
PROTEÇÃO DE ALIMENTADORES E
TRANSFORMADORES
Unidade 01

Prof. JOSÉ WANDERSON


1. Revisão
O que é proteção de sistemas elétricos?

1. Conjunto de equipamentos que detectam situações anormais nas


redes elétricas;
2. Usam sinais de tensão, corrente, frequência, etc.

https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.protcom.net%2F&psig=AOvVaw09r
Fv17_ppriYxDypU30BQ&ust=1613165578412000&source=images&cd=vfe&ved=2ahUKEwijhrKb5O
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2.1 Introdução
Classicamente, os sistemas de distribuição primários, aéreos, trifásicos e
aterrados, constituídos por condutores nus, têm os seus sistemas de proteção
de sobrecorrentes constituídos por chaves-fusíveis, religadores, relés em
conjunto com disjuntores e seccionalizadores ou chaves seccionadoras
automáticas.

Por razões didáticas, este Curso será iniciado pelo estudo das chaves-
fusíveis e seus respectivos elos. Nos itens que seguem serão vistos o
princípio de funcionamento de chave-fusível, as suas características para
especificação, o dimensionamento de elos-fusíveis e a filosofia de
coordenação entre os mesmos.
2.2 Chaves fusíveis
Aqui serão abordados os principais tipos de chaves-fusíveis, suas
características para especificação, princípio de funcionamento e critérios de
dimensionamento.
As chaves-fusíveis são dispositivos eletromecânicos que têm como função
básica, interromper o circuito elétrico quando ocorrer a fusão do elo-fusível.
Possuem as seguintes características para especificação :
· Tensão nominal;
· Nível básico de isolamento para impulso (NBI);
· Frequência;
· Corrente nominal;
· Corrente de interrupção (capacidade de interrupção);
· Corrente de curta-duração
2.2 Chaves fusíveis
Sob o ponto de vista de proteção, a característica mais importante é a
corrente de interrupção, que deve ser especificada com base no valor
assimétrico da corrente do maior curto-circuito no ponto de instalação da
chave .
De acordo com sua aplicação as chaves-fusíveis são classificadas em dois
tipos: distribuição e força.

a) Chaves-fusíveis de distribuição
São identificadas pelas características inerentes aos sistemas de
distribuição:
· NBI de sistemas de distribuição (para a classe de tensão 15kV: 95 ou
110kV);
· Mecanicamente, são construídas para montagem em cruzetas;
· Tensões nominais de sistemas de distribuição. No Brasil, as mais comuns
são: 11,4kV, 13,2kV, 13,8kV ( estas são consideradas da classe 15kV) e
34,5kV.
2.2 Chaves fusíveis
2.2 Chaves fusíveis
b) Chaves-fusíveis de força

De modo geral, são empregadas em subestações para proteção de


barramentos, transformadores, bancos de capacitores, e "bypass" de
disjuntores. Possuem NBI para classes de tensões mais elevadas (69kV,
138kV, por exemplo), cujos os Níveis Básicos de Isolação (NBI) são 350kV
e 650kV, respectivamente.

Geralmente, as capacidades de interrupção são superiores às das chaves-


fusíveis de distribuição. Mecanicamente , são construídas para montagens
em estruturas de subestações.

De maneira geral, as chaves-fusíveis empregadas até 25kV, são ditas de


distribuição. Acima deste valor, são consideradas de força. Entretanto, essa
regra não é rígida.
2.2 Chaves fusíveis
Baseado na construção, as chaves-fusíveis podem ser do tipo aberta ou fechada:

a) Tipo fechada : O cartucho e as garras estão montados dentro de uma caixa protetora de
material isolante.
b) Tipo aberta : O cartucho e as garras não possuem caixa protetora.

Quanto ao modo de operação, podem ser:


a) De expulsão;
b) Imersas em óleo;
c) Limitadora de corrente

No Brasil, são fabricadas e largamente empregadas as chaves-fusíveis de expulsão,


monofásicas, com cartucho em fibra isolante, abertas, não repetitivas e indicadoras, conhecidas
também como "chaves Matheus" .
2.2 Chaves fusíveis
O princípio de funcionamento se baseia na extinção do arco elétrico formado dentro do
cartucho ou canela, devido a abertura do circuito após a fusão do elo-fusível. O arco irá
queimar o tubinho e/ou paredes do cartucho, produzindo gases desionizantes (CO2 , nitrogênio,
etc), que irão extingui-lo.

Além disso, a expansão destes gases no interior do cartucho, dá origem a uma intensa diferença
de pressão interna, que irá expulsar os mesmos pela parte inferior. Isto origina um empuxo para
cima (princípio da ação e reação) , que desconecta o contato superior do cartucho do contato da
chave, fazendo-o girar através de uma junta articulada. Após a operação da chave, o cartucho
fica "pendurado", indicando a operação ("canela arriada").

Daí, dizer-se que a chave tem a propriedade indicadora ou sinalizadora visual . Os principais
componentes de uma chave-fusível tipo expulsão são :

· Elo-fusível (liga de material condutor);


· Cartucho ou canela (tubo de fibra isolante);
· Isolador (porcelana ou resina epoxi);
· Base ou dispositivo de fixação (aço zincado).
2.2 Chaves fusíveis
É importante observar que este tipo de chave-fusível não deve ser empregado para manobra de
circuito com carga, pois são do tipo "seca" , isto é, os seus contatos não possuem meios de
interrupção de arco (óleo, SF6 , etc.). A abertura de circuito com carga leva a um desgaste
prematura dos contatos da chave.

Além disso, pode provocar danos físicos e risco de vida à pessoa que está realizando a operação de
abertura, principalmente nos dias chuvosos. Isto acontece porque, no momento da abertura, o arco
elétrico pode envolver a cruzeta e, estando esta aterrada, vai originar um curto-circuito fase-terra,
que, por sua vez, poderá produzir tensões de passo elevadas.

Foram desenvolvidos alguns acessórios para essas chaves que, quando instalados, possibilitam,
com segurança, a abertura de circuitos com carga. Um desses acessórios, bastante utilizado, é o
"gancho" próprio para o "load buster". Existem chaves que sãor equipadas com câmara de extinção
de arco.
Geralmente, o cartucho e o elo-fusível são intercambiáveis, isto é, podem ser substituídos por
outros do mesmo fabricante ou de outros.

A instalação da chave na cruzeta, forma um ângulo de aproximadamente 70° , em relação à


horizontal para, através da ação da gravidade, facilitar o giro do cartucho após a operação.
2.2 Chaves fusíveis
2.3 Dimensionamento de chaves-fusíveis
Para especificar uma chave-fusível, é necessário o dimensionamento da
capacidade de interrupção e da corrente nominal. Para isso, deve-se
conhecer as correntes de carga e de curto-circuito máximas no ponto
de instalação da mesma.

Deverão ser observados os critérios a seguir :

a) A corrente nominal da chave deverá ser igual ou maior do que a


corrente de carga máxima, no ponto de instalação da mesma,
multiplicada por um fator k ; ou superior ao valor da corrente
admissível do fusível empregado, também multiplicada por K.
2.3 Dimensionamento de chaves-fusíveis
O fator de segurança K, é empregado para levar em conta situações de remanejamento de
carga, de sobrecarga ou o próprio crescimento de carga do circuito. O seu valor é tomado de
acordo com a condição de operação do circuito, geralmente, para o caso mais desfavorável ou
mais frequente.

Para o caso de crescimento de carga, o fator K é determinado pela expressão :


2.3 Dimensionamento de chaves-fusíveis
b) A corrente de interrupção da chave deverá ser igual ou superior ao maior valor
assimétrico da corrente de curto-circuito no ponto de instalação da mesma.
2.4 Elos-fusíveis
Os elos-fusíveis são a parte ativa da chave-fusível, ou seja, são os elementos
sensores que detectam a sobrecorrente e juntamente com o cartucho,
interrompem o circuito. Não devem fundir com a corrente de carga do
equipamento ou do circuito protegido e devem obedecer as curvas
características tempo x corrente fornecidas pelos fabricantes.

Os elos-fusíveis são identificados por sua corrente nominal e tipo, devendo


ainda aparecer (geralmente no botão) o nome ou marca do fabricante. São
constituídos das seguintes partes:
· Botão com arruela;
· Elemento fusível;
· Tubinho;
· Rabicho

São classificados em dois grandes grupos: distribuição e força.


2.4 Elos-fusíveis
a) De distribuição :
 Tipo K - Elos-fusíveis rápidos;
 Tipo T - Elos-fusíveis lentos

Tipo H - Elos-fusíveis de alto surto (high surge), de ação lenta para surtos de corrente (a
corrente transitória de magnetização de transformador, por exemplo) . São fabricados somente
para pequenas correntes nominais. Geralmente, são usados para proteger transformadores de
pequenas potências (até 75 kVA) e pequenos bancos de capacitores.

Correntes nominais normalmente padronizadas para esses elos-fusíveis:

 Valores preferenciais para os tipos K e T : 1, 2, ,5 , 6 , 10 , 15 , 25 , 40 , 65 , 100 , 140 e 200 A


 Valores não preferenciais para os tipos K e T: 8 , 12 , 20 , 30 , 50 e 80 A .
 Valores para os tipo H : 1 , 2 , 3 , 5 A .

Os elos-fusíveis K e T , geralmente admitem correntes 50% acima da nominal (corrente


admissíve l). Por exemplo, o elo de 10K admite uma corrente de 15A . Isto é, permite uma
sobrecarga.
2.4 Elos-fusíveis
Os elos-fusíveis K e T , geralmente admitem correntes 50% acima da nominal (corrente
admissíve l). Por exemplo, o elo de 10K admite uma corrente de 15A . Isto é, permite uma
sobrecarga.

b) De força :

Tipo EF - Elos-fusíveis rápidos;


Tipo ES - Elos-fusíveis lentos
2.4 Elos-fusíveis
Devido o arco elétrico, em tensões elevadas (classe 15kV, ou superiores, por
exemplo), a fusão do elo geralmente não interrompe o circuito. Para interrompe-
lo efetivamente, torna-se necessário a extinção do arco. Isso é feito por gases
desionizantes produzidos no interior do cartucho, em consequência da queima do
tubinho e/ou das paredes internas do próprio cartucho.

A energia liberada pelo arco vai depender do tempo, da tensão e da corrente. Se o


cartucho não for adequado, dependendo da energia, pode ocorrer "inchaço",
explosões ou outros danos mecânicos.

Os fabricantes de elos-fusíveis fornecem, por bitola, curvas características tempo


x corrente de fusão e interrupção, conhecidas como:
 Curvas de tempos mínimos de fusão;
 Curvas de tempos máximos de fusão;
 Curvas de tempos totais de interrupção
2.4 Elos-fusíveis
As curvas de tempos mínimo e máximo de fusão são determinadas em ensaios de
fusão de várias amostras, feitos com baixa tensão para não haver formação de
arco.

As curvas de tempos totais de interrupção, ou tempos máximos de aberturas, são


determinadas por ensaios efetuados sob 15kV, havendo, portanto a ocorrência de
arco elétrico. A ABNT postula também que as curvas de tempos totais podem ser
obtidas das curvas de tempos máximos de fusão mediante a adição de tempos de
arco (em torno de 10ms).

Para a coordenação ou seletividade de elos-fusíveis são usadas as curvas de


mínimos tempos de fusão e de máximos tempos totais de interrupção.
2.5 Dimensionamento de elos-fusíveis
Na distribuição aérea primária, a maior aplicação de elo-fusível é na proteção de
transformadores e ramais. Para cada caso existem critérios a serem observados, que serão
apresentados nos parágrafos seguintes.
2.5.1 Elos-fusíveis para proteção de transformador

Os elos-fusíveis de proteção de transformador, devem satisfazer aos seguintes requisitos:


a) Operar para curtos-circuitos no transformador ou na rede secundária;
b) Suportar continuamente, sem fundir, a sobrecarga permissível ao transformador. Para
transformador de distribuição, admite-se uma sobrecarga de duas vezes a sua carga nominal.
c) De acordo com a curva de tempos máximos admissíveis para sobrecorrentes em
transformador, deverá fundir num tempo inferior a 17s , com correntes de 2,5 a 3 vezes a
corrente nominal do transformador;
d) Não deverá fundir para a corrente transitória de energização do transformador, estimada em 8 a 12
vezes a sua corrente nominal (para transformador com potência até 2MVA). Considera-se este
transitório com duração em torno de 0,1s.
e) Deve coordenar com as proteções à montante e a jusante do transformador;
f) Deve coordenar com a curva térmica do transformador.
Para facilidade de aplicação, os catálogos de fabricantes fornecem tabelas com os elos-fusíveis
apropriados para proteção de transformadores de distribuição (Tabela 2.3).
2.5 Dimensionamento de elos-fusíveis
2.5 Dimensionamento de elos-fusíveis
Na distribuição aérea primária, a maior aplicação de elo-fusível é na proteção de
transformadores e ramais. Para cada caso existem critérios a serem observados, que serão
apresentados nos parágrafos seguintes.
2.5.2 Elos-fusíveis para proteção de circuitos primários
O dimensionamento de elos-fusíveis para proteção de circuitos primárias, leva em
conta os critérios de corrente e seletividade.

a - A corrente nominal do 1o elo-fusível de um ramal, no sentido da carga para a fonte,


deverá ser igual ou maior do que 1,5 vezes o valor máximo da corrente de carga
medida ou convenientemente avaliada no ponto considerado .
2.5 Dimensionamento de elos-fusíveis
2.5.2 Elos-fusíveis para proteção de circuitos primários
b- Os demais elos-fusíveis instalados à montante do anterior, deverão obedecer aos critérios a
seguir:
b.1- A capacidade nominal do elo-fusível deverá ser igual ou maior do que 1,5 vezes o valor
máximo da corrente de carga medida ou convenientemente avaliada no ponto de
instalação;
b.2 - A capacidade nominal do elo-fusível protetor deverá ser, no máximo, um quarto (1/4)
da corrente de curto-circuito fase terra mínimo no fim do trecho protegido por ele;
b.3 - O elo protegido, deverá coordenar com o elo protetor, pelo menos, para o valor da
corrente de curto-circuito fase-terra mínimo no ponto de instalação do elo protetor.
c - Quando existir três ou mais elos-fusíveis em cascata, poderá se tornar impraticável a
obediência aos critérios anteriores. Portanto, deverá ser sacrificada a perfeição da coordenação,
mantendo-se, porém, a seletividade.
d - Para maior facilidade de coordenação de elos-fusíveis, deverá ser evitado o uso de elos tipo
H como proteção de circuitos, ficando restrito à proteção de transformadores de distribuição.
Para proteção de circuitos deverão ser empregados apenas elos tipo K ou T.
e - Para ampliar a faixa de coordenação e reduzir o número de elos utilizados, recomenda-se
optar, sempre que possível, pela utilização de elos-fusíveis preferenciais.
f - Para a coordenação de elos, deve-se utilizar as Tabelas de Coordenação (2.4 , 2.5 , 2.6 e
2.7) fornecidas pelos fabricantes. Na falta destas, podem-se determinar os valores limites de
coordenação pelas curvas tempo x corrente. Para isso, a coordenação é considerada
satisfatória quando:
2.5 Dimensionamento de elos-fusíveis
2.5.2 Elos-fusíveis para proteção de circuitos primários

f - Para a coordenação de elos, deve-se utilizar as Tabelas de Coordenação (2.4 , 2.5 , 2.6 e
2.7) fornecidas pelos fabricantes. Na falta destas, podem-se determinar os valores limites de
coordenação pelas curvas tempo x corrente. Para isso, a coordenação é considerada
satisfatória quando:

Em um sistema elétrico radial , o elo-fusível mais próximo do local da falta (F)


é chamado de protetor (proteção principal), e o elo na retaguarda deste, é
conhecido como protegido (proteção de retaguarda) (Fig 2.1) . Explicando
melhor, para todas as faltas no trecho AB, protegido por 1, este deverá queimar
antes do 2 .
Quando dois ou mais fusíveis são aplicados
a um sistema, o dispositivo mais próximo do
lado da falta é conhecido como dispositivo
protetor e mais próximo da fonte é conhecido
como dispositivo protegido. Portanto, a
condição de um fusível ser protetor ou
protegido dependerá de sua posição em
relação ao outro fusível considerado e a
carga, como ilustra a Figura 6.6 (McGRAW-
EDISON COMPANY).em aplicações onde a
coordenação limita a escolha da bitola
(GUIGUER, 1988).
2.5 Dimensionamento de elos-fusíveis
Tabelas
Tabelas
2.6 Exercício de aplicação
Passos para resolução
• a) Dimensionamento dos elos-fusíveis dos transformadores
• b) Dimensionamento dos elos-fusíveis dos ramais
• c) Dimensionamento das chaves-fusíveis
2.7 Exercício proposto
2.6 Exercício de aplicação
Roteiro de aula: REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
José Wanderson
jose.silva@educador.facimed.edu.br

© Instituto Santos Dumont (ISD) 42

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