Silo - Tips - Enigmas Ocultos Do Castelo Da Feira

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ENIGMAS OCULTOS DO CASTELO DA FEIRA Tradução original (incorrecta) - Ao benévolo deus 115

Tuareo consagrou este Monumento Arcio, Filho de Epeilo


A DECIFRAÇÃO DEÍSTA DAS DUAS ARAS VOTIVAS ROMANAS Bracara de Nação.

Nossa tradução: De bom grado, ao deus Touro


Noé Oliveira Bernardes* consagrou este Monumento Arcio, Filho de Epeilo
Bracara de Nação.
No decurso da decifração simbólica do castelo da Feira, Os estudiosos e epitólogos sucedâneos - como quase
a publicar brevemente pela nossa revista, chamou-nos à sempre, diga-se - alinharam pelo mesmo diapasão, mas
atenção o estudo e as conclusões finais do artigo, da autoria erradamente como veremos.
de José de Encarnação, divulgado na “Revista Semestral da No ano de 1917 descobriu-se uma segunda inscrição no
Junta Distrital de Aveiro”, número 11, de 1971. cubeto sudoeste da Torre de Menagem quando se procedia à
sua reconstrução, sinal claro que naquele preciso ponto, ou
Aquele artigo recai sobre a tradução e interpretação
muito próximo, seria aquele recinto cultuado a um ou mais
dos dizeres vertidos nas duas aras romanas encontradas no
deuses.
espaço interior do castelo.
Análise:
As duas inscrições votivas romanas deverão traduzir-se
Interpretação da segunda ara - “Bandevelugo Toiraeco
diferentemente e têm , de resto, um sentido de voto deísta
(Lucios), Latrius Blaesus V/0tum L/Ibens. S/. Olvit)”.
(numen) diverso: singular, na primeira; plúrimo, na segunda.
Tradução original incorrecta - “Lucio Latrio Bleso
Aquele estudo apoia-se no decalque do artigo, feito dezenas
cumpriu de boamente o voto que fizera ao Deus Bandevelugus
anos antes pelo insígne e saudoso Prof. Doutor Leite
Toiraecus”.
Vasconcelos, revelado e tornado público (Volt III,Lisboa, 1913, A nossa tradução:
pps 612- 613), na sua obra “Regiões da Lusitânea”. “Lucio Latrio Bleso cumpriu boamente o voto que fez
à deusa Banda e ao deus Lugo no santuário consagrado
Análise: ao Deus Touro”.
Interpretação da primeira ara: DEO TUAREO Volenti Arcius, Relativamente à primeira ara a tradução denota dois
Epeici (filius), B. (Bracara), S. (Sacrum); F.(Fecit). erros:
*Advogado.
1º - Volenti significa de bom grado e não benévolo (volens, Igualmente, o deus Lugo é um deus andrógeno, que se
entis). Quem está grato e de livre vontade cumpre o voto que transforma e se metamorfoseia noutros deuses, adoptando
prometeu: é o oferente Lucio Latrio, e não o deus. Volenti está formas zoomórficas variadas como é o caso do Touro/Vaca,
no genitivo e não no dativo. macho-fêmea, evidenciado exuberantemente na planta do
2º - Por outro lado, a tradução respeita ao deus Touro e castelo, a quem está indissociavelmente conotado e, como
não a um deus intraduzível, como vaga e infrutiferamente o tal, se identifica.
fizeram. Tuareo é o dativo latino de Tuareus-a-um, servindo de A figura do Touro representada zoomorficamente na
complemento indirecto. A consagração é feita precisamente planta do castelo, atestado pelas aras votivas, simboliza a
ao deus Touro, da Constelação Tauros, refletida cosmicamente energia vital, a fonte de fecundação e de fertilidade atribuída
e reproduzida fielmente na planta do castelo. pelos povos primitivos, celtas inclusive, e o correspondente
O guião do castelo entregue aos visitantes denuncia-o, culto Tourobólico.
representando o deus Touro com o seu distintivo, Phalos O colar helióstico com 19 esferas à volta do pescoço da
notável, sem quaisquer dúvidas, pelo que podemos assegurar figura do Touro, bem como a correia que o prende à cabeça,
inequivocamente que o locus, bosque, era venerado e conforme o ilustrado na planta tauriformis, é uma imagem de
consagrado ao deus Tauro, constituindo esta representaçao rara beleza arquitectónica, dado que é o reflexo da abóbada
zoomórfica uma revelação, no nosso entender, de cariz da galeria do castelo, com os seus 19 circulos, esferas, na
céltica, pré-romana, inédita e assombrosa na Ibéria e mesmo base das seteiras cruciformes e do corredor coberto que vem
na Europa. do exterior nascente e dá para o pátio da traição.
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Correcção da segunda ara: Esse colar era usado por certos sacerdotes no culto do
Relativamente à segunda ara a intenção votiva é feita à deus Sol, enquanto a disposição arquitetónica da galeria
deusa Bande e ao deus Lugo e não a um só deus denominado abobadada ascencional e curvilínea reproduz e simboliza o
Bandevelugo, ou seja, o voto (o sacrifício ) do animal bovino ou movimento diurno e solar, a aurora do dia e o põr do sol, a
tourino é cumprido, satisfeito, num espaço-tauriformis (cousa morte e a ressurreição.
semelhante a Touro), aí cultuado, mas em honra daqueles
dois deuses celtas ( o da fecundidade e da luz solar). Uma segunda tradução da segunda ara – “Lucio
O guião castelar da Feira configura-os e consagra-os, sem Latrio Bleso cumpriu boamente o voto que fizera à deusa
o saber, como um testemunho da ocupaçao céltica e de um Banda (Dat. Bande) - Boand-Bóvinda, vaca branca) e ao
culto de um santuário romano, ou magus céltico, como de Deus Lugo pela sacrificio do Touro Bovino”.
resto também o reitera e confirma a epígrafe da segunda ara. Boand é o cognome de um deus da Irlanda Céltica,
Ver Dicionário Latim Português “Prosódia”, de Bento Pereira, associado ao epípeto do Deus romano Tuereus. Tuereus-a-um
editado em 1751. = coisa de Touro, item Neptuno a quem sacrificam o touro
A evocação do teónimo Turaeco, ou Tuaero, é relativo - Ver “Prosódia”, de Bento Pereira, p. 969.
ao local consagrado ao deus Touro - morro, colina, bosque 0 monumento, a ara, é dedicado não só à Deusa Banda
ou fortaleza ( castrum) - deificado a Taurus (Touro). Bande é (Vaca Astral, Deusa da fertilização), mas também ao Deus
um dativo clássico de Boand-Bóvinda, vaca branca, cultuada superior, Lugo, o Deus Lug (us), equiparado ao Deus Mercúrio
pelo povo céltico e gaélico. Ve, sinónimo de “vel”, advérbio romano. É o Deus luminoso, referido no Livro “A civilização
de modo, ou seja, o ofertante Lucio Latrio, de igual modo, Celta”, de Framçois Le Roux Christianar-J Guion WarK, forum
cumpre a promessa para com Bande e a um segundo deus, da História, Publicações Europa América, p. 110-112.
Lug (us), - dativo do singular -, deus céltico, e no santuário Aliás, in fine, do supra aludido livro, na tábua da
dedicado a Tauro ( pede ablativo singular, subentendendo o nomenclatura dos deuses célticos, aquele é associado ao
lugar onde se presta o culto). deus romano Mercúrio, também venerado na Gália, Irlanda,
O deus Lugo personificava para os celtas o deus Mercúrio na Galiza e Norte de Portugal.
dos romanos; por sua vez, o deus Tauro é um deus solar, 0 póprio deus Lug (us) era conhecido por Eilen em Galmes
simbolizando a força, a ressurreição e a luz criadora do sol. e na Europa. Também a deusa Banda, equiparada a Minerva,
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Ara descoberta em 1912 junto à muralha do lado do poço. Ara descoberta em 1917 na torre sudoeste de menagem.
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Castelo de Santa Maria da Feira - Guia. Instituto Português do Património Arquitectónico.


era divinizada na província de César e endeusada na Irlanda, O castelo da Feira ergue-se num espaço sacro, inserido
como Brigtt, Etain, Boand e Tailliu, na função multiforme de num lugar denominado - ainda nos dias de hoje - como o das
mãe, esposa, irmã e filha de Deus. “Guimbras”, ou seja, toda a encosta do castelo é sobranceira
Também o vocábulo locus - já referido como bosque ou ao Rio Caster. A conformação do relevo em declive para o rio
local de castro defensivo - é traduzido, no citado dicionário de (a poente e parte a sul) parece serpentear a colina até atingir
Bento Pereira, como montanha, o bosque ou espaço sagrado propriamente o castrum, onde se eleva o castelo.
a algum Deus - fls 547 da “Prosódia”. Toda a envolvente arbórea verdejante que contorna o
O erro, na tradução da epígrafe, deriva do facto de castelo distaria cerca de 3 a 4 Km do mar, como testemunham
incluirem o advérbio de modo “ve”, igual a “vel”, como as areias à vista que consolidam o solo e onde crescem os
componente vocabular do teónimo Bandevelugo. Não se trata pinhais em terras de Arada.
de um cumprimento de um voto a um só deus mas também Não deixaremos de alertar o leitor que a área do castelo
a outro, ou seja, à deusa Banda, ou Boande, e também em causa, com centenas ou milhares de anos, não é fruto de
ao deus superior Lugo, (Lug), ambos célticos, no santuário um criação casual humana, mas de um sentimento de ânsia
pagano do deus Touro. incontrolável de transcendência e de humanização do sobre-
Por sua vez, a omissão absurda da tradução do teónimo humano.
tuareo torna irresolúvel e incongruente qualquer tentativa de Não se trata somente de justificar a presença humana
decifração fiel das dedicatórias epígráficas. desde as origens, o sentido da existência, mas a busca do
A nossa tradução e interpretação quanto ao teónimo Lugo princípio organizador e coordenador, de um modelo como
e à partícula Ve (em espanhol, y) é confirmada pela inscrição 119
é o cosmos. É visto como arquétipo ideal, sagrado, coisa
epígráfica espanhola, infra reproduzida e traduzida: exemplar a cultivar, a seguir e copiar, a dar forma à obra prima
dos deuses (“Dicionário dos Símbolos”, de Jean Chevalier, p.
235).
A “Inscripción de Penalba de Villastar Daí a sua pertinente temporalidade, que marca e
demarca o tempo divino de diferentes épocas de ocupações e
povoamento dos invasores, como foram os da romanização,
Texto escrito en alfabeto latino hallado en la localidad de dos celtas, árabes, visigodos e dos nossos antepassados
Villastar (Teruel), y que probablemente se trate de un texto lusitanos. O espaço do castelo foi primitivo castro, campo
votivo: sacro, consagrado ao deus zodiacal (Taureus), quase sempre
associado ao deus celta superior e metamorfoseador LUGO,
Eniorosei ávido e faminto de Touros sacrificados.
vta tigino tiatvnei Touro, símbolo do crescente lunar, na primeira semana do
trecaias to lvgvei quarto crescente da lua, animal consagrado a Posídon, deus
araianom comeimv dos oceanos e das tempestades, da tormenta e da chuva.
eniorosei eqveisviqve As divindades lunares mediterrâneas eram representadas
ocris olocas togias sistat lvgvei t1aso sob a forma de Touro, exaltado pelo povo védico, budista,
togias. egípcio, Osíris, sempre representado e simbolizado por um
Touro. Encarna as forças ctonianas, profundas do oceano,
Cuya traducción podría ser: sendo equiparado o seu mugido ao som do trovão e furacão.
«A Einor(o)sis y a Tiatú de Tiginos nosotros concedemos Os exércitos romanos divulgaram por todo o império o culto
surcos y a Lugus un campo; a Einor(o)sis y a Equaesos de Mitra, deus salvador, vencedor invencível, nascido de
Ogris somete las protecciones de la tierra fértil, a Lugus las um rochedo, a 25 de Dezembro, no solstício de dezembro
protecciones de la tierra árida». com o nascimento e movimento diurno do sol até ao seu
adormecimento nas águas de Neptuno, deus do mar.
Transcripción Meid, 1994. http://es.wikipedia.org/wiki/ (“Dicionário dos Símbolos, de Jean Chevalier).
Idioma_celt%C3%ADbero
O Touro, como signo do zodíaco ( 21 de Abril - 20 de Maio), Por sua vez, o jovem Touro era idolatrado entre os
está ligado à força do trabalho, aos instintos de sensualidade esquimós, bosquímanos e, no Peru, é associado ao crescente
e da fecundação. O Touro, poderosa criatura, espelha lunar.
lentidão, grossura, gordura, estabilidade, solidez e fixidez, Quando um homem quer representar uma divindade não
como assinala Jean Chevalier, no seu Dicionário, a propósito o faz apenas para retribuir e louvá-lo o que recebeu dele. Esse
das referências ao teónimo Touro. Considera-o mesmo o louvor traduz-se na exaltação infinita do deus. O trovão, o raio,
glorificador de Vénus, um ser animal palpitante, generoso a chuva e as ondas iracundas do mar são manifestações de
e robusto, pastando e abandonando-se sensorialmente aos deus e o homem primário teme-o e pressente o seu poder
sabores e prazeres campestres dos campos verdejantes. sobre toda a natureza.
Nas insígnias romanas o seu teónimo, Minotauro em letra Reconhece a existência, primitivamente, de um deus
grega, era visível e destacava-se entre elas. Na Gália, um chefe oculto, de um ente superior e dominador. Há que agradá-
guerreiro é chamado de Donno-taurus (donno-tur), o touro Lo, pela oferta de aves do céu e animais da terra, acalmá-lo,
mitológico. Acresce, ainda, que o seu nome está associado à apaziguar as forças da natureza e o seu génio protetor.
denominação de várias cidades na França, Itália, como Tarva, A imolação exprime apenas uma mera dedicação pela
Throuanne, em França, e na Grécia ligado à criação da cidade oblação simples do homem, mas não a posse, o domínio de
de Taruos (grego). P.127 e 128, in, “Os Druidas e os Deuses deus sobre as criaturas. Assim, um dia, o homem despertou
Celtas, sob formas animais”, de Henri Darbois de Jubainvills, e constatou que só pela inutilização da oferta, da cremação da
120 editado pela Zéfiro. vítima e efusão do sangue do animal satisfaria plenamente o
seu deus, pela despojamento total e radical do ser oferecido
É evidente e reconhecido desde sempre que a e seu retorno ao deus criador.
denominação da cidade espanhola de Lugo, situada O sacrificio dos seres inferiores é dar glória a deus e
na Galiza, se deve à presença de povos celtas que proclamar o soberano e eterno poder. O acto do sacrificio
prestavam culto devotado ao deus Lug (us). passa, assim, a um acto (latria) que, reiterado publicamente,
No “Simbolismo das Religiões”, Mário Roso de Luna, o passa a culto, via de proclamação da omnipotência do divino.
vanguardista escritor, teósofo verdadeiro e o maior decifrador Antes de pedir, o homem louva, e as dádivas que lhe dedica
ocultista de sempre, realça e sublima o culto da Vaca nas expressam súplica e adoração. Sacrificare significa fazer
teogonias orientais, do significado de Buda que é condutor sagrado. Sagrado é tudo o que é separado das coisas profanas.
da Vaca, do culto das sete Vacas simbólicas, o sonho bíblico A oblação é o rito pelo qual o homem oferece a deus
do faraó, interpretado por José, que sai do Oriente remoto um presente, animal, cordeiro, boi, vaca ou turino, para
e chega a Espanha abrindo “rotas de gado” pelo caminho. reconhecer o seu domínio, conciliar os opostos, agradecer as
Em Belém, a Vaca guarda o menino Jesus, o Redentor que primícias, os frutos; é elevar-se e consagrar à divindade que o
dorme, numa associação de iniciações íntimas que todas as que conquistou e detém é pertença integral de deus. O rito é
teogonias guardam entre si, mesmo as mais opostas, com diz o garante da união com deus e o sangue da vítima derramado
Roso de Duma. na concavidade da pedra do altar é símbolo da divindade.
A hierogamia (do grego hieros-sagrado; gamos-matri- De seguida, o animal era esquartejado, desmanchado,
mónio) traduz uma relação ou uniões de seres humanos seguindo-se o banquete ritual: a carne da vítima era comida
com divindades e estas entre si. Júpiter terá acasalado com prioritariamente pelo sacerdote após o que era distribuída e
diferentes deusas e até terrestres (hierogamias cósmicas), comida pelo ofertante e demais presentes.
transformava-se de todos os modos para se acasalar, como, Segundo Ptolomeu, a norte da Grâ-Bretanha havia um
por exemplo, em Sátiro para ganhar Antíope, metamorfoseou- promontório denominado Tarouana, no local do levantamento
se em Touro para conseguir Europa, filha de Agenor e, pondo da fortaleza do Deus-Touro. Naquele livro, Henri Darbois
a dita princesa sobre as sua costas, deitou a fugir, passando comparara-o ao Cabo de São Vicente, situado no extremo de
o mar a nado. Portugal.
Ora, o lugar “onde hoje está situado o castelo com Olimpo, Apolo, entre outras mais. Misturavam-se personagens
a sua civitas e o hierónimo Santa Maria surge como ponto mitológicas gregas e romanas com as do catolicismo romano
tradicional de referência, de grande acção centralizadora e e da própria natura, mãe-terra, num corso desafiante, mas
não é motivo para nos espantarmos muito, sabendo nós que tolerado e pacífíco, até atingir o triunfo eucarístico redentor
a civitatis sanctae mariae, ou civitas sancta maria, são todas cristológico com a ajuda do oficiante Apolo. págs. 61 a 64
referências relativas ao mesmo santuário, dunum céltico e do Livro “Entre Desengano e Esperança”, de Dalila Pereira
de oppidum romano ”. págs. 35-38, in “Vilada Feira-Lusitano- daCosta. Lello Editores, Maio de 1966.
Romana”, Revista Douro Litoral. Naquela procissão desfilava e era sacralizada a deusa
Todas as citações - em mais de vinte e sete documentos, Serpa que simbolizava o poder da ciência e da fertilidade
anteriores a 1117, relativas às terras de Stª Maria - omitem adveniente da Grécia graças ao deus Apolo que desce à terra,
o vocábulo Feira, sinal de uma calculadada cristianização substituindo o seu culto, mas mantendo a Pyton como sua
que passaria pela eliminação de teónimos de deuses locais coadjuvante.
pagãos e da reconversão do próprio local em santuário cristão. É ele, Apolo, conforme regista Camilo Castelo Branco, que
A construção da ermida de Stª Luzia, no interior do castelo reclama ser Deus Celeste para representar Jesus Cristo, ele
(entretanto demolida e que se situava junto ao poço), é também tido entre os helénicos como o purificador e redentor,
exemplo sintomático de substituição do deus da luz, Lugo, por conjuntamente com Latona, deusa equiparada a Ísis, como
uma nova divindade a venerar, como padroeira da vista, além mãe de Deus, salvadora dos homens. No híbrido cortejo,
da capela erigida em honra de Nª Srª da Encarnação, anexa após a Serpe segue-se o carro da Herva e o Boi Bento , aquele
ao castelo. 121
reprodutor e sinal permanente da rendação da Terra e o boi
O nosso estudo em relação às lápides votivas e ao (touro), o da fecundidade imparável. Cenário processional
locus do seu achado foram dissecadas, anteriormente, por que aponta para o vigor regenerativo, força telúrica natura,
Arlindo Sousa, in “Povoamento Medieval de Entre-Douro epifánica, emblemática, que remonta ao princípio do milénio
e Vouga (Fontes Toponomásticas)”, Lisboa ,1961, p. 7, antes da nossa era. p. 650 do “Dicionário dos Símbolos”, de
afirmando, desde logo, que “Santa Maria é denominação Jean Chevalier.
cristã . A designação proto-histórica, isto é, pré-romana, foi Assim o touro é o paredro (da vaca genetriz), o criador
substituída”. fálico, o animal solar (com o colar helióstico ao pescoço),
Segundo o nosso parecer era feriae, surgindo o novo conforme assinala, revela a figura reproduzida da imagem do
teónimo indígena Bandevelugo na Lusitânia por influência animal no guião (o bobino que representa os deuses celestes
celta e por assimilação de deuses romanos. Conforme refere na região Indo-Mediterrãnea e tudo causado pela actividade
o autor, “(...) o próprio nome Feira, que surge a primeira vez, imparável do deus Urano, deus celeste equiparado ao deus
num documento de 1117, parece relacionar-se com um Tauro).
antigo fórum romano, ou magus céltico, lugares de reuniões O Touro é um deus Védico, assim como a vaca. Aquele
políticas, religiosas, comerciais, etc.”. identifica-se com a conteslaçâo da Ursa Maior, com a qualidade
Reafirma também que no interior do castelo terão sido de criador, fertilizador inesgotável, divindade cósmica que
venerados aqueles deuses em santuário, o que contribuiu associada à vaca animará todo o ser vivo. Era visto entre os
muito para a grandeza local e para o seu povoamento Védicos como pedestal, suporte do mundo, assim como entre
acentuado. Daí que apareça mais tarde como eixo central de os islamistas e povos orientais. Era considerado por certos
uma civitas, cujo nome antigo, proto-histórico, foi substituído povos indo-europeus como o sustentáculo do peso da terra,
pela invocação cristã de Santa Maria. desempenhando papel idêntico ao dos elefantes, o carreteiro,
Camilo Castelo Branco, no seu livro “O Santo da o jungido, o atrelado ao plaustrum, carro rural por excelência
Montanha”, descreve a festividade em Braga, em honra do dos romanos, ou o “currus triumphalis” que conduzia os
Santíssimo Espírito, destacando que o desfile processional generais romanos em seu triunfo: de estrado circular, fechado,
católico integrava, estranhamente, outras figuras pagãs como cheio de decorações vitoriosas, além do carro de origem
Júpiter, Baco (na figura de bode), Juno (de vaca), Pélion, gaulesa, denominadao “ Benna” e o romano Boa “Petorritum”.
É conhecida a docilidade e beleza do boi e da vaca da acreditar que a sua utilização era especificamente aproveitada
raça marinhoa, da nossa região, tão bem domesticados, para os fins de oblação e imolação de animais durante o rito
que bastava um olhar, um ligeiro toque ou remoque ou uma cerimonial do sacrifício das referidas vítimas.
ligeira pancada nas hastes para os meter no bom caminho. Temos informação segura que nos sarcófagos minóicos
págs. 66 a 72 do livro”Ciclo do Carro- de Bois no Brasil” de foram perfurados buracos no seu fundo para permitir a
Bernardino José de Sousa - Companhia Editora Nacional -São drenagem de líquidos, e só no fundo. Os mesmos só teriam de
Paulo - l958. altura 1,37, de comprimento 1,38 por 0,45 de largura e neles
seriam depositadas cadáveres por um periodo de qurenta
DA IMOLAÇÃO DO CULTO DEÍSTA EM FERIAE NO dias, findo dos quais eram removidos para um ossário.
FORUM DO DEUS TAURO Os dois sarcófagos assinalados têm um comprimento
e largura que excede ainda hoje, em muito, as medidas
A exposição ao ar livre no interior do castelo de três formatizadas das próprias tumbas ou túmulos humanos.
sarcófagos junto à fonte serão provavelmente duas delas, as O sarcófago a nascente tem dois orificios ao alto e na
situadas a nascente e poente, destinadas a recolher as carnes base, enquanto o do poente tem apenas aberto um orifício
das partes esquartejadas dos animais bobinos ou caprinos na parte superior lateral direita. Aqueles buracos permitiam a
sacrificados naquele santuário ao deus Tauro/Vaca, Bande e drenagem de escorrências líquidas como sangue e gorduras,
Lugo e a outros. além das lavagens e das próprias águas pluviais. Não foram
A dimensão anormal das medidas das mesmas (2,8 m de achados quaisquer lápides ou escrita junto aos mesmos, nem
122
comprido, por 0,65 de largura e 60 cm de altura), comparada ossadas humanas.
com a reduzida altura do homem de então, leva-nos a
O vocábulo inferiae (p...) correspondia, por sua vez, em Ora, nas FERIAE LATINAE, em Abril, no Latium, imolava-
Latim, a oferendas e a sacrifícios praticados no santuário se uma vitela branca sem mancha, que ainda não tinha
pela morte de alguém que era colocado num sarcófago trazido o jugo e a sua carne era partilhada pelos deputados da
durante quarenta dias seguidos, findos os quais se procedia à confederação latina. Não participar dela implicava ruptura do
retirada dos ossos. Tudo leva a crer que o sarcófago do meio, laço que unia as cidades entre si. Uma trégua era proclamada
com o topo rasgado em forma de cabeceira, se destinaria por toda a duração da festa e as alianças eram renovadas.
exclusivamente ao enterramento ou deposição temporária Estamos aqui, segundo Warde Fowler, em presença duma das
dos cadáveres. mais antigas e belas concepções da raça latina, que em cada
Os sacrifícios judaicos eram a preparação, a antecâmera ano reconhece a sua comunidade de sangue e sela-a pela
participação do sacrifício em comum de uma mesma vítima
ou prenúncio da realizaçao do mistério de Cristo. O fim
sagrada, entrando assim os diferentes povos em comunhão
principal de todo o sacrifício, seu significado e valor, era
com o deus, a vítima, e uns com os outros. Págs. 14 e 15 do
adorar o criador, reconhecer o supremo domínio sobre todas
“Curso de Liturgia Romana” -Volume II, Liturgia Sacrificai da
as criaturas, prefigurando o sacrifício do mediador, seu Filho
Padre António Coelho -Edição da Revista Opus Dei,103, Rua
Jesus Cristo.
Nova de Sousa, 1C Braga-1927 - Volume I.
Nos sacrifícios patriarcais Jeovah ordenou aos amigos
Há que ter em consideração a distinção entre mercado,
de Job, após discussão entre eles, que lhe oferecessem um açougue e feira. Na realidade, vários termos designavam o
sacrificio expiatório de 7 touros e 7 carneiros, e a Moisés, termo mercado. Além da palavra mercado, de origem latina,
depois da promulgação do Decálogo, no Sinai, ordenou Deus 123
há palavras de origem árabe do mesmo sentido: açougue ou
a oferenda de holocaustos e a imolação de touros em sacrificio fangas, que se realizavam diariamente, enquanto o mercado,
de acção de graças, espalhando a metade do sangue sobre o espécie de feira, era semanal. Por sua vez, o que distinguia o
altar e que aspergisse a outra metade sobre o povo dizendo: mercado das feiras era que estas só tinham lugar uma vez por
“Este é o sangue da Aliança que Jeovah concluiu convosco ano ou mensalmente.
(Job XLII, 8 ). Ora, a feira nasce na Idade Média, como mercado
Nas leis sobre os sacrificios cruentos de holocaustos, mais alargado e evoluído, bem como pela necessidade de
destacam-se as previstas no Levi, I 1-17; Num XV,8-16 promover a troca e a comercialização de produtos entre o
prescrevendo que as vítimas a imolar seria um bezerro com homem do campo e o da cidade, nos pontos de concentração
menos de um ano e um touro que deveria ter mais de três populacional e de cruzamento de vias. Daí o aparecimento de
anos. portagens, do azemel, recoveiro, caminheiro e carreteiro e a
Os sacrifícios especiais fixavam para a consagração um eclosão das feiras com carta de foral, como Ponte de Lima em
touro cujo sangue seria para ungir os sacerdotes na orelha 1125, Vila Mendo em 1129, da Guarda em 1255 e da Covilhã
direita e que, no sacrificio da VACA RUÇA, esta devia andar em 1269, outorgadas e criadas por prerrogativa monarca.
totalmente com pau de cedro e hissope. As cinzas era Feira não é sinónimo de mercado, aliás vocábulo esse
inexistente em termos latinos, nos tempos dos romanos e
misturadas com água e destinavam-se a purificar a alma
mesmo no período da romanização, havendo unicamente o
maculada.
vocábulo latino nundinae-arum, que se traduz e corresponde
Os sacrifícios particulares eram ofertados durante o período
a mercado. O termo feira tem origem em França e em plena
de três grandes festas do ano e, outros, em diferentes épocas,
época medieval, tendo ploriferado em todo o território gaulês
sobressaindo as festas da Lua (Neomèniae) com o sacrificio
nos séculos XI e XII.
de dois touros, um carneiro e sete cordeiros, em holocausto
Daí que esse topónimo feira tenha sido impresso e
com oblações, assim como na Páscoa e Pentecostes. Na festa divulgado, pela primeira vez, na nossa língua, por Dona Teresa,
do Tabernáculos eram sacrificados treze touros. viúva do conde D. Henrique, pai de D.Afonso Henriques,
Seguia-se o banquete ritual, em que a carne da vítima era referido num documento de 1117 “Facta carta in Terre
distribuída entre os oferentes e comida antes dos restantes Santa Maria, ubi vocante Feira...”
presentes.
Estas feiras medievais tinham uma paz especial, a paz é, seria reconhecida e gratificada pela atribuição de uma feira
da feira, que proibía toda qualquer espécie de vingança, em franca através de uma carta de foral, enquanto os concedidos
tudo igual à imposta, séculos antes, nas ditas feriae celtas e por D. Afonso Henriques foram a Coimbra e a Soure.
romanas, precisamente no local do campus céltico ou forum A concessão das primeiras feiras francas é inerente
do oppidum romano, ou seja, no espaço do castelo da Feriae. ao privilégio realengo em carta da Feira, diploma próprio,
Discordamos em absoluto que a origem semântica do independemente do foral concedido à povoação. A periocidade
topónimo Feira de Santa Maria derive do vocábulo latino entre um mercado e uma feira advém pelo facto de no
“feria-ae”, mas sim de feriae-arum (festas), com o significado primeiro se fazer a venda dos produtos em tendas fixas ou
de período consagrado ao repouso, às festas, aos dias móveis, em bancos ou no chão, na praça, rossio e arrabaldes,
de paz, de tal forma que “a quotidiana luta pela vida sempre fiscalizado por alcaides, meirinhos e almoster, que
ficava suspensa, as diferentes classes da sociedade, aferiam os pesos e seu tabelamento, sendo taxados por
incluindo os escravos, esqueciam os abismos que as portagens, octavas e alcavalas. As feiras ocorriam por ocasião
separavam, pelo que durante as férias latinas até as das festividades e cerimónias de culto, romarias, incentivadas
cidades que tinham guerra entre si celebravam sacifícios pela própria Igreja que desepenhou um papel determinante na
em comum”. págs. 966 e 967. in “Dicionário Etimológico da sua eclosão e manutenção.
Lingua Portuguesa”, 1ª edição, José Pedro Machado, 1952, As cartas das feiras marcam e estabelecem o prazo da
Editorial Confluência. feira em relação a uma festa, seja na Páscoa, na Natividade,
Refere o mesmo autor que já um estudioso, de seu nome no Corpo de Deus, ou na festa do santo padroeiro, como é
124
Du Cange, já tinha analisado esta questão semântica nos o caso dos “Vinte das Fogaças”, em honra de S. Sebastião,
seguintes termos: «Singuli dies hebdomadis dicti, ut est padroeiro de Santa Maria da Feira. “História- 10º ano”, de
apud Hieronymum non quod in iis feriandi necessitas António M. Matoso e Francisco Costa Araújo, Maio, 1989,
incumbat, sed a septimana Paschatis, quae erat immunis Areal Editores.
ab opere faciendo et feriata», Glossarium, s. v. feriae. Cf. As feiras, por exemplo, de Palmela, Trancoso,
também : Hans Rheinfelder, Kultsprache und Profansprache in Celorico, Alcácer, eram protegidas pela paz, pela trégua,
den romanischen Ländern, p. 436 (Florença- 1933). Séc. XII proclamadas pelo período da feira, na própria carta, sendo
(1117)1 : «Facta carta in terra Sancte Marie, ubi vocante proibido quaisquer actos de vingança, hostilidades e até
Feira...», em João Pedro Ribeiro, Dissertações Cronológicas, de prisão, o que perpetua e consagra o local da feira
I, p. 246 da i.a ed., p. 253 da 2.a. como ponto de encontro e reencontro pacificantes, em
A referência em anotação - p. 967, relativa ao topónimo tudo semelhantes aos vigentes na altura pré-romana e
Feira, em 1117 - feita pelo dicionarista José Pedro Machado, romana.
negando ser verdadeira a afirmação da Drª Virgínia Rau que Diga-se, de resto, que um eventual mercado no início da
a feira de Ponte de Lima fosse a primeira a ser criada por nacionalidade ocorreria, certamente, no interior do prórpio
carta de foral, em 1125, não é aceitável, nem condiz com castelo e, posteriormente, no rossio da própria Vila, o que por
a verdade histórica, versão esta assegurada, de resto, por sinal ainda ainda hoje se verifica com Santa Maria da Feira.
diversos historiadores. De facto, Ponte de Lima foi a primeira Assim o aditamento e a associação posterior da palavra
feira portuguesa a ser reconhecida com carta de foral, Feira à denominação de Terras de Santa Maria é ditada
seguindo-se Vila de Mendo (1129), Guarda( 1255), Covilhã por exigências superiores de centralidade, bem como pólo
(1269) e somente, em 27-06-1407, é concedida carta foral centrifugador e aglutinador das diferentes gentes das terras
de feira a Santa Maria da Feira por D. João I. vizinhas, pelo que houve necessidade de a relevar, distinguir
Se fosse verdade, que houvesse uma grande feira, à terra e diferenciá-la de outras com idênticos cognomes, caso de
de Santa Maria teria sido concedido, de imediato, carta foral Santa Maria de Lamas.
de feira régia, como reconhecimento óbvio do contributo dos “Nos nomes de cinco dos dias da semana usa-se, como
homens nobres das terras de Marnel e de Santa Maria da é sabido, um adjectivo numeral a concordar com o vocábulo
Feira, na afirmação da conquista do reino de Portucale, isto feira, por motivo ainda não completamente esclarecido e
ainda menos provado, se bem que tenha já merecido alguns Glosário
estudos”. Giacinto Manupella, “Os Estudos de Filologia
Portuguesa de 1930 a 1949”, no Índice de assuntos, s. v. ANTUANA - Os celtas possuiam santuários em sítios altos,
hemeronimia, p. 238. Por sua vez, Gerhard Rohlfs, estudioso fora do vulgar. Deusa cultuada na cidade de Cádiz, Espanha,
da Língua Portuguesa, terá concluído que foi através do pela abundância da pesca de atum.
sistema enumerativo que a igreja oficial portuguesa terá BALOR - Avô guerreiro morto pelo próprio neto, o deus
conseguido, através dos séculos e com uma propaganda Lugo.
feroz, liquidar, com sucesso total, as denominações e os BARDOS - Poetas da Gália.
cultos pagãos. BOA, AS, ARE,VEL BACU,BOIRE - Antigo-mugir da vaca.
A denominação feira - conforme explicita o “Novo Diccio- BOALIAI-IUM - Festa de turos que faziam os Áticos aos
nario Critico e Etymologico da Lingua Portugueza”Francisco Deuses dos Infernos e agora fazem os Ítalos em dia de
Solano Constancio, 2ª edição, Paris, Angelo Francisco Entrudo.
Carneiro, Editor Proprietario, 1844 - é um vocábulo francês, BOAND - BO VINDA - Vaca branca (Brigth-muito alta)
acolhido pela Língua portuguesa: “Feira s. f. (do Fr. foire, do - no supra indicado livro. No livro “A Civilização Celta”, de
Lat. fórum, praça, de fero, erre, levar), lugar onde concorrem François le Roux e Christian-JGuyon varc - editado pelo Forum
em certos dias da semana, do mez ou do anno, mercadores da História das Publicações Europa América - a deusa Banda
ou lavradores a venderem generos e productos da agricultura era cultuada e tida como mulfifuncional na Irlanda Céltica,
ou da industria. Em Allemanha ha feiras de livros, em que se metamorfoseando-se noutras divindades, como mãe, irmão, 125
filha de deus, conforme consta na nomenclatura dos teónimos
vendem as obras recem publicadas no paiz”.
e cognomes elencados no referido livro.
(...) “FEIRA, s. f. (Lat. feria, dia de sacrifício, ou festivo, de
BOATIM E BOVATIM - Advérbio de modo-muger, modos de
fero, levar, isto he, as victimas), junto aos numeraes segunda
boi.
até sexta, designa os dias da semana, partindo de domingo e
BOATUS-US - O mugido de boi.
rematando no sabbado. Estas denominações adoptadas pela
BOBULUS-A-UM - Coisa de boi ou vaca.
Igreja forâo introduzidas em Portugal, e substituirão os nomes
BOCCAE-ARUM - Bois marinhos.
dos dias da semana usados pela maior parte das nações da
BONASUS-I - Boi silvestre.
Europa e da Asia, e conservados ainda hoje em Castelhano
BOOPS-OPIS - Peixe chamado olho de rei.
, Francez, Italiano, Allemão, Inglez, etc. Segunda feira
BOOTES-IS,VEL, BOOTA - O boveiro, a Estrela Boeira.
corresponde a dia da lua; terça -, a dia de Marte ; quarta-, a
BOPES-IS - O que tem olhos de boi.
dia de Mercúrio ; quinta-, a dia de Júpiter; sexta -, a dia de
BOVACIDIUM - A matança de bois.
Venus”. BOVALIA-IUM – BOALIA - Caça de touros, montada de
Em resumo: houve uma ligeira modificação semântica touros.
retirada na Idade Média ao topónimo FERIAE, parecendo BOVATIM OU BOATIM - A modos de touro.
haver, assim, um divergência terminológica radical, mas tal BOVILLAE – ARUM - Lugar onde se vendem os bois.
não se verificou. O que ocorreu foi que o mesmo signo foi BUBULCIOR-ARIS - Guardar os bois.
decomposto em duas faces, dois significados correlacionados CÚCHULAINN - Apelidado de Setanta, é filho de Lugo
e, quanto muito, reestruturado como FEIRA, mercado amplo, (céltico).
enquanto o signo de Feira de Santa Maria foi recuperado, DAGDA - Guerreiro céltico imortal.
correspondendo primordialmente a dias de festas religiosas, EPÓNIMOS - Da Irlanda - três Macha, três Morrigan, três
de paz, de luta pela vida suspensa, de confraternização e de Bodb, três epónimos, símbolos da Trindade Divina.
trégua entre as cidades, no santuário do castelo. ESUS - Deus céltico; correspondente a Júpiter no aspeto
Não são os SETE SÓIS e SETE LUAS, reminiscências sacerdotal.
da “septimana Paschatis, quae erat immunis ab opere FEIRA - Do francês foire; do latim, forum,praça; de fero,
faciendo et feriata”? erre, levar. Lugar onde concorrem em certos dias da semana,
do mês ou do ano, mercadores ou lavradores a venderem GUTTUR - A goela, a garganta (céltico).
géneros ou produtos da agricultura ou da indústria. Fls 544 GUTUATRI - Aqueles que rezam, que invocam (céltico)
“Novo diccionário critico e etymológico da Lingua Portugueza”, LOCUS- ( vocábulo latino) - A montanha, a colina, o sítio
por Francisco Solano Constancio, 2ª Edição, Paris, 1844. defensivo, o bosque ou defesa consagrada a algum Deus.
FEIRA - Mercado célebre que se faz com certos privilégios. LUGUS - Deus Celtibero, Lugus-us, divinizado como o
Nundina:, arum, f. pl. Cie. Nundinum, i, Liv. Lugar onde se faz a Luminador entre os povos Celtas, cuja distribuição coincide
feira. Emporium, ii, n. C Nundinarium fórum. Plin. Pertencente com a pré-romanização e povoamente celtibero na Galiza e
às feiras, Nonnarius, a, um. Plin. Nundinal;s, e. Plaut. Tra/ici Norte de Portual, como nas Beiras e Alentejo. Esta divindade
vender e comprar nas feiras. Nundinari. Cie. ila feira. Nundinas é a que guarda as maiores semelhanças em todo o mundo
esse. Cie. Céltico da Europa Central e Insular, pois que Lugus aparece
FEIRA, OU FERIA - Nome de cinco dias da semana. em todos os ciclos Irlandeses e Galeses e é reconhecido
Segunda, terça, quarta, quinta, sexta feira. Li dies. Dies nas aras e dedicatória romanas. Tem funções semelhantes
Martis. Dies Mercurii. Dies Jovis. Dies Ve ris. às divindades Romanas, Mercúrio e Apolo entre outras,
FEIRA, OU FERIA, S. F. - Nome de cinco dias da semana. multipicidade na unidade.
Segunda, terça, quarta, quinta, sexta feim, Lunae dies. Dies MANANAN E MIDIR - Irmãs da Rainha Medb, soberana de
Martis (os Diccionaríos; os maúM dias: Inscripções), Dies Connaught.
Murcurii. Dies Jovis. Die» i Veneris. NEMEACUS - O Deus dos bosques, consagrado à deusa
FEIRA, S. - Do lal. féria (pouco vulgar no sing.). Nemea-ae. Local de adoração à mesma deusa.
FEIRA, S. F. - grande mercado célebre, público. NEMETON - Bosque sagrado, centro iniciático ou centro
126
Nundinae,arum, f. pl. Mercatus, us, m. Qmui, j toda a Italia espiritual conhecido por Donun.
reunida para esta—, Magna par« Italiae stato mercatu NUNDINARIUM FORUM - Mercado célebre que se faz com
congregata. Logar onde ie faz a —, Nnndinarium forum. certos privilégios.
FEIRA. s. f. Latim – Feria,dia de sacrifício ou festivo, de NUNDINATOR-ORIS - O que trafica na feira ou à maneira
fero, levar, isto é, as vítimas. Junto aos numerais segunda até da feira. in. Lexicon Latinum
sexta partindo de domingo. Fls.544. “Novo diccionário critico NUNDINUM-I - (n)- feira - in. Lexicon Latinum
e etymológico da Lingua Portugueza”, por Francisco Solano OENGUS-a-um - Coisa do Rei Eneo. Era filho de Dagde e
Constancio, 2ª Edição, Paris, 1844. de Boan (Bo) vinda-vacas
FEIRANTE - Mercador de feiras. Nundinator, oris, Ouinet. ÓGMIO - Condutor, o privilegiado, o dedetentor da lança
Declam. mágica(céltico).
FEIRANTE, S. M. - Mercado de feiras, Nundinator, oris, m. OMPHALOS - Centro mais do que templo, como é o caso
FEIRAR - Vender, ou comprar na feira. Ntmdin; Cie. Acção do castro, castelejo e castelo da Feira consagrado ao deus
de feirar. Nundinatio , onis, f. Cie. Tauro.
FEIRAR, V. A. - Vender ou comprar na feira, Nundinari. SACER - Coisa sagrada, dedicada a deus, o ser ou o
FERIAE – FERIARUM, pl. - As férias (dias de guarda, objeto sacer, que não pode ser tocado, sem manchar ou ser
dias consagrados ao repouso, festas, férias; repouso, folga, manchado, o impuluto que é sacrificado.
descanso). SACRES - Porci-leitões de 10 dias levados ao sacrifício.
FERIAS STATIVAE - Festas regulares. TARANIS - Raio, trovão, representa os milites Gauleses, o
FERIATI DIES – Dias de férias ou de festas. aspecto terrível.
FERIATUS-A-UM - (Coisa de festas), item quod feriatus. TAUREUS-A-UM - Coisa de Touro, item a Neptuno, a quem
FERRO – Sacra: Virgílio. Sacrificar, fls.288, Dic. Latino- sacrifica um Touro (Prosódia). A indentificação de Toiraecus
Português, Francisco A. De Sousa, 5ª Edição, Paris Librairie -Tueraeus tem uma origem comum, de completude, raiz
Aillaud. 1928. comum.
FILE - Vidente celta.
TAURI CORNIS, TAUROEPHALO TAUROCEROS E
FILID - Poetas da Irlanda, também sacerdotes que
TAUROMORRHO - sobrenomes de Baccho, que se representava
praticavam sacrificios.
com cornos de touro.
GUTH - A voz, A Cv. Celta de Françoise Le Roux fls 142
TAURIAS - Festas em honra de Neptuno. Tauriceps.
(céltico) .
127

TAURICEPS E TAHREUS - Cognomes de Neptuno, tomados tuereus é evidente, traduzindo o primeiro como local de
do estrondo das águas do mar, que parecem berrar como os oferendas, onde se sacrificam os bovinos, vaca ou touro, ao
touros. deus Tauro. Assim, deveria denominar-se, no futuro, a colina
TAUROAMORPHO - Quer dizer parecido com o touro. onde se ergue o castelo como o Mons Taurus.
Dava-se a este cognome a Baco porquanto o vinho, bebido TOURO - Vitor Manuel Adrião, doutrinador do simbólico/
com excesso,faz os homens semelhantes aos touros. esotérico português, no seu livro “Sintra Serra Sagrada, Capital
Embravecidos. Espiritual da Europa”, refere o ritual da morte (imolação) do
TAUROBOLIA OU TAUROPOLIA - Sobrenome de Diana, touro em várias terras portuguesas (Barrancos, por exemplo,
tomado dos crescentes, que lhe dão, como atributos, e que dizemos nós). Serão reminiscências do culto bodivo de Isis,
tem uma semelhança com os cornos do Touro. para além da benção de animais e dos bois consagrados junto
TAUROBOLIO- Sacrifício de um touro em honra de Cybele a diversas igrejas circulares ou votivas, como Sº Bento de
e dos grandes deuses. Porta Aberta. Isis era tida como a “Vaca Divina”, ou ”nutridora
TAUROPOLIA - Ou pela razão dos crescentes da Lua ou Celeste”, simbolizando o touro a Mãe-Terra Vaca sagrada
porque era adorado pelos Tauros. Bhumi (Fs 360-366). Assim os cultos bodivos, ou taurobólios,
TAUROPOLIAS - Festas em honra de Diana. eram na Atlântida exercidos por sacerdotes e sacerdotisas de
TAURUS- É traduzido na Prosódia, como Touro, o boi Mu-Isis.
bovino, boi forçoso,valente, o signo de Tauro, o monte Tauro VATIS-ES, VATES - Adivinhos (arte augural) e medicina
da Índia. (mágica, sangrenta e vegetal)
TEUTATEA - Representa os quirites zeladores da civitas VE - Vocábulo, forma clássica de vel, conjunção disjuntiva
(Touta) (céltico). ou advérbio de modo latino, cuja tradução é a seguinte: e, de
TOIRAECUS - A semelhança fonética com o vocábulo igual modo, ou, também, principalmente, fim .

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