3-Operações Contábeis - Parte II
3-Operações Contábeis - Parte II
3-Operações Contábeis - Parte II
Apresentação de tratamento contábil aplicável às operações mercantis, bem como aqueles dedicados a eventos econômicos diversos.
PROPÓSITO
Apresentar a tradução contábil para os principais eventos econômicos praticados pelas entidades, avançando para o tratamento contábil de eventos
econômicos diversos.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos: papel, caneta e uma calculadora científica, ou use a calculadora de seu celular/computador.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
Neste tema, o aluno tomará contato com o tratamento contábil aplicável às operações mercantis, envolvendo os métodos de controle de estoques e o
cálculo do custo da mercadoria vendida e do resultado com mercadorias.
Na sequência, serão apresentados lançamentos contábeis dedicados a eventos econômicos diversos, tais como: adiantamentos, ganhos e perdas na
alienação de itens do imobilizado e intangíveis, e provisão para devedores duvidosos.
MÓDULO 1
O tratamento contábil das operações com mercadorias envolve vários tópicos distintos, tais como: (i) inventário de estoques; (ii) o cálculo do custo da
mercadoria vendida; (iii) descontos e abatimentos concedidos e recebidos; (iv) tributos incidentes sobre a produção e venda de mercadorias.
INVENTÁRIO DE ESTOQUES
De maneira geral, as operações com mercadorias são praticadas por empresas comerciais que as adquirem com a finalidade de revendê-las com lucro. O
resultado com mercadorias (RCM) é calculado, conforme expressão algébrica a seguir:
RCM = V - CMV
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Onde V corresponde às vendas do período; e CMV, ao custo da mercadoria vendida. Como as vendas são conhecidas, a variável a ser determinada é o
CMV.
Para empresas comerciais, é essencial a determinação do custo da mercadoria vendida (CMV), pois é a partir desse valor que a revenda das mercadorias
gerará lucro. A depender da frequência de aquisição e revenda dessas mercadorias, assim como da variedade mercadorias transacionadas, a determinação
do CMV pode se tornar algo bastante complexo.
Fonte: Rawpixel.com/shutterstock
E como o CMV pode ser determinado?
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Onde Ei é o estoque inicial do período, C corresponde às compras de mercadorias, e Ef é o estoque final do período.
O estoque inicial do período e as compras são conhecidos. A variável a ser determinada é o estoque final do período.
1. O INVENTÁRIO PERIÓDICO;
2. O INVENTÁRIO PERMANENTE.
INVENTÁRIO PERIÓDICO
O inventário periódico é a alternativa escolhida por empresas de menor porte que optam por um controle mais simples, ainda que menos preciso. Ele apura
o estoque de mercadorias ao final do período escolhido, por meio de uma contagem física das mercadorias em estoque.
Fonte: Rawpixel.com/shutterstock
Esse estoque final inventariado é mensurado pelo preço de custo ou de mercado, o que for menor. Uma vez determinado o estoque final do período (Ef), o
CMV pode ser calculado.
Exemplo
Considere uma entidade que apresente os saldos a seguir e observe a determinação do estoque final de mercadorias e do resultado com mercadorias, a
partir da utilização da conta mista de mercadorias.
Ei 600 (SI) 600 (1) Ei 600 (1) 2.600(2)
C 2.600 (2) 2.600 (3) V
700**
Duplicatas a receber
2.600 (3)
RESPOSTA
A conta mista de mercadorias é a contrapartida de todos os lançamentos envolvendo a compra e a venda de produtos. O saldo final, $700,00, corresponde
ao RCM, enquanto o lançamento (4) é o resultado do inventário periódico realizado no estoque.
INVENTÁRIO PERMANENTE
Este é o controle constante do estoque de mercadorias, realizado por meio de controles individuais por tipo de mercadoria. Existem três métodos para
realizar o inventário permanente. São eles:
PEPS
Primeiro a entrar, primeiro a sair; ou FIFO (First-in, first-out);
UEPS
Último a entrar; primeiro a sair; ou LIFO (Last-in, first-out);
CMP
Custo médio ponderado.
Exemplo
Considere as operações com mercadorias e apure o estoque final do período, segundo os três métodos de inventário permanente.
Preços
Unitário $ Total $
Saldo Inicial (Ei) 100 40 4.000
Método PEPS
100 40 4.000
200 - 10.000
50 2.000
40
(2) 50 40 2.000 100 6.000
60
150 8.000
50 2.000
40
(3) 10 600 90 60 5.400
60
60 2.600
100 90 9.000
190 14.400
50 3.000
60
(5) 40 60 2.400 100 9.000
90
150 12.000
Método UEPS
100 40 4.000
200 - 10.000
100 4.000
40
(2) 50 60 3.000 50 3.000
60
150 7.000
50 3.000
60
(3) 10 400 90 40 3.600
40
60 3.400
90 3.600
40
(4) 100 90 9.000 100 9.000
90
190 12.600
150 9.000
100 40 4.000
200 50 10.000
90 50 4.500
A questão de fundo na comparação entre os métodos de avaliação de estoques é o tratamento da inflação. O PEPS prioriza a baixa das mercadorias
adquiridas há mais tempo e, possivelmente, a preços mais baixos, superestimando os estoques e subestimando o CMV.
O UEPS, ao contrário, prioriza a baixa das mercadorias adquiridas recentemente e, por outro lado, a preços mais altos, subestimando os estoques e
superestimando o CMV. A consequência direta dessas escolhas é a maximização do resultado com mercadorias no PEPS e a minimização no UEPS.
O método do custo médio ponderado segue um caminho intermediário entre PEPS e UEPS, distribuindo o efeito das variações de preços das mercadorias
entre estoques e CMV.
Em consequência dos efeitos que os métodos de avaliação de estoques exercem sobre o resultado, e, em consequência, sobre o lucro tributável, a
legislação do IR admite que sejam utilizados apenas o PEPS e o custo médio ponderado.
Gastos necessários ao recebimento da mercadoria, comocusto de embalagem e desembaraço aduaneiro devem ser adicionados ao valor das
compras;
Os tributos não recuperáveis incidentes sobre mercadorias devem ser adicionados ao valor das compras;
As devoluções de compras devem ser deduzidas do valor das compras;
Descontos incondicionais ou abatimentos obtidos devem ser deduzidos do valor das compras.
Fatos que modificam vendas e devem ser deduzidos do valor das vendas:
Tributos Competência
Fonte: RomanR/Shutterstock
CUMULATIVOS
São aqueles que incidem em cascata ao longo de toda a cadeia de produção e suas alíquotas são calculadas sobre o valor de
venda em cada etapa da cadeia de produção. A extinta CPMF é um exemplo.
NÃO CUMULATIVOS
Também incidem em cascata ao longo de toda a cadeia de produção. Contudo, cada etapa da cadeia de produção é tributada
apenas pelo valor agregado e não pelo valor de venda.
ATENÇÃO
Dos exemplos apresentados na tabela anterior, IPI e ICMS são impostos não cumulativos, enquanto PIS e COFINS podem assumir ambas as
características.
A operacionalização contábil dos impostos não cumulativos exige que a tributação incidente sobre a compra seja deduzida da tributação incidente sobre a
venda, de forma que a entidade seja tributada apenas pela diferença, equivalente ao valor agregado na etapa de produção.
Os exemplos, a seguir, tratam desses casos para o ICMS. Quanto ao IPI, as entidades comerciais são, usualmente, consumidoras finais de produtos
industrializados, pois não integram a cadeia de transformação do bem.
Para essas entidades, o IPI é tratado como uma despesa sobre vendas pelo valor incidente na aquisição das mercadorias.
Exemplo
Considere uma entidade comercial que realiza compra e venda de mercadorias submetidas a uma alíquota de ICMS de 18%. No período de análise, a
entidade realiza duas únicas operações: (i) compra de mercadorias, no valor de $60.000,00; e (ii) venda de mercadorias, no valor de $80.000,00.
14.400(3) 14.400(3)
3.600
A Cia ABC é uma empresa comercial que realiza uma série de operações com mercadorias ao longo de 09/X1. O exemplo apresenta a contabilização
desses eventos e a apuração do resultado com mercadorias (todas as operações com mercadorias foram efetuadas a prazo).
a) NOTAS FISCAIS VENDAS COMPRAS
DEVOLUÇÃO DE
b) NOTAS FISCAIS
VENDAS COMPRAS
Contabilização:
Diversos 40.000
Clientes 35.000
Abatimentos sobre vendas (Descontos incondicionais) 5.000
Diversos
Compras brutas
Diversos
Fornecedores
Onde:
ComprasBrutas: (20.000 – 2.700) = 17.300; lembre-se de deduzir o ICMS, faturado por dentro.
Fretes: 250
Seguros: 180
DevoluçõesCompras: (2.000 – 270) = 1.730; lembre-se de deduzir o ICMS, faturado por dentro.
AbatimentosCompras: 5.020 (obtido da seguinte maneira: 5.000 de desconto incondicional, conforme a) Notas Fiscais; deduzido de 500 devolvidos, conforme
Então,
Compras líquidas
Diversos
a Compras líquidas 6.750
6.750
Devolução de Compras 1.730
Onde:
VendasBrutas: 40.000
AbatimentosVendas: (5.000 – 500 + 405) = 4.905, dos quais 5.000 referem-se ao desconto incondicional conforme a) Notas Fiscais; 500 devem ser deduzidos
desse desconto em razão da devolução das mercadorias, conforme b) Notas Fiscais; e 405 e o abatimento adicional oferecido para evitar a perda do
negócio, conforme dados adicionais ao problema.
ImpostosVendas: (ICMS + PIS + COFINS) = 5.670 + 215 + 915 = 6.800, conforme cálculo do ICMS abaixo.
VendasLíquidas = 24.295
Vendas Líquidas
RESPOSTA
CMV = 10.780
RESPOSTA
RCM = 13.315
Do confronto desses valores, ou seja, da dedução do ICMS a recuperar do saldo de ICMS a recolher, resulta o valor final do imposto a ser recolhido pela
empresa.
Veja o razonete mais adiante e o saldo final de $3.240,00 como o valor do imposto a ser recolhido.
5.020(h.1) 520(c.1)
- - -
10.980(j)
- - -
405(c) 4.905(i.1)
- - -
5.670(i.1)
- - -
Vendas líquidas Custo das mercadorias vendidas — CMV Resultado com mercadorias — RCM
24.095(k) 10.780(k.1)
- - 13.315
250(d)
520(c.1) 405(c)
180(e)
270(b.2) 630(b.1)
215 3.240 -
Mercadorias em estoque
Débitos Créditos
4.400(j.1)
4.400
RESPOSTA
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (IADES ‒ 2014 ‒ CAU-RJ ‒ ASSISTENTE FINANCEIRO / ADAPTADA) OBSERVE O SEGUINTE LANÇAMENTO CONTÁBIL:
CONSIDERANDO ESSES DADOS, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE COMPLEMENTA CORRETAMENTE O LANÇAMENTO APRESENTADO:
2. (CFC ‒ 2016 ‒ CFC ‒ BACHAREL EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS ‒ 2º EXAME) UMA SOCIEDADE EMPRESÁRIA APRESENTOU OS SEGUINTES
DADOS EM 31/12/2015:
A SOCIEDADE EMPRESÁRIA UTILIZA O INVENTÁRIO PERIÓDICO PARA APURAÇÃO DO CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA.
OS VALORES INFORMADOS DE COMPRAS E DEVOLUÇÃO DE COMPRAS DE MERCADORIAS ESTÃO LÍQUIDOS DOS TRIBUTOS
RECUPERÁVEIS.
CONSIDERANDO-SE OS DADOS APRESENTADOS, A SOCIEDADE EMPRESÁRIA APRESENTARÁ LUCRO BRUTO NO VALOR DE:
A) R$1.365.342,00.
B) R$1.391.775,00.
C) R$2.236.625,00.
D) R$2.938.125,00.
GABARITO
1. (IADES ‒ 2014 ‒ CAU-RJ ‒ Assistente Financeiro / Adaptada) Observe o seguinte lançamento contábil:
Considerando esses dados, assinale a alternativa que complementa corretamente o lançamento apresentado:
A contrapartida da baixa do estoque é o registro do CMV; enquanto a contrapartida do ingresso de caixa é a Receita de Vendas.
2. (CFC ‒ 2016 ‒ CFC ‒ Bacharel em Ciências Contábeis ‒ 2º Exame) Uma sociedade empresária apresentou os seguintes dados em 31/12/2015:
A sociedade empresária utiliza o inventário periódico para apuração do custo da mercadoria vendida.
Os valores informados de compras e devolução de compras de mercadorias estão líquidos dos tributos recuperáveis.
Considerando-se os dados apresentados, a sociedade empresária apresentará lucro bruto no valor de:
Observe a DRE:
Faturamento 3.750.000
CMV 701.500
MÓDULO 2
Neste módulo, você aprenderá sobre o tratamento contábil aplicável a diversos eventos econômicos típicos realizados pelas empresas e que afetam o
patrimônio, tais como:
Adiantamentos
ADIANTAMENTOS
Trata-se da antecipação de valor a ser recebido ou pago no futuro, e serão deduzidos quando da efetiva liquidação do direito ou obrigação.
Exemplo
Exemplo
Bancos 1.000
Exemplo
Fornecedores 1.000
EXEMPLO
Em 02/01/X1, a empresa ABC contratou o seguro de suas instalações industriais pelo período de 12 meses por $1200,00, pagos à vista. Trata-se, em
essência, de uma despesa de seguros desembolsada à vista. Contudo, a cobertura do seguro contempla todo o ano de X1, razão pela qual a despesa
equivalente deve ser reconhecida ao longo do mesmo período. O saldo bancário (SI) no momento da operação era de $10.000,00.
Todo final de mês, deve ser apropriada a despesa relativa ao “consumo” do seguro naquele mês. Repete-se, portanto, o lançamento 2 a cada final de mês.
Embora o efeito financeiro da contratação do seguro tenha ocorrido no primeiro dia do ano (observe o lançamento creditando o caixa), sua conversão em
despesa não é imediata. A contratação do seguro é registrada como ativo (despesas antecipadas) e será, gradualmente, absorvida como despesa ao longo
de sua vigência.
AÇÕES EM TESOURARIA
Ações em tesouraria é a rubrica contábil na qual é feito o registro das ações da companhia que foram adquiridas pela própria sociedade.
Como as ações adquiridas não deixam de existir, não haverá redução do capital social.
No futuro, essas ações podem voltar a ser negociadas. Desse modo, a rubrica ações em tesouraria é uma conta retificadora do patrimônio líquido.
EXEMPLO
A Cia ABC apresentou lucro expressivo nos últimos exercícios e a assembleia geral aprovou destinar parte desse lucro para recomprar ações no mercado,
com o propósito de estimular e valorizá-las.
A Cia ABC tem capital subscrito e realizado de $20 milhões e adquiriu ações no valor patrimonial de $2 milhões. Observe o lançamento a seguir:
O ganho ou perda de capital será a diferença entre o valor justo líquido de venda e o valor contábil líquido.
EXEMPLO
A Cia ABC alienou um imóvel por $1 milhão. Os custos envolvidos não operacionais foram de $200.000,00 e o imóvel estava registrado por um custo de
aquisição de $1.500.000,00 e depreciação acumulada de $800.000,00.
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Baixa do Imóvel.
O registro contábil é realizado tendo como contrapartida única de todos os lançamentos o fato de que a rubrica ganhou perdas não operacionais. Esaa conta
age como uma espécie de concentrador de lançamentos, cujo valor líquido será o resultado não operacional.
a Imóveis 1.500
Baixa do bem
Bancos 1.000
1000 (4) 1.500 (SI) 1500 (3) 800 (2) 800 (SI)
1000 0 0
100 0
VOCÊ SABIA
O CPC 48, em vigor a partir de janeiro/2008, revisou todo o racional de constituição de provisões para perdas com crédito. Até então, a constituição de
provisões exigia a ocorrência de um evento que caracterizasse a perda do crédito, como, por exemplo, o atraso no pagamento de alguma parcela.
ATENÇÃO
A provisão originada a partir da inadimplência do devedor é denominada perda incorrida, sendo expressada contabilmente como uma conta retificadora do
direito de recebimento (contas a receber, operações de crédito etc.).
A mensuração da provisão para créditos de liquidação duvidosa, ou simplesmente provisão para devedores duvidosos, é feita a partir da aplicação de um
percentual sobre o saldo devedor do ativo.
A partir do CPC 48, a provisão para devedores duvidosos foi alterada para incorporar um componente adicional, denominado perda esperada. A perda
esperada expressa a expectativa de perda do credor, independentemente da ocorrência da pena incorrida. Para isso, cada crédito é classificado em
estágios.
PRIMEIRO ESTÁGIO
No primeiro estágio, são classificadas as operações em curso normal, ou seja, operações que estejam observando os fluxos contratuais previstos.
SEGUNDO ESTÁGIO
No segundo estágio, são classificadas as operações em que houve aumento significativo do risco de crédito e o cumprimento dos fluxos contratuais
previstos encontra dificuldades. Uma forma simplificada (e não exaustiva) de determinar o aumento significativo do risco de crédito é o atraso superior a 90
dias.
TERCEIRO ESTÁGIO
No terceiro estágio, classificam-se as operações que não cumprem as obrigações contratuais, caracterizando a perda incorrida.
Estágio 1
Crédito performando.
Estágio 2
Estágio 3
A perda esperada é estimada em concordância com o estágio em que o crédito está classificado. Para o Estágio 1, a perda esperada contempla apenas os
12 meses seguintes, ou seja, a probabilidade de haver aumento significativo de risco nos próximos 12 meses.
Para os estágios 2 e 3, a perda esperada com o tempo de toda a vida restante do crédito, ou seja, a probabilidade de haver inadimplência ao longo dela.
PERDA ESPERADA = EAD X PD X LGD
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Onde:
PD é a probabilidade de inadimplência, isto é, a probabilidade de haver inadimplência nos próximos doze meses (estágio 1) ou na vida restante do
crédito (estágios 2 e 3);
LGD é a perda dada a inadimplência, isto é, dado que houve a inadimplência, quanto a entidade espera perder após submeter o crédito aos
procedimentos de cobrança, execução judicial etc.
A Cia ABC possui contas a receber junto à Cia MNO, no valor de $10 milhões. Os créditos estão performando normalmente (Estágio 1) e a Cia ABC estima
a probabilidade de inadimplência da Cia MNO em 2%. A LGD estimada pela Cia ABC para créditos dessa natureza é de 10%.
PD = 2%
LGD = 10%
PERDA ESPERADA = EAD X PD X LGD
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Lançamentos
A PDD é uma conta retificadora do ativo, que deduz o saldo de contas a receber ou operações de crédito.
20 (1) 20 (1)
EXEMPLO
A Cia MNO entrou em atraso. O crédito devido e não pago mais antigo excede 90 dias, caracterizando um aumento significativo do risco de crédito. Dessa
forma, a carteira de contas a receber detida pelo Banco ABC junto à MNO avançou para o estágio 2. Segundo o Banco ABC, A PD passou a 12%.
PERDA
ESPERADA
=
EAD
X
PD
X
LGD
=
$
10
MILHÕES
X
12
%
X
10
%
=
$
120
MIL
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Lançamentos
EXEMPLO
A Cia MNO entrou em perda incorrida e avançou ao estágio 3. Em consequência, A PD passou a 100%, uma vez que não há mais probabilidade de
inadimplência e sim uma certeza de inadimplência, decorrente da manutenção indefinida da condição de atraso.
PERDA
ESPERADA
=
EAD
X
PD
X
LGD
=
$
10
MILHÕES
X
100
%
X
10
%
=
$
1
MILHÃO
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Lançamentos
20 (1) 20 (1)
1.000 1.000
A Cia ABC adotou os procedimentos de cobrança previstos em sua política interna e conseguiu recuperar, de fato, os 90% do crédito estimados inicialmente.
Dessa forma, a LGD de 10% foi confirmada e o crédito foi baixado contra o recebimento de garantias.
Lançamentos
Diversos 10.000
0 1.000 0
9.000 (4)
9.000
ATENÇÃO
A conversão das estimativas de perdas em perdas realizadas e, sendo assim, dedutíveis, deve observar as regras definidas pela RFB, na Instrução
Normativa RFB 1700/17, apresentada a seguir:
CAPÍTULO VIII
Seção I
Da Dedução
Art. 71. As perdas no recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica poderão ser deduzidas como despesas, para determinação do
lucro real e do resultado ajustado, observado o disposto neste artigo.
I - Em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário;
a) Até R$15.000,00 (quinze mil reais) por operação, vencidos há mais de 6 (seis) meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o
seu recebimento;
b) Acima de R$15.000,00 (quinze mil reais) até R$ 100.000,00 (cem mil reais) por operação, vencidos há mais de 1 (um) ano, independentemente de
iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, mantida a cobrança administrativa; e
c) Superior a R$ 100.000,00 (cem mil reais) por operação, vencidos há mais de 1 (um) ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para
o seu recebimento;
a) Até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) por operação, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das
garantias; e
b) Superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) por operação, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o
arresto das garantias; e
IV - Contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica em concordata ou recuperação judicial, relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha
se comprometido a pagar, observado o disposto no § 8º.
LANÇAMENTOS CONTÁBEIS ESPECÍFICOS
Neste vídeo, apresentaremos alguns lançamentos contábeis específicos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (FCC ‒ 2009 ‒ TRT / ADAPTADA) A EMPRESA RF PAGOU À VISTA UM SEGURO CONTRA INCÊNDIO, CUJO PRAZO DE VIGÊNCIA É DE 12
MESES. NO MOMENTO DO PAGAMENTO A EMPRESA:
2. (AOCP ‒ 2016 / ADAPTADA) SOBRE A CONSTITUIÇÃO DE PROVISÃO PARA DEVEDORES DUVIDOSOS, OU PARA CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO
DUVIDOSA, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
GABARITO
1. (FCC ‒ 2009 ‒ TRT / Adaptada) A empresa RF pagou à vista um seguro contra incêndio, cujo prazo de vigência é de 12 meses. No momento do
pagamento a empresa:
Trata-se de antecipação de despesa que deve ser registrada no ativo em obediência ao regime de competência.
2. (AOCP ‒ 2016 / Adaptada) Sobre a constituição de provisão para devedores duvidosos, ou para créditos de liquidação duvidosa, assinale a
alternativa correta:
As operações de crédito estão expostas ao risco de crédito. Dessa forma, a norma contábil exige que a entidade estime o valor das perdas decorrentes do
risco de crédito e constitua provisões para fazer face a essas perdas. Essas provisões reduzem o ativo tendo como contrapartida uma despesa.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, apresentamos a tradução contábil para os principais eventos econômicos praticados pelas entidades, iniciando pelo reconhecimento dos
eventos relacionados às entidades comerciais, sobretudo ao tratamento das operações mercantis.
A seguir, avançamos para o tratamento contábil de eventos econômicos diversos que afetam o patrimônio, como adiantamentos, despesas pagas
antecipadamente, resultado não operacional obtido na alienação de imobilizado e intangível, e provisão para devedores duvidosos.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
NEVES, S.; VICECONTI, P. Contabilidade básica. 14 ed. São Paulo: Frase, 2009.
EXPLORE+
Para se aprofundar nas operações contábeis, leia o seguinte livro:
NEVES, S.; VICECONTI, P. Contabilidade avançada e análise das demonstrações financeiras. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
CONTEUDISTA
José Américo Pereira Antunes
CURRÍCULO LATTES