Trabalho - Oab

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Como iniciar uma peça de 2ª fase da OAB – Direito do

Trabalho?

Caro OABeiro, sabemos que a


segunda fase do Exame de Ordem
da OAB é bastante temida pela
gigantesca maioria dos candidatos,
isto porque, exige um conhecimento

que muitas vezes não é adquirido de forma eficaz durante a graduação de direito.
Pensando nisto, trouxemos este breve material a fim de oferecermos uma visão geral da
prova da OAB, com dicas para iniciar sua peça, dando um ponto final a qualquer medo e
insegurança sobre a prova. Fica ligado!

 Leia atentamente o enunciado


Além de voltar toda a sua atenção à construção do enunciado, é importante sublinhar
pontos-chaves, e anotar todas as fundamentações e artigos que você for identificando
ao longo da leitura, assim, estes tópicos facilitarão a construção do pensamento, e
consequentemente da sua peça.
Lembre-se, você terá 5 (cinco) horas para realizar a prova prático-profissional e responder
04 (quatro) questões discursivas. Sendo assim, é imprescindível que saiba gerir seu
tempo. Por isso, acreditamos que este método será eficaz para que seu desempenho
seja satisfatório.

Observe o enunciado retirado do XXVIII Exame de Ordem Unificado, da disciplina


de Direito do Trabalho:
Deste enunciado, podemos anotar ou sublinhar os seguintes pontos-chaves, por
exemplo:

 Foi ajuizada reclamação trabalhista em face da sociedade empresária;


 Foi requerido pagamento de indenização por dano moral;
 Joana afirma que foi coagida a pedir demissão;
 É requerida a anulação do pedido de demissão e o pagamento dos direitos;
 Durante o exercício da função, havia o acúmulo funcional de cozinheiro com a
atividade de garçom;
 Houve formulação de pedido de adicional de periculosidade que não foi
fundamentado na causa de pedir;
 Há diagnóstico de doença degenerativa.

A partir destes principais pontos, podemos começar a raciocinar qual seria a peça
processual cabível. Observe que a FGV apresenta algumas informações na intenção de
findar qualquer controvérsia sobre o cabimento da peça.
Nesta explicação, não vamos levar em consideração as particularidades do
Direito do trabalho, pois nossa intenção é mostrar-lhe o passo a passo a ser realizado
em toda e qualquer peça de segunda fase, independentemente da disciplina.
Preste atenção no gabarito comentado disponibilizado pela FGV e perceba como os
pontos acima anotados/sublinhados foram essenciais para a construção da peça e
essenciais para que o candidato pontuasse adequadamente:
Viu? Não é difícil iniciar uma peça prático-profissional após utilizar esse passo a
passo. É evidente que o aluno, além de ler e interpretar muito bem o enunciado, precisa
ter estudado a disciplina, a estrutura de suas peças, além de dominar o uso do Vade
Mecum. Neste sentido, aí vão mais algumas dicas para a sua prova:

 Trace um plano de estudos


Desde o início da preparação, é importante ter um plano de estudos. Durante a
preparação para a primeira fase, é possível agregar os estudos para a segunda fase por
meio da produção de resumos com pequenos textos, explicando com suas palavras o
conteúdo estudado ou resolvendo as questões objetivas, especialmente as que
contiverem casos práticos, produzindo textos discursivos explicando a temática.
Isso o auxiliará a fixar o conteúdo e argumentação e, além disso, a praticar sua escrita
fundamentada.

 Atenção às regras gramaticais


Mesmo que o conhecimento de ortografia, semântica e sintaxe não seja o foco
principal da correção da prova, esses aspectos sempre serão relevantes. Pode ocorrer de
o examinador desconsiderar pontos dos candidatos que apresentam respostas com erros
gramaticais.

 Caligrafia e organização do texto


Não adianta escrever um texto de excelente conteúdo se sua letra é ilegível. Analise
se você escreve com uma fonte muito grande ou pequena, muito ou pouco
espaçada/inclinada. Peça para alguém ler seus textos e corrija o que for necessário. Na
dúvida, opte por letra de forma, diferenciando maiúsculas de minúsculas.

 Realize simulados
Faça treinos simulados de redação, peças e questões discursivas, considerando a
mesma quantidade de tempo e a permissão/vedação à consulta de legislação. Treine
para que no dia da prova você tenha segurança para escrever diretamente na folha de
resposta, pois transcrever o texto do rascunho tomará bastante tempo, e você correrá o
risco de não finalizar a tempo.

 Mantenha a rotina de estudos


Depois que a prova da primeira fase passar, não pare de estudar. Despender muito
tempo sem estudar e revisar temáticas pode fazer com que o conteúdo aprendido seja
esquecido e o ritmo de estudos perdido.

O conjunto destas ações será revertido numa prova tranquila, consciente e


bem formulada!
PEÇA-DESAFIO!
RECURSO ORDINÁRIO

A sociedade empresária Ômega procura você, exibindo sentença prolatada em


reclamação trabalhista movida por Fabiano que tramita perante a 100ª Vara
do Trabalho de Maceió/AL.

Nela, o magistrado, em síntese, rejeitou preliminar suscitada pela empresa e


determinou o recolhimento do INSS relativo ao período trabalhado mês a
mês, para fins de aposentadoria, já que restou comprovado que a empresa
descontava a cota previdenciária, mas não a repassava ao INSS; rejeitou
preliminar suscitada e desconsiderou que a empresa havia feito um acordo
em outro processo movido pelo mesmo empregado, homologado em juízo,
no qual pagou o prêmio de assiduidade, condenando-a novamente ao
pagamento dessa parcela; rejeitou preliminar suscitada pela empresa e
desconsiderou que em relação às diárias postuladas, o autor tinha,
comprovadamente, outra ação em curso com o mesmo tema, que se
encontrava em grau de recurso; extinguiu o feito sem resolução do mérito em
relação a um pedido de devolução de desconto, porque não havia causa de
pedir; não acolheu a prescrição parcial porque ela foi suscitada pelo advogado
em razões finais, afirmando o magistrado que deveria sê-lo apenas na
contestação, tendo ocorrido preclusão; deferiu a reintegração do ex-
empregado, Fabiano, porque ele foi eleito presidente da Associação de Leitura
dos empregados da empresa, entidade criada pelos próprios empregados,
sendo que a dispensa ocorreu em dezembro de 2017, no decorrer do mandato
do reclamante; indeferiu o pedido de vale-transporte, porque o reclamante se
deslocava para o trabalho e dele retornava a pé; deferiu indenização por dano
moral, porque, pelo confessado atraso no pagamento dos salários dos últimos
3 meses do contrato de trabalho, o empregado teve seu nome inscrito em
cadastro restritivo de crédito, conforme certidão do Serasa juntada pelo
reclamante demonstrando a inserção do nome do empregado no rol de maus
pagadores em novembro de 2015; deferiu a entrega de uma carta de
referência para facilitar o autor na obtenção de nova colocação, caso, no
futuro, ele viesse a querer se empregar em outro lugar; indeferiu a integração
da alimentação concedida ao empregado, porque a empresa aderira ao
Programa de Alimentação do Trabalhador durante todo o contrato de
trabalho; deferiu o pagamento da participação nos lucros prevista na
convenção coletiva da categoria, nos anos de 2012 e 2013, pois
confessadamente não havia sido paga; indeferiu o pedido de anuênio, porque
não havia previsão legal nem no instrumento da categoria do autor; deferiu o
pagamento da diferença de férias, porque o empregado não fruiu 30 dias
úteis no ano de 2016, como garante a Lei.

A sociedade empresária apresenta a ficha de registro de empregados do


reclamante, na qual se verifica que ele havia trabalhado de 08/07/2007 a
20/10/2017, sendo que, nos anos de 2012 a 2014, permaneceu afastado em
benefício previdenciário de auxílio-doença comum (código B-31); a ficha
financeira mostra que o empregado ganhava 2 salários mínimos mensais e
exercia a função de auxiliar de manutenção de equipamentos, fazendo
eventuais viagens para verificação de equipamentos em filiais da empresa.

Diante disso, como advogado(a) da ré, redija a peça prático-profissional


pertinente ao caso para a defesa dos interesses do seu cliente em juízo, ciente
de que a ação foi ajuizada em 30/10/2017 e que, na sentença, não havia vício
ou falha estrutural que comprometesse sua integridade.
Gabarito – Formulação da Peça

AO DOUTO JUÍZO DA 100ª VARA DO TRABALHO DE MACEIÓ, ALAGOAS.

Processo nº xxx

ÔMEGA, já qualificada nos autos em epígrafe, em que contende com


FABIANO, também qualificado, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por
intermédio de seu advogado adiante assinado, com fulcro no art. 895, I da CLT,
INTERPOR:

RECURSO ORDINÁRIO

para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região.

Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade do


recurso, dentre os quais se destacam:

a) o depósito recursal: recolhido no valor de R$ ... de acordo com guia anexa; e

b) as custas: no valor de R$ ... correspondente a 2% sobre o valor da condenação,


conforme guia anexa.

Pelo exposto, requer o recebimento do presente recurso, a intimação da


outra parte para apresentar contrarrazões ao recurso ordinário, no prazo de 8 dias,
conforme dispõe o art. 900 da CLT, e a posterior remessa ao Egrégio Tribunal do
Trabalho da 19ª Região.

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB nº

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

I – PREMIMINARES

1. Incompetência

O juízo a quo rejeitou a preliminar suscitada pela empresa na contestação e


determinou o recolhimento do INSS relativo ao período trabalhado mês a mês,
para fins de aposentadoria, já que restou comprovado que a empresa descontava
a cota previdenciária, mas não a repassava ao INSS.

A sentença não merece prosperar, pois, nos termos do art. 876, parágrafo
único, da CLT, Súmula Vinculante nº 53 e Súmula nº 368, I, do TST, a competência
da Justiça do Trabalho para a execução das contribuições sociais, previstas no art.
114, VIII, da CF, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia e às sentenças
homologatórias de acordo, sendo incompetente para a execução das contribuições
incidentes sobre os salários pagos durante o período contratual, como no caso em
tela.

Pelo exposto requer a reforma da sentença para acolher a preliminar de


incompetência da Justiça do Trabalho para análise do pedido formulado.

2. Coisa Julgada

O juízo a quo rejeitou a preliminar de contestação suscitada pela reclamada


e desconsiderou que a empresa havia feito um acordo em outro processo movido
pelo mesmo empregado, homologado em juízo, na qual pagou o prêmio de
assiduidade, condenando-a novamente ao pagamento desta parcela.

A sentença não merece prosperar, pois, à luz da Súmula nº 100, V, do TST,


a sentença homologatória de acordo transita em julgado na data de sua
homologação.
Ao deferir o prêmio de assiduidade, que havia sido objeto do acordo, violou-
se a coisa julgada, na medida em que se repete o pedido que já foi julgado por
decisão transitada em julgado, como determinam os arts. 337, §§1º e 4º, e 502 do
CPC e a OJ 132, SDI II, do TST.

Pelo exposto, requer a reforma da sentença para acolher a preliminar de


contestação e extinguir o processo sem resolução do mérito, nos termos do art.
485, V, do CPC, quanto ao pedido de prêmio assiduidade.

3. Litispendência

O juízo a quo rejeitou a preliminar de contestação suscitada pela empresa e


desconsiderou que, em relação às diárias postuladas, o recorrido, tinha,
comprovadamente, outra reclamação em curso com o mesmo tema, tratado em
grau de recurso.

A sentença não merece prosperar, pois, nos termos do art. 337, VI e §§1º e
3º do CPC, há litispendência quando se repete pedido que está em curso, como é
o caso das diárias postuladas.

Pelo exposto, requer a reforma da sentença para determinar o acolhimento


da preliminar e extinguir o processo sem resolução de mérito, com fulcro no art.
485, V, do CPC, quanto ao pedido de diárias de viagem.

II – PREJUDICIAL DE MÉRITO

1. Prescrição Parcial

O juízo a quo não acolheu a prescrição parcial, porque ela foi suscitada em
razões finais, entendendo que deveria sê-lo apenas na contestação, tendo ocorrido
preclusão.

A sentença não merece prosperar, pois nos termos da Súmula nº 153 do TST,
a prescrição pode ser arguida em instância ordinária, ou seja, no juízo de 1º grau,
bem como nos Tribunais Regionais do Trabalho.
Pelo exposto, requer a reforma da sentença para acolher a prescrição parcial
e extinguir o processo com resolução do mérito, com fulcro no art. 487, II do CPC,
quanto às verbas postuladas anteriores aos últimos cinco anos contados da data
do ajuizamento da reclamação.

III – MÉRITO

1. Reintegração

O juízo a quo deferiu a reintegração do recorrido, porque ele foi eleito


presidente da Associação de Leitura dos empregados da empresa, entidade criada
pelos próprios empregados, sendo que a dispensa ocorreu em dezembro de 2017,
no decorrer do mandato do reclamante.

A sentença não merece prosperar, pois o recorrido não é detentor de


garantia provisória de emprego por falta de previsão legal. Cumpre destacar que
ele era presidente de uma associação e não de sindicato de categoria, razão pela
qual não faz jus à estabilidade provisória do dirigente sindical, prevista nos arts. 8º,
VIII da CF e 543,§3º, da CLT.

Pelo exposto, requer a reforma da sentença para indeferir o pedido de


reintegração do recorrido.

2. Dano moral

O juízo a quo deferiu o pedido de indenização por dano moral, porque, pelo
confessado atraso no pagamento dos salários dos últimos 3 meses do contrato de
trabalho, o empregado teve seu nome inscrito em cadastro restritivo de crédito,
conforme certidão do Serasa juntada pelo reclamante demonstrando a inserção do
nome do empregado no rol de maus pagadores em novembro de 2015.

A sentença não merece prosperar, pois o atraso ocorreu nos últimos 3 meses
do contrato, portanto nos meses de agosto, setembro e outubro de 2017, uma vez
que ele trabalhou até 20/10/2017. Já a inclusão do nome do recorrido em cadastro
restritivo de crédito ocorreu em 2015, ou seja, foi muito anterior aos atrasos. Dessa
forma não estão presentes os requisitos autorizadores da responsabilidade civil
previstos nos arts. 186, 927 do CC e arts. 223-A se seguintes da CLT, uma vez que
está ausente o nexo causal, pois a condita do recorrente não deu causa à
negativação do nome do recorrido.

Pelo exposto, requer a reforma da sentença para julgar improcedente o


pedido de indenização por danos morais.

3. Carta de referência

O juízo a quo deferiu a entrega de uma carta de referência para facilitar o


recorrido na obtenção de nova colocação, caso, no futuro, ele viesse a se empregar
em outro lugar.

A sentença não pode prosperar, pois não se trata de uma obrigação do


empregador imposta por lei. Logo, exigir do ora recorrente conduta diversa viola o
art. 5º, II, da CF, que determina que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.

Pelo exposto, requer a reforma da sentença para julgar improcedente o


pedido do recorrido de entrega da carta de referência.

4. Participação nos lucros e resultados

O juízo a quo deferiu o pagamento da participação nos lucros prevista na


convenção coletiva da categoria, nos anos de 2012 e 2013, pois confessadamente
não havia sido paga.

A sentença não pode prosperar, pois nos anos de 2012 a 2014, o reclamante
permaneceu afastado recebendo benefício previdenciário, o auxílio-doença comum
(código B-31), logo seu contrato de trabalho estava suspenso, nos termos do art.
476 da CLT, não concorrendo para os resultados positivos da empresa, como
previsto na Súmula nº 451, TST.

Pelo exposto, requer a reforma da sentença para julgar improcedente o


pedido do recorrido.

5. Férias
O juízo a quo deferiu o pagamento da diferença de férias, porque o recorrido
não fruiu 30 dias úteis no ano de 2016, como garante a lei.

A sentença não pode prosperar, pois as férias não são contadas em dias
úteis, mas corridos, conforme previsto no art. 130, I da CLT.

Pelo exposto, requer a reforma da sentença para julgar improcedente o


pedido do recorrido.

IV – REQUERIMENTOS FINAIS

Pelo exposto, requer o conhecimento do presente recurso, o acolhimento


das preliminares, o acolhimento da prejudicial, e, no mérito, o seu provimento para
fins de reforma da sentença para julgar procedente as postulações do recorrente.

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado

OAB nº

É isso aí, pessoal. Esperamos que tenham gostado das dicas.

Vamos juntos, futuro advogado!

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