Andejuizcomendador
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Como descrevemos no início, é apresentado um Quadro que demonstra o
julgamento de um morto por Osíris.
O Livro dos Mortos egípcio traz uma descrição minuciosa desses julgamentos onde
se destaca:
"Os que praticam a Justiça, quando na Terra, e lutaram por seus deuses, estão
convocados para a morada da alegria do Mundo, país onde se vive de eqüidade; suas ações
justas serão levadas em conta em presença do Grande Deus, destruidor da iniqüidade, e
Osíris lhes dirá: "A vós Justiça! Justos, uni-vos ao que fizestes, nas condições desses que
me acompanham ao Palácio do Espírito santo (não confundir,com a trilogia cristã)55.
A Maçonaria atual não dirige de forma rígida o que o Maçom deva conceber a
respeito da Vida Futura.
O Vigésimo Landmark exige do Maçom a crença em uma Vida Futura; porém a
Maçonaria deixa o Maçom livre para descobrir, por si mesmo, o caminho que o possa
conduzir à essa Vida Futura.
O trabalho das Lideranças maçônicas reside em cultivar nos Maçons, o incentivo à
busca, até, cada um por si, encontrar-se a si mesmo, e dentro de si descobrir aquilo a que
aspira e de que necessita.
A resposta de nossas questões é recebida dentro de nós mesmos, através da Razão,
ou Espírito, considerando que Deus está em nós, bem como o seu Reino e o próprio
Universo.
Segue-se a programação litúrgica com o recebimento do Juramento de parte do
neófito, Cavaleiro Kadosch.
Após, são ministradas as instruções e revelados os "segredos” do Grau.
O verdadeiro Conde encerra os trabalhos informando que 0 repouso dos Grandes
Juizes Comendadores é postergado até ° término dos trabalhos e esses só findam no
Túmulo.
Nenhum queixa fixou sem solução; nenhum erro sem que tivesse sido corrigido e
nenhum ofensa que ficasse impune.
Tendo sido feita Justiça porque a eqüidade foi quem presidira os trabalhos, o
Tribunal encerra sua sessão, na forma convencional ditada pelo Ritual.
Quando todos os deveres do Tribunal estiverem cumpridos, o que equivale dizer,
quando a Ordem do Dia estiver realizada, chega a hora do repouso, que é a do
encerramento dos trabalhos.
Porém, os trabalhos do Grau 31 não terminam, a não ser no Túmulo e que equivale
dizer, são permanentes para o Maçom.
No entanto, deve haver uma etapa de encerramento que equivale à suspensão.
Nenhum trabalho restou a ser realizado; nenhuma queixa sem ter sido atendida.
Os participantes do Tribunal são denominados de Eqüitativos Irmãos; eles não
participam do julgamento; apenas emitem a sua opinião, ou seja, "instruem" os Verdadeiros
Conde e Juizes.
Já a denominação de "Eqüitativos” é muito sintomática, pois, devem ser, além de
Justos e Honestos, isentos de parcialidade; são os Pratos da Balança em posição horizontal.
Possuem a qualificação dos Julgadores e fiscalizam as suas decisões, pois dentro da
informação exigem o cumprimento da Lei, podendo recorrer ao Procurador.
Em síntese, os Eqüitativos Irmãos são os grandes Juizes Comendadores.
A participação é de todo o Tribunal, coisa harmônica, porque o Livro da Lei, aberto,
é o que os inspira.
Como o Consistório se reúne trimestralmente, apenas o Verdadeiro Conde deverá
convocar o Tribunal para a próxima sessão, dando-lhe a pauta dos casos a serem julgados,
ou seja, apresentando previamente a Ordem do Dia, com a inscrição dos que desejam
apresentar as suas "teses", os seus "acórdãos”, as suas "revisões”, enfim, os trabalhos que
dizem respeito ao Grau.
Os Eqüitativos Irmãos retiram-se com a consciência tranqüila do dever cumprido.
Buscam o julgamento, em primeiro lugar, das suas próprias ações.
Passam em revista tudo aquilo que a Consciência acusa e revestem-se de "fortaleza”
para encetar uma nova jornada, uma vez que houve o autojulgamento e os "Assassinos”,
mais uma vez, punidos.
Esses "Assassinos”, representam as ações funestas do homem que deixa de cumprir
os seus deveres para com o próximo.
Julga o Tribunal não só as ações, mas também, as omissões, muitas vezes mais
graves que as próprias ofensas.
O trabalho do Grau 31 é complexo, por ser o primeiro do Consistório. E necessário
que os Irmãos busquem conhecimento e preparo, palidamente expostos nesta modesta obra.
A última palavra do Verdadeiro Conde e Presidente é: "Retiremo-nos em Paz”.
Uma Paz real, consciente, que satisfaz plenamente e que possa, sobretudo,
"alimentar”.
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O Ritual refere um grupo de personagens, cujas biografias podem ser encontradas
nas enciclopédias ou nos livros maçônicos correspondente (vide o Ápice da Pirâmide do
mesmo Autor).
São elas - Oto, o Grande, Frederico II, Papa Gregório VII, Hesíodo, Teognis, Jó,
Buda, Zeus, ou Júpiter, Hermes, Sólon, Roberto Bruce, Cavaleiro Larminius, Comendador
D’Aumont e George Harris.
Também refere Santa Veheme.
Durante a Idade Média, que foi um período medíocre sob o ponto de vista histórico,
apresentaram-se situações de violência que envolveram reis e religiosos.
A Inquisição e o despotismo são exemplos marcantes; os feitos que hoje
envergonham, vêm relatados minuciosamente pelos historiadores, e ainda comovem pelo
grande número de sacrificados, quer assassinados traiçoeiramente, quer queimados nas
fogueiras após pomposos julgamentos.
A Maçonaria, naquela época, mantinha-se prudentemente oculta, sob pena de seus
Membros serem queimados; desse retraimento decorre o escasso número de elementos
informativos.
O Imperador Carlos Magno, ou Carlos I, rei dos Francos, filho de Pepino, o Breve,
iniciou seu reinado no ano 768, morrendo no ano 814; portanto, reinando durante o longo
período de 46 anos.
Até o ano de 771 reinou junto com seu irmão, quando ficou rei único; submeteu ao
seu reinado os aquitanos, os lombardos, os bávaros, os saxônios e os avaros. Organizou
uma expedição contra os árabes na Espanha.
No ano 800 o Papa Leão II o coroou Imperador do Ocidente, quando se iniciou a
dinastia Carolíngia.
Homem talentoso, legislou com semelhança aos romanos; fundou Academias e
conduziu o seu reinado e depois, império, com prosperidade.
Para combater os desmandos próprios da Idade Média, como a bruxaria, feitiçaria e
outras organizações que pululavam à solta. Carlos Magno, já no ano de 772, instituiu um
Tribunal secreto com sede na Vestfália, para reprimir os abusos e crimes cometidos "contra
Deus, a lei e a Honra”.
As decisões eram rápidas e os extremos eram ou a absolvição ou morte; não se
conhecem penas intermediárias; sendo o Tribunal secreto, inexistiam as prisões.
"Santa Veheme” permaneceu ativa até o ano de 1811, quando as tropas de Napoleão
invadiram a Alemanha e assumiram o poder em toda a Europa.
Por ter sido um Tribunal secreto, as notícias históricas não merecem plena
credibilidade; no entanto, depois de Carlos Magno, os reis Roberto II e Carlos IV lhe deram
proteção e autoridade.
Os julgadores, conhecidos pelo nome de "Vehemegrichte” ou "franco-juízes”, ou
"juízes-livres”, faziam parte das Cortes Vehêmicas, que se multiplicavam em todos os
territórios.
A origem do vocábulo é germânica: "iehmen” que significa "condenar, banir”.
Como todo tribunal de exceção, a Santa Veheme passou a exorbitar de seu poder;
castigava, inicialmente, toda perturbação à paz pública e à religião; depois, qualquer
opositor da Igreja era julgado; a vingança tomou conta dos "franco-juízes” e os interesses
escusos transformaram os juizes em verdugos.
A intimação para o visado a comparecer perante o Tribunal era feita através de uma
citação presa por um punhal e afixada à porta da casa do réu.
Os indiciados não eram, tão-somente, criminosos ou pessoas comuns; reis, clérigos
e autoridades eram intimados a justificarem seus atos e caso não atendessem à citação,
eram encontrados misteriosamente mortos, mas sempre com um punhal cravado no corpo
fixando a sentença escrita.
Pela sua eficiência e crueldade, o Tribunal da Santa Veheme era temido. O nome de
Santa foi dado posteriormente, quando o escopo principal era a pretensa defesa da Igreja.
A Santa Veheme passou a constituir uma verdadeira instituição, admitindo filiados
aos milhares; esses filiados deviam pagar alto preço para serem admitidos, mas era assim,
uma garantia de proteção.
A Igreja, constatando os abusos, e que os clérigos usavam o Tribunal para
satisfazerem interesses privados, passou a combater o seu procedimento; aliando-se aos
Imperadores Maximiliano e Carlos V, a Santa Veheme foi abolida.
Napoleão já a vinha perseguindo desde sua ascensão ao poder e ao invadir a
Alemanha procurou desbaratá-la, com certa dificuldade, porque a "cabeça” permanecia
oculta; vigiada e perseguida a Santa Veheme cessou a sua atividade; no entanto, encontram-
se notícias esparas de que prosseguiu por longo tempo, desconhecendo-se a data de seu real
fim.
O Grau 31 contém o nome de "Santa Veheme”, não como um prosseguimento do
Tribunal, mas recordando os objetivos iniciais que eram válidos e para recordar o nome dos
mártires vitimados por aquele tribunal.
Na iniciação, os trabalhos desenvolvem-se na "Corte dos Verdadeiros Juizes” e,
posteriormente, no "Templo da Justiça”.
A Corte dos Verdadeiros Juizes tem inspiração "vehêmica”, sublimada porém, para
fazer exclusivamente Justiça na proteção aos desamparados, injustiçados e vítimas dos
prepotentes.
Não se deve confundir ou aceitar que a Santa Veheme da Idade Média era uma
instituição maçônica ou paramaçônica; a Maçonaria, jamais, tomou parte nos Tribunais;
tão-somente, atuou no sentido de retirar das mãos dos algozes vehêmicos as vítimas, como
sempre fez, em especial durante a Segunda Guerra Mundial, quando salvou milhares das
mãos dos nazistas.
O Ritual, ainda, refere o nome de vários mártires, como Joana D’Arc, Etienne
Dolet, Jean Calas, Jerônimo Savonarola, Giordano Bruno, Lucílio Vanini, e João Huss.
1 -A Santa Veheme
É conveniente dizer alguma coisa sobre a Santa Veheme, muito referida no Ritual do Grau
31 e por diversas vezes falada anteriormente.
Sob todos os pontos de vista, a Idade Média foi um período de trevas para a humanidade.
Muitos crimes hediondos foram cometidos em nome de ideais políticos pelo despotismo e até em
nome de Deus, como foi o caso da Inquisição. Condenava-se por crimes de idéias e de pensamento
e o obscurantismo e os erros grassavam.
Para combater os verdadeiros crimes contra Deus, a Lei e a Honra, Carlos Magno ou Carlos
I dos Francos criou o Tribunal da Santa Veheme, donde exaravam decisões rápidas e extremas.
Com o passar do tempo o Tribunal da Santa Veheme deturpou-se, caindo na ilegalidade,
considerando alguns que continuou a atuar na clandestinidade.
Na segunda Câmara, ao fundo, está a estátua de Themis, mãe da Eqüidade, Lei e Paz, que é
uma deusa da mitologia grega.
Há também uma quadro representando o Julgamento de Osíris, coberto por um véu.
Resumidamente, o Julgamento de Osíris é o seguinte:
Após a sua morte, o espírito do morto é conduzido pela Barca Solar, apresentando-se na
Sala da Justiça, à presença de Osíris, para fazer o seu relato confessional. Após este ato, seu coração
é depositado num prato da Balança de Osíris e no outro é colocada uma pena de avestruz, Símbolo
da Deusa Verdade. A pesagem é presidida por Osíris e verificada por Hórus e Anúbis. O peso é
anotado por Thot e Osíris pronuncia a sentença, Ísis e Nefites assistem à cena por trás de Osíris.
Caso haja absolvição, a alma do morto é absorvida por Osíris; caso contrário, a alma será
devorado pelo monstro que de frente assiste a toda a cena.
Participam do episódio descrito oito personagens e a lenda é muito detalhada no Livro dos
Mortos.
O Tribunal é iluminado por 30 lâmpadas em três grupos de dez, ao Oriente, ao Ocidente e
no centro, cada grupo arranjado num triângulo eqüilátero formado por filas de velas em quatro, três,
duas e uma.
A Themis da mitologia grega é considerada a Deusa da Justiça e aparece em muitas
representações com os olhos vendados, simbolizando a imparcialidade da Justiça. Traz nas mãos a
espada e a balança.