Apostila Senai Circuitos Eletricos II
Apostila Senai Circuitos Eletricos II
Apostila Senai Circuitos Eletricos II
Análise de circuitos
elétricos
Eletroeletrônica – Análise de circuitos elétricos
SENAI-SP, 2000
Equipe responsável
Sumário
Apresentação 3
Eletroeletrônica 1
Análise de circuitos elétricos
Apresentação
Caro Aluno
Neste volume você vai iniciar seus estudos sobre circuitos elétricos do Curso de
Aprendizagem Industrial do SENAI, na área de Eletroeletrônica. O principal objetivo
deste estudo é fazer você conhecer não só os princípios e as leis que comandam o
funcionamento dos circuitos eletroeletrônicos, mas também as características de
componentes e instrumentos de medição usados no dia-a-dia do profissional dessa
área.
Eletroeletrônica 3
Análise de circuitos elétricos
4 Eletroeletrônica
Análise de circuitos elétricos
Associação de resistências
Associação de resistências
R1
R1 R2 R3
R1 R2 R3
R2
R3
4 Eletroeletrônica
Análise de circuitos elétricos
Observação
A porção do circuito que liga dois nós consecutivos é chamada de ramo ou braço.
Associação em série
Associação em paralelo
Associação mista
Convenção
R1, R2, R3,... Rn são os valores ôhmicos das resistências associadas em série.
Req = R1 + R2
Req = 120Ω + 270Ω
Req = 390Ω
O valor da resistência equivalente de uma associação de resistências em série é
sempre maior que a resistência de maior valor da associação.
1
Req =
1 1 1
+ +...+
R1 R 2 Rn
Convenção
R1, R2, ..., Rn são os valores ôhmicos das resistências associadas.
R1 = 10Ω
R2 = 25Ω
R3 = 20Ω
1
Req =
1 1 1
+ +...+
R1 R 2 Rn
1 1 1
Req = = = = 5,26
1 1 1 0,1+ 0,04 + 0,05 0,19
+ +
10 25 20
Ω
Req = 5,26Ω
Para associações em paralelo com apenas duas resistências, pode-se usar uma
equação mais simples, deduzida da equação geral.
1 1 1
= +
Req R1 R 2
1 R + R2
= 1
Re q R1xR2
R1xR 2
Re q =
R1 + R 2
Ω
Req = 434Ω
Vamos tomar a equação geral para "n" resistências. Nesse caso temos:
1
Req =
1 1 1
+ +...+
R1 R 2 Rn
1 1
Req = =
1 1 1 1
+ +...+ n( )
R R R R
Operando o denominador do segundo membro, obtemos:
1
Req =
n
R
R
Req =
n
Convenção
R é o valor de uma resistência (todas têm o mesmo valor).
n é o número de resistências de mesmo valor associadas em paralelo.
R 120
Req = = = 40Ω
n 3
Ω
Req = 40Ω
3. Desconsidera-se, então, tudo o que está antes e depois desses nós e examina-se
a forma como R2 e R3 estão associadas para verificar se se trata de uma
associação em paralelo de duas resistências.
O resultado significa que toda a associação mista original tem o mesmo efeito para a
corrente elétrica que uma única resistência de 1868 Ω .
Da análise do circuito formado por RA e R3, deduz-se que essas resistências estão em
paralelo e podem ser substituídas por uma única resistência, com o mesmo efeito.
Para a associação em paralelo de duas resistências, emprega-se a fórmula a seguir.
R1xR 2
Re q =
R1 + R 2
ou
Portanto, toda a associação mista pode ser substituída por uma única resistência de
11.124 Ω .
Exercícios
1)
2)
3)
4)
5)
6)
1)
2)
3)
4)
5)
1)
2)
3)
4)
5)
1)
2)
3)
4)
1 - Entre os nós A e B
2 - Entre os nós B e C
2)
3)
1)
2)
Divisores de
tensão e corrente
Divisor de tensão
O circuito divisor de tensão serve para fornecer parte da tensão de alimentação para
um componente ou circuito. Assim, com um divisor de tensão, é possível por
exemplo, obter 6 V em uma lâmpada, a partir de uma fonte de 10 V.
O circuito a seguir apresenta um circuito divisor de tensão sem carga, onde as tensão
de entrada é dividida em duas partes, VR1 e VR2.
Observação
A quantidade de resistores do circuito série de resistores é que determinará em
quantas partes a tensão de entrada será dividida.
A tensão em cada resistor VR1 e VR2, pode ser determinada a partir dos valores da
tensão de entrada, dos resistores e utilizando a lei de Ohm.
VR1 = R 1.I1 VT
IT = R T = R1 + R 2
RT
I T = I1 = I2 ⇒ VT
I1 =
RT
Como:
VT .R M
VRM =
RT
A equação acima é conhecida como equação do divisor de tensão. Por meio dessa
equação é possível determinar a tensão em qualquer resistor da associação série de
resistores
Qualquer carga conectada ao divisor de tensão fica sempre em paralelo com um dos
resistores que o compõe. No exemplo a seguir, a carga está em paralelo com o
resistor R2.
Vamos supor, então, que seja necessário alimentar uma lâmpada de 6 V - 0,5 W a
partir de uma fonte de 10 V CC.
Observação
VCC é a notação simbólica de tensão de alimentação contínua.
A corrente da carga não é fornecida diretamente, mas pode ser determinada pela equação:
P 0,5
I= = = 0,083A = 830mA
V 6
Dimensionamento do resistor R2
O valor de R2 é determinado a partir da Lei de Ohm:
VR2
R2 =
IR2
Deve-se, então, calcular VR2 e IR2. Uma vez que R2 e carga RL estão em paralelo, o
valor da tensão sobre R2 é igual ao valor da tensão sobre a carga.
Neste caso, VR2 = VRL = 6 V.
O cálculo do valor de R2 pela Lei de Ohm é feito a partir da corrente neste resistor.
Como esse valor não é fornecido no enunciado do problema, deve-se escolher um
valor para essa corrente. Normalmente estima-se o valor desta corrente (IR2) como
sendo 10% da corrente de carga.
VR2 6
R2 = = = 723 Ω
IR2 0,0083
Dimensionamento do valor de R1
Para determinar o valor do resistor R1, aplica-se também a Lei de Ohm, bastando
para isso que se determine os valores de VR1 e IR1.
VR1 = 10 – 6 VR1 = 4 V
Observação
Quando a opção é pelo valor comercial mais alto de R1, deve-se optar também pelo
valor mais alto de R2 ou vice-versa.
Divisor de corrente
O circuito divisor de corrente serve para fornecer parte da corrente total do circuito,
para um componente ou circuito.
Através das leis de Ohm e Kirchhoff é possível obter o valor da corrente elétrica em
cada resistor.
A corrente elétrica em um resistor, por exemplo R1, pode ser obtida a partir das
equações:
Ohm Kirchhoff
I1 = V1 I1 = IT - (I2 + I3)
R1
A tensão VCC aplicada no circuito pode ser calculada pela equação:
VCC = RT . IT
R T ⋅ IT
I1 =
R1
A resistência equivalente ou total nesse circuito pode ser calculada pela equação:
R1 ⋅ R 2
RT =
R1 + R 2
R T ⋅ IT
I1 =
R1
R1 ⋅ R2 R2
I1 = ⋅ IT = ⋅ IT
R 1 ⋅ (R 1 + R 2 ) R1 + R 2
R 1.IT
I1 =
R1 + R 2
Vamos supor que uma associação de resistores em paralelo é composta por dois
resistores, com valores de 18 KΩ e 36 KΩ. A corrente total desta associação é de
600 mA.
A partir desses dados, é possível determinar as correntes nos resistores.
• Resistor R2 = 36 KΩ
• IT = 600 mA ou 0,6 A
R 2 ⋅ IT 36 ⋅ 0,6 21,6
I1 = = = = 0,4 A = 400mA
R 1 + R 2 18 + 36 54
R 1 ⋅ IT 18 ⋅ 0,6 10,8
I2 = = = = 0,2A = 200mA
R 1 + R 2 18 + 36 54
Exercícios
1. Responda às seguintes perguntas:
a) Qual é a função de um divisor de tensão?
Análise de circuitos
por Kirchhoff
Para um bom acompanhamento desse capítulo é necessário que você saiba as leis
de Kirchhoff e a lei de Ohm.
Nessa associação o resistor R3 não está em série e nem em paralelo com qualquer
outro resistor.
Nessa associação é o resistor R4 que dificulta a resolução, pois não está em série ou
em paralelo com outros resistores da associação.
R 1 ⋅ R 2 + R1 ⋅ R 3 + R 2 ⋅ R 3
R 12 =
R3
R1 ⋅ R 2 + R1 ⋅ R 3 + R 2 ⋅ R 3
R 23 =
R1
R1 ⋅ R 2 + R1 ⋅ R 3 + R 2 ⋅ R 3
R 13 =
R2
Tomando como exemplo o circuito que segue, para calcular a resistência equivalente
entre os terminais L e M é necessário que se faça uma transformação de ligação
estrela para triângulo.
Os resistores R1, R2, e R3, que formam uma associação em estrela nos pontos 1, 2 e
3, podem ser substituídos por uma associação em triângulo conforme a figura que
segue.
Reorganizando o circuito temos, R12 em paralelo com R5, e R23 em paralelo com R4.
R 12 ⋅ R 5 60 ⋅ 20 1200
RA = = = = 15Ω
R 12 + R 5 60 + 20 80
R 23 ⋅ R 4 15 ⋅ 10 150
RB = = = = 6Ω
R 23 + R 4 15 + 10 25
RC = RA + RB = 15 + 6 = 21 Ω
RC = 21 Ω
Novamente temos dois resistores em paralelo, R13//RC, que podem ser substituídos
por um resistor, resistor, RLM.
R 13 ⋅ R C 37,5 ⋅ 21 787,5
R LM = = = = 13,46Ω
R 13 + R C 37,5 + 21 58,5
RLM= 13,46 Ω
R 12 ⋅ R 13
R1 =
R 12 + R 13 + R 23
R 12 ⋅ R 23
R2 =
R 12 + R 13 + R 23
R 13 ⋅ R 23
R3 =
R 12 + R 13 + R 23
Tomando como exemplo o circuito que segue, para calcular a resistência equivalente
entre A e B é necessário que se faça uma transformação de ligação triângulo para
ligação estrela.
6 100 Ω
B
A
180 Ω
10
15 Ω 100
Os resistores R12, R23, e R13, que formam uma associação em triângulo nos pontos 1,
2 e 3. Eles podem ser substituídos por uma associação em estrela conforme a figura
que segue.
A B
10
15 Ω
R1 = 30 Ω
R2 = 45 Ω
R3 = 54 Ω
R = R3 4 = 6 + 54 = 60
RA Ω
RB 2 + R = 15 + 45 = 60 Ω
B = 60 Ω
A B
seguinte esquema.
A B
52
Análise de circuitos elétricos
R
RC =
N
Observação
Essa equação é utilizada em associações em paralelo, com resistores de mesmo
valor, e na qual R é o valor dos resistores associados e N é a quantidade de
resistores que compõem a associação. Logo:
60
RC =
2
RC = 30 Ω
No circuito acima, os três resistores em série, R1, RC e R6 podem ser substituídos por
um resistor, RAB.
RAB = R6 + RC + R1 = 10 + 30 + 30 = 70 Ω
RAB
A análise de circuitos por Kirchhoff, tem por finalidade facilitar a análise de circuitos
complexos, tornando mais fácil o cálculo de tensões e correntes desconhecidas.
Definições básicas
Todo circuito elétrico com associações de resistores em série e em paralelo é
composto por;
• ramo ou braço, que é o trecho do circuito constituído por um os mais elementos
ligados em série;
• nó ou ponto, que é a intersecção de três ou mais ramos;
• malha, que é todo circuito fechado constituído de ramos; e
• bipolo elétrico, que é todo dispositivo elétrico com dois terminais acessíveis, fonte
ou carga.
A figura a seguir ilustra um circuito onde pode-se identificar os ramos, nós, malhas e
bipolos.
2. Orientam-se as tensões nos bipolos elétricos que compõem os ramos: fonte com
a seta indicativa do pólo negativo para o positivo e carga com a seta indicativa no
sentido oposto ao sentido da corrente.
3. Aplica-se a primeira lei de Kirchhoff aos nós.
4. Aplica-se a segunda lei de Kirchhoff às malhas.
Observação
Se o resultado de uma equação para o cálculo de corrente elétrica for negativo,
significa apenas que o sentido real da corrente elétrica é inverso ao escolhido, porém
o valor absoluto obtido está correto.
Esse circuito é formado por duas malhas que podem ser chamadas de malha1 e
malha 2, e dois nós que podem ser identificados por A e B, conforme figura a seguir.
De acordo com a segunda regra básica, deve-se orientar as tensões nos bipolos
elétricos do circuito, com os seguintes sentidos:
a) Nas fontes, a seta indicativa deve ter seu sentido do negativo para o positivo.
b) Nos resistores, o sentido da seta é oposto ao sentido da corrente elétrica no
ramo.
A terceira regra básica determina que se aplique a Primeira Lei de Kirchhoff aos
nós.
Observação
A primeira lei de Kirchhoff diz que “a soma das correntes que chegam em um nó é
igual a soma das correntes que saem deste mesmo nó, ou seja, a soma algébrica das
correntes em um nó é igual a zero”.
+ I1 - I2 - I3 = 0 ⇐ Equação 1
+ I2 + I3 - I1 = 0
Como se pode ver, as equações dos nós A e B são iguais, pois os nós fazem parte
das mesmas malhas.
Em circuitos como este, não é necessária a análise dos dois nós. Basta a análise e a
equação de apenas um nó.
De acordo com a quarta regra básica, deve-se aplicar a Segunda Lei de Kirchhoff
nas malhas.
Observação
A Segunda Lei de Kirchhoff diz que “a soma das tensões no sentido horário é igual a
soma das tensões no sentido anti-horário, ou seja, a soma algébrica das tensões em
uma malha é igual a zero.”
As tensões nos resistores, VR1, VR3 e VR4 podem ser substituídas pela equações
equivalentes da lei de Ohm.
Equacionando:
13 - 35. I1 - 10.I3 = 0
-35 ⋅ I1 – 10 ⋅ I3 = -13 ⇐⇐
Equação 2
+ V2 + VR3 - V3 - VR2 = 0
As tensões nos resistores, VR2 e VR3, podem ser substituídas pela equações
equivalentes da lei de Ohm.
+ V2 + (R3.I3) - V3 - (R2.I2) = 0
Equacionando:
- 5 + 10.I3 - 8.I2 = 0
Após ter aplicado as quatro regras básicas, obtém-se três equações, com três
incógnitas, I1, I2 e I3.
+ I1 - I2 - I3 = 0 ⇐ Equação 1
Para a resolução desse sistema podem ser usados vários métodos, porém será
utilizado o método das substituições, no qual equações equivalentes são
substituídas.
I2 = I1 - I3 ⇐ Equação 4
Equação 3 Equação 4
10.I3 - 8.I2 = 5 I2 = I1 - I3
Equacionando:
10.I3 - 8.I1 + 8.I3 = 5
10.I3 + 8.I3 - 8.I1 = 5
18.I3 - 8.I1 = 5 ⇐ Equação 5
Para que isto seja possível, multiplica-se a equação 5 por 10 e a equação 2 por 18.
35. I1 - 10.I3 = - 13
- 8.I1 + 18.I3 = 5
- 80.I1 + 180.I3 = 50
Para eliminar a variável I3, faz se uma soma algébrica das equações obtidas nesse
novo sistema.
- 710.I1 = -184
I1 = -184
-710
I1 = 0,259 A ou 259 mA
A equação que usaremos nessa resolução será a equação 5, pois seus valores são
menores.
Circuitos de corrente contínua: Análise de circuitos por Kirchhoff 61
Análise de circuitos elétricos
Para determinar o valor de I3, deve-se substituir a notação I1 pelo seu valor, 0,259 A.
- 8.0,259 + 18.I3 = 5
Equacionando:
- 8.0,259 + 18.I3 = 5
- 2,072 + 18.I3 = 5
18.I3 = 5 + 2,072
18.I3 = 7,072
7,072
I3 =
18
I3 = 0,392 A ou 392 mA
A corrente I2, pode ser calculada a partir da equação 4.
I2 = I1 - I3 ⇒ Equação 4
Equacionando:
I2 = I1 - I3
I2 = 0,259 - 0,392
I2 = - 0,133 A ou -133 mA
Sabendo-se os valores dos resistores e das correntes dos ramos, é possível calcular
as tensões nos resistores, utilizando a lei de Ohm.
Exercícios
1. Responda às seguintes perguntas:
Circuitos de corrente contínua: Análise de circuitos por Kirchhoff 63
Análise de circuitos elétricos
2)
3)
R1 = 45 Ω
R2 = 32 Ω
R3 = 12 Ω
R4 = 16 Ω
V1 = 7 V
V2 = 9 V
V3 = 12 V
Teorema de Thévenin
Para ter sucesso no desenvolvimento dos conteúdos desse capítulo você já deverá
conhecer associação de resistores e as leis de Kirchhoff e Ohm.
Teorema de Thévenin
Análise de circuitos
A analise de circuitos com o auxílio do teorema de Thévenin é feita a partir de quatro
passos:
• determinar a resistência equivalente de Thévenin;
• determinar a tensão equivalente de Thévenin;
• calcular a corrente no resistor de interesse a partir dos valores de resistência e
tensão de Thévenin, aplicando a lei de Ohm;
• calcular a potência dissipada no resistor de interesse, conhecendo os valores de
resistência e corrente,
Exemplo
Tomando como exemplo o circuito que segue, serão calculados os valores de tensão,
corrente e potência dissipada no resistor R4.
RA = R1 + R2 = 5 + 25 = 30 Ω
RA ⋅ R3 30 ⋅ 15 450
R Th = = = = 10 Ω
R A + R 3 30 + 15 45
As tensões nos resistores, VR1, VR2 e VR3 podem ser substituídas pela equação
equivalente da lei de Ohm: VR = R . I
Logo:
Equacionando:
+18 - 45.I = 0
+18 = 45.I
18
I=
45
I = 0,4 ou 400 mA
Observação
A tensão de Thévenin poderia ter sido calculada também, utilizando-se a equação do
divisor de tensão.
V.R 3
VTh = VR 3 =
R1 + R 2 + R 3
V
I=
R
O valor de resistência neste circuito é a soma das resistências R4 e RTh, pois elas
estão associadas em série. Desta forma, a equação para o cálculo da corrente é
apresentada a seguir.
VTh
I4 =
R Th + R 4
Calculando:
6 6
I4 = = = 0,15 A
10 + 30 40
I4 = 0,15 A ou 150 mA
Observação
A partir do gerador equivalente de Thévenin, é possível calcular valores de tensão,
corrente e potência dissipada, para qualquer valor de resistor conectado nos
pontos A e B.
Exercícios
1. Responda às seguintes perguntas:
a) O que são bipolos elétricos?
Teorema de Norton
Teorema de Norton
O teorema de Norton estabelece que “qualquer circuito formado por bipolos elétricos
lineares, que são os resistores e as fontes de tensão contínua, pode ser substituído
por um circuito equivalente simples”. O circuito equivalente simples é constituído de
um gerador equivalente de Norton e a resistência na qual os valores de tensão e
corrente serão determinados.
Observação
O símbolo com a notação IN, representa uma fonte de corrente constante ou
gerador de corrente. O sentido da seta representa o sentido da corrente, que deve
ser o mesmo da fonte de tensão correspondente. Ou seja, em uma fonte de tensão, a
corrente sai do terminal positivo.
Observação
As resistências equivalentes de Norton e Thévenin são determinadas da mesma
forma.
Análise de circuitos
Exemplo
Tomando como exemplo o circuito que segue, serão calculados os valores de tensão,
corrente e a potência dissipada no resistor R3.
R1 ⋅ R 2 6⋅9 54
RT = = = = 3,6 Ω
R 1 + R 2 6 + 9 15
RN = 3,6 Ω
V1 18
IN = =
R 6
IN = 3 A
Desta forma o gerador equivalente de Norton fica conforme a figura que segue:
A corrente no resistor R3, IR3, pode ser calculada ligando-se novamente o resistor ao
circuito, nos pontos A e B.
RN
I3 = ⋅ IN
RN + R 3
Observação
A equação apresentada é determinada no capítulo Divisores de tensão e corrente,
na parte referente ao divisor de corrente com dois resistores.
Calculando:
RN 3,6 3,6
I3 = ⋅ IN = ⋅3 = ⋅ 3 = 0,5 A
RN + R 3 3,6 + 18 21,6
I3 = 0,5 A ou 500 mA
VR3 = R3 . I3 = 18 . 0,5 = 9
VR3 = 9 V
PR3 = 4,5 W
Equivalência Norton-Thévenin
Lei de
IN = VTh ⇐
Ohm
RTh
Logo:
RTh = 3,6 Ω
VTh
IN =
R Th
VTh = 10,8 V
Exercícios
Teorema da
Superposição de Efeitos
Esse teorema afirma que “a corrente em qualquer ramo do circuito é igual à soma
algébrica das correntes, considerando cada fonte atuando individualmente, quando
eliminados os efeitos dos demais geradores”.
Análise de circuitos
Observação
Os sentidos das correntes são arbitrários, ou seja, adotados. As correntes serão
denominadas de correntes principais.
Para isso, considera-se no circuito apenas uma fonte. As outras fontes devem ser
curto-circuitadas.
Fig 02
Nessa análise, as notações das correntes elétricas serão acrescidas de V1, para
indicar que somente a fonte V 1 está alimentando o circuito.
R2 ⋅ R3 24 ⋅ 12 288
RA = = = = 8Ω
R 2 + R 3 24 + 12 36
REQ = R1 + RA = 8 + 8 = 16 Ω
12
I1 - V1 = = 0,75 A ou 750 mA
16
Desta forma, temos a tensão entre os pontos A e B, que é a tensão nos resistores
R2 e R3.
VR2 6
I 2V1 = = = 0,5 A ou 500mA
R2 12
VR3 6
I 3- V1 = = = 0,25 A ou 250 mA
R3 24
As notações das correntes secundárias serão acrescidas de V2, para indicar que
somente a fonte V2 está alimentando o circuito.
R1 ⋅ R3 8 ⋅ 24 192
RA = = = = 6Ω
R 1 + R 3 8 + 24 32
36
I2− V 2 = = 2 A ou 2000 mA
18
Desta forma, temos a tensão entre os pontos A e B, que é a tensão nos resistores
R1 e R3.
Ou seja:
VAB = VR1 = VR3 = 12 V
VR 1 12
I1− V 2 = = = 1,5 A ou 1500 mA
R1 8
VR 3 12
I 3- V2 = = = 0,5 A ou 500 mA
R3 24
Observação
O sinal negativo resultante do cálculo da corrente principal apenas indica que o
sentido do percurso escolhido é contrário ao sentido real. O valor absoluto
encontrado, todavia, está correto.
Exercícios
Máxima transferência
de potência
Este capítulo tratará da forma em que melhor se aproveita a energia fornecida por
essas fontes geradoras de corrente contínua.
Para ter sucesso no desenvolvimento dos conteúdos e atividades deste estudo, você
já deve ter conhecimentos relativos a potência elétrica em corrente contínua e às leis
de Kirchhoff e Ohm.
A figura que segue ilustra uma pilha elementar, constituída de eletrólito, placas e
terminais.
Desta forma, uma pilha pode ser representada como uma fonte de tensão em série
com as resistências de seus elementos.
Onde:
E ⇒ Força eletromotriz gerada;
RE ⇒ Resistência do eletrólito ;
RP ⇒ Resistência das placas;
RT ⇒ Resistência dos terminais.
Quando uma pilha está desligada do circuito, não existe circulação de corrente
elétrica em seu interior e portanto não há queda de tensão na resistência interna.
Onde:
E ⇒ Força eletromotriz gerada;
Ri ⇒ Resistência interna.
Quando uma carga é conectada aos terminais de uma pilha, ocorre a circulação de
corrente no circuito e também na sua resistência interna.
A corrente que circula através da resistência interna provoca uma queda de tensão Vri.
Desta forma, a tensão presente nos terminais de uma pilha é igual à força
eletromotriz gerada, menos a queda de tensão em sua resistência interna.
V = E - VRi
2
PRi = I . Ri
PRL = I2 . RL
A corrente que circula no circuito pode ser determinada pela lei de Ohm.
E
I=
R
Onde:
I=
E I ⇒ Corrente elétrica do circuito;
Ri + RL E ⇒ Força eletromotriz gerada;
Ri ⇒ Resistência interna ;
RL ⇒ Resistência da carga.
2
PRL = I . RL I= E
2 Ri + RL
PRL = E . RL
Ri + RL
Simplificando a equação:
2
PRL = E . RL
(Ri + RL)2
Para o exemplo será montada uma tabela na qual constarão os valores da resistência
de carga e a potência dissipada na carga, para os valores de tensão e resistência
interna citados.
RL PRL = E2 . RL (W)
Ω)
(Ω (Ri + RL)2
20 0,200
40 0,289
60 0,337
80 0,348
100 0,360
120 0,349
140 0,350
200 0,320
Então, nota-se que a potência máxima na carga ocorre quando a resistência de carga
é igual a 100 Ω, ou seja, possui o mesmo valor da resistência interna da fonte.
Para uma resistência de carga e resistência interna do gerador com o mesmo valor, a
tensão do gerador se divide igualmente entre as duas resistências.
Visto que qualquer rede de corrente contínua terminada numa resistência de carga RL
pode ser transformada em um circuito equivalente de Thévenin, a lei da máxima
transferência de potência pode ser generalizada, ficando da seguinte forma:
Quando uma rede de corrente contínua é terminada por uma resistência de carga
igual à sua resistência Thévenin, a máxima potência será desenvolvida na resistência
de carga.
Exercícios
1. Responda:
a) Onde ocorre queda de tensão na pilha?
Capacitores
Este capítulo vai falar sobre o capacitor: sua constituição, tipos, características. Ele
falará também sobre a capacitância que é a característica mais importante desse
componente.
Capacitor
armaduras
dielétrico
112 Capacitores
Análise de circuitos elétricos
Observações
I. O material condutor que compõe as armaduras de um capacitor é eletricamente
neutro em seu estado natural;
II. em cada uma das armaduras o número total de prótons e elétrons é igual,
portanto as placas não têm potencial elétrico. Isso significa que entre elas não
há diferença de potencial (tensão elétrica).
Armazenamento de carga
Conectando-se os terminais do capacitor a uma fonte de CC, ele fica sujeito à
diferença de potencial dos pólos da fonte.
O potencial da bateria aplicado a cada uma das armaduras faz surgir entre elas uma
força chamada campo elétrico, que nada mais é do que uma força de atração
(cargas de sinal diferente) ou repulsão (cargas de mesmo sinal) entre cargas
elétricas.
A armadura que fornece elétrons à fonte fica com íons positivos adquirindo um
potencial positivo. A armadura que recebe elétrons da fonte fica com íons negativos
adquirindo potencial negativo.
placa
positiva
placa
negativa
Capacitores 113
Análise de circuitos elétricos
Observação
Para a análise do movimento dos elétrons no circuito usou-se o sentido eletrônico
da corrente elétrica.
Isso significa que ao conectar o capacitor a uma fonte CC surge uma diferença de
potencial entre as armaduras.
1,5 V
Se, após ter sido carregado, o capacitor for desconectado da fonte de CC, suas
armaduras permanecem com os potenciais adquiridos.
Isso significa, que, mesmo após ter sido desconectado da fonte de CC, ainda existe
tensão presente entre as placas do capacitor. Assim, essa energia armazenada pode
ser reaproveitada.
Descarga do capacitor
114 Capacitores
Análise de circuitos elétricos
capacitor carregado
capacitor em descarga
Capacitância
Capacitores 115
Análise de circuitos elétricos
• área das armaduras, ou seja, quanto maior a área das armaduras, maior a
capacidade de armazenamento de um capacitor;
• espessura do dielétrico, pois, quanto mais fino o dielétrico, mais próximas estão
as armaduras. O campo elétrico formado entre as armaduras é maior e a capacidade
de armazenamento também;
• natureza do dielétrico, ou seja, quanto maior a capacidade de isolação do
dielétrico, maior a capacidade de armazenamento do capacitor.
Tensão de trabalho
Associação de capacitores
116 Capacitores
Análise de circuitos elétricos
C1
C1 C2
C2
Para executar a soma, todos os valores devem ser convertidos para a mesma
unidade.
Exemplo:
Qual a capacitância total da associação paralela de capacitores mostrada a seguir:
Capacitores 117
Análise de circuitos elétricos
Assim, a máxima tensão que pode ser aplicada a uma associação paralela é a do
capacitor que tem menor tensão de trabalho.
Exemplo:
A máxima tensão que pode ser aplicada nas associações apresentadas nas figuras a
seguir é 63 V.
tensão máxima 63 V
C1 -
+ -
C2
Observação
Deve-se lembrar que capacitores polarizados só podem ser usados em CC porque
não há troca de polaridade da tensão.
118 Capacitores
Análise de circuitos elétricos
C1 C2
C1 C2
1
CT =
1 1 1
+ +...
C1 C 2 Cn
C1 x C 2
CT =
C1 + C 2
C
CT =
n
Exemplos de cálculos
1)
Capacitores 119
Análise de circuitos elétricos
1 1 1
CT = = = = 0,059
1 1 1 10 + 5 + 2 17
+ +
0,1 0,2 0,5
CT = 0,059 µ F
2)
C1 × C 2 1 × 0,5 0,5
1 µF CT = = = = 0,33
C1 + C 2 1 + 0,5 15
,
CT = 0,33 µ F
3)
C1 = C2 = C3 = C = 180 pF
C 180
CT = = = 60
n 3
CT = 60 pF
120 Capacitores
Análise de circuitos elétricos
V V
V V
V V V
Capacitores 121
Análise de circuitos elétricos
Exercícios
122 Capacitores
Análise de circuitos elétricos
f) Defina capacitância.
Capacitores 123
Análise de circuitos elétricos
C2 = 2200 µF
C3 = 2200 µF
e) Qual deve ser o valor máximo da tensão aplicada a um circuito com os seguintes
capacitores associados em paralelo.
C1 = 0,0037 µF - 200V
C2 = 1200 µF - 63 V
3. Responda:
a) Um capacitor não polarizado, construído para uma tensão de trabalho de 220 V
pode ser ligado a uma rede de tensão alternada de 220 VEF? Justifique.
124 Capacitores
Análise de circuitos elétricos
Constante de tempo RC
Este capítulo faz um estudo mais detalhado da forma como ocorre a carga e a
descarga de um capacitor em CC. Esse conhecimento é imprescindível para que você
possa entender a sua aplicação nos circuitos de temporização.
Para aprender esse conteúdo com mais facilidade, é necessário que você tenha
conhecimentos anteriores relativos a resistência elétrica, fontes de CC e capacitores.
Entretanto, se um capacitor for conectado a uma fonte de CC, após algum tempo
existirá entre as suas armaduras e mesma diferença de potencial existente nos pólos
da fonte.
fig 1
Esse processo de carga não é linear, ou seja, a tensão presente sobre o capacitor não
aumenta proporcionalmente com o passar do tempo.
Para entender porque isso acontece, é preciso, antes, conhecer os seguintes aspectos
sobre o capacitor:
a) A diferença de potencial entre as armaduras de um capacitor é proporcional à
quantidade de cargas armazenadas. Isso significa que armazenando o dobro da
quantidade de cargas em um capacitor, a ddp entre as armaduras também dobra.
b) A quantidade de carga armazenada no capacitor em um período de tempo, por sua
vez, depende da corrente de carga: quando a corrente da carga é alta, a
quantidade de carga armazenada é alta; quando a corrente de carga é baixa a
quantidade de carga armazenada aumenta vagarosamente.
fig 2
fig 3
fig 4
VR 10 V
I= = = 1A
R 10Ω
Com este valor inicial de corrente, a tensão entre as armaduras do capacitor cresce
rapidamente.
fig 5
Supondo, por exemplo, que esta ddp seja de 5 V, o circuito estará em uma nova
condição:
fig 6
O circuito acima mostra que, com o crescimento da tensão sobre o capacitor, a ddp
sobre o resistor diminuiu de 10 V no instante inicial para 5V após algum tempo.
5V
ICARGA = = 0,5 A
10 Ω
Como a corrente de carga do capacitor diminuiu, a ddp sobre o capacitor cresce mais
lentamente.
fig 7
VR 10 V - 7 V 3V
I= = = = 0,3 A
R 10 Ω 10 Ω
Com VC = 8 V:
10 V - 8 V 2V
I= = = 0,2 A
10 Ω 10 Ω
10 V - 10 V 0V
I= = =0A
10 Ω 10 Ω
A corrente que iniciou com um valor alto vai diminuindo até chegar a zero porque
nesse momento o capacitor está com o mesmo potencial da fonte, ou seja, está
carregado.
Se fosse possível medir e anotar a tensão a cada microssegundo, o gráfico obtido teria
a seguinte curva:
fig 8
fig 9
fig 10
Observação
As duas curvas apresentadas acima são genéricas, ou seja, valem para quaisquer
valores de resistência, capacitância e tensão de alimentação.
Dependendo dos valores de R e C, a curva pode se tornar mais larga, mais estreita ou
ter maior ou menor amplitude, porém sua forma básica não se alterará:
fig 11
Constante de tempo RC
Isso pode ser explicado com base no processo de carga, tomando como base um
circuito de referência e suas curvas de tensão e corrente.
fig 12
VF − VC 10 V - 0 V
I= = = 1 mA
R 10 kΩ
Supondo, por exemplo, que o resistor de 10k do circuito fosse substituído por um de
20k Ω , a corrente inicial seria:
10 V - 0V
I= = 0,5 mA
20 kΩ
Sabendo-se que com corrente menor a tensão sobre o capacitor aumenta mais
lentamente, pode-se concluir que, aumentando o valor de R, o capacitor levará mais
tempo para se carregar.
fig 13
Veja a seguir gráficos comparativos entre dois circuitos com a mesma resistência e
capacitores diferentes.
fig 14
Por exemplo, um circuito formado por um resistor de 10k e um capacitor de 100 F têm
uma constante de tempo de:
fig 15
Após algum tempo, todo o capacitor ligado a uma fonte de CC através de uma
resistência elétrica está carregado.
Esse tempo de carga total (tc) está diretamente relacionado com a constante de tempo
RC do circuito. A equação que relaciona tc a RC é:
tc = 5RC
Esta equação nos diz que um capacitor está completamente carregado após
transcorrido um tempo de 5 vezes a constante de tempo.
fig 16
Observação
Na prática, verifica-se que após 5RC a tensão sobre o capacitor é de 99,3% da tensão
da fonte. Nessa condição, o capacitor é considerado carregado.
0 0
1 RC 63%
2 RC 86,5%
3 RC 95%
4 RC 98%
5 RC 100% (assumido)
Observação
Os dois percentuais correspondentes a 1RC e 2RC devem ser memorizados.
Exemplo
Com base no circuito a seguir, determine:
• a constante de tempo;
• o tempo e a tensão no capacitor após a 2a constante de tempo;
• o tempo total de carga.
fig 17
a) constante de tempo:
RC = 0,12 MΩ ⋅ 0,1 µF = 12ms
b) tempo de tensão correspondentes a 2 RC:
RC = 12ms
2 RC = 24ms
percentual de 2 RC = 86,5%
VCC ⋅ % 18 V ⋅ 86,5
VC = = = 15,57 V
100 100
Descarga do capacitor
Em geral, esse processo se faz através de uma carga, que absorve a energia
armazenada no capacitor, transformando-a em outro tipo de energia.
fig 18
fig 19
fig 20
Isso porque:
V 10 V
I= = = 1A
R 10
fig 21
Num segundo momento, algum tempo após a ligação da chave, a tensão no capacitor
já é bem menor que 10V. Se a tensão sobre C for de 4V, por exemplo, a corrente
seria:
4V
I= = 0,4 A
10 Ω
Isso mostra que, com o decorrer da descarga, a corrente vai se tornando menor.
Consequentemente, o capacitor vai se descarregando cada vez mais lentamente.
fig 22
Quanto menor a tensão restante no capacitor, menor a corrente de descarga e mais
lentamente o capacitor se descarrega.
fig 23
Observação
Os valores correspondentes à primeira e segunda constante de tempo devem ser
memorizados.
Exemplo
O capacitor do circuito a seguir está carregado com 12 VCC.
fig 24
Determine:
• a constante de tempo do circuito;
• o tempo de descarga total após fechada a chave;
• a tensão sobre o capacitor após transcorrida uma constante de tempo.
a) constante de tempo:
RC = 0,1MΩ . 100 µF = 10s
VCinicial ⋅ % 12 V ⋅ 37
VC = = = 4,44 V
100 100
Exercícios
Representação vetorial de
grandezas elétricas em CA
Já nos circuitos alimentados por CA, ou onde existem sinais alternados, a análise
tende a se tornar mais trabalhosa devido ao fato dos valores de tensão e corrente
estarem em constante modificação.
Para aprender esses conteúdos com mais facilidade, é necessário ter conhecimentos
anteriores sobre tensão e corrente alternada.
Vetores
Existem grandezas que podem ser expressas simplesmente por um número e uma
unidade. Assim, quando se diz que a temperatura em um determinado momento é
de 20o C, a mensagem que se quer dar é perfeitamente compreensível.
Esse tipo de grandeza é chamado de grandeza escalar das quais o tempo, a
distância, a massa são alguns exemplos.
Todavia, para algumas grandezas, um número e uma unidade não são suficientes.
Se, por exemplo, um general em meio a uma batalha envia a seguinte mensagem ao
comandante da tropa que está na frente de batalha: "Desloque o seu regimento 6km
do ponto atual o mais breve possível", o comandante ficará certamente confuso pois
ela não diz a direção do deslocamento, ou seja, norte, sul, leste, oeste, noroeste...
Vamos supor, por exemplo, que uma pessoa deseje levar uma mesinha com uma
televisão do canto esquerdo de uma sala para o canto direito. Intuitivamente,
qualquer pessoa sabe que terá que puxar ou empurrar a mesinha com uma
determinada força para que isso aconteça. O ponto de aplicação da força ( a
mesinha) é denominado de ponto P.
Vamos supor, por exemplo, que uma pessoa tem que puxar uma caixa pesada. Ao
tentar, essa pessoa conclui que não consegue movimentar a caixa sozinha.
A solução é pedir ajuda, incluindo mais uma força no sistema. Naturalmente, essa
segunda força tem que atuar na mesma direção e no mesmo ponto de aplicação que
a primeira para que o resultado ou a resultante seja o desejado. A resultante, nesse
caso, será a soma das forças atuando na mesma direção e sentido das forças
individuais.
Exemplo
Duas pessoas puxam, na mesma direção e sentido, uma corda presa a uma carga. A
primeira exerce uma força de 45 N (Newton: unidade de medida de força) e a
segunda uma força de 55 N. Qual o módulo, direção e sentido da força resultante?
Diagrama de vetores:
FR = 45 + 55 = 100 N
Exemplo
Determinar a resultante do sistema de forças da figura a seguir.
F1 = 50 N
F2 = 60 N
F3 = 35 N
F4 = 30 N
F5 = 30 N
Diagrama de vetores:
Da mesma forma pode ser feito com F3, F4 e F5 que são substituídas por uma
resultante parcial FR2.
FR = FR1 – FR2
FR = 110 - 95 = 15 N
Nesse caso, a forma mais simples de encontrar a solução é a forma gráfica pela
regra do paralelogramo: coloca-se no papel os dois vetores desenhados em escala
com o ângulo correto entre eles. Então, traça-se pela extremidade de cada um dos
vetores dados uma linha tracejada, paralela ao outro.
o
Um caso particular desta situação, é quando há um ângulo de 90 (reto) entre as
forças. Observe o exemplo a seguir.
Exemplo
Dois rebocadores de 15000 N cada um, tracionam um transatlântico. Sabendo-se que
o ângulo entre os dois cabos dos dois rebocadores é de 90 o, determinar o módulo da
resultante e o ângulo desta com relação ao rebocador 2.
1
R
2
cateto adjasceste F2 15000
Cosθ = = = = 0,707
hipotnusa R 21213
Mesmo os gráficos senoidais, que podem ser usados com este objetivo, tornam-se
complexos quando há várias tensões ou correntes envolvidas com defasagem entre
si.
Nos gráficos vetoriais, o comprimento dos vetores pode ser usado para representar
a tensão ou corrente eficaz correspondente a uma CA senoidal.
Observação
Sempre que se observa um gráfico de grandezas CA defasadas, toma-se uma das
grandezas como referência para depois verificar se as outras estão adiantadas ou
atrasadas em relação à referência.
Por exemplo, o gráfico senoidal abaixo tem a representação vetorial quando CA1 é
tomada como referência.
No gráfico senoidal abaixo a CA2 está atrasada 90o com relação a CA1 de forma que
o gráfico vetorial se apresenta conforme a figura que segue.
CA1
CA2
Exercícios
a)
b)
c)
d)
Circuitos resistivo,
capacitivo e indutivo
Este capítulo faz um estudo mais detalhado da forma como ocorre a carga e a
descarga de um capacitor em CC e CA. Esse conhecimento é imprescindível para
que você possa entender a sua aplicação nos circuitos de temporização e circuitos
reativos.
Para aprender esses conteúdos com mais facilidade, é necessário que você tenha
conhecimentos anteriores relativos a resistência elétrica, fontes de CC, capacitores,
indutores, corrente alternada e representação vetorial de parâmetros elétricos.
Comportamento do capacitor em CC
Entretanto, se um capacitor for conectado a uma fonte de CC, após algum tempo
existirá entre as suas armaduras a mesma diferença de potencial existente nos
pólos da fonte.
Esse processo de carga não é linear, ou seja, a tensão presente sobre o capacitor
não aumenta proporcionalmente com o passar do tempo.
VR 10
I= = = 1A
R 10
Com este valor inicial de corrente, a tensão entre as armaduras do capacitor cresce
rapidamente.
Supondo, por exemplo, que esta ddp seja de 5 V, o circuito estará em uma nova
condição:
O circuito acima mostra que, com o crescimento da tensão sobre o capacitor, a ddp
sobre o resistor diminuiu de 10 V no instante inicial para 5 V após algum tempo.
ICARGA = 0,5 A
Como a corrente de carga do capacitor diminuiu, a ddp sobre o capacitor cresce mais
lentamente.
VR 10 - 7 3
I= = = = 0,3 A
R 10 10
Com VC = 8 V:
VR 10 - 8 2
I= = = = 0,2 A
R 10 10
VR 10 - 10 0
I= = = = 0A
R 10 10
A corrente que iniciou com um valor alto vai diminuindo até chegar a zero, porque
nesse momento o capacitor está com o mesmo potencial da fonte, ou seja, está
carregado.
Observação
As duas curvas apresentadas acima são genéricas, ou seja, valem para quaisquer
valores de resistência, capacitância e tensão de alimentação.
Dependendo dos valores de R e C, a curva pode se tornar mais larga, mais estreita
ou ter maior ou menor amplitude, porém sua forma básica não se altera:
Constante de tempo RC
Isso pode ser explicado com base no processo de carga, tomando como base um
circuito de referência e suas curvas de tensão e corrente.
VF − VC 10 - 0 10
I= = = = 0,001 A ou 1 mA
R 10000 10000
Supondo por exemplo, que o resistor de 10kΩ do circuito fosse substituído por um
resistor de 20 kΩ, a corrente inicial seria:
VF − VC 10 - 0 10
I= = = = 0,0005 A ou 0,5 mA
R 20000 20000
Sabendo-se que, com corrente menor, a tensão sobre o capacitor aumenta mais
lentamente, pode-se concluir que, aumentando o valor de R, o capacitor levará mais
tempo para se carregar.
O mesmo raciocínio pode ser feito em relação à capacitância. Um capacitor “A” com o
dobro da capacitância de um capacitor “B” necessita o dobro de cargas armazenadas
para ficar com a mesma ddp.
Veja a seguir gráficos comparativos entre dois circuitos com a mesma resistência e
capacitores diferentes.
τ=R.C
τ
τ
τ
Esse tempo de carga total (tC) está diretamente relacionado com a constante de
tempo RC do circuito. A equação que relaciona tC a RC é:
tC = 5 . R . C ou tC = 5 . τ
Essa igualdade nos diz que um capacitor está completamente carregado após
transcorrido um tempo de 5 vezes a constante de tempo.
Observação
Na prática, verifica-se que após 5RC a tensão sobre o capacitor é de 99,3% da
tensão da fonte. Nessa condição, o capacitor é considerado carregado.
Observação
Os percentuais apresentados na tabela acima devem ser memorizados.
a) constante de tempo:
τ=R.C τ = 120 000 . 0,0000001 τ = 12 ms
Descarga do capacitor
Quando um capacitor previamente carregado retorna ao estado de equilíbrio elétrico,
diz-se que ele passou pelo processo de descarga.
Em geral, esse processo se faz através de uma carga, que absorve a energia
armazenada no capacitor, transformando-a em outro tipo de energia.
Isso porque:
VR 10
I= = = 1A
R 10
VR 4
I= = = 0,4 A
R 10
Isso mostra que, com o decorrer da descarga, a corrente vai se tornando menor.
Consequentemente, o capacitor vai se descarregando cada vez mais lentamente.
Observação
Os valores apresentados na tabela acima devem ser memorizados.
Exemplo:
O capacitor do circuito a seguir está carregado com 12 VCC.
Determinar:
• a constante de tempo do circuito;
• tempo de descarga total após fechada a chave;
• a tensão sobre o capacitor após transcorrida uma constante de tempo.
Comportamento do capacitor em CA
A cada semiciclo, a armadura que recebe potencial positivo entrega elétrons à fonte,
enquanto a armadura que está ligada ao potencial negativo recebe elétrons.
Normalmente, o ponto tomado como referência é o pico positivo (ou negativo) de uma
das tensões. Então, verifica-se a outra tensão no circuito nesse mesmo momento.
Veja gráfico a seguir.
Na primeira situação a CA1 está no pico positivo e a CA2 também está no pico
positivo.
Nas outras duas situações, as tensões CA1 e CA2 atingem os valores máximos (picos
positivos e negativos) em instantes diferentes.
Quando isso ocorre diz-se que as tensões CA1 e CA2 estão defasadas.
No gráfico a seguir, a CA1 está no pico positivo, mas a CA2 ainda não chegou ao pico
positivo.
A tensão CA2 atingirá o pico positivo depois da CA1. Neste caso diz-se que CA2 está
atrasada em relação a CA1 ou, então, que CA1 está adiantada em relação a CA2.
Neste caso, diz-se que CA2 está adiantada em relação à tensão CA1 ou, então, que
CA1 está atrasada em relação à tensão CA2.
o
Um ciclo completo de uma CA corresponde a 360 .
o o
Um semiciclo de uma CA tem 180 ; meio semiciclo tem 90 e um quarto de ciclo tem
45o.
Com base nesta divisão do eixo horizontal, pode-se determinar de quantos graus é a
defasagem entre uma CA e outra.
Neste caso, diz-se que apenas CA1 está em oposição de fase com CA2 ou que CA1
e CA2 estão em anti-fase.
Quando a tensão no resistor tem valor zero, a corrente também tem valor zero.
Quando a tensão no resistor atinge o máximo positivo (+ VP), a corrente também
atinge o máximo positivo (+ IP) e assim por diante.
Isso pode ser observado claramente sobrepondo nos mesmos eixos os gráficos de
tensão e corrente no resistor.
Quando isso acontece, diz-se que a tensão e corrente estão em fase ou que a
defasagem entre tensão e corrente é 0o.
Como exemplos de cargas resistivas, onde tensão e corrente estão em fase, podem
ser citados: resistores, lâmpadas, resistências de ferro de passar, de ferro de soldar,
de aquecedor etc.
A corrente continua diminuindo até atingir o valor zero, no momento em que a tensão
no capacitor se iguala à tensão da fonte.
Observa-se pelo gráfico senoidal que a corrente do capacitor atinge o valor máximo
(90o) antes que a tensão no capacitor atinja o valor máximo.
Observação
Na prática não se consegue um circuito puramente indutivo devido à resistência dos
fios de ligação, dos fios que constituem o indutor e da resistência interna da fonte, o
que ocasiona uma diminuição no ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente
do indutor.
Exercícios
c) Por que quando um capacitor é alimentado com tensão alternada, sempre flui uma
corrente elétrica nesse componente?
Circuitos reativos
de CA em série
A impedância de um circuito não pode ser calculada da mesma forma que uma
resistência total de um circuito composto apenas por resistores.
Circuito RC série em CA
Como a corrente tem a forma senoidal, a queda de tensão sobre o resistor também é
senoidal e está em fase com a corrente.
o
Por isso, a senóide que representa a tensão no capacitor aparecerá deslocada 90 ao
se fazer a sobreposição dos gráficos do circuito.
Para montar o gráfico vetorial do circuito RC série, toma-se como ponto de partida o
vetor de corrente porque seu valor é único no circuito. Normalmente, o vetor I é
colocado sobre o eixo horizontal do sistema de referência.
Partindo do princípio de que a tensão sobre um resistor está sempre em fase com a
corrente, pode-se representar o vetor VR sobre o vetor I.
Como a tensão no capacitor está atrasada 90o com relação à sua corrente, seu vetor
forma um ângulo de 90o com o vetor da corrente.
VC V
= XC e R = R
I I
Essa equação pode ser desenvolvida para isolar XC ou R:
2
XC = Z2 - R
R=
2
Z 2 - XC
Exemplo
Determinar a impedância Z do circuito a seguir.
R = 4700 Ω
C = 1 µF
f = 60 Hz
1 1
XC = = = 2654Ω
2.π . f .C 6,28.60.0,000001
Z = 5397 Ω
Exemplo
Determinar a corrente no circuito a seguir.
R = 1000 Ω
C = 2 µF
f = 60 Hz
VCA = 50 V
1 1
XC = = = 1326Ω
2.π.f .C 6,28.60.0,000002
VT 50
I= = = 0,03A ou 30 mA
Z 1661
Como no caso da impedância, a tensão total é determinada pela resultante dos dois
vetores, ou seja, VT2 = VR2 + VC2.
Exemplo
Determinar a tensão aplicada ao circuito a seguir.
VR = 90 V
VC = 60 V
VT = VR + VC = 90 2 + 60 2 = 8100 + 3600
2 2
VT = 108 V
Observação
Não se pode simplesmente somar as quedas de tensão VC e VR para obter VT porque
as tensões são defasadas, resultando em uma soma vetorial. Devemos efetuar a
soma quadrática das quedas de tensões nos componentes para obter o quadrado
da tensão aplicada ao circuito.
Circuito RL série em CA
Como em todo circuito série, a corrente também é única, nesse caso (IR = IL = I). Por
isso, a corrente é tomada como referência para o estudo do circuito RL série.
Esta mesma corrente, ao circular no indutor, dá origem a uma queda de tensão sobre
o componente. Devido à auto-indução, a queda de tensão no indutor (VL = I . XL) está
adiantada 90o em relação à corrente do circuito.
Veja a seguir os gráficos senoidal e vetorial completos para esse tipo de circuito.
A equação para calcular esta impedância pode ser encontrada a partir da análise do
gráfico vetorial do circuito.
Isolando Z, temos:
Z = R 2 + XL .
2
Exemplo
No circuito a seguir, um indutor de 200 mH em série com um resistor de 1800 Ω é
conectado a uma fonte CA de 1200 Hz. Qual é a impedância do circuito?
Z = R 2 + XL = 1800 2 + 1507 2 =
2
5511049
Z = 2347 Ω
Exemplo
Que corrente circulará no circuito a seguir, se a fonte fornece 60V?
VT 60
I= = = 0,0256 A ou 25,6 mA
Z 2347,7
o
No gráfico vetorial do circuito RL série, a tensão no indutor VL está defasada 90 da
tensão no resistor VR devido ao fenômeno da auto-indução.
Observação
A tensão total não pode ser encontrada através da soma simples (VR + VL) porque
essas tensões estão defasadas, deve-se efetuar a soma quadrática.
VR = VT − VL e VL = VT - VR
2 2 2 2
VL L e V =I.R
Exemplo
VT 150
I= = = 0,171A ou 171 mA
Z 879
VR
V = 150,36 V
No circuito RLC série existe uma única corrente I e três tensões envolvidas, VR, VL e
VC, conforme mostram os gráficos senoidal e vetorial a seguir.
Com base nessa subtração entre VL e VC o sistema de três vetores (VR, VL e VC) pode
ser reduzido para dois vetores:
a) RLC, no qual o efeito capacitivo é maior que o indutivo
A partir do sistema de dois vetores a 90o, a tensão total VT pode ser determinada pelo
teorema de Pitágoras.
VT = VR + ( VL − VC ) 2
2
Observação
Nesta equação, os termos VL e VC devem ser colocados sempre na ordem maior
menos menor (VL - VC ou VC - VL), de acordo com a situação. Isso é importante no
momento em que for necessário isolar um dos termos (VL ou VC) na equação.
Exemplo
Determinar a tensão total aplicada ao circuito a seguir.
VT = 50 2 + (70 − 30 ) 2 = 50 2 + 40 2 = 4100
VT = 64 V
VL V V
= X L ; R = R; C = X C
I I I
Pelo novo gráfico vetorial observa-se que XL e XC estão em oposição de fase (vetores
na mesma direção e sentidos opostos). Com base nessa observação, o sistema de
três vetores (XL, R e XC) pode ser reduzido para dois vetores:
A partir do sistema de dois vetores a 90o, a resultante pode ser determinada pelo
teorema de Pitágoras.
Z = R 2 + (X L - X C ) 2
VT
I=
Z
Exemplo
No circuito a seguir, determinar Z, I, VR, VL e VT.
XL = 2 . f . L = 6,28 . 60 . 2 = 754 Ω
1 1
XC = = = 1327Ω
2.π.f.C 2.3,14.60.0,000002
Z = 1153 Ω
VT 120
I= = = 0,104A
Z 1153
I = 0,104 A ou 104 mA
VL = I . XL = 0,104 . 754 = 78 V
VT = 120,07 V
Exercícios
b) Quais fatores são responsáveis pelo valor da corrente em um circuito RLC série?
Circuitos reativos
de CA em paralelo
Circuito RC paralelo em CA
o
Considerando que a corrente no capacitor está sempre adiantada 90 em relação à
tensão, pode-se desenhar o gráfico senoidal completo do circuito RC paralelo.
V
IR =
R
V
IC =
XC
2 2 2
IT = IR + IC
Portanto:
I T = IR + I C
2 2
Exemplo
Determinar os valores de IR, IC e IT do circuito a seguir.
V 100
IR = = = 122mA
R 820
1 1
XC = = = 1327Ω
2.π.f.C 6,28.60.0,000005
V 100
IC = = = 75,4mA
X C 1327
IT = 0,1434 A ou IT = 143,4 mA
VT
Z=
IT
Exemplo
No circuito a seguir, determinar IR, IC, IT e Z.
VT = VR = VC = 90 V
VR 90
IR = = = 16,1mA
R 5600
1 1
XC = = = 9952Ω
2.π.f .C 0,00010048
VC 90
IC = = = 9,04mA
X C 9952
IT = 18,5 mA
VT 90
Z= = = 4865Ω
IT 0,0185
IR
cos ϕ =
IT
logo:
IR I
ϕ = arc cos uo ϕ = cos -1 R
IT IT
Observação
O valor numérico do ângulo é encontrado consultando uma tabela de cossenos ou
usando uma calculadora científica.
Quando o ângulo ϕ é menor que 45o, isso significa que IR é maior que IC e diz-se que
o circuito é predominantemente resistivo.
Quando o ângulo ϕ é maior que 45o, isso significa que IC é maior que IR e o circuito
é predominantemente capacitivo.
Exemplo
No circuito a seguir, determinar o ângulo entre IR e IT (ϕ) e entre IC e IT (α).
IT = 0,627 A
IR 0,35
ϕ = arc cos = arc cos = arc cos 0,5582 = 56 0
IT 0,627
Consultando uma tabela, descobre-se que o arco cujo cosseno é 0,5582 é 56o,
portanto ϕ = 56o.
α= 90 - ϕ = 90 - 56 = 34
o o o o
Circuito RL paralelo em CA
A tensão aplicada provoca a circulação de uma corrente no resistor (IR) que está em
fase com a tensão aplicada.
A corrente eficaz no resistor (IR) e no indutor (IL) é dada pela lei de Ohm:
IR = V/R e IL = V/XL
Onde: VT = VL = VR
A corrente total é obtida por soma vetorial, uma vez que as correntes IR e IL estão
defasadas entre si.
IR = I T − IL
2 2
IL = I T − IR
2 2
VT V
IT = , logo Z = T
Z IT
R.X L
Z=
R 2 + XL
2
Exemplo
Determinar o valor de IT, R, L e Z no circuito abaixo.
VR 60
R= = = 120Ω
IR 0,5
VL 60
XL = = = 75Ω
IL 0,8
XL 75
L= = = 199mH
2.π.f 6,28.60
VT 60
Z= = = 64Ω
IT 0,94
As três correntes que circulam em um circuito RL paralelo estão defasadas entre si.
Essas defasagens podem ser determinadas se as três correntes puderem ser
medidas. Vamos partir do gráfico vetorial.
O ângulo fi (ϕ) entre IR e IT pode ser determinado a partir da relação que determina o
cosseno:
IR I
ϕ = arc cos uo ϕ = cos -1 R
IT IT
Conhecido o ângulo ϕ entre IR e IT, o ângulo α (alfa) entre IL e IT pode ser facilmente
determinado:
α + ϕ = 90o
α = 90o - ϕ
Quando a corrente IR é maior que IL, o ângulo ϕ é menor que 45o e o circuito é
predominantemente resistivo.
Quando, por outro lado, a corrente IL é maior que a corrente IR, o ângulo ϕ é maior
que 45o, o circuito é predominantemente indutivo.
Exemplo
Determinar no circuito a seguir, o ângulo ϕ entre IR e IT e o ângulo α entre IL e IT.
IT = 0,626 A ou 626 mA
Para a construção dos gráficos senoidal e vetorial do circuito RLC paralelo, a tensão
é tomada como ponto de partida.
Observe que:
• A corrente no resistor está em fase com a tensão aplicada ao circuito;
• A corrente do indutor está atrasada 90o em relação à tensão aplicada;
• A corrente do capacitor está adiantada 90o em relação à tensão aplicada.
IR = VR/R
IL = VL/XL
IC = VC/XC
Essas três correntes dão origem a uma corrente total, fornecida pela fonte. Essa
corrente é determinada por soma vetorial, uma vez que as três correntes estão
defasadas entre si.
Uma vez que o sistema de três vetores foi reduzido a dois vetores defasados em 90o,
a resultante pode ser determinada pelo teorema de Pitágoras.
VT
Z=
IT
1
Z=
X − XC
2 2
1
2
+ L
R X L .X C
Exemplo
Determinar IT e Z no circuito a seguir.
IT = 11,7 mA
VT 12
Z= = = 1026Ω
IT 0,0117
Exercícios
Circuitos ressonantes
Neste capítulo serão estudados circuitos RLC em série e em paralelo alimentados por
determinada freqüência de rede que causa um fenômeno chamado ressonância.
Freqüência de ressonância
XL = XC
1
2.π . f r . L =
2.π.fr .C
(2.π.f.r.L) . (2. π.f.r.C) = 1
4. π2.f..r2.L.C = 1
Isolando fr:
1
fr =
2
2. π. f r . L = 1
2 πf C
4.π .L.C
2
1
fr = 2
4 π LC
1
=
2
fr
4.π .L.C
2
1
fr =
2.π L.C
A equação pode ser desenvolvida para que o valor de capacitância possa ser aplicado
em microfarad.
1000
fr =
2.π L.C
Onde:
fr é a freqüência de ressonância em Hertz;
L é a indutância em Henry;
C é a capacitância em microfarad.
Exemplo 1
Dado o circuito abaixo, calcular sua freqüência de ressonância.
1 µF em 225,22 Hz ⇒ XC = 707,1 Ω
0,5 H em 225,22 Hz ⇒ XL = 707 Ω
Observação
Se houver uma pequena diferença no resultado, se deve aos arredondamentos
realizados nos cálculos.
Exemplo 2
Dado o circuito abaixo, calcular o valor da sua freqüência de ressonância.
C = 0,047 µF
L = 0,01 H
Circuitos ressonantes
Z = R 2 + (X L - X C ) 2
Z = R 2 + (X L - X C ) 2
Z = R2 + 02
Z = R2
Z=R
VT
IT =
Z
IT MÁX
VT 10
IMÁX = =
R 220
I = 45,45 mA
AB = V = I . XL
L = 2. . f . L XL L = 461
VL L = 20,95 V V = 20,95 V
V = VC BC =I.X ⇒ C = XL = 461
VC L = 20,95 V V = 20,95 V
Portanto, a tensão fornecida pela fonte está toda aplicada sobre o resistor.
R = I . R = 0,4545 . 220 = 10 V
240
Análise de circuitos elétricos
XL
Q=
R in
Nesse circuito, a tensão de saída (VR) atinge o seu valor máximo na freqüência de
ressonância, decrescendo à medida que a freqüência aplicada à entrada se afasta da
freqüência de ressonância.
Observação
Este princípio é aproveitado em filtros para caixas de som.
A corrente gerada pelo indutor é absorvida pelo capacitor que inicia um processo de
recarga.
I T = IR + (IL - IC ) 2
2
I T = IR + (IL - IC ) 2
2
Como IL = IC:
I T = IR + 0 2 = IR
2 2
IT = IR
VT VT
Z= , portanto, na ressonância Z= = Z MÁX
IT I TMIN
Exemplo
Dado o circuito abaixo, determinar a freqüência de ressonância e os valores de IT e Z
na ressonância.
fr ≅ 269 Hz
Z = 6,8 kΩ
VT 12
IT = =
Z 6800
IT = 1,76 mA
Quanto maior for a impedância (Z) do circuito RLC em paralelo, tanto maior será a
tensão de saída. Como a impedância do circuito RLC em paralelo é máxima na
freqüência de ressonância, podemos concluir que na saída, ocorrerá a tensão
máxima para a freqüência de ressonância.
Observação
Na realidade, a separação de estações em um receptor de rádio emprega um circuito
LC em paralelo sem o resistor, mas o princípio de funcionamento é exatamente como
o descrito.
Vamos supor que sejam aplicadas três freqüências diferentes à entrada de um circuito
RLC em série e uma destas seja a freqüência de ressonância. Nesse caso, o circuito
é um divisor de tensão em que a saída é tomada sobre capacitor-indutor.
Por sua vez, a tensão de saída do divisor é dada por Vsaída = VC - VL, visto que as
tensões no capacitor e indutor são opostas em fase.
Na freqüência de ressonância VC = VL, isso faz com que tensão de saída seja nula
nesta freqüência.
Para todas as outras freqüências VC é diferente de VL, de forma que o divisor fornece
uma tensão de saída VC - VL ≠ 0.
Exercícios
39
fr
360 mH