Títulos de Crédito À Ordem
Títulos de Crédito À Ordem
Títulos de Crédito À Ordem
COMUNICAÇÕES
Direito Comercial
Trabalho de Investigação
Tema: Títulos de Crédito: à ordem
Turma: A21
Discente: Raquel José Chavana
Metodologia de pesquisa
A elaboração do presente trabalho foi com base em pesquisas na internet e pesquisas
bibliográficas, onde foi usado o Código Comercial em vigor em Moçambique, aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 2/2005.
Titulos de Crédito
O título de crédito é um documento que contém um direito de crédito e representa a obrigação
desta dívida com as informações nele inscrita; são documentos que expressam a existência de uma
dívida a ser paga e um valor a ser recebido.
A definição para título de crédito elaborada pelo jurista italiano Cesare Vivante, é: "Documento
necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado.". Este conceito agrega
os principais princípios básicos da categoria do documento que são a cartularidade, literalidade e
autonomia.
A natureza jurídica do título de crédito é expressar um direito em valor corrente em moeda, em
dinheiro, em crédito e, por conta disso, os títulos de crédito são líquidos, certos e exigíveis, isso é,
sempre possuem um valor em dinheiro, o credor possui a certeza de que haverá o pagamento e
além disso, poderá exigir o pagamento que deverá ser feito pelo devedor através do processo de
execução.
O regime jurídico dos títulos de crédito assenta numa presunção de boa fé dos sucessivos
detentores do título, através da qual se cimenta e robustece a formação e manutenção da confiança
que constitui a base da aceitação destes documentos.
Principio da Literalidade
O princípio da literalidade determina que o conteúdo do título de crédito deve estar expresso nele.
O direito alegado e exigido para o cumprimento do título deverá estar expressamente previsto no
papel representativo da obrigação, assim, o título vale pelo o que está escrito.
Principio da Cartularidade
O princípio da cartularidade determina que sem a cártula, ou seja, sem o título, inexiste o direito
destacado no papel representativo, presume-se que o credor de boa-fé é aquele que está na posse
do título, assim, a existência do título de crédito que deverá ser escrito com todas as informações
disciplinadas pela legislação e o que determina o direito.
Principio da Autonomia
O princípioda autonomia determina que em cada relação jurídica existente no título de crédito será
nova, ou seja, autônoma e independente das demais e, por conta disso, é possível a circulação do
título de crédito em razão da inoponibilidade de exceção a terceiros e da abstração, isso é, o título
não está preso à causa que lhe deu origem e nem à pessoa que assinou o título.
Titulos à Ordem
Segundo o disposto no número 2 do artigo 635 do Código Comercial, são títulos à ordem aqueles
em que a pessoa do credor é indicada no título e contêm a cláusula à ordem ou que como tais são
declarados por lei.
Tem-se um título à ordem, sempre que a cártula traz a indicação do beneficiário do crédito ali
inscrito (ou dos beneficiários – solidariamente ou não solidariamente), permitindo-se que o
pagamento se faça a outrem, à ordem do beneficiário nomeado no documento.
Designação do credor
A pessoa do credor deve ser designada pelo seu nome ou pela referência a um cargo, se ficar
suficientemente identificada.
No caso de designação do beneficiário pela referência a um cargo, a assinatura dele, como
endossante, deve ser acompanhada da indicação da sua qualidade.
Formas de transmissão
A transmissão dos títulos à ordem faz-se por meio de endosso e depende de entrega do título ao
endossado; a entrega efectua-se nos termos previstos para os títulos ao portador.
Os títulos à ordem podem também ser transmitidos por cessão ordinária, caso em que se
produzem os efeitos próprios da mesma cessão.
A transferência do crédito, no caso de cessão, supõe a entrega do título, nos termos referidos no
primeiro parágrafo.
Forma do endosso
O endosso deve ser escrito no título ou numa folha a ele ligada (anexo), na qual o mesmo título
esteja transcrito na íntegra ou por outro meio suficientemente individualizado, e deve ser
assinado pelo endossante.
É válido o endosso mesmo que não designe o endossado ou consista apenas na assinatura do
endossante, mas, neste último caso, deve ser escrito no verso do título ou em qualquer das faces
da folha anexa.
O endosso ao portador vale como endosso em branco.
O endosso a uma determinada pessoa, mas que contenha a menção “ou ao portador” ou outra
equivalente, é considerado como endosso ao portador; e o endosso só pode então ser
transformado pelo portador em endosso nominal, mediante radiação da cláusula “ao portador”
ou equivalente, quando esse portador for a pessoa indicada ao lado da dita cláusula.
Efeitos do endosso
O endosso transmite todos os direitos emergentes do título, incluindo, se outra coisa se não
determinar, as garantias, pessoais ou reais, que não constem do mesmo título.
A fiança, mesmo tratando-se de títulos à ordem para que a lei admita o aval, rege-se pelas
respectivas disposições.
Responsabilidade do endossante
O endossante, se da lei ou de uma cláusula constante do título não resultar o contrário, não
responde no caso de não cumprimento da obrigação do emitente do mesmo título.
Legitimação do portador
O portador de um título à ordem tem legitimidade para o exercício do direito nele indicado se,
não sendo o próprio tomador do título, justificar o seu direito por uma série ininterrupta de
endossos, mesmo que o último seja em branco.
Os endossos riscados consideram-se, para este efeito, como não escritos.
Quando um endosso em branco é seguido de outro endosso, presume-se que o signatário desde
adquiriu o título pelo endosso em branco.
Só aquele que tiver materialmente o direito pode riscar os endossos que seja necessário riscar
para obter a sua legitimação formal, nos termos deste artigo, na medida em que não prejudique,
com isso, os direitos de terceiro, e salvas as disposições legais em contrário.
A série dos endossos deve resultar do próprio título, combinados embora os dizeres deste com
os usos gerais do tráfico.
A cadeia de legitimação não é interrompida por nomes fictícios ou por subscrições falsificadas.
O adquirente de um título à ordem por meio diferente de endosso pode, mediante sentença a
declarar a sua titularidade, obter a legitimação resultante do mesmo endosso.
Cessão
O cessionário de um título à ordem não pode aproveitar-se da protecção concedida ao endossado
de boa fé quanto à aquisição pela boa fé e à inoponibilidade das excepções válidas contra os
portadores anteriores.
O cessionário pode endossar o título; o endossado pode valer-se da protecção, a que se refere o
número anterior, desde que o cessionário tenha adquirido o direito que transmite e se verifiquem
os restantes pressupostos legais; o devedor libera-se, pagando ao endossado nos termos do artigo
647 do Código Comercial, caso o cessionário tenha adquirido o direito que transmitiu e se
verifiquem os restantes pressupostos legais.
Se, no caso previsto no número anterior, um dos endossos é materialmente nulo, em especial, se é
falsificado, a legitimação dos portadores posteriores do título não é afectada por tal facto; essa
legitimação depende dos artigos 645 a 647 do Código Comercial, consoante o efeito de que se
trate.
Cessão ao endossado
Se o crédito emergente de um título à ordem ou derivado da relação jurídica fundamental for
cedido àquele a quem o título é ou foi endossado, pode o endossado valer-se da mais forte
protecção, que o endosso lhe assegura, no que respeita à inoponibilidade das excepções, a não ser
que seja de concluir ter-se querido excluir essa protecção.
Cessão parcial
A cessão parcial do crédito emergente de um título à ordem é nula, sendo aplicável o disposto no
no. 2 do artigo 678 do Código Comercial.
Penhor
Quando o endosso contém a menção “valor em garantia”, “valor em penhor” ou qualquer outra
que implique constituição de penhor, o endossado pode exercer todos os direitos emergentes do
título, mas um endosso feito por ele vale só como endosso por procuração.
A indicação do penhor deve estar reconhecivelmente conexa com o endosso e subscrita pelo
endossante; o direito de penhor supõe a entrega do título e um acordo acerca do penhor.
O emitente não pode opor ao endossado as excepções fundadas sobre as suas relações pessoais
com o endossante, salvo se o endossado, ao receber o título, procedeu conscientemente em
prejuízo do emitente.
O endossante responde pelo pagamento do título, na medida da dívida pignoratícia, se o título
for daqueles em que exista a responsabilidade do endossante.
A relação interna entre endossante e endossado regula-se pelas normas gerais do penhor de
créditos.
Títulos em branco
Pode alguém subscrever um título à ordem deixando em branco algum ou alguns dos seus
elementos essenciais.
Se o título for depois preenchido contrariamente ao acordo de preenchimento, não pode a
inobservância deste ser oposta ao portador, salvo se este tiver adquirido o título de má fé ou
comculpa grave.
Do mesmo modo, também ao portador, que adquiriu e preencheu de boa fé e sem culpa grave
um título ainda em branco, não pode o subscritor opor a inobservância do acordo de
preenchimento.
Responsabilidade do devedor
Se o título for abusivamente preenchido, perante o primeiro adquirente, o subscritor responde
cartularmente nos limites do acordo de preenchimento, desde que se trate de reduzir o que no
título se escreveu ao preenchê-lo, e não de substituir o que dele consta por coisa diversa; caso se
tenha indicado um vencimento posterior ao convencionado, pode o subscritor cumprir na data
indicada, se a indicação representar uma facilidade a ele concedida.
O devedor responde para com qualquer adquirente posterior do título abusivamente preenchido,
mesmo que de má fé, pelo menos como para com o primeiro adquirente, salvo se tiver alguma
excepção pessoal contra esse adquirente, nos termos gerais.
Nulidade
Se falta ao título um elemento essencial, cuja falta a lei não supre, e o subscritor não quis
conferir ao tomador o direito de preenchimento, o título é nulo.
Se o tomador o preencher, o preenchimento é tratado como falsificação; mas, em relação a
terceiros de boa fé, vale o título assim preenchido, nos termos do no. 2 do artigo 687.
Preenchimento parcial
O título pode se preenchido em parte e transmite-se, quanto ao resto, o direito de preenchimento.
Obrigatoriedade do preenchimento
O portador de um título em branco, se lhe faltar um requisito essencial, que não seja suprível
pela lei, tem de o preencher antes de fazer valer o crédito.
O título pode ser preenchido mesmo que, na data do preenchimento, o subscritor tenha falecido ou
perdido a capacidade ou caído em falência ou insolvência, ou que o representante, que o
subscreveu, não tenha já o poder de representação.
Proibição de pagamento
Nos casos de total ou parcial destruição, extravio ou subtracção de um título à ordem, pode o
portador requerer ao tribunal que proíba ao devedor o pagamento e o autorize a consignar em
depósito o montante do título, quando se vencer, indicando o lugar do depósito.
À proibição de pagamento é extensivo, na parte aplicável, o que se dispõe acerca de idêntica
proibição na hipótese de títulos ao portador.
Apesar de o portador do título avisar o devedor do facto da destruição, extravio ou subtracção
do título, o pagamento feito depois pelo devedor ao detentor do título libera o mesmo devedor,
quando não tenha havido da sua parte dolo ou culpa grave.
Anulação
Nas hipóteses previstas no no. 1 do artigo 693 do Código Comercial, pode o titular ser anulado.
A acção de anulação pode ser exercida mesmo que seja conhecido o detentor do título,
prescindindo-se então das fases e formalidades do processo que não tenham razão de ser.
A acção de anulação cabe a quem tiver a legitimação para exercício do direito contido no
título,seja ou não titular desse direito.
O depositário, o mandatário e semelhantes podem intentar a acção de anulação, provando o seu
interesse nesta e a legitimação da pessoa por conta de quem se intenta a acção.
Deterioração
No caso de deterioração, é aplicável o disposto, para esse caso, em relação aos títulos ao portador.
Conclusão
De forma conclusiva foi possivel perceber que os Títulos de Crédito são documentos especiais
que tem grande importância na atividade empresarial. São o grande responsável por fazer o capital
circular no mercado de forma rápida e segura. Os títulos de crédito possuem negociabilidade, o
que quer dizer que possuem facilidade de circulação do crédito, que decorre da obrigação que
representa (pode dar em garantia, pagar credores endossando-o).
Referências Bibliográficas
Decreto-lei nº 2/2005, (Aprova o Código Comercial).
Sites
https://ccdias.jusbrasil.com.br/artigos/180437134/resumo-titulos-de-credito
https://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/296/Titulos-de-credito
https://direito.legal/direito-privado/direito-empresarial/resumo-de-titulos-de-credito/