Metodos e Tecnicas de Pesquisa
Metodos e Tecnicas de Pesquisa
Metodos e Tecnicas de Pesquisa
Edna Cicmanec
Doutora e mestre em Administração pela Universidade Positivo (UP). Bacharel em
Administração pelo Centro Universitário Autônomo do Brasil (Unibrasil). Atua como coordena-
dora do curso de Administração em uma instituição de ensino superior e é docente das disciplinas
de Administração, Marketing, Metodologia de Pesquisa e Empreendedorismo. Autora de conteúdos
para educação a distância, membro do Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas Sociais (Ibepes) e
pesquisadora na área de estudos organizacionais e administração, com foco nas relações de trabalho.
Sumário
Apresentação 7
5 Abordagens de pesquisa 47
5.1 Base epistemológica da pesquisa 47
5.2 Pesquisas qualitativas, quantitativas ou mistas 50
6 Procedimentos de pesquisa 55
6.1 Procedimentos e estratégias de pesquisa 55
6.2 Pesquisa bibliográfica 56
6.3 Pesquisa documental 56
6.4 Estudo de experimentos 57
6.5 Survey 57
6.6 Estudo de caso 58
6.7 Pesquisa-ação 59
Gabarito 95
Apresentação
Elaboramos esta obra com base nas experiências de três autoras que assumem diversos
papéis como estudantes, pesquisadoras praticantes e docentes. Tais experiências advêm tanto das
dificuldades que encontramos no percurso acadêmico para entender como se faz uma pesquisa
quanto das descobertas que fizemos, na prática, sobre o que é aplicável ou não no campo da pes-
quisa. Além disso, esses saberes somam-se à habilidade de saber comunicar, desenvolvida por
nós ao longo de nossa carreira docente. Buscamos, neste livro, expressar-nos em uma linguagem
simples, mas sem sacrificar os aspectos técnicos do estudo.
A obra é direcionada a estudantes novatos na área de pesquisa e que podem até mesmo
enfrentar barreiras na elaboração de trabalhos científicos. Assumimos, ao longo do texto, que não
há necessidade de nenhum conhecimento prévio do leitor, o que torna esta obra mais didática e
acessível. Para tanto, acrescentamos diversos exemplos, metáforas e dicas de leitura e de filmes que
objetivam esclarecer um pouco mais esse mundo que, em princípio, parece ser pouco palpável.
Esperamos que você encontre neste livro as respostas de que precisa para a elaboração de um
trabalho científico relevante. Desejamos que esse processo seja um caminho de sucesso e realização
acadêmica e profissional.
Bons estudos!
1
O estudo científico e o papel do pesquisador
objetivo, racional, sistemático, geral, verificável e falível (MARCONI; LAKATOS, 2017; GIL,
2008). O Quadro 1 resume essas características.
Quadro 1 – Características do conhecimento científico
Sempre possibilita demonstrar a veracidade das informações e, caso estas não pos-
Verificável
sam ser comprovadas, não pertencem ao âmbito da ciência.
como provavelmente hão de querer ver e ver de novo, talvez em condições diferentes para ver se
há padrões ou contradições. Os pesquisadores procuram tirar conclusões com base em evidências
empíricas, em vez de em seu juízo subjetivo. O ceticismo dos cientistas os leva a serem mais caute-
losos do que muitos indivíduos sem formação científica. Muitas pessoas têm facilidade para aceitar
explicações baseadas em evidências insuficientes ou inadequadas (SHAUGHNESSY et al., 2012).
Shaughnessy et al. (2012) ainda sugerem duas habilidades que devem ser desenvolvidas pelo
pesquisador:
1. Procurar acessar frequentemente publicações científicas, familiarizar-se à linguagem uti-
lizada para melhor embasar suas proposições.
2. Aprender a fazer pesquisa, conhecer seus métodos e técnicas empregados, para que possa
efetivamente contribuir para a ciência.
Ao acessar estudos científicos, pesquisadores, professores, estudantes e leigos esperam de-
parar-se com uma linguagem própria da academia, que em grande parte evita a redação em pri-
meira pessoa (atribuindo impessoalidade ao texto), a supersimplificação da comunicação e o uso
de gírias.
Um texto acadêmico construído com métodos confiáveis e linguagem adequada oferece
maior confiança ao leitor. Observe o exemplo a seguir:
Linguagem cotidiana – muita gente está tentando achar uma solução para o lixo das fir-
mas e das casas, tipo os restos de comida, as embalagens e tudo mais que hoje em dia polui muito
o mundo.
Linguagem acadêmica – pesquisadores de diferentes áreas têm se dedicado a desenvol-
ver soluções aplicadas à redução e à reutilização de resíduos industriais e residenciais, tais como
orgânicos, plásticos e papéis. Esses materiais, inclusive por seu volume de produção e consumo,
constituem-se na atualidade como grandes poluidores do meio ambiente.
Lembre-se sempre: a ciência é uma busca pela verdade. Procure sempre o mais elevado dos
padrões. Legitime sua pesquisa. Contribua para a comunidade científica de forma sólida.
comunidade científica. Alguns casos emblemáticos trazidos pelos autores e amplamente divulga-
dos pela grande mídia estão exemplificados nas Figuras 1 e 2 a seguir:
Figura 1 – Caso de plágio divulgado pela mídia em 2011
Fonte: G1 (2011).
A reportagem ainda complementa: “Ele é acusado de ter copiado passagens inteiras de ou-
tras teses sem citar seus autores. Isto valeu a ele pelo menos duas queixas na justiça e o apelido de
‘Barão copia-cola’ e ‘Barão von Googleberg’”.
Pouco mais de um ano depois, outro caso:
Figura 2 – Caso de plágio divulgado pela mídia em 2012
Fonte: G1 (2012).
Portanto, verifica-se que o plágio é uma prática entendida como vergonhosa pela sociedade.
No Brasil não deveria ser diferente, mas ele ainda não é assumido de forma satisfatória como um
problema sério. Nesse sentido, o trabalho do professor Marcelo Krokoscz, da USP, publicado em
2015 merece destaque especial. Segundo Krokoscz (2015), o plágio caracteriza uma fraude autoral.
Mas, antes de ser uma questão jurídica, o plágio se trata de uma questão ética, conforme salientam
Pithan e Vidal (2013).
A Capes – órgão vinculado ao Ministério da Educação – emitiu, em 2011, um documento no
qual fez uma recomendação para que as instituições de ensino superior orientem os alunos sobre
o assunto, nos seguintes termos:
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)
recomenda, com base em orientações do Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), que as instituições de ensino públicas e privadas
brasileiras adotem políticas de conscientização e informação sobre a proprieda-
de intelectual, adotando procedimentos específicos que visem coibir a prática
do plágio quando da redação de teses, monografias, artigos e outros textos por
parte de alunos e outros membros de suas comunidades. (CAPES, 2011)
Além de seguir as diretrizes jurídico-acadêmicas, o que mais devemos fazer para evitar
o plágio?
O estudo científico e o papel do pesquisador 13
Mais detalhes sobre como fazer citações serão apresentados no Capítulo 4, no item referente mas mantendo a ideia
central da informação.
às fontes de referência.
leva a um maior poder de influência sobre o ambiente. Portanto, primeiro argumento quanto à
importância da pesquisa: prover legitimidade à sua opinião ou ideia.
Outra importante razão para se pesquisar é acrescentar conhecimento, elevar a expertise
em uma comunidade e/ou então aplicar as teorias já previamente estudadas de forma inovado-
ra. Essa proposta foi feita por Stokes (2005) e é representada por meio de um gráfico com dois
eixos: um relacionado ao avanço do conhecimento, e o outro, ao grau de aplicação. A Figura 3
apresenta essa classificação.
Figura 3 – Quadrante de Pasteur
Não Sim
Pesquisa básica
Pesquisa básica
Sim inspirada pelo uso
pura (Bohr)
(Pasteur)
Busca de entendimento
fundamental?
Pesquisa aplicada
Não
pura (Edison)
Considerações de uso?
Fonte: Stokes (2005).
Considerações finais
Novas e velhas questões apresentam-se no mundo em que vivemos, no qual ocorrem
intensas e velozes mudanças. Desse modo, as diferentes áreas de estudo também passam por in-
quietações, revisões e reformulações. Pesquisar é justamente olhar para esse mundo em constante
mudança e perceber o “novo”.
A pesquisa não deve se ater apenas ao meio acadêmico com o objetivo de atingir critérios
de avaliação. Sua finalidade vai além ao formar pessoas curiosas acerca do que se passa no mundo.
Assim se constrói o conhecimento, a ciência e a inovação.
Atividades
1. Dê exemplos de conhecimento comum e conhecimento científico.
2. Como o plágio crescente nos estudos científicos pode prejudicar o desenvolvimento da ciên-
cia no país?
3. “A única ciência válida é a ciência que tem aplicação prática”. Essa afirmação está correta?
Avalie.
Referências
CAPES. Orientações Capes: combate ao plágio. Brasília 4 jan. 2011. Disponível em: https://www.capes.gov.
br/images/stories/download/diversos/OrientacoesCapes_CombateAoPlagio.pdf. Acesso em: 20 mar. 2019.
DONOVAN, Todd; HOOVER, Kenneth R. The Elements of Social Scientific Thinking. Cengage Learning,
2013.
16 Métodos e técnicas de pesquisa
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Perspectiva, 2016.
G1 – AFP. Ministro acusado de plágio acadêmico renuncia na Alemanha. Disponível em: http://glo.bo/
fNOkYC. Acesso em: 20 mar. 2019.
G1 – Reuters. Presidente da Hungria renuncia após disputa por plágio. 2 abr. 2012. Disponível em: http://glo.
bo/H8bfu9. Acesso em: 20 mar. 2019.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
KROKOSCZ, Marcelo. Outras palavras sobre autoria e plágio. São Paulo: Atlas, 2015.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. São
Paulo: Atlas, 2017.
PITHAN, Lívia Haygert; VIDAL, Tatiane Regina Amando. O plágio acadêmico como um problema ético,
jurídico e pedagógico. Direito & Justiça, v. 39, n. 1, Porto Alegre: 2013.
SHAUGHNESSY, John J.; et al. Metodologia de pesquisa em psicologia. Porto Alegre: AMGH Editora, 2012.
STOKES, Donald E. O quadrante de Pasteur: a ciência básica e a inovação tecnológica. Campinas: Unicamp,
2005.
2
Fundamentos da metodologia de pesquisa
Conjunto de
fenômenos
Objetivo Objetivo
Legenda: = origina e/ou determina geral específicos
Design de
pesquisa
Pesquisa Pesquisa
Exploratória Conclusiva
Análise
de dados
Conclusões
Vídeo
2.3 Tema e problema de pesquisa
No campo científico, um fenômeno de pesquisa tem relação direta com o
tema de pesquisa pretenso. Ambos dizem respeito àquilo que se pretende investi-
gar. Enquanto o fenômeno é amplo e abrangente, o tema de pesquisa é mais res-
trito. Pode-se dizer que o tema é uma parte de interesse do pesquisador dentro do
espectro de um fenômeno, que na maior parte dos casos não pode ser observado
em sua totalidade a partir de um único estudo. A Figura 2 nos ajuda a compreender
melhor a relação entre fenômeno e tema.
Figura 2 – Relação fenômeno x tema de pesquisa
Conjunto de
fenômenos
Parte de um
fenômeno
Tema de
=
pesquisa
Temas
Fenômeno Título de estudos já realizados
(interesse da pesquisa)
Administração Pesquisa histórica em Admi- A importância dos arquivos empresariais para a pesquisa histórica em
no Brasil nistração no Brasil administração no Brasil. Disponível em: goo.gl/WPSU4W.
(Continua)
20 Métodos e técnicas de pesquisa
Temas
Fenômeno Título de estudos já realizados
(interesse da pesquisa)
A definição de um tema possibilita que o pesquisador elabore questões acerca daquilo que
lhe interessa investigar. Essa ação denominamos problematização – ato de problematizar. Desse
processo decorre o termo problema de pesquisa. Não se trata de investigar um problema, mas sim
delimitar uma situação-problema a ser investigada, algo que, do ponto de vista do pesquisador ou
de um campo científico definido, ainda não foi respondido adequadamente, necessita ser revisto
ou conhecido a partir de um determinado prisma observacional.
Enquanto o tema de uma pesquisa é uma proposição mais abrangente, a formulação do
problema indica exatamente qual dificuldade se pretende resolver. Toda pesquisa tem início com
algum tipo de problema.
Problema, sob a perspectiva científica, é qualquer questão não resolvida e que é objeto de
discussão, em qualquer domínio do conhecimento (GIL, 2008). Para Marconi e Lakatos (2010),
um problema deve necessariamente apresentar um enunciado suficientemente claro, compreensí-
vel e operacional, cuja solução possa ser promovida por meio de processos científicos.
A Figura 3 nos ajuda a compreender melhor a correlação tema versus problema de pesquisa.
Figura 3 – Correlação tema versus problema de pesquisa
Conjunto de
fenômenos
Tema de Problema de
=
pesquisa pesquisa
Por conta de seu objetivo, o problema de pesquisa é sempre apresentado em forma de per-
gunta e também é conhecido como pergunta de pesquisa. Em geral, os problemas de pesquisa
Fundamentos da metodologia de pesquisa 21
trazem as expressões quem, como, onde, quando, o quê, por quê, entre outras, que ajudam o pesqui-
sador a delimitar com clareza o que exatamente deseja investigar.
Para Gil (2008), um problema de pesquisa deve ser cientificamente testável, ou seja, deve
envolver variáveis que possam ser observadas ou manipuladas. O autor sugere como exemplo:
O perfil da mãe que deixa o filho recém-nascido para Quais condições exercem mais influência na decisão das mães em dar o
adoção filho recém-nascido para adoção?
A necessidade de informação ocupacional na esco- A orientação profissional dada, no curso de ensino médio, influi na seguran-
lha da profissão ça (certeza) em relação à escolha do curso universitário?
A família carente e sua influência na origem da mar- O grau de organização interna da família carente influi na conduta (margi-
ginalização social nalização) do menor?
Fonte: Marconi e Lakatos (2010).
Vídeo
2.4 Sobre o que escrever?
Em se tratando de pesquisa científica, devemos nos atentar às característi-
cas de um estudo científico. Segundo Umberto Eco, um estudo científico debruça-
-se sobre um objeto (tema) reconhecível pelos outros e também deve dizer desse
objeto algo que ainda não foi dito ou rever sob uma ótica diferente o que já se
disse. Além disso, o estudo deve ser útil aos demais pesquisadores.
Ajudou ou complicou ainda mais? Bom, de fato não é uma tarefa fácil, prin-
cipalmente para quem é novato no meio científico, mas existem algumas dicas que
podem ajudar:
1. Oportunidades oferecidas em determinadas instituições de ensino, às ve-
zes um projeto já iniciado de algum professor que precise de “reforço”.
Pode ser uma ótima chance de fazer parte de um projeto maior e de rele-
vância na instituição. Desvantagem: você faz o projeto do seu orientador,
e pode ser que o tema não lhe agrade.
2. Sua ideologia pode influenciar significativamente na escolha do proble-
ma. Se você está chateado com a política, com a violência nas grandes
cidades pode usar isso, sim, também como motivação. É importante
atentar-se para não emitir pura e simplesmente seu ponto de vista sem
qualquer embasamento porque então não seria pesquisa. Procure ade-
quar sua ideia à sua área de estudo.
3. É frequente a escolha de um problema ocorrer por algum modismo. O
tema pode estar sendo discutido em outro país e eventualmente pode ser
interessante estudar a sua aplicabilidade no Brasil, (por exemplo, econo-
mia digital). Nesse caso, é importante estar atento para não investir em
temas muito distantes da nossa realidade. Pode dificultar a coleta de in-
formações e, consequentemente, ameaçar a legitimação de sua pesquisa.
4. Converse com professores, colegas, experts em um tema com o qual você
tenha maior afinidade. Leia notícias, pois “se antenar” é importante. O
que o incomoda? O que não parece estar muito claro? O que seria interes-
sante ver em outra perspectiva? O que seria importante estudar para seu
Fundamentos da metodologia de pesquisa 23
desenvolvimento pessoal? Se ficar em dúvida entre dois ou mais temas, questione: o que
consigo resolver dentro desse tempo? Quais dados ou pessoas posso acessar para realizar
minha pesquisa? São perguntas essenciais. Lembre-se de que você tem prazo e recursos
limitados.
Entre os anos de 2015 e 2016, o Brasil foi acometido por um número muito
alto de casos de microcefalia. Em um primeiro momento, o crescimento exponen-
cial da doença esteve associado ao Zika vírus. Imediatamente surgiram propostas
da realização de muitos estudos com vistas a compreender e oferecer soluções a
esse fenômeno que colocou em risco a vida de muitos recém-nascidos no Brasil.
O registro dessas condições pode ser acompanhado na íntegra em: goo.gl/
kd8UH4.
24 Métodos e técnicas de pesquisa
A seguir, são apresentadas algumas das justificativas para a realização de estudos que pudes-
sem trazer contribuições ao campo da saúde pública no Brasil:
• Justificativa 1 – Análise bibliométrica de artigos científicos sobre o vírus Zika.
Observa-se a falta de estudos nacionais sobre a temática e evidencia-se a necessidade do
desenvolvimento de pesquisas nesse sentido, uma vez que os resultados são essenciais
para o desenvolvimento de intervenções (MARTINS, 2016).
• Justificativa 2 – Qualidade da informação em saúde: um estudo sobre o vírus do papilo-
ma humano (HPV) em websites brasileiros.
Para os usuários, é importante saber quais sites contêm informações com qualidade e,
portanto, em quais se pode confiar. Para aqueles que proveem o conteúdo do site, com-
preender os quesitos de qualidade esperados em websites de saúde contribui para aprimo-
rar e, consequentemente, oferecer melhores resultados para quem faz a busca (GARCIA
et al. 2018).
• Justificativa 3 – Estratégias de captação de doadores de sangue: uma revisão integrativa
da literatura.
Esse estudo justifica-se por possibilitar a socialização de estratégias de captação de doado-
res de sangue, visando à contribuição dessas experiências para a busca de novos doadores
e de sua fidelização (RODRIGUES; REIBNITZ, 2011).
Conforme ressaltam Marconi e Lakatos (2017), a justificativa de pesquisa deve enfatizar:
a. O estágio em que se encontra a teoria relativamente ao tema.
b. As contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer, que podem ser:
• Uma confirmação geral.
• Uma confirmação na sociedade particular em que se insere a pesquisa.
• Uma especificação para casos particulares.
• Um esclarecimento da teoria.
• Uma resolução de pontos obscuros etc.
c. Importância do tema do ponto de vista geral.
d. Importância do tema para os casos particulares em questão.
e. Possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo tema
proposto.
f. Descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares etc.
Considerações finais
Neste capítulo, vimos alguns aspectos primordiais para iniciar o trabalho científico. As de-
finições do tema e do problema de pesquisa são essenciais para que se percorra o caminho da pes-
quisa de forma mais assertiva, direta e econômica. Além do tema e do problema, entender o porquê
da escolha também é importante tanto para a comunidade que terá acesso à pesquisa quanto para o
próprio pesquisador, que sentirá maior confiança e segurança em relação ao caminho que trilhará.
Elaborar um trabalho científico nada mais é do que executar um projeto – um projeto que
precisa ter suas etapas bem definidas. Mas, assim como em um projeto, a probabilidade de sucesso
Fundamentos da metodologia de pesquisa 25
pode ser ameaçada por um tema ou um problema de pesquisa que seja irrelevante ou, então, de-
masiadamente abrangente. Não tenha receio em gastar um bom tempo nesta etapa. O tempo usado
aqui certamente lhe renderá menos atribulações e imprevistos futuramente.
Atividades
1. Formule problemas de pesquisa a partir dos temas: motivação de equipes e sustentabilidade
ambiental. Verifique, a seguir, se eles se ajustam às regras apresentadas para a formulação de
problemas científicos no item 2.2 deste capítulo.
Referências
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uol.com.br/jornaldaband/videos/16114635/casos-de-microcefalia-crescem-no-sudeste.html. Acesso em: 21
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GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MAGNABOSCO, Molise de Bem; SOUZA, Leonardo Lemos de. Educação inclusiva e as representações dos
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Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572018000100115&lang=-
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MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São
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RODRIGUES, Rosane Suely May; REIBNITZ, Kenya Schmidt. Estratégias de captação de doadores de san-
gue: uma revisão integrativa da literatura. Revista Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, abr./jun. 2011;
20(2): p. 384-91.
3
Determinação de objetivos, variáveis
e hipóteses de pesquisa
Como já vimos no capítulo 2, o problema de pesquisa é expresso por meio de uma pergunta.
O propósito (objetivo) do trabalho de pesquisa a ser elaborado é nada mais nada menos do que
responder a essa questão. Como naturalmente não se trata de um problema de resolução direta,
o método científico auxilia com a busca pela resposta.
Este é um capítulo bastante técnico e que certamente vai auxiliá-lo com os primeiros dire-
cionamentos de sua pesquisa. Lembre-se: a cientificidade será legitimada de acordo com o rigor
metodológico adotado na condução da pesquisa. Não pule etapas e tome o tempo que for ne-
cessário (claro que dentro das limitações do seu cronograma) para delimitar um objetivo claro,
conciso e exequível. Proponha hipóteses, defina as variáveis, delineie o caminho a ser seguido.
Esta é uma das etapas mais importantes de seu trabalho, senão a mais importante. Negligenciá-la
ou subestimá-la pode incorrer em um desperdício razoável de tempo e recursos que por vezes
são bastante escassos.
Neste capítulo, reconheceremos a importância do estabelecimento de objetivos gerais e es-
pecíficos no desenvolvimento de pesquisas científicas. Compreenderemos o papel das variáveis e
hipóteses de pesquisa na estruturação dos estudos científicos. Por fim, entenderemos como elabo-
rar adequadamente cada um desses itens.
Vídeo
3.1 Objetivos gerais e específicos
Após a escolha do tema e a definição do problema de pesquisa, o pesqui-
sador parte para a elaboração dos objetivos e das hipóteses de pesquisa. Cada um
desses componentes de pesquisa contribui para que o pesquisador mantenha seu
foco principal, que consiste em fornecer, ao fim do estudo, uma resposta adequa-
da ao problema de pesquisa.
Se o problema é uma questão a investigar, o objetivo é um resultado a
alcançar. O objetivo final ou geral, se alcançado, dá resposta ao problema
(VERGARA, 2016). Muitos estudantes costumam confundir-se na elaboração
desses itens primeiro por acreditar que o objetivo geral deve ser diferente do pro-
blema de pesquisa.
Objetivos gerais constituem a ação que conduzirá ao tratamento da questão
abordada no problema de pesquisa. Portanto, o objetivo geral “deve” necessaria-
mente estar alinhado com o problema de pesquisa. A Figura 1 nos auxilia na com-
preensão da correlação do problema de pesquisa com o objetivo geral do estudo.
28 Métodos e técnicas de pesquisa
Conjunto de
fenômenos
Tema de Problema de
=
pesquisa pesquisa
Objetivo
Legenda: = origina e/ou determina geral
Perceba que todos os verbos propostos por Bloom (1972) em sua taxonomia permitem ao
pesquisador de algum modo organizar seu conhecimento (agir) na busca de respostas adequadas
ao problema de pesquisa de seu estudo. O Quadro 2 apresenta dois diferentes exemplos de objetivo
geral de pesquisa. Observe.
Quadro 2 – Exemplos de objetivo geral de pesquisa
Área do
Problema de pesquisa Objetivo geral Referência do TCC
Conhecimento
Fonte: Elaborado pelas autoras a partir de Biblioteca Digital de Trabalhos Acadêmicos da Universidade de São Paulo – USP, disponível em: http://www.
tcc.sc.usp.br/; e Biblioteca Digital de Trabalhos de Graduação da Universidade Federal do Paraná – UFPR, disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/
handle/1884/30071/recent-submissions?offset=100.
Note que a descrição do objetivo nem sempre é curta. Nesse item, é importante que o objeti-
vo do estudo esteja claro, contudo não deve ser longo demais, a ponto de confundir os leitores so-
bre o real objetivo ou foco da pesquisa; nem demasiadamente curto, sem delinear adequadamente
o escopo do trabalho.
30 Métodos e técnicas de pesquisa
Os objetivos específicos formam uma espécie de lista organizada de etapas para se chegar ou
atingir o objetivo específico do estudo e assim responder ao problema de pesquisa. Tais objetivos
correspondem às diferentes ações necessárias para a cobertura do problema de pesquisa indicado.
Esquematicamente, podemos pensar na seguinte inter-relação, representada na Figura 2,
entre o objetivo geral e os objetivos específicos:
Figura 2 – Interdependência entre objetivo geral e objetivos específicos
Objetivo
específicos 1
Objetivo
específicos 3
Observe que os objetivos específicos estão “dentro” do objetivo geral, ou seja, não se trata de
outros objetivos ou resultados colaterais da pesquisa. Poderiam ser comparados a um passo a passo
para se atingir o objetivo geral.
Da mesma forma que o objetivo geral, os objetivos específicos são sempre iniciados por
verbos no infinitivo, pois devem apresentar caráter de ação.
Pesquisas científicas apresentam no mínimo dois objetivos específicos e não mais que cinco.
Um estudo que contempla uma grande quantidade de objetivos específicos pode tornar-se dema-
siadamente complexo, o que oferece grande chance de o pesquisador se desviar do seu objetivo
geral ao longo do seu percurso.
Retomemos os exemplos apresentados no Quadro 2 e observemos os objetivos específicos
propostos a partir dos problemas e objetivos gerais antecipadamente definidos demonstrados no
Quadro 3:
Determinação de objetivos, variáveis e hipóteses de pesquisa 31
Fonte: Elaborado pelas autoras com base na Biblioteca Digital de Trabalhos Acadêmicos da Universidade de São Paulo – USP, disponível em: http://www.
tcc.sc.usp.br/; e Biblioteca Digital de Trabalhos de Graduação da Universidade Federal do Paraná – UFPR, disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/hand-
le/1884/30071/recent-submissions?offset=100. Acesso em: 26 mar. 2019.
Perceba que, nos dois exemplos apresentados no Quadro 3, os objetivos específicos propos-
tos mantêm-se relacionados com o objetivo geral da pesquisa, que por sua vez está alinhada com o
problema de pesquisa. No campo científico, não é incomum deparar-se com um grande número de
estudos que não contemplam o alinhamento entre problema, objetivo geral e objetivos específicos.
Para além da assertividade do pesquisador quanto àquilo que de fato pretende observar em um
estudo, a clareza e o alinhamento desses itens facilitam a compreensão pelos leitores e o entendi-
mento da proposta do estudo.
Vídeo
3.2 Determinação das variáveis de pesquisa
Segundo Gil (2008, p. 34), “um problema é testável cientificamente quando
envolve variáveis que podem ser observadas ou manipuladas”.
O termo variável consiste em “qualquer coisa que possa ser classificada em
duas ou mais categorias” (Gil, 2008, p. 34), tais como sexo feminino ou masculi-
no, classe social A, B ou C, grau de escolaridade etc.
Você já deve ter ouvido o termo variáveis em aulas de Matemática.
Aprendemos uma expressão deste tipo: y = f(x) que quer dizer que a variável “y”
é função do que acontece com “x”. Quando elaboramos um objetivo de pesquisa e
depois as hipóteses – que veremos em seguida –, podemos propor relações entre
o “y” e o ou os “x”. Confira no exemplo a seguir:
32 Métodos e técnicas de pesquisa
Nesse problema de pesquisa, temos uma variável resposta (y) que seria: “a decisão em dar o
filho recém-nascido para a adoção” em função de x, que seria “as condições que exercem influência
na decisão das mães”.
Outro exemplo:
É como dizer: “vou observar este fenômeno a partir deste olhar”, ou seja, vou ver este
problema a partir destas variáveis.
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3.3 Hipóteses de pesquisa: função e formulação
Uma hipótese corresponde a uma resposta suposta, provável e provisória
para um problema de pesquisa (MARCONI; LAKATOS, 2010). Trata-se de uma
afirmação, previsão ou suposição não comprovada a respeito de um fenômeno de
interesse para o pesquisador (MALHOTRA, 2012), que ao fim do estudo será acei-
ta como válida, parcialmente válida ou será refutada (descartada), por ser inválida.
A Figura 3 nos auxilia na compreensão da relação entre objetivo geral e objetivos
específicos.
Figura 3 – Alinhamento do objetivo geral com objetivos específicos e hipóteses
Conjunto de
fenômenos
Objetivo Objetivo
Legenda: = origina e/ou determina geral específicos
Podem figurar nos estudos científicos hipóteses mais amplas, que tratam do problema como
um todo, ou hipóteses mais específicas, que tratam de itens dentro do estudo de forma mais pon-
tual. Importante é que, ao longo do estudo, as hipóteses relembrem frequentemente ao(s) autor(es)
variáveis que devem ser consideradas ao longo do desenvolvimento.
Alguns tipos de estudos não permitem a elaboração prévia de hipóteses. Em grande parte
dos casos, é possível aventar alguma resposta temporária para as investigações. O número de hi-
póteses depende sempre da complexidade do problema de pesquisa, e a existência de um número
muito extenso de hipóteses para um mesmo problema de pesquisa pode denotar a necessidade
de um fracionamento do estudo (novo recorte) ou de melhor delimitação do problema ou dos
objetivos geral e específicos da proposta. Por conta disso, é importante que as variáveis a serem
analisadas estejam claras antes de formular as hipóteses.
Observe alguns exemplos de hipóteses.
Mas quais seriam as fontes para a elaboração de hipóteses que valham a pena ser investiga-
das? Seguem algumas sugestões das professoras Marina Marconi e Eva Lakatos (2017).
• Conhecimento familiar: deriva do senso comum, perante situações vivenciadas que po-
dem levar a correlações entre fenômenos notados e ao desejo de verificar a real corres-
pondência existente entre eles.
• Observação: conjectura formada a partir dos fatos ou da correlação existente entre eles.
As hipóteses terão a função de comprovar (ou não) essas relações e explicá-las.
• Comparação com outros estudos: o pesquisador utiliza como base averiguações de ou-
tros estudos ou estudos com o intuito de verificar se há conexões similares entre duas ou
mais variáveis no estudo presente e redefinir hipóteses.
• Dedução lógica de uma teoria: ao considerar o contexto de uma teoria, pode-se chegar
a uma hipótese que afirma uma sucessão de eventos (fatos, fenômenos) ou a correlação
entre eles.
Determinação de objetivos, variáveis e hipóteses de pesquisa 35
• A cultura geral na qual a ciência se desenvolve: refere-se aos diferentes enfoques, dados
pela cultura geral, que podem levar o cientista a se preocupar mais com determinado as-
pecto da sociedade, originando assim hipóteses sobre temas específicos.
• Analogias: advêm das observações da natureza. Assim como a análise do quadro de refe-
rência de outra ciência, podem ser fonte de hipóteses “por analogia” (por exemplo, analo-
gias com fenômenos ecológicos vegetais e animais).
• Experiência pessoal, idiossincrática: trata-se da maneira particular como o indivíduo
reage aos fatos, à cultura em que vive, à ciência, ao quadro de referência de outras ciências
e às observações.
• Casos discrepantes na própria teoria: às vezes, a fonte das hipóteses são as discrepân-
cias apresentadas em relação ao que «deve» acontecer em decorrência da teoria sobre o
assunto.
Considerações finais
Objetivos, variáveis e hipóteses de pesquisa: tantos termos, tantas frases que parecem que
se repetem. Para quê, afinal? Bom, como já falamos, o trabalho de pesquisa é por vezes bastante
árduo, e nem sempre temos o talento nato para redigir textos completamente coesos e bem estrutu-
rados desde a primeira linha. A pesquisa não é feita assim, como se fosse um tecido saindo do tear.
A realidade é bem diferente. É bastante comum o pesquisador se perder nesse meio, e sua pesquisa
acabar tomando um rumo totalmente diferente do inicial, o que em alguns casos pode até resultar
em sucesso, mas, na grande maioria, gera frustração e desmotivação.
Portanto, quanto mais barreiras, delimitações utilizarmos já no início da construção dos
estudos, menor é a possibilidade de nos perdermos ao longo de sua execução. Objetivos geral e
específicos, variáveis e hipóteses servem como delimitadores. Utilize-os, compreenda-os, repita-os
para si mesmo durante todo o tempo da pesquisa.
tiveram de comprovar uma série de hipóteses acerca de diferentes itens alimentares que
desencadeavam a doença em seu filho.
Atividades
1. Redija um objetivo geral para o seguinte problema de pesquisa: quais são os impactos do
rompimento da barragem da empresa Vale para a economia local de Brumadinho?
2. Na sequência, redija ao menos três objetivos específicos para o problema de pesquisa apre-
sentado na questão 1.
3. Por fim, redija uma hipótese para o problema de pesquisa apresentado na questão 1.
Referências
BLOOM, Benjamin et al. Taxonomia dos objetivos educacionais: domínio afetivo. Porto Alegre: Globo, 1972.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
KERLINGER, Fred Nichols. Metodologia da pesquisa em ciências sociais: um tratamento conceitual. São
Paulo: EPU, 1980.
MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 6. ed. Porto Alegre: Bookman,
2012.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São
Paulo: Atlas, 2010.
USP – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Biblioteca Digital de Trabalhos Acadêmicos. Disponível em:
http://www.tcc.sc.usp.br/. Acesso em: 22 mar. 2019.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
4
Fundamentação teórica
fundamentos ou “fundações” para a construção do estudo a ser realizado na pesquisa. Pois então,
da mesma maneira que em uma construção, precisamos de pilares bem firmes para construirmos
nossas argumentações em um trabalho científico. Assim como para cada tipo de construção há o
tipo mais adequado de fundação, a robustez da nossa pesquisa também depende do que usamos
como base.
Quanto mais fidedignas e sólidas forem as fontes utilizadas, mais consistente será o tra-
balho. Afinal, como salientamos no capítulo 1, fontes servem para legitimar e consolidar ideias
e pensamentos.
Vídeo
4.2 Estrutura do capítulo de referencial teórico
Estruturar adequadamente o referencial teórico é uma arte. Na elaboração
de um texto, deve-se sempre lembrar que a conclusão a que você chegou não é
óbvia para todos. Portanto, a subdivisão em seções ou subseções de forma lógica
permite ao leitor compreender sua linha de raciocínio e chegar ao grau de enten-
dimento que você quer passar.
O conteúdo a ser desenvolvido na fundamentação teórica tem relação direta
com o problema de pesquisa, bem como com suas variáveis de pesquisa. Se vamos
falar sobre o impacto da maternidade na carreira da mulher após determinado tem-
po, temos aí duas variáveis importantes a desenvolver, começando pela base teórica:
carreira profissional da mulher contemporânea; e fatores relacionados à materni-
dade (que podem ser psíquicos, sociais, financeiros etc.). Nesse caso, é possível fa-
cilmente pensar em “n” outras possibilidades de estudo, e aí você pode perguntar:
“mas sob qual ponto de vista? Da mulher? Do mercado? Da sociedade?”. Todos são
válidos, mas é preciso delimitar o seu foco de pesquisa, o que ocorre no momento da
definição do problema. E quando se sentir perdido, pensando que “tem muita coisa
escrita sobre isso”, “acho interessante, mas será que é importante para minha pes-
quisa?”, lembre-se sempre do seu problema de pesquisa previamente definido. Este
será seu guia, e sua fundamentação teórica deve aprofundar os temas dentro desse
escopo. A Figura 1 nos auxilia na compreensão desse processo.
Figura 1 – Processo da pesquisa
Conjunto de fenômenos
Objetivo Objetivo
geral específicos
Legenda: = origina e/ou determina
Fundamentação teórica
Seguem alguns exemplos de como definir as seções e subseções na sua fundamentação teó-
rica. A divisão entre seções e subseções deve partir sempre do mais geral para o mais específico.
Lembre-se de que esta é só uma sugestão. Vale conversar sempre com seu orientador para definir
outros encaminhamentos possíveis.
Exemplo 1
Sugestão de seções (considerando que o referencial teórico corresponde
ao capítulo 2 do trabalho):
2.1 Orientação de carreira e testes vocacionais
2.2 Aderência da atividade profissional ao curso universitário
2.3 ...
Exemplo 2
Problema de pesquisa: “Até que ponto o Banco Central se aproxima ou se
afasta do que se caracteriza como uma organização de aprendizagem?”
(MOTA, 1999).
Sugestão de seções:
2.1 Organizações de aprendizagem
2.1.1 Breve histórico da noção de organização de aprendizagem.
2.1.2 Pressupostos e características de uma organização que aprende.
2.1.3 O modelo de Peter Senge.
Observe que no exemplo 2 não há necessidade de outra seção teórica,
haja vista que a adequação do Banco Central a esse conceito é já o pró-
prio resultado da pesquisa.
Lembre-se de concentrar os argumentos por assunto, tipo, região. Evite falar do Brasil, da
cidade e voltar a falar do Brasil ou falar sobre economia, demografia e voltar para economia etc.
Tenha em mente que você precisa ser “seguido”, portanto não confunda seu leitor. Também é im-
portante evitar frases muito longas nas quais, não raro, o próprio pesquisador acaba se perdendo.
Conforme salientado por Umberto Eco (2016, p. 141), “[...] Nada de períodos longos. Se ocor-
rerem, registre-os, mas depois desmembre-os. Não receie repetir duas vezes o sujeito. Elimine o
excesso de pronomes e subordinadas.”
Sempre ao fim de uma seção, conclua seus argumentos demonstrando claramente aonde
quer chegar com eles. Procure fazer a associação com o seu tema/pergunta de pesquisa.
40 Métodos e técnicas de pesquisa
• Citação direta longa: é aquela que tem mais de três linhas. Deve ser destacada
com recuo de 4 cm, redução da fonte (por convenção, usa-se o tamanho 10),
espaço simples entre as linhas e sem as aspas, como no exemplo abaixo.
Já nas citações indiretas, a ideia de outros autores é apresentada por meio de paráfrase,
ou seja, transcrita com suas próprias palavras, mas sem perder a ideia central do conceito.
Observe o exemplo.
Algumas publicações trazem textos já citados por outros autores, é a citação da citação. Para
isso, utiliza-se o termo em latim apud (citado por). Veja o exemplo.
Gil (2012, p. 188-189) sugere ainda duas formas de realizar as citações indiretas. Segundo o
autor, o procedimento mais utilizado é o da citação no próprio texto, que pode ser feita por meio
de dois sistemas de chamada: numérico ou autor-data (recomendado pela ABNT).
Toda citação, direta ou indireta, deve ser detalhada para que o leitor possa também encon-
trá-la, caso seja do seu interesse. Ao final de todo trabalho científico, seja artigo, TCC, dissertação
ou tese, é imprescindível a lista de referências utilizadas. Todas as referências que estão na lista
devem ter sido em algum momento citadas anteriormente. Da mesma forma, não se deve esquecer
de listar a referência sempre que uma nova citação entrar. A Figura 2 contém o recorte de um artigo
apresentado em simpósio e apresenta a relação entre a citação no corpo do texto e a referência na
listagem final do artigo:
Figura 2 – Citação e referência em um artigo científico
A lista final das referências utilizadas também apresenta uma regra. A NBR 6023 indica
como elementos essenciais na referenciação de livros: autor(es), título, subtítulo (se houver), edição
(se houver), local, editora e data de publicação. Observe o exemplo a seguir, conforme NBR 6023
(ABNT, 2018):
Considerações finais
A fundamentação teórica, como o próprio termo diz, fundamenta a pesquisa com a teoria
existente sobre o tema a ser pesquisado. Na pesquisa científica, não há como passar por esta etapa
de forma ligeira e superficial.
Há algumas questões que são respondidas na elaboração da fundamentação teórica,
tais como:
• O que estou pesquisando já foi pesquisado por outras pessoas?
• Se sim, o que essas pessoas descobriram sobre o tema? É possível obter resultados dife-
rentes em outros contextos?
• O que eu estou estudando é “mais do mesmo” ou há alguma contribuição?
• Qual definição deste conceito/termo é a mais adequada para meu estudo?
Essas são questões importantes para se assegurar de que o trabalho em execução terá va-
lidade e contribuição. A fundamentação teórica é muito mais do que simplesmente coletar mais
Fundamentação teórica 45
informações sobre o assunto ou explicar conceitos. É a base para a construção de uma pesquisa
sólida e legítima.
Atividades
Leia o extrato de reportagem a seguir e responda às questões 1 e 2.
Monsanto é condenada em 1ª instância nos EUA por relação entre câncer e herbicida:
Caso é o primeiro processo a ser julgado envolvendo o herbicida de glifosato da empresa
Roundup
2. Para tornar esse texto um artigo científico, quais elementos você acrescentaria?
3. A pesquisa com este tema seria básica ou aplicada? Ou poderia ser básica, mas inspirada no
uso? Justifique sua resposta.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023:2018 Informação e documentação: refe-
rências. Rio de Janeiro, 2002.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. Trad. de Gilson César Cardoso de Souza. 26. ed. São Paulo: Perspectiva,
2016.
GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social, 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
MOTA, Maria Gloria Marques. O Banco Central como uma organização de aprendizagem. Dissertação
(Mestrado em Administração Pública) – Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 1999. Disponível em: http://
bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/3418/000090663.pdf?sequence=1&isAllowed=y.
Acesso em: 27 mar. 2019.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em Administração. 16. ed. São Paulo: Atlas,
2016.
5
Abordagens de pesquisa
um mesmo problema de pesquisa pode conduzir a resultados absolutamente diferentes. Isso não é
necessariamente ruim, uma vez que a construção do conhecimento nem sempre é linear, podendo
ocorrer também a partir de pontos de divergência e crítica.
Malhotra (2013) atesta que existem diferentes tipos de pesquisas, que podem, de forma am-
pla, ser classificadas como exploratórias ou conclusivas. A Figura 1 nos auxilia a compreender
melhor essa divisão
Figura 1 – Classificação de pesquisas
Conjunto de fenômenos
Objetivo Objetivo
Legenda: = origina e/ou determina geral específicos
Design de
pesquisa
Pesquisa Pesquisa
Exploratória Conclusiva
Uma pesquisa exploratória tem como principal objetivo compreender mais adequadamente
um problema proposto. Segundo o mesmo autor, esse tipo de pesquisa é empregado em casos que
exigem que o problema de pesquisa seja determinado com maior precisão ou ainda em pesqui-
sas em que o pesquisador não dispõe de entendimento suficiente para prosseguir com o projeto
de pesquisa. Em muitos casos, seus resultados não são definitivos e, por conta disso, apresentam
maior dificuldade para o estabelecimento de hipóteses prévias.
Por conta dessa característica, a pesquisa exploratória é considerada mais versátil, flexível e
não estruturada no que se refere aos métodos e às técnicas necessários à sua materialização. É uma
pesquisa solta, por assim dizer, em que pesquisadores estão permanentemente atentos a novas ideias
e informações que possam emergir durante a evolução de seus estudos. (MALHOTRA, 2012).
Um exemplo desse tipo de pesquisa são as pesquisas astronômicas. Embora exista algum co-
nhecimento sobre o fenômeno investigado, muitos outros estudos, ainda por serem desenvolvidos,
Abordagens de pesquisa 49
partem apenas de suposições, necessitando assim de um maior aprofundamento no tema para que
se possa definir melhor seu foco e desdobramentos futuros.
O universo de possibilidades das pesquisas exploratórias faz com que sejam ampliadas por
pesquisas exploratórias adicionais ou pesquisas conclusivas quando o problema ou fenômeno in-
vestigado está mais claro para o pesquisador. A cada novo avanço de uma pesquisa exploratória,
o pesquisador pode propor a realização de estudos complementares, que cessam no momento em
que o autor considera que alcançou respostas suficientes para uma compreensão mais ampla do
fenômeno em observação.
Diferentemente da pesquisa exploratória, a pesquisa de natureza conclusiva é mais formal e
estruturada. Como o próprio nome denota, oferece uma conclusão sobre uma realidade observada,
um fenômeno previamente determinado, por exemplo o comportamento de uma espécie animal
em determinada região de um país sob condições específicas.
Pesquisas conclusivas podem ser empregadas de diferentes formas e para objetivos diversos.
Além de ampliar o conhecimento em um determinado campo, também são empregadas como su-
porte à tomada de decisão em diferentes segmentos da sociedade. Por exemplo:
1. Se uma empresa quer lançar um novo produto no mercado, pode realizar uma pesquisa
sobre o comportamento de consumo de seus clientes, com vistas a compreender a aceita-
bilidade do pretenso produto por parte de seu público-alvo.
2. Se uma instituição de ensino deseja conhecer a opinião de seus alunos acerca de um pro-
cesso que tem possibilidade de ser implementado, é possível realizar estudos quanto à
adaptabilidade em simulações, captar percepções divergentes entre alunos e identificar
possíveis resistências antecipadamente.
Por conta da característica dos estudos conclusivos, que geralmente são propostos a partir de
um conhecimento prévio sobre algum fenômeno, hipóteses de pesquisa são concebidas com certa
facilidade nessa modalidade de estudo.
Segundo Malhotra (2012), pesquisas conclusivas podem ser classificadas em duas diferen-
tes categorias:
a. Pesquisa descritiva – que “descreve” de maneira fiel uma realidade, sem necessariamente
interferir sobre ela. Por conta disso, esta modalidade de pesquisa sempre vem acompa-
nhada de especificações em termos de quem, o quê, quando, onde, por que e como deter-
minado fenômeno se apresenta na realidade;
b. Pesquisa causal ou experimental – que oferece conclusões acerca de uma realidade a
partir da manipulação de variáveis presentes em um fenômeno. Estudos de causa e efeito e
testes para conhecer a reação, as relações ou a interdependência de “X” e “Y” são exemplos
desta categoria.
Os dados gerados por estudos conclusivos, que podem ser desenvolvidos a partir de um
corte transversal (uma única coleta durante um breve momento da realidade) ou longitudinal (co-
letas com o mesmo grupo ao longo de um período mais amplo), fornecem aos pesquisadores e à
sociedade conhecimentos a priori ou a posteriori sobre diferentes temas de interesse.
50 Métodos e técnicas de pesquisa
Vídeo
5.2 Pesquisas qualitativas, quantitativas ou mistas
Existe uma longa discussão no campo acadêmico sobre qual seria a melhor abordagem para
diferentes tipos de estudos. Ao longo da história da ciência, travou-se uma pequena guerra entre
pesquisadores “quanti”, que defendem que estudos quantitativos são os melhores, pois partem de
avaliações matemáticas precisas, em que os dados representam leituras numéricas e estatísticas de
uma realidade observada, e “quali”, os quais atestam que estudos qualitativos possibilitam captar
nuances acerca de uma realidade que os estudos quantitativos não são capazes de observar.
Mais recentemente, paira no campo acadêmico uma certa concordância de que estudos
quantitativos e qualitativos são complementares e não excludentes, além de poderem ser usados
de forma combinada na compreensão de diferentes fenômenos. Atualmente não é tão rígida a
exigência de uma posição do autor quanto a ser “quanti” ou “quali”. O campo tornou-se mais de-
mocrático. As exigências atuais centram-se muito mais na qualidade dos estudos e na ampliação
dos conhecimentos do campo do que necessariamente em rótulos ou posições inflexíveis.
Na compreensão de Malhotra (2012), pesquisas quantitativas buscam quantificar da-
dos e generalizar resultados obtidos a partir de uma amostra de uma população de interesse.
Complementarmente, Lima (2008) atesta que pesquisas dessa natureza são orientadas pelo ra-
ciocínio hipotético-dedutivo e atendem a pesquisadores que desejam realizar estudos cujo pro-
pósito é verificar hipóteses previamente formuladas, identificando a existência ou não de relação
entre as variáveis contempladas nelas.
O processo de coleta de dados em um estudo quantitativo prioriza a reunião de informa-
ções que possam ser quantificadas, interpretadas e analisadas com apoio de recursos estatísticos.
A preocupação central nesse processo é a validação ou não (refutação) de hipóteses previamente
estabelecidas (LIMA, 2008; MALHOTRA, 2012).
Lima (2008, p. 28) oferece uma lista de argumentos para o emprego do método quantita-
tivo em estudos científicos, entre os quais estão:
a. A objetividade e o rigor reconhecidos nesse tipo de método;
b. A possibilidade de explorar critérios probabilísticos na seleção da amostra;
c. A existência de instrumentos de coleta de dados estruturados previamente testados
capazes de imprimir elevada sistematização ao processo de coleta de dados;
Abordagens de pesquisa 51
Lima (2008, p. 33) lista alguns benefícios do emprego das pesquisas qualitativas:
a. A importância do singular assumida na investigação dos fenômenos sociais, que contri-
bui para o resgate da ideia do homem como ser singular e universal;
b. Valoriza a ideia de intensidade em detrimento da ideia de quantidade;
c. A credibilidade das conclusões alcançadas é reflexo das multiperspectivas, que re-
sultam de diferentes fontes de consulta exploradas e do olhar prolongado sobre a
realidade investigada;
d. A quantidade de tempo e o contato do pesquisador e de sujeitos da investigação redu-
zem significativamente a fabricação de comportamentos “maquiados”, convenientes
“de fachada”;
e. A quantidade de tempo demandada pelo processo de investigação associada à multiplici-
dade de fontes de evidências dificulta que o pesquisador mantenha “pré-conceitos” frente
ao objeto de investigação – fenômeno.
Como pudemos observar, pesquisas quantitativas e qualitativas divergem significativamente
em suas propostas investigativas. Enquanto a primeira tem um cunho positivista, a segunda é ca-
racterizada como interpretativista.
É tendência no campo científico a valorização de pesquisas acadêmicas que combinam o uso
de recursos metodológicos quantitativos e qualitativos, como forma de oferecer maior cobertura,
assertividade e credibilidade aos estudos desenvolvidos. Tais estudos são denominados pesquisas
mistas ou triangulação.
Para Lima (2008), a utilização de diferentes métodos para conhecer e interpretar um mesmo
fenômeno pode conduzir a novos paradoxos, novos questionamentos e conexões que favorecem
uma compreensão mais completa de uma realidade observada. A mesma autora, citando Downey
e Ireland (1979), lista uma série de vantagens do emprego de abordagens mistas:
a. Amplia a possibilidade de o pesquisador alcançar algum controle sobre vieses (desvios
que podem ocorrer em estudos qualitativos);
b. Amplia a possibilidade de identificar variáveis específicas sem comprometer uma visão
geral do fenômeno;
c. Amplia as possibilidades de o pesquisador identificar um conjunto de fatos e causas asso-
ciados ao fenômeno e explorá-las em sua interpretação;
d. Viabiliza a possibilidade de o pesquisador enriquecer constatações obtidas em situações
controladas;
e. Amplia as condições que favorecem a possibilidade de reafirmar a validade e a confiabili-
dade das descobertas de um estudo.
A Figura 2 apresenta uma comparação entre pesquisa qualitativa e quantitativa ao longo do
processo de pesquisa como um todo.
Abordagens de pesquisa 53
Processos fundamentais do
Características quantitativas Características qualitativas
processo geral de pesquisa
Por fim, vale aqui lembrar que quem determina a realização de um estudo quantitativo ou
qualitativo não é o pesquisador, mas sim o problema de pesquisa proposto. É importante sempre
levar em conta a questão ética implicada nos estudos científicos, que permite ao pesquisador ma-
nipular dados de diferentes formas para obter resultados fidedignos a uma realidade, sem jamais
distorcê-los ou maquiá-los para que expressem um resultado falso, voltado exclusivamente a inte-
resses pessoais e monetários, seja para si ou para um segmento de negócios a que esteja vinculado.
Considerações finais
Como observamos neste capítulo, o método científico conta com uma série de possibili-
dades para a construção dos mais diversos estudos. Quanto mais estruturado e lógico um estudo
científico, maior credibilidade será atribuída a seus resultados. Cabe ao pesquisador conhecer cada
uma das possibilidades que se apresentam e estruturar suas pesquisas de forma que elas possam ser
replicadas com a mesma confiabilidade em outras ocasiões.
questão ética implicada neste processo, que usa a ciência para gerar lucro a indústrias
do segmento farmacêutico, enquanto a promoção do bem comum, por meio da cura de
enfermidades, passa a ser secundária.
• GNIPPER, Patrícia. Se o Planeta 9 existe, por que ainda não fomos capazes de detectá-lo?
Canal Tech. Disponível em: https://canaltech.com.br/espaco/se-o-planeta-9-existe-por-
-que-ainda-nao-fomos -capazes-de-detecta-lo-117412/. Acesso em: 22 mar. 2019.
Leia o conteúdo da reportagem publicada no Canal Tech e entenda como uma série de
estudos exploratórios está levando um grupo de cientistas a acreditar na existência de um
novo astro no Sistema Solar inicialmente batizado de Planeta 9.
Atividades
1. Com base em que informações é determinado o design de uma pesquisa?
Referências
DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna S.; NETZ, Sandra R. Planejamento da pesquisa qualitativa. Porto
Alegre: Artmed, 2006.
LIMA, Manolita C. Monografia - A engenharia de produção acadêmica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 6. ed. Porto Alegre: Bookman,
2012.
SAMPIERI, Roberto Hernández; COLLADO, Carlos Fernández; LUCIO, Pilar Baptista. Metodologia de pes‑
quisa. 5. ed. Porto Alegre: Penso, 2013.
6
Procedimentos de pesquisa
Vídeo
6.1 Procedimentos e estratégias de pesquisa
O modelo esquematizado na Figura 1 a seguir nos ajuda a compreender mais ade-
quadamente os diferentes procedimentos de pesquisa.
Figura 1 – Esquema para escolha de procedimentos de pesquisa
Conjunto de fenômenos
Vídeo
6.2 Pesquisa bibliográfica
Há que se afirmar que todas as pesquisas realizadas se utilizam de pesquisas biblio-
gráficas, pois é necessário sempre ter um referencial teórico na elaboração de uma investi-
gação. A teoria e os conceitos nos norteiam, auxiliando a definir o caminho a ser trilhado.
Além disso, há pesquisas que são apenas bibliográficas, fazendo um levantamento da maior
parte das publicações sobre o tema investigado.
Assim, a pesquisa bibliográfica “é feita com base em textos, como livros, artigos cientí-
ficos, ensaios críticos, dicionários, enciclopédias, jornais, revistas, resenhas, resumos.[...] arti-
gos científicos constituem o foco primeiro dos pesquisadores, porque é neles que se pode en-
contrar conhecimento científico atualizado, de ponta.” (MARCONI,LAKATOS, 2019, p. 33).
Há diversas fontes de pesquisa bibliográfica, e elas podem advir da imprensa escrita,
tais como jornais e revistas, meios audiovisuais, por exemplo, rádio, filmes, televisão, bem
como de publicações científicas na forma de livros, teses, monografias e artigos científicos.
Normalmente, quando você realiza algum trabalho acadêmico, precisa buscar livros
e/ou artigos científicos que discursam sobre o tema estudado. Você realiza leituras e resu-
mos e compõe o seu trabalho. Isso é pesquisa bibliográfica.
A pesquisa bibliográfica traz contribuições relevantes para a comunidade científica.
Verifique, no artigo a seguir, um exemplo de sua aplicação no estudo de clínicas-escola de
psicologia. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/bolpsi/v62n136/v62n136a05.pdf.
Acesso em: 4 abr. 2019.
Vídeo
6.3 Pesquisa documental
Em relação à pesquisa documental, muitas vezes, há a confusão com a pesquisa
bibliográfica, porém na documental a preferência é pelos documentos, impressos ou não.
Procedimentos de pesquisa 57
Vídeo
6.4 Estudo de experimentos
Você já deve ter escutado ou lido algo a respeito de testes realizados com me-
dicamentos ainda em elaboração, convidando pessoas para participar de pesquisas
em hospitais ou laboratórios. Esse é um exemplo clássico de pesquisa experimen-
tal, a qual objetiva experimentar, observar e concluir um resultado conforme o
processo científico, produzindo dados estatísticos com a manipulação de variáveis.
A pesquisa experimental quase sempre esteve presente nas áreas de exatas e
saúde, porque é possível manipular dados concretos, como produtos ou fenôme-
nos físicos e biológicos. Na área das ciências sociais, é menos utilizada, porque o
trato com seres humanos apresenta mais limitações às experiências. Nem sempre
conseguimos colocar pessoas dentro de um laboratório para investigá-las, então a
pesquisa do cientista social é na dinâmica da sociedade. Além disso, apresentam-se
questões éticas que, muitas vezes, impedem a aplicação dessa técnica.
Ainda assim, há estudos sociais e humanos bastante ricos que empregam a
pesquisa experimental, principalmente na psicologia e na sociologia, identificando
comportamento de pequenos grupos, reações à publicidade, influência de estilos de
liderança na produtividade do trabalho etc.
Para conhecer mais sobre experimentos, leia o projeto de investigação com
irmãos gêmeos desenvolvido pela Nasa (2019). Disponível em: https://brasil.elpais.
com/brasil/2015/01/15/ciencia/1421350424_207362.html. Acesso em: 4 abr. 2019.
Vídeo
6.5 Survey
A pesquisa survey é uma técnica dentro da abordagem quantitativa, por-
tanto, tem a preocupação de produzir resultados quantificáveis da investigação
realizada. Pretende obter dados e informações sobre um determinado grupo in-
vestigado, descrevendo as características, as opiniões e as ações (FREITAS et al.,
58 Métodos e técnicas de pesquisa
Observe que, para aplicar essa técnica, é preciso estar muito atento aos detalhes do
fenômeno investigado, pois qualquer informação pode ser relevante para a sua compreensão.
Por conta disso, o emprego do estudo de caso, e de qualquer outra técnica de pesquisa, precisa
ser feito com presteza e responsabilidade.
Para conhecer mais sobre a aplicação da técnica de estudo de caso, consul-
te o artigo Ideologia e discursos nas organizações de economia capitalista, de Édna Regina
Cicmanec. Disponível em: https://servicos2.up.edu.br/AplPublicacoes/Arquivos/
DISSERTA%C3%87%C3%83O_%20%C3%89DNA_%20REGINA_%20CICMANEC.pdf.
Acesso em: 5 abr. 2019.
Procedimentos de pesquisa 59
Considerações finais
Ser conhecedor do funcionamento de pesquisas é uma competência importante,
pois você saberá identificar fontes confiáveis para obter informações, além de aumen-
tar sua capacidade crítica. A pesquisa por si só demonstra a necessidade de superar a
primeira aparência e procurar o que está por trás, ampliando sua compreensão sobre a
realidade.
Atualmente, nossa sociedade anseia por profissionais que saibam lidar com a in-
constância e a imprevisibilidade. Para estar preparado para esse tipo de ambiente, nada
melhor que se fundamentar em pesquisas ou realizá-las, para ter direcionamentos com
maiores chances de sucesso.
1 Positivista refere-se ao fundador do Positivismo, Auguste Comte (1798-1857), que trabalhou no de-
senvolvimento da sociologia, empregando os princípios das ciências naturais. Seu pressuposto era tornar
as ciências sociais tão estruturadas e objetivas quanto as naturais, entretanto fixou-se na prerrogativa de
que somente com dados a ciência seria legítima, abandonando qualquer outro aspecto subjetivo na análise
de uma realidade social.
60 Métodos e técnicas de pesquisa
Atividades
1. Se você fosse realizar uma pesquisa descritiva (classificação por objetivo), qual(is) técnica(s)
você utilizaria?
3. Como você pode explicar a seguinte afirmação: “A investigação quantitativa [...] deve ser
utilizada para abarcar, do ponto de vista social, grandes aglomerados de dados, de conjuntos
demográficos, por exemplo, classificando-os e tornando-os inteligíveis por meio de variá-
veis.” (MINAYO, M. C.; SANCHES, O., 1993)?
Referências
ANSEDE, Manuel. National Aeronautics and Space Administration – Nasa. El País. Disponível em: https://
brasil.elpais.com/brasil/2015/01/15/ciencia/1421350424_207362.html. Acesso em: 22 mar. 2019.
COSTA, Eugênio P.; POLITANO, Paulo R.; PEREIRA, Néocles A. Exemplo de aplicação do método de pes-
quisa-ação para a solução de um problema de sistema de informação em uma empresa produtora de cana-
-de-açúcar. Gestão&Produção, p. 895-905, 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/gp/2014nahead/
aop_gp060811.pdf. Acesso em: 22 mar. 2019.
DRESCH, Aline; LACERDA, Daniel Pacheco; ANTUNES JÚNIOR, José Antonio V. Design science research:
método de pesquisa para avanço da ciência e tecnologia. Porto Alegre: Bookman, 2015.
Procedimentos de pesquisa 61
FREITAS, Henrique et al. O método de pesquisa survey. Revista de Administração. São Paulo, v. 35, n. 3,
p. 105-112, jul./set. 2000. Disponível em: http://www.utfpr.edu.br/curitiba/estrutura-universitaria/diretorias/dir-
ppg/especializacoes/pos-graduacao-dagee/lean-manufacturing/PesquisaSurvey012.pdf. Acesso em: 22 mar. 2019.
GOLDENBERG, Miriam. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. Rio de
Janeiro: Record, 2002.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. São
Paulo: Atlas, 2019.
PIANA, Maria Cristina. A construção da pesquisa documental: avanços e desafios na atuação do serviço social
no campo educacional. São Paulo: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2009. Disponível
em: http://books.scielo.org/id/vwc8g/pdf/piana-9788579830389-05.pdf. Acesso em: 22 mar. 2019.
ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de estágio e de pesquisa em administração. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2004.
VILLEMOR, Anna Elisa et al. Serviços de psicologia em clínicas-escola: revisão de literatura. Boletim de
Psicologia, v. 62, n. 136, p. 37-52, 2012. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0006-59432012000100005. Acesso em: 22 mar. 2019.
YIN, Robert K. Pesquisa qualitativa do início ao fim. Porto Alegre: Penso, 2016.
7
Amostragem e fonte de dados
Para exemplificar uma situação em que dados primários são mais adequados, considere um
estudo no qual os pesquisadores querem investigar as experiências dos trabalhadores ao retorna-
rem ao trabalho depois de um período de afastamento motivado por alguma lesão relacionada à
sua atividade ocupacional. Como coleta de dados, os pesquisadores poderiam realizar entrevistas
com esses trabalhadores por telefone/vídeo/pessoalmente e questioná-los em relação ao tempo em
que estiveram de licença, sobre suas experiências com o processo de retorno etc. As respostas dos
trabalhadores, consideradas como dados primários, proverão aos pesquisadores informações mais
precisas em relação ao processo de retorno ao trabalho, que dificilmente seriam encontradas por
meio de documentos e dados do setor de Recursos Humanos e outros relacionados.
Como exemplo de uso dos dados secundários, considere uma pesquisa em que se pretende
investigar com que frequência o público masculino de uma determinada cidade realiza consultas
preventivas da especialidade X. Não é necessário refazer a contagem de indivíduos masculinos da
população local. Basta acessar estudos do município (site do governo municipal) ou do IBGE e ex-
trair a informação. A quantidade de indivíduos do sexo masculino da cidade é um dado secundário
nesse estudo.
Ao investir na compreensão das principais justificativas oferecidas por motoristas do sexo
feminino que cometem infrações de trânsito e que solicitam o cancelamento de multas no Brasil,
os dados registrados no auto das infrações e o registro dos veículos formam a base de dados secun-
dários que subsidiarão a construção dessa pesquisa.
Pesquisadores podem inclusive examinar dados secundários em conjunto com as informa-
ções provenientes dos seus dados primários. Voltando ao trabalho sobre as experiências dos tra-
balhadores que retornam de licença, poderíamos levantar dados para determinar o tempo que os
trabalhadores demoram para receber o salário no período de afastamento. Com a combinação
dessas duas fontes de dados, os pesquisadores poderiam determinar quais fatores predizem um
menor tempo de ausência entre os trabalhadores afastados.
Dados que posteriormente serão convertidos em informações pelo pesquisador podem ser
coletados a partir de diferentes técnicas de coleta (tratados nos capítulos seguintes). Optar por
dados primários ou secundários não significa optar pelo melhor ou pelo pior. Somente produzirão
resultados diferentes e demandarão esforços também diferentes. No Quadro 1, é possível verificar
algumas comparações.
Quadro 1 – Comparação de dados primários e dados secundários
coletadas para propósitos específicos de seu estudo. As questões que os pesquisadores submetem
aos seus respondentes são elaboradas justamente para levantar dados que vão ajudá-los com seu
estudo. Geralmente, os pesquisadores coletam eles próprios os dados, utilizando para isso questio-
nários, entrevistas e observações. Já os dados secundários foram coletados para fins diversos da-
queles do problema em estudo, portanto sua utilidade para a solução do problema atual é limitada.
Adicionalmente, os dados secundários podem não ser exatos, não estar completamente atualizados
ou não ser totalmente confiáveis.
O tipo de dados a serem escolhidos depende de muitas coisas, incluindo a questão de pes-
quisa, seu orçamento, suas habilidades e recursos disponíveis. Com base nesses e em outros fatores,
podemos escolher utilizar dados primários, secundários ou ambos.
7.3 Amostragem
Vídeo
Imagine, por exemplo, um experimento para testar os efeitos de uma nova
metodologia educacional para o ensino fundamental brasileiro. Seria impossível
selecionar todos os alunos em idade escolar no país. Portanto, a solução seria divi-
dir essa população em grupos para, então, realizar a pesquisa.
A população-alvo de uma pesquisa consiste naquelas pessoas/empresas/
entidades que apresentam as características do tema que você pretende estudar.
Entretanto, muitas vezes é impraticável e indesejável estudar a população como um
66 Métodos e técnicas de pesquisa
todo. Por isso, tomam-se grupos menores, amostras, que possibilitem a coleta de dados. A Figura
1 representa a amostragem de uma população em determinado contexto.
Figura 1 – Ilustração amostragem
Amostra
Gil (2012), Sampieri et al. (2006) e Malhotra (2012) listam alguns conceitos básicos para o
entendimento da amostragem. Veja a seguir e na Figura 2 quais são eles.
a. Universo ou população: conjunto definido de elementos que possuem determinadas ca-
racterísticas ou que concordam com uma série de especificações.
b. Amostra: subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou
se estimam as características desse universo ou população.
c. Unidade de análise: unidade de resposta a ser considerada em uma pesquisa. Exemplo:
consumidor, gestor etc.
Figura 2 – Uma classificação das técnicas de amostragem
Técnicas de
Amostragem
Não-probabilística
Probabilística
Conglomerado
Simples Sistemática Estratificada
ou Cluster
Amostragem probabilística
Corresponde a um subgrupo da população no qual todos os elementos possuem a mesma
possibilidade de serem escolhidos:
• é representativa;
• permite generalização;
Amostragem e fonte de dados 67
N
i=
n
3. Probabilística com amostragem estratificada – deve-se dividir a população em subpopu-
lações ou estratos e posteriormente escolher os elementos de cada estrato por um processo
aleatório. Os elementos dentro de um estrato devem ser tão homogêneos quanto possível,
mas os elementos em estratos diferentes devem ser os mais heterogêneos possíveis.
4. Probabilística com amostragem por cluster – divide-se primeiro a população-alvo em
subpopulações mutuamente excludentes e coletivamente exaustivas, ou clusters (conglo-
merados). Os elementos dentro de um cluster devem ser tão heterogêneos quanto possí-
vel, mas os clusters em si devem ser tão homogêneos quanto possível.
5. Outros tipos de amostragem probabilística – amostragem sequencial, em que os elemen-
tos da população são selecionados sequencialmente; amostragem dupla, também cha-
mada de amostragem de duas fases, quando certos elementos da população são extraídos
duas vezes.
2. Não probabilística com amostragem por julgamento – forma de amostragem por con-
veniência em que os elementos da população são selecionados com base no julgamento
do pesquisador. Este escolhe os elementos a serem incluídos na amostra por considerá-los
representativos da população de interesse por algum outro motivo.
3. Não probabilística com amostragem por quotas – o pesquisador relaciona característi-
cas relevantes de controle e determina a distribuição dessas características na população-
-alvo. Exemplo: características relevantes de controle, tais como sexo, idade e raça.
4. Não probabilística com amostragem bola de neve: escolhe-se um grupo inicial
de entrevistados geralmente de forma aleatória. Após serem entrevistados, solicita-se que
identifiquem outros que pertençam à população-alvo. Os entrevistados subsequentes são
selecionados com base nessas referências.
Qualquer que seja o tipo de amostragem escolhido, é importante considerar também o grau
de acessibilidade que a pesquisa vai exigir. De nada adianta sugerir amostragem não probabilística
para assuntos pouco conhecidos ou divulgados. Primeiro, entenda seu público, sua população-alvo,
depois decida quanto à melhor forma de amostrar.
(2012) para pesquisas de marketing. Os tamanhos de amostras apresentados foram determinados com
base na experiência e servem como diretrizes ao se utilizarem técnicas amostrais não probabilísticas.
Quadro 2 – Tamanhos de amostra utilizados em pesquisas de marketing
Nível de confiança
ZC
(mais comuns)
90% 1,65
95% 1,96
99% 2,58
Quando não se souber o valor do desvio-padrão, utiliza-se como valor default σ = 0,5.
Exemplo de cálculo – pesquisa de intenção de votos:
População brasileira: aproximadamente 150 milhões de eleitores (como é uma quantidade
muito elevada, pode-se utilizar diretamente fórmula para população infinita).
70 Métodos e técnicas de pesquisa
Z c2 2 1,96 2 * 0 , 5 2
n = 1067
E2 0 ,03 2
Portanto, para uma pesquisa de intenção de votos, é possível inferir com 95% de
confiança que se 1067 eleitores foram questionados sobre em quem vão votar, teremos um
resultado bastante próximo para cada candidato, com margem de erro de 3 pontos percen-
tuais para cima ou para baixo.
Vídeo
7.5 Saturação teórica em pesquisas qualitativas
Em pesquisas qualitativas, por exemplo quando decidimos entrevistar pessoas ou le-
vantar documentos, como determinar a quantidade de entrevistas ou documentos que assegu-
re a qualidade da pesquisa? Aqui não se aplicam as expressões matemáticas para determinação
de amostra, conforme apresentado no item anterior. Nesses casos, utiliza-se o denominado
critério ou ponto de saturação para definir quando parar.
A saturação é o instrumento que determina quando as observações deixam de ser ne-
cessárias, pois nenhum novo elemento permite ampliar o número de propriedades do objeto
investigado (THIRY-CHERQUES, 2009). Conforme demonstrado na Figura 3, é o ponto em
que a inclinação (d) da curva de saturação de novas respostas e de acréscimo de propriedades
se mantém constante.
Figura 3 – Curva de saturação
Número acumulado de novas respostas
Ponto de
saturação
Número de entrevistas
Considerações finais
Conforme verificamos neste capítulo, a determinação de fontes de dados e amostras popu-
lacionais adequadas é fundamental para o desenvolvimento e a conclusão de estudos científicos
confiáveis. A seleção adequada desses elementos de pesquisa pode, além de atribuir qualidade ao
estudo gerado, evitar vieses e distorções causadas por amostras mal definidas e fontes inadequadas.
Atividades
1. Leia o texto Com incêndio em museu, Brasil tem sua maior perda histórica e científica, refe-
rente ao incêndio no Museu Nacional em 2018. Disponível em: https://folha.com/93gt6b2c.
Quais são os tipos de dados de perdidos? Por que essa perda é tão impactante para a ciência?
2. Com as fórmulas para cálculo do tamanho amostral, calcule o número de pessoas que de-
vem ser consultadas quanto à abertura de uma nova academia na região central de Curitiba.
Os empreendedores querem pelo menos 90% de grau de confiança e margem de erro máxi-
72 Métodos e técnicas de pesquisa
ma de 5%. Considere população de 150.000 pessoas maior de 20 anos que habita na região
central. Desvio-padrão = 0,5.
3. Que tipos de documentos podem ser usados como fontes de dados em uma pesquisa científica?
Referências
GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 6. ed. Porto Alegre: Bookman,
2012.
SAMPIERI, Roberto Hernández; COLLADO, Carlos Fernández; LUCIO, Pilar Baptista. Metodologia da pes‑
quisa. São Paulo: Mc Graw-Hill Interamericana Brasil, 2006.
o pesquisador torna-se o próprio instrumento, pois, além de anotações, ele terá os seus
cinco sentidos para ajudá-lo a medir e avaliar informações de campo. Além disso, exerce
com frequência seu próprio arbítrio ao decidir o que registrar.
• As entrevistas podem ser face a face, por telefone ou em grupo (focus group), com seis
a oito entrevistados em cada grupo. As questões utilizadas nas entrevistas em grupo são
não estruturadas e em geral abertas, em pequeno número, com a finalidade de inspirar
opiniões e conjecturas dos participantes.
Como instrumento, os pesquisadores utilizam um protocolo de entrevista para formu-
lar perguntas e registrar as respostas durante uma entrevista qualitativa. O registro da
entrevista pode ser manuscrito, gravado em áudio e até em vídeo. De qualquer forma,
o entrevistado deve ser informado sobre a forma de registro e estar seguro de que essas
informações somente serão utilizadas para a pesquisa. Trata-se de uma questão ética.
Segundo Marconi e Lakatos (2018), as entrevistas podem ser estruturadas ou padroni-
zadas, não estruturadas ou despadronizadas ou ainda constituir um painel. Nas estrutu-
radas, o entrevistador segue o roteiro à risca. Esse tipo de entrevista permite obter dos
entrevistados respostas às mesmas perguntas, propiciando melhor comparação. Na entre-
vista não estruturada, o entrevistador tem liberdade para alterar o roteiro preestabelecido
a fim de explorar mais amplamente uma determinada questão. A entrevista assemelha-se
a uma conversa. A função do entrevistador é de incentivo, levando o entrevistado a falar
sobre certo assunto, sem, entretanto, forçá-lo a responder. Já o formato denominado pai-
nel se trata da repetição de perguntas às mesmas pessoas a fim de comparar opiniões e
contribuições dos participantes.
Yin (2016) sugere que as entrevistas para a pesquisa qualitativa devem ser o menos es-
truturadas possível para que a comunicação torne-se natural e que de fato se tenha uma
conversa, e não um interrogatório. Para tanto, recomenda-se que o pesquisador fale mo-
deradamente, evite fazer múltiplas perguntas embutidas na mesma frase ou então fazer
uma pergunta atrás da outra sem dar ao entrevistado a chance de responder à pergunta
anterior. Quanto ao número de perguntas no roteiro, Yin salienta que deve ser o suficiente
para manter uma conversa fluida e, além disso, é preciso demonstrar interesse nas respos-
tas e tornar o processo semelhante a uma conversa natural.
• A coleta de documentos pode envolver documentos públicos (por exemplo, jornais, mi-
nutas de reuniões, relatórios oficiais) ou documentos privados (como diários pessoais,
cartas, emails). Creswell (2010) ainda menciona os materiais audiovisuais, cujos dados
podem assumir a forma de fotografias, objetos de arte, videoteipes ou quaisquer formatos
de som.
Segundo Marconi e Lakatos (2018, p. 54), “a característica da pesquisa documental é que
a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que
se denomina de fontes primárias”.
Para esses materiais, os registros são feitos por meio das anotações do pesquisador, com
ênfase novamente na captura das palavras e das frases exatas no material escrito. Atente
Instrumentos de coleta e análise de dados 75
somente para citar as fontes apropriadamente e não ser acusado de plagiar a propriedade
intelectual. As notas devem ser o mais completas possível, contendo também os detalhes
de que você necessita para citá-lo – por exemplo, as datas específicas, os nomes formais
e os títulos organizacionais associados necessários para citar o documento formalmente
(YIN, 2016).
Em qualquer forma de pesquisa empírica, é importante triangular evidências de múltiplas
fontes. Segundo Yin (2016), a ideia, anteriormente introduzida como um modo impor-
tante de reforçar a validade de um estudo, é determinar se dados de uma ou mais fontes
convergem ou levam ao mesmo resultado. Quanto mais você puder demonstrar tal con-
vergência, especialmente sobre resultados-chave, mais fortes serão suas evidências. O uso
da palavra triangulação aponta para a situação ideal em que as evidências de três fontes
divergentes convergem. Observe a Figura 1 a seguir.
Figura 1 – Triangulação dos dados
Observação
Informação
Documentos Entrevistas
Quanto mais fontes, métodos e interpretações forem acrescentadas ao estudo, mais credibi-
lidade ele terá. Segundo Yardley (2008), o termo triangulação advém da navegação, pois se utilizam
três pontos de referência diferentes para calcular a localização precisa de um objeto. Da mesma
forma, utilizam-se três pontos de referência diferentes para verificar ou corroborar um determi-
nado fato.
Não só fontes diferentes, como tipos de fontes diferentes possibilitam uma avaliação mais
precisa. Portanto, conforme exemplifica Yin (2016, p. 96),
[...] se você visse um evento com seus próprios olhos (uma observação direta),
e ele lhe fosse relatado por outra pessoa que o presenciou (um relato verbal) – e
ele fosse descrito de maneira semelhante em um relato posterior escrito por
uma terceira pessoa (um documento) – você teria considerável confiança em
seu relato daquele evento.
Vídeo
8.2 Instrumentos para coleta de dados quantitativos
Neste capítulo, vamos estudar somente o questionário como instrumento para coleta de
dados quantitativos, por ser de fato o mais comumente empregado para esse fim. A título de
informação, são também utilizados formulários, que nada mais são do que questionários res-
pondidos pelo próprio entrevistador/pesquisador, face a face com o entrevistado. As etapas de
elaboração são exatamente as mesmas.
Malhotra (2012) define questionário como um conjunto formal de perguntas com o ob-
jetivo de obter informações dos entrevistados/respondentes.
A elaboração de um bom questionário de pesquisa é uma arte. Além de ser compreensí-
vel e de fácil preenchimento pelos respondentes, deve também conter as informações necessá-
rias para se responder à pergunta de pesquisa.
A elaboração de perguntas que os entrevistados consigam responder, proporcionando
as informações desejadas, é uma tarefa difícil e, por vezes, bastante desafiadora. Além disso, o
questionário deve sempre minimizar o erro de resposta, ao evitar que os entrevistados deem
respostas imprecisas ou incorretas advindas de dificuldades de interpretação ou ambiguidades.
Para elaborar um bom questionário, Malhotra (2012, p. 243) recomenda algumas etapas:
1. Especificação das informações necessárias: rever escopo, objetivos e hipóteses de pes-
quisa. Definir população-alvo de respondentes.
2. Especificação do tipo de método de entrevista: se o questionário será respondido face
a face ou por telefone com o respondente ou se será autoaplicado, ou seja, o respon-
dente responde sozinho ao questionário enviado por e-mail ou correio.
3. Determinação do conteúdo de perguntas individuais: consiste em verificar o que deve
conter cada pergunta. Por exemplo: Esta pergunta é realmente necessária? A pergunta
está clara? Quais serão as possíveis respostas a esta pergunta? Como estas respostas,
neste formato, contribuirão de maneira eficaz para meu objetivo da pesquisa?
4. Planejamento das perguntas de forma a torná-las “atrativas” e interessantes. Malhotra
(2012) salienta que há pessoas que têm muita dificuldade em dar as informações de-
sejadas, seja por falta de informação, esquecimento ou simplesmente por não estar
disposto a responder. O autor sugere questões “filtro”, tais como: Você se interessa
por pesca esportiva? Dessa forma, há apenas duas possibilidades (sim ou não) como
resposta. Assim, caso o entrevistado realmente não tenha interesse no assunto, pro-
vavelmente não contribuirá para sua pesquisa, e você também já o dispensa de gastar
seu tempo.
5. Decisão quanto à estrutura da pergunta: as perguntas podem ser estruturadas ou não
estruturadas. As não estruturadas são perguntas abertas a que o entrevistado respon-
de com suas próprias palavras, por exemplo: O que você acha da nova logomarca da
empresa Beta? Já as estruturadas especificam o conjunto de respostas alternativas e o
Instrumentos de coleta e análise de dados 77
formato da resposta. Exemplo: Você pretende comprar um carro novo nos próximos seis
meses? Responda de 1 (certamente não comprarei) a 5 (certamente comprarei).
6. Determinação do enunciado da pergunta: é a tradução do conteúdo e da estrutura da
pergunta em palavras, de forma que os entrevistados possam compreendê-la facilmente.
7. Organização das perguntas em ordem adequada: a separação entre “blocos” de informa-
ção pode ajudar o respondente a se localizar durante o preenchimento do questionário. A
sequência de perguntas também contribui para assegurar a fluidez de resposta.
8. Identificação do formato e layout do questionário: o formato, o espaçamento e o posicio-
namento das perguntas podem ter um efeito significativo sobre os resultados. Da mesma
forma, o modo de condução favorece o correto preenchimento. Sugere-se elaborar um
pequeno fluxo de como será encaminhado o questionário quando houver algumas per-
guntas-chave (exemplo: resposta “sim” segue um determinado caminho; resposta “não”
segue outro).
9. Reprodução do questionário: se será em papel ou via link, é importante verificar se todas
as questões estão legíveis e completas (por exemplo, perguntas numa página, escalas em
outra).
10. Realizar um pré-teste do questionário: uma das etapas mais importantes na pesquisa
quantitativa é a realização de um pré-teste com o questionário elaborado. Seu objetivo é
identificar e eliminar problemas potenciais. Todos os aspectos do questionário precisam
ser testados, do conteúdo da pergunta ao layout. “Os entrevistados no pré-teste devem ser
semelhantes aos entrevistados da pesquisa real em termos de características fundamen-
tais, familiaridade com o assunto e atitudes e comportamentos de interesse.” (Malhotra,
2012, p. 243).
Cultura organizacional 1
Motivação no trabalho 1
Cognição no trabalho 3
Contratos psicológicos 3
Afeto no trabalho 6
0 2 4 6 8 10
Vídeo
8.5 Articulação entre os resultados e a teoria
A análise dos resultados engloba a comparação entre o que vimos na teoria e o
que encontramos empiricamente. Por vezes, os resultados confirmam a teoria existente,
mas ocorre, e não raro, de encontrarmos contextos, situações que desviam totalmente
o resultado do esperado. Nesses casos, é preciso explicar o que houve da maneira mais
detalhada possível.
É importante salientar que a fundamentação teórica feita no início do trabalho
não deve ser esquecida. A verificação da teoria em diferentes contextos segue exatamen-
te o princípio da testagem, defendido por Popper (1975), que prega que as teorias devem
ser continuamente submetidas à testagem a fim de verificar se estas mantêm-se verda-
deiras em quaisquer condições. Para o filósofo, a partir do momento em que se falseia
uma teoria, gera-se progresso da ciência, pois ela será substituída por uma teoria melhor
e mais adequada à realidade. Portanto, a teoria não é estática, deve ser continuamente
testada e, eventualmente, gerar nova teoria.
As hipóteses orientam a pesquisa; a pesquisa, por sua vez, leva à descoberta de
novas teorias (por meio da corroboração ou da refutação das hipóteses). Novas teorias
levam a novas hipóteses e assim se forma o ciclo.
A seguir veja os Quadros 1 e 2 que resumem os instrumentos e as técnicas utiliza-
dos e respectivos tipos de dados.
80 Métodos e técnicas de pesquisa
Dados de questionário que podem ser com uso de escalas (ex. Likert) ou inser-
Survey
ções numéricas diretas (ex. idade, sexo etc)
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Revisão sistemática de literatura Livros e artigos de periódicos científicos, artigos em anais, conferências.
Dados numéricos, que podem ser dados secundários, dados inseridos no questio-
Análises estatísticas
nário diretamente ou provenientes de escalas.
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Considerações finais
Conforme verificamos neste capítulo, há técnicas específicas para a coleta e a análise dos
dados qualitativos e quantitativos. Como há um número bastante grande de técnicas, concentra-
mo-nos nas mais utilizadas.
Para um trabalho teórico-empírico que deve constituir a maioria dos trabalhos de conclusão
de curso, esta é uma etapa crucial para legitimar a pesquisa feita. Mesmo se os resultados não forem
positivos ou conforme o que você esperava, isso não deve ocorrer devido às técnicas utilizadas,
mas sim ao contexto desfavorável ou a outras limitações de pesquisa comuns.
Não pule etapas! Não é essa parte do trabalho que deve ser resumida ou negligenciada. Aliás,
nenhuma parte deve ser, mas esta, principalmente!
A seguir, mostramos um esquema na Figura 3, com a visão geral das técnicas abordadas
neste capítulo. Aproveite-o para planejar e organizar suas pesquisas.
Instrumentos de coleta e análise de dados 81
Roteiro de
Entrevistas
entrevistas
Levantamento Anotações /
de documentos Fichas
Pesquisa
qualitativa
Análise de Codificação softwares
conteúdo (QDAS)
Análise de dados
qualitativos
Revisão Sistemática Sociograma /
Técnicas de
de Literatura bibliometria
pesquisa
Atividades
1. Dos projetos a seguir, defina para cada um o universo (população) a ser pesquisado, o ins-
trumento de pesquisa e o tipo de amostragem mais adequado.
a) Projeto de pesquisa sobre a opinião dos professores e alunos de literatura acerca dos
e-books.
b) Projeto de pesquisa sobre a idade média e o perfil socioeconômico dos eleitores brasileiros.
c) Projeto de pesquisa sobre o ajustamento de ex-presidiários ao mercado de trabalho.
Referências
ABELA, Jaime A. Las técnicas de análisis de contenido: una revisión actualizada. Documento de trabalho
da Fundación Centro de Estudios Andaluces, Sevilla, 2002. Disponível em: http://www.albertomayol.cl/
wp-content/uploads/2014/08/Andreu-Analisis-de-contenido.pdf. Acesso em: 25 mar. 2019.
CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
DA SILVA, Stéfano J. T.; TERENCE, Ana Cláudia Fernandes; ESCRIVÃO FILHO, Edmundo. Planejamento
estratégico e operacional na pequena empresa: um estudo sobre sua influência no desempenho dos empreen-
dimentos do setor de base tecnológica de São Carlos. Iniciação científica e tecnológica: o jovem pesquisador
em ação, USP – São Carlos, 2008.
GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
HOFFMAN, Jan. Vacina contra sarampo não causa autismo, reafirma novo estudo com Big Data. Folha de
S.Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/03/vacina-contra-sarampo
-nao-causa-autismo-reafirma-novo-estudo-com-big-data.shtml. Acesso em: 27 mar. 2019.
MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 6. ed. Porto Alegre: Bookman,
2012.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
POPPER, Karl. Conhecimento objetivo: uma abordagem evolucionária. São Paulo: Editora da Universidade
de São Paulo,1975.
YARDLEY, Lucy. Demonstrating validity in qualitative psychology. Qualitative psychology: a practical guide
to research methods, v. 2, p. 235-251, 2008.
YIN, Robert K. Pesquisa qualitativa do início ao fim. Porto Alegre: Penso, 2016.
9
Elaboração de relatórios e conclusões
Enfim chegamos ao momento de preparar o produto final após tantas pesquisas, estudos e
análises. Neste capítulo, estudaremos os padrões existentes para compor um trabalho científico,
que servirão como instrumento de divulgação do seu estudo.
Aproveite cada item, pois são informações relevantes para o seu desenvolvimento acadêmi-
co e profissional.
Na linguagem científica, há padrões como em qualquer outra forma de expressão. Para que
o material seja reconhecido pela comunidade acadêmica, é necessário que ele apresente uma es-
trutura, um formato e siga regras de publicação. Nossa abordagem visa esclarecer alguns detalhes
acerca desses procedimentos, oferecendo condições para buscar informações complementares em
outras fontes.
Observe que os tópicos primordiais em um relatório de pesquisa são: resumo, sumário, in-
trodução, referencial teórico, metodologia, resultados, conclusões, referências bibliográficas.
Entretanto, há elementos que podem ser acrescentados, conforme a necessidade, como: agradeci-
mentos, lista de símbolos e abreviaturas, lista de ilustrações, apêndices e anexos.
Outra forma de se referir aos elementos que compõem a estrutura do relatório de pesquisa
é dividi-los em elementos pré-textuais, elementos textuais e elementos pós-textuais. Observe o
Quadro 2.
Quadro 2 – Elementos obrigatórios e opcionais do relatório de pesquisa
Elementos pré-textuais
Obrigatório Opcional
Folha de rosto X
Agradecimentos X
Lista de ilustrações X
Sumário X
Elementos textuais
Introdução X
Desenvolvimento X
Conclusão X
Elementos pós-textuais
Referências X
Apêndices X
Anexos X
RESUMO
O texto do resumo deve ter de 200 a 250 palavras. Deve conter a apre-
sentação do tema, o problema ou objetivo geral da pesquisa, a metodo-
logia e os principais resultados. Deve ser redigido em parágrafo único,
fonte 10 e espaçamento simples entre linhas. Resumo resumo resumo
resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo.
Palavras-chave: Palavra 1. Palavra 2. Palavra 3.
Observe a Figura 1 a seguir, que apresenta um recorte do artigo Uso da IoT, Big Data e
Inteligência Artificial nas capacidades dinâmicas, de autoria de Mendonça, Andrade e Souza Neto
(2018).
Figura 1: Exemplo de resumo de um artigo científico
Resumo
O objetivo do artigo foi descrever a utilização e importância de ele-
mentos da transformação digital (IoT, Big Data e Inteligência Artificial)
como apoio aos processos das capacidades dinâmicas em organizações
de uma capital brasileira. A pesquisa caracterizou-se como explorató-
ria e descritiva, com abordagem quantitativa. Foram selecionados 53
questionários de gestores de negócios e TI. Foi identificado que, na per-
cepção de gestores de negócio e de TI, os elementos da transformação
digital, mesmo com a utilização relativamente baixa, principalmente
da IoT e IA, e como melhor destaque para Big Data, são avaliadas com
importância, seja nos dias atuais, bem como, na perspectiva até 2025,
nos processos que envolvem as capacidades dinâmicas de analisar o am-
biente (Sensing), aproveitar as oportunidades (Seizing) e gerir ameaças
e transformações (Managing Threats/Transforming). Com maior desta-
que do Big Data nos processos da capacidade dinâmica de aproveitar as
oportunidades.
Palavras-chave: Transformação Digital. Capacidades Dinâmicas.
Internet das coisas. Big Data. Inteligência Artificial.
Na sequência, você deve traduzir o resumo para uma língua estrangeira, em geral o inglês;
ainda podem ser usados o francês, o espanhol ou o italiano. Confira como foi feito para o artigo de
Mendonça; Andrade e Souza (2018), conforme mostra a Figura 2:
Figura 2: Exemplo de abstract de um artigo científico
Abstract
The objective of the article was to describe the use and importance of ele-
ments of digital transformation (IoT, Big Data and Artificial Intelligence)
as support for processes of dynamic capabilities in organizations of a
Brazilian capital. A research is characterized as exploratory and des-
criptive, with a quantitative approach. 53 questionnaires were selected
from business managers and IT managers. It has been identified that
in the perception of business and IT managers the elements of digital
transformation, even with relatively low information, mainly from IoT
and IA, with a better focus on Big Data, are evaluated with importance,
both nowadays, as well as in practice, up to 2025, in processes involving
the dynamic capabilities of analyzing the environment (Sensing), seizing
opportunities and managing as threats and transformations (Managing
Threats / Transforming). With greater emphasis on Big Data in the pro-
cesses of the dynamic ability to seize as opportunities.
Keywords: Digital Transformation. Dynamic Capabilities. Internet of
Things. Big Data. Artificial Intelligence.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
2.2 SUBSISTEMAS DE RECURSOS HUMANOS
2.2.1 Recrutamento e seleção
2.2.2 Análise e descrição de cargo
2.2.3 Treinamento
Elaboração de relatórios e conclusões 87
Nas referências bibliográficas você inclui os livros, artigos científicos e demais materiais
utilizados durante a elaboração do seu relatório de pesquisa. Veja alguns modelos:
Se você observar com atenção, o sobrenome do autor fica em maiúscula, e o nome, não; o
título do livro fica em negrito, depois vêm, na ordem apresentada, as demais informações, como
edição, cidade, editora, ano e páginas.
Além dessas, devemos considerar algumas normas gerais de formatação que visam assegu-
rar um padrão de apresentação dos trabalhos científicos. Aspectos gerais estão apresentados no
Quadro 3:
88 Métodos e técnicas de pesquisa
Folha: A4 (210 x 297 mm). A ABNT já permite a impressão frente e verso, caso você queira.
Margens frente: esquerda e inferior com 3 cm, superior e direita com 2 cm.
Margens verso: esquerda e inferior com 2 cm, superior e direita com 3 cm.
Considere sempre os direcionamentos da instituição quanto às normas. Caso não haja ins-
truções da instituição, siga o padrão ABNT ou APA – os mais utilizados no Brasil.
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9.3 Cronograma de pesquisa
Assuntos mais administrativos e burocráticos de uma pesquisa também são respon-
sabilidade do pesquisador. Muitas vezes, o sucesso de um trabalho científico está na orga-
nização e no planejamento do tempo e do dinheiro. Portanto, vale a pena investir atenção
no cronograma de sua pesquisa, a fim de pontuar as etapas e o tempo destinado a elas. Gil
(2002) apresenta uma proposta de cronograma demonstrada no Quadro 4.
Quadro 4 – Modelo de cronograma de projeto
Semanas/meses
Etapas
1 2 3 4 5 6 7 8
3 Elaboração do questionário X
4 Pré-teste do questionário X
5 Seleção da amostra X
(Continua)
Elaboração de relatórios e conclusões 89
Semanas/meses
Etapas
1 2 3 4 5 6 7 8
9 Coleta de dados X
11 Redação do relatório X X
Os custos que devem ser elencados são aqueles que se referem aos gastos com mate-
riais e pessoas. Você pode construir uma tabela, com os itens do lado esquerdo e o valor do
lado direito, apresentando os valores individuais e a soma total.
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9.5 Artigo científico
Em um artigo científico se apresentam pesquisas realizadas com os diferentes mé-
todos e técnicas. Ele é mais conciso que um livro e pode ser publicado isoladamente em
revistas e periódicos.
90 Métodos e técnicas de pesquisa
No âmbito acadêmico, é muito comum o uso de artigos científicos para expor ideias, afinal é
um ambiente em que a busca pelo conhecimento científico impera. Assim, o artigo científico tanto
pode ser utilizado como meio de obter informações e dados quanto como forma de apresentar o
produto de alguma pesquisa.
A estrutura de um artigo científico tem basicamente os mesmos elementos que um relatório
de pesquisa, porém o artigo é mais enxuto, mantendo como informações primordiais a introdução,
o desenvolvimento e a conclusão. A variação que ocorre nos artigos científicos está nas padroni-
zações estipuladas pelas universidades ou pelos órgãos de publicação. É interessante ficar atento
ao padrão da instituição para a qual você elaborará o artigo, para utilizar o formato adequado. De
acordo com Silva et al. (2012), temos os seguintes tópicos:
• Pré-textuais: são aqueles elementos que antecedem o corpo do artigo científico.
• Título e subtítulo (quando for o caso): deve ser claro e representar o tema do artigo.
• Autor(es): incluir o nome completo dos autores e indicar um breve currículo como
nota de rodapé.
• Resumo e palavras-chave na língua do texto: que contenha as informações principais
do artigo, como objetivos, metodologia, resultados e conclusões.
• Resumo e palavras-chave em língua estrangeira.
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9.6 Publicação científica
Vimos anteriormente componentes relevantes para a produção científica, como es-
trutura de relatórios de pesquisa e de artigos científicos, bem como aspectos de formatação.
Porém, esse processo culmina com a publicação do produto oriundo da pesquisa.
Para que você tenha um artigo publicado, primeiro precisa fazer uma seleção dos pe-
riódicos na área do seu tema de estudo e verificar os pré-requisitos para a publicação. Existe
uma classificação dos periódicos de publicação estabelecida pela Capes (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), denominado Qualis, um sistema para clas-
sificar a produção científica. Essa classificação se inicia em A1 (a mais alta), passando por
A2, B1, B2, B3, B4, B5, e terminando em C (com peso zero). Quando você escolhe uma re-
vista para publicar, é importante verificar essa classificação: quanto maior, mais demonstra
que você está publicando em uma revista que tem alta qualidade científica1.
Existem diferentes plataformas que auxiliam nesse processo de publicação, orientan-
do sobre as regras específicas de cada uma delas. A Capes sugere alguns endereços eletrôni-
cos de algumas bases indexadoras de periódicos:
• MEDLINE: https://www.nlm.nih.gov/bsd/pmresources.html
• SCOPUS: https://www.scopus.com/
• JCR: https://jcr.incites.thomsonreuters.com/
• LILACS: http://lilacs.bvsalud.org/
• SciELO Brasil: http://www.scielo.br/criteria/scielo_brasil_pt.html
Para você ter ideia das informações que as revistas incluem para publicação, veja na
Figura 4 as condições para submissão da Revista Brasileira de Pós-Graduação (RBPG):
Figura 4 – Condições para submissão
(Continua)
1 Para obter mais informações sobre o Sistema Qualis, é só acessar o site https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/. Para
conhecer melhor a Capes, acesse www.capes.gov.br.
92 Métodos e técnicas de pesquisa
Esse é um trecho das orientações2 que a RBPG estabeleceu para que autores possam enviar
seus trabalhos para avaliação. No caso de aprovação, eles serão publicados. As regras de submissão
dos demais periódicos também estão disponíveis nas respectivas páginas (websites).
Vídeo
9.7 Conclusão
É muito comum os estudantes terem dificuldades para escrever a conclusão de um
trabalho por diversos fatores, tais como o cansaço, o prazo curto, o fato de não conseguir
olhar mais para o seu tema e, por fim, não saber exatamente que itens retomar na conclusão,
pois a impressão que tem é que já esgotou tudo que tinha sobre o tema da pesquisa. Então,
aqui, você encontra um passo a passo de como construir uma conclusão abordando todos
os aspectos necessários para que o leitor compreenda as reais contribuições geradas pelo seu
estudo.
• A primeira questão a ser apresentada na conclusão é se seu estudo respondeu à sua per-
gunta de pesquisa.
Considerações finais
Após lermos sobre elaboração de relatórios, suas características, a importância da constru-
ção sólida de uma conclusão, chegamos à seguinte perspectiva: é preciso compreender a impor-
tância de seguir cada passo apresentado neste capítulo, desde as orientações de formatação até a
organização do conteúdo, para que a sua pesquisa seja aceita nos principais veículos de publicação
e seja reconhecida como um meio sério de obtenção de conhecimento pelos seus leitores. Não
existe nada mais gratificante para um pesquisador do que ter sua pesquisa aceita, publicada e lida
pelos interessados pela temática.
Goldenberg (2015, p. 13) afirma que “a pesquisa científica exige criatividade, disciplina, or-
ganização e modéstia, baseando-se no confronto permanente entre o possível e o impossível, entre
o conhecimento e a ignorância”. Dessa forma, compreendemos que trabalhar cientificamente exige
de cada um de nós empenho e resistência, pois lidar com (re)descobertas, (re)construções e (re)
significações não é fácil. Podemos dizer que é simples, se a prática for contínua, o espírito for hu-
milde e o objetivo for fiel!
• FERRAZ, Érica de Cássia; NAVAS, Ana Luiza G. P. Recomendações práticas para jovens
pesquisadores. São Paulo: Abec, 2016. Disponível em: https://www.abecbrasil.org.br/ar-
quivos/recomendacoes_publicacao_jovens_pesquisadores.pdf. Acesso em: 25 mar. 2019.
Manual Recomendações práticas para jovens pesquisadores é uma publicação da Abec
(Associação Brasileira de Editores Científicos) que esclarece dúvidas comuns entre os
iniciantes na pesquisa científica.
O link também pode ser acessado pelo QR code a seguir:
Atividades
1. Em um relatório de pesquisa, qual é a diferença entre o resumo e a introdução?
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6023: Informação e documentação —
Referências — Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
FERRAZ, Érica de Cássia; NAVAS, Ana Luiza G. P. Publicação de artigos científicos: recomendações práticas
para jovens pesquisadores. São Paulo: Abec, 2016.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
GOLDENBERG, Miriam. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. 14. ed.
Rio de Janeiro: Record, 2015.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. São
Paulo: Atlas, 2017.
MENDONÇA, Cláudio Márcio Campos; ANDRADE, António Manuel Valente de; SOUSA NETO, Manoel
Veras de. Uso da IoT, Big Data e Inteligência Artificial nas capacidades dinâmicas. Revista Pensamento
Contemporâneo em Administração, v. 12, n. 1, p. 131-151, 2018.
SILVA, Elane R.; COSTA, Letícia M.; SILVA, Maria W. P.; SOUZA, Ossinete C. Como escrever um artigo
científico: orientações. Anais do Encontro Regional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência
e Gestão da Informação, 2012. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/moci/article/
download/2205/1406. Acesso em: 25 mar. 2019.
Gabarito
2. Quando alguém copia um trabalho, não somente prejudica outro pesquisador, como compro-
mete o desenvolvimento da ciência. O plágio é muito nocivo, a começar pelo próprio desenvol-
vimento do pesquisador, que de fato não se torna um pesquisador, com senso analítico apurado,
mas sim um reprodutor de trabalhos.
3. A afirmação está incorreta, pois a ciência básica deve ser levada em consideração, assim como a
ciência aplicada. A ciência básica é o armazenamento de ideias de onde a ciência aplicada extrai
a sua “matéria-prima intelectual”, por assim dizer.
2. Resposta pessoal. Deve somente contemplar os requisitos para a construção de um bom proble-
ma de pesquisa dispostos no item 2.2.
2.
d) Listar quais dessas atividades foram impactadas diretamente pelo rompimento da barragem da
empresa Vale;
e) Verificar como a interrupção dessas atividades impacta na economia do município de Bruma-
dinho.
3. Hipótese 1 – Atividades vinculadas ao segmento agrícola e pesqueiro são as mais impactadas pelo
rompimento da barragem da empresa Vale em Brumadinho.
4 Fundamentação teórica
1. Tema: Condenação sem precedentes da Monsanto por venda de pesticidas cancerígenos.
2. Um texto científico geralmente foca um ponto e aprofunda a ideia com ajuda da teoria pertinente,
gerando conhecimento. Também traz objetivos e hipóteses para melhor estabelecer o foco, com busca
na literatura de conceitos e casos similares já estudados.
3. A pesquisa básica não requer aplicação prática, entretanto é a partir dela que fundamentamos a sua
aplicação. Portanto, a pesquisa básica nesse caso seriam as pesquisas em relação aos malefícios do
produto glifosato, com posterior aplicação prática. Já do ponto de vista social, o caso poderia (por
exemplo) ser avaliado como um precedente importante.
5 Abordagens de pesquisa
1. O design de uma pesquisa é definido com base no problema de pesquisa proposto. Ou seja, depende
diretamente da problemática construída pelo pesquisador, baseado em um fenômeno que necessita
ser investigado.
2. A orientação epistemológica indica que tipo de conhecimento serve de base para a construção de um
estudo. A epistemologia adotada em um estudo indica qual é a lente usada por um pesquisador para
compreender determinado fenômeno.
3. Estudos qualitativos ajudam a conhecer melhor um problema, têm foco interpretativista e focam na
análise de fenômenos socialmente construídos; enquanto estudos quantitativos são caracteristica-
mente positivistas e buscam reunir informações quantificáveis com vistas a testar hipóteses previa-
mente estabelecidas.
6 Procedimentos de pesquisa
1. Devemos indicar a técnica de pesquisa da abordagem quantitativa, survey, porque as pesquisas des-
critivas têm o objetivo de detalhar as características do fenômeno estudado, o que é comum na survey,
a qual coleta os dados de forma objetiva.
2. Aqui, são indicadas as duas técnicas qualitativas presentes neste capítulo: estudo de caso e pesquisa-
-ação. Informando que essas técnicas permitem que o pesquisador se aproxime do entrevistado, que
qualquer informação obtida no ambiente ou pelo entrevistado são relevantes, desde que retratem o
cotidiano do entrevistado, e que o objetivo dessas técnicas é abordar os aspectos subjetivos do fenô-
meno investigado.
Gabarito 97
3. A pesquisa quantitativa é aquela que prioriza a coleta de dados objetivos, trazendo resultados em
percentual ou número, a fim de contribuir com dados e informações estatísticos.
NZ c2 2 150000 * 1,65 2 * 0 , 5 2
n 2 272
E N 1 Z c2 2 0 ,05 2 * 150000 1 1,65 2*0 ,5 2
Portanto, 272 pessoas devem ser consultadas em uma pesquisa para abertura de uma nova academia
na região central de Curitiba, com 90% de confiabilidade e margem de erro de 5%.
3. Todo tipo de documento pode servir como fonte de dados para os estudos científicos, desde que de-
vidamente analisado e sistematizado, além de todos os documentos físicos tradicionais, em papel, tais
como jornais, revistas, históricos escolares, registros médicos, entre outros.
a) Projeto de pesquisa sobre a opinião dos professores e alunos de literatura acerca dos e-books.
Público: professores e alunos de literatura em uma instituição de ensino superior. Poderia ser
aplicado formulário para se ter respostas mais abertas ao mesmo rol de perguntas. Amostragem
do tipo snowball seria adequada neste meio tão específico.
b) Projeto de pesquisa sobre a idade média e perfil socioeconômico dos eleitores brasileiros. Público:
eleitores brasileiros (dados podem ser encontrados no site do STE/TRE), aplicação de questioná-
rios curtos, on-line, amostragem estatística probabilística, considerando amostra infinita.
c) Projeto de pesquisa sobre o ajustamento de ex-presidiários ao mercado de trabalho. Público: as-
sistentes sociais que auxiliam o ex-presidiário no processo de retorno à sociedade. Condução de
entrevistas em profundidade com estas pessoas e amostragem também por conveniência e sno‑
wball (bola de neve).
2. Na observação, o pesquisador realiza anotações de campo sobre o comportamento e as atividades
dos indivíduos no local de pesquisa. Nessas anotações de campo, o pesquisador registra, de maneira
não estruturada ou semiestruturada, as atividades no local da pesquisa. Na entrevista, o pesquisador
conduzentrevistas com os participantes, que podem ser face a face, por telefone ou em grupo (focus
group), com seis a oito entrevistados em cada grupo.
2. As autoras Ferraz e Navas (2016) afirmam que há pouca publicação científica, indicando as questões
financeiras como um dos motivos. Entretanto, elas apontam como principal fator a falta de formação
específica em publicação de artigos científicos. Além disso, as autoras incluem como fator a mais nes-
sa dificuldade a internacionalização dos periódicos.