AVALIAÇÃO - Escola Da Ponte - 4
AVALIAÇÃO - Escola Da Ponte - 4
AVALIAÇÃO - Escola Da Ponte - 4
Professor:
Burocraticamente, existe reprovação. Na prática, não. Ou seja, nos finais de
ciclo (4º, 6º e 9º anos) é possível que os alunos “reprovem”. Contudo, o
trabalho do aluno continua, como se nada acontecesse. E, no início do ano
letivo seguinte, não é obrigado a repetir o que já estudou. Continua o estudo a
partir do ponto em que antes estava.
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Professor:
Na fase da iniciação à leitura e à escrita a avaliação é essencialmente baseada
na observação directa. Observando os textos que os alunos vão produzindo,
com cada vez com mais autonomia, observando a forma como vão lendo para
os colegas e para nós todos os dias (no, início através da memória;
posteriormente, lendo - processo de retirar *significado* de material escrito),
vamos ficando com uma ideia muito precisa do que cada aluno é capaz de
fazer em cada momento. Lentamente, começam a fazer um plano do dia
incipiente (só com a indicação de que área pretendem trabalhar nesse dia).
Depois, começam a utilizar livros para estudar o que precisam (sobretudo de
estudo do meio - os de língua portuguesa e de matemática para estas idades
costumam ser uma desgraça…) e vão complexificando o seu trabalho, até
ao momento de precisarem de fazer o seu plano do dia.
Plano da Quinzena nº ___ de __ / __ / __ a __ / __ / __
Auto-avaliação
Nome ____________________________________
Grupo:____________________________________ O que aprendi nesta quinzena? __________________
___________________________________________
O nosso Projeto é: ____________________________ O que mais gostei de aprender nesta quinzena? ____
O que eu quero aprender:_______________________ ___________________________________________
____________________________________________ ___________________________________________
____________________________________________ Outros aspetos que ainda gostava de aprofundar
____________________________________________ neste projeto: _______________________________
____________________________________________ ___________________________________________
____________________________________________ Mas ainda não aprendi a... Porquê? _____________
____________________________________________ ___________________________________________
____________________________________________ Outros Projetos que gostaria de desenvolver: _______
____________________________________________ ___________________________________________
____________________________________________ Avaliação geral da quinzena
____________________________________________ Informações do Professor Tutor:
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ Observações do Pai/ Mãe/ Encarregado de Educação:
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ Observações do aluno:
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ Professor Tutor: ___________ Data : ___ / ____/ ____
____________________________________________ Pai / Mãe / E. Educ.: ________Data : ___ / ___ / ____
Aluno: _____________________Data : ___ / ___/ ___
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Pai de aluna:
Demora um pouco a "cair a ficha", mas logo a gente entende: na Ponte não
existe nada como um "ano" ou "série", para o aluno passar ou não passar. Por
isto, nenhum aluno da Ponte "passa de ano", pelo mesmo motivo pelo qual
nenhum aluno da Ponte "repete o ano". A "ficha" demora a cair, porque
estamos imersos numa forma de organizar a escola que nos parece tão natural
e imutável quanto o ar que respiramos. Imaginamos que é da natureza da
escola ter séries, anos, aprovação, reprovação, retenção, recuperação…
Coisas que não existem na Ponte.
São estas as "paredes" que mais demoram a ser derrubadas: as concepções e
percepções construídas ao longo de anos, de décadas de vivência em escola
tradicional. Talvez vocês estejam se dando conta de como as coisas são e
acontecem na Ponte, diariamente: não tem sala nem série, não tem reprovação
nem “recuperação”, não tem nota vermelha nem azul, não tem nem prova nem
semana de provas, não tem nem "passar de ano" nem "repetir o ano"...
Professor:
A nossa escola não está organizada numa lógica de anos de escolaridade,
nem tão pouco preconiza "passagens" para outro ano. A aprendizagem é vista
como um processo, que os alunos vão construindo ao longo do tempo. E a
escola não deverá, portanto, segmentar o conhecimento e espartilhá-lo em
anos de escolaridade.
A Escola da Ponte está organizada em três Núcleos de Aprendizagem:
Iniciação, Consolidação e Aprofundamento. Conforme o perfil dos alunos (nível
de autonomia e outros requisitos), os alunos integram estes núcleos e lá
constroem as suas aprendizagens, sem constrangimentos de anos de
escolaridade.
Professora:
A oportunidade de vivenciar uma realidade educacional distinta da que
tradicionalmente conhecemos conduzirá necessariamente ao questionamento
das concepções e percepções enraizadas de que o Wilson falava na sua
partilha.
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Professora:
O processo de avaliação na Ponte não é complicado, é fundamentalmente
formativo, traduzindo-se na análise descritiva de todo o percurso do aluno, só
possível pelo constante exercício de observação e monitorização dos
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dispositivos por parte dos orientadores. Isso sim é que é complicado! (estou
brincando).
O grande desafio do modelo de avaliação da Ponte está na constante
monitorização e acompanhamento de todas as tarefas que os alunos realizam,
do tipo de intervenção e participação que têm na escola e da sua evolução na
aquisição de saberes de cariz curricular e de valores pessoais. Na Ponte existe
um princípio que norteia o nosso modelo de avaliação: os alunos devem saber
e saber ser (são avaliados pelos saberes adquiridos e pela forma como actuam
junto da comunidade educativa, ou seja, pelas suas atitudes e
comportamentos).
Você levanta questões que se prendem com a regulação das aprendizagens
entendidas como curriculares (da matemática, do português…) às quais os
orientadores das diversas Dimensões tentam dar resposta diariamente, isto é,
cada Dimensão se organiza de acordo com as linhas orientadoras do Projecto
Educativo e tenta orientar e ajudar os alunos da melhor forma e de acordo com
o que curricularmente está estabelecido.
Contudo, a aquisição destes saberes visa o desenvolvimento de competências
que consideramos fundamentais no quadro de referência do nosso projecto,
nomeadamente a da responsabilidade, entreajuda, análise, síntese, resolução
de problemas, persistência e concentração, autoplanificação, auto-avaliação,
etc. Desta forma, a avaliação nunca podará ser encarada como um teste aos
conteúdos estudados e sim uma análise do processo de aquisição desses
conteúdos (envolvendo tudo o quem o aluno foi capaz de mobilizar para os
atingir).
Pode acontecer de um aluno estar melhor numa área do que noutra e pode
acontecer do aluno ter uma melhor prestação na aprendizagem das matérias e
não demonstrar as melhores atitudes ou o melhor comportamento. Neste último
caso (apesar de ser muito pontual), existem dispositivos que ajudam o aluno a
perceber o que deve melhorar e como deve agir perante os outros. Falo, por
exemplo, do professor tutor, da Comissão de Ajuda, dos Direitos e Deveres etc.
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Professor:
A transição de núcleo é sugerida pelo professor tutor e analisada por todo o
núcleo. Pode encontrar os perfis de transição na nossa página da internet,
dentro de "Projecto" e depois dentro de cada núcleo. Depois, é proposta ao
aluno e aos pais.
O Ministério obriga todas as Escolas a efectuarem exames aos alunos que se
preparam para terminar o Ensino Básico (9º ano). Só promove dois exames
(Língua Portuguesa e Matemática) que deverão abarcar todo o Ensino Básico.
Os exames são iguais em todo o país e feitos à mesma hora. Esta avaliação
entra com uma determinada percentagem (penso que 30%) para a nota final de
ciclo. Estes exames inserem-se numa nova "moda", que consiste na ideia que
só o que é examinado é bom e que os exames resolvem todos os problemas
do sistema educativo.
Instrumentos de avaliação
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Professora:
A clareza e a objetividade do discurso do professor não são condição exclusiva
para que a aprendizagem dos alunos se concretize. A imposição do estudo de
determinado conteúdo por parte do professor aliena o aluno de todo o
processo. A aprendizagem surge como desinteressada e pouco significativa
para ele, pois é o professor que decide o que se vai estudar, quando se vai
estudar, como se vai estudar. O comando da aprendizagem por parte do
professor é novamente assumido no momento da avaliação (é o professor que
decide o que se vai avaliar, quando se vai avaliar, como se vai avaliar).
Antes de pensarmos em alterar os instrumentos de avaliação, será importante
proceder à descentralização do poder do professor e convocar o aluno para a
gestão das suas aprendizagens. Na Escola da Ponte, são os alunos que
escolhem o que querem aprender em determinado momento. Essa escolha é
feita a partir de listagens de objetivos, com a orientação do professor tutor (no
momento de planificação quinzenal) e demais orientadores educativos. Ao
longo deste ano, os alunos desenvolveram também projetos que surgiram das
suas necessidades, interesses e curiosidades. As respostas encontradas para
as questões por eles levantadas concretizaram-se em aprendizagens
significativas.
Para além de os alunos escolherem o que querem aprender, estes gerem (com
maior ou menor autonomia) o seu trabalho diariamente, em função do que
haviam programado no plano da quinzena: prevêem momentos para
desenvolver tarefas, mobilizando os instrumentos necessários para a sua
concretização (manuais, computadores, materiais de laboratório, leitor de
CD…). Porque foi o aluno a traçar as suas próprias metas, este não precisará,
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Professor:
Tentando dar resposta às suas indagações/indignações, relativamente à
primeira questão, concordo totalmente. Se nós pensarmos na nossa vida de
"adultos", poderemos verificar facilmente que nos auto-avaliamos centenas de
vezes. Por outro lado, sempre que somos avaliados por outros, temos a
sensação de que algo não correu muito bem, que o processo não foi totalmente
transparente, que demos prioridade a outros aspectos.
Em qualquer aspecto da nossa vida, em que tentamos melhorar, a auto-
avaliação é a nossa companhia. No entanto, será que todos nós estamos
habituados e conscientes do que deve ser uma boa auto-avaliação? Parece-me
que não. Em toda a minha vida escolar, a auto-avaliação foi utilizada muito
poucas vezes e sempre na lógica de discutir a classificação do final do ano.
Nada a dizer em relação ao processo, aos pontos intermédios, em relação ao
acompanhamento por parte dos professores ou dos pares...
Será que isso é possível? Um professor poderá acreditar que, em um bimestre,
uma criança de oito anos não aprendeu NADA? Eu acredito que é possível
que um aluno tenha “NA”… mas acredito que também é preciso pensar o que
esteve o professor a fazer durante todo o bimestre.
Quando eu trabalhava em outras escolas, quando tinha a sensação que um ou
mais alunos não tinham obtido uma classificação positiva, pensava no que eu
tinha feito de mal (e pelo menos não muito bem) e não naquilo que o aluno era
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