Sistema Eleitoral Mocambicano

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Instituto Superior de Ciências e Educação á Distância

urso: Curso de Direito 1o Ano

Cadeira: Ciência Política

Tema:
O SISTEMA ELEITORAL MOÇAMBICANO

Tutor:

Discente:

➢ Virginia Armando Cumbula Benfica

Maputo, Julho de 2020


INSTITUTO SUPERIOR DE CIENCIAS DE EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA

CURSO DE DIREITO

1º ANO

➢ NOME DA ESTUDANTE: VIRGINIA ARMANDO CUMBULA BENFICA

TRABALHO DE CAMPO

TITULO DO TRABALHO:

O SISTEMA ELEITORAL MOÇAMBICANO

MAPUTO, JULHO DE 2020


ÍNDICE

1.Introdução ................................................................................................................................4
1.1.Objectivos ...........................................................................................................................5
1.1.1 Metodologias .....................................................................................................................6
1.2. Contextualização.......................................................................................................................7
1.3.Importância dos sistemas eleitorais .......................................................................................8
1.4. Sistemas Eleitoral Moçambicano .........................................................................................9
1.4.1.Efeitos positivos da representação proporcional.....................................................................9
1.4.2.Efeitos negativos da representação proporcional ............................................................... 10
1.5.Evolução do Pacote Eleitoral Moçambicano ........................................................................ 10
1.5.Evolução do Pacote Eleitoral Moçambicano . ...................................................................... 11
1.6.Importância da legislação eleitoral.. ..................................................................................... 11
1.6.Importância da legislação eleitoral ...................................................................................... 12
1.7.Composição da Comissão Nacional de Eleições…………………………………….…...….12
2. Lei Eleitoral em Vigor……………………………………………………..………………….12

2. Lei Eleitoral em Vigor...............................................................................................................13


2.1.Desafios .............................................................................................................................. 13
2.1.Desafios ............................................................................................................................. 14
3.Considerações Finais..................................................................................................................15
4.Referências Bibliográficas. ..................................................................................................... 16
1.Introdução

Quando falamos em representação diversas ideias se apresentam à nossa imaginação. Mas nos
deteremos na representação política e suas implicações para estruturação das relações sociais do
indivíduo para com seus políticos. E também do indivíduo para com o Estado. Tratar da
representação implica buscar elementos de cunho teórico e prático. Perceber nas relações entre as
pessoas e seus candidatos o elemento chave para construção de uma identificação.

As questões relativas aos sistemas eleitorais são, ao mesmo tempo, questões de poder e questões
em torno da concepção da sociedade e da democracia: as posições que se adoptam no debate sobre
o sistema eleitoral derivam desta dualidade. Trata-se sempre de posições políticas (inclusivamente
quando se fundamente ou se disfarçam cientificamente Não é exagero afirmar que a partir do
momento em que estão em causa projectos de revisão de leis eleitorais, a primeira preocupação
dos Partidos é a simulação dos resultados nos novos moldes propostos, com o propósito de
verificar em que medida eles serão favoráveis, ou não.

A eleição, ou seja, a decisão sobre os decisores, que constitui o mecanismo central de construção
da representação política, embora não a esgote, é um processo complexo de luta concorrencial
entre os pretendentes ao exercício de cargos políticos e obedece a um conjunto de regras que
formam o sistema eleitoral.

Com esta abordagem introdutória, pretendo abordar sobre: O sistema eleitoral Moçambicano

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1.1.Objectivos

Geral:

1- Compreender a evolução do sistema eleitoral moçambicano para consolidação da democracia.

Específicos:

1- Demonstrar se as mudanças consecutivas na composição da CNE contribuem ou não para sua a


Estabilidade e Confiança Institucional;

2- Identificar se as mudanças consecutivas para melhoria do processo eleitoral.

3- Reforçar a profissionalização dos órgãos eleitorais;

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1.1.1 Metodologias

O presente trabalho é meramente de revisão bibliográfica de informação obtida a partir de fontes


escritas, obtidas em legislações físicos e virtuais, seguida de uma minesciosa compilação, usando
os meios informáticos disponíveis.

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1.2. Contextualização

A participação política constitui um dos elementos importantes dos Estados democráticos, que se
concretiza na realização de eleições regulares. Elas são tidas como um dos indicadores de
mensuração da estabilidade e consolidação democrática (Afrimap, 2009; Brito, 1995). Se isso é
verdade, o processo da estabilidade política e da consolidação da democracia moçambicana, não
constitui uma excepção; pois, o campo político-competitivo Moçambicano é testemunhado pela
realização de eleições regulares.

Dentre as quais, se assistiu cinco (5) eleições gerais – em 1994, 1999, 2004, 2009, e mais
recentemente em 2014, e quatro (4) eleições autárquicas, que começaram em 1998, depois 2003,
em 2008, e em 2013.

O curso dessas eleições é, ritualmente, acompanhado por mudanças consecutivas da legislação


eleitoral, mais especificamente , mudanças na composição da Comissão Nacional de Eleições
(CNE), instituição supervisora dos processos eleitorais. A título de exemplo, cada legislação
eleitoral consagra que havendo a necessidade de aperfeiçoar a organização, coordenação,
condução, direcção e supervisao dos recenseamentos e actos eleitorais, a CNE sofre mudanças
contínuas no que concerne a sua composicao.

A realização de eleições periódicas, gerais, livres, iguais e secretas é um elemento-chave do


processo democrático. No fundo, as eleições são o mecanismo através do qual o povo soberano
legitima o exercício do poder legislativo, e – directa- ou indirectamente- do poder executivo para
um tempo determindado. Porém, esta legitimação num regime democrático não é absoluta,
devendo os dirigentes prestar contas perante o eleitorado sobre o trabalho desenvolvido.

Numa definição famosa, o académico norte-americano Robert Dahl estabeleceu oito critérios
formais mínimos para caracterizar um sistema como democrático, dentre dos quais cinco fazem
referência directa à realização de eleições, nomeadamente:

1. O direito de voto

2. A eligibilidade

3. O direito à concorrência política na busca de apoio e votos

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4. Eleições livres e justas

5. A sujeição das decisões políticas aos resultados de eleições e de outras formas de articulação de
preferências.

1.3.Importância dos sistemas eleitorais

O sistema eleitoral adoptado num país pode exercer — e em verdade exerce — considerável
influxo sobre a forma de governo, a organização partidária e a estrutura parlamentar, reflectindo
até certo ponto a índole das instituições e a orientação política do regime. A sociologia tem
investigado com zelo o efeito das técnicas eleitorais e deduzido a esse respeito importante
conclusões, conforme se trate do emprego da representação maioritária ou da representação
proporcional.

Tal como o sufrágio ou direito de voto, os modos como se vota ou modos de escrutínio são meios
de expressão da soberania dos governados. Os modos de esrutínio são igualmente designados
regimes eleitorais ou sistemas eleitorais, termos sinónimos.

São indispensáveis para designar os eleitos, porque as eleições supõem regras que permitem
calcular como é que os sufrágios favoráveis aos candidatos determinam aqueles que de entre eles
serão eleitos.

Esta necessidade práctica repousa sobre técnicas precisas e muitas vezes complicadas. Porém a
escolha de um sistema eleitoral não levanta apenas problemas técnicos; trata-se de saber de acordo
com que modalidades serão repartidas os lugares no parlamento, tendo em conta os sufrágios
exprimidos pelos eleitores. A adopção de um sistema eleitoral é feita em razão de considerações
políticas, dado os diferentes modos de escrutínio terem consequências muito diferentes.

Com efeito, diferentes métodos opõem-se este respeito: escutínio maioritário da uma ou duas
voltas, representação proporcional, regimes mistos.

Até aos últimos anos do século XIX, a questão do modo escrutínio não levantou grandes
discussões. O mais difundido era o sistema maioritário de uma volta que funcionava na
GrãBretanha e nos dominios britânicos, na América Latina, na Suécia e Dinamarca. Exceptuando
estes dois últimos países, o resto da Europa continental imitava o regime françês, quer dizer o

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escrutínio maioritário de duas voltas. Entretanto, entre 1850 e 1900, os técnicos desenvolveram a
ideia de um sistema de representação proporcional, adoptado na Bélgica em 1899 e na suécia em
1908. Este novo modo de escrutínio foi adoptado em toda a Europa continental entre 1914 e 1920.
A própria França adoptou igualmente esse sistema em 1945, para o abandonar em 1958.

1.4. Sistema Eleitoral Moçambicano

O sistema eleitoral Moçambicano é de representação proporcional, onde Igualmente chamado


sistema de representação das opiniões, vem sendo adoptado por vários países desde a primeira
metade deste século. A representação proporcional, segundo Prélot, “tem por objecto assegurar às
diversas opiniões, entre as quais se repartem os eleitores, um número de lugares proporcional às
suas respectivas forças” ou no dizer também claro de Jeanneau é “o sistema em que os lugares a
preencher são repartidos entre as listas adversários proporcionalmente ao número de votos que
hajam obtido”.

Esse princípio, cuja racionalidade tem sido com tanta frequência louvada, traça com efeito um
quadro lógico e coerente das opiniões. Serve de espelho e mapa político ao reconhecimento das
forças distribuídas pelo corpo da nação.

Nos países que o aplicam em toda a plenitude, não há corrente de opinião, por minoritária que seja,
que não tenha possibilidade eventual de representar-se no legislativo e assim concorrer, na medida
de suas forças e de seu prestígio, para a formação da vontade oficial. Em suma, sob esse aspecto,
trata-se de um sistema eleitoral que permite ao eleitor sentir a força do voto e saber de antemão de
sua eficácia, porquanto toda a vontade do eleitorado se faz representar proporcionalmente ao
número de sufrágios.

1.4.1.Efeitos positivos da representação proporcional

Encarece-se em geral o princípio de justiça que preside ao sistema de representação proporcional.


Ali todo voto possui igual parcela de eficácia e nenhum eleitor será representado por um deputado
em que não haja votado.

É também o sistema que confere às minorias igual ensejo de representação de acordo com sua
força quantitativa. Constitui este último aspecto alto penhor de protecção e defesa que o sistema
proporciona aos grupos minoritários, cuja representação fica desatendida pelo sistema maioritário.

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Sendo por sua natureza, corno se vê, sistema aberto e flexível, ele favorece, e até certo ponto
estimula, a fundação de novos partidos, acentuando desse modo o pluralismo político da
democracia partidária.

1.4.2.Efeitos negativos da representação proporcional

A experiência havida com a aplicação da representação proporcional em mais de cinquenta anos e


em diversos países patenteia, porém, graves inconvenientes ou aspectos negativos dessa técnica
representativa. Uma das objecções feitas entende com a multiplicidade de partidos que ela
engendra e de que resulta a fraqueza e instabilidade dos governos, sobretudo no parlamentarismo.

A representação proporcional ameaça de destruição e desintegração do sistema partidário ou cria


condições uniões esdrúxulas de partidos — uniões intrinsecamente oportunistas — que arrefecem
no eleitorado o sentimento de confiança na legitimidade da representação, burlada pelas alianças
e coligações de partidos, cujos programas não raro brigam ideologicamente.

Da ocorrência dessas alianças deduz-se outro defeito grave da representação proporcional: exagera
em demasia a importância das pequenas agremiações políticas, concedendo a grupos minoritários
excessiva soma de influência em inteiro desacordo com a força numérica dos seus efectivos
eleitorais.

Os aspectos negativos da representação proporcional, que é simples na aparência, mas obscura e


complexa no âmago, foram também judiciosamente assinalados por Vedei.

1.5.Evolução do Pacote Eleitoral Moçambicano

O primeiro acto político eleitoral organizado e realizado pelos moçambicanos, teve lugar a quando
da génese da FRELIMO, quando os moçambicanos organizaram um processo eleitoral no qual
através do voto secreto, pessoal e directo o Dr. Eduardo Mondlane foi sufragado, primeiro
Presidente da FRELIMO.

O Primeiro acto eleitoral no Moçambique independente teve lugar em 1977, na base do qual foram
constituidas as Assembleias populares do Povo, desde o nível da localidade, até ao nível central.
Eram eleições que decorriam no quadro de um sistema político de Partido único, e de uma
democracia directa e participativa. As primeiras eleições multipartidárias no quadro do Estado de
Direito Democrático, tiveram lugar em 1994.

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Depois de uma guerra civil que durou dezasseis anos, fez mais de um milhão de mortos e causou
enormes prejuizos sociais e económicos, Moçambique viveu, em 1994, dois anos depois da
assinatura dos acordos de paz, em Roma, as primeiras eleições gerais multipartidárias. Eleições
ganhas pela Frente de Libertação de Moçambique, Frelimo e o seu candidato presidencial, Joaquim
Alberto Chissano, um veterano da luta de libertação nacional.

Chissano que viria a concorrer pela segunda vez, em 1999, ganhando de novo ao seu principal
adversário Afonso Dlhakama, um dos membros fundadores da Resistência Nacional
Moçambicana, Renamo, movimento que reclama ter sido criado em 1977.

A análise das eleições desde 1994 mostra um crescimento significativo da abstenção, que atingiu
níveis muito altos em 2004 (oficialmente 64%, mas na realidade cerca de 50%). Este crescimento
acelerado é revelador de um processo de desengajamento dos cidadãos em relação ao sistema
político, sendo, portanto, um sintoma de crise do processo democrático.

Uma das características da geografia eleitoral em Moçambique é uma clara polarização espacial
do voto entre a Frelimo e a Renamo. Essa estrutura espacial manteve-se nas eleições de 1999 e
2004, sem alterações apreciáveis, a não ser as que resultaram do grande aumento da abstenção. A
cartografia eleitoral permite verificar que a abstenção afectou sobretudo zonas onde a Renamo
tinha uma influência notória. Ao mesmo tempo, comparando as votações de 1999 e 2004, pode-se
observar que a Frelimo manteve em 2004 praticamente o seu eleitorado de 1999, enquanto a
Renamo perdia cerca de metade do seu voto.

1.6.Importância da legislação eleitoral

O processo eleitoral moçambicano em geral e o processo contencioso eleitoral em particular


vincula-se aos princípios da legalidade e da tipicidade. A supremacia da Constituição e o primado
da lei é o garante da igualdade, justiça e transferência eleitorais.

Portanto a lei eleitoral é a base, o fundamento, o critério e o limite para a actuação dos Partidos
Políticos e de todos os intervenientes nos processos eleitorais. Portanto é a Lei eleitoral que
configura o sistema eleitoral, entendido como o conjunto de regras, de procedimentos e dem
práticas, com a sua coerência e a sua lógica interna a que está sujeita a eleição e que, portanto,

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condiciona (conjuntamente com elementos de ordem cultural, económica e politica) o exercício
do direito de sufrágio.

1.7.Composição da Comissão Nacional de Eleições

Como resultado do âmbito das negociações se chegou aprovar uma nova composição da CNE de
2014, em revogação de alguns artigos da Lei nº 6/2013, de 22 de Fevereiro, sendo assim, a nova
CNE é composta por 17 membros provenientes, sendo um Presidente, dois Vice-Presidentes. De
acordo a mesma lei, a CNE é constituída por 5 membros representantes da FRELIMO; 4 membros
representantes da RENAMO; 1 membro representante do MDM; 7 membros das organizações da
sociedade civil. As mudanças que ocorrem nos órgãos eleitorais em cada eleição não melhoram de
modo algum para o desempenho independente e imparcial da CNE e do próprio STAE.

2. Lei Eleitoral em Vigor

Lei n.º 15/2009, de 9 de Abril (estabelece o regime jurídico para a realização das eleições
Presidenciais, Legislativas e das Assembleias Provinciais).

Lei n.º 8-2014, de 12 de Março, altera e república a Lei n.º 5/2013, de 22 de Fevereiro, Referente
as funções, composição, organização, competência e funcionamento da CNE

Lei n.º 9-2014, de 12 de Março, altera e república Lei n.º 6/2013, de 22 de Fevereiro , que
estabelece as funções, composição e funcionamento da Comissão Nacional de Eleições

Lei n.º 10-2014, de 23 de Abril, altera e república Lei n.º 7/2013, de 22 de Fevereiro , que
estabelece o quadro jurídico para a eleição do Presidente do CM e dos membros da AM.

Lei n.º 11-2014, de 23 de Abril, Altera e república a Lei n.º 4/2013, de 22 de Fevereiro, que
estabelece o quadro jurídico para a eleição dos membros das Assembleias Provinciais.

Lei n.º 12-2014, de 23 de Abril, altera e república a Lei n.º 8/2013, de 27 de Fevereiro, que
estabelece o quador jurídico para eleição do PR e dos deputados da AR.

Lei n.º 6 e 7-2018, de 03 de Agosto. A Lei n.º 6/2018, altera a Lei n.° 2/97, de 18 de Fevereiro,
que estabelece o quadro jurídico-legal para a implantação das autarquias locais e a Lei n.º

• 7/2018, altera a Lei n.º 7/2013, de 22 de Fevereiro, republicada pela Lei n.º 10/2014, de 23 de
Abril, relativa à eleição dos titulares dos Órgãos das Autarquias Locais.

• Lei n.º 2/2019, altera e republica a Lei n.º 8/2013, de 27 de Fevereiro, que estabelece o
quadro jurídico para a eleição do Presidente da República e dos deputados da Assembleia da
República.

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• Lei n.º 3/2019, estabelece o quadro jurídico para eleição dos membros da Assembleia
Provincial e do Governo de Província.

• Lei n.º 4/2019, estabelece os princípios, as normas de organização, as competências e o


funcionamento dos órgãos executivos de governação descentralizada provincial.

• Lei n.º 5/2019, estabelece o quadro legal da tutela do Estado a que estão sujeitos os órgãos de
governação descentralizada provincial e das autarquias locais.

• Lei n.º 6/2019, estabelece o quadro legal sobre a organização, composição e o funcionamento
da Assembleia Provincial.

• Lei n.º 7/2019, estabelece o quadro legal sobre a organização e o funcionamento dos órgãos
de representação de Estado na província.

• Lei n.º 14/2018 de 18 de Dezembro, que altera e republica a Lei n.º 7/2018 de 3 de Agosto,
atinente a Eleição dos Titulares dos Órgãos das Autarquias Locais.

2.1.Desafios

A grande vantagem do sistema adoptado em Moçambique foi a sua capacidade para assegurar um
processo de pacificação e reconciliação nacional. Isto se deveu a uma conjugação de três elementos
principais. Por um lado, o envolvimento directo do sistema das Nações Unidas em quase todas as
fases do processo eleitoral – na prática funcionando como a terceira parte garante da
implementação dos acordos conseguidos - foi crítica.

Por outro lado, a de facto bipolarismo político assumido pelas duas principais forças políticas na
constituição e funcionamento dos órgãos eleitorais também contribuiu para amenizar o ambiente
de desconfiança e serviu de garantia de um certo grau de competição política dentro de limites não
destrutivos do processo de reconciliação nacional.

Finalmente, mas não menos importante, a força das organizações da sociedade civil também
desempenhou um papel crucial durante este período. Com efeito, o fenómeno do cansaço da guerra
e o desejo de encontrar um novo começo para o país levou a que várias entidades da sociedade
civil tomassem inúmeras iniciativas com vista a garantir que eleições consolidassem em vez de
travar o processo de paz. Mas é importante, a meu ver notar, a este respeito que, tão importante
quanto a qualidade do sistema eleitoral a adoptar (mesmo quando essa qualidade é medida em

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função da relação com o contexto político, social e económico bem como as legítimas aspirações
do país) é o processo que leva a esse sistema.

Em Moçambique, a escolha do sistema eleitoral, feita no contexto das negociações de Paz de


Roma, ao envolver as principais forças políticas, representou o compromisso político possível.
Não obstante, são vários os desafios que se colocam ao sistema político moçambicano.
Basicamente, podemos resumi-los em duas questões, a saber: (i) o aprimoramento dos mecanismos
de representação que assegurem responsividade, por um lado e, (ii) construção e consolidação da
confiança do cidadãos nas instituições democráticas, por outro. Isto tem a ver com o modo como
estas instituições operam mas também com os mecanismos estabelecidos através dos quais se
constituem.

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3.Considerações Finais

Um sistema eleitoral é tanto mais aberto quanto maior for o seu nível de representatividade. Os
eleitores têm que se aperceber que o sistema de partidos mantém uma dinâmica capaz de
acompanhar a natural evolução da sociedade, da sua sociologia, das suas elites e dos seus novos
anseios.

É necessário um diálogo genuíno entre todos os intervenientes do processo eleitoral incluindo a


sociedade civil com o objectivo de melhorar o sistema do pacote eleitoral e ir ao encontro das
expectativas de uma melhor administração de futuras eleições. É importante que a CNE adopte
uma forma de funcionamento colegial, imparcial, transparente e Profissional.

Pelo facto, de entendermos que alta qualidade de eleições constitui elemento central para a
consolidação de democracias, segundo as quais, a capacidade institucional e autonomia das
comissões de gestão eleitoral jogam um papel importante para sua credibilização dos processos
eleitorais e estabilidade política de países (Kerr, 2009); esta percepção, não deixa de fora,
especificamente, o papel dos órgãos eleitorais moçambicanos (CNE e STAE) que podem trazer
para estabilidade e consolidação democrática.

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4.Referências Bibliográficas

•BOLETIM SOBRE O PROCESSO POLÍTICO EM MOÇAMBIQUE. Eleições Nacionais2014.


In Hanlon & Nuvunga (Eds). Maputo, CIP, 2014;

•MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS/PAGINAS( 93,95,96,97 e 98) ;

•OBSERVATÓRIO ELEITORAL. Contribuição das Organizações da Sociedade Civil para o


Processo de Revisão da Legislação Eleitoral. Maputo, EISA, 2006.

Internet:

https://library.fes.de/pdf-files/bueros/angola/50000.pdf

Legislação

•Legislação eleitoral;

•Lei eleitoral;

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