Textos Dificeis
Textos Dificeis
Textos Dificeis
Pedro Apolinário
Professor de Grego e Crítica Textual no
Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia
4ª EDIÇÃO (Corrigida) 1990
"O vigor de nossa vida espiritual está na proporção exata do lugar que
a Bíblia ocupa em nossa vida e em nossos pensamentos." – George Müller.
"Por que não tendes exaltado a Palavra de Deus acima de toda
produção humana? Não basta porventura manter-se achegado ao Autor de
toda a verdade?" – E. G. White.
"A Bíblia é o mais poderoso instrumento que o pregador pode ter; com
ela falo tão confiantemente à mais sofisticada ou mais degradada ou mais
incrédula das pessoas. O alimentar-se da Palavra de Deus realmente faz o
pregador." – H. M. S. Richards.
"Livro de minha alma aqui o tenho: é a Bíblia. Não o encerro na
biblioteca entre os de estudo. Conservo-o sempre à cabeceira, à mão. É dele
que tiro o pão para a minha fome de consolo, é dele que tiro a luz nas
trevas das minhas agonias." – Coelho Neto.
ÍNDICE
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1. Por que Estudar Hebraico e Grego? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2. Justificação, Santificação e Glorificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3. Fé e Obras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4. Lei e Graça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5. A Lei e o Evangelho Segundo Lutero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6. A Predestinação Bíblica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
7. Batismo com Água, Fogo e com o Espírito Santo . . . . . . . . . . . 77
8. O Vinho na Bíblia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
9. Duas Embaraçantes Passagens Relacionadas com Vinho . . . . 100
10. A Palavra Inferno e a Bíblia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 2
11. O Arrependimento de Deus e do Homem . . . . . . . . . . . . . . . . 111
12. Pedro e a Pedra – Mat. 16:15-19 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
13. Camelo Pelo Fundo de uma Agulha? – Mat. 19:24 . . . . . . . . . 131
14. Duas Problemáticas Declarações em Marcos 7:15 e 19 . . . . . 140
15. A Discutível Terminação do Evangelho de Marcos . . . . . . . . 151
16. Uma Melhor Tradução de Romanos 1:17 . . . . . . . . . . . . . . . . 155
17. "Seja Entregue a Satanás" – I Cor. 5:5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
18. Batismo Pelos Mortos – I Cor. 15:29 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
19. Partir e Estar Com Cristo – Filip. 1:23 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171
20. Pregar aos Espíritos em Prisão – I Ped. 3:19 . . . . . . . . . . . . . . . 177
21. Qual é o Descanso de Hebreus 4:9? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
22. Estudo Exegético de Lucas 16:16 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
23. "Hoje Estarás Comigo no Paraíso" – Luc. 23:43 . . . . . . . . . . 198
24. Dia do Senhor – Apoc. 1:10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
25. Qual a Melhor Tradução de Apoc. 22:14? . . . . . . . . . . . . . . . . 209
26. O que Crêem os Adventistas Sobre a Parusia . . . . . . . . . . . . . 214
27. Denominação para o Domingo no Novo Testamento Grego .... 222
28. Três Dias e Três Noites na Sepultura – Mat. 12:40 . . . . . . . . 227
29. Jesus – Filho de Deus e Filho do Homem . . . . . . . . . . . . . . . . 233
30. Uma Contradição Explicada pelo Grego – Atos 9:7; 22:9 . . . 244
31. A Doxologia do Pai Nosso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 247
32. As Três Testemunhas Celestiais de I João 5:7-8 . . . . . . . . . . . 253
33. Qual o Significado de Hilastérion em Rom. 3:25? . . . . . . . . . 258
34. Paracleto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 265
35. Estudo das Palavras – Anátema e Maranata – I Cor. 16:22 . . . . . 267
36. Ósculo Santo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272
37. Novo em Grego e Novo em Português . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277
38. A Ira de Deus e a Ira do Homem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281
39. Alma e Espírito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299
40. O Amor – A Maior das Virtudes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 312
41. Glossolalia ou Dom de Línguas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 321
42. A Hermenêutica e a Teologia da Libertação . . . . . . . . . . . . . . 336
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 351
APÊNDICE
Da apostila:
Análise – Textos Bíblicos de Difícil Interpretação,
volume I, de Pedro Apolinário
PREFÁCIO
Agradeço a Deus porque esta pesquisa foi útil para mim e almejo que
o seja também a todos os que desejam entender melhor os escritos divinos.
Pedro Apolinário
1ª) "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente. . ." Rom. 12: 2.
"Conformeis" em grego é "suschematizo" e "transformai" é
"metamorfoomai". Suschematizo precedido da forte negativa "mê"
significa: "Parai de assumir uma expressão exterior que não vem de dentro
de vós e que não representa o que sois, mas é posta de fora e é moldada de
acordo com este século." O grego fornece as seguintes idéias: santos que
estão usando uma máscara, moldando-se de acordo com este século, pondo
sobre si uma cobertura opaca que oculta a presença interior do Senhor
Jesus e impede que o Espírito Santo manifeste a sua beleza na vida. Essas
idéias emergem do verbo conformar-se, mas isto do texto grego.
O pregador toma a palavra "transformar" e encontra
"metamorfoomai". O verbo simples significa "dar expressão exterior ao
íntimo de alguém, sendo que essa expressão provém desse íntimo e o
representa." A preposição "meta" indica mudança. Ele traduz: "Mudai
vossa expressão exterior (daquela que veio de vossa natureza totalmente
depravada quando não estáveis salvos) por aquela que vem do vosso intimo
(como salvos que estais). Esta tradução traz novas e ricas idéias: santos
transfigurados, a vida exterior deve encontrar a sua fonte na natureza
divina, a vida deve ser a expressão exterior de uma natureza interior, não
um disfarce nos trajes do mundo. Apenas o grego pode guiar-nos a essas
idéias.
Conclusão
Referências:
Importância do assunto:
Este tema tem que ver com a salvação, e nada é tão essencial na Bíblia
quanto a nossa redenção. Justificação, santificação e glorificação são três
processos na salvação do ser humano.
"A mensagem presente, a justificação pela fé é a mensagem de Deus...
Não há um em cem, que compreenda a verdade bíblica sobre este tema, tão
necessário para o nosso bem-estar presente e eterno."1
"Isso, porém, eu sei que nossas igrejas estão perecendo por falta de
ensino sobre o assunto da justiça pela fé em Cristo e verdades semelhantes."2
"A mensagem da justificação pela fé: a mensagem de Deus, a mensagem
da verdade, a mensagem que Deus ordenou fosse dada ao mundo, a
mensagem que leva as credenciais do céu é a mensagem do terceiro anjo em
linhas distintas e claras."3
"Muitos que professam crer na mensagem do terceiro anjo, perderam de
vista a justificação pela fé."4
"O tema central da Bíblia, o tema em redor do qual giram todos os outros
no Livro, é o plano da redenção, a restauração da imagem de Deus, na alma
humana, o empenho de cada livro e passagem da Bíblia é o desdobramento
deste maravilhoso tema."5
"A justificação pela fé, em seu mais amplo sentido, abrange todas as
verdades vitais, fundamentais do evangelho, a começar pela situação moral do
homem ao ser criado e implicações: seguem-se vinte e duas verdades
embutidas na justificação pela fé."6
Nossa igreja, nos seus primórdios, correu o risco de entrar por sendas
legalistas, mas damos graças a Deus, porque Ele nos mostrou o caminho
seguro neste assunto. Este importante tema, estudado com interesse e
entusiasmo pelos pastores Jones e Waggoner, foi apresentado em 1888, na
Assembléia da Associação Geral de Mineápolis. Ele foi bem recebido pelo
Presidente da Associação Geral e por Ellen G, White. Uma intensa e
constante campanha foi encetada para que este ensino merecesse um lugar
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 11
de destaque em nossos arraiais; contribuindo muito para a divulgação
destas idéias pregações e artigos da mensageira deste movimento.
Alguns leigos e mesmo obreiros como Uriah Smith, a princípio
rejeitaram a doutrina da justificação pela fé, temendo que estava havendo
uma volta ao espírito das igrejas protestantes de onde havíamos saído.
Muitos adventistas, naqueles idos, e ainda hoje, apegados ao insidioso
legalismo que ainda viceja em nossos arraiais, não podem ou não querem
compreender esta maravilhosa verdade, crendo que é uma doutrina
antibíblica, logo espúria, característica do protestantismo.
Diante destas afirmativas a única conclusão segura é esta: como igreja
precisamos compreender melhor este assunto, pregando mais sermões para
que nosso povo o compreenda com clareza e objetividade.
O que é Justificação?
Para Vincent, Word Studies in the New Testament, vol. III, pág. XI:
"Justificação pela fé envolve união pessoal com Cristo e conseqüente morte
para o pecado e ressurreição moral para novidade de vida."
"É a obra de Deus ao lançar a glória do homem por terra, e fazer pelo
homem o que não lhe é possível fazer em seu próprio poder."7
"A justificação é um ato da livre graça de Deus, mediante a qual Ele
perdoa todos os nossos pecados e nos aceita como justos aos seus olhos,
baseado somente na retidão de Cri«o, a nós imputada, e recebida
exclusivamente pela fé."8
"Ser justificado independentemente das obras é ser justificado sem
contar com qualquer coisa que mereça tal justificação." Hodge.
"É a imputação divina da justiça de Cristo ao nosso nome individual."9
Justificação é uma parte do processo completo da salvação.
"A justificação é um ato declarativo de Deus. Este ato de declarar o
homem justificado não é como o ato de Deus regenerando o homem. Na
regeneração efetua Deus uma mudança radical no homem, mas na
justificação Ele declara, apenas, que não pode mais condená-lo e o restaura
à Sua graça. Deus não faz o homem justo por declará-lo justificado. Uma
das maiores glórias do evangelho é esta doutrina, que Deus, o justíssimo
entre todos, pode justificar o injusto sem praticar injustiça."10
Caminho a Cristo explica o que é justificação da seguinte maneira:
"Se vos entregardes a Ele e O aceitardes como vosso Salvador, sereis,
por pecaminosa que tenha sido a vossa vida, considerados justos por Sua
causa. O caráter de Cristo substituirá o vosso caráter e sereis aceitos diante
de Deus exatamente como se não houvésseis pecado."
Em outras palavras, assim poderia ser explicada: aceitando a Cristo
como nosso Salvador pessoal, Deus nos liberta de toda a culpa, cobre-nos
com o manto da justiça de Cristo, em lugar dos farrapos da nossa justiça,
vendo Deus em nós a perfeita e imaculada justiça de Seu Filho.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 12
Justificar, segundo o pensamento da Reforma do século XVI, significa
considerar justo e nunca tornar justo como defendia o catolicismo. A igreja
católica não considera a justificação como uma imputação legal da parte de
Deus, mas sim tornar-nos ou fazer-nos justos.
Da leitura de Romanos 8:33 e 34 se conclui que justificar e condenar
apresentam significação contrária. Se condenar é declarar alguém culpado,
justificar é declarar justo e não tornar ou fazer justo.
O livro Fé e Obras, pág. 94, de Ellen G. White confirma este conceito
ao declarar: "Justificação é o contrário de condenação."
De modo geral, os comentaristas defendem que justificação é um ato
exclusivamente judicial. Josué de Oliveira no livro O Aspecto Jurídico da
Justificação insiste muito nesta tecla: "Justificação não é um ato de graça,
mas sim de justiça. Na página 16 escreveu: "Justificação à luz da Bíblia é
um vocábulo judiciário, por mostrar nossa relação para com as sagradas
leis do código divino á luz das quais os crentes são julgados."
O conhecido professor Hans K. LaRondelle esposa a mesma idéia ao
declarar sobre a justificação:
"Justificação é a divina atribuição ou imputação da justiça de Cristo, a
crédito, perante Deus, do crente arrependido (Rom. 4:4-8). Trata-se de uma
transação judicial de Cristo como mediador celeste, pela qual somos feitos
retos para com Deus e temos acesso ao coração do Pai (Rom. 5:1-2) sendo,
como resultado imediato que o amor de Deus é derramado em nosso
coração pelo Espírito Santo que nos foi outorgado (Rom. 5:51. Desse
modo, sem qualquer mérito de nossa parte recebemos o Espírito Santo pela
fé em Cristo (Gál. 3:2, 5), e pode apropriadamente ser dito que somos
justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus
(1 Cor. 6:11)"11
Hans Joachim Iwand declara: "Assim a justificação do homem diante
de Deus tem sempre caráter 'forense', isto é, desenrola-se diante do fórum
de Deus que julga justamente."12
Mário Veloso diverge deste conceito ao afirmar:
"A justificação pela fé, conseqüentemente não é um simples ato
forense ou justificação objetiva. Em verdade a justificação pela fé é um ato
pelo qual Deus declara justo o homem injusto e pecador (II Cor. 5:21),
porém, a reconciliação implica necessariamente uma transformação das
relações existentes entre o homem inimigo e Deus. Esta transformação
subjetiva é descrita pela paz que o homem inimigo recebe para tornar-se
amigo de Deus no ato da justificação. Em sua atitude inimiga o homem
perdeu sua verdadeira relação com Deus e dirige-se para a morte. Não há
nada que ele possa fazer para sair desta situação. Somente a justiça de
Cristo pode transformá-lo porque esta 'é um princípio que transforma o
caráter e rege a conduta'. Mediante a justificação Deus perdoa ao homem.
O perdão de Deus não é meramente um ato judicial pelo qual Ele nos livra
da condenação. É não somente perdão pelo pecado, mas livramento do
pecado. É o trasbordamento de amor redentor que transforma o coração."13
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 13
A Justificação e a Lei
Sobre a Justificação
Benefícios da Justificação
Santificação
Pedro faz apelo idêntico: "Porque escrito está: Sede santos, porque eu
sou Santo." I Ped.1:16.
Glorificação
É o ato final no processo da salvação. Paulo nos ensinou que ela viria
em último lugar. Rom. 8:30.
É a recompensa dos que foram justificados e santificados por Cristo.
Rom. 8:19-23; 1 Tes. 4:16-17; II Ped. 3:13.
A glorificação será após a segunda vinda de Cristo.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 23
a) Isa. 62:11.
". . . Eis que vem o teu Salvador; vem com Ele a Sua recompensa, e
diante dele o seu galardão."
b) I Tes. 4:17 última parte:
". . . e assim estaremos para sempre com o Senhor"
d) II Tim. 4:8.
"Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto
juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas também a todos
quantos amam a sua vinda."
d) Apoc. 22:14.
"Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras, para que lhes
assista o direito á árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas."
Justificação – é momentânea.
Santificação – prolonga-se por toda a vida.
Glorificação – estende-se por toda a eternidade.
"Por isso que Deus nos escolheu desde o princípio para a salvação
pela santificação do Espírito e fé na verdade." II Tess. 2:13.
Referências:
1. Ellen G. White, Review and Herald, 3-9-1889.
2. ____________, Obreiros Evangélicos, pág. 301.
3. ____________, Review and Herald, 28.5-1954.
4. ____________, Testemunhos Seletos, vol. II, pág. 366.
5. ____________, Educação, págs. 125-126.
6. ____________, Christ Our Righteousness, pág. 607. A.G. Daniels.
Ver Revista Adventista, março de 1966, pág. 6.
7. Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, pág. 456.
8. Catecismo de Westminster.
9. Justificação, Santificação e Glorificação, p. 27, Hans K. LaRondelle.
10. Esboço de Teologia Sistemática de A.B. Langston, pág. 285.
11. Doutrina da Salvação, pág. 56, Hans K. LaRondelle.
12. A Justiça da Fé, pág. 69.
13. O Homem – Uma Pessoa Vivente, pág. 188.
14. SDABC, vol. 6, pág. 509.
15. O Desejado de Todas as Nações, pág. 280.
16. 6.000 Illustrations, pág. 400.
17. O Aspecto Jurídico da Justificação, págs. 17 e 18 – Josué A. de
Oliveira.
18. Teologia Sistemática de Strong, pág. 840.
19. Meditações Matinais, 11-2-1981.
20. Introdução da Lição da Escola Sabatina de 8 de agosto de 1959.
21. Manuscrito 61, 2-7-1903. Citado em Meditações Matinais de 2-7-1983.
22. Comentário sobre Romanos 3:24-28 do SDABC.
23. The Letter to the Romans, págs. 75 e 76.
24. Mensagens aos Jovens, pág. 35.
25. Doutrina da Salvação, pág. 20.
26. Meditações Matinais – 11-2-1981.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 26
27. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, pág. 153 – Joseph
Angus.
FÉ E OBRAS
Fé no Velho Testamento
Fé em o Novo Testamento
Se a pessoa não é salva por meio de obras, muitos concluem então que
não há necessidade de praticar boas obras. É necessário fazer bem claro a
diferença entre fazer obras visando alcançar a salvação e praticar obras
porque a pessoa foi salva.. . No primeiro caso boas obras são causa ou meio
de salvação; no segundo, as boas obras são o resultado, os frutos daquele
que nasceu de novo.
O Crente e as Obras
O crente não pratica boas obras para ser salvo, porém está salvo pela
fé em Cristo, por isso as pratica.
Enéas Tognini no livro O Cristão e as Obras, página 20, nos apresenta
esta importante verdade:
"Em Efésios 2:8, Paulo, pelo Espírito Santo diz: 'Pela graça sois salvos
mediante a fé. . .' Nesta maravilhosa escritura temos as duas partes
envolvidas no plano da salvação: Deus e o homem. Da parte de Deus é a
Graça. Graça é favor de Deus, presente de Deus. A Mão de Deus está
estendida para o homem com o presente eterno, que é Jesus. O Salvador lhe
é oferecido inteiramente de graça, isto é, sem dinheiro e sem preço. A parte
do homem é a Fé. O homem estende a sua mão e recebe de Deus o presente
que é Jesus. E nesse ato de Deus dar e o homem receber, consumou-se a
salvação."
A parte do homem é apenas dizer: "Sim, eu aceito o sacrifício que
Cristo fez por mim, eu creio." Isto é fé.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 30
As boas obras são condenadas quando praticadas visando à salvação,
porém, são necessárias e aceitas por Deus como resultado da salvação que
Cristo nos oferece gratuitamente.
As Escrituras aconselham a prática das boas obras quando realizadas
com o Espírito de Cristo – obras da fé, da graça ou do amor.
Conclusões
"Que ninguém diga que vossas obras nada têm que ver com vossa
categoria e posição diante de Deus. No juízo, a sentença pronunciada será
de acordo com o que tenha sido feito ou deixado de fazer." – Mensagens
Escolhidas, livro 1, pág, 381.
Como igreja jamais depreciemos as boas obras, porque "a justiça de
Cristo consiste em ações corretas e boas obras provenientes de motivos
puros e altruístas." – Testimonies, vol., 3, pág. 528.
Nota
LEI E GRAÇA
Introdução
Comentários Gerais
I. Que é Lei?
As leis são as normas estabelecidas por Deus para que por elas
pautemos a nossa vida.
Os Adventistas e a Lei
Nos dias de Paulo havia três erros concernentes à lei e à graça, erros
esses que têm perdurado até os nossos dias. Esses erros são:
1º) O Legalismo – É o ensino que somos salvos pelas obras,
observando cerimônias e preceitos da lei. O livro de Romanos refuta esse
erro.
2º) O Antinomianismo. Ensina que se somos salvos pela graça, não
faz diferença alguma como vivemos e nos conduzimos.
A epístola de Tiago é uma resposta a este erro doutrinário.
3º) O galacianismo. É o ensino que somos salvos pela graça, mas,
após isto, somos guardados pela lei. Em outras palavras: Somos salvos pela
fé e obras. Paulo guiado pelo Espírito Santo escreveu a carta aos Gálatas
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 36
combatendo esta heresia. Ver Novo Testamento Interpretado, de Russel
Norman Champlin, 4º vol. pág. 435.
Paulo e a Lei
Em Rom. 7:4-6 ele declara que morremos para a lei e fomos dela
libertados.
Em Gálatas 2:19 afirma: "Porque eu, mediante a própria lei, morri
para a lei, a fim de viver para Deus. .."
O contexto e outros princípios exegéticos nos informam que as
expressões: "morrer para a lei" e "ser libertados da lei" significam o
seguinte: O laço que nos ligava à lei como caminho para ser aceito por
Deus tem que ser quebrado.
Notem a declaração do comentarista Stamm: "A morte para, a lei
significa deixar de obedecer á lei como meio que nos assegura a boa
vontade divina."
Morrer para a lei, jamais quis significar que não temos mais a
obrigação de guardar a lei, mas sim morrer para a lei como meio de
justificação.
"Quem procura alcançar o céu por suas próprias obras, guardando a
lei, tenta uma impossibilidade." – Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 364.
Os fariseus ensinavam que a "Torah" encerra os elementos da
vida dos judeus; todos quantos lhe obedecessem viveriam, e aqueles que
lhe fossem desobedientes morreriam. (Ver Deut. 30:11-20).
Com a expressão "morrer para a lei" Paulo fazia referências ao
rompimento da crença que a guarda da lei era o caminho para nossa
aceitação perante Deus.
O Sr. Walter Martin, no livro The Truth About Seventh Day Adventism
afirma que o sábado como lei se cumpriu, não sendo mais obrigatório aos
cristãos. Na página 161 ele afirma: "Em mais de um lugar, o Novo
Testamento comenta desfavoravelmente sobre a prática de qualquer tipo de
observância legalista de dias", acrescentando mais adiante que "o apóstolo
Paulo ensinou que o sábado, assim como a lei se cumpriu na cruz e não era
obrigatório aos cristãos."
Em defesa de suas afirmações cita textos do Novo Testamento, sendo
o primeiro deles Col. 2:13-17. A explicação para este texto bíblico se
encontra em nossa apostila: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia.
Poucos versos do próprio Paulo são suficientes para provar que ele
jamais foi contra a lei.
Rom. 3:31 – "Anulamos, pois, a lei, pela fé? Não, de maneira
nenhuma, antes confirmamos a lei."
Rom. 7:12 – "Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo e
justo e bom."
Referências:
1. Our Hope – Ray C. Stedman. Citado no Ministério Adventista,
julho/agosto, 1962, pág. 20.
2. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, Joseph Angus, pág.
150.
3. Comentários das Escrituras de Mateus Henry (autor presbiteriano).
4. Word Studies in the New Testament, vol. III, pág. XI. Vincent.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 40
5. Comentário de Russell Norman Champlin sobre Efés. 2:8 em O
Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo.
Antinomianismo
Temos visto acima que Lutero rejeita a graça como postulado, porque
todas as exigências estão determinadas na lei. Pois pela lei Deus mostra aos
homens que temos necessidade de Cristo e de sua graça. Lutero citou toda
uma série de argumentos em favor da lei, dos quais queremos anotar os
mais importantes. Em primeiro lugar, Lutero concede que todos os homens
têm por natureza um saber a respeito do bem e do mal, mas diz que esse
saber está obscurecido, sendo por isso necessário auxiliar o homem, através
do mandamento e da palavra de Deus, à verdadeira clareza e ao
conhecimento da vontade divina. A lei não diz nada de novo ao homem; ao
contrário, aborda-o sempre naquilo que já sabe, ou seja, no que é bom e no
que o Senhor dele exige.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 42
Lutero dá ênfase que a lei deve ser pregada tanto aos descrentes como
aos crentes. Aos descrentes para que se convertam mudando assim sua
maneira de viver, Aos crentes pelo fato de que ainda carregam consigo
vestígios do pecado. Eles ainda não são piedosos, santos e bons, mas estão
se tornando. Enquanto vivermos, estamos em formação. Por isso, também
para nós a lei é necessária. A disciplina externa e interna de nossa vida é
ainda – sua obra. Declara ele que a lei, coloca freios em nossas inclinações
e desejos. Somente anjos não têm mais necessidade da lei, mas homens de
carne e sangue – e nem mesmo os cristãos estão disso excluídos –
precisam, enquanto viverem, da lei.
Por que ainda lei, se se concede que a lei não é necessária para a
justificação? Não implica isso mesmo a frase tão destacada por Lutero que
o homem se torna justo sem as obras da lei, somente pela fé? Vemos,
portanto, como devemos perguntar adiante e ir mais a fundo, se queremos
compreender não somente sua imprescindibilidade prática, mas sua
determinação e necessidade divinas. Por que é ela necessária a partir de
Deus?
Perguntamos: há realmente uma revelação de Deus na lei, assim como
também há a sua revelação no evangelho, ou não se encontra aquilo que
chamamos de lei numa linha só com o que chamamos de ordem política,
social e natural da vida, no sentido de que cada povo e cada estado têm sua
ordem? Há, além disso, ainda a lei divina, uma lei que é Sua lei,
estabelecida por Deus, dada a partir do céu? Justamente isso Lutero
defende, justamente isso afirma contra os antinomianos, que querem
rebaixar a lei ao nível de ordem política. De fato, é um mandamento do
céu, isto é, não humano, não terreno, como o do imperador. Lutero assume
o que Paulo diz, a saber: a lei é santa, divina e boa; também a designa de
espiritual, querendo assim descrever sua natureza, Por isso pela fé
tampouco é suspensa ou ab-rogada a lei; ao contrário, a partir daí é
plenamente colocada em vigor, pois somente a fé cumpre a lei,
presenteando o homem com um novo coração e um novo espírito, que
compreende a lei, que nela ama e adora a vontade do Pai."
Assim Lutero pode contrapor as mais agudas teses àqueles que
desejam suprimir a lei da revelação de Deus. É de opinião que esses
"fanáticos", sob a alegação de construir tudo sobre o sacramento e o
exemplo de Jesus Cristo, em verdade acabam assim suprimindo Cristo.
"Pois se a lei é ab-rogada, então não se pode mais saber quem é Cristo, o
que ele fez, já que cumpriu a lei por nós. Pois se quero compreender
corretamente o cumprimento da lei, isto é, Cristo, então é necessário saber
o que é a lei e seu cumprimento. Isso, no entanto, não pode ser ensinado, a
não ser que se diga que a lei não está cumprida em nós, sendo nós portanto
devedores do pecado e da morte. Se isto é ensinado, então aprendemos que
todos somos devedores da lei e filhos da ira. Por isso, a doutrina da lei é
necessária na igreja e tem que ser mantida por princípio, porque sem ela
Cristo não pode ser mantido. Em suma: suprimir a lei e manter o pecado e a
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 43
morte, isso significaria praticamente esconder a doença do pecado e da
morte, para a destruição dos homens. Se morte e pecado foram subjugados
(como Cristo o fez), então a lei poderia muito bem ser aniquilada, mas ao
contrário é confirmada como está escrito em Romanos 3.
Lutero conclui suas asseverações sabre o valor da lei sintetizando:
"Ambas as doutrinas, da lei e do evangelho, devem ser mantidas na igreja."
Nota: Estes pensamentos foram retirados do livro A Justiça da Fé,
págs. 29-37, de Hans Joachin Iwand, uma Exposição conforme a doutrina
de Lutero. Editora Sinodal, 1977.
A PREDESTINAÇÃO BÍBLICA
Que é predestinação?
Predestinação pode ser definida no sentido geral e no sentido bíblico.
No consenso do povo é crer que Deus traçou um plano para a nossa
vida e devemos segui-lo sem o direito da escolha. Em outras palavras –
somos autômatos, desempenhando um papel previamente estabelecido por
Deus.
Calvino, ampliando idéias já antes defendidas por Santo Agostinho,
afirmou que desde a antigüidade Deus estabeleceu dois decretos: Um
selecionando um grupo para a salvação ou vida eterna e um outro decreto
selecionando aqueles que serão destruídos. O próprio Calvino qualificou-o
como terrível decreto de Deus.
Estaria este ensino em harmonia com as doutrinas bíblicas? De modo
nenhum. Porque a dupla predestinação ensina que se não fomos
arbitrariamente escolhidos para a salvação, não há esperança, mesmo que
almejemos ardentemente esta graça. A Bíblia não diz isto.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 47
Predestinação bíblica, seria o decreto de Deus que possibilita a
salvação a todos os que aceitarem a Cristo.
Os adventistas não temos pregado e escrito o suficiente sobre este
magno assunto. Creio ser nosso dever compreendê-lo melhor e expô-lo
com clareza aos outros, embora reconhecendo, que ele é complexo, e em
alguns aspectos transcende a nossa limitada compreensão.
A Hermenêutica e a Predestinação
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 48
Três úteis princípios hermenêuticos ou interpretativos nos ajudarão a
compreender o problema da predestinação.
1º) É a regra áurea da interpretação, chamada por Orígenes de
"Analogia da Fé". O texto deve ser interpretado através do conjunto das
Escrituras e nunca através de passagens isoladas. Não podemos basear uma
doutrina numa só passagem.
2º) Para compreender bem uma passagem é precisa consultar as
passagens paralelas. São aquelas que tratam do mesmo assunto.
3º) Observar bem o contexto. Ver o que vem antes e depois para saber
de que autor está tratando.
2º) O segundo princípio pode ser ilustrado com Rom. 9:18 que
declara: "Logo, tem ele misericórdia de quem quer, e também endurece a
quem lhe apraz."
Colocando ao lado as passagens paralelas de Sal.18:25 e 26 e Isa.
55:7 sabemos com quem Deus quer ser misericordioso e com quem age
com dureza. Estas passagens nos afiançam que com os benignos Ele é
benigno, mas destruirá os perversos e impenitentes.
Êxodo 4:21 e 7:3 afirmam que Deus endureceu o coração de Faraó.
Estas passagens são citadas pelos defensores da predestinação. Temos aqui
um idiomatismo hebraico, ou seja o verbo usado não para expressar a
execução de algo, mas a permissão para fazer isso. Confira Êxo. 5:22 – "Ó
Senhor, por que afligiste a este povo?" (isto é, toleraste que fosse afligido).
Ademais as passagens paralelas de Êxodo 7:13, 22 e 8:32 nos
mostram que foi Faraó que endureceu o seu próprio coração.
Eleição e Vocação
Ilustração
Conclusão
Os adventistas cremos:
Nota
Que é Batismo?
Para os adventistas o batismo não é um sacramento no sentido em que
o aceita a Igreja Católica.
Que é sacramento?
O Catecismo Romano, pág. 209, § 3, letra D, referindo-se aos
sacramentos afirma:
"Deus os instituiu com a virtude, não só de simbolizar, mas também
de produzir alguma coisa. . . São sinais de instituição divina, e não de
invenção humana, que possuem também a virtude de produzir os santos
efeitos que simbolizam. Assim cremos com fé inabalável!"
Para os teólogos católicos romanos o batismo é uma ablução que lava
o corpo e purifica a alma da mancha do pecado. Esta declaração não se
harmoniza com afirmações bíblicas que nos esclarecem que é o sangue de
Cristo que nos limpa de todo o pecado. I Ped. 3:21; I João 1:7.
Como igreja cremos ser o batismo não um sacramento, mas um
compromisso de lealdade como escreveu Ellen G. White na carta 129, do
ano de 1903: "Ao se submeterem os cristãos ao solene rito do batismo, Ele
registra o voto feito por eles de Lhe serem fiéis, Esse voto é o seu
compromisso de lealdade."
O batismo é um requisito importante no plano da salvação por
simbolizar a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo.
É a porta de entrada para a igreja.
É o processo pelo qual nos tornamos membros da família de Deus.
O batismo é um ato de fé, por isso como igreja não aceitamos o
batismo infantil.
Nos escritos de Paulo é o sinal da comunhão espiritual que deve
existir entre o crente e Cristo. O batismo é um testemunho público de que o
batizando aceitou a Cristo como Seu Salvador pessoal.
É um sinal externo do verdadeiro arrependimento do pecado e a
manifestação de um desejo íntimo de ser purificado.
Pode ainda ser definido, como uma manifestação de fé, do crente, na
morte propiciatória de Cristo.
"Simboliza o batismo soleníssima renúncia do mundo. Os que ao
iniciar a carreira cristã são batizados em nome do Pai, e do Filho e do
Espírito Santo, declaram publicamente que renunciaram o serviço de
Satanás, e se tornaram membros da família real, filhos do Celeste Rei." –
Evangelismo, pág, 307.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 55
O batismo em o Novo Testamento é o sinal externo de que a pessoa
aceitou o plano divino para sua salvação, assim como a circuncisão o era
entre Deus e os israelitas do Velho Testamento. Em outras palavras, o rito
da circuncisão foi substituído na Era Cristã pelo batismo, como nos
informa Paulo em Col. 2:11 e 12.
Confiramos:
a) Mat. 3:6. – Muitas pessoas eram batizadas por João no rio Jordão.
b) Mat. 3:16. – Batizado Jesus saiu logo da água.
O apóstolo João (3:23) afirma: "Ora, João estava também batizando
em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas."
c) A referência ao batismo do eunuco etíope – Atos 8:38 e 39.
d) O simbolismo paulino de Rom. 6:4 é uma confirmação evidente de
que para ele batismo significa imersão.
Para o Professor Jorge E. Rice batismo é:
1º) A porta de entrada na igreja.
Os que ouviram o sermão pentecostal de Pedro perguntaram: "Que
faremos irmãos? Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos e cada um de vós
seja batizado em nome de Jesus Cristo." Atos 2:37 e 38.
Lucas diz ainda mais: "Acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que
iam sendo salvos." Atos 2:47.
2º) Porta de entrada para comunhão e relacionamento íntimos com
Cristo.
Ele nos chama a atenção para a preposição grega 'eis' e não 'en' usada
por Paulo para denotar o objetivo buscado e alcançado pelo batismo. Rom.
6:3 e 4. A preposição 'eis' indica reciprocidade e não repouso.
3º) A porta de entrada no Concerto.
Sendo a circuncisão o sinal entre Deus e Seu povo no Velho
Testamento, o batismo representa a circuncisão espiritual do coração, e
uma relação salvífica com Jesus. Afirmação baseada em Col. 2:11, 12."2
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 57
O Significado do Batismo
a) Atos 1:8
O poder do batismo no Espírito é primeiro e acima de tudo um poder
que nos une a Cristo. A grandeza do batismo no Espírito Santo consiste não
no fato de levar o homem além de Cristo, mas exatamente de o levar a
Cristo. Ser batizado no Espírito significa tornar-se de Cristo. Em outras
palavras: O batismo com o Espírito Santo é o sinal da ligação espiritual
entre o crente e Cristo.
b) Atos10:44-48
O dom do Espírito aqui é a conversão e não uma experiência posterior
à conversão. O batismo nas águas e o batismo no Espírito pertenciam
juntos de tal maneira que formavam "um batismo" da Igreja.
c) Mar. 1:10
A conexão de água com o dom do Espírito Santo foi iniciada pelo
próprio batismo de Jesus.
d) I Cor. 12:13
A expressão descreve o ato soberano de Deus, pelo qual todos os
cristãos são incorporados, no corpo de Cristo, por ocasião de sua
conversão. Paulo identifica o batismo no Espírito com a conversão ou
regeneração.
O batismo na água é o símbolo de nossa união vital e essencial com
Cristo, em sua morte e ressurreição – nós morremos para o pecado e
ressuscitamos para urna nova vida. O batismo na água é o sinal simbólico
do batismo do Espírito Santo, ou a união espiritual que deve existir entre o
crente e Cristo.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 60
Russel Norman Champlin, comentando Rom. 6: 3, que assim reza:
"Ou, porventura, ignorais que todos os que fomos batizados em Cristo
Jesus, fomos batizados na sua morte?", disse entre outras coisas o seguinte:
"O batismo em água simboliza a regeneração, embora de forma
alguma seja agente dessa realização espiritual. A água é apenas símbolo da
operação feita pelo Espírito Santo. (Ver Tito3:5 e I João 5:6-8)...
"O batismo em água é um ato de obediência, o qual visa,
especificamente, mostrar ao mundo que o batizando assumiu uma nova
lealdade."
Billy Graham afirma:
"Já que o batismo com o Espírito Santo ocorre no momento da
regeneração, a Bíblia nunca diz que devemos procurar por ele. Estou
convencido que muitas coisas que alguns teólogos e pregadores
adicionaram ao batismo com o Espírito Santo na verdade pertencem à
plenitude do Espírito. A finalidade do batismo com o Espírito Santo é fazer
o novo cristão adentrar no corpo de Cristo. Não há intervalo de tempo entre
a regeneração e o batismo com o Espírito.
"No momento em que recebemos a Jesus Cristo como Senhor e
Salvador, recebemos também o Espírito Santo."6
A água representa a purificação de nossos pecados efetuada através do
Espírito Santo.
O Espírito Santo convence o homem do pecado de rejeitar a Cristo; da
justiça da obra redentora de Cristo; do juízo por Satanás ter sido derrotado
por Cristo na cruz.
Muito se tem discutido sobre o significado da água e idéias
divergentes têm sido apresentadas, mas creio que melhor seja esta: o
nascimento da água foi empregado metonimicamente por Cristo para
significar o lavar dos pecados, ou a purificação espiritual, sem a qual
ninguém pode ver a Deus. Ezequiel 36:25 confirma esta exegese.
O Selo
Conclusão
Esta conclusão não é bem uma conclusão, mas um adendo que reforça
e esclarece certos aspectos já apresentados neste estudo.
"Consideramos ser o batismo uma das ordenanças da igreja cristã e
um memorial apropriado da morte, sepultamento e ressurreição de Cristo.
"Como hábito cerimonial, o batismo antecede a era cristã. O fato de o
batismo por imersão haver sido um dos requisitos que os prosélitos eram
obrigados a cumprir, evidencia que os judeus o praticavam.
"Para o judeu familiarizado com o sistema mosaico, as 'várias
abluções' (Heb. 9:10) indicadas nas ordenanças tinham significação
espiritual.
"Em sua oração Davi implorou a Deus – Lava-me. Sal. 51:7.
"Batismo significa mudança de proprietário.
"Batizado em Cristo, significa tomar-se propriedade de Cristo.
"O batismo significa a renúncia de todos os liames da velha vida de
pecado – as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo. II Cor.
5:17.
Batismo significa ligação vital com Cristo. O batismo significa fé em
Cristo: 'Quem crer e for batizado. ..' Mar. 16:16.
O batismo significa arrependimento: 'Arrependei-vos e cada um de
vós. . . ' 'Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus'."12
Referências:
1. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, vol.
l, págs. 260-264.
2. O Ministério Adventista, setembro/outubro de 19B3, págs. 16 e
17.
3. Um só Batismo, Uma só Eucaristia e Um só Ministério,
Documento da Comissão de "Fé e Ordem", do Conselho Mundial
de Igreja, págs. 16 e 17.
4. Luz Sobre o Fenômeno Pentecostal, pág. 36.
5. Nota da Lição da Escala Sabatina do dia 5 de Novembro
de1978.
6. O Espírito Santo, Billy Graham, pág. 70.
7. Ver Billy Graham – Opúsculo citado, págs. 72 e 73.
8. Luz Sobre o Fenômeno Pentecostal, págs. 26 e 27.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 64
9. Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. VI, pág. 833.
10. Revista Adventista, janeiro de 1974, págs. 30 e 31.
11. Idem, janeiro de 1961, pág. 37.
12. O Ministério Adventista, novembro e dezembro de 1962, pág. 11.
O VINHO NA BÍBLIA
Introdução
Podemos afirmar com certeza que o vinho usado por Jesus nesta
ocasião não era fermentado. Esta afirmação é conclusiva da Bíblia pelo
seguinte:
Na cerimônia da páscoa não devia haver fermento em nenhum
compartimento da casa, desde que este é o símbolo do pecado. Se os pões
asmos não continham fermento como o próprio nome indica, é fácil
concluir que o vinho também não podia conter fermento. A leitura das
seguintes passagens nos levam a esta conclusão: Gên. 19:3; Êxodo 13:6-7;
Lev. 23:5-8; Luc. 22:1. Tanto o vinho da ceia como o das bodas em Caná
da Galiléia não era fermentado, porque Jesus jamais aceitaria partilhar
daquilo que é tão fortemente condenado na Bíblia. Todas as igrejas cristãs
tradicionais conservam o costume de usar o vinho sem fermento para
simbolizar o sangue de Cristo, oferecido por nós na cruz, para remissão de
nossos pecados.
Conclusão
"Esse dinheiro dá-lo-ás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, ou
ovelhas, ou vinho, ou bebida forte, ou qualquer cousa que te pedir a tua
alma; come-o ali perante o Senhor teu Deus, e te alegrarás, tu e tua casa."
Deut. 14:26.
"Dai bebida forte aos que perecem, e vinho aos amargurados de
espírito." Prov. 31:6.
Limitar-nos-emos ao que diz o Comentário Adventista e a uma ligeira
alusão de Adão Clark.
O que escreveram os teólogos e comentaristas adventistas sobre Deut.
14:26.
"Bebida forte. O vinho e a bebida forte aqui mencionados eram ambos
fermentados. Em tempos passados Deus freqüentemente tolerava a
grosseira ignorância responsável por práticas que Ele nunca pôde aprovar.
Mas finalmente veio o tempo quando, em cada ponto, Deus ordenou a
todos os homens que se arrependessem (Atos 17:30). Então aqueles que
persistissem em suas práticas, a despeito do conselho e advertência não
mais teriam uma desculpa para seu pecado (João 15:22). 'Se eu não viera,
nem lhes houvera falado, pecado não teriam; mas agora não têm desculpa
do seu pecado.' No seu procedimento anterior eles não tinham pecado e
Deus não os considerava totalmente responsáveis, embora suas obras
estivessem afastadas do ideal. Sua longanimidade é extensiva a todo aquele
que não sabe o que está fazendo (Luc. 23:34). Como Paulo que perseguia a
Igreja ignorantemente na incredulidade eles podem obter misericórdia."
Depois de falar que Deus suportou a escravatura e a poligamia, coisas
contrárias aos princípios divinos, o SDABC assim conclui:
"Assim foi com o 'vinho' e 'bebida forte'. A ninguém era estritamente
proibido beber, exceto os engajados em deveres religiosas e talvez também
na administração da justiça (Lev. 10:9; Prov. 31:4). Os males do 'vinho' e
da 'bebida forte' foram claramente indicados, o povo aconselhado a abster-
se deles (Prov. 20:1; 23:29 a 33), e uma maldição pronunciada sobre
aqueles que induzissem outros a abusar da bebida (Hab. 2:15). Mas Paulo
coloca diante de nós o ideal declarando: 'Portanto, quer comais, quer
bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.' (I
Cor. 10:31), e informa que Deus destruirá aqueles que desonram seus
corpos (I Cor. 3:16-17). Coisas intoxicantes destroem o templo de Deus e
seu uso não pode ser considerado um meio de O glorificar (I Cor. 6:19-20;
10:31). Paulo abandonou o uso de cada coisa prejudicial ao seu corpo (I
Cor. 9:27). Não há desculpa hoje para o argumento de que não há nada
intrinsecamente errado no uso de bebidas intoxicantes, baseando-se no fato
de que uma vez Deus as permitiu. Como já foi notado, Ele também
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 71
permitiu uma vez a escravatura e a poligamia. A Bíblia adverte que os
bêbados não herdarão o reino de Deus (I Cor. 6:10)."
Sobre Prov. 31:6 este mesmo Comentário tece as seguintes
considerações:
"Pronto para perecer. Sem o conhecimento de narcóticos possuído
pelos médicos hoje, os antigos tinham freqüentemente apenas várias
misturas de bebidas intoxicantes e preparações de ervas narcóticas com as
quais insensibilizavam as dores de doenças fatais. Àqueles que eram
crucificados, no tempo de Cristo, ofereciam-lhes uma mistura de vinagre e
fel. Nosso Senhor recusou beber aquela mistura. Ele desejava uma mente
clara para resistir à tentação de Satanás e conservar forte Sua fé em Deus."
Adão Clark apresenta esta mesma idéia sobre Provérbios 31:6, apenas
usando vocabulário diferente:
"Dai bebida forte para aquele que está morrendo. Já temos visto que
bebidas embriagantes eram misericordiosamente dadas aos criminosos
condenados, para torná-los menos sensíveis às torturas que enfrentariam na
morte. Isto é o que foi oferecido a nosso Senhor, mas Ele recusou."
Introdução
Comentários Gerais
Sheol
Hades
Tártaro
Conclusão
Introdução
O Que é Arrependimento?
Conclusão
Referências
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 83
1. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, vol. III,
pág. 68.
2. O Novo Dicionário da Bíblia, vol. 1, pág. 141.
3. A Teologia Sistemática de Strong, pág. 124.
4. Testemunhos Seletos, de Ellen G. White, vol. II, pág. 94.
5. Patriarcas e Profetas, de Ellen G. White, pág. 630.
6. SDA Bible Dictionary
7. O Desejado de Todas as Nações, de Ellen G. White, págs. 654 e
655.
PEDRO E A PEDRA
ESTUDO EXEGÉTICO DE S. MATEUS 16:15-19
Identificação da Pedra
A Pedra é Cristo
Provas Bíblicas de que Pedro não foi Escolhido como Líder da Igreja,
ou Superior Hierárquico dos Apóstolos
a) Mateus 23:8 e 10 nos ensina que Cristo não queria que nenhum
deles fosse mestre ou guia, porque esta é uma prerrogativa divina.
b) Lucas nos relata (9:46; 22:24-30), que por duas vezes se levantou
entre os discípulos, o problema de quem entre eles tinha a primazia. Tal
problema jamais se levantaria se Cristo tivesse estabelecido a Pedro como
superior a eles.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 87
c) Se Cristo tivesse indicado a Pedro como o líder da Igreja, como o
Papa, ele seria infalível em suas decisões, portanto jamais lhe aconteceria o
que Lucas nos relata no seu evangelho capítulo 22:54-60.
d) Sendo Pedro o dirigente seria a pessoa que enviaria outros, mas
Lucas nos informa em Atos 8:14 que Pedro e João foram enviados pelos
apóstolos.
e) Se fosse o superior hierárquico dos apóstolos a argüição que eles
fizeram e a defesa de Pedro seriam inoportunas e desarrazoadas, conforme
o relato de Atos 11:1-18.
f) O primeiro concílio da igreja não foi convocado e dirigido por
Pedro mas por Tiago. O contexto apresentado pelo Dr. Lucas (Atos 15:13,
19) sugere que Tiago era o presidente.
g) Em Atos 15:22-29 há o relato de que a epístola enviada a Antioquia
foi dirigida em nome dos apóstolos, dos presbíteros, e da igreja e não por
Pedro.
h) Se Pedro fosse o líder, Paulo não poderia escrever o que se encontra
em Gálatas 2:11-14, pois seria faltar à ética hierárquica. A afirmação de
Paulo no verso 11 é bastante taxativa para desmoronar todo o falso edifício
que o papado tem construído na base de Mateus 16:18 sobre o primado de
Pedro.
i) 1 Coríntios 12:28. Se Pedro fosse o Papa, na enumeração dos ofícios
da Igreja, Paulo não se esqueceria deste tão preeminente – o Vigário de
Cristo.
j) Paulo afirma em Gálatas 2:9 que Tiago, Cefas (Pedro) e João eram
considerados como colunas. Note-se que Tiago está em primeiro lugar.
No SDABC, Vol. V pág. 431 se encontram estas oportunas palavras:
"Talvez a melhor evidência. de que Cristo não apontou a Pedro como a
'pedra' sobre a qual edificaria Sua igreja seja o fato de que nenhum dos que
ouviram esta afirmação de Cristo, nem o próprio Pedro assim entendeu
Suas palavras, nem durante o tempo em que Cristo esteve na Terra nem
posteriormente. Houvesse Cristo feito a Pedro chefe entre os discípulos,
depois disto eles não se veriam envolvidos em discussões sobre qual deles
seria considerado o maior."
Nota
S. Mateus 19:24
Comentários Gerais
"A explicação que o fundo de uma agulha, se refere a uma porta menor
aberta no painel de uma grande porta da cidade pela qual os homens podiam
passar quando a grande porta estava fechada para o tráfego principal, originou-
se nos séculos depois dos dias de Cristo. Não há portanto nenhum fundamento
para tal explicação, embora ela possa parecer plausível, Jesus está tratando
com impossibilidades (v. 26) e não há nenhum apoio para se defender uma
explicação pela qual se possa traduzir como possível o que Jesus
especificamente salientou como impossível."
Será que há necessidade de aduzir mais exemplos comprobatórios,
para a eliminação completa de explicações não alicerçadas em bases
seguras?
Conclusão
Introdução
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 98
Marcos 7:15 – "Nada há fora do homem que, entrando nele o possa
contaminar; mas o que sai do homem é o que o contamina."
Marcos 7:19 – "Porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e sai
para lugar escuso? E assim considerou ele puros todos os alimentos."
O objetivo deste trabalho é esclarecer certas afirmações bíblicas, que
por serem mal interpretadas, são usadas em defesa de ensinamentos não
sancionados pelas Escrituras Sagradas.
Para uma boa compreensão deste assunto três princípios
hermenêuticos devem ser relembrados:
1º) A Bíblia deve ser seu próprio intérprete.
2º) O contexto quase sempre ajuda a explicar o texto.
3º) Colocar os fatos narrados em sua moldura histórica.
Para chegarmos ao exato sentido do que Cristo quis dizer com a frase:
"Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar;" e a
declaração de Marcos – "e assim considerou ele puros todos os alimentos",
precisamos analisar outras passagens bíblicas, que nos esclarecerão sobre o
exato significado destas afirmativas. As duas mais significativas seriam:
a) A experiência de Pedro em Atos 10;
b) Os esclarecimentos paulinos em Romanos 14.
Estaria Cristo com esta declaração anulando ensinamentos do Velho
Testamento? A classificação dos animais em limpos e imundos agora
deixaria de existir?
Peçamos a Deus que nos esclareça a mente, para entendermos com
clareza os sábios ensinamentos da Sua Palavra.
Comentários Gerais
A Verdadeira Contaminação
Conclusão
Introdução
Comentários Gerais
2ª) Uma segunda corrente afirma que crentes vivos eram batizados em
lugar de crentes mortos, porque estes, por alguma razão não puderam ser
batizados. É possível que alguns desses crentes tivessem falecido
repentinamente, devido a alguma praga ou outra ocorrência funesta, não
tendo assim a oportunidade de se batizarem.
3ª) O Comentário de Adam Clarke sobre esta passagem é mais ou
menos o seguinte:
Depois de afirmar que é o verso mais difícil do Novo Testamento e
apresentar várias interpretações ele enfatiza esta: Paulo emprega a palavra
batismo como sinônimo de dores, de sofrimento, que os apóstolos estavam
sofrendo pelo fato de pregarem o evangelho, com a esperança de
ressuscitarem um dia, à semelhança de Cristo, para herdarem a vida eterna.
A palavra batismo neste verso é usada no mesmo sentido de Mar. 10:39 e
Luc. 12:50.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 117
4ª) De acordo com The Pulpit Commentary batismo, nesta passagem é
o batismo do Espírito Santo, referindo-se portanto à conversão da alma
pelo Espírito de Deus.
Em outras palavras, devemos compreender a expressão batismo pelos
mortos como uma referência àqueles que das trevas pagãs foram
convertidos pelo evangelho e admitidos na igreja, a fim de ocuparem o
lugar de crentes que pelo martírio ou qualquer outra razão tinham morrido,
Assim o batismo ou a conversão compensava as perdas causadas pela
morte.
5ª) Ainda uma outra sucinta idéia defendida com ardor por vários
estudiosos é que a palavra "mortos" neste passo se refere a Cristo, sendo
usado o plural pelo singular (sinédoque) significando – por causa do morto,
isto é, Cristo. No original está mortos, e é difícil vermos como Cristo
poderia representar uma "categoria" inteira de pessoas. Além disso Cristo
não está morto mas bem vivo como a passagem ensina.
6ª) É uma explicação sugerida por aqueles que defendem a tese de que
não havendo pontuação no original, ao colocarem esses sinais, houve uma
distorção naquilo que Paulo realmente desejou dizer.
O Dr. W. E. Vine apresenta a seguinte solução: "Lembrados de que o
original foi escrito sem pontuação, podemos pôr o sinal de interrogação
depois da palavra "batizados" e então o versículo adquire sentido de acordo
com a doutrina da Escritura. Assim ler-se-á: "Que farão os que são
batizados? É para os mortos. Se os mortos não ressuscitam, por que se
batizam por causa deles?"
Vejamos agora a interpretação sugerida pelos estudiosos adventistas,
de conformidade com o SDABC ao comentarem I Cor. 15:29.
"Paulo neste verso retorna à sua linha principal de raciocínio
concernente à ressurreição. Esta é uma das difíceis passagens nos escritos
de Paulo para a qual nenhuma explicação inteiramente satisfatória tem sido
encontrada. Os estudiosos têm apresentado 36 interpretações procurando
solucionar os problemas deste verso. (Estas 36 diferentes explicações
apareceram em Junho de 1890, em Newbery House Magazine,
apresentadas por J. W. Horsley. Nota de P.A.).
Três interpretações são sugeridas:
1ª) A passagem deveria ser traduzida: "O que então farão os que são
batizados? (são eles batizados) por causa dos mortos? Se os mortos não
ressuscitam, por que então eles são batizados? Por que então nos expormos
sempre ao perigo por eles?" No entanto, esta tradução, embora possível,
não explica satisfatoriamente a frase 'em favor dos mortos'.
2ª) Paulo está se referindo aqui a um costume herético, onde cristãos
vivos eram batizados em favor dos mortos; portanto, parentes ou amigos
não batizados, poderiam ser salvos por procuração.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 118
Pais da igreja fazem várias referências a uma tal prática citando o
costume dos heréticos marcionistas.
Tertuliano se refere ao festival pagão: Kalendae Februare onde os
adoradores se submetiam a uma purificação, ou lavagem em favor dos
mortos (Contra Marcion Verso 10). Marcion floresceu aproximadamente na
metade do segundo século A.D.
Este segundo ponto de vista exige a admissão de que a prática data de
dias anteriores a Paulo. A objeção que se levanta é que o apóstolo seria
inconsistente em citar uma prática herética ou pagã para sustentar uma
doutrina cristã fundamental. Mas Paulo, sem endossar a prática poderia
dizer em essência: Se os próprios pagãos e heréticos têm a esperança da
ressurreição, quanto mais nós deveríamos alimentar esta sublime
esperança. Jesus usou a história do Rico e Lázaro como elemento para uma
parábola, embora não endossasse sua aplicação literal.
3ª) É possível interpretar o verso 29, em termos de seu contexto (versos
12-32) como uma outra prova da ressurreição: I – A expressão se refere ao
argumento dos versos 12-28 e poderia ser parafraseada, 'mas se não há
ressurreição. . .' II – A palavra "batizado" é usada figuradamente para perigo
ou morte como em Mat. 20:22 e em Luc. 12:50. III – Aqueles que são
batizados "refere-se aos apóstolos, constantemente enfrentando a morte,
quando eles proclamavam a esperança da ressurreição (I Cor. 4:9-13; conf.
Rom. 8:36; II Cor. 4:8-12). IV – Os mortos do verso 29 são os cristãos mortos
dos versos 12-18, e potencialmente todos os cristãos vivos, que, de acordo
com alguns em Corinto não tinham esperança além da morte (verso 29 poderia
ser parafraseado assim: "Mas se não há ressurreição, o que devem fazer os
mensageiros do evangelho, se eles continuamente enfrentam a morte em favor
dos homens que são destinados a perecer na morte?
Seria tolice (v. 17) para eles, enfrentar a morte pelos outros, "se os
mortos não ressuscitam" (versos 16, 32). Portanto, a coragem dos
apóstolos, mesmo em face da morte, é uma excelente evidência de sua fé na
ressurreição. Que não é possível que os cristãos fossem batizados
vicariamente em favor de parentes e amigos mortos como alguns ensinam,
é comprovado pelas Escrituras que declaram que um homem deve crer
pessoalmente em Cristo, e confessar seus pecados a fim de beneficiar-se
com o batismo, e assim ser salvo (Atos 2:38; 8:36-37; conforme Ezeq.
18:20-24; João 3:16; I João 1:9). Mesmo o mais justo dos homens pode
livrar apenas a sua própria alma (Ezeq. 14:14, 16). A morte determina o
fecho da experiência humana (veja Sal. 49:7-9; Ecl. 9:5, 6, 10; Isa: 38:18,
19; Luc. 16:26; Heb. 9:27, 28)".
Conclusão
Outra explicação:
Os adventistas cremos que as duas afirmações "partir e estar com
Cristo" não pressupõem dois acontecimentos imediatos ou em seqüência.
Haverá base bíblica para esta crença?
Sim, e os dois seguintes exemplos confirmam nossa assertiva:
1º) Em Isaías 61:1-2 há uma profecia da obra que Cristo efetuaria em
seu primeiro advento. Em S. Lucas 4:17-19 se encontra o relato de que
cristo leu esta passagem, acrescentando, no verso 21: "Hoje se cumpriu esta
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 122
escritura em vossos ouvidos". Atentando para o relato de Isaías, veremos
que Cristo não leu toda a profecia, embora seja uma declaração
aparentemente ligada; Ele concluiu com a frase: "e anunciar o ano aceitável
do senhor". A frase seguinte diz: "e o dia da vingança de nosso Deus". Ele
não leu esta parte, porque não devia cumprir-se naquela época, embora
estivesse unida na mesma frase. Toda a era cristã devia passar antes de vir
o dia da vingança do nosso Deus.
2ª) Pedro em sua segunda carta, cap. 3: 3-13 relata a segunda vinda de
Cristo e a destruição da Terra pelo fogo. Se lermos Apoc. 20 sabemos que
haverá entre os dois acontecimentos um intervalo de mil anos.
Conclusão
Introdução
Comentários Gerais
A razão que ele apresenta para isto é a seguinte: Como a cópia dos
manuscritos se fazia por ditado, os escribas estavam expostos a omitir
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 127
palavras que aparecendo em sucessão tivessem um som semelhante – en ho
kai Enoque.
É uma sugestão interessante e engenhosa, mas que não devemos
aceitar por falta de evidências comprobatórias.
Segue-se uma explicação para esta passagem dada por Artur S.
Maxwell, aparecida na Revista Adventista, setembro de 1962, pág. 8:
"Na primeira epístola de S. Pedro ocorre esta estranha afirmativa: I
Ped. 3:18-20. Naturalmente, somos levados a indagar: Quem eram os
espíritos em prisão? Como podia Cristo lhes pregar e quando? Não haverá
aqui algum erro? Não. Se compararmos esta passagem com a história do
dilúvio, em Gênesis 6, tudo se torna claro. As palavras "no qual" referem-
se ao Espírito Santo, e foi por esse Espírito que Cristo pregou aos 'espíritos
em prisão', que no versículo 20 são definidos como pessoas que 'noutro
tempo foram desobedientes'. Esse 'noutro tempo' é claramente identificado
como o tempo em que 'a longanimidade de Deus aguardava nos dias de
Noé.' Assim, o tempo eram os dias de Noé, o lugar era o mundo
antediluviano, e o meio pelo qual Cristo contendia como homem era seu
santo Espírito – fato claramente expresso em Gênesis 6:3. O ministério de
Noé, ministério presidido e motivado pelo Espírito, durou 120 anos –
tempo durante o qual Deus procurou libertar o povo da prisão do pecado e
salvá-lo na arca. A maior parte recusou o convite, salvando-se 'através da
água', apenas 'oito pessoas'."
Conclusões
Referência:
Introdução
Conclusão
Dia do Juízo
Embora João tivesse tido uma visão sobre o dia do juízo, não poderia
ter sido neste dia, porque este ainda estava no futuro.
Esta interpretação não pode ser aceita quando sabemos:
1º) Vincent em Word Studies in the New Testament, vol. II, pág. 425,
comentando Apoc. 1:10, assim se expressa:
"Dia do juízo é expresso no Novo Testamento por
h hme?ra tou~~ Kuri?ou – he hemera tu kuriu –
II Tes. 2: 2; ou hme?ra Kuri?ou – hemera kuriu – II Ped.
3:10; ou ainda – hme?ra cristou~~ – hemera christu – o
dia de Cristo – Fil. 2:16".
Dia do Imperador
Dia do Domingo
b) Sua Tradução.
Em algumas traduções como a de Figueiredo, Ferreira de Almeida,
Bíblia de Jerusalém, New English Bible, Novo Testamento na Linguagem
de Hoje, Novo Testamento Vivo e estrangeiras como: Alford, Goodspeed,
Spender, Moulton, Fenton, Weymouth, Moffatt, Wyclif, Knox
encontramos:
"Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras. . ."; enquanto
que as traduções: The Holy Bible, King James Version, La Sacra Biblia,
Giovani Diodati (Italiana), a tradução siríaca e outras consignam:
"Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos..."
Conclusão
Nota
1ª) Apocalipsis
É uma transliteração da palavra grega, cuja tradução seria revelação de
algo que não se vê.
O Novo Dicionário da Bíblia, referindo-se a esta palavra afirma:
"Sua volta será também um Apocalipsis, um desvendamento ou
descoberta, quando o poder e a glória, que agora já Lhe pertencem, em
virtude de Sua exaltação e presença celestial (Fil. 2:9; Efés. 1:20-23; Heb.
1:3; 2:9) serão desvendados diante do mundo (I Ped. 1:13).
2ª) Epiphania
Esta palavra designava no grego clássico o aparecimento de uma
divindade que se encontrava escondida.
Este vocábulo traduzido em português por aparição ou manifestação,
refere-se à vinda de Cristo, como se Ele saísse de um lugar escondido, para
nos trazer as ricas bênçãos da salvação. (II Tess. 2:8; I Tim. 6:14; Tito
2:13).
3ª) Faneroo
O excelente dicionário de Arndt and Gingrich traduz este verbo assim:
a) Revelar, fazer conhecido, mostrar: I Cor. 4:5; Tito 1:3.
b) Tornar visível ou conhecido, ser revelado: Mar. 4:22; João 3:21;
Rom. 16: 26; Efés. 5:13.
c) Aparecer, revelar-se. Aparece em quatro passagens com referência
á segunda vinda de Cristo: Col. 3:4; I Ped. 5:4; 1 João 2 :28; 3:2.
4ª) Parusia
Das quatro apresentadas é a mais conhecida e mais importante para
descrever a segunda vinda de Cristo, por isso requer de nós um estudo mais
minucioso.
Que é Parusia?
Conclusões
Referências:
1. O Conflito dos Séculos, Ellen G. White, pág. 323.
2. Novo Dicionário da Bíblia, pág. 512.
3. Teologia Sistemática, L. Berkhof, pág. 832.
4. Idem, pág. 833.
5. Ibidem, pág. 935.
I. Sagrados
1º) 1 Samuel 30:12 e 13 declara. . . "pois havia três dias e três noites
que não comia pão nem bebia água". Então lhe perguntou Davi: "De quem
és tu, e de onde vens?" Respondeu o moço egípcio: "Sou servo de um
amalequita e meu senhor me deixou aqui há três dias." Note bem as
expressões diferentes para o mesmo período de tempo.
2º) Outro exemplo concludente se encontra em Ester 4:16 e 5:1 ". . . e
jejuai por mim e não comais nem bebais por três dias, nem de noite nem de
dia. . . Ao terceiro dia Ester se aprontou. . ." É claro que o período de três
dias não havia chegado ao fim quando ela se apresentou perante o rei, se
fosse diferente, estaria: no quarto dia.
3º) As crianças em Israel eram circuncidadas ao terem 8 dias (Gên.
17:12), porém, a circuncisão ocorreria no oitavo dia devido a contagem
inclusiva (Lev. 12:3; Luc. 1:59).
Os exemplos bíblicos poderiam ser multiplicados, mas estes são
suficientes para nos elucidarem sobre Mateus 12: 40.
II. Profanos
A Enciclopédia Judaica Universal no item – "dia", assim se expressa:
"Nas práticas religiosas, a parte de um dia é freqüentemente contada como
um dia completo. Tal é o caso dos sete dias de luto, se o funeral ocorre à
tarde: a curta porção restante do dia é contada como um dia completo. Na
contagem da data da circuncisão no oitavo dia após o nascimento, mesmo,
uns poucos minutos do dia restante após o nascimento são considerados
como um dia completo".
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 161
Era comum no Egito, Grécia e Roma a "contagem inclusiva" como
nos atestam seus documentos. Por exemplo, os gregos chamavam a
Olimpíada, que se realizava de quatro em quatro anos de pentaeteris
(período de cinco anos) por contarem o ano inicial e o final.
O SDABC, Vol. II, pág. 136 confirma as declarações anteriores:
"A maneira de contar o tempo empregada na Bíblia é a chamada
contagem inclusiva, que considera tanto a primeira como a última unidade
de tempo incluídas dentro do período. Este sistema era também usado por
outras nações como se pode ver através de documentos. Uma inscrição
egípcia que registra a morte de uma sacerdotisa no quarto dia do 129 mês,
relata que o sucessor dela chegou no 12º dia, quando se passaram 12 dias. É
evidente que, pela nossa maneira de contar diríamos que os doze dias,
passados a partir do 4º dia, chegariam à data de 16".
Broadus e outros pesquisadores citam uma frase do Talmude de
Jerusalém que nos é útil: "um dia e uma noite juntos formam um onah
e qualquer parte deste período é contada como um todo. O termo hebraico
onah, corresponde ao grego nicthmeron, que significa, noite e dia,
como está empregado em II Cor. 11:25. Não foi este o vocábulo empregado
por Mateus, talvez em virtude de estar fazendo uma citação do Velho
Testamento (Jonas 1:17).
Seria de bom alvitre frisar que "três dias e três noites" só aparece em
Mal. 12:40, porque nas passagens paralelas são usadas estas outras
expressões equivalentes: três dias, depois de três dias, ao terceiro dia.
Cristo o fez por estar citando o Velho Testamento (Jonas 1:17), mas deve
ficar bem claro, que está usando em hebraísmo, ou a contagem inclusivo.
Conclusão
A passagem de Mat. 12:40 não deve ser citada por nenhum incrédulo
como prova de contradição nas Santas Escrituras.
Filho de Deus
Filho do Homem
Conclusão
I. Classificação de Manuscritos
III. Variante
I. Definição
II. O Texto
III. O Problema
2º) Ela não foi traduzida para as versões ambas da Bíblia, como nos
atestam a siríaca, a armênia, capta, árabe, etíope e outras.
Conclusão
Nota
Conclusão
PARACLETO – Paravklhtov
Anátema
Maranata
Conclusão
ÓSCULO SANTO
I. Novo Mandamento
Em Apoc. 21:1 lemos: "Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu
e a primeira terra passaram, e o mar já não existe."
É confortador saber que a Nova Terra (kainé) vista por João é esta
nossa Terra, renovada pelo poder de Deus. Sabemos também que o pecado
obliterou o plano divino para esta Terra, mas graças ao plano da salvação
esta abençoada Terra, que nos viu nascer, depois de purificada pelas
chamas destruidoras será o lar edênico dos salvos.
Assim como esta terra será renovada (kainé), a nossa vida também
precisa ser renovada pelo poder de Deus. Devemos submeter-nos à justiça
de Cristo, para que esta renovação seja completa. "E assim, se alguém está
em Cristo, é nova Criatura: as coisas antigas já passaram; eis que se
fizeram novas." II Cor. 5:17.
Quando o revelador descreveu o novo céu e a Nova Terra nesta
passagem ele usou a palavra grega "kainós" que quer dizer nova em
qualidade, contrastando cem néos que significa nova em tempo.
O Comentário Adventista, vol. 7, pág, 889, consigna:
"João estava, provavelmente, ressaltando o fato de que os novos céus
e a nova Terra serão criados dos elementos purificados dos velhos, e assim
serão novos em qualidade, e serão diferentes. Os novos céus e a nova Terra
serão então uma recriação, uma nova feitura dos elementos existentes."
Conclusão
Introdução
Comentários Gerais
Definição de Ira
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 197
"Mágoa ou paixão que a injúria desperta na pessoa injuriada; raiva,
cólera. Desejo de vingança." – Laudelino Freire.
No consenso comum esta palavra significa fúria, raiva, cólera, com
um desordenado desejo de vingança. Esta seria a ira humana, por isso é
condenada na Bíblia.
Ira do Homem
Ira de Deus
Quando a Bíblia fala da ira de Deus ela nos deseja ensinar que Ele é
justo e tem aversão ao pecado.
Ira de Deus é uma expressão bíblica que significa o castigo dos ímpios
no Juízo Final.
Ira de Deus é outra expressão para a justiça divina.
Apêndice
Referências
1. O Desejado de Todas as Nações, pág. 700.
2. Patriarcas e Profetas, pág. 40.
3. O Grande Conflito, págs. 589-590.
4. O Ministério da Cura, pág. 11.
5. Minha Vida Hoje, pág. 291.
6. Parábolas de Jesus, pág. 17.
7. Mensagens Escolhidas, vol. I, pág. 216.
8. SDABC, vol. III, pág. 1114.
9. Idem, pág. 306.
10. Profetas e Reis, pág. 349.
11. Profetas e Reis, pág. 728.
12. SDABC, vol. I, pág. 1094.
13. Patriarcas e Profetas, pág. 509.
14. Desire of Ages, pág. 130.
15. O Grande Conflito, pág. 35.
16. O Grande Conflito, pág. 589.
ALMA E ESPÍRITO
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 209
É interessante, antes do estudo destas duas palavras, saber que existem
duas doutrinas relacionadas com este tema.
1ª) Conhecida cem o nome de tricotomia (divisão em três partes)
segundo a qual o homem é constituído de corpo, espírito e alma.
2ª) Chamada de dicotomia (divisão em duas partes) por defender que o
homem é formado de duas partes: corpo, sendo a alma e o espírito uma só
coisa, isto é, a parte imaterial do homem.
Conclusão
O grego, sendo uma das mais ricas línguas do mundo, tem o poder
inigualável de expressar sutis diferenças de significado por palavras
distintas. Freqüentemente o grego apresenta várias palavras para expressar
mudanças de significados, enquanto nós o fazemos mediante um só
vocábulo. Em português todas as cambiantes do rico sentimento do amor
são expressas por uma palavra, enquanto o grego o faz através de quatro
formas distintas. São elas:
1ª) O verbo agapavw – agapao e o substantivo
avgaph – ágape.
2ª) O verbo filevw – fileo e o substantivo filiva – filia
3ª) O verbo stevrgw – stergo e o substantivo stovrgh –
storge.
4ª) O verbo e}ravw – erao e o substantivo e}rov – eros.
Agapao
Fileo
Que é Amor?
Introdução
Definições e Explicações
Comentários Gerais
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 226
O Batismo com o Espírito Santo e o Falar Línguas
Indica a Bíblia que toda a pessoa batizada com o Espírito Santo falaria
línguas? Os pentecostais declaram de maneira enfática que os cristãos que
recebem o Espírito Santo precisam falar línguas.
Eis suas declarações:
"Um cristão que não foi batizado com o Espírito Santo, tendo como
prova disso o falar em línguas, é um fracalhão espiritual, comparado com
aquilo que poderia ser caso fosse batizado com o Espírito Santo, de acordo
com Atos 2:4."
É dogma entre as igrejas pentecostais, que o batismo no Espírito Santo
sempre vem acompanhado das 1ínguas.
A Constituição das Assembléias de Deus afirma:
"O batismo no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial
do falar em outras línguas, segundo o Espírito de Deus lhes concede."
Esta afirmação seria defensável pela Bíblia? De modo nenhum, pois
uma pesquisa bíblica nos informa que de dezoito notáveis relatos do
batismo com o Espírito Santo, catorze não apresentam nenhuma referência
a línguas.
Na Igreja Apostólica há muitas evidências da manifestação do Espírito
Santo na vida e na obra dos crentes sem o aparecimento do dom de 1ínguas.
Os seguintes exemplos são concludentes:
1º) Os sete diáconos foram homens cheios do Espírito Santo, mas não
há nenhuma menção de que tivessem falado línguas.
2º) Os samaritanos ao crerem na Palavra de Deus receberam o Espírito
Santo, porém, não foram agraciados com o dom de línguas.
O pastor luterano Larry Christenson estudando os relatos sobre o
batismo, no livro de Atos, pergunta:
"Significará isso que todo aquele que recebe o Espírito Santo fala em
línguas – e que se alguém não falou em línguas não recebeu realmente o
Espírito Santo?" Sua resposta é: "Não creio que se possa tirar essa
conclusão fixa das Escrituras." – Revista Trinity, vol. III. Nº l).
V. I Coríntios 12 a 14
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 230
Nestes capítulos não há o relato descritivo do dom de línguas. O
pastor batista João F. Soren, no artigo "O Dom de Línguas à Luz do Novo
Testamento" declara enfaticamente: "Não há evidência segura de que tenha
havido em Corinto, à luz da exposição do Apóstolo Paulo em 1 Cor. 12, 14,
a manifestação do dom carismático de línguas, ou seja a capacitação
concedida pelo Espírito Santo para que os crentes ali falassem idiomas que
nunca estudaram ou aprenderam normalmente, à maneira do que se
verificou no dia de Pentecostes. . .
"Os coríntios competiam em torneios poliglóticos na igreja, falando
publicamente em idiomas estrangeiros ou então tartamudeando em êxtase
nervosa, para impressionar os ouvintes. Não tinham eles o dom carismático
de línguas. Isso era algo muito diferente do que ocorrera no Pentecostes.
Ao invés de darem um sinal convincente do poder do evangelho para a
salvação de todo aquele que crê, o sinal que davam eles para os incrédulos
era outro. A confusão, a balbúrdia era tal que, para os incrédulos, a casa de
Deus mais dava a impressão de ser uma casa de dementes. I Cor. 14:23."
J. Reis Pereira, em artigo colocado no livro A Doutrina do Espírito
Santo, pág. 77 nos esclarece:
"As línguas de I Coríntios eram sons ininteligíveis. Davam a aparência
de uma língua, mas ninguém poderia compreendê-la. Para interpretá-la
seria necessário um outro dom, o dom de interpretação. Tais são as línguas
faladas em assembléias pentecostais de nossos dias, o dom que prova o
batismo no Espírito Santo, segundo os pentecostais. Tais são as línguas
faladas em igrejas de outras denominações, até mesmo batistas, em nossos
dias, ao que nos informam. . .
"Línguas ininteligíveis, extra-humanas, sons incompreensíveis,
necessitando de um intérprete tais seriam as línguas da Igreja de Corinto,
segundo a interpretação que estamos considerando."
Estudiosos competentes das Escrituras têm chegado à seguinte
conclusão:
O falar línguas na Igreja de Corinto era um afastamento ou abuso do
dom recebido pelos 120 cristãos no Pentecostes.
Pelo relato de Paulo sabemos que algumas poucas palavras
compreensivas tinham muito mais valor do que centenas em uma língua
desconhecida. "Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que
vós todos. Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha
própria inteligência, para que possa instruir os outros, do que dez mil
palavras em língua desconhecida." (I Cor. 14:18 e 19). Em outros escritos
paulinos, referentes aos dons do Espírito, não há nenhuma referência ao tão
decantado dom de línguas. Ver Romanos 12 e Efésios 4.
Em Nota Adicional sobre I Cor. 14 o SDA Bible Commentary declara
entre outras coisas o seguinte:
"Que a língua falada sob a influência do dom em Atos 2 era uma
língua estrangeira, que poderia ser facilmente compreendida por um
estrangeiro daquela língua.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 231
"A manifestação de I Coríntios era diferente daquela do dia de
Pentecostes, porque a língua não era uma língua falada por homens, e por
este motivo nenhum homem poderia entendê-la, a menos que estivesse
presente um intérprete, que possuísse o dom do Espírito para compreender
a língua. (I Cor. 12:10).
"Após enumerar uma lista de características que devem ser notadas na
descrição paulina de I Cor. 14, acrescenta:
"Esta lista de características do dom torna claro que o apóstolo não
está tratando de um dom falsificado. Ele enumerou "línguas" entre os
genuínos dons do Espírito (cap. 12:8-10), e em nenhuma parte sugere que a
manifestação descrita no cap. 14 não é de Deus. Pelo contrário, louva-a
(cap. 14: 4, 17), alega que ele falava em línguas mais do que os Coríntios
(v. 18), desejava que todos possuíssem o dom, e recomenda os crentes a
não proibirem o seu exercício (v. 39). Seu objetivo através da discussão é
mostrar o seu devido lugar e função e advertir contra o seu abuso."
Outras partes desta Nota Adicional que merecem destaque são estas:
"Seja qual for a opinião adotada, uma coisa é certa, que a
manifestação do dom no Pentecostes e os propósitos para os quais ele foi
dado (Atos 2) diferiam em muitos aspectos do dom manifestado em
Corinto. O dom em Corinto servia para edificar o orador, não os outros (I
Cor. 14:4). Paulo não encorajou seu uso em público a não ser que um
intérprete estivesse presente (versos 19, 28)."
"Por causa de certas obscuridades em relação à maneira precisa pela
qual o dom se manifestou antigamente, Satanás tem achado fácil falsificar o
dom. Exclamações incoerentes eram bem conhecidas e largamente
encontradas dentro do culto pagão. Também em tempos posteriores, sob o
disfarce de cristianismo, várias manifestações das chamadas línguas têm
aparecido de tempos em tempos. Contudo, quando estas manifestações são
comparadas com especificações escriturísticas do dom de línguas, elas são
achadas ser algo muito em desacordo com o dom antigamente comunicado
pelo Espírito. Essas manifestações portanto devem ser rejeitadas como
espúrias. Entretanto, a presença do dom falsificado não nos deve levar a tratar
levianamente o dom genuíno. A manifestação correta do dom a que Paulo se
refere em I Cor. 14 realizou uma função proveitosa. É verdade que dela
abusaram, mas Paulo tentou corrigir os abusos e indicar a operação do dom
em seu devido lugar e função."
John L. Sherrill no livro Eles Falam em Outras Línguas, pág. 53, afirma
que o falar línguas nos tempos modernos surgiu nos Estados Unidos com o
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 232
jovem ministro metodista chamado Chales F. Parham. Na véspera do ano
novo de 1900 ele colocou as mãos sobre a cabeça da senhorita Ozman, e
orando, dos lábios da moça saíam sílabas em voz baixa, que nenhum deles
podia entender. Os pentecostais consideram essa data como muito importante
na sua história, desde que para eles foi a primeira vez, desde os dias da igreja
primitiva, que alguém falou em línguas.
3ª) Hipnose.
Esta é a explicação mais comum, do ponto de vista psiquiátrico e
psicológico, para a maioria dos casos de pessoas que falam "línguas".
4ª) Catarse psíquica.
Ira Jay Martim explica o fenômeno das línguas como uma catarse
psíquica.
Para esta classe, quando a pessoa aceita a Cristo, ela tem paz,
confiança em Deus, fica livre do pecado, enfim seria uma purificação ou
catarse. Este estado produz em muitos grande prazer, expressando estes
sentimentos por cânticos, testemunhos e falar 1ínguas.
5ª) Orgulho espiritual.
Considerado como o clímax da experiência espiritual o fenômeno de
línguas, quando obtido facilmente, produz a exaltação própria. Este falar
línguas leva a pessoa a se orgulhar.
Gromacki, na obra já citada, no capítulo "A Natureza do Movimento
Moderno de Glossolalia", estudando as fontes que podem determinar a
experiência glossolálica moderna, cita estas: divina, satânica, psicológica e
artificial.
"Eu tenho sido instruída que quando alguém pretende exibir estas
manifestações peculiares (falar em línguas, dançar, gritar, pular, etc.), isto é
uma evidência decisiva que não é obra de Deus." – Manuscrito 115, 1908.
Conclusão
Nota
O Que é Hermenêutica?
Conclusão
Nota
BIBLIOGRAFIA
Pedro Apolinário
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 249
Conclusão
Pedro Apolinário
Análise – Textos Bíblicos de Difícil Interpretação, vol. I, pp. 78-85.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 257
1ª) Selá
2ª) Aleluia
A palavra hebraica "halleluyah" é composta da forma
imperativa do verbo "halal" – louvar, e do substantivo "Javé" ou
Jeová". Por tanto o significado lógico da palavra em hebraico e mantido em
Português é - louvai a Jeová ou a Deus.
A palavra pode ser estudada no Velho e Novo Testamentos.
a) No Velho Testamento, onde é muito mais usada, especialmente no
livro de Salmos, havendo alguns até conhecidos pelo nome de
"aleluiáticos", ou do "Grande Halel", pelo fato da palavra ser muito
freqüente (104-109).
Em 15 Salmos a expressão aleluia aparece tanto no início no fim (Sal.
106, 113, 135; 146-150); em outros apenas no início (Sal. 112); e ainda em
alguns, somente no fim (Sal. 104, 105; 115-117).
A nota tônica dos Salmos era esta: louvai a Deus, desde que Davi e
outros autores dos Salmos viam em todas as circunstâncias vida, favoráveis
ou desfavoráveis motivos para louvar a Deus.
b) No Novo Testamento
Nesta parte da Bíblia ela aparece apenas 4vezes em Apoc. 19, versos
1, 3, 4 e 6. Nestes versos ela indica o canto de júbilo dos Salvos no Céu,
pelo privilégio da salvação.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 259
Esta palavra na realidade, é a mais sintética de todas as doxologias
conhecidas.
3ª) Amém
É uma palavra mais rica de significados no original. Vem do verbo
hebraico amén, que significa: amparar, suportar, confiar, ser verdadeiro, o
que permanece firme, verídico, seguro, eterno.
Sendo uma palavra tão rica em significações ela é usada:
a) Para confirmação de um compromisso que se toma, como pode ser
visto em I Reis 1:36 e Jer. 11: 5; ou para a pessoa declarar que
aceita a maldição ou castigo caso não cumpra o compromisso. Um
exemplo frisante se encontra em Deut. 27:15-26, onde os doze
versículos culminam com um enfático "amém".
b) Como fórmula de apoio a um desejo ou uma esperança, a exemplo
da oração de Davi. I Crôn. 16:36.
c) Como um título para Cristo em Apoc. 3:14. Esta é a única vez no
Novo Testamento que Amém é usada como um nome próprio. Ele
é aqui chamado – o Deus do Amém, porque ele é a autenticação e
a segurança pessoais da verdade de Deus entre os homens.
Os comentaristas vêem nesta expressão uma influência de Isaías 65:16
que chama a Deus, como o Deus que dirá Amém. Nesta passagem de Isaías
Deus é chamado duas vezes de Eloim Amém = Deus do Amém, cuja
expressão também pode ser traduzida como o Deus da verdade, isto é, o
Deus que garante o que promete com a verdade de suas palavras.
A identificação de Deus que diz Amém, em Isaías 65:15, com Cristo,
o Amém de Apoc. 3:14 é uma prova irrecusável da divindade do nosso
Salvador.
Cristo ao declarar-se como o Amém, deseja transmitir-nos a idéia de
que Ele é a verdade de Deus aos homens, e que podemos crer em suas
promessas. Ele é a segurança e o testemunho fiel e veraz da revelação
divina.
Os salmos se dividem em 5 livros terminados assim:
a) O primeiro em 41:13 (Amém e amém!)
b) O segundo em 72:19 (Amém e amém!)
c) O terceiro em 89:52 (Amém e amém!)
d) O quarto em 106:48 (Amém! Aleluia!)
e) O quinto evidentemente em 150:6 (Aleluia!)
Os três primeiros livros terminam com um duplo amém; o quarto,
com amém e aleluia; enquanto o quinto, apenas com a palavra aleluia.
No final dos quatro primeiros livros o amém termina uma doxologia.
O salmista o usa como o reconhecimento de que as declarações feitas são
seguras e válidas.
Na liturgia do povo judeu a palavra era empregada no sentido de que
quem a proferia cria na mensagem e aceitava o que estava sendo exposto.
Explicação de Textos Difíceis da Bíblia 260
Os filhos de Israel usavam amém no final da oração como uma
palavra que resumia a prece, indicando que eles a aprovavam e a tornavam
sua.
Sempre pensamos no amém como uma palavra usada para concluir
uma frase ou oração, mas na Bíblia, muitas vezes, ela é usada no início de
uma frase para indicar que o que se segue é importante. Se o seu uso indica
a importância da declaração seguinte, a sua repetição no início da sentença
denota que o que será dito é muito importante e solene. Por isso Jesus
começou muitas das suas afirmações desta maneira, sendo relatadas 25 no
evangelho de João. Elas são traduzidas por: verdadeiramente; em verdade,
em verdade ou outras expressões eqüivalentes. Confira S. João 1:51; 3:3.
Os evangelhos sinóticos empregam a expressão "amém" 49 vezes,
sendo 30 em Mateus, 13 em Marcos e 6 em Lucas. João no evangelho a usa
sempre repetida 25 vezes. Nos demais livros neotestamentários ela é
empregada 70 vezes.
Pedro Apolinário
Análise – Textos Bíblicos de Difícil Interpretação, vol. I, págs. 27-29.