Manual - Assistente de Contabilidade - Módulo 3

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 38

MANUAL DE FORMAÇÃO

Assistente de Contabilidade

(Módulo 3: Introdução à Contabilidade)

Form.7a/2016 – Layout do Manual de Formador


ÍNDICE
ÍNDICE ........................................................................................................................................... 2
1.APRESENTAÇÃO DO CURSO ................................................................................................. 4
1.1.OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM ...................................................................................... 4
1.1.1.OBJETIVOS GERAIS ....................................................................................................... 4
1.1.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 4
2.INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 4
3.CONTEÚDOS .............................................................................................................................. 6
3.1. A contabilidade como Sistema de Informação ......................................................................... 6
3.2. Destinatários da Informação Contabilística ............................................................................. 7
3.3. Contabilidade - Noção .............................................................................................................. 7
3.4. Objetivos / funções da contabilidade ..................................................................................... 10
3.5. Divisões da contabilidade....................................................................................................... 10
3.6. Património .............................................................................................................................. 10
3.6.1. Composição ......................................................................................................................... 12
3.6.2. Valor .................................................................................................................................... 13
3.6.3. Equação fundamental da contabilidade ............................................................................... 14
3.6.4. Factos patrimoniais ............................................................................................................. 14
3.7. Período contabilístico e período de relato .............................................................................. 14
3.8. Resultado do período .............................................................................................................. 16
3.9. Conta - Noção........................................................................................................................ 17
3.9.1. Requisitos da conta.............................................................................................................. 18
3.9.2. Principais classificações das contas .................................................................................... 18
3.9.3. Contas subsidiárias .............................................................................................................. 19
3.9.4. Representação gráfica das contas ........................................................................................ 20
3.9.5. Saldos das contas ................................................................................................................. 21
3.9.6. Regras de movimentação das contas ................................................................................... 21
3.9.7. Método digráfico ou das partidas dobradas......................................................................... 22
3.9.8. Processo de contabilização dos factos patrimoniais ............................................................ 23
3.9.9. Documentos ......................................................................................................................... 23
3.9.9.1. Função da documentação ................................................................................................. 23
3.9.9.2. Tipos de documentos ........................................................................................................ 23
3.9.9.3. Fases do contrato de compra e venda ............................................................................... 24
3.9.9.4. Lançamentos..................................................................................................................... 25
4.BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................ 26
5.EXERCÍCIOS ............................................................................................................................ 26
Exercício n.º 1 ............................................................................................................................... 27
Exercício n.º 2 ............................................................................................................................... 28
Exercício n.º 3 ............................................................................................................................... 29
Exercício n.º 4 ............................................................................................................................... 30
Exercício n.º 5 ............................................................................................................................... 31
Exercício n.º 6 ............................................................................................................................... 32
Exercício n.º 7 ............................................................................................................................... 33
Exercício n.º 8 ............................................................................................................................... 34
Exercício n.º 9 (Exercício Resolvido) ........................................................................................... 36

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 2


Recomenda-se a Aquisição do Livro SNC -
Sistema de Normalização Contabilística
6ª Edição
Vários (Autor)
Porto Editora
A 6.ª edição do SNC, indispensável para Estudantes, Professores, Técnicos
Oficiais de Contas e profissionais da área, é constituída por: diplomas legais do
SNC, aprovação e estrutura conceptual do SNC, códigos de contas, modelos
de demonstrações

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 3


1.APRESENTAÇÃO DO CURSO
1.1.OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM

1.1.1.OBJETIVOS GERAIS

O objetivo deste curso é transmitir os conhecimentos fundamentais sobre as operações e


instrumentos contabilísticos, permitindo aos formandos adquirirem conhecimentos
teóricos sobre os princípios contabilísticos e a eles aliarem uma componente prática onde
são explicadas e exemplificadas as principais operações contabilísticas de uma empresa,
nomeadamente: reconhecer a importância da Contabilidade para a gestão da empresa;
avaliar o património da empresa; identificar os elementos constituintes do património;
distinguir os tipos de factos patrimoniais; definir e caracterizar uma conta e conhecer as
principais contas do ativo, passivo e situação líquida.

1.1.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS

No final do módulo de formação o participante deverá:


• Compreender a composição do património de uma empresa;
• Aprender a equação elementar da contabilidade;
• Diferenciar as classes do novo Código de Contas.

2.INTRODUÇÃO

“Se não se pode medir, não se pode gerir”.

Há muito que a função do contabilista se voltou para a gestão da empresa. Nas empresas mais
bem sucedidas, a função contabilidade e finanças tornou-se um parceiro estratégico que fornece
informação crítica para a tomada de decisões estratégicas - rápida e eficazmente. Hoje,
o contabilista funciona como um copiloto, permitindo ao gestor antecipar problemas e identificar
oportunidades.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 4


A contabilidade desempenha funções financeiras relacionadas com a recolha de dados e
informações, registo, análise e organização de uma empresa.

De um modo geral pode dividir-se a atividade da contabilidade e a sua importância em duas


vertentes – a financeira e a de gestão. Na vertente financeira – que é uma obrigação legal para as
sociedades, por exemplo - o contabilista trata da informação relevante acerca da empresa,
disponibilizando-a aos proprietários do negócio e a entidades externas, como clientes,
fornecedores ou o Estado. A sua obrigatoriedade justifica-se por ser necessário tributar o lucro
das empresas de forma imparcial, funcionando ainda como uma forma de assegurar o correto
tratamento dos factos patrimoniais das empresas.

Na vertente da gestão processa-se a recolha e apresentação da informação financeira para que


esta seja um elemento a ter em conta pelos gestores nos processos de tomada de decisão.

A contabilidade é importante para o saudável desenvolvimento do negócio pois é a base que


oferece um grande apoio à gestão para o planeamento, controlo, e processo de tomada de
decisão. É com a ajuda fornecida pela informação da contabilidade que o desempenho de uma
unidade pode ser avaliado, ao mesmo tempo que os seus registos e gestões permitem que se livre
das fraudes, furtos ou incumprimentos involuntários.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 5


3.CONTEÚDOS
Introdução à Contabilidade

3.1. A contabilidade como Sistema de Informação

Um sistema de informação é um conjunto de componentes (humanas, materiais, tecnológicas e


financeiras) inter-relacionadas que recolhe, processa, armazena e distribui informação para a
tomada de decisão dos responsáveis da organização.
Sistema

Entrada de Processamento Saída de


dados de dados Informações

REQUISITOS DA INFORMAÇÃO:

❖ Objetividade - corresponder a factos, não depende da interpretação pessoal do


informador.

❖ Inteligibilidade - Ser percetível para os utilizadores;

❖ Relevância - A informação deve ser pertinente para a tomada de decisão, ou seja, deve
estar relacionada com a mesma;

❖ Oportunidade - Estar disponível no momento em que é necessária;

❖ Rentabilidade - O custo de obter a informação não deve ser superior ao proveito de


utilizar a mesma;

❖ Credibilidade - deve ser credível para que todos os utentes a quem ela se destina possam
retirar conclusões idóneas.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 6


3.2. Destinatários da Informação Contabilística

❖ Investidores;
❖ Empregados;
❖ Financiadores;
❖ Fornecedores e outros credores comerciais;
❖ Clientes;
❖ Governo e os seus departamentos;
❖ Público em geral.
Diversos stakeholders

3.3. Contabilidade - Noção

A contabilidade é um sistema de informação de apoio à gestão que permite conhecer a situação


patrimonial (posição financeira) e o desempenho económico-financeiro de uma determinada
entidade.

Sobre os conceitos de posição financeira e desempenho ver parágrafos 12 a 21 da Estrutura


Conceptual (EC) do Sistema de Normalização Contabilística (SNC).

Na situação patrimonial e desempenho económico-financeiro estamos a querer considerar, entre


muitas outras informações:
❖ Dívida atual ao fornecedor x
❖ Crédito atual sobre o cliente y
❖ Vendas do produto z no mês anterior
❖ Comissões pagas aos vendedores durante o 1º semestre
❖ Resultados obtidos até ao fim do 3º trimestre
❖ Descontos de pronto pagamento concedidos aos clientes no último trimestre, etc.

Na noção de entidade estamos a incluir:


✓ Empresas individuais

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 7


✓ Sociedades
✓ Grupos de sociedades
✓ Departamentos
✓ Serviços
✓ Segmentos de negócios, etc.

Esta entidade (contabilística) é uma unidade económica que controla e gere um conjunto de
recursos.

Conceito de Contabilidade

É difícil estabelecer uma noção clara e ao mesmo tempo completa que abranja o campo de
estudo da Contabilidade.

Apresentamos, a mero título de exemplo, várias noções que lhe foram atribuídas:

«A Contabilidade é a doutrina do controlo económico e da determinação do rédito em qualquer


espécie de empresa» - Tessanova.

«A Contabilidade é a ciência do património» - Masi.

«A Contabilidade é a disciplina que estuda os processos seguidos nas unidades económicas para
relevação da gestão» - Zappa.

«A Contabilidade é um método de investigação da atividade económica» - Popoff.


Segundo o Professor Gonçalves da Silva1, a Contabilidade é a técnica da relevação patrimonial.
A relevação consiste na descrição, na colocação em evidência, de determinados factos. O mesmo
autor faz a diferenciação entre:

«A Contabilidade em strictu sensu, ou seja, escrituração, que é a técnica de registo e de


representação de todas as transformações sofridas pelo património de qualquer entidade

1
Gonçalves da Silva (1969): Contabilidade Geral, Vol. I, Livraria Sá da Costa Editora.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 8


económica durante o exercício da sua atividade, do modo a saber em qualquer momento a sua
composição e o seu valor
e
A contabilidade latu sensu que é a ciência dos processos descritivo-quantitativos utilizados na
análise, registo, interpretação e controlo dos factos de gestão. Visa «quantificar» tudo o que
ocorre numa unidade económica fornecendo, simultaneamente, dados para a tomada de decisões
da gestão».

Em resumo, pode afirmar-se que a Contabilidade


é uma atividade «que proporciona informação,
geralmente quantitativa e muitas vezes
expressa em unidades monetárias, para a
tomada de decisões, planeamento, controlo
das fontes e operações, avaliação do
desempenho e relato financeiro a investidores,
credores, autoridades reguladoras e ao
público»2

Na contabilidade o objeto de estudo é o conjunto de meios afetos a um determinado fim e não as


pessoas físicas ou jurídicas.

2
Carlos Baptista da Costa (2005): Contabilidade Financeira, Publisher Team.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 9


3.4. Objetivos / funções da contabilidade

Na sua génese, a contabilidade pretendia:


❖ Suprir as limitações da memória humana
❖ Constituir um meio de prova

Atualmente, pretende dar resposta às:


❖ Necessidades de informação interna (sistema de apoio ao processo de tomada de
decisão)
❖ Exigências de informação externa (obrigações decorrentes da lei comercial, fiscal,
etc.)

Existem dois tipos de utilizadores da informação contabilística:


❖ Internos (administradores, diretores, chefes de secção, gestores em geral na
preparação da tomada de decisão);
❖ Externos (acionistas/sócios, financiadores, fornecedores, trabalhadores, estado,
clientes, etc.).

Sobre os utentes externos da informação contabilística e as suas necessidades específicas ver


parágrafos 9 a 11 da EC do SNC.

3.5. Divisões da contabilidade

As duas mais importantes divisões da contabilidade são:


❖ Contabilidade financeira (geral ou externa), aquela que, principalmente, serve de
base ao processo de comunicação da empresa com o exterior.
❖ Contabilidade de gestão (analítica, de custos ou interna), aquela que serve de base
ao processo de decisão interno da empresa.

3.6. Património

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 10


Como se referiu atrás, a entidade, para exercer a sua atividade, necessita de controlar um
conjunto de recursos e, eventualmente, de assumir um conjunto de obrigações de pagar valores
no futuro.
Nos recursos estamos a querer incluir:
• Dinheiro
• Matérias-primas
• Edifícios
• Máquinas
• Direitos de receber valores no futuro (dívidas a receber), etc.

Ao conjunto dos recursos utilizados por uma entidade no exercício da sua atividade chamamos
Ativo.

Sobre a definição de ativo ver parágrafo 49 da EC do SNC.

Nas obrigações estamos a querer considerar:


• Empréstimos bancários
• Dívidas ao estado
• Dívidas aos fornecedores, etc.

Ao conjunto das obrigações assumidas por uma entidade no exercício da sua atividade
chamamos Passivo.

Sobre a definição de passivo ver parágrafo 49 da EC do SNC.

Ao conjunto de elementos (recursos e obrigações) utilizados por uma entidade no exercício da


sua atividade chamamos Património.

Esta noção de património incorpora um dos mais importantes pressupostos da contabilidade


moderna, o designado regime de acréscimo (periodização económica).

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 11


Neste regime, os efeitos das operações são reconhecidos quando estas ocorrem e não apenas
quando se verifiquem os recebimentos ou pagamentos. Desta forma considera-se no valor do
património não somente os efeitos das operações passadas que envolveram pagamentos e
recebimentos mas também as obrigações de pagar e os direitos de receber valores no futuro.

Sobre o regime de acréscimo ver parágrafo 22 da EC do SNC.

Devido à heterogeneidade dos elementos que constituem o património, é necessário expressá-los


em unidades monetárias (a contabilidade mede e relata em termos monetários). A unidade
monetária é a unidade de medida mais adequada quando pretendemos agregar valores
fisicamente heterogéneos, porque o valor monetário é o que há de comum entre eles, é o seu
denominador comum.

Quando utilizamos a unidade monetária como unidade de medida de valor surge inevitavelmente
um problema: que valor?

Existem várias respostas possíveis:


• Custo histórico
• Custo corrente
• Valor realizável (ou de liquidação)
• Valor presente
• Justo valor
Sobre as diferentes bases de mensuração dos elementos patrimoniais ver parágrafos 97 a 99 da
EC do SNC.
Vamos, por agora, esquecer esta discussão, admitindo que cada elemento patrimonial tem um
valor, seja ele qual for, e vamos abordar dois outros aspetos importantes no conceito de
património:
• A sua composição
• O seu valor

3.6.1. Composição

A composição respeita à natureza e valor de cada um dos seus elementos.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 12


A composição de dois patrimónios é diferente se:
• Os seus elementos forem diferentes
• Os seus elementos forem iguais mas com valores diferentes

3.6.2. Valor

Se considerarmos que o Ativo é constituído por um conjunto de valores positivos e o Passivo por
um conjunto de valores negativos, então o valor do património corresponde à soma algébrica dos
valores dos dois conjuntos, isto é,
Valor do Património = Valor do Ativo + (- Valor do Passivo)
Isto é,
Valor do Património = Valor do Ativo - Valor do Passivo

O valor do património designa-se por Capital Próprio (situação líquida ou património líquido,
porque se contrapõe ao património bruto que corresponde ao Ativo).

Designa-se assim porque representa a parcela restante dos recursos que pertence aos
proprietários do património depois de deduzidos os recursos necessários à liquidação das
obrigações (parcela “pertencente” aos credores da entidade).
Sobre a definição de capital próprio ver parágrafo 49 da EC do SNC.

O capital próprio pode ser:


• Positivo => Total do Ativo > Total do Passivo
• Negativo => Total do Ativo < Total do Passivo
• Nulo => Total do Ativo = Total do Passivo

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 13


3.6.3. Equação fundamental da contabilidade

Designando o valor do património por capital próprio, resulta que


Ativo - Passivo = Capital Próprio
Logo,
Ativo = Capital Próprio + Passivo
Ou, de outra maneira
Aplicações de fundos = Origens de fundos

O termo fundos é entendido aqui como valores (euros) investidos nos recursos utilizados pela
entidade no exercício da sua atividade.

3.6.4. Factos patrimoniais

Todos os acontecimentos que alteram a composição e/ou o valor de um dado património


designam-se por factos patrimoniais.

Existem vários tipos de factos patrimoniais.

A classificação mais importante é aquela que distingue:


• Factos permutativos, aqueles que alteram a composição do património mas não o seu
valor.
• Factos modificativos, aqueles que fazem variar a composição e o valor do património.

Os factos patrimoniais (permutativos e modificativos) têm sempre algum tipo de impacto sobre a
composição e/ou valor de pelo menos uma das massas patrimoniais da equação fundamental mas
não desfazem nunca a igualdade.

3.7. Período contabilístico e período de relato

As entidades constituem-se, geralmente, por tempo indeterminado e a avaliação do seu


desempenho exige a divisão artificial da vida das entidades em segmentos temporais (delimitam-
se dois momentos entre os quais se observam as operações).

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 14


A cada um dos segmentos chamamos “período contabilístico”, “exercício contabilístico”,
“período económico”, “exercício económico”, “exercício” ou “período”.

A duração do período contabilístico é, ressalvando alguma situação particular (por exemplo, nos
exercícios de início e cessação da atividade), de 12 meses (anual).

De acordo com o artigo 62.º (Obrigatoriedade do balanço) do Código Comercial, todo o


comerciante é obrigado a dar balanço anual ao seu ativo e passivo nos três primeiros meses do
ano imediato.

Nos termos do n.º 1 do artigo 65.º (Dever de relatar a gestão e apresentar contas) do Código das
Sociedades Comerciais (CSC), os membros da administração devem elaborar e submeter aos
órgãos competentes da sociedade o relatório de gestão, as contas do exercício e demais
documentos de prestação de contas previstos na lei, relativos a cada exercício anual.

O n.º 5 do mesmo artigo diz que o relatório de gestão, as contas do exercício e demais
documentos de prestação de contas devem ser apresentados ao órgão competente e por este
apreciados no prazo de três meses a contar da data do encerramento de cada exercício anual, ou
no prazo de cinco meses a contar da mesma data quando se trate de sociedades que devam
apresentar contas consolidadas ou que apliquem o método da equivalência patrimonial.

Por regra, o período contabilístico coincide com o ano civil por razões de natureza fiscal. O
artigo 8.º(período de tributação) do Código do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas
(CIRC) refere que o IRC é devido por cada período de tributação, que coincide com o ano civil.

No entanto, admitem-se no mesmo artigo algumas exceções a esta regra, a saber:


❖ As pessoas coletivas com sede ou direção efetiva em território português que estejam
obrigadas à consolidação de contas, bem como as pessoas coletivas ou outras entidades
sujeitas a IRC que não tenham sede nem direção efetiva neste território e nele disponham
de estabelecimento estável, podem adotar um período anual de imposto diferente do ano
civil.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 15


❖ O Ministro das Finanças pode, a requerimento dos interessados, tornar extensiva a outras
entidades a faculdade prevista no ponto anterior, quando razões de interesse económico o
justifiquem.

As entidades podem, algumas por imposição legal (por exemplo, as sociedades cotadas em bolsa
estão obrigadas a apresentar contas de três em três meses) e outras por opção, adotar períodos de
relato inferiores ao período anterior.

Sobre o período de relato ver parágrafo 6 da EC e parágrafo 9 da Norma contabilística e de


relato financeiro (NCRF)1-Estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras do SNC.

3.8. Resultado do período

A entidade no decurso da atividade procura acrescentar valor aos recursos que utiliza, isto é,
procura aumentar o valor do seu capital próprio.

As duas principais formas de aumentar o capital próprio são:


❖ Através de transferências dos proprietários
❖ Gerando novos recursos a partir da atividade desenvolvida

Ao contrário do Ativo e do passivo (que incluem elementos patrimoniais concretos), do capital


próprio fazem parte valores abstratos, dos quais podemos destacar os seguintes:

❖ Variação do capital próprio no período considerado, relacionada como desempenho da


gestão do património (Resultado do período);
❖ Resultados de períodos anteriores ainda não distribuídos aos proprietários (Reservas);
❖ Contribuições dos proprietários(Capital);

O resultado do período, do ponto de vista teórico, pode ser avaliado de duas formas diferentes:

❖ Comparando o valor do capital próprio no fim do período com o valor do capital próprio
no início do período (se descontarmos as variações no capital próprio ocorridas no
período considerado decorrentes, por exemplo, de novas contribuições dos proprietários

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 16


e/ou distribuição de valores aos proprietários). O resultado assim obtido é global e,
necessariamente, pouco esclarecedor sobre a natureza das alterações (aumentos ou
diminuições) do valor do património.

❖ Comparando os aumentos do capital próprio no período considerado não relacionados


com contribuições dos proprietários, que designaremos por rendimentos do período com
as diminuições do capital próprio ocorridas no mesmo período não relacionadas com
distribuições aos proprietários, que designaremos por gastos do período.

A contabilidade atual incorpora esta via mais analítica de avaliar o resultado, o que exige o
registo contabilístico, em separado e sem compensações, de todas as variações patrimoniais
quantitativas de acordo com a sua natureza (rendimentos e gastos do período).

Sobre a definição de rendimentos e gastos ver parágrafo 69 da EC do SNC e sobre o princípio da


não compensação dos rendimentos e gastos ver ponto 2.6 das Bases para a apresentação das
demonstrações financeiras (BADF) do SNC.

A correta avaliação do resultado de uma entidade num determinado período está muito
dependente de uma adequada segmentação temporal das operações (aplicação rigorosa do regime
de acréscimo referido anteriormente) e do correto balanceamento (reconhecimento no mesmo
período) entre rendimentos e gastos.

Sobre o balanceamento de rendimentos e gastos ver parágrafo 19 da NCRF 20 - Rédito.

3.9. Conta - Noção

É um conjunto de elementos patrimoniais com características comuns e, como tal, são passíveis
de uma representação em compreensão e em extensão

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 17


Representar em compreensão:

• Significa traduzir as características qualitativas que individualizam a conta, evidenciando as


características comuns e específicas dos valores nela agrupados.
• É a característica permanente da conta, que deve ser claramente especificada no seu título.

Representar em extensão:

• Significa evidenciar as propriedades quantitativas da conta


• É a característica variável, dado que a extensão de uma conta variará à medida que
as operações forem sendo registadas.

3.9.1. Requisitos da conta

• Homogeneidade - uma conta só deve conter os elementos que obedeçam à característica


comum que ela define.
• Integralidade - a conta deve incluir todos os elementos que gozam da característica comum
por ela definida.

3.9.2. Principais classificações das contas

A primeira classificação é a que divide as contas de acordo com as três massas patrimoniais:
• Contas do ativo (por exemplo, conta 11 Caixa do Código de Contas (CC) do SNC)
• Contas do passivo (por exemplo, conta 25 Financiamentos obtidos do CC do SNC)
• Contas do capital próprio (por exemplo, conta 51 Capital do CC do SNC)

Há, no entanto, contas que reúnem elementos do ativo e do passivo. Estas contas designam-se
por mistas (por exemplo, conta 27 Outras contas a receber e a pagar do CC do SNC).

A segunda classificação é a que divide as contas em:


• Contas elementares: são as que não foram subdivididas noutras (por exemplo, conta 89
Dividendos antecipados do CC do SNC).

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 18


• Contas coletivas: são as que foram objeto de subdivisão em subcontas (ou contas
divisionárias) (por exemplo, conta 21 Clientes do CC do SNC).

As contas coletivas dizem-se de 1º grau e as contas divisionárias podem ser de 2º, 3º, …,
enésimo grau dependendo do número de subdivisões (por exemplo, conta 21 Clientes - 1º grau;
211 Clientes c/c - 2º grau; 2111 Clientes gerais - 3º grau).

Este processo de decomposição é sempre possível mas deve procurar ser relevante. A relevância
é uma das principais características qualitativas exigidas à informação contabilística.

Sobre as características qualitativas das demonstrações financeiras ver parágrafos 23 a 46 da EC


do SNC.

3.9.3. Contas subsidiárias

As contas subsidiárias são contas auxiliares de outras contas ditas principais.

Das 57 contas de 1º grau que compõem o CC do SNC, 20 são contas subsidiárias:

• As contas de gastos (contas 61 a 69) e de rendimentos (Contas 71 a 79) são subsidiárias da


conta 81 Resultado líquido do período;
• A conta 31 Compras é subsidiária das contas 32 Mercadorias, 33 Matérias-primas,
subsidiárias e de consumo e 37 Ativos biológicos;
• A conta 38 Reclassificação e regularização de inventários e ativos biológicos é subsidiária
das contas 32 Mercadorias, 33 Matérias-primas, subsidiárias e de consumo, 34 Produtos
acabados e intermédios, 35 Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos, 36 Produtos e
trabalhos em curso e 37 Ativos biológicos

Não devemos confundir contas divisionárias (que também são contas auxiliares das contas
coletivas) com contas subsidiárias. Estas também resultam do desdobramento das contas
principais mas:

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 19


• As contas subsidiárias são do mesmo grau que a respetiva conta principal sendo as contas
divisionárias de grau superior.
• As contas principais só incorporam os valores das subsidiárias através de lançamentos
próprios de transferência (nesse momento as contas subsidiárias ficam saldadas) sendo os
valores das contas divisionárias parte integrante das contas coletivas (as contas coletivas
são movimentadas por via das subcontas).

Em síntese, existe um desdobramento horizontal ou paralelo entre as contas principais e as


contas subsidiárias, e um desdobramento vertical ou descendente entre as contas coletivas e as
contas divisionárias.

3.9.4. Representação gráfica das contas

Para seguir as suas variações quantitativas utilizam-se gráficos, quadros ou mapas que
apresentam normalmente a forma de um “T”.
Título da Conta

Débito ou deve Crédito ou haver

Historicamente, as contas já representaram exclusivamente as pessoas dos devedores e dos


credores e nessas circunstâncias:
• Aumentar a conta de um devedor significava aumentar o seu débito (ele deve mais).
• Aumentar a conta de um credor significava aumentar o seu crédito (ele tem a haver mais).

Esta lógica de movimentação foi progressivamente alargada às restantes contas (contas de coisas
e contas de factos) passando os termos débito e crédito a significar variações positivas ou
negativas (dependendo dos casos) no valor das respetivas contas, ou seja:

• Debitar uma conta significa lançar uma determinada importância no seu lado esquerdo
(débito da conta). Tratando-se de uma conta do ativo (aplicações), o débito representa um
incremento do seu valor (lógica das contas dos devedores); se a conta for do passivo ou do

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 20


capital próprio (origens), corresponde a um decréscimo do seu valor (lógica das contas dos
credores).

• Creditar uma conta significa lançar uma determinada importância no seu lado direito
(crédito da conta). Para as contas do ativo (aplicações) significa um decréscimo do seu
valor (lógica das contas dos devedores) e para as contas do passivo e do capital próprio
(origens) um incremento do seu valor (lógica das contas dos credores).

3.9.5. Saldos das contas

O saldo de uma conta (valor de uma conta num dado momento) é a diferença entre a soma dos
valores lançados a débito (total a débito) e a soma dos valores lançados a crédito (total a crédito)
ou vice-versa.

As contas podem apresentar três tipos de saldos, a saber:

• Saldo devedor =>Total a débito > Total a crédito (saldo das contas do ativo)
• Saldo credor =>Total a débito < Total a crédito (saldo das contas do passivo)
• Saldo nulo (conta saldada) => Total a débito = Total a crédito

As contas do capital próprio podem ter saldos credores (valores positivos) ou devedores (valores
negativos).

3.9.6. Regras de movimentação das contas

Considerando as noções de débito e de crédito e a necessidade de manter a igualdade entre


aplicações e origens de fundos (equação fundamental da contabilidade) é possível estabelecer as
seguintes regras de movimentação dos vários tipos de contas:

Contas do Ativo Contas do Passivo

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 21


Aumentos Diminuições Diminuições Aumentos

Contas do Capital Próprio

Diminuições Aumentos

Contas de Gastos Contas de Rendimentos

Aumentos Diminuições Diminuições Aumentos

3.9.7. Método digráfico ou das partidas dobradas

Dissemos anteriormente que o registo dos factos patrimoniais não desfaz, em nenhuma
circunstância, a igualdade resultante da equação fundamental da contabilidade.

Tal só é possível porque a contabilidade moderna tem por base o método digráfico ou das
partidas dobradas.
Este método (que se contrapõe ao método unigráfico ou das partidas simples) pode sintetizar-se
da seguinte maneira:

• A um débito (ou débitos) corresponde sempre um crédito (ou créditos).


• A soma dos débitos é sempre igual à soma dos créditos.
• A soma dos saldos devedores é sempre igual à soma dos saldos credores.

A contabilização de qualquer facto patrimonial obedece sempre a uma das seguintes fórmulas
digráficas:
• 1ª fórmula => Uma só conta devedora e uma só conta credora
• 2ª fórmula => Uma só conta devedora e várias contas credoras
• 3ª fórmula => Várias contas devedoras e uma só conta credora
• 4ª fórmula => Várias contas devedoras e várias contas credoras

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 22


A contabilidade moderna tem subjacente o chamado princípio da dualidade que reflete a dupla
dimensão na abordagem dos factos patrimoniais e que aparece consubstanciado em termos
estáticos, na equação fundamental da contabilidade (aplicações de fundos = origens de fundos) e
em termos dinâmicos, no método digráfico (valor dos débitos = valor dos créditos).

3.9.8. Processo de contabilização dos factos patrimoniais

3.9.9. Documentos
3.9.9.1. Função da documentação
Os documentos são a base do sistema de registo contabilístico, servindo de suporte à entrada dos

dados no sistema de informação.

Os documentos descrevem e justificam os factos patrimoniais.

3.9.9.2. Tipos de documentos

Os documentos podem ser organizados em dois tipos:

• Internos - Documentos que se destinam a transmitir informação entre as diversas

secções/departamentos da entidade (por exemplo, requisição de mercadorias ao armazém,

pedido de compra à secção de compras, guia de receção, guia de entrada em armazém, etc.)

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 23


• Externos - Documentos que visam transmitir informação entre a empresa e as entidades que

lhe são externas, como clientes, fornecedores, bancos (Exemplos: fatura, recibo, nota de

crédito/débito, aviso de lançamento, etc.).

Os principais documentos externos estão ligados ao contrato de compra e venda.

3.9.9.3. Fases do contrato de compra e venda

O contrato de compra e venda envolve normalmente as seguintes fases:

❖ Encomenda – Fase em que o comprador dá a conhecer ao vendedor o que quer comprar –

Documento associado: Nota de Encomenda (documento através do qual o comprador

realiza uma encomenda ao seu fornecedor, indicando-lhe os produtos, quantidades e

condições pretendidas);

❖ Entrega – Fase em que o vendedor entrega ou envia a mercadoria ao comprador –

Documento associado: Guia de Remessa/Transporte (documento emitido pelo vendedor e

destinado ao comprador que acompanha as mercadorias durante o transporte);

❖ Liquidação – Fase em que o vendedor determina a importância a pagar pelo comprador –

Documentos associados: Fatura (documento que o vendedor envia ao comprador, com

todas as condições gerais da transação), Nota de Débito (o emitente comunica ao

destinatário que este lhe deve determinada importância) e Nota de Crédito (o emitente

comunica ao destinatário que este tem a haver determinada importância) – As notas de

débito e crédito servem, geralmente, para retificar faturas anteriormente emitidas em

consequência de existirem erros ou omissões nas faturas, descontos, devoluções, etc.

❖ Pagamento – Fase em que o comprador entrega ao vendedor a importância devida pela


compra das mercadorias – Documento: Recibo (documento em que o vendedor dá quitação
(desobriga do pagamento) ao comprador do valor total ou parcial das mercadorias);

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 24


❖ Fatura-Recibo: Substitui em simultâneo 3 documentos: Guia de Remessa, Fatura e Recibo
– É simultaneamente um documento de transporte, de receita e de quitação

3.9.9.4. Lançamentos

Correspondem aos registos dos factos patrimoniais na contabilidade.


Contêm normalmente os seguintes elementos:
• Data
• Nº de ordem (não utilizado nas aulas)
• Descrição
• Contas movimentadas
• Valores

Tipos de lançamentos
Os lançamentos podem dividir-se em dois tipos:
• Simples - aqueles em que se debita uma só conta e se creditada outra (têm por
base a 1ª fórmula digráfica)
• Complexos - aqueles em que se debitam e/ou creditam várias contas (têm por base
as 2ª, 3ª e 4ª fórmulas digráficas).

Natureza dos lançamentos

Os lançamentos também se podem dividir de acordo com a sua natureza:


• Lançamentos de abertura ou reabertura - dizem respeito aos registos dos saldos
das contas no início de cada período contabilístico.
• Lançamentos correntes - correspondem aos registos dos factos patrimoniais
ocorridos ao longo do período contabilístico.
• Lançamentos de estorno - são registos de rectificação em consequência de erros
verificados nos restantes lançamentos.
• Lançamentos de regularização - enquadram-se no trabalho de fim de período e
visam regularizar os saldos de certas contas que não reflectem a verdadeira
situação patrimonial da entidade no final de cada exercício.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 25


• Lançamentos de apuramento de resultados - respeitam aos registos de
transferência das contas de rendimentos e gastos (contas subsidiárias) para a conta
de resultados (conta principal).
• Lançamentos de encerramento ou de fecho - são registos que visam saldar todas
as contas (que ainda apresentem saldos) no final de cada período contabilístico.

4.BIBLIOGRAFIA

• PEREIRA, M. H. de Freitas, Fiscalidade, 4ª ed., Almedina, Coimbra, 2011


• GOMES, Nuno Sá, Manual de Direito Fiscal, vol. II, Centro de Estudos Fiscais,
Lisboa, 1996
• Legislação fiscal portuguesa: Lei Geral Tributária; Códigos do IRS, IRC, IVA; Estatuto
dos Benefícios Fiscais
• Carlos, Américo Fernando Brás, Impostos-Teoria Geral, Almedina, (Cap. II, Cap. III, Cap.
IV até ao ponto 65 e Cap. VIII).
• Brás Carlos, Irene Abreu, João Durão e Emília Pimenta, Guia dos Impostos em Portugal,
ed. Quid Juris

5.EXERCÍCIOS

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 26


Exercício n.º 1

Suponha que o património da empresa Iogurtes & Batidos, S.A., que se dedica à produção e
comercialização deste tipo de produtos, é constituído por:

Descrição Valor Bens Direitos Obrigações Ativo Passivo


Armazém dos produtos 125 000,00 €
Equipamento fabril 68 000,00 €
Câmaras frigoríficas 15 900,00 €
Empréstimo do Banco XPTO 34 450,00 €
8.000 litros de leite em armazém 2 400,00 €
Depósitos à ordem no Banco XPTO 5 200,00 €
Um empilhador 1 800,00 €
Numerário em caixa 300,00 €
Dívida à Segurança Social 1 800,00 €
Dívida a pagar ao fornecedor Milkshakes,
Lda. referente à compra de matérias-primas 14 560,00 €
Dívida do funcionário Joaquim Fonseca 580,00 €
Produtos acabados em armazém 13 500,00 €
Dívida a receber do cliente Nutre & Sã, S.A.
referente à venda de iogurtes 18 750,00 €
Mobiliário de escritório 9 850,00 €
Dívida a pagar à Mobilar, S.A. relativa à
compra de mobiliário de escritório 12 450,00 €
Depósito a prazo no Banco XPTO 12 540,00 €
Fatura à SuperSol, Lda 3 100,00 €
Fatura de Leitaria Bons Dias, SA 450,00 €
Totais
Situação Líquida ou Património

PRETENDE-SE QUE:
a) Utilizando uma X, classifique os elementos patrimoniais da empresa em BENS, DIREITOS,
OBRIGAÇÕES, ATIVOS e PASSIVOS.
b) Calcule o valor do PATRIMÓNIO (SITUAÇÃO LÍQUIDA) da empresa.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 27


Exercício n.º 2
Suponha que o património da empresa Doce & Bom, Lda., que se dedica ao comércio e produção de doces
regionais, é constituído por:
Descrição Valor Bens Direitos Obrigações Ativo Passivo
1.500 kg de açúcar a 0,70 €/kg
Fornos eléctricos 15 000 €
Dívida de IRC à AT 3 000 €
IVA a recuperar da AT 5 000 €
Um porta-paletes 1 560 €
Numerário em cofre 3 450 €
Dívida a pagar à Móvelarte, S.A. relativa à
compra de mobiliário de escritório 12 000 €
Fatura a BemDoce, Lda. 890 €
Dívida do empregado Alfredo Camacho 300 €
Fatura de Armando & Filhos, S.A. 4 500 €
Dívida ao empregado José Camacho 1 400 €
Depósito a prazo no Banco X 18 000 €
Mobiliário de escritório 7 500 €
Empréstimo dos sócios 1 000 €
Marca comercial 18 000 €
Viaturas comerciais 25 000 €
Cheques em Caixa 800 €
Dinheiro em Caixa 300 €
Fatura da EDP 875 €
Financiamento bancário 8 900 €
2000 litros de leite em armazém a 0,40 € o
litro
Depósito à ordem no Banco X 450 €
Dividendos a distribuir 8 000 €
Fatura dos Juros do Financiamento Bancário
a pagar 300 €
Totais
Situação Líquida ou Património
PRETENDE-SE QUE:
a) Utilizando uma X, classifique os elementos patrimoniais da empresa em BENS, DIREITOS,
OBRIGAÇÕES, ATIVOS e PASSIVOS.
b) Calcule o valor do PATRIMÓNIO (SITUAÇÃO LÍQUIDA) da empresa.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 28


Exercício n.º 3
No início do mês de Março deste ano o património da empresa Milky-Milk, Lda., que se dedica à
produção e venda de produtos lácteos, era constituído pelos seguintes valores:
Valor Bens Direit. Obrig. Ativo Passivo
em €
Uma viatura de caixa aberta 15 800
Mobiliário de escritório 1 500
Uma máquina de engarrafar automática 4 500
Dívidas do cliente Albano Santos 1 500
Faturas do fornecedor S. Miguel, Lda. 1 300
IVA a pagar 700
Depósito à ordem no Banco “Alfa” 15 500
Notas e moedas no cofre 250
Máquina de colocação de cápsulas 6 000
Dívida à Segurança Social 1 000
10 000 litros de leite (matéria-prima) 2 000
Dívida ao Banco “Alfa” 5 000
Empréstimo do Banco “Beta” 10 500
Dívida da EDP por excesso de cobrança 250
Um computador 2 000
Aromas de frutas (matéria-prima) 600
40 000 litros de leite gordo a 0,30 €/Lt.
16 000 litros de leite magro a 0,25 €/Lt.
2 000 litros de iogurte líquido a 1,75 €/Lt.
Totais
Valor do Capital Próprio

PRETENDE-SE QUE:

a) Classifique os elementos patrimoniais da empresa em BENS, DIREITOS e OBRIGAÇÕES;


ACTIVO e PASSIVO.

b) Calcule o valor do Capital Próprio.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 29


Exercício n.º 4
Em Junho deste ano o património da empresa Arte & Deco, Lda., que se dedica à produção e
comercialização de artigos decorativos, era constituído pelos seguintes elementos:

Conta
Armazém para os móveis
59 cadeiras de baloiço
Sistema de ar condicionado

Dívidas à Sómadeira, Lda., relativo a madeira


Faturas do Fornecedor Tábua Rasa, Lda.
Conta a prazo no Banco BIB
Monta-cargas
Notas e moedas em caixa
Serra eléctrica

Dívida à Segurança Social


Camião
4 Secretárias usadas no escritório
Empréstimo do Banco BIB
Dívida da EDP por excesso de cobrança

Fotocopiadora
Transferência bancária recebida do cliente MovelArte, Lda.

IVA a pagar
Dívidas do cliente Albano Santos
Dívida do funcionário Joaquim Fonseca

PRETENDE-SE QUE:

Utilizando o Quadro de Contas do SNC, classifique os elementos patrimoniais da empresa nas


respetivas contas.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 30


Exercício n.º 5
Complete o quadro, recorrendo à equação fundamental da contabilidade.
Unid.: EUROS
Empresas Ativo Passivo Capital Próprio
1 7 980,80 5 950,60
2 104 748,00 4 000,00
3 156 890,00 -6 000,00
4 87 650,00 32 695,00
5 23 456,00 14 500,00
6 56 234,00 35 674,00
7 234 560,00 86 000,00
8 112 450,00 46 890,00
9 45 670,00 -13 220,00
10 32 670,00 7 000,00
11 4 560,00 1 540,00
12 6 790,00 0,00
13 58 900,00 -2 010,00
14 124 650,00 134 560,00
15 2 987 690,00 468 310,00
16 56 000,00 20 400,00

Utilizando os elementos do quadro anterior responda às seguintes questões:


a) Quais as empresas que estão em situação económica difícil? Justifique.
b) Das empresas apresentadas identifique possíveis Sociedades Anónimas.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 31


Exercício n.º 6
A empresa InfoTec, Lda. tem como atividade principal comercializar artigos informáticos. No dia
31/12/N o seu património era composto dos seguintes elementos:
Descrição Valor Ativos Fixos Forn. de
Tangíveis Investimentos Mercadorias
1. 10 impressoras em armazém a 250 € cada

2. 500 cabos eléctricos no valor de 20 € cada

3. 20 computadores Modelo Y, a 1 500 € cada

4. 4 computadores Modelo W, a 1 000 € cada

5. Dívida do cliente Alfa 2 500 €

6. Dívida ao fornecedor Blue-Ray, S.A. 2 600 €

7. Armazém – Edifício 10 500 €

8. Dívida do cliente Delphi 5 000 €

9. Viatura ligeira de mercadorias 15 000 €

10. Dívida à Seat, SA. (vendedor da viat.) 7 000 €

11. Terreno do armazém 15 000 €

12. Dívida a J. Dias, fornecedor de CD-RW 1 000 €

13. Computador para uso da empresa 2 200 €

14. Impressora do escritório 600 €

15. Dívida ao fornecedor Cronotécnica, Lda. 1 700 €

16. Dívida ao Banco X 15 000 €

17. 2 Secretárias para o escritório 350 €

18. Dívida do empregado António 500 €

19. Depósito à ordem no Banco Z 12 000 €

20. Dinheiro em caixa 400 €

Identifique os elementos patrimoniais que são Ativos Fixos Tangíveis; Fornecedores de


Investimento e Mercadorias.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 32


Exercício n.º 7
A empresa Madeirarte, Lda. fabrica e comercializa mobiliário diverso. No final de Fevereiro
tinha os seguintes elementos patrimoniais:

Ativos fixos tangíveis 25 000 € Depósitos à Ordem 30 000 €


Ativos intangíveis 12 000 € Caixa 500 €
Investimentos Financeiros 12 500 € Empréstimos Bancários 5 000 €
Inventários e Ativos Biológicos: Fornecedores 5 350 €
- Mercadorias 5 500 € Estado e Out. Entes Pub. 2 000 €
- Matérias-primas 5 000 € Suprimentos 10 500 €
- Produtos acabados 4 540 € Fornec. de Investimento 5 200 €
Clientes 10 300 €
Outros Devedores 10 000 € Capital Próprio 87 290 €

Esta empresa efetuou os seguintes movimentos durante o mês de Março:


1. Depositou à ordem 500 € no Banco X.
2. Recebeu em numerário 530 € do cliente Castro.
3. Recebeu 700 € do cliente Bento, em cheque.
4. Pagou 1 000 € a um fornecedor, cheque do Banco X.
5. Comprou um computador por 1 500 €. Pagou com cheque do Banco X.
6. Comprou uma secretária no valor de 350 € para o escritório.
7. Compra a pronto de material de escritório, no valor de 420 €, pago com cheque do Banco X.
8. Emprestou em numerário 250 € a um empregado.
9. Pagamento, em numerário, da factura da água no valor de 100 €.
10. Pagou 1 600 € à Segurança Social, com cheque do Banco X.
11. Pagamento da electricidade, com cheque do Banco X, no valor de 375 €.
12. Compra de tábuas e placas de madeira no valor de 1 750 €.

PRETENDE-SE QUE:
Identifique os factos patrimoniais permutativos e modificativos. Justifique.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 33


Exercício n.º 8
CONTA 11 - CAIXA
11 – Caixa
11.1 – Caixa Principal
11.2 – Caixa Delegação de Leiria
11.3 – Caixa Delegação de Coimbra
...
11.8 – Caixa Pequena/Fundo Fixo de Caixa
11.9 – Transferências de Caixa
Conta 11 – Caixa
Inclui os meios de pagamento, tais como notas de banco e moedas metálicas de curso legal,
cheques e vales postais, nacionais ou estrangeiros.
D ____ 11.1 – Caixa C
Saldo Inicial Pagamentos
Recebimentos

Observações: – O saldo é sempre devedor ou nulo, nunca credor.


O recibo constituiu o documento base do movimento de caixa, sendo o elemento comprovativo
do pagamento de determinada quantia.

O controlo e conferência de caixa são atribuídos a uma entidade a quem serão exigidas todas as
responsabilidades dos valores à sua guarda (“caixa”, “tesoureiro”). Para suprir pequenas falhas, é
atribuído a este responsável um subsídio mensal, além do ordenado, designado “subsídio para
falhas”/”abono para falhas”, com o qual deverá cobrir as falhas ou faltas que se verificarem nos
valores à sua guarda.

Para controlo dos movimentos efetuados, o tesoureiro dispõe de “folhas de caixa”.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 34


O saldo de caixa da sociedade Sorria, Lda., no final do dia 30 de Dezembro do ano N, era
composto pelos seguintes valores em Euros:

1) – Cheques e vales de correio 459 000


2) – Selos de correio 500
3) – Bilhetes de autocarro 860
4) – Numerário 24 450
5) – Vales de adiantamento ao pessoal 18 000

O movimento do dia 31 de Dezembro de N foi o seguinte:


- Vendas a dinheiro 124 000
- Outras cobranças 60 100
- Depósito no banco CGD 182 000

PRETENDE-SE:
a) Determinação do saldo de Caixa no final do dia 31/12;
b) Considerações que pareçam oportunas sobre a decomposição do saldo no dia 30 de
Dezembro.

Resolução:

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 35


Exercício n.º 9 (Exercício Resolvido)
A Lopes & Gilberto, SA., dedica-se à produção, compra e venda de licores. Em 31 de Dezembro de
2016, o património da sociedade era constituído pelos seguintes elementos:

Valores em € Conta
1. Um terreno com 2.000 m2 para possível venda 140 000 421
2. Balcão, armários, equipamento diverso 6 500 433
3. Dívida ao fornecedor do balcão: Zacarias, Lda. 1 400 2711
4. Uma máquina de engarrafar automática 5 000 433
5. Dívida ao fornecedor da máquina de engarrafar: J. M., Lda. 3 000 2711
6. Dívidas do cliente A. Lopes, Lda. 4 000 2111
7. Dívidas ao fornecedor José Fernandes, Lda. 8 000 2211
8. I.R.S. em dívida ao Estado 2 200 241
9. Depósito à ordem no Banco “CGD” 8 000 121
10. Numerário e cheques em cofre 500 111
11. Armazém – Edifício 50 000 432
12. Dívida ao vendedor do Armazém – Edifício 20 000 2711
13. Dívida (a 5 anos) ao Banco “BIC “ 225 000 2511
14. Empréstimo (a 9 meses) do Banco “Popular” 10 500 2511
15. Um computador para serviço do escritório 2 500 435
16. Dívida ao fornecedor do computador 1 000 2711
17. 3 000 garrafas de vinho da Madeira a 3 € cada 9 000 321
18. 2 000 garrafas de licor de café a 5 € cada 10 000 321
19. 1 000 garrafas de licor de whisky a 4 € cada 4 000 321
20. Dívida ao fornecedor de licores: Xerez, Lda. 6 000 2211
21. Viatura Comercial 15 000 434
22. Sinal que identifica no mercado os produtos ou serviços de uma empresa. 58 000 444
23. Ações na Bons Dias, SA (empresa subsidiária) 30 000 411
24. 15 000 Lts de Álcool a 0,5 €/Lt (matéria-prima) 7 500 331
25. Capital da Sociedade (integralmente realizado) 62 000 51
26. 100 contratos de futuro (margem inicial) 5 000 141
27. Reservas Legais 30 000 551
28. Iva a Recuperar 28 000 2437
29. Adiantamento recebido do cliente Zezinho Licores, Lda 12 000 218
30. Reservas estatutárias e reservas livres 7 500 552
31. Um terreno com 5.000 m2 para construçao de uma nova fábrica 120 000 431
32. Resultados Transitados dos exercícios anteriores 14 500 56
33. Resultado Líquido do Exercício 19 000 81
34. Remunerações a pagar ao pessoal 80 000 2312
35. Prémios de emissão obtidos no último aumento de capital 900 54

Pretende-se que elabore o balanço da sociedade.

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 36


Entidade:
BALANÇO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2016

NOTAS
RUBRICAS
2016 2015

ATIVO
Ativo não corrente

Ativos fixos tangíveis 199 000,00 €


Propriedades de Investimento 140 000,00 €
Ativos intangíveis 58 000,00 €
Investimentos Financeiros 30 000,00 €
Acionistas/sócios
427 000,00 € - €
Ativo Corrente

Inventários 30 500,00 €
Clientes 4 000,00 €
Adiantamentos a Fornecedores

Estados e outros entes públicos 28 000,00 €


Accionistas/sócios

Outras contas a receber

Diferimentos

Outros ativos financeiros 5 000,00 €


Caixa e depósitos bancários 8 500,00 €
Total do Ativo 503 000,00 € - €
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital próprio

Capital realizado 62 000,00 €


Ações (quotas) próprias

Outros instrumentos de capital próprio

Prémios de emissão 900,00 €


Reservas legais 30 000,00 €
Outras reservas 7 500,00 €
Resultados transitados 14 500,00 €
Excedentes de revalorização

Outras variações no capital próprio

Resultado líquido do período 19 000,00 €


Total do capital próprio 133 900,00 € - €

PASSIVO
Passivo não corrente

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 37


Provisões
Financiamentos obtidos 225 000,00 €
Outras contas a pagar
225 000,00 € - €
Passivo corrente
Fornecedores 14 000,00 €
Adiantamentos de clientes 12 000,00 €
Estado e outros entes públicos 2 200,00 €
Acionistas/sócios
Financiamentos obtidos 10 500,00 €
Diferimentos
Outras contas a pagar 105 400,00 €
Outros passivos financeiros
144 100,00 € - €
Total do passivo 369 100,00 € - €
Total do capital próprio e do passivo 503 000,00 € - €

(1) - O euro, admitindo-se, em função da dimensão e exigências de relato, a possibilidade de expressão das quantias em milhares de euros

Form.7a/2011 – Layout do Manual de Formador 38

Você também pode gostar

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy