Resenha-Totem e Tabu Finalizada
Resenha-Totem e Tabu Finalizada
Resenha-Totem e Tabu Finalizada
Como explicado nesta primeira parte, o incesto era aplicado de forma mais
ampla, o que é compreensível, afinal a divisão da comunidade se dava por clãs nos
quais nem todos os indivíduos eram consanguíneos. Nos dias atuais a instituição
familiar representa o parentesco de sangue, o que restringe e limita a relação
incestuosa. Podemos perceber que os tempos mudaram, os homens evoluíram e o
incesto continua sendo tabu. Isto evidencia que tabu é atemporal e possui
dificuldade em quebrá-lo.
Nesta segunda parte, Freud inicia seu trazendo uma reflexão do registro
antropológico para ir, aos poucos, se deslocando para a neurose e, depois, retorna
ao social. E é neste contexto que emerge o estudo do tabu.
O autor atribui uma importância ao tabu por duas razões: por sugerir que o
mesmo pode se revelar esclarecedor para compreendermos a noção do “imperativo
categórico” e, também, por perceber a existência de uma íntima relação entre os
tabus primitivos e as proibições e convenções morais vigentes em nossa sociedade.
Porém, faz-se necessário notar que tabu nos remete à ideia de proteção e
prevenção contra eventuais ações que representem perigo ou ameaça. Neste
sentido, a violação de um tabu era, sem dúvida, motivo de punição ou castigo, o que
nos indica que “os primeiros sistemas penais humanos podem ser remontados ao
tabu” (FREUD [1913- 1914], p.17).
Dessa forma, então, o castigo prescrito pelo tabu, relativo ao contato com o
interditado, aparece como um meio de alçar o objeto desejado ao estatuto de um
objeto impossível. Esta expressão de desejo e, ao mesmo tempo, de temor, leva
Freud a acreditar que, assim como os povos primitivos sustentam esta atitude
ambivalente, no sujeito neurótico esse paradoxo também consiste.
Por fim, o autor se aproxima do que mais tarde irá tratar sobre natureza e a
origem da “consciência moral”, compreendida como a condenação que o sujeito
sente ao agir influenciado por certos desejos. Do mesmo modo que o tabu, ela
parece também ser parida pela ambivalência afetiva, na qual uma parte da oposição
permanece inconsciente, através de alguns mecanismos psíquicos, enquanto a
outra se manifesta, explicando, assim, o seu caráter angustiante.
Nesta terceira parte do texto, Freud se apoia sobre três grandes concepções
de mundo, a animista (mitológica), a religiosa e científica, cultivadas nas obras de
Taylor, Spencer, Frazer e Wundt e Marret.
Enfatizando o papel da magia na onipotência das ideias, o autor nos alerta para
o conceito fundamental da psicanálise que é a realidade psíquica, sustentada por
um desejo inconsciente. Os povos primitivos, por meio da imposição de suas
próprias leis psíquicas, externavam na realidade os seus reais desejos, a fim de que
os espíritos agissem conforme suas vontades. Sendo assim, essa mesma
característica que aparece no primitivo é também visível na criança, cujo psiquismo
conserva as mesmas condições de um selvagem, fazendo com que alucinem a
realização de seus desejos.
Dessa forma, o modo que o ser primitivo encara o mundo, isto é, à sua imagem
e semelhança, leva Freud a constatar uma associação que existe entre a
onipotência e o narcisismo, entendido como investimento libidinal em si próprio, em
que o outro existe somente enquanto objeto de satisfação, e não em sua alteridade.
Por fim, para concluir esta terceira parte, em nossa experiência cotidiana, é
possível identificar alguns resquícios do animismo presentes, por exemplo, nos
sonhos. Ao prosseguirmos com a leitura de Totem e Tabu, é visível que Freud ao
longo dos seus três primeiros textos desta obra, prepara o terreno para introduzir o
ato de nascimento de sua metapsicologia do social, por meio de sua hipótese acerca
da gênese da cultura.
1. Teorias nominalistas;
2. Teorias sociológicas;
3. Teorias psicológicas.
Para Frazer, também citado por Freud, “As realizações de cada clã traziam
vantagens para todos os outros. Uma vez que cada um deles não podia comer nada
ou apenas muito pouco de seu próprio totem, fornecia material valioso para os
outros clãs e, em troca, era abastecido com o que eles produziam como dever social
totêmico. ” (Freud, 1974 p.141).
Assim, Freud discorre que a forma mais antiga de sacrifício era o de animais
cuja carne e sangue eram desfrutados em comum pelo Deus e seus adoradores.
Comer e beber com um homem constituía um símbolo e uma confirmação de
companheirismo e obrigações sociais mútuas. O sagrado mistério da morte
sacrificatória é justificado pela consideração de que apenas desta maneira pode ser
conseguido o vínculo sagrado que cria e mantém ativo um elo vivo de união entre os
adoradores e Deus. Um festival totêmico é um excesso permitido, ou melhor,
obrigatório, a ruptura solene de uma proibição. O sentimento festivo é produzido
pela liberdade de fazer o que via de regra é proibido.