Estudo de Caso

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Estudo de Caso – Tutela de Urgência em

Face dos Planos de Saúde


Membros do Grupo:

Rodrigo Marques Ferreira Duarte

Site de Jurisprudências do TJMG (apoio material)

Dhenis Madeira (apoio material/espiritual)

Descrição da Situação Jurídica Fática:


A agravante AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL S/A entrou com o recurso de
agravo de instrumento contra decisão da primeira instância que havia deferido ao autor a
tutela de urgência, que tratava do fornecimento de um medicamento em regime hospitalar
enquanto fosse necessário, a decisão em questão também instituiu multa diária caso não se
realizasse no prazo de 48h. Em seus argumentos para o agravo, a AMIL citou que o afirmado
em contrato claramente exclui o fornecimento do remédio e que diante disso, a operadora
tem legitimidade para negar a autorização do remédio, aduz que o remédio em questão não
tem cobertura contratual pois não preenche os requisitos do DUT 65. Afirma que não há dano
e risco imediato e que a sentença agravada traz prejuízos financeiros a instituição, além do
valor da multa, que considera alto.

Explicação sobre as normas jurídicas


aplicáveis:
O operador baseou toda a sua peça ao redor do art. 300 do CPC, que dispõe:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Usando esse artigo de pilar, só restou a análise dos documentos anexados ao


processo e o seu julgamento sobre a urgência do fornecimento, chegando a
conclusão de que restava claramente demonstrado nos autos a necessidade
do medicamente diante do estado de saúde do autor e que caso a tutela não
fosse concedida, ele correria riscos graves e irreversíveis.
Ao verificar presentes os requisitos do art. 300, ainda se pronunciou quanto ao
rol da ANS, que mesmo na ausência do remédio, quando este for
expressamente recomendado pelo médico, cumpre ao plano de saúde prestá-
lo, já que o rol não é taxativo, também usou-se da jurisprudência:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - OBRIGAÇÃO DE FAZER - FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO OMALIZUMAB - PLANO DE SAÚDE - USO
MEDICAMENTO RESTRITO A HOSPITAIS E CLÍNICAS MÉDICAS - AUSÊNCIA DE EXCLUSÃO CONTRATUAL - OBRIGATORIEDADE DO
CUSTEIO. Considerando que o uso do medicamento OMALIZUMAB, essencial ao apelado, deve ser feito em clínicas ou hospitais,
sob supervisão médica, sendo que nesse caso não há exclusão da cobertura contratual, impõe-se o custeio e o fornecimento do
referido medicamento pelo plano de saúde.

A cobertura obrigatória da assistência suplementar à saúde abrange, caso haja indicação clínica, os insumos necessários para a
realização de procedimentos cobertos, incluídos os medicamentos, imprescindíveis para a boa terapêutica do usuário. (TJMG -
Apelação Cível 1.0000.17.088865-5/003, Relator(a): Des.(a) Sérgio André da Fonseca Xavier , 18ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
04/09/2018, publicação da súmula em 04/09/2018)

Descrição da Resolução dada:


Foi negado provimento ao recurso e a tutela foi mantida, também foi salientado
que as discussões acerca do contrato em questão deveriam ser abordadas em
instância inferior, portanto não seriam discutidas, as custas deveriam ser
mantidas pela agravante.

Críticas:
Apesar de sucinta e curta, diante da necessidade do agravado e seu estado de
saúde, foi a seu serviço o quão breve esta foi. Uma decisão simples e correta,
não há o que se criticar considerando a situação em questão.

ACORDÃO EM QUESTÃO:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. TUTELA URGÊNCIA. FORNECIMENTO DO TRATAMENTO.
PROTEÇÃO À VIDA. REQUISITOS ARTIGO 300 CPC. TUTELA MANTIDA.

- Presentes os requisitos do artigo 300 do Código de Processo Civil, que autorizam a concessão
da tutela, prudente a concessão da medida pelo Juiz primevo, para que forneça o tratamento
ao beneficiário no plano de saúde, até decisão final da causa.

- Considerando que há conflito entre o direito à vida do associado e o direito patrimonial da


ora Agravante, é de rigor prestigiar aquele em detrimento deste, pois o direito à vida,
assegurado na Constituição da República (art. 1°, inciso III; art. 3°, IV; e art. 5°, caput), merece
proteção especial.
AGRAVO DE INSTRUMENTO-CV Nº 1.0000.20.596668-2/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE -
AGRAVANTE(S): AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL S.A. - AGRAVADO(A)(S):
GUSTAVO GUIMARAES DE CARVALHO

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 13ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas
Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

DES. LUIZ CARLOS GOMES DA MATA

RELATOR.

DES. LUIZ CARLOS GOMES DA MATA (RELATOR)

VOTO

Versa o presente embate sobre recurso de agravo de instrumento interposto por AMIL
ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL S/A., contra decisão do ilustre Juiz de Direito da 2ª vara
cível da Comarca de Belo Horizonte, Dr. Sebastião Pereira dos Santos Neto, que, em ação
cominatória de obrigação de fazer, deferiu o pedido de tutela de urgência formulado pela
parte ora Agravada, nos seguintes termos: " para que a requerida forneça ao paciente o
medicamento omalizumabe, em regime hospitalar, enquanto se fizer necessário, conforme
descrito no relatório de Evento ID n° 1308179864, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob
pena de pagamento de multa diária que fixo em R$ 2.000,00 (dois mil reais) limitada ao
montante de 60.000,00 (sessenta mil reais).".

Em suas razões recursais, sustenta a Agravante, que pretensão da autora não encontra amparo
no regulamento do plano de saúde contratado. Argumenta existir explícita e clara exclusão de
cobertura para o fornecimento pela Ré do medicamento prescrito pelo médico. Argumenta
que, as Condições Gerais da Apólice demonstram que o tratamento solicitado se encontra
expressamente excluído da cobertura contratual, possuindo a Operadora, plena legitimidade
para negar tal solicitação de autorização.

Argumenta que, o fármaco em questão não preenche os requisitos especificados na DUT nº


65, da ANS, razão pela qual, não possui cobertura contratual. No que se refere a ausência de
perigo de dano no caso em apreço, sustenta que, o presente caso não se configura como
situação emergencial ou de urgência, posto que não há documentação nesse sentido.
Alega que a decisão afeta o equilíbrio financeiro do plano de saúde, trazendo prejuízos à
coletividade de associados, já que, está sendo obrigada a custear atendimento e procedimento
de alto custo quando este não é de cobertura obrigatória. Logo, é inquestionável a
inviabilidade, bem como a lesividade de se manter a tutela ora impugnada. Alega que a multa
fixada e desproporcional, bem como, exíguo o prazo fixado para o cumprimento da obrigação.
Ao final, pugna pelo efeito suspensivo e provimento do recurso.

Preparo (doc. ordem 03).

Efeito suspensivo indeferido em documento de ordem 55.

Contraminuta em documento de ordem 56.

É o breve relatório. DECIDO:

Conheço do recurso, pois presentes os pressupostos de admissibilidade.

O artigo 300, do Código de Processo Civil de 2015, nos diz sobre a possibilidade de haver a
concessão da antecipação dos efeitos da tutela pretendida no pedido inicial. Para tanto, é
necessário observar alguns requisitos que lhe são essenciais, conforme possível depreender do
que consta no referido dispositivo legal. Vejamos:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Após minuciosa análise do presente caso, e sem deixar de me ater aos limites da cognição
sumária que se impõem a essa espécie recursal, verifico que se fazem presentes os requisitos
que justificaram a concessão do "adiantamento" do provimento final a assegurar à parte
autora a satisfação do que pleiteia, antes do julgamento definitivo da lide. Ora, teor do
Relatório Médico juntado pelo autor (doc. ordem 17), não restam dúvidas acerca da
imprescindibilidade do uso do medicamento "omalizumabe", considerando que o Agravado é
haja pessoa acometida de asma alérgica, em estado avançado, com a realização de outros
tratamentos sem resultados satisfatórios visando a cura e/ou paralisação do avanço da
doença. Vejamos:

Verifico ainda, pelo laudo citado, que há enorme probabilidade de agravamento do quadro de
saúde, sem a utilização do tratamento indicado e que o medicamento solicitado pode ajudar
na diminuição da progressão da doença.

O quadro clínico apresentado aponta indubitavelmente para concluir pela urgência do


fornecimento do insumo pleiteado, restando claro que o estado de saúde do paciente exige
cuidados especiais e tratamento adequado, sob o risco de trazer consequências graves e
irreversíveis. Havendo prescrição médica de observância a determinado recurso terapêutico
capaz de amenizar a gravidade do que ataca a saúde da pessoa, não pode o plano se esquivar
de sua responsabilidade de providenciar seu devido fornecimento. Ao sopesar a vida e o
patrimônio, não restam dúvidas, a meu ver, acerca de qual deve prevalecer.

Portanto, verificadas a probabilidade do direito e a urgência no tratamento, revela-se acertada


a concessão da medida antecipatória. Deste modo, e por todo o dito, estou convencido de que
se fazem presentes os requisitos essenciais à concessão da antecipação dos efeitos da tutela,
na inteligência do artigo 300 do CPC/15, motivo pelo qual, não há razão nesse momento, para
alteração.

Registre-se que, ainda que o procedimento não seja indicado no rol da ANS, cumpre ao plano
de saúde prestá-lo, quando expressamente descrito pelo médico e evidenciada a sua
indispensabilidade para a manutenção da vida do paciente. Mesmo porque, como se sabe, o
rol da ANS não é taxativo.

Caso semelhante já foi julgado recentemente neste Tribunal:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - OBRIGAÇÃO DE FAZER - FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO


OMALIZUMAB - PLANO DE SAÚDE - USO MEDICAMENTO RESTRITO A HOSPITAIS E CLÍNICAS
MÉDICAS - AUSÊNCIA DE EXCLUSÃO CONTRATUAL - OBRIGATORIEDADE DO CUSTEIO.
Considerando que o uso do medicamento OMALIZUMAB, essencial ao apelado, deve ser feito
em clínicas ou hospitais, sob supervisão médica, sendo que nesse caso não há exclusão da
cobertura contratual, impõe-se o custeio e o fornecimento do referido medicamento pelo
plano de saúde.
A cobertura obrigatória da assistência suplementar à saúde abrange, caso haja indicação
clínica, os insumos necessários para a realização de procedimentos cobertos, incluídos os
medicamentos, imprescindíveis para a boa terapêutica do usuário. (TJMG - Apelação Cível
1.0000.17.088865-5/003, Relator(a): Des.(a) Sérgio André da Fonseca Xavier , 18ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 04/09/2018, publicação da súmula em 04/09/2018)

Saliento que, a discussão acerca do contrato de plano de saúde e suas cláusulas que a
Agravante busca travar, não merece abordagem nesta sede recursal, sob pena de supressão de
uma instância, haja vista que tais questões deverão ser enfrentadas e decididas pelo Juiz
monocrático.

Diante de tais considerações, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo intacta a decisão


combatida.

Custas, pela Agravante.

É como voto.

DES. JOSÉ DE CARVALHO BARBOSA - De acordo com o(a) Relator(a).

JD. CONVOCADA MARIA DAS GRAÇAS ROCHA SANTOS - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO"

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