Direito Empresarial II 75J748x3bb7zXxaQ
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DIREITO EMPRESARIAL II
D597
Direito empresarial II [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI
Coordenadores: Renata Albuquerque Lima; Viviane Coêlho de Séllos Knoerr – Florianópolis: CONPEDI, 2020.
Inclui bibliografia
ISBN: 978-65-5648-163-0
Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicações
Tema: Direito, pandemia e transformação digital: novos tempos, novos desafios?
1. Direito – Estudo e ensino (Pós-graduação) – Encontros Nacionais. 2. Empresarial. 3. Isonomia. II Encontro Virtual
do CONPEDI (2: 2020 : Florianópolis, Brasil).
CDU: 34
Apresentação
Rodrigo Campos Hasson Sayeg apresentou a pesquisa intitulada “DA FIGURA DO CEO
NARCISISTICO E SEU IMPACTO NO DIREITO SOCIETARIO BRASILEIRO”, de sua
autoria juntamente com Sergio Fernando Moro e Ricardo Hasson Sayeg. Tal pesquisa tratou
sobre o CEO narcisista, seus impactos na empresa, bem como mostrou seus possíveis limites
em razão da Lei de Sociedades Anônimas.
Bruna Araújo Guimaraes e Vinicius dos Santos Rodrigues apresentaram o estudo sobre
“PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO NA HOLDING FAMILIAR: UM ESTUDO A PARTIR
DO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO”, tendo analisado que a holding tem sido adotada
por empresas, em que seu objetivo é o controle do patrimônio de pessoas físicas de uma
mesma família, fazendo com que os herdeiros domem a posição de sócios.
Coordenadores:
Resumo
A holding tem sido adotada por empresas, pois suas regras de sucessão patrimonial já são
presentes no contrato social, seu objetivo é o controle do patrimônio de pessoas físicas de
uma mesma família, fazendo com que os herdeiros domem a posição de sócios. O
planejamento encontrado no Código Civil sendo um processo de decisões por antecipação,
podendo levar obtenção de vantagens significativas, como: facilitar a sucessão, a proteção
patrimonial e planejamento tributário. Além das vantagens, apresenta também desvantagens,
que devem ser analisadas antes da sua constituição, como: tribulação de ganho de capital
referente à venda de participação em empresas filiadas.
Abstract/Resumen/Résumé
The holding company has been adopted by companies, since its rules of succession are
already present in the social contract, purpose is to control the assets of individuals of the
same family, making the heirs dominate the position of partners. The planning found in the
Civil Code is a process of decisions by anticipation, and can lead to obtain significant
advantages, such as: facilitate succession, patrimonial protection and tax planning. In
addition to the advantages, it also presents disadvantages, which must be analyzed before its
constitution, such as: capital gain tribulation related to the sale of participation in affiliated
companies.
1 Mestre em Direito pela UFG. Advogada. Docente orientadora da Faculdade Evangélica Raízes.
2 Graduado em Direito pela Faculdade Evangélica Raízes.
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INTRODUÇÃO
Muito se tem discutido o fato das empresas brasileiras por vezes adotarem o método
da holding familiar, cujo objetivo é facilitar a sucessão hereditária de bens em caso de
falecimento do doador, planejando de forma antecipada e satisfatória. Isto ocorre uma vez que
todas as regras de sucessão patrimonial já estarão definidas no contrato social da holding,
evitando que o patrimônio familiar tenha que passar por um longo processo de inventário, e
sem que haja a necessidade das atividades das empresas familiares.
A holding é, uma empresa criada com o objetivo de controlar o patrimônio de uma
ou mais pessoas físicas de uma mesma família que possuam bens e participações societárias
em seu nome, com isso os herdeiros assumem a posição de sócios, sendo que todas as
decisões concernentes a esse patrimônio são tomadas na forma de deliberações sociais.
A holding é constituída geralmente na forma de sociedade limitada e pode ser pura
ou mista. A holding familiar pura é aquela criada apenas como controladora, ou seja, terá
como objetivo social apenas a administração de bens e sociedades. Já a holding familiar mista
é aquela que, além de controladora, exerce alguma atividade empresarial (FURTADA NETO,
2015).
Antes de ser constituída a holding, é preciso elaborar um estudo de análise da sua
viabilidade, a variar de acordo com o perfil familiar e negocial, e os envolvidos da família
deverão estar de comum acordo. Caso contrário, a gestão e o sucesso da holding familiar
serão comprometidos (FREITAS DE CAMARGO, 2017).
Na pratica o tipo societário mais utilizado no país pelo fato do custo benefício ser
mais acessível tanto na simplicidade, quanto no custo do registro feito pela junta comercial, é
o da sociedade limitada ou sociedade por ações, tendo em vista a forma social mais
adequada quando se pretende impedir que terceiros estranhos à família participem da
sociedade, no caso de familiar.
O rol de legislação pertinente do planejamento sucessório encontra-se no Código
Civil (lei 10.406/02), no que diz respeito à capacidade das pessoas em direitos e deveres e no
que tange a sucessão definitiva com seus requisitos e sanções, o que será melhor estudado no
decorrer do presente estudo.
Verifica-se que a holding familiar, e cada tipo societário e especificações de criação,
estão mencionados na lei das sociedades por ações 6.404/1976, nos artigos; 2º, § 3º; artigo;
206 a 219; artigo 243, § 2º.
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Dentre as principais vantagens de uma Holding Familiar que se pretende estudar,
estão: planejamento financeiro; planejamento tributário; blindagem patrimonial; e
planejamento sucessório, uma vez que busca manter harmonia nas finanças da família, a
busca da redução de carga tributária por meios legais, e principalmente as etapas para que se
tenha sucesso com embasamento pagando menos impostos e tendo mais lucro, e a forma da
divisão deste rendamento mensal líquido para cada sócio, o que será melhor detalhado no
artigo científico.
Mister salientar que o principal objetivo para uma empresa constituir uma holding é
visando principalmente a proteção do patrimônio pessoal e familiar e a eficácia para proteger
a sucessão do patrimônio da família, em especial para as empresas.
O objetivo geral é compreender o processamento de uma holding familiar,
identificando cada etapa percorrida para o sucesso de uma empresa. Já os objetivos
específicos é entender o conceito da holding familiar, identificar as etapas do planejamento
sucessório e os prós e contra.
Na metodologia será utilizado o método dedutivo a fim de analisar como está sendo a
atuação da holding nas empresas de pequeno, médio e grande porte, propondo-se realizar
procedimentos técnicos de pesquisa bibliográfica especifica por meio de inúmeras fontes de
leitura como: legislação, artigos, livros e a internet.
Aplica-se também o método qualitativo, porque o estudo agregará conhecimento à
sociedade, esclarecendo como está sendo aplicada à holding familiar nas empresas.
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Tem-se assim uma holding mista, a qual funciona quase como se fosse a própria
pessoa de um de seus sócios, especialmente quando utilizada na forma de prestação de
serviços para outras empresas, mantendo-se existente no âmbito do Direito Societário
(VIEIRA, 2008, p.239).
A melhor estruturação societária dependerá das demandas individuais e, por mais
que alguns tipos societários tenham a maior preferência do mercado, não quer dizer que os
demais não possam ser utilizados (VIEIRA DA SILVA, 2008, p.239). Atualmente, segundo
Mamede e Mamede (2018), a utilização da holding é mais ampla no seu conceito originário,
ela é usada não só para controlar outras sociedades, mas também para controlar um
patrimônio, podendo ser composta por bens móveis e imóveis, investimentos financeiros e
propriedade industrial (marcas e patentes), exercendo o controle sobre esses bens.
A holding é uma sociedade cujo capital social pode deter participações societárias de
outras pessoas jurídicas, como cotista ou acionista. Nas palavras de Prado, Costa lunga e
Krischbaum (2017), é uma sociedade formalmente constituída, com personalidade jurídica,
cujo capital social, é subscrito e integralizado com participações societárias de outra(s)
pessoa(s) jurídica(s).
Percebe-se que o objetivo da holding é ser uma ligação entre o empresário e a
família e o seu grupo patrimonial, organizando a sucessão da empresa.
Segundo Mamede e Mamede (2018), o recurso às estruturas societárias tem o
condão de fazer uma contenção dos conflitos familiares:
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Durante a Idade Média, acrescenta-se a essas duas concepções o Direito Canônico,
que já mantinha frágil equilíbrio entre as exigências religiosas de proteção à pessoa e à
família (VENOSA, 2014, p.194).
No Direito Romano, admitido o amplo poder do pater famílias, havia plena liberdade
de testar. Posteriormente foram sendo criadas regras que limitavam essa liberdade, no entanto,
não havia regra fixa sobre a quota mínima reservada (VENOSA, 2014, p.194).
No Direito Germânico a evolução deu-se de forma diferente. Todo o patrimônio era
familiar, e a impossibilidade de seu afastamento do grupo por morte de membro da família
ensejava a sua atribuição ao primogênito (VENOSA, 2014, p.194).
Para o Direito Canônico também havia limitação, não podendo o testador dispor de
mais de um terço do patrimônio, reservando-se dois terços aos herdeiros necessários
(VENOSA, 2014, p.194). Conclui-se, portanto, que o Direito brasileiro é o mais rigoroso na
liberdade do testador.
No Direito Romano, antes da Lei das XII Tábuas, segundo VIEIRA (2008), o
direito de testar era matéria obscura. Percebe-se que as formas normais de testamento eram as
colatiscomitis, firmadas por ocasião dos comícios, nos quais cada pai de família podia
declarar sua última vontade tendo o povo como testemunha, e o testamentum in procinctu, já
em forma para a guerra, transformado em testamento militar.(VIEIRA, 2008, p.239).
Mister se faz analisar os princípios que norteiam as relações econômicas da Holding
para compreender o surgimento do instituto, principalmente os princípios constitucionais
eleitos pelo constituinte como fundamentos essenciais à ordem normativa.
A Constituição de 1988 veio embasar a necessidade de organização e controle das
sociedades empresariais. Os artigos 1º, 5º e 6º impressionam pela nitidez de mostrar uma nova
ordem social e um novo ambiente a atuar, novas diretrizes para as estratégias dos anos 90 e os
caminhos para os anos 2000. O artigo 170 da Constituição estabelece, inequivocamente, as
bases para novos empreendimentos, e o artigo 226 veio esclarecer o novo relacionamento
familiar (TEIXEIRA, 2008, p.1).
Sob o aspecto negativo deste princípio, o Estado não pode proibir ou discriminar
injustamente uma atividade econômica por si só, sem fundamentos justos; sob o aspecto
positivo deste princípio, o Estado deve promover incentivo (sobretudo fiscais) ,atuando em
áreas de manutenção da sobrevivência humana (BONAVIDES, 2012, p.300).
Na Constituição Federal, o princípio da propriedade privada assegura aos
trabalhadores, empresários, etc. que a propriedade privada deles é da ingerência dos mesmos,
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não devendo o Estado interferir sem motivos relevantes na atividade econômica. O art. 5º,
XXII, CRFB, traz esse direito de forma geral, sendo essa propriedade privada do art. 170 um
princípio específico e individualizado de garantia de não intervenção estatal (BONAVIDES,
2012, p.300).
A Constituição de 1988 veio enfatizar a necessidade de organização e controle. Os
artigos 1º, 5º e 6º surpreendem pela clareza de mostrar uma nova ordem social e um novo
ambiente a atuar, novas diretrizes para as estratégias dos anos 90 e os caminhos para os anos
2000. O artigo 170 da Constituição estabelece, inequivocamente, as bases para novos
empreendimentos, e o artigo 226 veio mostrar o novo relacionamento familiar.
Conforme afirma Teixeira (2008) pode-se ver quase dez anos antes as novas
oportunidades e nelas a holding tinha o seu lugar destacado no planejamento e no estudo de
viabilidades e investimentos em novos negócios.
Com o Novo Código Civil, Lei 10.406, de 10/1/02, considera-se que a holding é
a única possibilidade de proteger a família dos conflitos latentes que há nessa lei.
A Lei nº 6.404/1976, art. 2º, § 3º, prevê a existência das sociedades holding
estabelecendo que a companhia possa ter por objeto participar de outras sociedades, e
acrescenta: a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para
beneficiar-se de incentivos fiscais.
Apesar dessa previsão na Lei das S/A, nada impede que as sociedades holding
se revistam da forma de sociedade por quotas de responsabilidade limitada, ou de outros tipos
societários. (TEIXEIRA, 2008, p.1).
A Lei das S/A contempla as sociedades holding no capítulo em que trata das
sociedades coligadas, controladoras e controladas.
Controlada, conforme estabelece a Lei das S/A, é a sociedade na qual a controladora,
diretamente ou por meio de outras controladas (sistema piramidal), possui direitos societários
que lhe assegurem permanentemente preponderância do capital social. (Lei nº 6.404/1976,
art. 243, § 2º) (TEIXEIRA, 2008, p.1).
O Código Civil traz a indicação da responsabilidade pelo sócio que é limitada à
participação, como preceitua o artigo 1.052 do Código Civil de 2002: “Na sociedade
limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital social” (DONINNI, 2016, p.1).
Verifica-se que a Lei 6.404/1976 nos artigos 2º, § 3º que dispõe sobre as Sociedades
por Ações que pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, desde que
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não contrariando à ordem pública e os bons costume.
Já no Regulamento do Imposto de Renda (n. 3.000/99) nos seus artigos 223, §1º, III,
c; 225; 384; 519, §1º, III, c; 521 menciona a porcentagem de imposto de cada mês no caso da
administração de bens imóveis é de 32%, ou seja, independentemente do tamanho da empresa
será fixo para as holdings familiares.
A Lei 10.833/2002, em seu art. 1º, § 3º, V, b menciona a Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social - COFINS, com a incidência não cumulativa, tem como
fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa
jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.
O valor dos lucros e dividendos recebidos, decorrentes de participação societária em
outras sociedades, não se sujeitará à tributação do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS pela
empresa beneficiária.
A Lei 11.033/2004 altera a tributação sobre o mercado financeiro e de capitais. É
assim de suma importância para o tratamento de empresas holding, uma vez que aquelas
utilizadas para fins de controle de outras empresas sob forma de participação acionária
devem obrigatoriamente observar o que é disposto com relação aos rendimentos obtidos com
investimentos (BRASIL, 2004, p.1).
Portanto a holding é um incentivo tanto fiscal como também uma segurança para os
acionistas ou quotistas respondendo conforme sua parte correspondente que iremos entender
no tópico seguinte tais como: análise patrimonial, formulação de estratégias na escolha do
tipo societário, regras de governança, correlações familiares e sucessórias.
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O risco ao negócio tem causas diversas, tais como crises econômicas, falecimento de
pessoas importantes à empresa ou de familiares, sucessão natural, concorrência, aumento da
carga tributária, demandas judiciais advindas de relações tributária e trabalhista.
Na Sociedade Simples a atividade exercida não é considerada empresarial, e para
enfatizar, o Código Civil/2002 (BRASIL, 2002), apesar de não definir sociedade simples,
elucida, em seu artigo 966, parágrafo único, sobre o assunto: “não se considera empresário
quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com
o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se caracterizado o elemento de empresa.”
“Serão simples as sociedades que tenham por objeto atividades próprias da profissão
intelectual, como as dedicadas às ciências, literatura ou artes, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento da empresa” (ALMEIDA, 2008, p.84).
Existe obrigatoriedade quanto ao registro da sociedade simples, pois a partir deste
registro adquire personalidade jurídica e passa a ter existência legal.
Sociedade Anônima, também chamada de companhia ou sociedade por ações, é
nome dado a uma empresa com fins lucrativos que tem seu capital dividido em ações e a
responsabilidade de seus sócios (acionistas) limitada ao preço da emissão das ações
subscritas (lançadas para aumento de capital) ou adquiridas.
Para entender esse tipo de sociedade, é necessário compreender que o capital social é
repartido em partes chamadas ações. O capital social é expresso em moeda nacional e pode
compreender qualquer espécie de bem que possa ser avaliado em dinheiro durante seu
processo de formação.
A redução de capital pode ocorrer por desvalorização das ações ou por excesso ou
falta de subscritores (alguém que ingressa na sociedade, adquirindo ações), já o aumento de
capital ocorre quando as ações se valorizam ou há entrada de subscritores.
As ações de uma sociedade anônima podem ser transmitidas para qualquer pessoa
sem se importar com a característica do sócio. O estatuto não pode proibir esse tipo de
negociação, mas pode limitá-la, como a responsabilidade do acionista que é limitada ao valor
das ações adquiridas e subscritas. Assim que a ação for integrada, o acionista não terá
nenhuma responsabilidade suplementar.
As sociedades anônimas podem ser divididas em dois tipos: Capital aberto (quando
seus valores mobiliários podem ser negociados no mercado de valores - bolsa de valores ou
mercado de balcão) e; Capital fechado (seus valores mobiliários não passam por negociações
na bolsa ou no mercado de balcão).
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A Sociedade Anônima é que possui capital dividido em ações, que nesse tipo de
sociedade são os capitais acumulados e não o acionista em si. A posse de ações é que faz
valer a participação do acionista, as ações só podem ser emitidas pela empresa com
autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), somente as próprias ações são
usadas como garantia financeira da companhia.
Sua estrutura organizacional se compõe por uma assembleia geral, o conselho de
administração, diretoria e conselho fiscal, pode ser uma sociedade aberta ou fechada, a
responsabilidade do acionista é limitada ao preço das ações adquiridas ou subscritas, as ações
são títulos circuláveis, isto é, o acionista tem a liberdade de cedê-las e negociá-las.
Sobre sociedade limitada, o Código Civil/2002 (BRASIL, 2002) em seu artigo 1052,
expõe que na “sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas
quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital”.
Sobre as responsabilidades dos sócios, Almeida (2008, p.132) diz:
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(familiar, patrimonial etc, etc.
Governança Corporativa é o sistema de regras e práticas elaboradas para que todos
sigam, desde fornecedor ao cliente. Regras de como será o papel de cada um na empresa,
segregando suas atividades.
Mas o sonho e a evolução da empresa é que ela cresça se tornando um patrimônio e
chegando até se tornar uma empresa de capital aberto (sociedade anônima com capital social
formado por ações). O ideal é que a governança corporativa seja elaborada desde o principio,
porque assim você estabelece os papéis de cada um evitando a preocupação de cada um.
A governança visa à perpetuação da sua empresa, é a transmissão dos valores da
empresa, tendo como objetivo a longevidade dela. Por isso é muito importante você
identificar a fase da sua empresa, em que fase da evolução ela se encontra para estabelecer a
governança de acordo.
Sem a Governança Corporativa o que pode ocorrer é um abuso de poder do
acionista controlador sobre os minoritários, além de cometer erros estratégicos para a
empresa, já que o controlador é quem irá tomar toda decisão da empresa sozinho.
É preciso se atentar para o fato de que a constituição de uma holding familiar implica
uma transmutação da natureza jurídica das relações mantidas entre os familiares.
Os conflitos familiares ficam confinados à holding, expressando-se, ali, sob a forma
de conflitos societários, ou seja, sob a forma de conflitos que merecem a regência legal das
normas do Direito Societário, disciplina do Direito Empresarial.
O regime jurídico empresarial e, mais especificamente, o regime jurídico societário
foram desenvolvidos, ao longo dos séculos, para atender aos desafios da convivência entre
os indivíduos, evitando, como por exemplo, na regra do artigo 1.033, IV, do Código Civil,
que permite que as sociedades contratuais tenham um único sócio pelo prazo de 180 dias.
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Já nas sociedades por ações, mesmo nas fechadas, nem sempre se afiguram tão
amplas as possibilidades de limites à circulação das ações, posto que devam respeitar o
disposto no art. 36 da Lei nº 6.404/76 (MAMEDE, 2015, p.123).
Ressalta-se que não se faz planejamento sucessório responsável sem levar em
consideração as consequências fiscais. Como visto, podem ser propostas diversas alternativas
para o projeto sucessório, mas deve-se atentar em que cada uma terá reflexos jurídicos (não
só tributários) próprios(DIÓGENES, 2015, p.1-146).
Na organização patrimonial, as transferências podem implicar incidência do Imposto
de Transmissão de Bens Imóveis, Imposto de Transmissão Causa Mortis, Imposto de Renda e
Imposto sobre Operações Financeiras.
O Imposto sobre a transmissão de Bens Imóveis (ITBI) incide apenas sobre a
transmissão onerosa e intervivos (art. 156, II, da CF/88). O Imposto sobre Transmissão Causa
Mortis e Doação (ITCD) incide sobre a transmissão de qualquer bem ou direito decorrente
de morte ou de doação de uma pessoa para outra, a título gratuito (art. 155 da CF/88).
O Imposto de Renda (IR) poderá incidir na transmissão a qualquer título oneroso ou
não oneroso (art. 153, III, da CF/88). Sua incidência se opera quando o bem ou direito é
transmitido por valor superior àquele que o doador, falecido ou vendedor mantinha em sua
Declaração de Bens como custo de aquisição.
Por fim, o Imposto sobre Operações financeiras (IOF), incidente sobre operações de
crédito, câmbio e seguro, é previsto no art. 153, V, da CF/88.
Verifica-se reflexo desse imposto nas relações de planejamento familiar e sucessório
quando houver a prática de empréstimo de dinheiro entre pessoa jurídica e pessoa física a
teor do art. 13 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999.
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a despesa de locação na operacional corresponderá à despesa de IRPJ (15% e adicional de
10%), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido– CSLL (9%), crédito de PIS (1,65%) e
COFINS (7,6%), enquanto a receita na imobiliária acarretará tributação máxima de 14,53%
(IRPJ, CSLL, PIS e COFINS) (TEIXEIRA, 2012, p.1).
Por isso que, assim como em outros tempos foi necessário iniciar a tutela do
empregado e do consumidor, porque reconhecida sua vulnerabilidade, permitindo-se a
aplicação da desconsideração da personalidade jurídica e até da personalidade física, com
inversão do ônus da prova como instrumento processual de defesa, reequilibrando as relações
entre as partes envolvidas (Madaleno, 2009, p. 190).
Encontra-se na teoria da desconsideração da personalidade jurídica hipótese de
visível diálogo que entrelaça interesse empresarial a interesse familiar, na medida em que a
teoria tem por escopo a superação dos efeitos da personalização nos casos de fraude e abuso
no exercício do direito societário (HIRONAKA, 2016, p.77):
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fato que muitas vezes se opera no direito de família (CAMPOS, 2014, p.88).
A desconsideração é a forma de adequar a pessoa jurídica aos fins para os quais foi
criada, ou seja, de coibir o uso indevido do direito, desconsiderando a separação patrimonial
criada entre pessoa física e pessoa jurídica, sendo, portanto a disregard uma forma de
reconhecer a relatividade da personalidade jurídica das sociedades (CAMPOS, 2014, p.158).
A desconsideração deve e pode ser aplicada não só para atingir os bens particulares
dos sócios, mas também, na via inversa, para imputar à sociedade e comprometer os bens
sociais pelos atos jurídicos de seus sócios ou administradores, quando estes para frustrar
direitos que os terceiros têm sobre seus bens pessoais (MADALENO, 2009, p.41).
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social em uma nova cultura), por mais que um sucessor esteja acompanhando e atuando
ativamente na gestão do negócio, a sua experiência será muito menor de que seus
fundadores(MAMEDE, 2015, p.123).
Além disso, pontos críticos que normalmente levam uma empresa à falência devem
ser monitorados constantemente, como a má gestão das finanças, a exemplo descontrole do
fluxo de caixa (GONDIM, 2008, p.1), conflitos no relacionamento entre funcionários, pouco
preparo dos gestores ou falta de interesse pelo negócio.
Conclui-se que a holding desde que seguidos pelos seus sócios todos os requisitos de
forma detalhada terá controle sobre seu patrimônio, sua gestão financeira para ter o
crescimento desejado, sendo primordial o protagonismo do fundador da empresa na
preparação dos futuros sócios com metas, pois o planejamento terá consequências se não
seguidos os passos acima, que tratamos no tópico derradeiro.
Muito se tem discutido nos dias atuais as vantagens da holding familiar, que quando
indicada por um profissional competente, apresenta vantagens significativas, como facilitar a
sucessão, a proteção patrimonial, e o planejamento tributário.
Essas medidas propiciadas pela holding evitam eventuais conflitos entre os
sucessores e impede a paralisação do patrimônio pelo tempo em que pender o inventário.
A proteção da holding familiar não se confunde com o patrimônio de seus sócios, os
bens empresariais não são atingidos diretamente no caso de possíveis demandas judiciais, a
não ser em casos extremos, como fraude.
No entanto, para se alcançar o patrimônio da holding em caso de processos contra
qualquer de seus sócios, há necessidade da desconsideração da personalidade jurídica.
A holding também é uma estrutura que auxilia no planejamento tributário, sendo que
a primeira vantagem tributária diz respeito aos valores de integralização (art. 23 da Lei nº
9.249/95) (BRASIL, 1995).
Vale lembrar que na integralização dos bens na holding, se tais bens forem imóveis e
o objeto social da holding tiver como atividade preponderante a compra e venda desses bens
ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil, haverá a incidência do ITBI
na transferência, nos termos do art. 156, §2º, I da Constituição da República.
A holding que se dedica ao aluguel de bens, em sua maioria, poderá apurar as suas
receitas na forma do Lucro Presumido. Nesse caso, tributando as receitas da holding, o
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percentual total de tributos ficaria em torno de 11% a 14% da receita bruta auferida pela
empresa. Já, caso esse mesmo valor seja apurado as pessoas físicas, a alíquota do IRPF pode
chegar a 27,5%, de acordo com a tabela progressiva.
Da mesma forma, caso a holding se dedique à atividade de compra e venda de
imóveis, o custo tributário final para a venda de um imóvel será de aproximadamente 6,73%,
enquanto que na pessoa física o valor seria a tributação seria de 15% sobre o ganho de capital
propriamente dito.
Na constituição da holding, o auxílio jurídico também é muito importante para
execução da estratégia, pois o profissional capaz de analisar quais cláusulas serão importantes
de constar no contrato social e no acordo de quotistas.
O profissional da área jurídica ainda será capaz de demonstrar qual a opção
tributária mais vantajosa para cada família e se, associado à holding, outros instrumentos de
planejamento também deverão ser utilizados.
Em verdade, para que uma família possa efetivamente usufruir de todas as vantagens
oferecidas pela holding familiar, ela deverá contar com um auxílio jurídico antes de sua
constituição.
A holding, no entanto, pode apresentar desvantagens que devem ser analisadas antes
da sua constituição, para que a abertura deste tipo de empresa não contribua para o insucesso.
Diante disso, Oliveira (2003, p.29) assim informa, “entretanto, podem ocorrer
algumas desvantagens na criação de uma empresa holding, para as quais os executivos devem
estar atentos”. São elas:
Quanto aos aspectos financeiros: - não poder usar prejuízos fiscais, o que
basicamente ocorre em caso de holding pura; - ter maior carga tributária, se não
existir adequado planejamento fiscal; - ter maior volume de despesas com funções
centralizadas na holding, o que pode provocar problemas no sistema de rateio das
despesas e custos nas empresas afiliadas.
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Oliveira traz o alerta, neste quesito, de que com o elevado grau hierárquico que
eventualmente pode ser formado em função da constituição da holding, pode ocorrer
desmotivação por parte dos colaboradores, pela dificuldade destes em ocuparem uma posição
de destaque na empresa operacional.
O estudioso Oliveira (2003, p.30) demonstra, ainda, alguns aspectos legais que
podem influenciar negativamente às empresas quando da opção de constituição de holding:
Por fim, Oliveira (2003, p.30) ainda destaca uma desvantagem no aspecto societário,
onde informa que pelo fato da constituição da holding, pode-se “consolidar o tratamento dos
aspectos familiares, criando uma situação irreversível e altamente problemática”.
Apesar de, em regra, ser mais vantajoso que esses conflitos familiares ocorram na
empresa holding e não nas empresas operacionais, para não afetar as atividades que geram
resultado financeiro para o grupo, por outro lado, as disputas ficarão centralizadas na holding
e muitas vezes sem se conseguir resolver.
É importante frisar que adissolução da holding familiar é quando a empresa não tem
mais a conexão desde do momento da sua constituição, que tem como consequência a partilha
dos seus bens e direitos ao seus cotistas ou acionistas devidamente separadas conforme o
contrato consolidado após ter cumprido com as obrigações da empresa.
CONCLUSÃO
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As empresas familiares são importantes instituições que tiveram seu surgimento
desde os primórdios e que até hoje ganham destaque quanto aos seus aspectos econômicos e
sociais.
As holdings surgem como uma maneira de facilitar os processos de inventário e de
sucessão das empresas, uma vez que cada vez mais há a preocupação por muitos empresários
em relação ao futuro das empresas após a sua ausência, pois em regra pretendem que seu
empreendedorismo se perpetue por longo tempo, por muitas gerações após a sua.
É no momento da sucessão que podem ocorrer conflitos entre os familiares, este
sendo o grande obstáculo vivenciado por empresas controladas por integrantes de uma mesma
família, principalmente pelos impactos negativos que geram.
A formação de uma holding vem ao encontro desta dificuldade, pois procura garantir
que a empresa leve suas atividades adiante por seus sucessores para as próximas gerações de
forma organizada e sem conflitos, uma vez que o sucedido organiza a administração da
empresa, prevê os eventuais conflitos futuros, instituindo regras para as suas resoluções e
demarca a sua vontade na forma da condução futura da empresa.
Estas questões são discutidas previamente porque o empresário nunca pensa na sua
sucessão, apenas no sentido da divisão de bens, mas principalmente na sucessão da gestão, da
administração dos seus negócios, em prol da perenidade dos mesmos.
Esta sucessão de gestão seja ela familiar ou profissional, quando praticada de
maneira correta faz com que os objetivos da empresa sejam alcançados evitando assim os
tradicionais problemas que podem ocorrer neste processo.
Isso porque, se a administração da empresa está organizada, funcionando de forma
eficaz, com bons resultados, cada um, ciente de suas competências, e os herdeiros, a par de
que não podem impor suas vontades pelo simples fato de serem donos, mas que devem
respeitar quem tem conhecimento empresarial.
Verificou-se, ainda, que a doação em vida, por intermédio de empresa holding, pode
ser efetuada de forma que as quotas ou ações da holding sejam gravadas com cláusulas de
reserva de usufruto vitalício, reversão de bens e ainda com as cláusulas restritivas, que seriam
a incomunicabilidade, impenhorabilidade e inalienabilidade.
A profissionalização de empresas familiares por sua vez, ganha destaque por
consistir em práticas administrativas mais modernas e racionais adotadas por muitos que
desejam se manter por mais tempo no mercado.
Da mesma forma, a governança corporativa, que se configura em uma estrutura
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empresarial moderna no modo de administrar os negócios da família, tem sua importância,
uma vez que pela adoção dessas boas práticas, principalmente embasada pela ética, respeito e
transparência, a empresa acaba por ser mais bem vista pelo mercado em relação as que não
possuem.
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