Fisioterapia Na Saúde Do Atleta

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Fisioterapia na

Saúde do
Atleta

Prof.ª Daniel Vicentini de Oliveira

Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Daniel Vicentini de Oliveira

Copyright © UNIASSELVI 2022

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.


Núcleo de Educação a Distância. OLIVEIRA, DANIEL VICENTINI DE.

Fisioterapia na Saúde do Atleta. Prof. Daniel Vicentini de Oliveira. Indaial - SC:


Arqué, 2022.

200p.

ISBN Digital 978-65-5466-174-4

“Graduação - EaD”.
1. Atleta 2. Fisioterapeuta 3. Articulação

CDD 615.82

Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Como vai? Seja bem-vindo à disciplina Fisioterapia na Saúde
do Atleta.

Na Unidade 1, abordaremos os princípios básicos, fundamentos, subdivisões


e áreas de atuação da biomecânica, além da aplicação da biomecânica nos esportes.
Estudaremos alguns conceitos cinemáticos e cinéticos para análise do movimento, o
histórico e os conceitos relacionados à cinética e cinemática, formas de movimento,
terminologia padronizada de referência e do movimento articular, cargas mecânicas
agindo sobre o corpo humano e os tipos de análise biomecânica.

Abordaremos, também, os mecanismos e características do trauma neuro-


musculo-esquelético na prática esportiva, lesões ósseas, articulares, musculotendíneas
e neurais, e as alterações cinético-funcionais nos membros superiores, inferiores e da
coluna vertebral relacionadas à prática esportiva.

Em seguida, na Unidade 2, estudaremos a atuação do fisioterapeuta na área


esportiva, a atividade física no contexto da saúde, do esporte e do lazer, e a relação
entre exercício físico e condicionamento físico no processo de recuperação funcional
para a prática esportiva. Estudaremos a prevenção de lesões no esporte por meio da
alimentação e nutrição, sono e controle do estresse com foco na equipe interdisciplinar
e a conduta fisioterapêutica na prevenção de lesões esportivas, como por meio do
alongamento e aquecimento.

Por fim, na Unidade 3, aprenderemos algumas técnicas fisioterapêuticas para


lesões esportivas da coluna vertebral, do quadril e dos membros superiores e inferiores.

Bons estudos!

Prof. Daniel Vicentini de Oliveira.


GIO
Olá, eu sou a Gio!

No livro didático, você encontrará blocos com informações


adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender
melhor o que são essas informações adicionais e por que você
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais
e outras fontes de conhecimento que complementam o
assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos


os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina.
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada
também digital, em que você pode acompanhar os recursos
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que
também contribui para diminuir a extração de árvores para
produção de folhas de papel, por exemplo.

Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente,


apresentamos também este livro no formato digital. Portanto,
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Preparamos também um novo layout. Diante disso, você


verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos,
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você –
e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR
Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite
que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois,
é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.

ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!

LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


mento, construímos, além do livro que está em
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
auxiliar seu crescimento.

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preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 — BIOMECÂNICA DO ESPORTE.............................................................1

TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS BÁSICOS DA BIOMECÂNICA........................................... 3


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 3
2 FUNDAMENTOS E DIVISÕES DA BIOMECÂNICA.................................................4
2.1 BIOMECÂNICA X CINESIOLOGIA.........................................................................................6
3 ÁREAS DE ATUAÇÃO DA BIOMECÂNICA............................................................. 7
3.1 ANATOMIA E ANATOMIA FUNCIONAL................................................................................9
4 BIOMECÂNICA E ESPORTES.............................................................................. 10
4.1 ANÁLISE DO DESEMPENHO ESPORTIVO........................................................................11
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................... 13
AUTOATIVIDADE.................................................................................................... 14

TÓPICO 2 — CONCEITOS CINEMÁTICOS E CINÉTICOS PARA ANÁLISE DO


MOVIMENTO........................................................................................17
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................17
2 HISTÓRICO E CONCEITOS RELACIONADOS A CINEMÁTICA............................ 18
2.1 CONCEITOS...........................................................................................................................19
2.1.2 PONTO MATERIAL E SISTEMA DE REFERÊNCIA.................................................21
2.1.3 TRAJETÓRIA................................................................................................................21
2.1.4 DESLOCAMENTO E DISTÂNCIA PERCORRIDA......................................................................21
2.1.5 VELOCIDADE MÉDIA E VELOCIDADE INSTANTÂNEA........................................ 22
2.1.6 ACELERAÇÃO MÉDIA E ACELERAÇÃO INSTANTÂNEA..................................... 22
3 FORMAS DE MOVIMENTO...................................................................................22
3.1 MOVIMENTO ANGULAR..................................................................................................... 23
3.2 MOVIMENTO LINEAR......................................................................................................... 24
3.3 MOVIMENTO GERAL.......................................................................................................... 25
3.4 SISTEMA DE REFERÊNCIA............................................................................................... 25
3.5 ESTÁTICA E DINÂMICA...................................................................................................... 26
4 TERMINOLOGIA PADRONIZADA DE REFERÊNCIA E DO MOVIMENTO
ARTICULAR......................................................................................................... 27
4.1 INÉRCIA E MASSA................................................................................................................27
4.2 FORÇA E CENTRO DE GRAVIDADE................................................................................ 28
4.3 PESO, PRESSÃO, VOLUME, DENSIDADE, TORQUE E IMPULSO..............................30
5 CARGAS MECÂNICAS AGINDO SOBRE O CORPO HUMANO.............................32
5.1 FORÇA DE COMPRESSÃO, TENSÃO E CISALHAMENTO............................................ 32
5.2 CARGAS DE TORÇÃO, INCLINAÇÃO E COMBINADAS................................................ 34
5.3 ESTRESSE MECÂNICO...................................................................................................... 34
5.4 EFEITOS DAS CARGAS..................................................................................................... 35
5.5 CARGAS REPETITIVAS VERSUS AGUDAS................................................................... 36
6 TIPOS DE ANÁLISE BIOMECÂNICA....................................................................36
6.1 ELETROMIOGRAFIA............................................................................................................ 36
6.2 DINAMOMETRIA..................................................................................................................38
RESUMO DO TÓPICO 2.......................................................................................... 40
AUTOATIVIDADE.................................................................................................... 41

TÓPICO 3 — ALTERAÇÕES CINÉTICO-FUNCIONAIS EM LESÕES ESPORTIVAS........43


1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................43
2 MECANISMOS E CARACTERÍSTICAS DOS TRAUMAS NEURO-MUSCULO-
ESQUELÉTICO NA PRÁTICA ESPORTIVA......................................................... 44
2.1 CINEMÁTICA DA LESÃO E DO TRAUMA.........................................................................44
3 LESÕES ÓSSEAS E ARTICULARES....................................................................46
3.1 FRATURAS............................................................................................................................ 46
3.2 LUXAÇÕES...........................................................................................................................48
3.3 ENTORSES........................................................................................................................... 49
4 LESÕES MUSCULOTENDÍNEAS.........................................................................50
4.1 ESTIRAMENTOS E DISTENSÕES......................................................................................50
4.2 CÂIMBRAS............................................................................................................................51
4.3 CONTRATURAS....................................................................................................................51
4.4 CONTUSÕES........................................................................................................................ 52
4.5 BURSITES............................................................................................................................ 52
5 ALTERAÇÕES CINÉTICO-FUNCIONAIS NOS MEMBROS SUPERIORES E
INFERIORES RELACIONADAS À PRÁTICA ESPORTIVA....................................52
5.1 MEMBROS SUPERIORES................................................................................................... 52
5.2 MEMBROS INFERIORES.................................................................................................... 55
6 ALTERAÇÕES CINÉTICO-FUNCIONAIS DA COLUNA VERTEBRAL
RELACIONADAS À PRÁTICA ESPORTIVA..........................................................58
6.1 LOMBALGIA.......................................................................................................................... 59
6.2 HÉRNIA DE DISCO.............................................................................................................. 59
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................... 61
RESUMO DO TÓPICO 3...........................................................................................66
AUTOATIVIDADE.................................................................................................... 67

REFERÊNCIAS........................................................................................................69

UNIDADE 2 — FISIOTERAPIA ESPORTIVA.............................................................71

TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À FISIOTERAPIA ESPORTIVA.................................... 73


1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 73
2 ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA ÁREA ESPORTIVA................................... 73
2.1 ÓRGÃOS DE REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO.......................................................74
2.2 SOCIEDADE NACIONAL DE FISIOTERAPIA ESPORTIVA E DA ATIVIDADE
FÍSICA (SONAFE).................................................................................................................75
2.3 ATRIBUIÇÕES E MOMENTOS DE ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA ESPORTIVO...76
3 ATIVIDADE FÍSICA NO CONTEXTO DA SAÚDE, DO ESPORTE E DO LAZER.....78
3.1 CONCEITUALIZAÇÃO DOS TERMOS: ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO...................79
3.2 FORMAS DE MANIFESTAÇÃO ESPORTIVA...................................................................80
3.3 ENTENDENDO NOSSO OBJETO DE ESTUDO: O ATLETA...........................................81
4 RELAÇÃO ENTRE EXERCÍCIO FÍSICO E CONDICIONAMENTO FÍSICO NO
PROCESSO DE RECUPERAÇÃO FUNCIONAL À PRÁTICA ESPORTIVA............82
4.1 IMPORTÂNCIA DO CONDICIONAMENTO FÍSICO PARA PRÁTICA ESPORTIVA.......83
4.2 RECUPERAÇÃO FUNCIONAL APÓS O EXERCÍCIO.....................................................83
4.3 TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO PÓS-EXERCÍCIO........................................................85
RESUMO DO TÓPICO 1...........................................................................................89
AUTOATIVIDADE....................................................................................................90

TÓPICO 2 — PREVENÇÃO DE LESÕES NO ESPORTE...........................................93


1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................93
2 EQUIPE INTERDISCIPLINAR NA PREVENÇÃO DE LESÕES NO ESPORTE.......94
2.1 IMPORTÂNCIA DA EQUIPE INTERDISCIPLINAR PARA PREVENIR LESÕES
ESPORTIVAS........................................................................................................................ 95
2.2 NUTRICIONISTA.................................................................................................................. 96
2.2.1 Fontes de energia utilizadas para treinamento e competição.......................97
2.3 EDUCADOR FÍSICO............................................................................................................ 99
2.4 PSICÓLOGO......................................................................................................................... 99
2.5 MÉDICO............................................................................................................................... 100
3 ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO............................................................................ 101
4 SONO E CONTROLE DO ESTRESSE..................................................................102
4.1 ASPECTOS RELACIONADOS AO SONO DO ATLETA.................................................. 103
4.2 CONTROLE DO ESTRESSE NO ATLETA....................................................................... 106
4.3 RECUPERAÇÃO FISIOLÓGICA E MOTIVACIONAL......................................................107
RESUMO DO TÓPICO 2.........................................................................................109
AUTOATIVIDADE.................................................................................................. 110

TÓPICO 3 — CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA NA PREVENÇÃO DE LESÕES


ESPORTIVAS.................................................................................... 113
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 113
2 FISIOTERAPIA NA EQUIPE ESPORTIVA........................................................... 114
2.1 PAPEL DA FISIOTERAPIA NO MANEJO DO ATLETA................................................... 115
2.2 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NA PREVENÇÃO DE LESÕES.................. 116
2.2.1 Estabilização central.................................................................................................117
2.2.2 Alongamento.............................................................................................................117
2.2.3 Aquecimento............................................................................................................ 118
2.2.4 Bandagem funcional.............................................................................................. 118
2.2.5 Propriocepção.......................................................................................................... 119
2.2.6 Exercício excêntrico............................................................................................... 119
3 ALONGAMENTO E AQUECIMENTO NO ESPORTE............................................120
3.1 ALONGAMENTO NO ESPORTE........................................................................................ 121
3.2 AQUECIMENTO NO ESPORTE.........................................................................................123
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................. 125
RESUMO DO TÓPICO 3.........................................................................................130
AUTOATIVIDADE...................................................................................................131

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 133

UNIDADE 3 — FISIOTERAPIA NA REABILITAÇÃO DAS LESÕES ESPORTIVAS........ 135

TÓPICO 1 — TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA LESÕES ESPORTIVAS


DA COLUNA VERTEBRAL................................................................. 137
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 137
2 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL..............................................................138
2.1 REGIÕES DA COLUNA ..................................................................................................... 139
2.1.1 Biomecânica.............................................................................................................. 140
2.2 LESÕES DA COLUNA ....................................................................................................... 141
2.3 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NAS LESÕES DE COLUNA...................... 144
RESUMO DO TÓPICO 1.........................................................................................148
AUTOATIVIDADE.................................................................................................. 149

TÓPICO 2 — TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA LESÕES ESPORTIVAS


DO QUADRIL......................................................................................151
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................151
2 ANATOMIA DO QUADRIL....................................................................................151
2.1 BIOMECÂNICA.....................................................................................................................152
2.2 LESÕES ESPORTIVAS NA REGIÃO DO QUADRIL...................................................... 153
2.3 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NAS LESÕES DE QUADRIL..................... 155
RESUMO DO TÓPICO 2.........................................................................................158
AUTOATIVIDADE.................................................................................................. 159

TÓPICO 3 — TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA LESÕES ESPORTIVAS


DO MEMBRO SUPERIOR...................................................................161
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................161
2 ANATOMIA DOS MEMBROS SUPERIORES ...................................................... 162
2.1 Biomecânica ..................................................................................................................... 163
2.2 LESÕES EM MEMBROS SUPERIORES......................................................................... 164
2.2.1 Intervenções fisioterapêuticas nas lesões de membros superiores ......... 166
RESUMO DO TÓPICO 3..........................................................................................171
AUTOATIVIDADE.................................................................................................. 172

TÓPICO 4 — TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA LESÕES ESPORTIVAS


DO MEMBRO INFERIOR................................................................... 175
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 175
2 ANATOMIA DOS MEMBROS INFERIORES........................................................ 176
2.1 BIOMECÂNICA..................................................................................................................... 177
2.2 LESÕES ESPORTIVAS EM MEMBROS INFERIORES..................................................179
2.3 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NAS LESÕES DOS MEMBROS INFERIORES.....181
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................. 187
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................... 194
AUTOATIVIDADE.................................................................................................. 195

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 197
UNIDADE 1 —

BIOMECÂNICA DO
ESPORTE

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender os princípios básicos da biomecânica;

• conhecer os conceitos cinemáticos e cinéticos para análise do movimento humano


com foco nos esportes;

• estudar as cargas mecânicas que agem sobre o corpo humano;

• compreender os tipos de análise biomecânica;

• conhecer as alterações cinético-funcionais das lesões esportivas

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA BIOMECÂNICA

TÓPICO 2 – CONCEITOS CINEMÁTICOS E CINÉTICOS PARA ANÁLISE DO MOVIMENTO

TÓPICO 3 – ALTERAÇÕES CINÉTICO-FUNCIONAIS EM LESÕES ESPORTIVAS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
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UNIDADE 1!

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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA BIOMECÂNICA

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos os princípios básicos da biomecânica,
muito importantes para o profissional do movimento humano, como o fisioterapeuta.

Primeiramente, você precisa entender a diferença entre cinesiologia e


biomecânica. A cinesiologia é a ciência que tem como objetivo a análise dos movimentos,
ou seja, estuda os movimentos do corpo humano. Já a biomecânica, ocupa-se da
aplicação das leis da mecânica ao sistema locomotor do corpo humano. São ciências
distintas, mas que se complementam. A biomecânica do movimento humano é uma das
subdivisões da cinesiologia, que é o estudo do movimento humano. E qual a importância
de ambas para a área da fisioterapia? Entenderemos nesta unidade.

Por meio da biomecânica, busca-se a compreensão de habilidades esportivas


e a observação e análise de movimentos durante o esporte. No decorrer da execução dos
movimentos, o atleta pode estar suscetível a lesões, sendo necessária uma possível
reabilitação para a seu retorno aos treinos. Dessa forma, o fisioterapeuta deve ter o
conhecimento de biomecânica para uma adequada reabilitação do atleta de acordo
com suas necessidades. Além de reabilitar, ele se torna apto a fortalecer os grupos
musculares envolvidos na realização de uma habilidade esportiva a fim de prevenir
futuras lesões musculoesqueléticas.

Lembre-se: a biomecânica é a ciência que estuda o corpo em movimento. Na


prática esportiva, os atletas precisam passar por análises biomecânicas para melhorar a
performance dos movimentos e para prevenir lesões. Ela é reconhecida como uma área
multidisciplinar e multiprofissional científica que inclui formas aplicadas de princípios
mecânicos, considerando pesquisas sobre as estruturas e os aspectos funcionais dos
organismos vivos.

Com base nas diversas vertentes dos profissionais que realizam pesquisas na área
de biomecânica, além dos diferentes contextos, os estudos biomecânicos abordam vários
problemas e/ou conflitos. Portanto, o conhecimento dos princípios da biomecânica é pré-
requisito fundamental para que o indivíduo tenha competência para atuar profissionalmente.
Vamos lá?

3
2 FUNDAMENTOS E DIVISÕES DA BIOMECÂNICA
Caro acadêmico, a biomecânica do movimento humano é uma das subdivisões
da cinesiologia, que é o estudo do movimento humano. E qual a importância de ambas
para a área do treinamento físico e da reabilitação?

Por exemplo, na prescrição de exercícios, é importante saber quando e quais


músculos serão utilizados em cada movimento/exercício. As mudanças no uso dos
músculos que ocorrem de acordo com a intensidade ou a característica do exercício são
dados que podem comprometer o trabalho do praticante.

FIGURA 1 - PRATICANTE DE EXERCÍCIO FÍSICO

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/dvMm>. Acesso em: 20 set. 2022.

Por isso, a biomecânica torna-se importante para o entendimento de como as


articulações funcionam. Com esse conhecimento, os profissionais da área do movimento
humano podem programar o treinamento e a reabilitação ou mesmo determinar a
intensidade da atividade.

IMPORTANTE
A biomecânica é reconhecida como uma área multidisciplinar e
multiprofissional científica que inclui formas aplicadas de princípios
mecânicos, considerando pesquisas sobre as estruturas e os aspectos
funcionais dos organismos vivos.

Por meio da biomecânica, no esporte, por exemplo, busca-se a compreensão


de habilidades esportivas, a observação e análise de movimentos durante o esporte. No
decorrer da execução dos movimentos, o atleta pode estar suscetível a lesões, sendo
necessária uma possível reabilitação para a sua volta ao treino. O profissional deve ter

4
o conhecimento dos principais métodos de análise biomecânica à adequada reabilitação do
atleta de acordo com suas necessidades. Além de reabilitar, ele se torna apto a fortalecer
os grupos musculares envolvidos na realização de uma habilidade esportiva, a fim de
prevenir futuras lesões musculoesqueléticas (ALBUQUERQUE, 2020).

Para estudar a cinesiologia humana, é necessário entender de biomecânica e


do funcionamento de músculos e articulações, fator primordial para se obter sucesso
em planos de treinamento e reabilitação. Muitas vezes, não nos dedicamos a investigar
o papel de cada músculo em determinados movimentos e podemos negligenciar
algum grupo muscular importante (MOREIRA; RUSSO, 2018). Esse fator merece grande
atenção, pois, em se tratando de estabilização e equilíbrio muscular em atletas de alta
performance, por exemplo, é um ponto que pode evitar lesões e potencializar resultados.

INTERESSANTE
Em uma análise da palavra Biomecânica, pode-se apresentar o em
duas partes: o prefixo “bio-”, provindo de biológico, isto é, relativo
aos seres vivos e de mecânica. Assim, a biomecânica é a aplicação
dos princípios da mecânica aos seres vivos.

A biomecânica é uma ciência que lança mão de instrumentos da mecânica para


analisar sistemas biológicos, entre os quais, recebe destaque o corpo humano (assim
como ocorre nos estudos cinesiológicos e na área de ciências do exercício físico). As
forças estudadas em biomecânica são as tensões musculares, que representam as forças
internas, e as forças que atuam sobre o corpo humano, representando as forças externas.

Os princípios aplicados às bases biomecânicas resultam de análises que


visam à compreensão e/ou resolução de problemas referentes à área da saúde ou ao
desempenho humano. Desse modo, conhecer a biomecânica, desde os seus conceitos
até a sua forma aplicada é fundamental para a intervenção responsável de um profissional
da área da saúde (ALBUQUERQUE, 2020), como o fisioterapeuta.

Existem dois campos de estudo na biomecânica: o estudo das forças internas


e das forças externas, assim como as suas repercussões. Dessa forma, conseguimos
diferenciar a existência da biomecânica interna e externa. A biomecânica interna objetiva
determinar as forças internas, assim como as consequências que resultam dessas
forças. Já a biomecânica externa, objetiva determinar, quantitativa ou qualitativamente,
os parâmetros relacionados às mudanças de posição do corpo e lugar, ou seja, as
características observáveis exteriormente na estrutura do movimento.

Outra definição da biomecânica é o estudo da estrutura e da função dos sistemas


biológicos, utilizando os métodos da mecânica. As áreas subsidiárias da biomecânica
são: a anatomia, a fisiologia e a mecânica.

5
NOTA
• Anatomia: ciência que estuda a constituição, as formas e as
estruturas dos seres vivos.
• Fisiologia: ciência que estuda o funcionamento de todas as partes
do organismo vivo e do organismo como um todo.
• Mecânica: ciência que descreve e prediz as condições de repouso
ou de movimento de corpos sob ação de forças (HALL, 2020).

Em suma, a biomecânica é uma ciência interdisciplinar que descreve e analisa


o movimento humano e de animais, utilizando-se de aplicações da área da mecânica,
levando em consideração as propriedades do sistema biológico. Em outras palavras,
estuda as forças internas e externas e seus impactos nas estruturas do corpo humano. O
objetivo da biomecânica é analisar o movimento dos sistemas corporais, considerando
suas particularidades fisiológicas e anatômicas.

2.1 BIOMECÂNICA X CINESIOLOGIA


Vimos que a cinesiologia e a biomecânica se relacionam. Mas, você sabe a diferença
entre elas? A cinesiologia objetiva analisar os movimentos do corpo humano. Já a biomecânica
estuda a aplicação das leis da mecânica ao sistema locomotor humano.

Durante o início da década de 1970, a comunidade internacional começou a


utilizar o termo biomecânica na descrição da ciência dedicada ao estudo dos sistemas
biológicos por meio de uma perspectiva mecânica. Os profissionais dessa área utilizam
os diversos instrumentos da mecânica no estudo dos aspectos anatômicos e funcionais
do corpo humano. A cinemática e a cinética são subdivisões do estudo biomecânico
(ALBUQUERQUE, 2020).

Entre os autores que estudam o movimento humano, há divergências quanto


ao uso dos termos “cinesiologia” e “biomecânica”. O primeiro deles pode ser empregado
de duas formas. Uma delas compreende que a cinesiologia, quando utilizada como base
científica de estudos sobre o movimento humano, descreve as avaliações psicológicas,
anatômicas, fisiológicas e/ou a própria mecânica do movimento. Isso significa que vários
componentes curriculares realizam essas descrições em contextos diversos. Outra
maneira de se usar o termo é para se referir a uma avaliação específica do movimento
humano a partir de suas características e sua origem. Uma aula que aborda temas
da área de cinesiologia pode ter como base a anatomia funcional ou somente fatores
biomecânicos.

6
Com o passar do tempo, o estudo da cinesiologia vem compondo as grades
curriculares das universidades, sendo incluído nos planejamentos pedagógicos dos
cursos de educação física, ciências do movimento humano e fisioterapia, por exemplo.
De forma geral, esses cursos dão ênfase ao aparelho locomotor, analisando a eficácia
dos movimentos propriamente ditos, simples ou complexos, e tendo como proposta
identificar de forma fragmentada as ações musculares em cada fase dos movimentos
articulares (MOREIRA; RUSSO, 2018). Por exemplo, o fisioterapeuta pode analisar, entre as
inúmeras situações, o movimento de levantar-se de uma cadeira, identificando a extensão
dos quadris, dos joelhos e a flexão plantar, e relacionar esses movimentos às ações dos
músculos isquiotibiais, quadríceps femoral e tríceps sural, respectivamente.

IMPORTANTE
A maior parte das análises em cinesiologia apresenta um perfil
qualitativo, tendo em vista as observações do movimento e a
fragmentação, tanto das habilidades, quanto das descrições das
ações musculares requeridas no movimento em análise.

A maior parte das análises em cinesiologia apresenta um perfil qualitativo, tendo


em vista as observações do movimento e a fragmentação, tanto das habilidades, quanto
das descrições das ações musculares requeridas no movimento em análise.

3 ÁREAS DE ATUAÇÃO DA BIOMECÂNICA


Os objetivos da biomecânica são: otimizar o rendimento e reduzir a sobrecarga.
Já as áreas de aplicação (atuação), envolvem, segundo Albuquerque (2020):

• Biomecânica do esporte: análise da técnica do movimento e a construção de


equipamentos esportivos.
• Clínica e reabilitação.
• Movimento laboral.
• Movimento cotidiano.
• Instrumentação (instrumentos e métodos).
• Biomateriais.

Os estudos na área de biomecânica são considerados relativamente novos,


principalmente no que se refere à evolução científica. Entre as áreas acadêmicas, em que
a biomecânica se insere, estão a zoologia, ortopedia, cardiologia, medicina desportiva,
engenharia biomédica ou biomecânica, fisioterapia, cinesiologia, anatomia funcional etc.
Todas essas áreas têm como interesse comum os fatores biomecânicos estruturais e
funcionais dos organismos vivos.

7
IMPORTANTE
A biomecânica do movimento humano é uma subdivisão da cinesiologia,
e o movimento humano é o objeto de estudo de ambas (HALL, 2020).

Cada componente curricular ou disciplina que tem como base de investigação


o movimento humano – como a antropometria, anatomia funcional, neurofisiologia,
fisiologia geral, bioquímica, psicologia esportiva, medicina desportiva, o ensino do
movimento aplicado ao esporte, a sociologia, física, matemática e os processamentos de
sinais eletrônicos, bem como a biomecânica – devem ser considerados em um contexto
multidisciplinar e/ou multiprofissional, a fim de que seja possível compreender o movimento
de forma mais ampla. O processo pedagógico, nesse caso, deve respeitar a realidade
do público-alvo, de modo que sirva como conhecimento prévio para a assimilação do
conhecimento novo.

Especificamente na biomecânica, observa-se um grande cuidado com a sua


utilização como prática pedagógica, sobretudo, pelas suas formas de abordagem. A
biomecânica não estuda somente o movimento em si, e, mesmo com foco em modalidades
esportivas, por exemplo, ela se associa com outras áreas do conhecimento.

IMPORTANTE
As associações entre as diversas áreas do movimento e os princípios
biomecânicos visam ao aprimoramento de gestos técnicos de cada
movimento, etapa de treino, simulação do movimento, tecnologias
instrumentais de hardware ou software, bem como adaptações
ambientais. Em suma, tais associações objetivam tanto a realização
de análises dos movimentos quanto a sua aplicação prática.

A integração de conceitos e práticas determina a ação e a maneira como o


trabalho é, ou deve ser proposto. Nessa perspectiva, é necessário compreender o que a
metodologia tradicional e o treinamento propriamente dito se destacam no processo de
ensino e aprendizagem. Enquanto a biomecânica favorece a compreensão da técnica e sua
forma mais adequada de aplicação, as metodologias tradicionais buscam definir o que deve
ser ensinado e como deve se dar esse ensino no processo educativo (ALBUQUERQUE, 2020).

Por meio de análises biomecânicas, pode-se melhorar o desempenho no


esporte e as técnicas dos movimentos e os equipamentos esportivos utilizados, além
de ser possível otimizar a prevenção de lesões e protocolos de reabilitação.

8
O conhecimento a respeito da biomecânica traz benefícios aos profissionais da
área da saúde, esteja em formação ou em pleno exercício, seja no treinamento desportivo,
seja na área de reabilitação ou tratamento. Dominar os princípios da biomecânica e
as estratégias de análise e intervenção que envolvem o movimento humano direciona
esses profissionais a ações com melhores resultados e/ou prognósticos.

Os estudiosos da área de biomecânica utilizam a mecânica como um mecanismo


da física, a qual, por sua vez, engloba amplamente as análises das forças em ação. Trata-
se de um recurso viável para o estudo de fatores anatômicos e funcionais do corpo
humano, por exemplo.

Subdivisões importantes da mecânica são a estática e a dinâmica. A primeira


delas tem como objeto de estudo corpos em repouso, ou seja, que estão em constante
estado de movimento. Já a dinâmica, se ocupa do estudo de sistemas que apresentam
aceleração.

Também são subdivisões do estudo em biomecânica a cinemática e a cinética,


que estudaremos ainda nesta unidade. A cinemática do movimento indica o que é
possível ver um corpo durante o seu movimento. Nesse tipo de análise, são observados o
tamanho, a cadência e o tempo em que o movimento ocorre, sendo descartada a ação
das forças. A cinética, por outro lado, leva em consideração as forças que agem sobre
os corpos, sendo, no senso comum, conhecida como “técnica” ou “forma”. Portanto, a
cinemática está relacionada com a descrição e estética do movimento, ao passo que,
a cinética, centraliza a sua atenção nas forças que agem sobre ele – forças essas que
podem tanto puxar como empurrar um corpo.

3.1 ANATOMIA E ANATOMIA FUNCIONAL


Para entender de biomecânica e suas aplicações na área esportiva, é fundamental
o conhecimento sobre anatomia e anatomia funcional.

A anatomia é a ciência que estuda aspectos estruturais e funcionais do corpo


humano, seja em um nível macroscópico (no qual o objeto de estudo pode ser observado
a olho nu), seja em um nível microscópico (quando são requeridos instrumentos para
a ampliação do que se deseja observar). O estudo anatômico “[...] é a base da pirâmide
a partir da qual se desenvolve a experiência sobre o movimento humano” (HAMILL;
KNUTZEN; DERRICK, 2016, p. 5). É essencial conhecer a anatomia sob o ponto de vista
topográfico, sendo necessário isolar as regiões para efetuar as devidas identificações
morfofuncionais de ossos, articulações, músculos, vasos e nervos. Além disso, conhecer os
aspectos anatômicos também favorece às avaliações de possíveis lesões.

9
Por exemplo, suponhamos que, na reabilitação, um atleta manifeste uma
sensação dolorosa na região interna do cotovelo. Nessa região, podemos identificar, a
partir do nosso conhecimento de anatomia, o epicôndilo medial do úmero como um
acidente ósseo proeminente, além de músculos que possuem ação no carpo e nos
dedos, permitindo que, tanto a mão quanto os dedos se direcionem para o antebraço
em um movimento de flexão. Assim, o conhecimento de anatomia pode nos levar a
diagnosticar uma epicondilite medial, cuja possível causa tenha sido a ampla utilização
dos músculos flexores do carpo e dos dedos (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016).

Já a anatomia funcional diz respeito à área que se ocupa do estudo das


estruturas corporais que são solicitadas durante a realização dos movimentos humanos.

[...] a anatomia funcional, utilizada na análise de uma elevação


lateral do braço com um haltere, identifica os músculos deltoide,
trapézio, levantador da escápula, romboide e supraespinhal como
contribuidores para a rotação para cima e elevação do cíngulo do
membro superior e para a abdução do braço. (HAMILL; KNUTZEN;
DERRICK, 2016, p. 6).

Portanto, conhecer a anatomia e suas correlações funcionais pode ser útil de


várias formas e em contextos diversos, como em programas de treinamento, com ou
sem uso de cargas e em avaliações de lesões no esporte. O foco de atenção da anatomia
funcional está na ação muscular, e não necessariamente na sua localização (HAMILL;
KNUTZEN; DERRICK, 2016).

4 BIOMECÂNICA E ESPORTES

O fisioterapeuta precisa avaliar o movimento humano durante as práticas


esportivas. Para tal, é preciso conhecer a análise biomecânica da técnica do esporte,
como a qualitativa ou subjetiva, e a quantitativa ou objetiva. Essas análises se referem a
como as características de desempenho são observadas e examinadas por ele.

FIGURA 2 - FISIOTERAPEUTA

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/DvMm>. Acesso em: 20 set. 2022.

10
É importante que o profissional busque conhecimentos referentes à biomecânica
do esporte, porque a compreensão das habilidades, a observação sistemática e a análise
biomecânica do movimento permitem que ele proporcione uma assistência adequada
à necessidade do paciente. Tendo em vista essas informações, o profissional tem a
capacidade, não de só reabilitar os atletas, mas, de participar das análises realizadas
em laboratórios de alta tecnologia, ajudando no desenvolvimento da habilidade para a
prevenção de lesões decorrentes dos esportes.

Juntamente com outros componentes curriculares, a biomecânica representa um


recurso essencial para embasar tanto um bom planejamento, quanto a aplicação de um
programa de treino. No esporte, por exemplo, saltar mais alto ou correr por uma distância
maior em menos tempo são feitos que podem resultar maior pontuação nas competições.
E, para alcançar esses objetivos, é necessário investir em uma melhor performance de
modo a superar limites, finalidades essas que estão em consonância com os princípios
biomecânicos (ALBUQUERQUE, 2020).

Apesar de a melhora do rendimento no esporte estar associada a fatores genéticos


e aspectos sociais e afetivos, é inquestionável que alcançar um alto rendimento esteja sob
responsabilidade, em grande parte, do planejamento estratégico. Desse modo, é preciso
elaborar programas que potencializem as capacidades requeridas por cada desporto, bem
como utilizar ferramentas biomecânicas adequadas para as devidas investigações.

IMPORTANTE
Outra grande contribuição da biomecânica é a possibilidade de se
identificarem as características mecânicas dos gestos esportivos.
A biomecânica pode estabelecer uma significativa contribuição
para a avaliação da influência da técnica de movimento no
desempenho esportivo.

4.1 ANÁLISE DO DESEMPENHO ESPORTIVO


No esporte, uma questão essencial (e que, portanto, não deve ser negligenciada) é
a capacidade do profissional responsável pelo treinamento de fazer análises adequadas
em relação à técnica desportiva. Trata-se de um encaixe, em geral, entre análises
quantitativas e qualitativas.

A análise qualitativa é uma forma de observação sistemática e subjetiva em torno


das características do movimento humano. O seu objetivo é intervir apropriadamente na
melhora do desempenho. O principal benefício dessa opção de análise é o fornecimento
de um amplo conhecimento ao treinador, que o utiliza rapidamente para dar feedbacks
ou instruções imediatas ao atleta. Apesar dessa possibilidade de uso rápido do

11
conhecimento pelo fisioterapeuta, é preciso agir com cautela, de modo a não induzir os
atletas ao erro por falta de atenção aos elementos-chave que definem o desempenho.
Portanto, uma análise qualitativa deve ser estruturada e aplicada adequadamente
(ALBUQUERQUE, 2020).

Além de experiência e conhecimento alicerçados em bases científicas, o


fisioterapeuta ainda precisa conhecer e dominar as tecnologias que podem favorecer suas
análises, cujos resultados serão intervenções eficientes ou não. Entre as tecnologias que
podem auxiliar na mensuração de variáveis de desempenho, estão o cronômetro (figura 3)
e o replay de vídeo, os quais possibilitam quantificar o tempo do desempenho humano, ou
seja, permitem a realização de uma análise quantitativa.

FIGURA 3 - CRONÔMETRO

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/LvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

Conhecer os princípios da biomecânica, as áreas em que ela atua e os seus


procedimentos, permite a otimização das intervenções profissionais e contribui na
melhora do desempenho do atleta. O estudo da biomecânica também contribui para
que se evitem lesões, sobretudo porque ela possibilita a definição de maneiras corretas,
com técnicas bem desenvolvidas, para a execução dos movimentos e uma postura
adequada do fisioterapeuta no que diz respeito às suas escolhas durante o planejamento
e às instruções que fornece ao atleta.

12
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• A biomecânica é reconhecida como uma área multidisciplinar e multiprofissional científica,


que inclui formas aplicadas de princípios mecânicos, considerando pesquisas sobre as
estruturas e os aspectos funcionais dos organismos vivos.

• Com base nas origens diversas dos profissionais que realizam pesquisas na área de
biomecânica, e em diferentes contextos, os estudos biomecânicos abordam vários
problemas e/ou conflitos.

• O conhecimento dos princípios da biomecânica é pré-requisito fundamental para que


o indivíduo tenha competência para atuar profissionalmente. Compreender sobre a
biomecânica é fundamental para o fisioterapeuta do esporte.

• É importante que o profissional busque conhecimentos referentes à biomecânica


do esporte, porque a compreensão das habilidades, a observação sistemática e a
análise biomecânica do movimento permitem que ele proporcione uma assistência
adequada à necessidade do paciente.

13
AUTOATIVIDADE
1 Os objetivos da biomecânica incluem otimizar o rendimento e reduzir a sobrecarga.
Já as áreas de aplicação, incluem a biomecânica do esporte, clínica e reabilitação,
movimento laboral, movimento cotidiano, instrumentação e biomateriais. Os estudos na
área de biomecânica são considerados relativamente novos, principalmente no que se
refere à evolução científica. Sobre a atuação e objetivos da biomecânica, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) A biomecânica estuda apenas áreas relacionadas ao movimento do ser humano.


b) ( ) Todas as áreas da biomecânica têm como interesse comum os fatores biomecâ-
nicos estruturais e funcionais dos organismos vivos.
c) ( ) A biomecânica não representa um recurso para embasar tanto um planejamento
quanto a aplicação de um programa de treino.
d) ( ) A biomecânica relaciona-se com anatomia e fisiologia humana, apenas. A cine-
siologia é uma área distinta à biomecânica.

2 A cinesiologia objetiva analisar os movimentos do corpo humano. Já a biomecânica,


estuda a aplicação das leis da mecânica ao sistema locomotor humano. São
ciências distintas, mas que se complementam. Com base nas definições e estudo da
biomecânica e cinesiologia, analise as seguintes afirmativas:

I– Profissionais da biomecânica utilizam os diversos instrumentos da mecânica no


estudo dos aspectos anatômicos e funcionais do corpo humano.
I– A cinemática e a cinética são subdivisões do estudo da cinesiologia.
III– A cinesiologia, quando utilizada como base científica de estudos sobre o movimento
humano, descreve as avaliações psicológicas, anatômicas, fisiológicas e/ou a própria
mecânica do movimento.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

3 O estudo da cinesiologia e biomecânica vem compondo as grades curriculares das


universidades, sendo incluído nos planejamentos pedagógicos dos cursos de educação
física, ciências do movimento humano e fisioterapia. De acordo com o estudado em
biomecânica e cinesiologia, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as
falsas:

14
( ) Os cursos dão ênfase ao aparelho locomotor, analisando a eficácia dos movimentos
propriamente ditos, simples ou complexos.
( ) Os cursos têm como proposta identificar, de forma fragmentada, as ações
musculares em cada fase dos movimentos articulares.
( ) A biomecânica e cinesiologia são áreas estudadas no esporte, mas não nas
atividades de vida diária.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 A cinesiologia e a biomecânica são disciplinas e áreas distintas, mas que se complemen-


tam. A biomecânica do movimento humano é uma das subdivisões da cinesiologia.
Diante do exposto, disserte sobre a diferença entre biomecânica e cinesiologia.

5 Os objetivos da biomecânica incluem a otimização do rendimento e redução da


sobrecarga, não apenas no esporte. As possibilidades de atuação desta área são bem
diversificadas. Neste contexto, disserte sobre as áreas de atuação da biomecânica.

15
16
UNIDADE 1 TÓPICO 2 —
CONCEITOS CINEMÁTICOS E CINÉTICOS
PARA ANÁLISE DO MOVIMENTO

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos os conceitos cinemáticos e cinéticos para
análise do movimento.

Como você explica um movimento? Existem ferramentas específicas que são


utilizadas para descrever o movimento de um objeto. Ao explicar um movimento, seja ele
linear ou angular, você começa explicando a posição do objeto, que sempre é descrita
em relação a uma referência. Se quiser saber como esse objeto se desloca, você pode
estimar a velocidade do movimento e a aceleração dele.

Parece complexo, mas não precisa ser. Realmente, para estudar movimentos
complexos, é necessário utilizar equipamentos e cálculos mais sofisticados, mas existem
coisas que você pode fazer apenas com papel e caneta. Por exemplo, você pode extrair
muitas informações sobre o desempenho esportivo a partir do resultado das provas.

A cinemática é um importante descritor do movimento, seja ele linear ou angular,


e parte fundamental da biomecânica dos esportes. É com as variáveis cinemáticas que
são percebidos os detalhes na execução de um gesto esportivo e identificadas possíveis
melhoras no desempenho, ou fatores que devem alterados para diminuir o risco de
lesão. Já a cinética, estuda as forças que estão associadas ao movimento, como as
forças internas e externas. O corpo humano tanto gera, como resiste às forças durante
a realização dos movimentos.

Com o estudo da cinética, é possível compreender como as forças musculares


e articulares, que são as forças internas, atuam, pelo sistema de alavancas, para que o
movimento ocorra e quais forças externas atuarão durante a realização do movimento,
ou mesmo na posição estática. Dessa forma, você terá um olhar mais técnico sobre o
movimento humano e as informações resultantes podem ser utilizadas para melhorar o
desempenho do atleta.

Neste tópico, estudaremos o histórico e conceitos relacionados a cinemática, as


formas de movimento, conceitos relacionados a cinética, cargas mecânicas agindo sobre o
corpo humano, e finalizaremos com os tipos de análise biomecânica.

17
2 HISTÓRICO E CONCEITOS RELACIONADOS A CINEMÁTICA

Ptolomeu (FIGURA 1), no século II, foi um astrônomo que criou um livro e afirmava
que “se a terra possuísse movimento de rotação diário para realizar o seu circuito, sua
velocidade deveria ser muito grande e, por isso, os objetos sobre ela deveriam ser
arremessados, a menos que fossem mantidos em ligação com o planeta por uma força
muito grande.”

Por meio dessa frase e da razão, Copérnico (FIGURA 2), Kepler e Galileu, criaram


leis que descreviam a trajetória circular dos planetas ao redor do Sol e que harmonizavam
os períodos de revolução desses planetas com suas distâncias do Sol.

FIGURA 1 - PTOLOMEU

FONTE: Disponível em: <http://twixar.me/4vMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

FIGURA 2 - COPÉRNICO

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/bvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

Em 1687, Isaac Newton (FIGURA 3) propôs a existência de uma força de atração


entre dois corpos quaisquer do universo: a  Lei da Gravidade. Logo, estava explicado
a cinemática de Galileu e o movimento planetário de Kepler. A essa lei foi dada a fórmula:
F=G.M.m/d2, onde “G” representa a constante de gravitação universal, cujo valor é

18
6,67.10a-11, “M” e “m” são as massas dos corpos dados, e “d” é a distância dos corpos.
Muitos perceberam a grandiosidade da obra de Newton, como Alexander Pope (FIGURA
7), escritor inglês que escreveu: "A natureza e as leis da natureza ocultavam-se nas
trevas. Deus disse: ‘Que Newton se faça’, e fez-se a luz" (ALBUQUERQUE, 2020).

DICA
Caro acadêmico, assista este vídeo sobre Cinemática. A partir dele você
terá um conhecimento básico e inicial sobre o tema.
Disponível em: <http://twixar.me/gvMm>.

FIGURA 3 - ISAAC NEWTON

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/wvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

2.1 CONCEITOS
A cinemática considera as particularidades do movimento e o analisa com base
no espaço e no tempo, sem computar as forças que o causam ou que interferem nele.
Mediante esse tipo de análise, é possível identificar e descrever a velocidade com que um
objeto se move, qual altura ele atinge e em que distância acontece o seu deslocamento.
Dessa forma, os pontos que são considerados em uma análise cinemática são a posição,
a velocidade e a aceleração de um objeto (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016).

Ela é considerada uma subdivisão do estudo biomecânico e compreende tudo


o que aquilo que é capaz de ser visualizado em um corpo que esteja em movimento.
Ela engloba o estudo do sequenciamento, tamanho e cronologia do movimento, sem a
necessidade de descrever as forças que o causam ou que dele resultam (HALL, 2020).
Em suma,  é a área da mecânica responsável em descrever determinado movimento,
posição, velocidade e aceleração de um corpo em cada instante.

19
Fazem parte das variações cinemáticas para um determinado movimento: o local
do movimento, o tipo de movimento que está ocorrendo, a direção do movimento e a
magnitude do movimento (ALBUQUERQUE, 2020).

IMPORTANTE
No dia a dia, costuma-se associar movimento a tudo que esteja em
constante atividade, mudança, agitação, animação, desenvolvimento
ou evolução. Na Física, porém, movimento significa, em função do
tempo, a variação da posição de um corpo em relação a outro corpo
que serve de referência.

Como exemplo de uma análise cinemática linear, podemos pensar na descrição


de um atleta realizando um salto em altura ou no exame de desempenho de nadadores
de elite. Já a análise cinemática angular, pode ser exemplificada considerando-se uma
sequência de movimentos articulares para um serviço de tênis e a cadência segmentar
em um salto vertical (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016).

A partir de análises cinemáticas de movimentos angulares e/ou lineares, é


possível aprimorar o padrão das ações e, assim, conseguir progressos técnicos, além de
entender melhor o movimento humano. Quando uma mesa é empurrada, por exemplo,
ela pode ou não ser movida, dependendo da força aplicada sobre ela (HAMILL; KNUTZEN;
DERRICK, 2016).

Embora restrito, conceituar movimento necessita de precisão. Para isso, é


necessário compreender o entendimento sobre corpo, posição e corpo de referência.
Esses conceitos, juntamente com os de deslocamento, distância percorrida, trajetória,
velocidade, tempo, aceleração, e referencial, fazem parte do arcabouço conceitual que
descreve a cinemática do movimento de corpos por meio de representações externas,
proposições semânticas e modelos matemáticos.

IMPORTANTE
O que vem a ser um modelo matemático? Nada do que um
tipo de representação simbólica utilizando entes matemáticos,
como os vetores e as funções. Na física, os modelos
matemáticos representam sistemas dinâmicos, os quais são
compreendidos como um conjunto de relações matemáticas
entre as grandezas que descrevem o tempo e o sistema,
considerado como uma variável independente.

20
2.1.2 PONTO MATERIAL E SISTEMA DE REFERÊNCIA
Quando dizemos que um corpo está em movimento, é necessário explicitar
em relação a qual outro corpo a posição se altera conforme o tempo passa. Veja um
exemplo: imagine um táxi que se aproxima de um local onde dois passageiros aguardam
sentados. Em relação a este local, o táxi está em movimento e, os passageiros, em
repouso. Em relação ao táxi, tanto o local dos passageiros quanto os próprios passageiros
estão em movimento. Dessa forma, perceba que o conceito de movimento é relativo
(ALBUQUERQUE, 2020).

2.1.3 TRAJETÓRIA
A trajetória de um corpo pode ser compreendida como o caminho que ele
percorreu durante instantes de tempo sucessivos ao longo de seu movimento. Um
exemplo clássico é o de um paraquedista que salta de dentro de um avião. Do ponto
de vista do piloto do avião, desprezando os efeitos de resistência do ar, enquanto o
paraquedas não se abre, a trajetória do paraquedista é vertical e retilínea. Para uma
pessoa que esteja em solo, a trajetória do paraquedista será parabólica. Dessa forma,
os conceitos de repouso, movimento e trajetória irão depender do referencial adotado
(ALBUQUERQUE, 2020).

FIGURA 4 - MOVIMENTO, REPOUSO E TRAJETÓRIA

FONTE: do Autor (2022).

2.1.4 DESLOCAMENTO E DISTÂNCIA PERCORRIDA


O deslocamento de um corpo é uma grandeza vetorial, ou seja, possui direção,
módulo e sentido, sendo definido como a variação de posição de um corpo em um
intervalo de tempo específico. Diante disso, o vetor deslocamento é obtido pela diferença
entre as posições final e inicial. Vale lembrar que o deslocamento é independente da
trajetória. O seu módulo representa a menor distância entre o ponto inicial e final de um
corpo que esteja em movimento, podendo ser expresso na forma vetorial ou mesmo em
módulo. Em outras palavras, determina-se o deslocamento de um corpo realizando, em
linha reta, a medida de diferença entre o ponto de partida e o ponto de chegada.

21
Já a distância percorrida por um corpo ao longo do seu movimento, é considerada
a medida da linha de trajetória do corpo, ou seja, a medida obtida corresponde ao valor
da distância percorrida pelo corpo (HALL, 2020).

2.1.5 VELOCIDADE MÉDIA E VELOCIDADE INSTANTÂNEA


Define-se velocidade média a partir do conceito de deslocamento. Informa a
velocidade com que o corpo se desloca entre duas posições. Quer um exemplo? Imagine
que você corra em linha reta por uma quadra com 60 metros de extensão, em um minuto.
Em média, você terá sofrido um deslocamento de um metro a cada um segundo de corrida.
Podemos dizer que sua velocidade média foi de 1 m/s.

Velocidade instantânea, também chamada apenas de velocidade, é semelhante


à velocidade média. Aqui, o intervalo de tempo irá se reduzir a um instante de tempo.
Dessa forma, naquele instante, a velocidade média torna-se a velocidade instantânea.

2.1.6 ACELERAÇÃO MÉDIA E ACELERAÇÃO INSTANTÂNEA


O conceito de aceleração média pode ser definido pelo conceito de velocidade e
está relacionado ao quanto a velocidade de um corpo pode variar em um intervalo de tempo
correspondente. Veja um exemplo: suponha que um carro durante a arrancada possui uma
aceleração média de 10 km/h/s. Essa aceleração indica que a velocidade instantânea (que é
a mesma indicada pelo velocímetro do carro), em média, está variando 10 km/h a cada um
segundo de movimento. Pensando assim, ao partir do repouso, o carro poderia chegar a uma
velocidade de 10 km/h após um segundo, atingindo 20 km/h depois de dois segundos, 30
km/h depois de três segundos e assim por diante (ALBUQUERQUE, 2020).

O conceito de aceleração instantânea, ou simplesmente aceleração, é definido


similarmente à aceleração média. Aqui, a aceleração média torna-se a aceleração naquele
instante.

3 FORMAS DE MOVIMENTO
A maioria dos movimentos humanos constituem-se de movimento geral, que
é uma complexa combinação dos componentes dos movimentos angular e linear.
Como os movimentos angular e linear são formas “puras” de movimento, é útil dividir
os movimentos mais complexos em seus componentes angular e linear ao realizarmos
uma análise. Vamos entender essas formas de movimento?

22
3.1 MOVIMENTO ANGULAR
O movimento angular é considerado a rotação de uma linha imaginária central
(eixo de rotação), a qual é perpendicularmente orientada ao plano em que se processa a
rotação. Por exemplo, quando um atleta de ginástica realiza um círculo na barra, todo
o seu corpo irá rodar com o eixo de rotação passando por meio do centro da barra. Já
quando um atleta de saltos ornamentais realiza uma cambalhota no ar, todo o corpo
dele estará rodando novamente, mas, dessa vez, ao redor de um eixo imaginário de
rotação que irá se movimentar junto com o corpo (ALBUQUERQUE, 2020).

FIGURA 5 - SALTO ORNAMENTAL

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/9vMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

Em outras palavras, o movimento angular acontece em torno de um ponto,


de modo que áreas diferentes de um segmento comum não se movem em distância
e tempo iguais. Pode-se observar um movimento angular, por exemplo, em um giro
que ocorre em torno de uma barra suspensa. Para concluir o giro, os pés precisam se
deslocar por uma distância destacadamente maior do que a que será percorrida pelos
membros superiores – isso porque os pés estão mais afastados do ponto em que
acontece a rotação.

Em biomecânica, é comum analisar uma ação primeiramente sob o ponto de vista


linear para, em seguida, analisá-la sob o ponto de vista angular de forma mais específica.
Considera-se que os movimentos angulares originam ou auxiliam os movimentos lineares e
que, por essa razão, é positivo proceder a análise das duas formas.

Quase todos os nossos movimentos voluntários compreendem a rotação que


passa por meio do centro da articulação à qual o segmento está ligado. Quando acontece
um movimento angular, ou uma rotação, partes do corpo em movimento estarão
constantemente se deslocando em relação a outras partes do corpo (COMPLETO;
FONSECA, 2011).

23
3.2 MOVIMENTO LINEAR
O movimento linear puro, também chamado de movimento de translação,
compreende um movimento uniforme do sistema considerado o de maior interesse,
onde todas as partes do sistema se movimentarão na mesma direção e velocidade
(ALBUQUERQUE, 2020).

Esse tipo de movimento acontece com uma projeção retilínea ou curvilínea, de


modo que todas as interfaces do corpo que estão se deslocando percorram a mesma
distância no mesmo tempo. São exemplos de movimentos lineares as trajetórias de um
velocista, de uma bola de beisebol, de uma barra no supino ou de um pé, quando se
desloca para chutar uma bola de futebol.

FIGURA 6 - VELOCISTAS

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/JvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

A atenção central dessas ações está exatamente na definição da direção, do


trajeto e/ou da velocidade em que o objeto se desloca ou é impulsionado a se deslocar. O
centro de massa corporal, ou de um segmento do corpo, é uma área que também pode
ser monitorada por análises lineares. Isso quer dizer que é possível identificar o ponto de
concentração de massa de um corpo para se conhecer o efeito gravitacional exercido
sobre ele. Assim, qualquer segmento de um corpo ou objeto pode ser individualizado
para que seja realizada uma análise linear (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016).

Veja um exemplo: uma pessoa dormindo em uma viagem de avião está sendo
transladada por meio do ar. Porém, se essa pessoa levanta o braço para apertar o botão e
chamar um dos comissários, a translação pura deixará de ocorrer, afinal, modificou-se a
posição do braço em relação ao corpo (NEUMANN, 2018).

Em suma, o movimento linear de um corpo acontece quando qualquer ponto,


que esteja localizado nesse corpo, move-se ao mesmo tempo, na mesma direção e
percorrendo a mesma distância. Quando um corpo se restringe a se mover sobre um
eixo fixo, descrevendo uma trajetória circular em que qualquer ponto contido nesse
corpo terá o mesmo deslocamento angular, mas não o mesmo movimento linear, pois
depende de quão distante ele estará do eixo de rotação.
24
O movimento ao longo de uma linha também pode ser considerado um
movimento linear. Se a linha for reta, consideramos o movimento como retilíneo, mas
se a linha for curva, consideramos o movimento como curvilíneo.

3.3. MOVIMENTO GERAL


Ao combinar translação e rotação, o movimento resultante é um movimento
geral. Uma bola de futebol chutada de um ponto a outro realiza um movimento de
translação pelo ar e, ao mesmo tempo, ela roda ao redor de um eixo central. Um corredor
realiza uma translação ao longo do caminho em virtude dos movimentos angulares dos
segmentos corporais do quadril, joelho e tornozelo. O movimento humano consiste,
habitualmente, muito mais em movimento geral que em movimento linear ou angular
puro (ALBUQUERQUE, 2020).

3.4 SISTEMA DE REFERÊNCIA


Caro acadêmico, para que seja possível realizar análise do movimento humano,
seja ele qual for, precisamos de uma referência, o que chamamos de sistema de
referência. O movimento será sempre relativo, sendo assim, é importante conhecer o
sistema de referência a que se analisa. Geralmente, o movimento humano de um corpo é
descrito com relação ao Sistema de Referência Global (SRG).

INTERESSANTE
A análise em duas dimensões (2D) é a referência ao movimento
em um único plano. Em múltiplos planos, o mais comum é o de
três dimensões (3D). E para que um movimento seja descrito, é
importante estabelecer a origem do sistema de referência. No
2D, a origem terá duas coordenadas, e no 3D, três coordenadas.

O SRG é útil na descrição de movimentos que ocorrem em um corpo como um


todo em relação ao início do movimento. Porém, caso se tenha interesse na posição
desse ponto no corpo, mas também na sua orientação, é necessário que outro sistema
de referência se movimente junto com esse corpo. Esse é chamado de Sistema de
Referência Local (SRL), ou, no caso do corpo humano, sistema de referência anatômico,
no qual sua origem e eixos estão fixados no corpo em questão. A origem do SRL pode ser
localizada no Centro de Massa (CM) desse corpo, que é o ponto no qual está localizada
a média das massas de um corpo. Esse ponto de trata de onde as massas desse corpo
são distribuídas igualmente em todas as direções. Já o Centro de Gravidade (CG) é
considerado o ponto no qual a força da gravidade se concentra.

25
Na posição anatômica em ortostatismo, o CM se localiza aproximadamente
na região anterior à segunda vértebra sacral. Porém, vale lembrar que esse ponto pode
mudar de posição conforme a pessoa move o seu corpo, ou parte dele, como durante o
ato da marcha. Na figura abaixo, veja a localização do CG.

FIGURA 6 - CENTRO DE GRAVIDADE

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/SvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

Outro conceito biomecânico importante é o grau de liberdade, que são as formas


independentes em que um corpo pode se mover no espaço, ou também o número de
valores necessários para descrever a posição e a orientação relativas ao SR espacial
adotado.

3.5 ESTÁTICA E DINÂMICA


A estática examina sistemas imóveis ou que estejam se movimentando em
velocidade constante. Trata-se de uma área da mecânica que considera que os sistemas
estáticos estão em equilíbrio, isto é, em uma condição estável, na qual a aceleração está
ausente devido à neutralização por forças opostas.

A seguir, veja como é possível examinar uma postura estática (HAMILL;


KNUTZEN; DERRICK, 2016):

• Observe a postura de uma pessoa sentada em uma cadeira para trabalhar num
computador.
• Considere que há forças sendo exercidas, apesar de não ser identificado nenhum
movimento.
• As forças estão concentradas entre a região dorsal do tronco e a cadeira, bem como
entre o chão e os pés.
• As forças musculares, por sua vez, neutralizam a ação da gravidade em relação à
postura corporal geral, além de manterem a cabeça e o tronco eretos.
• Portanto, as forças identificadas em um cenário estático, como nessa situação
descrita, são mantidas para estabilizar uma postura que não inclui movimentos.

26
A dinâmica, por sua vez, propõe-se a examinar sistemas móveis – que estejam
em aceleração – mediante uma abordagem cinemática ou cinética. Valendo-se da
postura estática que acabamos de usar como exemplo, podemos dar início a uma
análise dinâmica a partir do momento em que a pessoa se levanta da cadeira para deixar
a mesa do computador, isto é, quando ela passa a se movimentar. Então, retomando a
cinemática e a cinética, podemos analisar, nesse exemplo, as forças aplicadas no chão
e nas articulações, bem como as forças que agem sobre o movimento da pessoa ao se
levantar da cadeira e se afastar da mesa (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016).

4 TERMINOLOGIA PADRONIZADA DE REFERÊNCIA E DO


MOVIMENTO ARTICULAR
Caro acadêmico, compreender os conceitos de inércia, massa, peso, pressão,
volume, densidade, peso específico, torque e impulso lhe proporcionará um conhecimento
útil para entender os efeitos das forças durante os diversos movimentos realizados pelos
atletas nas mais variadas modalidades esportivas.

Agora, aprenderemos os conceitos relacionados à inércia.

4.1 INÉRCIA E MASSA


Inércia compreende a resistência à ação ou à mudança, é resistência à aceleração,
à tendência de um corpo em manter seu estado atual de movimento, movimentando-se
com velocidade constante ou parado. Por exemplo, uma barra de 30kg parada sobre o
solo tende a permanecer parada, imóvel. Um patinador que desliza sobre o gelo tende a
ficar deslizando em velocidade constante e seguindo uma linha reta (HALL, 2020).

FIGURA 7 - PATINAÇÃO NO GELO

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/tvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

27
NOTA
A quantidade de inércia que um corpo possui é diretamente
proporcional à sua massa, porém, a inércia não possui unidades de
mensuração.

E o que vem a ser a massa? É definida como a quantidade de matéria que


compõem um corpo/objeto, sendo o seu símbolo convencional o m. A unidade de massa
no sistema métrico é o quilograma (kg).

4.2 FORÇA E CENTRO DE GRAVIDADE


Podemos caracterizar a força como uma ação exercida por um corpo sobre outro,
sendo um conceito utilizado na descrição daquelas encontradas no movimento humano. O
símbolo convencional para força é o F. Mais comumente no sistema métrico, a unidade
de força é o Newton (N), que é o produto de 1 kg de massa por 1 m/s² de aceleração.
No sistema inglês, a unidade de força mais comum é a libra (lb). O conceito de “corpo”
abrange qualquer objeto, corpo ou parte corporal que está sendo focalizado para análise
(ALBUQUERQUE, 2020).

Sobre os tipos de força, existem as externas e internas. As externas são aquelas


que atuam no corpo ou em segmento corporal, originadas de fontes fora do corpo. A
gravidade é um exemplo que constantemente age no nosso corpo. Já as forças internas
neutralizam as forças externas, pois podem gerar danos à estabilidade ou integridade
de uma articulação.

É importante você compreender que cada força se caracteriza por sua direção,
magnitude e ponto de aplicação em determinado corpo. Por exemplo, atrito, peso corporal
e resistência da água ou do ar são forças que atuam comumente sobre o corpo humano.
Um atleta de natação está constantemente resistindo às forças externas da água para
poder se locomover. Para que isso ocorra, ele aplica forças internas durante os nados. A
ação de uma força acarreta aceleração da massa de um corpo (FLOYD, 2016).

28
FIGURA 8 - NATAÇÃO

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/8vMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

IMPORTANTE
Devemos levar em consideração que diversas forças atuam de forma
simultânea na maioria das situações do dia a dia e nos esportes.

A ação isolada de uma força é rara. Portanto, é importante reconhecer que o


efeito global de muitas forças agindo sobre um corpo livre constitui uma função da força
efetiva, que é considerada a soma de vetores de todas as forças presentes. Quando
todas as forças presentes mutuamente se neutralizam, a força efetiva é zero, portanto,
o corpo permanece em seu estado de movimento original, o qual poderá ser imóvel ou
movimentando-se com velocidade constante. Quando existe uma força efetiva, o corpo se
movimenta na direção dessa força e com aceleração proporcional à magnitude da força
efetiva.

Com certeza você já ouviu falar em força da gravidade. Ela é a força de atração
que a massa da Terra exerce sobre os corpos, sendo seu ponto de aplicação considerado
como centro de gravidade do objeto. O centro de gravidade (CG), sobre o qual estudamos
resumidamente no tópico anterior, e conhecido como centro de massa, é o ponto ao
redor do qual a massa corporal está equilibrada igualmente (ALBUQUERQUE, 2020).

IMPORTANTE
Em um objeto assimétrico, como o corpo humano, o centro de
gravidade posiciona-se aproximadamente anteriormente à segunda
vértebra sacral, dependendo das suas proporções e posicionamento.
Já em um objeto simétrico, o centro de gravidade está localizado no
centro. Para que o corpo esteja em equilíbrio, a linha de gravidade
deve estar acima da base de suporte. Desta forma, os fatores que
podem afetar a estabilidade do corpo são: a proximidade do centro
de gravidade da base de suporte e o tamanho da base de suporte.

29
4.3 PESO, PRESSÃO, VOLUME, DENSIDADE, TORQUE E IMPULSO
Podemos definir Peso como a quantidade de força gravitacional que é exercida
sobre um corpo em específico. Essa definição é considerada a definição geral de força,
porém modificada, com o peso (p) sendo igual à massa (m), multiplicada pela aceleração
da gravidade (ag) (COMPLETO; FONSECA, 2011).

Entenda que, quando se aumenta a massa de um corpo, o seu peso também


aumenta de forma proporcional. O peso também possui direção, magnitude e ponto de
aplicação, afinal, é uma força. A direção para a qual o peso atuará será sempre o centro
da Terra.

O ponto no qual o peso atua sobre um corpo constitui o centro de gravidade


desse corpo, portanto, o centro de gravidade é o ponto onde o vetor de peso atua
nos diagramas de corpo livre. Para que sejam corretos tecnicamente, os pesos são
identificados em Newtons e as massas em quilogramas (ALBUQUERQUE, 2020).

A Pressão (P) é definida como força (F) distribuída por uma determinada área
(A). As unidades de pressão são as unidades de força divididas pelas unidades de área.
As unidades de pressão no sistema métrico são representadas por N, por centímetro
quadrado, ou seja, N/cm² e Pascal (Pa). No sistema inglês, libra por polegada quadrada
(psi ou lb/pol²) é a unidade de pressão mais comum.

INTERESSANTE
A pressão que a sola de um tênis exerce sobre o piso debaixo dele
(o chã), é o peso corporal apoiado sobre o tênis dividido pela área
superficial entre a sola do tênis e o piso.

A quantidade de espaço que um corpo ocupa é o volume. Considere o espaço


possuindo três dimensões: profundidade, largura e altura. Uma unidade de comprimento
multiplicada por uma unidade de comprimento é considerada uma unidade de volume.
As unidades comuns de volume são centímetros cúbicos (cm³), metros cúbicos (m³) e
litros (l), no sistema métrico (HALL, 2020). No sistema de medidas inglês, são polegadas
cúbicas (pol³) e pés cúbicos (pé³).

A Densidade é definida como massa por unidade de volume, ou seja, combina


a massa de um corpo com seu volume. A letra minúscula grega rô (p) é o símbolo
convencional para densidade. As unidades de densidade são unidades de massa
divididas por unidades de volume. No sistema métrico, o quilograma por metro cúbico
(kg/m³) é uma unidade comum de densidade (ALBUQUERQUE, 2020).

30
Peso específico é definido como peso por unidade. Sendo o peso proporcional à
massa, o peso específico será proporcional à densidade. As unidades de peso específico
são unidades de peso divididas por unidades de volume. A unidade métrica para peso
específico é o Newton por metro cúbico (N/m³). No sistema inglês, é a libra por pé cúbico
(lb/m³).

Veja um exemplo: a bola de futebol e a bola de vôlei ocupam aproximadamente o


mesmo volume, porém, a de futebol possui maiores densidades e peso específico, afinal,
ela possui mais massa e mais peso. Outro exemplo: uma pessoa magra com o mesmo
volume corporal de uma pessoa acima do peso possui densidade corporal total mais alta,
já que o músculo é mais denso que a gordura. Em outras palavras, o percentual de gordura
corporal está relacionado inversamente à densidade.

Agora, vejamos sobre o torque, que também é chamado de momento da força,


sendo considerado o efeito rotatório criado por uma força. O torque (força rotatória),
o equivalente angular de força linear, é o produto da força (F) e da distância (d)
perpendicular, indo da linha de ação da força ao seu eixo de rotação. Quanto maior for a
quantidade de torque que atuará ao nível do eixo de rotação, maior será a tendência para
a acontecer a rotação. São unidades de força multiplicadas por unidades de distância:
Newton-metros (N-m) ou pé-libras (pé-lb).

O produto da força pelo tempo é conhecido como impulso. Quando se aplica


uma força a um corpo, o movimento que resulta do corpo depende da magnitude da
força aplicada e da duração de sua aplicação.

Para ajudá-lo a estudar todas as unidades métricas das quantidades físicas


usadas comumente na cinesiologia e biomecânica, veja o QUADRO 1.

QUADRO 1 - UNIDADES MÉTRICAS DAS QUANTIDADES FÍSICAS

FONTE: Hall (2020, p. 66).

31
5 CARGAS MECÂNICAS AGINDO SOBRE O CORPO HUMANO
Força da gravidade e forças musculares, assim como a força de ruptura de
osso, são forças que encontramos em diversos momentos e ocasiões no dia a dia,
como em acidentes que diretamente afetam o corpo humano. Durante a prática de um
esporte, um gesto esportivo, um movimento na prática de exercício físico, ou ao realizar
atividades físicas (deslocar, limpar a casa etc.), também encontramos essas forças,
umas em maior, outras em menor grau. O efeito de uma determinada força irá depender
de sua duração, direção e magnitude (ALBUQUERQUE, 2020).

Na Física, a mecânica desempenha um importante papel. É por meio dela que


são estudados os movimentos de diversos corpos. Com leis que explicam como ocorre
a interação entre forças, a mecânica tem aplicações práticas nas mais diversas áreas,
como construção, esportes, entre outras. Dependendo do tipo de situação, um tipo
diferente de força pode estar agindo sobre um corpo. Determinar a força resultante a
partir das forças que podem estar interagindo em um objeto é muito importante para a
solução de problemas.

Vamos compreender essas forças?

5.1 FORÇA DE COMPRESSÃO, TENSÃO E CISALHAMENTO


A força de compressão também é chamada de força compressiva ou de
esmagamento. A compressão irá ocorrer quando a força axial aplicada a um corpo atuar
com o sentido dirigido para o interior deste corpo. Um exemplo é o peso do nosso corpo
atuando como uma força compressiva sobre os ossos que os sustentam, como as
vértebras da coluna vertebral. Quando o nosso tronco está ereto, todas as vértebras da
coluna irão sustentar o peso da porção do corpo acima dela. Se pararmos para pensar, a
coluna vertebral recebe esse tipo de força praticamente o tempo todo.

IMPORTANTE
Tudo na vida é movimento. E é curioso que qualquer movimento
pode ser descrito por leis físicas que o analisam, vetorialmente,
diversos componentes que originam o deslocamento do corpo
no ar, sobre superfícies etc. Essa análise é baseada no estudo de
componentes de forças que atuam sobre o corpo.

32
Força de tensão, o oposto da força compressiva, é também chamada de força
tensiva ou de tração. Esse é um tipo de força que cria tensão no corpo sobre o qual está
sendo aplicada. Por exemplo, quando estamos sentados em um balanço, o nosso peso
cria tensão nas correntes de sustentação do balanço. Desta forma, nossos músculos
são capazes de produzir força de tensão, exercendo tração sobre os ossos, os quais
estes músculos estão inseridos (HALL, 2020).

IMPORTANTE
Na Física, a mecânica desempenha um importante papel. É
por meio dela que são estudados os movimentos de diversos
corpos. Sobre as leis que explicam como ocorre a interação
entre forças, a mecânica tem aplicações práticas nas mais
diversas áreas, como construção, esportes, entre outras.
Dependendo da situação, um tipo diferente de força pode
estar agindo sobre o corpo. Determinar a força resultante
a partir das forças que podem estar interagindo em um
objeto é muito importante para a solução de problemas.

Essas duas forças anteriores, de compressão e de tensão, são forças longitudinais.


Agora, veremos sobre a força de cisalhamento, que também é chamada de força de
deslizamento. Ela atua tangencialmente ou paralelamente a um corpo, tendendo a
causar deslocamento, deslizamento ou cisalhamento de uma parte deste corpo em
relação a outra. Por exemplo, durante a realização de um exercício de agachamento, o
cisalhamento articular no nosso joelho é maior com a posição de pleno agachamento.
Entenda que essa posição irá impor maior estresse aos tendões e ligamentos, que
objetivam impedir o deslizamento do fêmur, assim como a sua separação do platô da
tíbia (ALBUQUERQUE, 2020).

FIGURA 9 - AGACHAMENTO

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/BvMm >. Acesso em 20 set. 2022.

33
5.2 CARGAS DE TORÇÃO, INCLINAÇÃO E COMBINADAS
A carga de torção acontece quando uma estrutura corporal se enrosca ao redor
de seu eixo longitudinal. Geralmente, isto ocorre quando uma de suas extremidades
estiver fixa. Por exemplo, fraturas por torção da tíbia são bastante comuns no futebol,
principalmente quando o pé do jogador se mantém numa posição fixa enquanto o
restante do corpo sofre uma rotação.

Há também a carga de inclinação. Quando uma força excêntrica ou não-


axial é aplicada a uma estrutura corporal, esta irá se inclinar, o que cria um estresse
compressivo de um lado, e um estresse tensivo no lado oposto. Um exemplo inclui os
movimentos de inclinação do tronco e da cabeça.

Carga combinada compreende a presença de mais de uma força. Como o nosso


corpo é submetido a várias forças que atuam simultaneamente durante as atividades
diárias e esportivas, podemos considerar este como o tipo mais comum de carga suportada
pelo corpo humano (HALL, 2020).

5.3 ESTRESSE MECÂNICO


É importante compreendermos um outro fator que afeta o resultado da ação
das forças sobre o nosso corpo, que é a maneira pala qual essas forças se distribuem. A
pressão representa a distribuição da força externa a um corpo, já o estresse, representa
a distribuição da força resultante dentro de um corpo quando há ação de uma força
externa (ALBUQUERQUE, 2020).

Quantifica-se o estresse da mesma maneira que a pressão, ou seja, força por


unidade de área sobre a qual atua. Caro acadêmico, entenda que uma força que age
sobre uma superfície pequena, produz maior estresse que ela força agindo sobre uma
superfície maior (LIPPERT, 2018).

INTERESSANTE
Quando o nosso corpo sofre um impacto, a chance de lesão dos
tecidos corporais relaciona-se à direção e magnitude do estresse
criado por este impacto. O estresse compressivo, tensivo e de
cisalhamento são termos que indicam a direção do estresse efetivo.

34
Veja uma situação clássica: as vértebras lombares são capazes de sustentar
maior peso corporal do que as vértebras torácicas, principalmente quando estamos
na posição ereta (ortostática). Neste caso, o estresse compressivo na região lombar
deveria ser maior. Mas não é isso que acontece. A quantidade de estresse não é
diretamente proporcional à quantidade de peso suportado, afinal, os corpos vertebrais
lombares (áreas de superfície responsáveis pela sustentação das cargas nas vértebras)
são maiores que os das vértebras torácicas. Isso faz com que reduza a quantidade de
estresse compressivo presente.

5.4 EFEITOS DAS CARGAS


Quando uma força atua sobre um corpo, ocorrem dois potenciais efeitos:
1º) aceleração; 2º) deformação (mudança no formato). Quando um atleta de saltos
ornamentais aplica uma força na extremidade de um trampolim, este sofrerá tanto
aceleração quanto deformação. O grau de deformação ocorre em resposta a uma
determinada força e irá depender da rigidez do objeto sobre o qual atua, neste caso, o
trampolim.

FIGURA 10 - SALTO ORNAMENTAL

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/RvMm >. Acesso em 20 set. 2022.

IMPORTANTE
Vários fatores influenciam a ocorrência, ou não, de uma lesão
quando uma força externa é aplicada ao corpo humano. Entre eles,
posso citar a direção e a magnitude da força e a área sobre a qual
a força se distribuirá. Porém, as propriedades materiais dos tecidos
corporais que suportam as cargas também se fazem importantes.

35
5.5 CARGAS REPETITIVAS VERSUS AGUDAS
As diferenças entre cargas repetitivas (crônicas) e traumáticas (agudas),
também são importantes e você deve compreendê-las. Quando uma única carga
interna, suficiente para causar lesão, atua sobre os tecidos biológicos, denominamos de
lesão aguda e a força causal de macrotrauma (ALBUQUERQUE, 2020). A força produzida
por uma queda, por exemplo, numa falta marcada no futebol, pode ser suficiente para
fraturar um osso, não é mesmo?

Uma lesão pode também ser resultada da repetida ação de forças pequenas.
Por exemplo, cada vez que o pé de um atleta toca o solo durante uma corrida, será
sustentada uma força de duas a três vezes o peso corporal, aproximadamente. Mesmo
que não seja provável que uma única força dessa magnitude resulte na fratura de um
osso, muitas repetições dessa força podem causar essa fratura num osso igualmente
sadio em algum local do membro inferior.

Quando uma carga repetida ou crônica age durante um certo período e produz
uma lesão, esta é denominada lesão crônica ou por estresse, e o mecanismo causal
recebe o nome de microtrauma.

6 TIPOS DE ANÁLISE BIOMECÂNICA

6.1 ELETROMIOGRAFIA
A avaliação fisioterapêutica por meio da eletromiografia ganha espaço nas
pesquisas científicas e, com o tempo, será mais difundida na prática clínica. Essa avaliação
permite a observação do sinal elétrico emitido pelo músculo que, muitas vezes, possui
relação com a força muscular do indivíduo. Essa técnica, no entanto, não é própria para a
avaliação de força muscular, mas para a observação do seu funcionamento.

FIGURA 6 - ELETROMIOGRAFIA

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/YvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

36
A eletromiografia de superfície permite a avaliação da atividade elétrica de
membranas excitáveis em um ponto ou região muscular. Essa atividade é medida em
função do tempo ou de alguma tarefa a ser executada. O resultado que é observado
durante e após uma coleta do sinal eletromiográfico corresponde à soma de todos os
potenciais elétricos que ocorreram nas unidades motoras, onde se encontra o eletrodo de
captação (ALBUQUERQUE, 2020).

O sinal é captado pelo eletrodo em contato com a pele, que possui uma camada
de gel à base de água. A avaliação é indolor, visto que o aparelho não emite sinal algum,
somente o capta. O aparelho converte o sinal captado pela pele de analógico para digital,
para que possa ser exibido pelo software e visualizado em tempo real – esse fato é
importante, pois é possível eliminar a chance de ruídos mesmo durante uma avaliação. No
entanto, para que o sinal seja obtido, deve-se acertar os parâmetros do aparelho e criar
um protocolo de coleta antes de iniciá-lo. São parâmetros a serem ajustados: a frequência
de amostragem, eletrodo, amplificadores, filtro, conversor analógico/digital e o software
em si.

A frequência de amostragem é a frequência da leitura de um valor do sinal, ou


seja, quanto menor ela for, menor serão as informações colhidas e vice-versa. O SENIAM
(Surface EMG for the NonInvasive Assesment of Muscles) é o consórcio europeu que
dita as normas para o uso de técnicas de mensuração de parâmetros musculares não
invasivas, e propõe alguns protocolos, inclusive a colocação dos eletrodos para diversos
músculos, facilitando que o fisioterapeuta monte seu protocolo.

Os eletrodos podem ter diversos designs (formatos e tamanhos), e são o meio


de entrada do sinal para o sistema. Eles devem estar bem fixados à pele e possuir um
sistema Ag-AgCL (material feito de prata) coberto por uma camada de gel à base d’água
que permita a passagem do sinal elétrico. Esse sistema Ag-AgCL é recomendado pelo
SENIAM, pois permite uma condução estável e com baixo ruído, sendo confiável para a
mensuração.

Cada cabo possui uma saída para dois eletrodos, que devem ter uma certa
distância entre si para evitar interferências. Há aparelhos que fornecem a medida dessa
distância fixa no cabo, em outros casos, o fisioterapeuta deve estipular essa distância.
Normalmente, essa distância é demarcada por 20 mm do centro de um eletrodo ao centro
do outro (ALBUQUERQUE, 2020).

O posicionamento do eletrodo pode ser feito de algumas formas, as quais


dependem do objetivo da avaliação. Ele é fixado em relação ao ponto motor, normalmente
entre o ponto motor e o tendão distal do músculo que será avaliado, de acordo com o
SENIAM. Esse sinal coletado pode sofrer interferências de batimentos cardíacos quando
colocado em regiões próximas ao coração, em músculos vizinhos, quando são colocados
dois eletrodos próximos um do outro e se houver corrente elétrica ou aparelhos elétricos
próximos. Portanto, deve-se tomar vários cuidados com o local de avaliação, como a
acústica, a proximidade de aparelhos, entre outros.

37
A direção em que o eletrodo é coletado também pode transmitir sinais diferentes.
Na intenção de que o sinal seja o mais fidedigno aos potenciais de ação para determinado
músculo, os eletrodos deverão ser colocados no sentido paralelo ao das fibras musculares.
Quando o objetivo for analisar a região, deve-se colocar no sentido contra a orientação
das fibras, assim, coletará o máximo de fibras em um único ponto em cada uma delas
(ALBUQUERQUE, 2020).

Os cabos possuem os eletrodos de coleta e um eletrodo de referência, que


é o eletrodo que será colocado em cima de uma protuberância óssea, onde não haja
a transmissão de sinal elétrico de potenciais de ação. Portanto, esse eletrodo servirá
como referência para os que estiverem passando o sinal elétrico, normalmente, é inserido
nos maléolos, na sétima vértebra cervical ou em outra superfície óssea.

Como o sinal eletromiográfico é de baixa amplitude, é necessário usar


amplificadores para que o sinal seja visualizado e analisado com mais eficiência
posteriormente. No entanto, um amplificador pode alterar as características da contração
quando há ruídos externos juntamente com o sinal. No software, é possível selecionar
um sinal para ser excluído, como o da energia elétrica, que não é comum ao da contração
muscular - esse sinal pode ser colocado como taxa de rejeição e não aparecerá durante
a coleta dos dados. O ganho é a quantidade de amplificação aplicada ao sinal, ou seja, o
quanto ele foi aumentado na amplificação. Esses valores podem ser ajustados entre 400
e 500 Hz.

O filtro é responsável por reduzir as variações específicas, separando e


restaurando o sinal. Ele atua permitindo que algumas frequências passem, isto é, retira
os ruídos e interferências e atenua alguma distorção de algum sinal. Há quatro tipos de filtros:
passa-alta (reduz todas as frequências abaixo do valor selecionado), passa-baixa (retira
todas as frequências acima do valor selecionado), rejeita-banda (rejeita os valores das
passas alta e baixa) e passa-banda (atenua as frequências das passas altas e baixas)
(ALBUQUERQUE, 2020).

O sinal analógico que é colhido através da pele é digitalizado em forma de bits


por meio do software utilizado na coleta. As resoluções comuns são 8, 12 e 16 bits. O
sinal aparece na janela do software em formato de ondas e oscila de acordo com a
contração, ou seja, potenciais de ação.

6.2 DINAMOMETRIA
A força muscular pode ser mensurada por meio do teste de força manual,
que é uma forma subjetiva e que deve ser realizado por um mesmo avaliador, a fim
de evitar grandes divergências. Outro meio mais objetivo que permite essa avaliação é a
dinamometria, que mensura a força na unidade de medida kgf.

38
Os primeiros aparelhos dinamométricos eram constituídos de uma célula de
carga acoplada com formatos adaptados para mensuração de preensão palmar, força
de adução escapular e força de tração lombar. Esses aparelhos mensuram as forças
dos grupos musculares consideradas funcionais para o ser humano, como a força de
preensão geral das mãos, a força interescapular e a força do complexo lombar. No
entanto, esses aparelhos não permitem a mensuração das cadeias antagonistas. Assim,
nos últimos anos, o dinamômetro isocinético ganhou espaço no mercado e na pesquisa
científica devido à sua aplicabilidade e versatilidade (ALBUQUERQUE, 2020).

O aparelho é constituído por uma cadeira com braços e adaptações, além


de um computador acoplado que mensura as forças de acordo com a região aplicada
e o posicionamento dos braços e paciente. Assim, controla o movimento por meio da
velocidade e permite observar as forças concêntrica, excêntrica e isométrica durante o
movimento escolhido.

Para o teste com o dinamômetro hidráulico, é necessário atentar ao posicionamento


citado na literatura. Na dinamometria palmar, o indivíduo pode ser posicionado de pé ou
sentado, da forma que for mais confortável. De pé, segurará o aparelho perpendicular
e em direção ao chão; na posição sentado, segurará o aparelho com ombro aduzido
naturalmente, com flexão de 90º e de cotovelo e punho em neutro. Na dinamometria
escapular, o paciente pode ser posicionado de pé ou sentado, sendo que o restante do
posicionamento será o mesmo, ombros abduzidos a 90º, cotovelos fletidos e punhos em
neutro segurando as alças do aparelho lateralmente. Na dinamometria lombar, o paciente
se posiciona nos locais demarcados na plataforma do aparelho, flete quadril e joelhos, e
segura as alças do aparelho com cotovelos em extensão (ALBUQUERQUE, 2020).

Os procedimentos para a realização são:

• Explicação do teste e, se necessário, demonstração do movimento.


• Posicionamento do paciente.
• Posicionamento do avaliador à frente do marcador.
• Encorajamento do paciente a realizar a força máxima.
• Coleta do resultado do teste.

Recomenda-se a repetição de três tentativas para gerar uma média fidedigna


final, em caso de muita divergência entre os valores, pode-se repetir até que se encontre
maior homogeneidade. É importante salientar que o teste gera desgaste e é necessário
observar compensações ou adaptações errôneas ao teste.

Da mesma forma que no teste de força muscular, o dinamômetro isocinético


(FIGURA 7) avalia grupos musculares de acordo com os movimentos exigidos. Essa
avaliação, quando bilateral, permite a análise de assimetrias e limitações de origem
muscular ou articular. Os fatores que podem influenciar no resultado da mensuração da
força são: rigidez articular, flexibilidade dos antagonistas, tônus, temperatura do ambiente
e período do dia relacionado a cansaço, fadiga, temperatura e aquecimento antes da
realização do teste.
39
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• Copérnico, Kepler e Galileu criaram leis que descreviam a trajetória circular dos planetas
ao redor do Sol, e que harmonizavam os períodos de revolução desses planetas com
suas distâncias do Sol. Já Isaac Newton, propôs a existência de uma força de atração
entre dois corpos quaisquer do universo: a lei da gravidade.

• A cinemática é considerada uma subdivisão do estudo biomecânico e compreende


tudo aquilo que é capaz de ser visualizado em um corpo que esteja em movimento.
Ela engloba o estudo do sequenciamento, tamanho e cronologia do movimento, sem a
necessidade de descrever as forças que os causam ou que dele resultam.

• A maioria dos movimentos humanos constitui-se de movimento geral, que é uma


complexa combinação dos componentes dos movimentos angular e linear. Como
os movimentos angular e linear são formas “puras” de movimento, é útil dividir os
movimentos mais complexos em seus componentes angular e linear ao realizarmos
uma análise.

• Inércia compreende a resistência à ação ou à mudança, é a resistência à aceleração e


a tendência de um corpo em manter seu estado atual de movimento, movimentando-
se com velocidade constante ou parado. Massa é definida como a quantidade de
matéria que compõem um corpo/objeto. A força é uma ação exercida por um corpo
sobre outro, sendo um conceito utilizado na descrição daquelas encontradas no
movimento humano. Peso é a quantidade de força gravitacional exercida sobre um
corpo.

• Forças musculares, força gravitacional e força de ruptura do osso, como a encontrada


em acidentes, afetam diferentemente o corpo humano. O efeito de determinada
força depende de sua direção e duração, bem como de sua magnitude combinada.

• A eletromiografia permite a observação do sinal elétrico emitido pelo músculo, que,


muitas vezes, possui relação com a força muscular do indivíduo. Já a dinamometria
mensura a força na unidade de medida kgf. Esses aparelhos mensuram as forças
dos grupos musculares consideradas funcionais para o ser humano, como a força de
preensão geral das mãos, a força interescapular e a força do complexo lombar.

40
AUTOATIVIDADE
1 A cinemática é uma subdivisão do estudo biomecânico, envolvendo tudo o que é
capaz de ser visualizado em um corpo em movimento. Portanto, ela engloba o estudo
do tamanho, sequenciamento e cronologia do movimento, sem descrever as forças
que o causam ou que dele resultam. Sobre a cinemática, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) É a parte da mecânica que descreve o movimento, determinando a posição,


velocidade e aceleração de um corpo em cada instante.
b) ( ) Suas variações para um determinado movimento incluem o tipo de movimento que
está ocorrendo, o local do movimento e a magnitude do movimento, mas não a
direção do movimento.
c) ( ) Está presente apenas em movimentos esportivos ou nos exercícios físicos. No
dia a dia, os movimentos são estudados pela cinética.
d) ( ) Distância percorrida, deslocamento, velocidade, trajetória, aceleração, tempo e
referencial constituem o arcabouço conceitual necessário para a descrição da
cinética do movimento de corpos.

2 Os cientistas elaboraram vários tipos de plataformas e de sistemas portáteis para


medir as forças e a pressão na superfície plantar. Esses sistemas foram utilizados,
principalmente, na pesquisa da marcha, mas também para estudar fenômenos como
partidas (saídas), impulsões, aterrisagens, balanceio no voleibol, e equilíbrio. Com
base no estudo das avaliações em biomecânica, analise as seguintes afirmativas:

I– Os sistemas que tornam possível uma história temporal gráfica da força registrada,
impedem que se faça o cálculo do impulso, como a área debaixo da curva de força-
tempo.
II– Plataforma de força e plataforma de pressão, existentes tanto no comércio quanto
feitas em casa, são típicas e rigidamente embutidas em um assoalho rente com
a superfície e conectadas a um computador que calcula a quantidade cinética de
maior interesse.
III– As plataformas de força são projetadas, habitualmente, de forma a transmitir as
forças de reação do solo nas direções vertical, lateral e anteroposterior em relação à
plataforma propriamente dita.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

41
3 A técnica para registrar a atividade elétrica produzida pelo músculo, ou atividade
mioelétrica, é conhecida atualmente como eletromiografia. Essa técnica é utilizada para
o estudo da função neuromuscular. De acordo com o estudado sobre eletromiografia,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Permite a identificação dos músculos que desenvolvem tensão durante um


movimento e de movimentos exigem mais, ou menos tensão de determinados
músculos ou grupo muscular.
( ) É usada clinicamente para avaliar as velocidades de condução nervosa e a resposta
dos músculos em combinação, mas impede o diagnóstico e o rastreamento de
condições patológicas do sistema neuromuscular.
( ) Pode ser utilizada para estudar como as unidades motoras individuais respondem aos
comandos do sistema nervoso central.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Durante os diversos movimentos e posturas corporais, o corpo humano, principalmente


os ossos, recebem diferentes tipos de força. Essas, dependendo da intensidade,
impactam em respostas do aparelho locomotor, como a remodelação óssea. Diante do
exposto, diferencie os três tipos de força: de compressão, de tração e de cisalhamento.

5 Nos diferentes gestos esportivos e de movimentos das atividades de vida diária, o


aparelho locomotor recebe cargas como o peso, densidade, força, gravidade, torque,
dentre outros. Estes são importantes para que os movimentos ocorram da maneira
correta. Neste contexto, disserte sobre a definição de torque.

42
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —
ALTERAÇÕES CINÉTICO-FUNCIONAIS
EM LESÕES ESPORTIVAS

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos as principais alterações cinético-
funcionais em lesões esportivas. Como fisioterapeuta, estar presente em ambientes
onde pessoas se exercitam, ou lidar com esse tipo de tarefa, fará parte do seu dia a dia.
Sendo assim, iniciaremos estudando sobre os mecanismos e características do trauma
neuro-musculo-esquelético na prática esportiva. Em seguida, abordaremos sobre
as lesões ósseas, articulares, musculotendíneas e neurais. E, por fim, focaremos nas
alterações cinético-funcionais nos membros superiores, inferiores e da coluna vertebral
relacionadas à prática esportiva.

Sabemos que a realização de exercício físico é fundamental para o bom


funcionamento do organismo. Contudo, é importante considerar que ela pode aumentar
as chances de diversas lesões, principalmente causadas por acidentes. Lembre-se
de que um acidente é uma situação inesperada e que todos estão suscetíveis a isso.
Portanto, esteja preparado para os possíveis acidentes que possam ocorrer durante sua
prática profissional, assim como suas diversas causas.

As lesões mais típicas durante a realização de exercício físico são as lesões


osteomioarticulares, ou seja, que atingem o aparelho locomotor (ossos, músculos e
articulação). Certamente você irá se deparar com algumas delas durante sua trajetória
profissional. Por sorte, na maioria das vezes, essas lesões requerem apenas medidas
paliativas, como a diminuição da dor. Ainda assim, são fundamentais o aprendizado e
o conhecimento dos procedimentos para lesões dessa natureza que exijam medidas
emergenciais.

Na prática esportiva, a ocorrência e recorrência de lesões também são muito


frequentes, tornando a prevenção e o tratamento adequado dessas lesões um desafio
aos profissionais envolvidos. Nesse sentido, é fundamental que o fisioterapeuta, além de
conhecer as disfunções cinético-funcionais mais comuns na prática esportiva, também
entenda os mecanismos pelos quais elas ocorrem.

43
2 MECANISMOS E CARACTERÍSTICAS DOS TRAUMAS
NEURO-MUSCULO-ESQUELÉTICO NA PRÁTICA ESPORTIVA
Em um episódio de acidente ou trauma no esporte, podemos constatar,
basicamente, dois tipos de lesões: externas (visíveis e aparentes) e internas (ocultas e não
aparentes). As lesões externas são facilmente identificáveis, pois seus sinais estão visíveis e
manifestam o desarranjo da condição natural de algum tecido. Já as lesões internas são
de detecção mais complexa e respeitam uma série de critérios, os quais devem ser de
conhecimento do fisioterapeuta para que ele consiga reconhecê-los e adotar os devidos
procedimentos (COHEN; ABDALLA, 2015).

Quando internas, as lesões podem envolver prejuízo em diferentes tecidos,


como músculos, ligamentos, tendões, ossos, articulações e órgãos internos. Quando
órgãos internos, como intestino, estômago ou fígado são acometidos, há uma resposta
de hemorragia interna. Esse episódio consiste no extravasamento do sangue em uma
cavidade pré-formada do organismo, como cavidade craniana, câmara dos olhos, pleura
ou pericárdio. Dessas, focaremos nas lesões internas que mais ocorrem no esporte sem que
haja hemorragias significativas, ok?

2.1 CINEMÁTICA DA LESÃO E DO TRAUMA


A análise biomecânica dos movimentos e das forças que podem influenciar,
ou ter influenciado lesões em um indivíduo, faz parte da cinemática do trauma
(ALBUQUERQUE, 2020). Na análise da cinemática do trauma, é importante que você
compreenda alguns aspectos que estão relacionados às leis da física e que abordam
energia, força e movimento. Veja só:

• Primeira lei de Newton: um corpo que estiver em movimento, ou mesmo em repouso,


permanecerá nesse estado, a não ser que uma força externa atue sobre ele.
• Segunda lei de Newton: força é igual à massa do objeto, multiplicada por sua
aceleração.
• Terceira lei de Newton: para toda ação há uma reação oposta e de igual intensidade.
• Lei da conservação da energia: a energia não pode ser criada nem destruída,
porém, pode-se modificar a sua forma.
• Troca de energia: quando dois corpos estão em movimento em velocidades diferentes,
essas velocidades tendem a se igualar quando interagem.
• Energia cinética: é a energia do movimento, considerada igual à metade da massa e
multiplicada pela velocidade elevada ao quadrado.

Você, futuro fisioterapeuta, responsável pela realização da análise da cinemática


de um trauma, deverá analisar a direção e a velocidade da força aplicada no impacto
que possivelmente causou o trauma no indivíduo. Deverá, também, analisar a massa
do indivíduo, assim como os possíveis sinais de liberação de energia que resultaram do

44
trauma. Dessa forma, será possível definir as lesões e acelerar o processo de prestação
de socorro (caso necessário), assim como o atendimento da condição básica de saúde
deste indivíduo (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).

Imagine o seguinte exemplo: em uma partida de futebol, um atleta conduz a bola


em uma determinada velocidade e abruptamente se choca com um de seus adversários
que estava parado, fazendo com que os dois caiam. Aqui, temos a aplicação do conceito
da Terceira Lei de Newton, afinal, para toda ação existe uma reação de igual magnitude e
direção oposta.

Pense bem, o atleta que provocou o choque foi atingido com a mesma proporção
de força que seu adversário que estava parado, porém, as aplicações de força tiveram
sentidos opostos para os dois jogadores. Essa força tem proporção à aceleração
imposta pela potência do atleta e de sua massa corporal (a segunda lei de Newton) e as
velocidades tendem a se igualar (lei da troca de energia) no momento da interação entre
os dois jogadores.

Ainda, podemos observar esta situação aplicando a primeira lei de Newton. O


atleta conduzindo a bola teve seu movimento interrompido pela ação de força externa do
seu adversário, afinal, ele estava parado e bloqueou a sua passagem. Lembre-se: um
corpo tende a manter-se em movimento a menos que uma força externa atue sobre ele.

FIGURA 11 - FUTEBOL

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/MvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

No contexto esportivo, também ocorrem inúmeras lesões que se diferem em


tipo principalmente pela natureza do esporte. O mecanismo das lesões normalmente
é multifatorial, mas envolve questões como desaceleração de movimentos explosivos,
troca brusca de direção, torções, choque entre praticantes e quedas, as quais podem
ser influenciadas por desequilíbrio de força entre grupamentos musculares, imperícia
técnica, fadiga, aquecimento insuficiente ou instabilidade dinâmica durante a execução
do gesto (COHEN; ABDALLA, 2015).

Por exemplo, em um jogo de vôlei é muito comum a torção por inversão do


tornozelo na aterrissagem após uma cortada, visto ser frequente o ato de pisar no pé do
adversário que tenta realizar um bloqueio.
45
3 LESÕES ÓSSEAS E ARTICULARES
O osso é o tecido rígido que constitui o corpo dos animais vertebrados, sendo
constituído de fibras colágenas, proteoglicanos e cálcio. A junção de dois ou mais ossos
é uma articulação, sendo que o conjunto de ossos e articulações compõe o esqueleto.
Dentre as principais funções desempenhadas por essaas estruturas, podemos destacar a
mobilidade (músculos movimentam os segmentos por meio dos eixos das articulações e da
tração dos ossos), a sustentação e a proteção a órgãos vitais. As articulações, conforme
supracitado, consistem na união de dois ou mais ossos, estabilizados por tecido conjuntivo,
como a cápsula articular e os ligamentos (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).

IMPORTANTE
As articulações responsáveis pela realização da maior parte dos
movimentos que tratamos na área da fisioterapia, como joelho e
ombro, são classificadas como articulações sinoviais, com a função
primordial de realizar movimentos nos diferentes planos e eixos.

As fraturas ósseas são as lesões mais comuns dos ossos, enquanto as luxações
e entorses são as lesões articulares mais corriqueiras. Normalmente, elas ocorrem por
conta de um trauma em que a energia imposta supera a capacidade de deformação do
tecido, ou gera movimento além da capacidade da estrutura (COHEN; ABDALLA, 2015).
Veremos mais adiante sobre elas.

Fatores de risco ou indivíduos de grupos de risco, como em idade avançada


(onde ocorre perda da densidade mineral óssea, fragilizando os ossos), em falta de
atividade ou exercício físico (que também prejudica a densidade mineral óssea) e atletas
de esportes de contato, impacto e troca de direções, têm maior propensão a sofrer
fraturas ou luxações e entorses (BARBOSA; SILVA, 2021).

3.1 FRATURAS
As fraturas podem ser classificadas de acordo com o traço (completa ou
incompleta), a exposição (aberta ou fechada), a presença de lesões associadas (complicada
ou simples) ou o tipo de força causadora do trauma (direta, indireta ou torção) (BARBOSA;
SILVA, 2021).

46
FIGURA 1 - FRATURA DE QUADRIL

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/QvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

Nas fraturas completas, há descontinuidade da estrutura óssea, ou seja, a


fratura ocorreu de um lado ao outro do osso. Podem apresentar linha oblíqua, espiral
ou transversa, sendo representada por fraturas com trituração óssea, segmentares e por
avulsão (em que uma parte do osso é arrancada). Já nas fraturas incompletas, não
há descontinuidade da estrutura óssea, ou seja, a fratura acometeu uma região parcial do
osso. É o caso de “fraturas em galho verde”, em que um osso (normalmente jovem) é
trincado de um lado, mantendo o lado oposto íntegro. Pode também apresentar uma
linha oblíqua, espiral ou transversal (COHEN; ABDALLA, 2015).

FIGURA 2 - TIPOS DE FRATURA

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/xvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

A fratura aberta compreende uma condição em que o osso fraturado rompe


os tecidos adjacentes e tem contato direto com o meio externo, ficando exposto. Gera
hemorragia e risco de infecção local. Na fratura fechada, o osso fraturado não irrompe
a pele, mantendo-se no segmento corporal afetado. Sendo assim, não há risco de
hemorragias externas e infecção (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).

47
Você pode encontrar também fraturas complicadas. Esse quadro consiste no
acometimento de estruturas vizinhas ao osso fraturado, como vasos sanguíneos, nervos,
músculos ou órgãos. São lesões de gravidade mais acentuada e que devem receber
atendimento de urgência, pois expõe a risco a vida da vítima. Nas faturas simples, ocorre
exatamente o contrário das fraturas complicadas, não há acometimento de tecidos e
órgãos vizinhos. São fraturas de tratamento mais simplificado (BARBOSA; SILVA, 2021).

Nas fraturas diretas, o quadro é decorrente da aplicação direta de força no


local acometido, podendo ocorrer pela aplicação de força muito intensa em um único
episódio ou de força pouco intensa de forma repetitiva, como em fraturas por estresse.
Nas fraturas indiretas, o tecido ósseo afetado não foi o ponto em que a força foi aplicada
diretamente, ele sofreu influência indireta dessa aplicação de força. As fraturas por
torção compreendem um episódio em que a fratura ocorre a partir da posição estática
de determinado segmento do osso, enquanto um outro girou sobre o primeiro, como é
o caso de fraturas espirais (COHEN; ABDALLA, 2015).

As fraturas estão entre as lesões mais comuns, seja em praticantes de


esportes ou indivíduos sedentários. Essa lesão pode não ser uma das causas mais
comuns de mortalidade no público em geral, entretanto, é uma causa importante de
morbimortalidade em indivíduos idosos, em que a estrutura óssea está prejudicada e
o risco de quedas é elevado devido à perda de funcionalidade e massa muscular. Esse
público tem a sua saúde fragilizada, o que faz com que fraturas sejam uma lesão grave e
que podem levar a óbito, inclusive sofrendo grande influência do uso de medicamentos
que prejudicam ainda mais o organismo (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).

3.2 LUXAÇÕES

Uma das possíveis lesões que podem acometer às articulações são as luxações, que
são o quadro em que as extremidades conectadas de dois ou mais ossos se deslocam
de sua posição natural, gerando um prejuízo à congruência harmônica da articulação.
Isso afeta diretamente a funcionalidade da estrutura, dificultando, ou mesmo impedindo
por completo o movimento dos segmentos envolvidos (BARBOSA; SILVA, 2021).

IMPORTANTE
Esse tipo de lesão, normalmente, ocorre por conta de quedas sobre
um membro com apoio inadequado, sendo que a incidência é maior
em articulações com maior grau de liberdade ou menor estabilidade
estrutural, como é o caso do ombro e das interfalangeanas das mãos.

48
As luxações geram dor intensa e deformidade aparente do segmento, sendo
fundamental acalmar a vítima e evitar movimentos da região afetada. É necessário
recolocar a articulação na sua posição normal, entretanto, isso só deve ser realizado
por um profissional capacitado e com conhecimento técnico e prático para tal, de forma
que estruturas vizinhas não sejam comprometidas na tentativa de reposicionar a parte
deslocada (BARBOSA; SILVA, 2021).

3.3. ENTORSES
Por sua vez, as entorses são ainda mais comuns do que as luxações, já que
consistem no movimento além da capacidade móvel da articulação, gerando prejuízos
aos tecidos moles. Contudo, não há prejuízo à estrutura de conexão entre os ossos,
que se mantêm em sua posição normal. Os tecidos mais acometidos costumam ser os
ligamentos, que sofrem estresse além de sua capacidade de deformação e determinado
nível de ruptura. O nível de entorse pode ser classificado em: grau 1, grau 2 e grau 3:

• Grau 1: estiramento dos ligamentos, onde um percentual menor das fibras do tecido é
afetado, sendo que a cicatrização é mais rápida e o retorno da função normal também.
• Grau 2: ruptura parcial dos ligamentos, onde um percentual moderado das fibras do
tecido é afetado, sendo que o processo de cicatrização é mais lento e o retorno da
função normal depende de processos de reabilitação.
• Grau 3: ruptura total dos ligamentos, ou seja, ocorre a descontinuidade das fibras
desses tecidos, sendo normalmente recomendada a realização de cirurgias.

As articulações mais comumente acometidas por entorses são: o tornozelo, o


joelho e o ombro. Os ligamentos cruzados anterior e colateral medial, além dos meniscos,
são as principais estruturas acometidas no joelho; os ligamentos talofibular anterior
e calcaneofibular são as principais no tornozelo; e os ligamentos acromioclavicular e
glenoumeral, as principais estruturas acometidas no ombro (COHEN; ABDALLA, 2015).

FIGURA 3 - ENTORSE DE TORNOZELO

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/CvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

49
Os sinais de uma entorse são bem característicos e de fácil visualização por
conta do processo inflamatório, envolvendo dor intensa na região, edema, aumento
da temperatura local, vermelhidão da pele e dificuldade de movimentar o segmento.
Esse tipo de lesão articular é extremamente comum em esportes de contato e troca de
direção, como futebol, basquete e tênis (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).

IMPORTANTE
Dependendo do nível de prejuízo às estruturas que sofreram com
o trauma da entorse, é necessário procedimento cirúrgico para o
reestabelecimento da condição dos tecidos.

4 LESÕES MUSCULOTENDÍNEAS
Todas as regiões do músculo ou da junção musculotendínea são passíveis de
sofrerem lesões. Normalmente, gestos mais potentes, contrações excêntricas, músculos
encurtados, histórico prévio de lesões, músculos biarticulares e falta de aquecimento,
são fatores que podem influenciar na ocorrência de alguma lesão, sendo que, os
isquiotibiais, se destacam como o grupo mais lesionado. Dentre as possíveis lesões no
tecido muscular, podemos destacar: estiramentos, distensões, câimbras, contraturas e
contusões (BARBOSA; SILVA, 2021).

4.1 ESTIRAMENTOS E DISTENSÕES


Os estiramentos e as distensões são semelhantes, diferindo-se um do outro
somente pela região afetada. O primeiro trata de prejuízo à estrutura das fibras no ventre
muscular, enquanto o segundo, trata de prejuízo à estrutura da junção musculotendínea.
Nesses casos, é adotada uma classificação semelhante ao quadro de entorse, em que a
lesão é ranqueada de 1 a 3.

• Grau 1: representa ruptura de poucas fibras e forma um pequeno edema.


• Grau 2: representa ruptura moderada de fibras e edema considerável.
• Grau 3: corre ruptura total da estrutura, com prejuízo severo da função muscular e do
tendão.

Para estes casos, utiliza-se compressas de gelo para analgesia e para conter o
processo inflamatório, elevação do membro afetado para auxiliar no retorno do sangue,
imobilização e repouso para não agravar a lesão, assim como avaliação médica para
diagnosticar o grupo afetado, o nível da lesão e a possibilidade de cirurgia em casos
mais graves (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG,

50
4.2 CÂIMBRAS
Cãibras consistem na contração involuntária de um músculo, ou grupo muscular,
sendo extremamente dolorosas. Contudo, a incapacidade é temporária e o tecido tende
a voltar ao seu funcionamento normal dentro de alguns minutos. É comum ocorrer em
músculos do membro inferior, como o tríceps sural, sendo que esse quadro é um difícil
objeto de estudo, afinal, é complexo reproduzir em laboratório o cenário em que ocorre
(BARBOSA; SILVA, 2021).

INTERESSANTE
Parece existir uma relação estreita com o estado de hidratação e o
consequente balanço eletrolítico do sujeito, o que pode influenciar
diretamente no processo de contração muscular.

Nos casos de câimbras, indica-se alongamento intenso da musculatura afetada


pela contração involuntária, sendo que, em casos de prática esportiva, muitas vezes,
o aluno ou atleta terá que cessar a atividade por conta da recorrência. Nesses casos,
também são importantes o repouso e a hidratação adequados (LIGGIERI; TEIXEIRA;
YENG, 2022).

4.3 CONTRATURAS
As contraturas consistem em contrações de intensidade baixa ou moderada,
sustentadas por longos períodos, o que acarreta a formação de nódulos conhecidos
como pontos gatilho (trigger points). Gera dor moderada, geralmente em músculos
tônico-posturais ou escapulares, como os paravertebrais e o trapézio, respectivamente
(BARBOSA; SILVA, 2021).

Em condições agudas, indica-se aplicação de gelo para analgesia e melhora do


processo inflamatório. Em casos crônicos, compressa de água quente para melhorar a
vascularização (vasodilatação) local. Alongamento e massagem com pressão no local
acometido também são indicados (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).

51
4.4 CONTUSÕES
Outro tipo de lesão muscular são as contusões, que consistem em lesões por
conta de traumas diretos no segmento corporal (comum em esportes de contato),
gerando dor, rigidez, edema e prejuízo funcional, principalmente no quadríceps femoral
e no tríceps sural. Indica-se aplicação local de gelo (anti-inflamatório e analgésico) e,
após descartar qualquer possibilidade de estiramento ou distensão, a realização de
alongamentos do grupo muscular afetado pela contusão (BARBOSA; SILVA, 2021).

4.5 BURSITES
As bolsas (ou bursas), são sacos cheios de líquido sinovial com a função de
proteger os pontos em que os músculos ou tendões deslizam sobre os ossos. Em
condições normais, elas criam uma superfície de deslizamento lisa, praticamente sem
atrito, enquanto, na presença de bursite, o movimento na área afetada se torna doloroso
e com movimentos adicionais. Esses fatores aumentam a inflamação e agravam o
problema (COHEN; ABDALLA, 2015).

Dentre suas causas estão o uso excessivo e repetitivo, pequenos impactos na


área e lesões agudas. Em todos os casos há um quadro inflamatório subsequente da
bolsa circundante. Seu tratamento inicial é feito com repouso e aplicação de gelo local.

5 ALTERAÇÕES CINÉTICO-FUNCIONAIS NOS MEMBROS


SUPERIORES E INFERIORES RELACIONADAS À PRÁTICA
ESPORTIVA

5.1 MEMBROS SUPERIORES


Os membros superiores (MMSS) fazem parte do esqueleto apendicular e são
conectados ao esqueleto axial por meio da cintura escapular, também chamada de
cíngulo do membro superior. A função de todo o membro superior é fazer com que
a mão seja capaz de executar múltiplas tarefas em diversas posições, aumentando,
assim, a habilidade de alcançar e manipular objetos. Sua mecânica é determinada pela
combinação de articulações e músculos que controlam e exercem essa mobilidade
(BARBOSA; SILVA, 2021).

O ombro se destaca como uma das regiões dos MMSS mais afetadas. Doenças
e lesões frequentemente afetam essa estrutura e podem limitar o movimento do ombro,
reduzindo significativamente a funcionalidade de todo o membro superior. O ombro
é suscetível tanto às lesões do tipo traumáticas quanto àquelas por uso excessivo,
incluindo as lesões relacionadas a esportes (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).

52
A articulação glenoumeral é a que mais sofre luxação no corpo. Sua estrutura
frouxa lhe concede mobilidade extrema, porém, fornece pouca estabilidade e, assim, as
luxações podem ocorrer nas diversas direções: anterior, posterior e inferior. Geralmente
ocorrem quando o úmero é abduzido e girado lateralmente, sendo as luxações anteroin-
feriores as mais comuns (BARBOSA; SILVA, 2021).

O tamanho inadequado da cavidade glenoidal, sua inclinação anterior, a


retroversão inadequada da cabeça do úmero e deficiências musculares predispõem
as luxações. Infelizmente, quando ela é deslocada, os tecidos conectivos adjacentes
são alongados além de seus limites elásticos e luxações podem se tornar recorrentes.
Indivíduos com frouxidão capsular genética precisam fortalecer preventivamente
a musculatura do ombro. Já a luxação da articulação acromioclavicular é comum
no lacrosse, hóquei, rúgbi e futebol americano. Ocorre quando um braço estendido
rigidamente recebe a força de uma queda de corpo inteiro (COHEN; ABDALLA, 2015).

As lesões de manguito rotador são comuns em atletas que realizam movimentos


forçados acima da cabeça. Elas geram perda progressiva da função e até mesmo
invalidez e são causadas por pressão progressiva sobre os tendões do manguito, pelas
estruturas ósseas e de tecido mole circunjacentes. Resulta em inflamação dos tendões
e/ou bursas e, em casos graves, em ruptura de tendão. Seus sintomas incluem dor,
aumento da sensibilidade e fraqueza do ombro, e são exacerbados por movimentos
rotatórios do úmero (BARBOSA; SILVA, 2021).

O estiramento/ruptura do ligamento colateral da ulna por deslizamento na ulna


em relação ao úmero, geralmente decorre de queda sobre a mão estirada ou golpe forte,
em torção. Sua maior incidência é durante a prática esportiva e sob maior risco estão
os adolescentes do sexo masculino. Gera prejuízo na estabilidade articular posterior,
principalmente em casos de ruptura de tendão ou fratura umeral (LIGGIERI; TEIXEIRA;
YENG, 2022).

Lesões por estresse ao tecido colagenoso são progressivas. Iniciam com inflamação
e edema, seguidos por cicatrização dos tecidos moles, podendo chegar ao acúmulo de
cálcio e ossificação do ligamento. Depois do joelho, é a articulação mais afetada por lesões
por uso excessivo. Um exemplo é a epicondilite, que gera inflamação e até microrrotura dos
tecidos colagenosos. Ocorre tanto na face lateral como na medial da extremidade distal do
úmero, sendo chamadas de epicondilite lateral e medial, respectivamente, provavelmente
ocasionadas por esforço excessivo (BARBOSA; SILVA, 2021).

IMPORTANTE
A epicondilite lateral é comumente chamada de cotovelo de
tenista, enquanto a medial é comum em atletas lançadores e
praticantes de golfe (cotovelo de golfista).

53
Em decorrência de as mãos serem utilizadas excessivamente nas atividades
diárias e em muitos esportes, suas lesões são muito frequentes. A seguir, estudaremos
algumas das lesões mais comuns nas estruturas do punho e da mão.

Entorses e luxações são bastante comuns em decorrência do uso excessivo e


necessário das mãos durante as atividades diárias e nas diversas práticas esportivas.
Ocasionalmente, causam deslocamento de um osso carpal, ou da extremidade distal do
rádio (BARBOSA; SILVA, 2021).

O dedo em gatilho (Tenossinovite estenosante) é uma alteração no mecanismo


de deslizamento de um tendão sobre sua bainha sinovial. A presença de um nódulo/
protuberância na bainha de revestimento prejudica seu deslizamento (ele desliza durante a
flexão, mas não se desloca na extensão). O dedo permanece imóvel (travado) (LIGGIERI;
TEIXEIRA; YENG, 2022).

A Tenossinovite de De Quervain é uma tendinite do extensor curto do polegar e


do abdutor longo do polegar, relacionada com impacto. Há inflamação e espessamento
da bainha do extensor curto e do abdutor longo do polegar, além de dor na região lateral do
punho (COHEN; ABDALLA, 2015).

FIGURA 4 - TENOSSINOVITE DE QUERVAIN

FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/kvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.

A síndrome do túnel do carpo possui causa normalmente desconhecida, porém,


de alta incidência. Decorre de qualquer edema gerado por traumatismo agudo ou crônico
na região do nervo mediano, no punho. Sintomas incluem dor e dormência ao longo do
nervo mediano, fraqueza funcional dos dedos e, eventualmente, fraqueza e atrofia dos
músculos inervados pelo nervo mediano. Atletas que realizam movimentos repetitivos
são, particularmente, mais suscetíveis (PRETINCE, 2011).

54
5.2 MEMBROS INFERIORES
Os membros inferiores (MMII) fazem parte do esqueleto apendicular e são
conectados ao esqueleto axial por meio de um cíngulo chamado de cintura pélvica. O
membro inferior é formado pela coxa, perna e pé. A coxa contém o fêmur e a patela,
a perna compreende a tíbia e a fíbula, e o pé tem sete ossos tarsais, cinco metatarsos
e 14 falanges. A cintura pélvica é formada pelos ossos do quadril: ílio, ísquio e púbis, e
articula-se com o sacro, formando a articulação sacroilíaca. Entretanto, é preciso lembrar
que, apesar de sua íntima ligação anatômica, o sacro não faz parte da pelve (COHEN;
ABDALLA, 2015).

Os músculos da face anterior da coxa estão sujeitos a receber altos índices de


pancadas em esportes de contato. Uma complicação relativamente incomum, secundária
às contusões da coxa e com séria gravidade, é a síndrome compartimental aguda

Visto que a maioria das atividades diárias não exige flexão do quadril e extensão
do joelho, os músculos isquiotibiais raramente são alongados (exceto quando o indivíduo
realiza exercícios específicos para esse fim). Essa perda de extensibilidade faz com que
eles estejam mais suscetíveis à distensão. Pode ser causada por sobrecarga muscular
ou tentativa de movimento muito rápido, como as arrancadas, principalmente se o
sujeito estiver fatigado e com sua coordenação neuromuscular prejudicada

Acredita-se que as distensões dos músculos isquiotibiais (semitendíneo,


semimembranáceo e bíceps femoral) ocorram nas últimas fases do apoio ou do balanço da
marcha, resultado de uma contração excêntrica. Podem ocorrer em uma das inserções
ou em qualquer ponto ao longo dos músculos. As distensões são comuns em velocistas e
em praticantes de esportes que exigem picos de aceleração rápida ou velocidade, como
futebol e algumas provas de atletismo.

IMPORTANTE
Distensões na região da virilha também ocorrem com bastante
frequência nos atletas de esportes em que há movimentos forçados de
abdução da coxa (quadril), pois podem estirar os músculos adutores
(adutor magno, adutor curto, adutor longo, pectíneo e grácil).

Outra lesão comum no membro inferior é a síndrome do trato iliotibial, que


ocorre por uso excessivo, geralmente. É uma lesão que causa dor na região lateral do
joelho, sendo bastante prevalente em ciclistas e corredores. Ela decorre do repetitivo
atrito do deslizamento do trato iliotibial sobre o epicôndilo lateral do fêmur, podendo
ser causada por desgaste do calçado, contratura muscular ou corridas em superfícies
irregulares (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).

55
A bursite trocantérica decorre de traumatismo agudo ou uso excessivo de
músculos que se inserem no trocânter maior, e lesionam as bolsas que visam reduzir o
atrito entre os músculos e o osso nesta região. Também é observada em corredores e
ciclistas, porém pode acometer pessoas não atletas com diferença no comprimento dos
MMII. O estresse repetitivo sobre o trocânter maior também pode levar à inflamação desta
Bursa (BARBOSA; SILVA, 2021).

A síndrome do piriforme compreende dor associada à tensão ou espasmo do


músculo piriforme. Ele exerce pressão sobre o nervo isquiático adjacente e desencadeia
sintomas radiculares similares aos sinais de disfunção discal. A sintomatologia pode
ser agravada por meio do estiramento ou da contração do piriforme, ou seja, ao girar
medialmente o quadril de modo passivo ou ao conter a rotação lateral (COHEN; ABDALLA,
2015).

As lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) são comuns em esportes que


envolvem giros e saltos. Cerca de 70% das lesões não são por contato, e a maioria ocorre
quando o fêmur é rodado sobre a perna fixada ao solo e com o joelho perto da extensão
completa. A combinação de valgo com rotação medial no joelho é o mecanismo que
mais provoca distensão no LCA.

INTERESSANTE
As mulheres são aproximadamente 3,5 vezes mais suscetíveis a
lesões sem contato do que os homens, provavelmente devido
a fatores anatômicos e neuromusculares. Acredita-se que suas
superfícies articulares sejam menores e mais convexas no lado
lateral da articulação tibiofemoral.

Após uma ruptura de LCA não reparada, há redução da ADM de flexão e extensão
do joelho durante a caminhada. Também, há deficiência do controle neuromuscular
do quadríceps femoral. Embora alguns indivíduos consigam estabilizar seus joelhos, a
maioria apresenta instabilidade, mudança na localização do centro de rotação e na área
de contato tibiofemoral, além de início subsequente de osteoartrite (LIGGIERI; TEIXEIRA;
YENG, 2022).

IMPORTANTE
Os problemas decorrentes do traumatismo do joelho incluem
fraqueza e perda importante de massa muscular dos extensores
do joelho, diminuição da ADM e déficit proprioceptivo.

56
As lesões de ligamento cruzado posterior (LCP), na maioria das vezes, resultam
da prática esportiva ou de acidentes automobilísticos. Geralmente, quando esse ligamento
se rompe isoladamente (sem danificar outras estruturas), a lesão ocorre com o joelho
em hiperflexão e o pé em flexão plantar. Por outro lado, no impacto do indivíduo contra
o painel de um carro, há uma força direta sobre a região anteroproximal da tíbia, que,
normalmente, resulta em danos ligamentares combinados. Lesões isoladas do LCP são
frequentemente tratadas de forma não cirúrgica (BARBOSA; SILVA, 2021).

Já as lesões do ligamento colateral medial (LCM), podem gerar estiramento ou,


até mesmo, ruptura deste ligamento. Geralmente ocorrem por contusões (“pancadas”)
de alta intensidade na lateral no joelho com o pé fixado ao solo. Vale lembrar que o LCM
é o ligamento mais lesionado em esportes de contato.

As lesões do menisco podem ocorrer por consequência das lesões no LCM, sendo
que o menisco medial é lesionado com maior frequência do que o lateral, afinal, o menisco
medial é fixado com mais firmeza à tíbia e, portanto, é menos móvel

Na ausência de reconstrução do LCA, há também aumento da incidência de


rupturas dos meniscos mediais, embora a carga sobre eles retorne ao normal caso
seja reconstruído. Um menisco roto é bastante problemático, afinal, o fragmento de
cartilagem livre pode deslizar e impactar na mecânica articular. Os sintomas incluem dor
e travamentos intermitentes da articulação.

A síndrome da dor patelofemoral compreende o deslizamento patelar inadequado,


gerando movimento doloroso na articulação patelofemoral durante, e após a atividade
física. De forma particular, a dor tende a ser maior nos exercícios com flexão repetitiva
do joelho, como subir e descer escadas, corrida e agachamento. As possíveis causas
incluem desequilíbrios musculares, desalinhamentos anatômicos, fraqueza dos músculos
isquiotibiais e quadríceps, atividade excessiva e aumento da força de rotação lateral do
quadril. É mais prevalente em mulheres do que em homens (COHEN; ABDALLA, 2015).

A condromalácia patelar pode ser causada pelo deslocamento anormal da patela


em relação ao fêmur, gerando inflamação da cartilagem patelar, com consequente
degeneração. O paciente relata dor na região anterior da patela e crepitações (BARBOSA;
SILVA, 2021).

Caro estudante, devido aos papéis desempenhados pelo tornozelo e pelo pé,
lesões nessas regiões podem limitar a mobilidade, interferir diretamente na rotina diária
do indivíduo e, até mesmo, resultar em grande tempo de afastamento do treinamento
em atletas (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022). Veja a seguir algumas das lesões que mais
acometem os pés e o tornozelo.

57
As entorses por inversão são mais comuns do que por eversão, pois a cápsula
articular e os ligamentos são mais fortes na face medial do tornozelo. O ligamento
deltoide, por exemplo, é tão forte que é mais provável que a eversão excessiva cause
uma fratura distal da fíbula do que ruptura deste ligamento. Entorses repetitivas podem
causar instabilidade funcional, caracterizada por padrões de movimento alterados
significativamente no tornozelo e no joelho. Dentre outros ligamentos que são lesionados,
temos o talofibular anterior e posterior e ligamento calcaneofibular (PRETINCE, 2011).

A tendinite do tendão do calcâneo é uma inflamação dessa região e, geralmente,


gera microrrupturas do tecido acompanhadas por edema. Um possível mecanismo de
lesão envolve a tensão repetitiva que causa fadiga, redução da flexibilidade muscular
e aumento da sobrecarga no tendão, mesmo com o músculo relaxado. Outra opção é
que, por si só, a carga repetitiva leva a insuficiência ou à ruptura das fibras colágenas do
tendão. Esta lesão está associada a atividades de corridas e saltos, sendo comum entre
dançarinos. É o tendão do corpo humano que mais se rompe (COHEN; ABDALLA, 2015).

O repetitivo alongamento da fáscia plantar pode causar microrrupturas e


inflamação próxima à sua inserção no osso calcâneo. Neste caso, o paciente apresentará
dor no calcanhar e/ou no arco do pé. O pé plano, côncavo e rígido, além de tensão
nos músculos posteriores do membro inferior, pode contribuir para o surgimento da
lesão. É uma lesão comum em jogadores de basquete, corredores, dançarinos, tenistas
e ginastas (BARBOSA; SILVA, 2021).

6 ALTERAÇÕES CINÉTICO-FUNCIONAIS DA COLUNA


VERTEBRAL RELACIONADAS À PRÁTICA ESPORTIVA
A coluna vertebral está sujeita a diversas deformações, e agora, veremos o que
essas deformações representam em termos estruturais, quais as principais estruturas
afetadas, como identificá-las e como reabilitá-las, quando possível (PRETINCE, 2011).

A coluna vertebral é a estrutura central do esqueleto humano, com início na


região subcranial e, juntamente com a caixa craniana, esterno e arcos costais, constitui
o esqueleto axial. De uma forma simples, pode-se dizer que é uma haste óssea firme
e flexível, com posicionamento longitudinal e mediano e de onde parte o esqueleto
apendicular (BARBOSA; SILVA, 2021).

É constituída por diversos elementos individuais, sobrepostos e unidos entre si,


os quais formam um eixo de conexão entre o sistema nervoso central (SNC) e o sistema
nervoso periférico (SNP), por meio da medula espinal – contida no interior do canal
vertebral da coluna vertebral. Apresenta papel fundamental na sustentação do peso
corporal, conformação estrutural e postura, movimentos, locomoção e proteção do SNC
(LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).

58
IMPORTANTE
A coluna vertebral é parte chave do sistema locomotor e sua
mobilidade articular possibilita, além da estabilidade do tronco, a
mobilidade das diferentes partes do corpo humano.

6.1 LOMBALGIA
A dor lombar é atualmente a principal queixa relacionada ao sistema
musculoesquelético no mundo. Estudos realizados em grandes centros de referência em
pesquisas epidemiológicas de países desenvolvidos revelam que, aproximadamente 80% da
população apresentará, pelo menos, um episódio de dor lombar ao longo da vida. Embora
a grande maioria dos casos tenha uma boa evolução, as pesquisas mais recentes apontam
para desfechos não tão favoráveis, com períodos de recuperação relativamente longos
e uma alta taxa de recidiva. Além disso, ela representa a segunda causa de abstenção
ocupacional e de incapacidade definitiva (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).

Sabemos que lombalgia é o termo que se refere à dor localizada entre a última
costela e a prega glútea e, algumas vezes, irradia-se para os quadris e MMII. Quando
ela segue um trajeto radicular característico, acometendo o membro inferior até a
região abaixo dos joelhos, é chamada de lombociatalgia. Tanto a lombalgia quanto a
lombociatalgia são sintomas de diversas situações clínicas distintas. Porém, a lombalgia
pode ser uma doença propriamente dita e, neste caso, o termo ideal é lombalgia
mecânica comum.

Os casos agudos costumam apresentar resolução espontânea, mas os casos


que se tornam crônicos chegam a ser um grande desafio clínico aos profissionais
envolvidos. A lombalgia mecânica comum crônica é multifatorial e inclui tanto os fatores
mecânicos e degenerativos quanto fatores de ordem psicológica, social ou ocupacional.
E, muitas vezes, é complicado identificar a estrutura anatômica responsável pela dor
nestes pacientes.

6.2 HÉRNIA DE DISCO


É a protrusão do núcleo pulposo por meio de soluções de continuidade das
fibras do ânulo fibroso. A maioria delas acontece em torno dos 40 anos de idade,
com incidência póstero lateral. Contudo, nem toda hérnia discal é sintomática. Sua
sintomatologia depende das condições do canal medular, do grau de inflamação
adjacente, do tamanho da hérnia e da existência de doenças concomitantes, como a
espondiloartrose (DEFINO; PUDLES; ROCHA, 2019).

59
Quando presente na região cervical, a queixa principal é dor no braço e, às vezes,
sem mesmo cervicalgia associada. Essa dor geralmente tem início na parte posterior
do pescoço e caminha para o ombro, braço e antebraço até os dedos, sendo que sua
distribuição segue o trajeto da raiz acometida. A sintomatologia geralmente é gradual e,
com a evolução, pode acometer todo o membro superior e interferir na qualidade do sono,
fazendo o sujeito despertar paciente durante a noite (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).

Assim como na região lombar, a dor pode apresentar-se nos membros inferiores,
descendo pela região glútea, ou da virilha, e em direção aos pés. Seu trajeto e intensidade
dependem do local acometido.

Ao mesmo tempo em que o raio-x simples de um sujeito com hérnia de


disco pode resultar totalmente normal, a proporção de indivíduos assintomáticos que
apresentam evidências radiológicas de degeneração discal é imensa. Por isso, outros
exames como a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética são mais
indicados para a visualização das hérnias discais e tecidos paravertebrais.

Porém, devemos nos atentar ao fato que nem todas as alterações discais
reveladas pelos exames de imagem são sintomáticas e, assim, reforçamos a importância
da anamnese e do exame físico bem conduzidos para uma melhor interpretação e
correlação com tais exames.

60
LEITURA
COMPLEMENTAR
TREINAMENTO EXCÊNTRICO COMO PREVENÇÃO DE ENTORSE DE
TORNOZELO EM CORREDORES DE RUA: UMA REVISÃO

Maria Eduarda Bueno Martins


Natanne Maria da Silva Vieira Borges
Ana Paula Felix Arantes
Renato Canevari Dutra da Silva
Lorraine Moura Gomes

A corrida está associada a humanidade desde o processo de civilização, onde


correr significava sobrevivência, atualmente, através da corrida o indivíduo pode
desenvolver capacidades como: competitividade, interação e evolução. Sabe-se que
independente do esporte, os atletas estão expostos a lesões esportivas, onde destacam-
se as dos pés e tornozelos. Dentre todas as lesões esportivas, 25% referem-se a lesões
de pés e tornozelos, sendo, 45% entorses laterais de tornozelo.

Ressalta-se que as entorses laterais de tornozelo ocorrem frequentemente após


ocorrer o primeiro contato do retropé no solo, onde esse sofre uma supinação excessiva
com a perna em rotação externa. O movimento de inversão exagerada e rotação interna
do retropé vinculado a rotação externa da perna resultam na tensão dos ligamentos
laterais. Acredita-se que a flexão plantar aumentada durante o primeiro contato podem
aumentar a chances de levar a uma entorse de tornozelo.

O uso do treinamento excêntrico pode ser aplicado de forma benéfica, tanto a


protocolos de reabilitações articulares como em treinamento de atletas de grande escala.

Durante uma contração excêntrica, os músculos possuem a capacidade de


resistir melhor à força, ou seja, os músculos trabalhados nesse protocolo apresentam
maiores ganhos de força, comparado a uma contração concêntrica. Os treinos com
exercícios excêntricos executados de forma rápida são capazes de aumentar a hipertrofia
muscular assim como a força muscular, resultado da remodelagem das fibras proteicas.

As lesões de tornozelo são as mais comuns entre os atletas, podemos citar as


entorses laterais, distensões e rupturas ligamentares como as principais. Essas lesões
na maioria das vezes possuem recuperação rápida, contudo, em alguns casos, elas
podem tornar-se uma inflamação crônica gerando graves problemas para o atleta.

61
Existem fatores que podem ser levados em consideração para a ocorrência de
possíveis entorses de tornozelo como altura, gênero, peso, história prévia de lesão na
articulação e fadiga. E cita, que a fadiga muscular dentre os fatores etiológicos é o que
menos é compreendido dentre os aspectos fisiológicos e biomecânicos.

O tornozelo é alvo de lesões mais frequentemente por conta de uma inversão


forçada do pé, que promove o rompimento total ou parcial dos ligamentos presentes
nessa articulação, como o calcaneofibular e o ligamento talofibular. Se a inversão for
muito grave, pode gerar também, uma fratura da fíbula, devido a um deslizamento do
tálus contra o maléolo lateral.

Essas lesões trazem consequências graves como o aumento do risco de


futuras entorses de tornozelo, podendo ocasionar a ruptura ligamentar da articulação,
estabilidade articular e o afrouxamento da cápsula articular do tornozelo.

As entorses em inversão são mais comuns, comparadas com a em eversão,


e frequentemente ocasiona lesões nos ligamentos laterais. O ligamento talofibular
anterior, dentre os três ligamentos laterais é o mais fraco, ele possui a função de impedir
que aconteça uma subluxação anterior do tálus, e na posição de inversão, flexão plantar
e rotação medial, ele é lesionado.

A ruptura do ligamento talofibular anterior, aumenta-se a rotação interna do


retropé, ocasionando a instabilidade rotacional sobre os outros ligamentos dessa
articulação, que na maioria das vezes durante a avaliação no tornozelo após a entorse
não é diagnosticado.

Na grande maioria, a entorse de tornozelo acontece após ocorrer uma


supinação exagerada da articulação subtalar, em cadeia cinética fechada promovendo
uma inversão forçada e uma rotação interna do retropé, lesionando os ligamentos dessa
região. Os atletas que possuem o pé supinado podem apresentar uma inversão do retropé,
predispondo as entorses laterais de tornozelo.

A avaliação do grau dessa entorse depende se esses ligamentos foram distendidos


ou sofreram rompimentos completos. Essas entorses levam a uma inflamação, com edema
e dor na maioria dos casos.

Para determinar a severidade da entorse é preciso determinar a velocidade,


o mecanismo da lesão, os fatores extrínsecos e intrínsecos, e o histórico prévio. As
entorses de tornozelo são classificadas em três grau.

A fisioterapia desportiva trabalha com o objetivo de sempre buscar possibilidades


para que as lesões desportivas se tornem cada vez mais escassas durante as atividades
esportivas, principalmente para redução das lesões nos membros inferiores, como de
joelho e tornozelo.

62
No treinamento desportivo, os exercícios excêntricos associados ao de superação
do trabalho dos músculos, é bastante difundido para métodos de preparação de força.

O treinamento excêntrico para fortalecimento muscular, utiliza maior resistência


comparado a força isométrica produzida pelo atleta. Portanto, quando a resistência é
aplicada, o músculo é alongado. Por fim, o exercício excêntrico se mostra mais eficaz para
melhorar a força muscular e o tamanho do músculo. Os exercícios excêntricos realizados
com maior velocidade apresentam ganhos de força e hipertrofia maiores, pois estão
associadas as rupturas que acontecem nas linhas Z do sarcômero, que representam um
fenômeno, onde as proteínas que formam a fibra muscular passam por remodelagem.

A ação muscular excêntrica ocorre quando o músculo se alonga, com um torque


externo maior, do que o torque normal. Os músculos antagonistas controlam a ação
excêntrica, sendo essa ação considerada “negativa”, por agir a favor da gravidade ou por
controlar o movimento.

Uma contração excêntrica utiliza menos unidades motoras para gerar força
e menos oxigênio na realização da atividade, tornando-o mais resistente a fadiga,
comparado as contrações concêntricas.

O fortalecimento muscular é maior quando os músculos realizam movimentos


excêntricos, pois assim consegue movimentar cargas maiores contraindo-se excentri-
camente, tornando esses movimentos capazes de desenvolver as fibras musculares de
contração rápida.

As contrações excêntricas possuem papel fundamental na reabilitação de


lesões, pois atua na desaceleração dos movimentos realizados em ações rápidas, como
nos esportes, se o músculo não estiver preparado para suportar a ação excêntrica, pode
desencadear lesões desportivas.

As ações excêntricas retardam a ação da articulação ao final da sua amplitude de


movimento, e apontam que o atleta que possui força excêntrica reduzida, está predisposto a
desencadear uma lesão em um movimento que depende de uma desaceleração de alta
velocidade. Deve-se levar em consideração a velocidade na realização da ação e o controle
da carga que será utilizada na fase excêntrica, pois em alta velocidade ou com a carga
elevada o indivíduo pode desenvolver dores musculares e até mesmo lesões.

Os exercícios no treinamento excêntrico devem ser realizados com cargas de


10 a 40% de sua carga máxima, e para realizar essa ação, é necessário equipamento
específico ou profissional especializado, para auxiliar o indivíduo a controlar o peso e
retornar à posição inicial.

63
Durante a prescrição do treinamento de exercício excêntrico é importante
analisar a síndrome da dor muscular tardia, a qual acontece frequentemente após 24 a
72 horas ao treino, sendo preciso desenvolver estratégias de preparação, recuperação
e análise das cargas durante o treinamento. As principais contraindicações para
realização do treinamento, são as inflamações e a dor, pois se o exercício for realizado
com a inflamação ativa, os traumatismos do tecido muscular podem se ampliar e piorar o
edema e a dor do local.

A dor muscular de início tardio, pode ser controlada através de precauções,


como: evitar a atividade excêntrica nas primeiras semanas do treinamento ou iniciar o
exercício com baixa intensidade, e aumentar gradualmente de acordo com a capacidade
do atleta. Dessa forma, a dor em alguns casos pode acontecer, contudo será bem mais
suportada de acordo com que o atleta aumente sua força e sua habilidade com as
atividades de alta intensidade.

O uso de exercícios excêntricos, e posteriormente a inclusão de exercícios


isométricos e concêntricos, dentro de um treinamento, podem ser utilizados para obter
um resultado benéfico de aumento de força e reabilitação de lesões musculares.

A frequência semanal do treinamento excêntrico, depende da intensidade e da


durabilidade do exercício. Quando o treino é realizado em alta intensidade e com grande
durabilidade, os músculos e estruturas locais, são sobrecarregados e precisam de tempo
para se adaptar, recuperar e regenerar. No geral, os treinamentos de alta intensidade
possuem intervalos de 48 horas.

E quanto aos exercícios excêntricos para prevenção de entorse de tornozelo em


corredores? O músculo gastrocnêmico possui origem com suas cabeças mediais e laterais
superiormente aos epicôndilos medial e lateral do fêmur. Suas principais funções são
realizar flexão plantar e supinação quando a perna não está apoiada, como desencostar o
pé do solo durante a corrida, e quando este, encosta novamente, auxilia na sustentação.

O fortalecimento do gastrocnêmico e do sóleo, podem ser fortalecidos através


da flexão plantar podendo utilizar como resistência halteres fixos e barras com anilhas,
onde o fisioterapeuta pode posicionar o atleta sentado ou em pé, realizando a flexão
plantar com a resistência.

O músculo tibial anterior com origem nos dois terços superiores da superfície
lateral da tíbia, possui ação de realizar a dorsiflexão do tornozelo e inversão do pé. O
fortalecimento desse músculo responsável pela flexão dorsal do tornozelo, pode ser
realizada através do atleta sentado, realizando uma dorsiflexão unilateral do tornozelo
contra uma resistência, podendo utilizar como opção de resistência a força do próprio
fisioterapeuta, tornozeleira ou faixas elásticas.

64
O músculo fibular longo realiza a eversão do pé e auxilia na flexão plantar do
tornozelo, possui origem na região proximal lateral da fíbula e na membrana interóssea. Já
o músculo fibular curto, origina-se nos dois terços da superfície lateral da fíbula, realizando
as funções de eversã do pé e flexão plantar do tornozelo. Para realizar o fortalecimento
do musculo fibular longo, o indivíduo irá realizar o movimento de eversão do pé, sentado,
contra a resistência oferecida, podendo utilizar como resistência as tornozeleiras, faixas
elásticas ou a força do próprio fisioterapeuta.

FONTE: Disponível em: <http://twixar.me/NvMm>. Acesso em: 06 set. 2022.

65
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• Lesões internas são de detecção mais complexa e respeitam uma série de critérios, os
quais devem ser de conhecimento do fisioterapeuta para que ele consiga reconhecê-los
e adotar os devidos procedimentos.

• A cinemática do trauma compreende a análise biomecânica dos movimentos e das


forças que, de algum modo, podem influenciar ou ter influenciado lesões em um
indivíduo.

• As fraturas ósseas são as lesões mais comuns dos ossos, enquanto as luxações e
entorses são as lesões articulares mais corriqueiras. Normalmente, elas ocorrem por
conta de um trauma em que a energia imposta supera a capacidade de deformação do
tecido ou gera movimento demasiado, além da capacidade da estrutura.

• Uma das possíveis lesões que podem acometer as articulações são as luxações, que
são o quadro em que as extremidades conectadas de dois ou mais ossos se deslocam
de sua posição natural, gerando um prejuízo à congruência harmônica da articulação.

• Entorses são ainda mais comuns do que as luxações, já que consistem no movimento
além da capacidade móvel da articulação, gerando prejuízos aos tecidos moles. Os
tecidos mais acometidos costumam ser os ligamentos.

• Os estiramentos e as distensões são semelhantes, diferindo-se um do outro somente


pela região afetada. O primeiro trata de prejuízo à estrutura das fibras no ventre muscular,
enquanto o segundo, trata de prejuízo à estrutura da junção musculotendínea.

66
AUTOATIVIDADE
1 As entorses consistem no movimento além da capacidade móvel da articulação,
gerando prejuízos aos tecidos moles. Contudo, não há prejuízo à estrutura de conexão
entre os ossos, que se mantêm em sua posição normal. Sobre a entorse, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) Na entorse de grau 1, há estiramento dos ligamentos em que um percentual menor


das fibras do tecido é afetado.
b) ( ) Ruptura parcial dos ligamentos, em que um percentual moderado das fibras do
tecido é afetado, ocorre na entorse de grau 3.
c) ( ) Na entorse de grau 2, há ruptura total dos ligamentos, ocorrendo a descontinuidade
das fibras desses tecidos.
d) ( ) Indica-se cirurgia já em casos de entorse de grau 1.

2 As fraturas podem ser classificadas de acordo com o traço (completa ou incompleta),


a exposição (aberta ou fechada), a presença de lesões associadas (complicada ou
simples) ou o tipo de força causadora do trauma (direta, indireta ou torção). Com base
nas definições dos tipos de fraturas, analise as seguintes afirmativas:

I– Nas fraturas completas, há descontinuidade da estrutura óssea, ou seja, a fratura


ocorreu de um lado ao outro do osso.
II– As fraturas incompletas podem apresentar linha oblíqua, espiral ou transversa,
sendo representada por fraturas com trituração óssea, segmentares e por avulsão.
III– Nas fraturas completas, não há descontinuidade da estrutura óssea, ou seja, a fratura
acometeu uma região parcial do osso.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa I está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

3 Em decorrência de as mãos serem utilizadas excessivamente nas atividades diárias e


em muitos esportes, suas lesões são muito frequentes. De acordo com o estudado,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Entorses e luxações são bastante comuns em decorrência do uso excessivo, e


necessário, das mãos durante as atividades diárias e nas diversas práticas esportivas.
( ) O dedo em gatilho é uma alteração no mecanismo de deslizamento de um tendão
sobre sua bainha sinovial. Não há presença de um nódulo/protuberância na bainha
de revestimento.

67
( ) A Tenossinovite de De Quervain é uma tendinite do extensor curto do polegar e do
abdutor longo do polegar, relacionada com impacto.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – V – F.
b) ( ) V – F – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Os músculos estriados esqueléticos são formados, basicamente, por ventre e tendão.


Porém, há a presença de alguns anexos, como a fáscia muscular e a bolsa sinovial.
Essas estruturas podem ser lesionadas em casos de excesso de movimento, por
exemplo. Diante do exposto, descreva a função a bolsa (bursa) sinovial e defina a
bursite.

5 O joelho é uma região corporal do membro inferior e importante para mobilidade e


locomoção. É composto por três ossos: fêmur, patela e fíbula, compreendendo uma
articulação que realiza, funcionalmente, flexão e extensão da perna. Nesta articulação,
há a presença de diversos ligamentos que podem ser lesionados, principalmente
durante a prática esportiva. Neste contexto, disserte sobre as lesões de ligamento
cruzado anterior e ligamento cruzado posterior.

68
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, A.M. Biomecânica Prática no Exercício Físico. Curitiba:
Intersaberes, 2020.

BARBOSA, R.I.; SILVA, M.F. Fisioterapia Traumato-Ortopédica. Porto Alegre: Artmed,


2021.

CALAIS-GERMAIN, B. Anatomia para o movimento: Introdução À Análise Das


Técnicas Corporais. São Paulo: Manole, 2010.

COHEN, M.; ABDALLA, R.J. Lesões nos Esportes: Diagnóstico, Prevenção e


Tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2015.

COMPLETO, A.; FONSECA, F. Fundamentos de Biomecânica Musculoesquelética e


Ortopédica. São Paulo: Medicabook, 2011.

DEFINO, H.L.A.; PUDLES, E.; ROCHA, L.E.M. Coluna Vertebral: Lesões traumáticas. São
Paulo: Artmed, 2019.

FLOYD, R.T. Manual de Cinesiologia Estrutural. São Paulo: Manole, 2016.

HALL, S.J. Biomecânica Básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020.

HAMILL, J.; KNUTZEN, K.M.; DERRICK, T.R Bases biomecânicas do movimento


humano. São Paulo: Manole, 2016.

KAPANDJI, A.I. O que é Biomecânica? São Paulo: Manole, 2013.

KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. São


Paulo: Manole, 2021.

LIGGIERI, V.C.; TEIXEIRA, M.J.; YENG, L.T. Tratado de Dor, Reabilitação e Atividade
Física. Conceitos e Prática Clínica. São Paulo: Editora dos Editores, 2022.

LIPPERT, L.S. Cinesiologia - Clínica e Anatomia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,


2018.

MCGINNIS, P. M. Biomecânica do esporte e exercício. Porto Alegre: Artmed, 2015.

MOORE, K.L.; DAILEY, A.F.; AGUR, A.M.R. Anatomia Orientada para a Clínica. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.

69
MOREIRA, D.; RUSSO, A. F. Cinesiologia Clínica e Funcional. São Paulo: Atheneu,
2018.

NEUMANN D. A. Cinesiologia do Aparelho Musculoesquelético. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2018.

PRENTICE, W.E. Fisioterapia na Prática Esportiva: Uma Abordagem Baseada em


Competências. Porto Alegre: Artmed, 2011.

70
UNIDADE 2 —

FISIOTERAPIA ESPORTIVA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender a área de atuação da Fisioterapia Esportiva;

• estudar a prevenção de lesões no esporte;

• compreender o papel do fisioterapeuta em uma equipe esportiva.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1– INTRODUÇÃO À FISIOTERAPIA ESPORTIVA

TÓPICO 2– PREVENÇÃO DE LESÕES NO ESPORTE

TÓPICO 3– CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA NA PREVENÇÃO DE LESÕES ESPORTIVAS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

71
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A TRILHA DA
UNIDADE 2!

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72
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
INTRODUÇÃO À FISIOTERAPIA ESPORTIVA

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, serão abordados temas introdutórios no âmbito da
Fisioterapia Esportiva, incluindo: informações sobre a atuação do fisioterapeuta na área
esportiva, bem como os objetivos e momentos de intervenção; atividade física no contexto
da saúde, do esporte e do lazer, que irá contextualizar a importância do acompanhamento
fisioterapêutico em todos esses cenários; e, por último, a relação existente entre o exercício
físico e o condicionamento físico no âmbito do processo de recuperação funcional para
a prática esportiva.

Inicialmente, é importante destacar que a crescente importância da Fisioterapia


nos contextos mais diversificados traz consigo constante destaque quanto à importância de
suas especialidades. É proporcional à evolução da Fisioterapia Esportiva a evolução da
prática esportiva notada nas últimas décadas, fato que exige um nível de desempenho
e aproveitamento cada vez mais aprimorado por parte das equipes de atletas.

Hoje, essa condição é possível graças a um respaldo físico, técnico e teórico bem
formulado e aplicado no atendimento do atleta, já que ele se depara, muitas vezes, com
o limite fisiológico, sendo exposto a um maior risco de lesões durante treinos e jogos, o
que pode comprometer seu rendimento esportivo e impactar sua saúde com diversas
consequências negativas. Com isso, a Fisioterapia Esportiva tem sua importância
destacada, compreendendo uma área cada vez maior e considerada para atletas com
diferentes níveis de condicionamento.

Assim, o conteúdo apresentado e que será explorado ao longo deste tópico


é constituído por informações iniciais, que representam a base para os estudos e
entendimento da Fisioterapia Esportiva, visto que engloba fundamentos responsáveis por
justificar a importância da atuação fisioterapêutica no manejo do exercício físico, bem
como objetivos e pretensões esperadas por meio da tal atuação.

2 ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA ÁREA ESPORTIVA


Na prática, a necessidade da Fisioterapia Esportiva se mostra clara na sociedade
desde sempre em contextos históricos diversos, caracterizados por demandas
provenientes da prática esportiva. Tal manejo sempre foi realizado historicamente, ainda
que de modo pouco sistematizado. Contudo, a expansão da Fisioterapia no Brasil e no
mundo viabilizou que, pela primeira vez no Brasil, fisioterapeutas estivessem em campo
com atletas apenas a partir dos anos 1990, durante os Jogos Olímpicos. A partir de então,
o fisioterapeuta passou a estar cada vez mais presente no acompanhamento de atletas

73
antes, durante e após competições das mais diferentes modalidades esportivas e tipos
de competições, fato que resultou, também, em uma crescente produção de literatura
sobre o tema, que é fortemente verificada atualmente, além de, eventualmente, justificar
a necessidade de reconhecimento dessa especialidade da Fisioterapia, ocorrida no ano
de 2007.

2.1 ÓRGÃOS DE REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO


De acordo com o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
(COFFITO), a Fisioterapia Esportiva compreende um exercício profissional que engloba
desde a promoção da atenção básica prestada diretamente ao atleta no que diz
respeito a sua saúde, por meio da elaboração de um diagnóstico cinético funcional, até
a prescrição de intervenções fisioterapêuticas adequadas aos esportistas, de acordo com
momentos específicos, dentro de um período de competições (COFFITO, 2007). Assim
sendo, desde o ano de 2007 a Fisioterapia Esportiva é uma especialidade devidamente
reconhecida da Fisioterapia.

Com isso, ao longo do tempo, o papel da Fisioterapia Esportiva tem se estabelecido


fortemente na atuação da assistência funcional do atleta por meio de intervenções
específicas e oportunas, realizadas com o intuito de: favorecer a recuperação do organismo
ao seu estado basal; garantir condicionamento físico a partir de condições cinesiológicas
e biomecânicas favoráveis; prevenir ou tratar disfunções musculoesqueléticas para
promover a saúde do atleta; e otimizar o desempenho atlético. Além disso, estima-se
que todas as condutas fisioterapêuticas realizadas no contexto mencionado se atentam
à implementação pautada na cientificação de técnicas milenares, pautadas numa prática
baseada em evidências científicas, conforme Hamill (2016).

NOTA
Por definição, a prática baseada em evidências representa
metodologia indicada para prática clínica em saúde e é utilizada
por todas as profissões. Representa a utilização de evidências
científicas de qualidade, para respaldar a conduta clínica com base
em conceitos e intervenções devidamente testadas por ensaios
clínicos de alto rigor metodológico. Além disso, a prática baseada
em evidências representa importante norte para tomada de
decisão, de acordo com as necessidades de cada caso.

74
Ademais, faz-se importante que o fisioterapeuta esportivo se respalde nos
pilares históricos dos agentes da saúde em campo, que incluem, sobretudo: promover
boas condições de saúde por meio dos níveis de exercícios físicos praticados; favorecer
condições que preparem o organismo para os exercícios; e intervir de modo a minimizar
fatores de risco responsáveis por danos causados pelo exercício. Nesse sentido, o
COFFITO estabelece que a atuação do fisioterapeuta esportivo atende à competência e
às habilidades para a atuação nos seguintes cenários:

• atividade física no contexto da saúde, do esporte e lazer;


• exercício físico e condicionamento físico dentro do processo da recuperação
funcional, seguindo os critérios de retorno à prática esportiva;
• relação do esporte e atividade física no contexto da saúde coletiva e da prevenção
das lesões;
• fisiologia do exercício, propriedades biomecânicas do tecido musculoesquelético e
características biomecânicas das lesões esportivas;
• fatores predisponentes (extrínsecos e intrínsecos) relacionados às modalidades
esportivas;
• fatores epidemiológicos e predisponentes à ação da assistência fisioterapêutica
especializada na área;
• contextualização dos diferentes níveis de complexidade de atenção à saúde e das
políticas públicas de saúde, com enfoque especial para a Atenção Básica, garantindo
a promoção da saúde de atletas profissionais, praticantes de atividades esportivas,
incluindo aqueles com deficiência ou necessidades especiais, bem como a prevenção
de lesões e a recuperação funcional em casos de comprometimentos.

No que se refere aos órgãos regulamentadores da Fisioterapia Esportiva,


assim como para as demais especialidades da Fisioterapia, tem-se que compete ao
COFFITO e ao CREFITO (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional)
regulamentar a profissão, ao passo que o primeiro contempla autarquia federal com
objetivos constitucionais de normatizar e exercer o controle ético, científico e social das
profissões de Fisioterapeuta e de Terapeuta Ocupacional, e o segundo representa uma
autarquia estadual que exerce como função a normatização e fiscalização do exercício
das atividades de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

2.2 SOCIEDADE NACIONAL DE FISIOTERAPIA ESPORTIVA E


DA ATIVIDADE FÍSICA (SONAFE)
Para a especialidade da Fisioterapia Esportiva no Brasil, temos a SONAFE
(Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física), fundada no ano de
2003, antes mesmo da Fisioterapia Esportiva ser reconhecida como especialidade. Ela é
um órgão sem fins lucrativos, políticos ou religiosos, apresentando caráter científico-
cultural em âmbito nacional e abrangendo os mais diversos assuntos e temas de
interesse da área.

75
Assim, são objetivos da SONAFE: reunir, científica e culturalmente, fisioterapeutas
(registrados no Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) dedicados à
Fisioterapia Esportiva; promover o desenvolvimento técnico-científico dos fisioterapeutas
que congrega, visando a introduzir a qualidade nos procedimentos e rotinas operacionais
nas áreas da Fisioterapia Esportiva; promover a divulgação do papel do fisioterapeuta do
esporte, assim como de sua efetiva importância para a área de saúde; conceder aos
seus associados o título de especialistas em Fisioterapia Esportiva, conforme critérios
definidos pela Comissão de Concessão de Títulos; colaborar, no que for pertinente,
com o COFFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) e respectivos
Conselhos Regionais; organizar e realizar Congressos Nacionais e Internacionais e
Jornadas Estaduais de cunho técnico ou científico; promover intercâmbio, parcerias e
convênios com profissionais, entidades congêneres e universitários no país e no exterior
de acordo com o interesse para a prática profissional de seus associados; coordenar a
publicação de livros, revistas, boletins e organizar o acervo relacionado à Fisioterapia
Esportiva; coordenar a realização de cursos de atualização e capacitação profissional
nas modalidades presencial e a distância; fomentar discussões acerca da Fisioterapia
Esportiva e da Atividade Física em nível acadêmico; e referendar e recomendar a seus
associados cursos de pós-graduação a nível nacional e internacional.

Podem associar-se à SONAFE profissionais acadêmicos, profissionais atuantes


em consultórios e clínicas e profissionais atuantes no esporte profissional. Para ser
sócio da SONAFE, é necessário possuir graduação em Fisioterapia e submeter-se a
uma avaliação que é realizada em conjunto com o COFFITO e compreende prova teórica
e avaliação curricular. Após ser aprovado nessas etapas, o candidato será sócio da
SONAFE e terá um certificado que o credencia a solicitar ao COFFITO o reconhecimento
de especialista em Fisioterapia Esportiva.

As vantagens em ser sócio SONAFE incluem: estar credenciado oficialmente


em uma associação de abrangência nacional e internacional; possuir maiores
perspectivas de atualização profissional; ter um órgão que os represente e dê respaldo
nas reivindicações para a classe; entrar no rol de profissionais indicados e listados no
portal da SONAFE para consulta de qualquer indivíduo da sociedade brasileira; obter
facilidades e descontos na participação de congressos de Fisioterapia Esportiva no
Brasil e no exterior; matricular-se em cursos de atualização com preços diferenciados e
vantajosos; e ter assinatura da Revista JOSPT.

2.3 ATRIBUIÇÕES E MOMENTOS DE ATUAÇÃO DO


FISIOTERAPEUTA ESPORTIVO
Quanto às atribuições do fisioterapeuta esportivo, estão: elaborar diagnóstico
cinético-funcional da equipe, associando histórico e possíveis fatores de risco sobre
a incidência de lesões; desenvolver e aplicar ações de campo, incluindo protocolos de
prevenção, preparo físico e recuperação após o esforço; diagnosticar lesões quando
presentes e tratá-las oportunamente.
76
A partir disso, estima-se que o fisioterapeuta esportivo acompanhe continuamente
o atleta, incluindo os momentos de treinos e competições, os quais representam ótima
oportunidade para avaliação dos gestos esportivos do atleta e para identificação de
possíveis comprometimentos na biomecânica que possam influenciar na execução do
movimento e, consequentemente, no rendimento esportivo, conforme Hamill (2016).

Assim, o trabalho do fisioterapeuta em campo divide-se, basicamente, em duas


fases, caracterizadas do seguinte modo:

• Fase 1 – Ocorre identificação retrospectiva do histórico de lesões do atleta por meio


de inquéritos ou registos e realiza-se avaliações específicas para identificação de
possíveis desalinhamentos, desequilíbrios ou, ainda, fragilidades.
• Fase 2 – São implementadas análises sobre o risco de lesões, que consideram as
características atuais com as características passadas dos atletas, a fim de entender os
fatores de risco sobre a incidência de novas lesões. A partir de então, são prescritos
protocolos preventivos, de acordo com as necessidades verificadas em cada caso.

Para tanto, estima-se que o profissional conheça perfeitamente o esporte com o


qual vai trabalhar, incluindo todas as suas regras e execuções de movimentos específicos
em campo, o que é fundamental para predizer gestos característicos de cada modalidade
e, ainda, a exposição ao risco de regiões corporais específicas, além do substrato
biomecânico e fisiológico da modalidade e a metodologia de treinamento adotada.

Por exemplo, no futebol, são comuns as lesões ligamentares em joelho e


estiramentos musculares, ao passo que, na natação, são comuns casos de tendinopatias
e entorses no ombro. Similarmente, outras modalidades esportivas irão demonstrar
padrões comuns de lesões de acordo com os gestos realizados com frequência, sendo
tais informações básicas ao fisioterapeuta esportivo. Portanto, estima-se que as
estratégias fisioterapêuticas considerem o tipo de estresse sofrido e a condição física
atual do atleta para que as técnicas sugeridas atendam a tais elementos.

ESTUDOS FUTUROS
As lesões esportivas representam um problema na rotina de
atletas e, por isso, devem ser adequadamente compreendidas,
para que sugestões oportunas sejam propostas a fim de prevenir
e tratar tais condições. A esse respeito, o Tópico 3 irá abordar
com detalhes o papel do fisioterapeuta na prevenção de lesões
musculoesqueléticas advindas da prática esportiva.

77
Quanto aos momentos de inserção do fisioterapeuta esportivo, esses podem
ocorrer em diferentes tempos, incluindo a fase sincrônica, a fase primária e a fase
secundária, caracterizadas do seguinte modo:

Fase sincrônica:
• Momento: antes e durante a prática.
• Metas: preparar o atleta para o esforço e auxiliar na restauração imediata das funções.
• Estratégia: auxiliar no aquecimento, aplicação de órteses, uso de técnicas de baixa
intensidade e volume.

Fase primária:
• Momento: até duas horas após a prática.
• Metas: redução moderada do tônus muscular e auxílio na restauração imediata aos
níveis basais.
• Estratégia: uso de técnicas metabólicas e estruturais de moderada intensidade e
volume.

Fase secundária:
• Momento: período referente a após duas horas da prática esportiva.
• Metas: eliminar o estado de hipertônus muscular e preparar o atleta para o próximo
estímulo.
• Estratégia: uso de técnicas de alta intensidade ou volume.

Por fim, no que se refere às áreas de trabalho, o fisioterapeuta com formação


especializada em esportiva, além da atuação em campo, pode atuar nas seguintes áreas:
clubes, clínicas de reabilitação esportiva, docência e desenvolvimento de pesquisas.

3 ATIVIDADE FÍSICA NO CONTEXTO DA SAÚDE, DO


ESPORTE E DO LAZER
O intuito deste subtópico é que, ao final da leitura, você compreenda com
clareza a importância de conceitos relacionados à atividade física e saúde, esporte e
lazer, de modo que o primeiro representa um elemento que viabiliza as atividades de
lazer e esporte da mesma maneira que viabiliza a prática esportiva.

Assim, é interessante que você perceba imediatamente o quanto esses


conceitos se relacionam entre si, sendo diretamente proporcionais, ou seja: quanto
mais atividades físicas determinado sujeito desempenha no seu dia a dia, maiores
as chances de se sentir disposto e motivado a praticar atividades diversas de lazer e
esporte, além de demonstrar maiores chances quanto à boa qualidade de vida. Isso
também se relaciona à saúde, conforme Kenney (2013).

78
Portanto, a importância da atividade física para verificação de bons níveis
de saúde relaciona-se com melhores níveis de qualidade de vida, o que, por sua vez,
reduz significativamente as chances do desenvolvimento de doenças crônicas não
transmissíveis, pois elas associam-se ao sedentarismo e são responsáveis por elevada
taxa de mortalidade no mundo. Além disso, a atividade física também tende a minimizar
problemas relacionados à baixa imunidade, insatisfação pessoal com o corpo e aspectos
de ordem psicossociais. Com isso, é notória a importância que a prática da atividade
física reflete em vários aspectos da vida do sujeito.

3.1 CONCEITUALIZAÇÃO DOS TERMOS: ATIVIDADE FÍSICA E


EXERCÍCIO
Por definição, o termo “atividade física” engloba quaisquer movimentos
realizados com o corpo para execução de tarefas diversas do dia a dia, como afazeres
domésticos, andar a pé até a padaria, subir e descer escadas, andar de bicicleta,
dentre outros. Assim, tudo o que fazemos diariamente e requer movimentos corporais
representa tipos de atividade física.

Perceba, então, que o conceito de atividade física é diferente do conceito que


define o exercício físico, de modo que o primeiro em cenário algum substitui o segundo.
Isso porque o exercício físico representa a realização sistemática de movimentos
com ênfase no aumento progressivo da aptidão física e, por isso, respeita princípios
diversos para que tais objetivos sejam atingidos, sendo eles: individualidade biológica,
sobrecarga, adaptabilidade, reversibilidade, continuidade e interdependência de volume
e intensidade, de acordo com Kenney (2013).

DICA
Que tal aprofundar seus estudos sobre o tema? O livro Atividade
física, lazer e saúde, do autor Paulo Heraldo Costa do Valle,
apresenta quatro capítulos que incluem temas importantes
relacionados à qualidade de vida e saúde, temas que são básicos
e preliminares ao entendimento complexo do organismo do
atleta. Sendo assim, a leitura irá contribuir e fundamentar a
elaboração do seu raciocínio clínico. Encontra-se disponível neste
link: http://twixar.me/04Mm.

Agora que são conhecidos os princípios do treinamento, outro fator importante a


ser respeitado no manejo do atleta se refere à periodização implementada nas rotinas
de treinamento. Essa implementação se faz indispensável para resultar em adaptação
positiva no que se refere aos ganhos de aptidão física, para evitar sobrecargas nos
sistemas corporais.

79
Nesse contexto, o conceito da periodização visa a organizar o modelo de
treinamento adequadamente dividido em unidades de treinamento. Na prática, isso
representa dividir um bloco de tempo disponível para o treinamento e variar os tipos de
estímulos implementados aos músculos, intercalando semanas de treino intenso com
semanas de treinos leves e moderados, de modo que, em alguns momentos, o foco
estará voltado ao ganho de hipertrofia e, em outros, treinos de explosão e resistência.

Tal distribuição é importante para garantir períodos de recuperação, que são


fundamentais aos ganhos notados subsequentemente. Talvez, neste momento, você
esteja se perguntando o porquê de a periodização ser importante, não é mesmo? A
resposta a essa pergunta é: pelo fato de o corpo se adaptar aos estímulos gerados. Por
exemplo, se você agachar todos os dias, várias vezes ao dia, terá pernas fortes. Da mesma
maneira, se “supinar” com frequência, desenvolverá peitorais e ombros bem definidos.
Mas o ponto é que, sem a implementação dos conceitos de princípios do treinamento,
chega um ponto em que a adaptação se mostra difícil, e os ganhos verificados também,
o que reitera a importância da periodização para viabilizar superação de diferentes
platôs, no intuito de otimizar os ganhos à medida que o tempo passa.

3.2 FORMAS DE MANIFESTAÇÃO ESPORTIVA


A partir do exposto, obviamente, a atividade física se faz fundamental na rotina
de indivíduos saudáveis, visto que a produção de movimentos diversos é responsável
pela funcionalidade e execução das tarefas que realizamos ao longo de toda nossa
vida. É exatamente a execução de tais movimentos que nos permite independência
para o deslocamento no espaço, sendo, também, importante para qualidade de vida e
satisfação pessoal.

Por isso, é clara a relação existente entre a atividade física desempenhada com
bons níveis de saúde e a prática esportiva em atividades de lazer, visto que, quanto
mais ativo um indivíduo for, tenderá a apresentar maior disposição para execução de
atividades esportivas e lazer.

Logo, observa-se existência de classificações específicas a tipos de movimentos


realizados, o que também ocorre com a prática esportiva, que é classificada de acordo
com as seguintes formas de manifestação:

• Esporte por lazer.


• Esporte por saúde.
• Esporte competitivo.
• Esporte de alto rendimento.

80
A este respeito, nota-se que a motivação responsável por fundamentar o início da
prática esportiva é o que determina a forma de manifestação esportiva realizada. A principal
diferença existente entre tais modelos contempla a intensidade e volume de treinamento
implementados, mas é fato que, independentemente do nível, um acompanhamento do
fisioterapeuta esportivo se faz necessário, visando ajustar demandas fisiológicas de cada
organismo em favor das exigências requeridas por cada modalidade esportiva, a fim de
favorecer um ambiente saudável para a prática esportiva e, ainda, minimizar riscos de
lesões. Esse cuidado promoverá um usufruto exclusivo dos benefícios que o exercício
físico tende a proporcionar sobre a saúde do organismo como um todo.

3.3 ENTENDENDO NOSSO OBJETO DE ESTUDO: O ATLETA


É importante basearmos nossos estudos acerca da Fisioterapia Esportiva,
inicialmente, com foco voltado ao entendimento do objeto de estudo, neste caso, o atleta.

Perceba que tratar um atleta engloba particularidades não observadas em outras


especialidades da Fisioterapia. A primeira delas se refere ao fato de que, muitas vezes,
a prática esportiva compreende o “ganha pão” do atleta, ou seja, é por meio dos seus
rendimentos e conquistas que a carreira irá progredir de modo promissor, resultando em
vitórias, reconhecimento e retorno financeiro. Especialmente nesses casos, disfunções
musculoesqueléticas de diferentes origens podem significar o fim de uma carreira,
sobretudo quando o suporte e a reabilitação adequados não são realizados, o que reitera
a importância do acompanhamento fisioterapêutico nesses casos.

E, mesmo se tratando de atletas recreacionais, disfunções musculoesqueléticas


também devem ser evitadas, de modo que conquistas e vitórias representem o objetivo
primário da prática esportiva e sempre constituirão fontes motivacionais importantes
para sua manutenção. Ao contrário, lesões e dores advindas do esporte representam
importante potencial de interrupção e afastamento, fato suficiente para justificar a
necessidade e importância do acompanhamento fisioterapêutico inclusive para essas
formas de manifestação esportiva, mesmo que em níveis não profissionais, pois o
esporte, por si só, expõe o organismo ao risco de lesões.

Além disso, sendo o atleta nosso objeto de estudo, devemos considerar que
ele é constituído de um organismo complexo, constituído por diferentes tipos de tecidos
e sistemas corporais, os quais, por sua vez, reagem de modo particular em resposta a
diferentes estímulos, que podem ser advindos de origem externa ou interna, resultando
em respostas que podem ser normais ou anormais, conforme Prentice (2012).

Em casos de respostas normais ao exercício, temos a condição de adaptação,


e, em casos de respostas anormais ao exercício, temos a representação de lesões
esportivas. O raciocínio aqui apresentado é ilustrado no esquema abaixo. Portanto, se faz
fundamental entendermos esse ciclo, para que estejamos bem esclarecidos quanto ao
papel e importância da nossa atuação, visando a favorecer e promover condições seguras
para a prática esportiva.
81
FIGURA 1 – ENTENDENDO NOSSO OBJETO DE ESTUDO

FONTE: a autora

A partir do exposto, a apresentação dos conceitos e informações descritas


constitui o conhecimento básico para o avanço dos nossos estudos, que envolvem,
primariamente, o entendimento do atleta e suas relações com a prática esportiva.
Sendo assim, seguiremos nossos estudos com aprofundamento sobre o entendimento
do papel do exercício e condicionamento físico no processo da recuperação funcional,
que é indispensável à prática esportiva em níveis seguros para prevenção de lesões e
progressão da aptidão física.

4 RELAÇÃO ENTRE EXERCÍCIO FÍSICO E


CONDICIONAMENTO FÍSICO NO PROCESSO DE
RECUPERAÇÃO FUNCIONAL À PRÁTICA ESPORTIVA
A prática do exercício físico representa a ferramenta básica para conquistar o
condicionamento físico esperado e necessário à prática esportiva, a qual, por sua vez,
depende de níveis adequados de aptidão física para que os resultados sejam favoráveis
no âmbito de desempenho e prática em níveis seguros, em via de minimizar risco de
lesões esportivas.

82
Entretanto, ainda que o exercício físico seja o caminho óbvio ao treinamento
físico e modulação do atleta, é de suma importância que seja praticado em níveis
prescritos, que estejam pautados em diversos pilares já mencionados, como princípios
do treinamento, características da modalidade praticada, periodização, dentre outros.
Assim, um ambiente de treinamento favorável e que respeite esses e outros princípios
viabiliza uma recuperação funcional, favorável e esperada para prática esportiva,
visto que é exatamente por meio de tal processo de recuperação que bons níveis de
aptidão são conquistados e a sobrecarga de impacto aos tecidos é evitada. Sobre isso,
na sequência, entenderemos com mais detalhes de que modo a aplicabilidade de tais
conceitos ocorre na prática do fisioterapeuta esportivo.

4.1 IMPORTÂNCIA DO CONDICIONAMENTO FÍSICO PARA


PRÁTICA ESPORTIVA
Neste momento dos nossos estudos, a relação existente entre o treinamento
físico e a Fisioterapia Esportiva já se demonstra cada vez mais clara. Com isso, alguns
conceitos precisam ser apresentados para que tal relação esteja, de fato, bem pontuada e
esclarecida. Em relação ao treinamento, ele é representado por repetições sistemáticas,
responsáveis por alterações na forma e função a longo prazo. Pode-se treinar as
habilidades físicas treináveis, que são força, resistência, flexibilidade, potência, agilidade,
velocidade e coordenação, de acordo com Prentice (2012).

A partir de então, a adaptação física advinda do treinamento físico para


qualquer uma das habilidades físicas treináveis depende de um treino prescrito que
atenda a todos os princípios biológicos do treinamento apresentados anteriormente
e, além disso, respeite condições fisiológicas que considerem intervalos para níveis de
recuperação desejáveis e importantes aos ganhos físicos pretendidos. Portanto, os
objetivos do fisioterapeuta sobre o treinamento físico incluem informar o atleta sobre
potenciais fatores que causam as lesões, preparar o atleta para a prática esportiva e
auxiliar na recuperação após o esforço.

4.2 RECUPERAÇÃO FUNCIONAL APÓS O EXERCÍCIO


A recuperação que ocorre em sequência à realização do exercício inclui
variáveis clínicas (dor e sensação de recuperação), metabólicas (substratos energéticos)
e funcionais (força, resistência etc.). Nesse ponto, é importante salientar que a
recuperação de todas as variáveis mencionadas se faz importante antes que o atleta
seja novamente submetido a um novo estresse (exercício). Isso porque o conjunto
dessas variáveis sinaliza que o organismo já retornou às suas condições basais (pré-
exercício) e encontra-se preparado para novos estímulos.

83
A partir do exposto, o tema “recuperação após o exercício” tem sido
exaustivamente estudado cientificamente e, por isso, constitui importante área de
concentração da Fisioterapia Esportiva. Nesse contexto, a mencionada recuperação
pós-exercício contempla a restauração dos sistemas corporais à sua condição basal,
caracterizando a homeostase do organismo. Nota-se que o conceito apresentado
é amplo e complexo, uma vez que envolve respostas fisiológicas, psicológicas e
nutricionais. O conjunto delas, quando em equilíbrio, tende a resultar em um balanço
satisfatório à prática esportiva, conforme Lopes et al. (2019).

Nesse âmbito, se faz importante considerar a relação existente entre níveis
de recuperação e fadiga e como tais fatores impactam o desempenho esportivo
subsequente. É exatamente a atração pelo entendimento de tal relação que tem
motivado interesse nas Ciências do Esporte há vários anos, visto que, na prática, é
cada vez mais clara a importância de bons níveis de recuperação sobre a adaptação
positiva pretendida no âmbito do treinamento físico, fator que repercute ainda sobre
melhores níveis de desempenho esportivo e menor exposição sobre a incidência de
lesões esportivas, de acordo com Prentice (2012). Os argumentos listados reiteram a
importância dos nossos estudos sobre a recuperação funcional no manejo do atleta.

Portanto, a recuperação pós exercício ocorre com o repouso. No entanto, nem


sempre o atleta consegue realizar o tempo de descanso necessário, e foi exatamente
neste cenário que algumas técnicas foram propostas e vêm sendo estudadas quanto
à sua eficácia, com o intuito de acelerar a recuperação após o exercício. Tais investigações
são realizadas por meio da condução de ensaios clínicos randomizados e meta-análises
que consideram e avaliam os efeitos de diferentes tipos de técnicas recuperativas em
diferentes modalidades esportivas e perfis atléticos.

No que se refere à recuperação funcional, evidências científicas demonstram
que 60 minutos parece ser o tempo necessário para recuperação das funções internas
do organismo após a execução de um exercício intenso (ou seja, em níveis máximos),
de acordo com Nahon, Lopes e Magalhães Neto (2021). A respeito dessa informação, é
necessário que consideremos cenários de modalidades esportivas particulares, visto
que o intervalo entre cada uma delas é diferente. Por exemplo, no futebol, a pausa
corresponde a 15 minutos entre as partidas; no voleibol, a pausa dura de 3 a 10 minutos;
no tênis, dura 3 minutos; no basquete, dura de 2 a 15 minutos; e, nas lutas de MMA,
dura 1 minuto. Desse modo, devemos refletir: será que o intervalo sugerido em cada
modalidade esportiva apresentada é realmente pertinente para a recuperação do
organismo a níveis adequados para a continuação da prática esportiva? A resposta é
não, já que, em todos os exemplos, vemos intervalos de curta duração, em conformidade
com Lopes et al. (2019).

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4.3 TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO PÓS-EXERCÍCIO
Tal cenário caracteriza o motivo que fundamenta a sugestão para aplicação de
técnicas recuperativas nesses intervalos, com intuito de acelerar a recuperação fisiológica
e deixar o atleta mais bem preparado para a continuação da prática esportiva.

Desse modo, as técnicas utilizadas têm o intuito básico de potencializar e


reduzir períodos de recuperação. Dentre as técnicas comumente utilizadas nesse
âmbito, incluem-se crioterapia, contraste, massagem, recuperação ativa e fototerapia,
de acordo com Nahon, Lopes e Magalhães Neto (2021). Outras técnicas podem ser
mencionadas, mas, até o momento, apenas as aqui citadas denotam evidências
científicas que descrevem efeitos positivos no âmbito da recuperação após o exercício.
Protocolos específicos devem respeitar as características de cada modalidade esportiva e
necessidades individuais dos atletas.

IMPORTANTE
A escolha da melhor técnica, assim como do melhor protocolo,
deverá ser respaldada pela modalidade esportiva praticada e
nível de condicionamento do seu atleta. Isso porque, conforme
verificado ao longo dos nossos estudos, diferentes esportes
resultam em distintos níveis de exigências metabólicas e
funcionais. Logo, estima-se que a intervenção selecionada
seja adequada às suas necessidades, sendo fundamental a
verificação de evidências científicas atuais compatíveis ao seu
cenário de atuação, o que inclui o nível de condicionamento
do atleta e a modalidade esportiva praticada.

Neste intuito, protocolos apresentados na literatura sobre a recuperação ativa


recomendam que seja realizado exercício de baixa intensidade, visando a metabolizar
mais rápido o lactato excedente e, com isso, melhorar o desempenho. Exercícios
responsáveis por melhorar a oxigenação tecidual auxiliam nesse processo, como:
pedalar sem carga, trote leve, fazer alongamentos dinâmicos, deep-running (corrida na
água) e exercícios funcionais. Os exercícios realizados para promoção de recuperação
ativa podem ser enfatizados em grupos musculares localizados (como é o caso de
pedalar) ou grupos musculares sistêmicos no corpo todo (como é o caso da corrida
na água, por exemplo). Cerca de 4 minutos de recuperação ativa já é o suficiente para
resultados satisfatórios em diversas variáveis de recuperação.

85
FIGURA 2 – RECUPERAÇÃO ATIVA EM BICICLETA ERGOMÉTRICA APÓS O ESFORÇO

FONTE: a autora

A fototerapia é responsável por diversos efeitos fisiológicos, que incluem a


formação de mitocôndrias gigantes e o aumento da circulação local. Por isso, essa
técnica é indicada para acelerar a recuperação e otimizar níveis de performance. Estudos
diversos investigaram a eficácia dessa técnica no cenário apresentado, de modo que os
resultados são favoráveis à sua utilização para os desfechos mencionados. No que se
refere ao tempo, os protocolos podem variar entre quatro até 15 minutos, em média, de
acordo com o grupo muscular a ser tratado, bem como tipo de equipamento e potência
utilizados.

FIGURA 3 – APLICAÇÃO DE FOTOTERAPIA APÓS O ESFORÇO

FONTE: Tomazoni et al. (2019)

86
A massagem também pode ser útil, por aliviar a dor muscular tardia devido ao
aumento do fluxo sanguíneo e do fluxo linfático, diminuindo a água intramuscular e a
sensação de dor. Com isso, ela acelera a remoção de catabólitos e, consequentemente,
reduz o tempo de recuperação. Além disso, a massagem pode ser realizada imediatamente
após o exercício (devendo ser, neste momento, mais leve) ou tardiamente ao exercício
(devendo ser aplicada em intensidades moderadas ou intensas), a depender dos
objetivos pretendidos. O tempo da técnica também vai depender do grupo muscular
a ser tratado, porque certos grupos musculares requerem menos tempo, conforme
Nahon, Lopes e Magalhães Neto (2021).

FIGURA 4 – APLICAÇÃO DE MASSAGEM PARA RECUPERAÇÃO APÓS O ESFORÇO

FONTE: a autora

A técnica de contraste consiste na alternância de exposição ao frio e


calor, de modo que os efeitos fisiológicos decorrentes da sua aplicação resultam em
vasoconstrição periférica e vasodilatação reflexa. Como resultado, verifica-se que essa
técnica é capaz de acelerar a remoção de lactato sanguíneo em homens e mulheres,
além de melhorar a sensação subjetiva de recuperação.

No entanto, é importante controlar devidamente a temperatura da água nos


momentos de quente e frio, bem como o tempo de imersão em cada temperatura.
Recomenda-se 3 minutos em cada temperatura, alternando até completar 15 minutos
total de técnica. Essa técnica é mais adequada para aplicação em extremidades corporais,
como tornozelo, pé, punho e mão.

Por fim, a crioterapia consiste em reduzir a temperatura corporal por meio do


mecanismo de condução. Existem diferentes métodos para realização da crioterapia,
como a imersão em água fria, compressas, spray seco e varredura. Para a seleção
do melhor protocolo, devem ser avaliados tipo do exercício, objetivo de aplicação da

87
técnica, temperatura utilizada e grupo muscular a ser tratado. No que se refere aos
efeitos, a crioterapia é capaz de redirecionar o fluxo sanguíneo e, com isso, conter o
processo inflamatório por meio da vasoconstrição gerada. Além disso, a diminuição da
transmissão nervosa gera sensação de analgesia. A exemplo da técnica de imersão em
água fria, a literatura demonstra que a temperatura da água deve estar entre 11 e 15 °C, e
o tempo de imersão deve ser de 11 a 15 minutos.

FIGURA 5 – APLICAÇÃO DE IMERSÃO EM ÁGUA FRIA (MODALIDADE DE CRIOTERAPIA) PARA


RECUPERAÇÃO APÓS O ESFORÇO

FONTE: a autora

88
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• No Brasil, a Fisioterapia Esportiva começou a ter sua importância reconhecida a


partir dos Jogos Olímpicos dos anos 1990, com destaque nacional no ano de 2003
e reconhecimento enquanto uma especialidade de Fisioterapia, de acordo com o
COFFITO.

• O fisioterapeuta esportivo possui diferentes áreas de atuação, incluindo clubes,


campos, clínicas de reabilitação esportiva, docência e desenvolvimento de pesquisas.

• O trabalho com o treinamento físico requer conhecimento sobre os princípios


biológicos do treinamento, a partir dos quais é possível treinar as habilidades físicas
treináveis e, com isso, ajustar, no atleta, a aptidão física, com enfoque nas demandas
exigidas no esporte praticado por ele.

• A atuação fisioterapêutica pré-competição relaciona-se com a realização de


diagnósticos funcionais, que são essenciais para nortear ações de condicionamento
físico, orientação, conscientização e prevenção, além de viabilizar a proposição de
técnicas de recuperação pós-exercício mais adequadas e reabilitar lesões existentes.

• A recuperação pós-exercício visa a recuperar no organismo as condições basais


verificadas anteriores ao esforço. Nesse cenário, a aplicação de técnicas recuperativas
denota intuito de acelerar a recuperação metabólica, física, clínica e psicológica,
por meio das seguintes estratégias: recuperação ativa, massagem, fototerapia,
crioterapia e contraste.

89
AUTOATIVIDADE
1 De acordo com o COFFITO, ao fisioterapeuta esportivo, são distribuídas diversas
funções que tratam de otimizar e manter a saúde do atleta. Nesse sentido, diversas
ações são implementadas para atender ao intuito pretendido. A exemplo, a execução
de uma avaliação cinético-funcional implementada no momento de pré-competição,
sempre que realizada de modo completo e detalhado, pode ser capaz de resultar
informações úteis ao fisioterapeuta na realização de trabalhos futuros com o atleta.
Considerando que a avaliação cinético-funcional no período de pré-competição é
importante e relevante para pautar certas intervenções, sobre quais são elas, assinale
a alternativa CORRETA:

a) ( ) Avaliação pré-cirúrgica.
b) ( ) Prevenção de lesões.
c) ( ) Prescrição de dieta adequada.
d) ( ) Treinamento específico com bola.

2 Leia atentamente o trecho apresentado a seguir:

“A SONAFE Brasil tem o compromisso de reunir, científica e culturalmente, fisioterapeutas


registrados e dedicados à Fisioterapia Esportiva, além de promover o desenvolvimento
técnico-científico dos fisioterapeutas e a divulgar o papel do fisioterapeuta do esporte,
assim como sua efetiva importância para a área de saúde.”

Fonte: http://twixar.me/D4Mm. Acesso em: 4 out. 2022.

Com base nas diretrizes da SONAFE, analise as sentenças a seguir:

I- Participar de eventos científicos organizados pela SONAFE viabiliza que acadêmicos e


profissionais se atualizem por meio de informações atuais, assim como enriquece o
seu currículo.
II- Participar de eventos chancelados pela SONAFE agrega inúmeras vantagens aos
participantes, como o aumento do impacto do profissional enquanto pesquisador,
elevando o número de citações pela exposição gerada em ambientes científicos.
III- A Fisioterapia Esportiva é uma especialidade da Fisioterapia recente no país, mas que
conta com produção de evidências científicas robusta e completa a nível mundial,
importante por fundamentar a prática baseada em evidências e dispensando
pesquisas futuras a curto prazo.
IV- Uma das atribuições da SONAFE contempla a necessidade de reconhecimento
quanto à qualidade das disciplinas de Fisioterapia Esportiva ofertadas pelas
instituições de ensino superior distribuídas por todo país.

90
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença IV está correta.

3 Toda atividade necessita de regras para sua organização e, na execução do exercício


físico, não é diferente, ainda mais quando trabalhamos de forma direcionada e com
metas pré-estabelecidas para melhorar a habilidade física. Para tanto, a prescrição
do treinamento deve ser pautada nos princípios do treinamento, que devem nortear
qualquer exercício prescrito, incluindo desde uma simples caminhada ou corrida
até um treino de futebol de alto rendimento, por exemplo. Sobre os princípios do
treinamento físico, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A sobrecarga explica a variabilidade entre elementos da mesma espécie e considera


apenas o genótipo de cada indivíduo.
( ) Para se obter uma adaptação desejável (positiva), os estímulos devem ser de médios a
fortes e devem respeitar períodos intensos e ininterruptos de treinamentos.
( ) De maneira geral, quando o objetivo do treinamento é o ganho de força, deve-se
aumentar o volume de treino e reduzir a intensidade.
( ) A individualidade biológica está relacionada a uma sequência continuada de
estímulos, enquanto a reversibilidade está relacionada ao destreinamento.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F - F - V - F.
b) ( ) V - V - F - V.
c) ( ) F - F - V - F.
d) ( ) V - F - V - F.

4 A periodização consiste em oferecer, dentro de um sistema de organização, estímulos


diferentes em microciclos e mesociclos. A este respeito, explique a relevância de
modelos de periodização em rotinas esportivas.

5 A recuperação pós-exercício consiste em restaurar os sistemas do corpo à sua condição


basal, proporcionando equilíbrio e prevenindo a instalação de lesões. Nesse sentido,
torna-se aspecto importante de todo programa de condicionamento físico em qualquer
nível de desempenho, sobretudo nos mais elevados. Neste cenário, estratégias de
recuperação pós esforço são importantes, a fim de otimizar o rendimento dos atletas.
Disserte sobre os mecanismos de ação da crioterapia ou da massagem, justificando os
efeitos fisiológicos deles no contexto da recuperação após o exercício.

91
92
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —
PREVENÇÃO DE LESÕES NO ESPORTE

1 INTRODUÇÃO
A prática esportiva requer a execução complexa de movimentos repetitivos, que
são possíveis graças a uma complexa integração entre diversos sistemas corporais, como o
sistema nervoso e o sistema musculoesquelético. Desses sistemas, alterações cinético-
funcionais resultam em comprometimentos funcionais que são proporcionais à extensão
da alteração presente, de modo que tais limitações na prática esportiva resultam em
menor desempenho e maior exposição quanto à incidência de lesões esportivas.

Diversas são as razões responsáveis pela ocorrência de lesões no esporte, como


disfunções estruturais, desequilíbrio muscular, alterações metabólicas, sobrepeso
e características do próprio esporte. Diante desse quadro, o papel do fisioterapeuta
esportivo na prevenção de lesões no esporte se dá, inicialmente, pelo entendimento de
suas causas, que deve ser seguido pela correção delas e, então, menor exposição do
atleta sobre a ocorrência de tais episódios.

Para que tal intervenção seja possível, é necessário que o profissional conheça a
fundo as características de lesões esportivas causadas em tecidos corporais específicos,
visto que cada tecido possui morfologia, anatomia e fisiologia particulares, que resultam
em respostas de cicatrização também particulares. A partir de tal conhecimento, estima-
se que condutas fisioterapêuticas apropriadas sejam prescritas de modo a favorecer o
processo de cicatrização natural dos tecidos, otimizando o processo de recuperação e
retorno ao esporte.

A partir do exposto, no Tópico 2, iremos conhecer aspectos básicos e


características particulares da atuação da equipe interdisciplinar na prevenção de lesões
no esporte e na importância e relação existente entre alimentação, nutrição, sono e
estresse, além do rendimento esportivo subsequente, fato que justifica a relevância do
atendimento multidisciplinar prestado ao atleta para o controle de ambiente satisfatório à
prática esportiva. Acompanhe!

93
2 EQUIPE INTERDISCIPLINAR NA PREVENÇÃO DE
LESÕES NO ESPORTE
A saúde do atleta constitui pauta de interesse por parte dos atletas, equipes de
treinadores e profissionais da saúde, incluindo a Fisioterapia, que, por todas as ações
desempenhadas, representa uma peça-chave ao atendimento do atleta por diversas
razões. A preocupação evidente sobre o bem-estar do atleta é passível de diminuição
a partir do cuidado complexo, capaz de abranger diversas áreas dos saberes, como
Nutrição, Medicina, Educação Física e Fisioterapia, de modo a serem sanadas lacunas
em todas as respectivas áreas, viabilizando a prática esportiva em níveis seguros. Assim,
reitera-se que o papel do fisioterapeuta dentro das equipes esportivas inclui contribuir
para prevenção, tratamento, recuperação e otimização do rendimento do atleta.

Para que as atividades fisioterapêuticas sejam devidamente desempenhadas,


o fisioterapeuta esportivo possui, a seu dispor, um conjunto de técnicas e recursos
terapêuticos respaldados por literatura robusta e atual, o que agrega à área do esporte
uma segurança para a prática que é baseada em evidências. Isso, do ponto de vista
clínico, representa o cenário ideal sobre a aplicação de qualquer intervenção. Assim, o
alto volume de evidência científica sobre a temática representa, sem dúvidas, um ponto
positivo sobre a atuação da Fisioterapia Esportiva.

Dentre as estratégias terapêuticas utilizadas no esporte para execução dos


objetivos mencionados, incluem-se as técnicas diversas de cinesioterapia, eletroterapia,
fototerapia, termofoterapia, aquecimento, alongamento, mobilizações articulares e
terapia manual.

A aplicação de condutas oportunas, de acordo com as necessidades de campo


evidenciadas, tende a contribuir para maior longevidade da prática esportiva, assim
como bons níveis de condicionamento. A partir do exposto, é nítida a importância da
Fisioterapia Esportiva para o desempenho atlético, tanto durante o treinamento quanto
durante competições. Para isso, é primordial que o profissional tenha bom respaldo
teórico e prático, que são requisitos básicos para promoção e manutenção do bem-
estar entre todos os pacientes e atendimentos, conforme Oliveira et al. (2013).

IMPORTANTE
As lesões esportivas possuem elevada incidência. Contudo,
diversos prejuízos associam-se à presença de lesões, incluindo
gastos financeiros com serviços de saúde, período de reabilitação
e afastamento de treinos/competições, ansiedade, insegurança e
dificuldade em retomar a rotina habitual. Tal cenário é ainda mais
preocupante na realidade de atletas profissionais, que dependem
do esporte como fonte de sobrevivência. Tais questões destacam a
necessidade da atuação fisioterapêutica preventiva oportuna.

94
Vale relembrar que o fisioterapeuta é um profissional de nível superior da área
das ciências da saúde, que possui autonomia tanto para atuar isoladamente quanto
para atuar em equipe em todos os níveis de assistência à saúde (atenção primária,
atenção secundária e atenção terciária). Esse é um profissional de primeiro contato que
possui habilidades e conhecimentos sobre recuperação e manutenção, relacionadas a
tudo que envolve a produção do movimento. Para Oliveira et al. (2013), é este o seu foco
principal: a saúde cinética funcional do organismo.

2.1 IMPORTÂNCIA DA EQUIPE INTERDISCIPLINAR PARA


PREVENIR LESÕES ESPORTIVAS
Destacada a importância da Fisioterapia no manejo do atleta, é hora de
destacar a relevância do trabalho em equipe realizado por todos os profissionais
inseridos no cuidado multidisciplinar prestado ao atleta, pois fazem a diferença sobre os
resultados verificados no que diz respeito à prevenção de lesões e, consequentemente,
otimização do rendimento esportivo. Com isso, é notório que o atendimento ao atleta,
independentemente do nível de condicionamento que ele possua, denota necessidade
de conquista sobre a manutenção da funcionalidade, além de variáveis clínicas,
metabólicas e psicológicas.

Entretanto, é necessário destacar que a prática esportiva demanda altos níveis


de exigência física do organismo, incluindo variáveis como motivação, psicológico e
comportamento. Portanto, o anseio de atuar sobre essas variáveis gera importância sobre
a atuação interdisciplinar e precoce para diminuir tanto lesões como incapacidades que
sejam decorrentes de tais instabilidades.

Logo, a atuação no esporte de equipe interdisciplinar pauta-se na precisão


continuada sobre otimizar o desempenho atlético, o qual é influenciado por diversos
fatores extrínsecos e intrínsecos, como o tipo de treino executado, a intensidade do
treino, as condições de treinamento, os níveis hormonais e metabólicos, o emocional,
sono, controle emocional, nível de estresse, dentre outros. Com isso, cada variável
citada contempla a competência de um profissional específico da saúde, o que requer,
necessariamente, a união entre as diversas áreas, de modo a garantir atendimento com
visão holística, capaz de incluir as necessidades em todos os âmbitos descritos, de
acordo com Inchauspe et al. (2020).

A este respeito, reitera-se que cada profissão atua de modo a garantir elementos
básicos a prática esportiva, que incluem, especialmente:

1) Prescrição de dieta voltada ao fornecimento de nutrição suficiente à produção de


energia e bons níveis metabólicos.
2) Verificação sobre um sono de qualidade, já que é indispensável à regulação hormonal
e recuperação da musculatura esquelética.

95
3) Controle do estresse, visto que atletas são submetidos constantemente a estresse
físico e psicológico, mas devem ser devidamente controlados, a fim de normalizar os
níveis hormonais, já que, uma vez alterados, eles têm potencial direto de comprometer
os níveis de desempenho.

Porém, o controle das variáveis mencionadas não compete ao profissional


fisioterapeuta, já que ele não possui habilidades e conhecimentos ao longo do seu
processo de formação para atuar diretamente sobre a resolução de tais condições. Em
contrapartida, considerando que todos os pontos mencionados têm potencial elevado
sobre o impacto no rendimento e, com isso, exposição às lesões, compreende-se que
o equilíbrio e a harmonia de tais desfechos são fundamentais ao viabilizar condições
favoráveis e saudáveis à prática esportiva, o que irá, então, normalizar funções fisiológicas
para que funcionem normalmente e sem riscos adicionais, conforme Inchauspe et al.
(2020).

Isso é possível por meio de trabalho interdisciplinar, já que cada profissão


específica irá atuar de maneira oportuna para manter bons níveis de saúde do atleta, de
acordo com habilidades e competências de cada profissão. A seguir, serão mencionados
os papéis de cada profissão no manejo do atleta, a fim de destacar a importância de
cada uma delas.

2.2 NUTRICIONISTA
O conceito de nutrição engloba a somatória de todos aqueles processos
relacionados ao consumo, bem como o uso de alimentos por organismos vivos, incluindo,
portanto, os mecanismos de ingestão, digestão, absorção e metabolismo.

Ao se considerar o processo de nutrição no esporte, verifica-se ser área de


estudo consideravelmente nova, que inclui a utilização de conhecimentos nutricionais
para otimizar a aptidão física e desempenho esportivo subsequente. Tal manejo
parece pertinente, visto que as necessidades nutricionais dos atletas se apresentam
particulares, em razão do tipo de exercício praticado e da intensidade de treinamento
executada, fatos que irão determinar o nível de energia necessária para execução da
demanda necessária. Vale relembrar que a energia do organismo vem dos alimentos
ingeridos, fazendo parte, portanto, do processo de nutrição.

A partir do exposto, a importância do nutricionista no atendimento ao atleta se


faz clara para viabilizar equilíbrio de nutrientes necessários, a depender das necessidades
individuais verificadas em cada atleta (lembre-se que, conforme mencionado, cada
organismo é um, e, por isso, suas necessidades devem ser consideradas de modo individual).

96
Para tanto, cabe ao profissional nutricionista elaborar um plano alimentar
individual capaz de atender precisões energéticas recrutadas durante a modalidade
esportiva praticada por cada atleta a ser considerado. Adicionalmente, o nutricionista,
uma vez especializado na área esportiva, também pode intervir favoravelmente na
prevenção de lesões esportivas, isso porque, muitas vezes, elas ocorrem na presença
de dietas pobres em nutrição, que, quando associadas à baixa reposição hídrica,
contemplam necessário prejudicial no âmbito da tolerância ao exercício, visto que as
fontes energéticas disponíveis estarão baixas, cenário que poderá resultar tanto em
uma simples fadiga até em morte, em casos extenuantes, conforme Prentice (2012).
O quadro apresentado a seguir apresenta algumas informações importantes sobre as
características de substratos energéticos importantes ao organismo. Observe:

QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS SUBSTRATOS ENERGÉTICOS

Tipo de substrato
Características
energético
• Importante isolante térmico.
Lipídeo • Utilizado em atividades de baixa intensidade e curta duração.
• Via energética que só é ativada após certo tempo de exercício.
• Principal via energética para o exercício.
• Via recrutada desde o início do exercício.
Carboidrato • É mais utilizado em exercícios de alta intensidade e curta duração.
• O consumo de quantidade insuficiente pode causar hipoglicemia e
antecipação da fadiga muscular.
• Sua principal função é fornecer aminoácidos ao organismo.
• É utilizado como combustível em atividades de resistência, de longa
duração.
Proteína
• Sua associação com o carboidrato auxilia na recuperação pós-esforço.
• Em caso de armazenamento em excesso, é utilizado como fonte de
energia.

FONTE: a autora

2.2.1 Fontes de energia utilizadas para treinamento e


competição
Compreende-se que, no músculo esquelético, há três vias metabólicas
responsáveis pelo fornecimento de energia durante a realização do exercício físico.
Então, o combustível básico à prática esportiva se dá pelo ATP, de modo que todas
as três vias mencionadas, apesar de utilizarem mecanismos diferentes, trabalham
com intuito de fornecer ATP ao músculo, que é o combustível básico para produção e
manutenção do movimento, para Lopes et al. (2018).

97
Assim, a utilização das vias metabólicas é influenciada, basicamente, pelo tipo
de exercício realizado, incluindo sua duração e a intensidade. Logo que o exercício se
inicia, a primeira via a ser recrutada é o ATP-CP, que dura, em média, 30 segundos. Logo
que essa via se esgota, a segunda via resultando do processo de glicólise anaeróbica é
responsável pelo fornecimento de energia ao músculo por até, em média, três minutos.
Essa via tem um produto final de ácido lático que, como sabemos, em excesso no
músculo, influencia na sensação de dor muscular tardia).

Logo que essa reserva energética se esgota, a via de oxidação aeróbia entra em
ação, tendo início a partir do 3° minuto e fornecendo energia até que o exercício seja
finalizado. Essa última fonte de reserva energética é derivada de carboidratos e lipídeos
armazenados, conforme Lopes et al. (2018). No quadro a seguir, são apresentadas
características mais completas a respeito de cada uma das vias metabólicas mencionadas.
Observe:

QUADRO 2 – CARACTERÍSTICAS DAS VIAS METABÓLICAS UTILIZADAS PARA O


FORNECIMENTO DE ENERGIA DURANTE O EXERCÍCIO

Via Duração do
Características
metabólica fornecimento de energia
Durante a realização de exercícios de alta intensi-
dade e curta duração, os fosfatos de alta energia no
Fosfato de
músculo (ATP-CP) e a glicólise anaeróbica são as
alta energia Até 30 segundos
fontes de energia predominantemente utilizadas.
(curta
Assim, o pico de ATP é atingido dentro de 1 a 5s, e
duração)
sua depleção ocorre entre 5 e 10 s. Em seguida, a
depleção de CP por volta de 30 s.
A glicolise anaeróbica, ou sistema ácido lático, é o
Glicólise
outro meio que o organismo utiliza para continuar
anaeróbica
Até 3 minutos compensando uma determinada atividade em alta
(média
intensidade. A energia vem do sistema lático. Essa
duração)
via tem depleção por volta dos 3 minutos.
Durante a realização de exercício de intensidade
leve a moderada e de longa duração, é necessária
Aeróbica uma elevada produção de ATP para produção de
oxidativa energia. Assim, tal trabalho depende do metabolis-
Após o 3º minuto
(longa mo aeróbio ou das reações oxidativas na presença
duração) do oxigênio. Portanto, nesse caso, a glicose e o
ácido graxo livre (lipídeo) são metabolizados para
produção de energia.

FONTE: a autora

A partir do exposto, é importante consideramos as características de cada


esporte para identificar o tipo de via metabólica utilizada com maior frequência. Assim,
cuidados específicos tanto na parte nutricional (pelo nutricionista) quanto na parte do
treinamento físico (pelo treinador e fisioterapeuta) serão devidamente considerados, a fim
de evitar cenários de fadiga e sobrecarga ao atleta, os quais podem, a longo prazo, resultar

98
em dor muscular tardia, menor desempenho e lesões musculoesqueléticas. Sendo
assim, a compreensão clara sobre os conceitos apresentados se faz fundamental para
que sejam desenvolvidas atividades físicas em consonância às exigências metabólicas
corretas, de acordo com Lopes et al. (2018).

2.3 EDUCADOR FÍSICO


Ao profissional de Educação Física, é atribuída a função relacionada ao treinamento
físico, o que inclui, basicamente, a elaboração de protocolos de treinos pautados em
viabilizar intensidades oportunas aos objetivos pretendidos, como ganhar aptidão física,
visando à habilidade que se pretende treinar. Assim, a prescrição de treinamento a cada
tipo de habilidade física é específica e individual para poder atender a todos os princípios
biológicos do treinamento.

Cabe ao educador físico prescrever o treinamento com enfoque em conquistar


as habilidades físicas que o atleta necessita e de acordo com a modalidade esportiva que
pratica. Além disso, esse profissional também elabora e sugere modelos de periodizações
fundamentados nas especificidades do calendário esportivo do atleta. Por fim, a importante
tarefa do educador físico corresponde à correção dos movimentos e posturas durante a
execução do exercício, que é importante para realização correta do treinamento, conforme
Kons et al. (2022), tanto para que os ganhos pretendidos sejam verificados quanto para
evitar riscos de lesões por posturas inadequadas durante o exercício.

Adicionalmente, o papel desempenhado por esse profissional resulta em bom


condicionamento físico e aptidão, elementos indispensáveis para evitar a incidência de
lesões esportivas.

2.4 PSICÓLOGO
Sabemos que, além do treinamento constante, bons resultados esportivos
relacionam-se ao substrato energético próprio, o talento, sendo que, quando associado
ao desenvolvimento de outras aptidões físicas (como nutrição, preparo físico e treino
tático), garante ao atleta condições favoráveis para obtenção de grande parte das vitórias e
prêmios pretendidos, que são sinônimos de reconhecimento na carreira esportiva.

No entanto, deve-se considerar que, em se tratando do esporte profissional, os


atletas iniciam treinos ainda na adolescência e, em geral, o pico da carreira ocorre quando
são ainda muito jovens e com estrutura emocional frágil, a qual, quando associada a
fatores como passar tempo longe da família para os treinos, viajar diversas vezes por ano a
trabalho e sofrer pressão constante (do público, treinadores e impressa), corrobora para
cenário de intensa pressão psicológica, que pode expor o atleta ao risco de lesão.

99
Além do cenário exposto, acrescenta-se o fato de que a presença de lesão
esportiva, por si só, contempla um problema contundente para exacerbar e agravar a
pressão psicológica já existente por todos os motivos listados. E, mesmo após a recuperação
da lesão, o retorno ao esporte, em geral, pode ser implicado por obstáculos inerentes
ao processo, que incluem: medo de futuras lesões, aptidão física prejudicada para bom
desempenho esportivo e sentimento de insegurança individual sobre a recuperação de
desempenho similar ao anterior à lesão.

Portanto, o acompanhamento psicológico ao atleta se faz imprescindível


tanto durante períodos de reabilitação quanto no cenário de prevenção, visto que o
conhecimento e o auxílio sobre a resolução de lacunas acerca de inseguranças podem
representar um obstáculo para conquistas e desafios futuros. Assim sendo, compete
ao psicólogo o desempenho de estratégias voltadas ao tratamento e manutenção da
saúde mental do atleta, claramente importante após todos os argumentos explanados
e que se faz ainda mais relevante em períodos de competição, já que são marcados
por insegurança, medo e ansiedade, sentimentos que, quando descontrolados, podem
ocasionar alterações na modulação do sistema endócrino e comprometer consequentes
respostas relacionadas ao rendimento esportivo.

Por fim, acredita-se que o acompanhamento psicológico ao atleta é capaz


de interferir diretamente sobre sentimentos positivos relacionadas à qualidade de vida,
bem-estar geral e boas expectativas sobre a eficácia pessoal, fatores motivacionais que
tendem a influir sobre o desejo de superação, rompimento de barreiras e conquista
de novos recordes, eventualmente prejudicados por pouca autoconfiança, autoestima
abalada e insegurança. Logo, conclui se que o psicólogo é um profissional fundamental
para saúde do atleta e tudo o que dela reflete.

2.5 MÉDICO
Por último, mas não menos importante, o médico é o profissional responsável
por diversas ações referentes ao atleta, de modo que cada especialista (cardiologista,
ortopedista, endocrinologista etc.) é responsável por avaliar e cuidar dos sistemas
corporais que lhe compete, sendo cada um igualmente importante ao desempenho
esportivo saudável.

Assim, compete ao médico cardiologista avaliar a aptidão e saúde do sistema


cardiovascular do atleta por meio de testes e exames específicos, como teste ergométrico,
eletrocardiograma e ecocardiograma. Compete ao médico endocrinologista analisar
o equilíbrio do sistema endócrino e imunológico por meio de exames sanguíneos, os
quais são indispensáveis por fornecer informações diagnósticas sobre os níveis de
desempenho. Ao médico ortopedista, compete investigar a integridade dos sistemas
musculoesqueléticos por meio de avalições clínicas que incluem testes e exames de
imagem. A integração entre tais especialistas mencionados confere a verificação sobre
importantes respostas clínicas relacionadas ao organismo do atleta.
100
Atualmente, é crescente o número de médicos do esporte. São esses médicos
que dedicaram tempo para se especializar no atendimento ao atleta e que, nesses casos,
conseguem contemplar todos os pontos mencionados em suas consultas, conferindo
um atendimento completo de acordo com as necessidades de um organismo atleta.

Assim, fica claro que o atendimento ao atleta não se restringe a preparação


técnica e tática, sendo igualmente necessária complexa estrutura suficiente, por englobar
todos os desfechos mencionados. Atletas devidamente assistidos por profissionais de
diferentes áreas da saúde denotam as melhores condições sobre o desenvolvimento
de capacidades adaptativas, fundamentais para otimização da performance, bem
como manejo sobre o estresse relacionado às questões sociais, psicológicas e físicas.
Adicionalmente, tal manejo tende a resultar em menor quantidade de lesões reportadas
ao longo de uma temporada.

3 ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO
Conforme mencionado, uma alimentação adequada contempla um dos pilares
importantes a serem seguidos pelo atleta, visto que é por meio dela que se dá o
processo de nutrição, responsável pelo fornecimento de nutrientes essenciais e básicos à
produção de energia. É por meio da alimentação que o atleta consegue, inicialmente,
conquistar energia para realização de suas demandas diárias, sendo, portanto, crucial
ao desempenho esportivo esperado, pois o exercício só é possível quando reservas
energéticas estão disponíveis para manter o esforço requerido.

Por outro lado, a ingestão inadequada ou mesmo insuficiente de diversos


nutrientes pode resultar em diversos prejuízos ao atleta, como baixa disponibilidade de
reserva energética, incapacidade sobre a regulação metabólica para o exercício, síntese
reduzida de tecidos e enzimas, comprometimento dos processos fisiológicos normais e
mudanças corporais indesejáveis.

Ao considerar-se que a energia gasta por um atleta é bem diferente de indivíduos


não atletas, fica fácil compreender que, no caso dos primeiros, a demanda é muito
maior. Portanto, a alimentação deve ser direcionada a atender de modo satisfatório tais
necessidades particulares e justificadas pelo elevado esforço realizado. Para se ter ideia,
atletas que realizam exercício físico em nível intenso, com duração de duas a seis horas
diárias e frequência de até seis vezes por semana, chegam a precisar de elevada ingestão
calórica baseada, principalmente em carboidratos (boas fontes de energia) e proteínas.

Assim, independentemente do cenário vivenciado pelo atleta, se ele pratica


exercícios com frequência contínua, o consumo de quantidades apropriadas dos
macronutrientes – como proteínas, carboidratos e gorduras – deve ser prescrito pelo
profissional nutricionista de acordo com objetivos individuais, que devem levar em
consideração as demandas energéticas do esporte praticado, bem como volume e
intensidade de treinamento.
101
Ao considerar-se os substratos energéticos utilizados durante a realização do
exercício, temos que o principal é o carboidrato, de modo que a ingestão dele antes,
durante e depois o exercício é importante em casos de demandas intensas, a fim de
manter boa disponibilidade de reserva energética, básica à prática esportiva.

Já as proteínas são importantes por auxiliarem o processo de hipertrofia


muscular (favorecendo o ganho de massa magra) e a composição corporal do atleta
(pois a ingestão proteica, em doses devidamente recomendadas, associada ao estímulo
gerado pelo exercício físico, resulta em maximização da síntese muscular proteica).
No que se refere às gorduras, dados recomendam que sua ingestão deve ocorrer em
níveis similares àqueles sugeridos para população não atleta, ou seja, algo entre 20 e
35% do total de ingestão energética diária, que deve priorizar fontes ricas em gorduras
insaturadas e, também, os ácidos graxos essenciais, conhecidos popularmente como
“gordura boa”.

Entretanto, as doses sobre a ingestão de cada substrato mencionado devem ser


supervisionadas, visto que são contraindicados os contextos caracterizados por atletas
definindo sua própria alimentação e suplementação, já que isso pode desencadear
diversos efeitos colaterais nocivos, representados pelo consumo excessivo de alimentos
ou suplementos, como sobrepeso, baixo peso, problemas renais e hepáticos, além
de eventual fadiga ou fontes de energia provenientes da alimentação insuficiente. O
conjunto dos malefícios listados deixa claros alguns dos riscos desnecessários causados
por uma alimentação inapropriada.

4 SONO E CONTROLE DO ESTRESSE


O sono de qualidade e controle de níveis de estresse contemplam importantes
aliados em relação à manutenção da saúde do atleta, porque o primeiro representa um
mecanismo básico para diversas reações metabólicas básicas, ao passo que o segundo,
auxilia a manutenção de diversos hormônios, os quais, em níveis controlados, favorecem o
desempenho esportivo. Assim, o estudo de ambos os conceitos, no que diz respeito à
Fisioterapia Esportiva, é importante para que você compreenda o mecanismo por meio
do qual o funcionamento deles implica em bom desempenho e menores chances de
lesões.

No que se refere ao conceito do sono, ele representa a condição fisiológica na qual


é observada uma suspensão temporária da atividade cognitiva e perceptiva. O sono é,
também, dividido por fases e estágios, os quais passam por alternância durante o período
no qual nos encontramos dormindo. Caso ocorra privação do sono, é desenvolvida uma
alteração do ritmo circadiano, a qual altera todo contexto do metabolismo e implica em
comprometimentos sobre a síntese hormonal e reparo muscular, razões que denotam o
sono como fator diretamente responsável pelo desempenho esportivo verificado.

102
Ao considerarmos o estresse, temos um conceito amplo. Ele inclui, basicamente,
secreção elevada dos hormônios cortisol e catecolaminas como tentativa do organismo de
manter boas condições de equilíbrio e restaurar a homeostasia. Em consequência de tais
alterações, ocorre uma série de outras reações, que incluem, por exemplo, maior demanda
energética, elevação da frequência cardíaca, elevação da frequência respiratória, inibição
da resposta inflamatória normal e alteração do comportamento emocional, marcado por
cenários de maior irritabilidade, impaciência, nervosismo e ansiedade.

Desse modo, quando presente por longos períodos, o estresse possui potencial
de atrapalhar diversas ações orgânicas e fisiológicas do organismo. Em contrapartida, nota-
se que, constantemente, atletas estão expostos a diversos tipos de agentes estressantes,
entre os quais, podemos mencionar o próprio treinamento, a pressão sofrida por diversas
fontes, convivência diária com pares, problemas na vida pessoal e exposição pela mídia.

Com isso, muitas vezes, a mensuração quantitativa sobre os níveis de estresse


pode ser interessante para viabilizar cenário diagnóstico, e, quando presente, sugestões
de medidas de controle são uma ação fundamental para resolver um problema primário,
evitando o comprometimento de níveis de desempenho, da saúde e incidências de
lesão. A seguir, serão apresentados com maiores detalhes aspectos relacionados à
influência exercida pelo sono e controle do estresse do atleta.

4.1 ASPECTOS RELACIONADOS AO SONO DO ATLETA


Inicialmente, precisamos relembrar o conceito de sono. Ele contempla um estado
denotado por redução do nível de consciência, movimentos musculares e diminuição do
metabolismo. Além disso, o sono corresponde ao estado fisiológico e cíclico do organismo
em que as reações voluntárias ficam suspensas; várias fases ou estágios característicos e
alternados entre si são verificados durante um longo período de sono.

Em alguns desses estágios, nota-se parâmetros similares àqueles verificados


durante a vigília (período que passamos acordados, conscientes e em alerta, como
padrão respiratório, presença de movimentos oculares e até alguns movimentos
corporais), que se diferem completamente de outros estágios do sono, nos quais são
observados completo cenário de silêncio, ondas lentas no eletrocardiograma, redução
do padrão respiratório e imobilidade corporal.

O sono é considerado um elemento fundamental para processar a recuperação


da fadiga a que nos expomos durante o período de vigília. Com isso, o que chamamos
de ciclo vigília-sono nada mais é do que o resultado entre a integração observada
entre toda a demanda da vigília e o consequente período de sono, necessário para nos
recuperarmos de todas as atividades desempenhadas durante o período de vigília.

103
Um dos principais sinais responsáveis por regular o ciclo sono-vigília é a luz do dia.
Enquanto há claridade, nosso cérebro entende que é momento de estar em alerta (vigília),
ao passo que o escuro, característico da noite, envia ao nosso cérebro a mensagem de que
é hora de aumentar os níveis de melatonina (hormônio responsável pelo sono) e reduzir
a intensidade de trabalho, acalmando-nos lentamente e preparando-nos para uma noite
tranquila e restauradora de sono. Logo pela manhã, após uma longa noite de sono, os
níveis de cortisol (hormônio do estresse) aumentam, fazendo-nos despertar, levantar e
encarar tudo o que o dia tem a nos oferecer, iniciando um novo ciclo de sono-vigília.

Os hormônios mencionados, melatonina e cortisol, responsáveis pelo sono e


despertar, respectivamente, são importantes reguladores que, associados à luz e ao
escuro, auxiliam nosso ciclo circadiano a se situar sobre os momentos adequados para
dormir e despertar. Além disso, quando bem regulados, os mencionados hormônios
justificam por que temos sono durante a noite e energia durante o dia. A produção de
melatonina é estimulada pela baixa luminosidade, ao passo que a produção de cortisol
é estimulada pela alta luminosidade.

O sono também possui características acumulativas, ou seja, quanto mais tempo


se passa acordado, mais tempo será necessário dormir para repor completamente
as necessidades fisiológicas do organismo processadas durante o período do sono. A
exemplo, é comum e esperado aos profissionais que trabalham durante o turno da noite e
dormem durante o dia que possuam elevados níveis de estresse, porque, nesses casos,
alterações severas no ciclo circadiano são notadas, alterando todo o esquema fisiológico
natural do organismo. A longo prazo, esse cenário é extremamente desfavorável e pode
resultar em diversos tipos de doenças. Por isso, recomenda-se que profissionais tenham
essa rotina pelo mínimo de tempo possível, a fim de preservar sua saúde.

Em atletas com o sono noturno comprometido, o cenário pode ser igualmente


prejudicial. Imagine que um atleta que irá treinar pela manhã não conseguiu dormir
muitas horas à noite. Provavelmente, pela manhã, ele não se encontrará em suas
melhores condições ao desempenho esportivo, pois certamente estará comprometido.
O sono normal é arquitetado, então, pela alternância verificada entre os estágios (i) com
ausência de movimentos oculares rápidos e (ii) com movimentos oculares rápidos.

Além disso, o sono intitulado aqui como (i) caracteriza-se pela presença de
ondas sincronizadas que podem ser subdivididas nas fases 1, 2 e 3, sendo que a fase 3
é representada pelo sono de ondas lentas. O eletrocardiograma do sono de movimentos
oculares rápidos caracteriza-se por ondas que se mostram com baixa amplitude e
dessincronizadas, com duração total de, em média, 100 minutos.

Logo, quando pegamos no sono, inicia-se o estágio 1 (sem movimentos oculares


rápidos), que é seguido sequencialmente até chegar ao estágio 3 (correspondente ao sono
profundo). Na sequência, o ciclo passa para a fase 3 (movimentos rápidos oculares),
que finaliza o primeiro ciclo do sono. Na sequência, todo o processo de fase/estágios
começa novamente, até o momento do despertar.

104
No primeiro estágio (ausência de movimentos oculares), verifica-se o
relaxamento muscular, com pouco tônus notado, acompanhado da redução dos
movimentos corporais, bem como a respiração e valores de frequência cardíaca em
níveis regulares, como aqueles notados durante a vigília. Na última fase, caracterizada
pela transição entre os momentos de sono e vigília, verifica-se comumente níveis de
sonolência que se demonstram mais superficiais, caracterizando um sono mais leve e
com baixo nível de consciência, mas é quando o sujeito pode ser despertado com maior
facilidade.

Em cenários cotidianos, verificamos que a sociedade atual é, muitas vezes,


marcada por trabalhos extenuantes e estressantes, adicionados ao excesso de tarefas
realizadas ao longo do dia e que influenciam diretamente a qualidade e quantidade de
sono verificada na média da sociedade. Adicionalmente, a luz elétrica e o uso intenso
de dispositivos eletrônicos antes de dormir, como TV, celular e computador, expõem
indivíduos à luz artificial no momento em que o organismo já deveria estar privado de
luz e se preparando para dormir.

Tais hábitos são comuns na sociedade atual, que, por viver com diversas tarefas
simultâneas, muitas vezes, precisa do tempo noturno em sua casa para finalizar as
tarefas que não foram possíveis de serem realizadas durante o dia, como estudar, cuidar
da casa, ler, trabalhar ou, mesmo, passar um tempo na tela, com o simples objetivo de
entretenimento após um longo dia de trabalho.

O cenário mencionado também se replica entre atletas, que, em razão das


elevadas exigências ao longo do dia, às vezes, precisam do tempo noturno para o
cumprimento de tarefas sociais e pessoais. Resultando em extensão do dia (quando já é
noite), inevitavelmente, prejudicam a qualidade do sono, alteram o ciclo circadiano e, com
ele, todo o metabolismo normal do organismo, afetando, sem dúvidas, o desempenho e
exposição às lesões.

Nesses casos, o organismo do atleta, uma vez privado do sono, passa pelo
processo de remoção ou, ainda, supressão parcial do sono no organismo. No âmbito
do esporte, sempre que o sono de qualidade e em quantidades ideias não é priorizado,
ocorre prejuízo na recuperação dos atletas – o que se caracteriza, na prática, como a
desaceleração cognitiva, o comprometimento da memória, a redução dos níveis de vigília e
atenção mantida, bem como redução da capacidade sobre a execução de um esforço em
níveis máximos e submáximos.

Ainda assim, a rotina corrida de competições, viagens, ansiedade e acomodações


desconfortáveis, muitas vezes, torna comuns os cenários de privação de sono entre
atletas, o que, no entanto, deve ser considerado responsável pelos tantos efeitos
deletérios mencionados. Uma consequência imediata representa o sono diurno excessivo e
comprometimento no desempenho, ao passo que consequências tardias podem incluir
desequilíbrio muscular, dores crônicas e lesões.

105
Assim, muitos são os estudos que comprovam a qualidade de sono ruim em
diversas populações de atletas, o que reitera a importância da discussão robusta sobre
o tema, bem como produção de investigações suficientes, por descreverem os efeitos
negativos que a privação de sono resulta no atleta, para que possam ser sugeridas
estratégias para minimizar e evitar o referido cenário.

4.2 CONTROLE DO ESTRESSE NO ATLETA


A abordagem e o entendimento do estresse são frequentemente realizados
por diversos estudos que o relacionam com o desenvolvimento de doenças diversas e
comuns na sociedade atual. O estresse é definido como quaisquer cenários responsáveis
por expor o atleta à tensão aguda ou crônica, e resultarem nele alterações relacionadas
ao comportamento físico (desempenho esportivo) ou emocional (ansiedade, medo,
insegurança).

Nesse contexto, verifica-se que um estímulo estressante, independentemente


da sua origem, sujeita o organismo a desencadear reações de adaptação sobre
determinado evento ou situação com denotada importância. Tais reações ocorrem
sempre que o contexto é sentido pelo atleta com níveis acentuados de exigência que
ultrapassam recursos pessoais para o enfrentamento da situação, o expondo e, ainda,
se mostrando como “ameaça” sobre o seu bem-estar natural.

Nas mencionadas situações de estresse, verifica-se que o organismo se


encontra em estado de desequilíbrio homeostático, e, por isso, as mencionadas reações
ocorrem com intuito de recuperar o equilíbrio. Para tanto, o gasto enérgico é maior,
gerando, no corpo do atleta, além das reações, um importante cansaço físico e mental.
Apesar disso, sempre que o organismo se mostrar apto para enfrentar tais cenários de
estresse, a homeostase possui boas chances de recuperação.

O tempo e a energia necessários para lidar com situações de estresse dependem


dos seguintes fatores: capacidade prévia quanto às estratégias de enfrentamento,
influência do agente estressor sobre o organismo e capacidade de utilizar adequadamente
as técnicas de enfrentamento, conforme Andreoli, Oliveira e Fonteles. (2020). Ao
contrário, quando tais recursos não são suficientes ao enfrentamento do estresse,
temos o que chamamos de “estresse crônico”, o qual se mostra intenso e prejudicial
pela manutenção das tantas reações para busca da homeostase, que não é atingida,
ao passo que as tentativas geram alterações ruins ao organismo, especialmente por
se manterem em tempo prolongado. Em casos graves, nos quais o estresse crônico é
presente, ele acarreta incapacidade, sendo intitulado “Síndrome de Burnout”.

No esporte, o estresse pode ser originado por fatores tanto resultantes da


prática esportiva quanto pessoais. Em cenário esportivo, as diversas reações negativas
desencadeadas incluem menor tempo de resistência até que ocorra fadiga, maior
sensação de cansaço percebido, dores crônicas, sentimentos de angústia, ansiedade,
106
depressão e medo, redução do desempenho cognitivo e intelectual, dificuldade quanto
a orientação espaço-temporal, níveis de atenção comprometidos, dificuldade de
relaxamento, estado de alerta comprometido e maior tensão muscular generalizada.
Além disso, em esportes coletivos, a presença de estresse pode, ainda, comprometer
bons níveis de comunicação em equipe, resultando, muitas vezes, na tomada de
decisões indesejadas, conforme Andreoli, Oliveira e Fonteles (2020).

O chamado “estresse pré-competitivo” é comum e caracteriza-se por uma


antecipação de oportunidades, riscos e consequências que o referido jogo poderá
resultar. Nesse sentido, muitos estudos mencionam a importância de “certo estresse” em
níveis controlados, isso porque, como comentamos, o estresse aumenta os níveis de
cortisol, que, em excesso, são prejudiciais, mas, em níveis controlados, são importantes
por manterem o atleta em estado consciente de alerta na prática esportiva. Assim,
muitos são os estudos que afirmam ser positivo para o desempenho, estresse pré-
competitivo em níveis controlados.

É graças ao acompanhamento psicológico oportuno que o atleta consegue


desenvolver habilidades diversas e importantes à prática esportiva, como concentração
e foco, equilíbrio emocional, maior tolerância a frustrações, manutenção de bom
desempenho mesmo sob pressão, autoconfiança elevada, bons níveis motivacionais,
inteligência técnica e tática, respeito, disciplina, eficiente comunicação em equipe e
espírito de luta. Todos esses são elementos essenciais no esporte e caracterizam
controle oportuno de estresse no atleta.

Por fim, além dos elementos citados como essenciais no âmbito esportivo,
também se faz necessário que uma atenção devida seja dada a possíveis necessidades
de auxílio relacionadas à vida pessoal do atleta, o que, eventualmente, pode comprometer
seu desempenho. Portanto, todas as demandas no esporte variam muito de acordo com
o momento e a dinâmica atual, o que exige flexibilidade para identificação e atendimento
quanto a tais demandas, de acordo com Andreoli, Oliveira e Fonteles (2020).

4.3 RECUPERAÇÃO FISIOLÓGICA E MOTIVACIONAL


É visível o quanto a prática esportiva, sobretudo de alto rendimento,
requer substrato energético aprimorado para viabilizar condições plenas sobre o
desenvolvimento de todas as aptidões físicas necessárias a cada modalidade. Diversos
fatores contribuem e são fundamentais ao desempenho atlético, como talento, nível
de dedicação, nutrição adequada, preparo físico, hereditariedade, sono, condições
psicossociais, dentre outros.

107
Com isso, verifica-se, por exemplo, que fatores intrínsecos e extrínsecos
exercem influência direta para moldar o atleta e, consequentemente, seu desempenho.
Exatamente por isso, estima-se que uma equipe multidisciplinar se faz importante
no manejo de atleta, visando a condições plenas para prática esportiva em níveis
seguros e maiores oportunidades quanto às conquistas adquiridas ao longo da carreira,
sobretudo, em se tratando de atletas profissionais, que dependem de tais resultados
para se destacar na carreira, conforme Lopes et al. (2019).

A exemplo do esporte de alto rendimento, a carreira profissional geralmente


tem início ainda no começo da juventude, e, por isso, na maioria das vezes, os jovens
demonstram estrutura emocional frágil para suportar e lidar com os elevados graus de
exigências do esporte, incluindo distância da família, limitações financeiras, pressão
vinda da equipe técnica e expectativa do público. Todas essas tensões já ocorrem em
situações sem lesões. Agora, imagine você o quanto a presença de lesões tende a
agravar tudo isso, visto que resultam em dor, limitações funcionais e afastamento da
prática esportiva.

Mesmo após a recuperação das lesões, devemos nos lembrar de que as


dificuldades do atleta podem ser agravadas pelo medo de novas lesões, de voltar à
prática e não conseguir o mesmo desempenho e da impossibilidade individual referente
à prática em si. É por isso que nós, fisioterapeutas, durante todo o processo, também
temos o importante papel de motivação diária no manejo da reabilitação do atleta,
que tende a caracterizar uma importante influência positiva sobre os resultados da
reabilitação. Além disso, a realização de acompanhamento psicológico é fundamental
para reforçar a ajuda neste momento tão delicado e indesejado, no intuito de favorecer o
retorno pleno ao esporte.

108
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• A atuação interdisciplinar no esporte se fundamenta na necessidade contínua de


otimizar o desempenho e garantir condições seguras sobre a prática esportiva e é
influenciada por fatores diversos, como recuperação, tipo de treinamento, estrutura
emocional e condições metabólicas e nutricionais.

• A atuação da equipe interdisciplinar no esporte é pautada na necessidade contínua


da otimização do desempenho, que é influenciado por variáveis complexas, de caráter
intrínseco e extrínseco, que incluem tempo de recuperação, tipo de treinamento,
nível de estabilidade emocional, exames sanguíneos e controle nutricional, tornando
necessária a atuação de diversos profissionais da saúde no manejo do atleta.

• Quando inseridos em equipes esportivas, o fisioterapeuta deve trabalhar em consonância


à equipe interdisciplinar, visto que o objetivo de todos os profissionais envolvidos
no manejo do atleta converge para preocupação central, que é clara: promoção e
manutenção da saúde do atleta.

• Diferentes vias metabólicas são responsáveis pelo fornecimento de energia


aos músculos durante o exercício físico, devendo ser bem conhecidas, pois o
recrutamento varia de acordo com o tempo e intensidade do exercício. Além disso, tal
conhecimento pode evitar cenários de fadiga, dor muscular tardia, menor rendimento
e lesões musculoesqueléticas em atletas.

• O sono de qualidade e o controle de níveis de estresse são importantes aliados


em se tratando da manutenção da saúde do atleta, porque o primeiro representa
o mecanismo básico para diversas reações metabólicas básicas, ao passo que o
segundo auxilia a manutenção de diversos hormônios, os quais, em níveis controlados,
favorecem o desempenho esportivo.

109
AUTOATIVIDADE
1 A atuação interdisciplinar no manejo do atleta se faz importante por viabilizar
condições plenas, a partir de uma visão holística suficiente para resolução de lacunas
complexas, que, uma vez comprometidas, tendem a comprometer o desempenho
esportivo e expor ao risco de lesões musculoesqueléticas. Assim, no que se refere ao
papel de cada profissão na equipe esportiva, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O médico é responsável pela avaliação e tratamento de disfunções nos sistemas


corporais fundamentais durante a prática esportiva. Portanto, por meio de
diferentes abordagens e parâmetros, as funções cardíacas, ortopédicas e
endócrinas são monitoradas e tratadas sempre que necessário.
b) ( ) O educador físico é responsável por garantir bons níveis de condicionamento
físico, que são possíveis por meio de condutas que incluem a elaboração de
protocolos de treinos completos e prescrição de suplementação para auxiliar
síntese proteica.
c) ( ) O psicólogo é responsável pelo cuidado da saúde mental, que, muitas vezes,
relaciona-se diretamente com o desempenho físico do atleta. Portanto,
eventualmente, solicita-se exames de imagem para investigar condições
cinético-funcionais.
d) ( ) O nutricionista é responsável pela alimentação e ingestão de nutrientes do atleta,
sendo tal conduta fundamental à disponibilização energética durante o exercício.
Por isso, solicita exames de ecocardiograma periódicos para averiguar a resposta
clínica nutricional.

2 A expressão “treino”, ou “treinamento” se refere ao processo de aquisição de movimentos


relacionados a habilidades específicas. É imprescindível que o fisioterapeuta esportivo
compreenda conceitos básicos relacionados ao treinamento, bem como atue em
consonância com preceitos preconizados por todos os outros profissionais da equipe
multidisciplinar, a fim de oportunizar plenas condições de saúde na prática esportiva.
Sobre o atendimento interdisciplinar ao atleta, analise as sentenças a seguir:

I- A linguagem unificada entre profissionais da saúde e treinadores, com enfoque


no equilíbrio do organismo sobre diversos aspectos, se faz fundamental à prática
esportiva.
II- Estima-se que a atuação interdisciplinar no atleta ocorra não apenas com objetivos
terapêuticos, como também com objetivos preventivos, que representam cuidado
indispensável à manutenção da homeostase dos sistemas corporais.
III- Em cenários de campo, a equipe interdisciplinar constitui-se basicamente por
médico, biomédico, farmacêutico, bombeiro e fisioterapeuta.
IV- O psicólogo somente será necessário em períodos de competição nos quais o
estresse sobre os atletas é maior, exceto em casos de atletas que estejam passando
por problemas pessoais.
110
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
b) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I e II estão corretas.

3 A síntese proteica é fundamental ao processo de hipertrofia, sendo foco constante


de investigações e estudos sobre protocolos de treinamento e suplementação
mais adequados ao favorecimento do processo de hipertrofia identificado no tecido
muscular. Sobre os princípios elencados, classifique V para as sentenças verdadeiras
e F para as falsas:

( ) Exercícios de força isolados já são suficientes para síntese proteica e,


consequentemente, para verificação de hipertrofia em níveis máximos no interior do
tecido muscular.
( ) A hidratação e ingestão proteica adequadas no momento pós-exercício favorecem
balanço proteico básico ao crescimento das fibras musculares.
( ) Recomenda-se ingestão diária alta de lipídios para otimizar o processo de hipertrofia
muscular, que se faz necessário para verificação de bons níveis de desempenho
esportivo.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.

4 Um ambiente controlado que garanta boas condições de sono, controle do


estresse, alimentação oportuna e treinamento supervisionado é fundamental para
plenas condições de desenvolvimento do desempenho atlético. Ao considerar-se
especificamente a nutrição, sabe-se que desempenha papel fundamental antes,
durante e após a realização do exercício. A este respeito, disserte sobre qual tipo de
substrato deve ser ingerido com maior ênfase nos momentos mencionados (antes,
durante e após o exercício).

5 As vias metabólicas são responsáveis pelo fornecimento de energia durante


execução do exercício, compreendendo assunto básico e comumente estudado nas
ciências do esporte. O ATP constitui a fonte de energia necessária para produção
das atividades fisiológicas do organismo. Entretanto, além do ATP, outros compostos
químicos são liberados da quebra de compostos orgânicos, como é o caso do ácido
lático. Assim, no que se refere ao ácido lático, discurse sobre a via metabólica que
produz esse composto ao final de sua reação e, após isso, exemplifique esportes que
utilizam predominantemente essa via.

111
112
UNIDADE 2 TÓPICO 3 —
CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA NA
PREVENÇÃO DE LESÕES ESPORTIVAS

1 INTRODUÇÃO
O termo “lesões esportivas” é comumente abordado e estudado quando se
trata da Fisioterapia Esportiva, e não diferente, a prevenção de tais lesões também o
é em contextos científicos e de campo. Portanto, uma breve contextualização se faz
necessária antes de adentrarmos esse tema.

Por definição, a lesão esportiva engloba qualquer queixa musculoesquelética


resultante de um período de treinamento e/ou competição e que necessite de
atendimento médico, independentemente da necessidade de afastamento dos treinos. A
este respeito, reflita: por que devemos estudar a prevenção de lesões esportivas? Pois
bem, a resposta para essa indagação é importante e complexa.

Em primeiro lugar, sabe-se que a prática esportiva por si só expõe o atleta à


incidência de lesões esportivas. Por sua vez, é notório que elas causam dor, incapacitação
e disfunções a curto prazo. Ainda, quando não tratadas corretamente, caracterizam
preditor de morbidade e mortalidade a longo prazo, acarretando consequências futuras,
representadas por doenças crônicas e degenerativas, como osteoartrite, hérnia de disco
e síndrome do impacto no ombro. Logo, ao considerar os impactos negativos de tais
lesões referentes ao afastamento do esporte, gastos com saúde e comprometimentos
funcionais que impactam em aspectos psicológicos e de qualidade de vida, o estudo do
entendimento de condutas preventivas se torna totalmente relevante e útil.

A partir do exposto, é notória a importância do aprofundamento teórico sobre o


tema “prevenção de lesões no esporte”, e, com isso, no Tópico 3, abordaremos temáticas
relacionadas a assuntos relevantes a esse tema, incluindo alongamento e aquecimento
no esporte, a Fisioterapia na equipe esportiva e conduta fisioterapêutica na prevenção
de lesões esportivas.

Após compreender nosso objeto de estudo (atleta) e os caminhos necessários


dentro da reabilitação fisioterapêutica, faz-se necessário que entendamos as
características básicas das lesões esportivas. No que se refere às causas das lesões
no esporte, verifica-se que elas ocorrem por métodos inadequados no treinamento,
alterações estruturais que sobrecarregam estruturas corporais, desequilíbrio muscular,
nutrição inadequada, sono ruim e problemas emocionais, por exemplo.

113
Todos os fatores mencionados influenciam o surgimento de lesões esportivas
e, por isso, estima-se que sejam controlados. Além disso, muitas lesões no esporte
ocorrem por desgaste crônico e por lacerações, os quais decorrem da realização de
movimentos repetitivos. Os fatores causais das lesões são mais bem detalhados no
quadro apresentado a seguir:

QUADRO 3 – ALGUNS FATORES QUE PREDISPÕEM MAIOR EXPOSIÇÃO


ÀS ALTERAÇÕES CINÉTICO-FUNCIONAIS

Fatores Características
Em geral, caracteriza-se por atletas que não permitem recuperação
Métodos inadequados no corporal adequada após realização intensa de exercícios. Outros
treinamento exemplos incluem a utilização de superfícies, roupas e calçados
inadequados.
Alteram a biomecánica corporal, sobrecarregando segmentos
corporais em detrimento de segmentos incapazes de realizarem
sua função. Exemplos incluem membros de diferentes tamanhos,
Anormalidades estruturais
escoliose, joelho valgo ou varo. Nestes casos, problemas estruturais
comprometem a produção de movimento e aumentam o risco de
lesões esportivas.
Músculos, tendões, ligamentos e até mesmo ossos sofrem
processo de laceração (ruptura) sempre que expostos a forças
superiores à sua capacidade intrínseca, por isso, o preparo físico
Desequilíbrio muscular prévio é fundamental para prevenir o surgimento de lesões. Além
disso, a fraqueza generalizada aumenta o impacto articular,
tornando mais prováveis as lesões por desgaste, bem como os
ossos enfraquecidos podem fraturar com maior facilidade.

FONTE: a autora

A partir da contextualização apresentada, uma lesão esportiva caracteriza-


se por lesão musculoesquelética adquirida durante a prática esportiva, possuindo
ocorrência elevada pela falta de controle e respaldo, na maioria das vezes, de todos os
fatores e circunstâncias expostos. As lesões mais comuns no esporte são lesões ósseas
(fraturas), lesões articulares (artrose, osteoartrose), lesões musculotendíneas (contusão,
distensão, tendinite, entorse) e lesões neurais (neuropatias).

2 FISIOTERAPIA NA EQUIPE ESPORTIVA


Ao considerar-se a equipe responsável pelo atendimento e treinamento do
atleta, dados históricos demonstram que as primeiras atividades desempenhadas
pela Fisioterapia ocorreram no futebol, em um momento no qual as técnicas aplicadas
incluíam, inicialmente, apenas a massagem, e, só anos depois, com a modernização
tecnológica e sugestão de diversas outras técnicas, as opções terapêuticas foram
ampliadas para esse perfil de pacientes, conforme Kons et al. (2022).

114
2.1 PAPEL DA FISIOTERAPIA NO MANEJO DO ATLETA
Ao longo de todo contexto histórico, desde o início da profissão, o papel da
Fisioterapia dentro da equipe esportiva era baseado em reabilitar e prevenir lesões
no esporte. Só mais tarde, com o aperfeiçoamento e melhor entendimento do papel
do fisioterapeuta em toda a sua abrangência, é que condutas voltadas a otimizar o
rendimento, avaliar o comportamento cinético-funcional e acelerar a recuperação após
o exercício também foram implementadas nas rotinas fisioterapêuticas de campo, de
acordo com Lopes et al. (2019).

Tais necessidades ficaram evidentes a partir da observação da rotina de atletas,


principalmente os de alto rendimento, constituída basicamente por treinos excessivos,
além de elevado volume de jogos e competições, muitas vezes, com tempo insuficiente
de descanso entre partidas, o que tendeu a resultar em sobrecarga do sistema
musculoesquelético e maior predisposição tanto para lesões quanto para o surgimento
de outras doenças. Isso ocorre pela baixa imunidade, resultante de um estado de
desequilíbrio no organismo, no qual o estresse imposto é muito maior do que aquele
suportado pelos sistemas corporais.

Por sua vez, as mencionadas lesões ocorrem a partir do desenvolvimento de


diversas condições impactantes ao sistema musculoesquelético, como fadiga muscular,
desequilíbrios musculares, tempo de descanso insuficiente, excesso de treinamento
em alto volume, colisões, quedas, biomecânica alterada e aptidão física insuficiente da
demandada pelo exercício executado, conforme Oliveira et al. (2013).

Adicionalmente, fatores de ordem psicossociais também tendem a influenciar


o cenário exposto, fato que deve ser igualmente considerado pelo fisioterapeuta, visto
que diferentes personalidades demandam posicionamento e manejo personalizados
por parte do terapeuta. Por exemplo, alguns atletas precisam de motivação verbal
constante para um bom desempenho no treino, ao passo que outros se incomodam
com essa postura e não gostam de ouvir palavras motivacionais, já que se consideram
conscientes e focados o suficiente para executarem tudo o que for necessário dentro da
prática esportiva. Assim, cabe ao fisioterapeuta esportivo sensibilidade para identificar
diferentes personalidades e agir de acordo com a abordagem que melhor se enquadre
a cada perfil.

No que se refere às funções, já vimos que o fisioterapeuta esportivo, dentre


outras coisas, é, também, responsável por realizar avaliação, seguida do diagnóstico
cinético funcional do atleta, que deve apresentar informações relevantes referentes
às necessidades específicas de cada atleta, a partir das quais, então, será possível
um manejo voltado a prevenir lesões e otimizar o desempenho esportivo, utilizando
de condutas suficientes para resolver desequilíbrios musculares e viabilizar ajustes
biomecânicos.

115
Ademais, também compete ao fisioterapeuta esportivo a aplicação de técnicas
de recuperação pós-exercício, no âmbito de acelerar e auxiliar o organismo a restaurar
suas funções basais anteriores ao esforço e, com isso, tornar o atleta recuperado em
menor tempo para continuar a prática esportiva. Com isso, vale destacar que atletas
de alto rendimento realizam, muitas vezes, demanda de treinamento acima de níveis
considerados saudáveis, o que gera elevado padrão de estresse metabólico associado
à realização de movimentos que podem extrapolar as barreiras fisiológicas, gerando
importantes alterações musculoesqueléticas, que devem ser devidamente identificadas
e tratadas pela intervenção fisioterapêutica, conforme Oliveira et al. (2013).

2.2 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NA PREVENÇÃO


DE LESÕES
Primariamente, o fisioterapeuta esportivo deve conhecer características
aprofundadas da modalidade esportiva na qual trabalha e, dentre tais, é indispensável
conhecimento sobre o perfil epidemiológico de lesões esportivas, ou seja, cabe ao
fisioterapeuta esportivo compreender, pela literatura, quais são os tipos de lesões mais
comuns na modalidade esportiva em que atua. Em posse dessa informação, deve
realizar nova pesquisa literária para identificar as melhores técnicas preventivas às lesões
verificadas, às quais os seus atletas estarão mais expostos, conforme Kons et al. (2022). A
exemplo, o quadro a seguir apresenta informações relacionadas a tipos de lesões mais
comuns em algumas modalidades esportivas, de acordo com Prentice (2012). Acompanhe.

QUADRO 4 – EPIDEMIOLOGIA DE LESÕES ESPORTIVAS

Modalidade
Lesões esportivas comuns
esportiva
As lesões mais frequentes reportadas são do tipo de lesão muscular. Em re-
Futebol lação ao local anatômico, as regiões mais acometidas são: isquiotibiais (37%),
adutores (23%), quadríceps femoral (19%), tríceps sural (13%).
Voleibol O tipo de lesão mais frequente é a entorse de tornozelo.
Lesão mais frequente é a distensão ligamentar nas regiões anatômicas do
Basquete
tornozelo, pé e joelho.
Em provas de velocidade, as lesões mais frequentes são do tipo muscular, sen-
Atletismo
do a maioria localizada na região da coxa posterior e anterior, respectivamente.
O tipo de lesão mais frequente é a tendinopatia, mais comum а na região do
Natação
ombro.

FONTE: a autora

Assim, devemos considerar que técnicas específicas serão mais adequadas


para prevenção de determinados tipos de lesões. Em geral, cada tipo de tecido corporal
responde melhor a determinado tipo de intervenção no âmbito da prevenção de lesões. Na
sequência, serão apresentadas técnicas preventivas com bons níveis de evidências para
prevenir determinados tipos de lesões.

116
2.2.1 Estabilização central
O exercício de fortalecimento dos músculos localizados na região central do corpo
humano recebe o nome de “estabilização central”, sendo responsável pela promoção
da condição preventiva e terapêutica, pois o desenvolvimento do controle muscular é
fundamental para a manutenção da estabilidade necessária ao desempenho funcional,
além de reduzir a incidência de lesões e desconfortos na região do complexo lombo pélvico.

Então, o treino de estabilização central confere ao atleta melhor capacidade


quanto ao controle de seu tronco em relação aos membros inferiores durante momentos
dinâmico e estático. Em contrapartida, sempre que a estabilização central do atleta
se encontrar deficitária, ocorrerá disfunção lombar em razão do comprometimento
biomecânico causado pela ausência de força necessária para estabilizar o movimento,
por causa do consequente déficit de força em membros inferiores que eventualmente se
encontraram em condição de desequilíbrio. Adicionalmente, a baixa ativação muscular
resultante no segmento mencionado também irá desencadear disfunções funcionais
na produção de movimentos realizados na região da pelve.

Portanto, conforme se observa, o treino de estabilização central representa


importante medida preventiva sobre o desenvolvimento de lesões esportivas verificadas na
região da coluna lombar, pelve e membros inferiores.

2.2.2 Alongamento
Conceitualmente, o alongamento corresponde a um tipo de exercício físico
realizado para o ganho e manutenção de flexibilidade dos músculos. Assim, essa
técnica promove estiramento das fibras musculares envolvidas e, quando executado
corretamente, respeitando os princípios do treinamento, pode resultar em ganho da
amplitude de movimento, melhorando a flexibilidade e, por isso, favorecendo boas
condições para melhorar a performance em diferentes tipos de atividades físicas.

Assim, conforme mencionado, o alongamento visa a restaurar ou manter a


amplitude de movimento nas articulações de forma adequada aos níveis de performance
pretendidos, já que aumenta a capacidade elástica muscular e, com isso, previne
lesões por estiramento muscular. Por isso, devido ao fato de o alongamento atuar
especificamente sobre o tecido muscular, é esperado que seus efeitos preventivos sejam
exatamente sobre esse tecido, minimizando a ocorrência de estiramento muscular.

É recomendado que o alongamento, sempre que desenvolvido no cenário


apresentado de prevenção, seja realizado nos músculos mais expostos de acordo com
cada modalidade esportiva. A conduta aplicada deve constituir-se por quatro ou cinco
séries de alongamento, mantidos por 60 segundos na posição de estiramento e com
intensidade que respeite os níveis fisiológicos do tecido e tolerância a dor. Existem três
tipos de alongamentos: estático, dinâmico; e contrair-relaxar.

117
2.2.3 Aquecimento
O aquecimento constitui uma técnica geralmente aplicada instantes antes da
prática esportiva ou da realização de exercícios físicos diversos. O intuito do aquecimento é
elevar gradualmente a intensidade da atividade física e preparar os sistemas corporais
ao exercício mais intenso, realizado na sequência, gerando, inclusive, elevação da
temperatura corporal.

Logo, o aquecimento contempla o período de preparação para o treinamento


ou competição, demonstrando bons efeitos preventivos quando aplicado no cenário
descrito. O aquecimento pode ser realizado de um dos seguintes modos descritos a
seguir, a depender do tipo de movimento recrutado durante a prática esportiva. São
tipos de aquecimento:

1) Exercício aeróbio: bicicleta, trotes, corrida ou caminhada, realizados para aumentar a


temperatura corporal e o metabolismo sistêmico.
2) Alongamento em regiões localizadas: membros superiores, membros inferiores ou
tronco, quando o exercício a ser realizado é também localizado.
3) Gestos esportivos do esporte: são simulados em baixa intensidade os movimentos
realizados no esporte, a fim de preparar especificamente o segmento utilizado
durante a prática esportiva.

A realização do aquecimento é especialmente relevante quando aplicado


previamente a esportes de resistência.

2.2.4 Bandagem funcional


A bandagem funcional compreende uma fita, que pode ser elástica (quando tem
o objetivo de estabilizar, mas garantir movimento) ou inelástica (quando o objetivo for
estabilizar e restringir o movimento). Representa ferramenta comumente utilizada para
tratar lesões esportivas, bem como prevenir recidivas. Além disso, conforme mencionado,
o principal objetivo é estabilizar a articulação, promovendo, assim, redução de dor na
região (caso lesionada).

De fato, representa estratégia útil para atletas com histórico de entorses de


tornozelo e joelho, visto que a fita tende a auxiliar pelo desempenho de parcela da
função do ligamento, que é o tecido acometido nesses tipos de lesões.

118
2.2.5 Propriocepção
A propriocepção, também conhecida como cinestesia, define-se como sendo
a informação de origem postural que é enviada ao sistema nervoso central (SNC) por
milhares de receptores localizados nos músculos, tendões, ligamentos, articulações ou,
ainda, tecido tegumentar.

Dados demonstram que atletas com boa propriocepção apresentam melhores


respostas reativas em momentos inesperados, e, com isso, as lesões do tipo entorse
podem ser evitadas. Ademais, exercícios capazes de estimular a resposta neuro articular
são úteis na prevenção de lesões desse tipo.

Portanto, estima-se que seja dado enfoque no treino proprioceptivo voltado


a melhorar o controle neuromuscular das articulações do tornozelo, joelho e ombro.
Exercícios de propriocepção são importantes para prevenção de lesões ligamentares.

2.2.6 Exercício excêntrico


O exercício excêntrico contempla o alongamento do músculo responsável por
afastar origem e inserção, o que resulta em cenário de tensão e contração muscular
no controle no movimento. A esse respeito, sabe-se que a tensão gerada nesse tipo
de contração é consideravelmente maior do que aquela tensão gerada durante o
encurtamento, que é verificado durante movimentos que resultam em contração
concêntrica.

Também, de todos os tipos de contrações musculares, a modalidade de exercício


excêntrico é responsável por maior ganho de força, o que, evidentemente, resulta em
melhores níveis de aptidão física e equilíbrio muscular necessários à prática esportiva,
desde que treinado adequadamente. Portanto, o exercício excêntrico é útil para prevenir
novas e recidivas de lesões nos músculos e nos tendões, conforme Santos (2019).

Sobre as técnicas apresentadas, vale destacar que é de extrema importância


respeitarmos doses e respostas adequadas das técnicas preventivas selecionadas.
Assim, devemos considerar que “mais” nunca será “melhor”; ao contrário, quantidades
demasiadamente elevadas podem resultar em efeito rebote e prejudicar em vez de
prevenir.

119
IMPORTANTE
As intervenções preventivas sugeridas para esportes
específicos aqui apresentadas representam apenas uma
síntese geral de informações identificadas em literatura. Você
pode se respaldar nelas quando for o caso; no entanto, em
casos de modalidades esportivas ou técnicas não mencionadas,
é importante que você busque informações disponíveis na
literatura que abordem a temática que você precisa, a fim de
se basear em informações e contextos que se enquadrem
na sua realidade clínica momentânea. Além disso, lembre-se
de que não existe receita de bolo em se tratando de saúde.
Cada paciente é único e deve ser considerado tendo conduta
prescrita individual, de acordo com as lacunas observadas.

Dentre as principais causas, destacam-se: esportes de maior contato e intensidade


(atletismo, futebol, handebol, tênis, boxe), alimentação ou hidratação deficientes,
falta de preparo físico e treino adequados, repouso inadequado, excesso de treino ou
sobrecarga (chamado de overtraining), componente emocional, idade, sexo, genética etc.
As consequências deles incluem afastamento de competições e treinamentos, gastos
financeiros elevados com serviços de saúde e problemas emocionais.

3 ALONGAMENTO E AQUECIMENTO NO ESPORTE


O aquecimento aplicado em Fisioterapia Esportiva contempla práticas aplicadas
com intuito de preparar o organismo do atleta à execução de esforço subsequente,
que pode ser representado por treinamento ou, ainda, competição. Assim, por meio do
aquecimento, pretende-se preparar o sujeito sobre aspectos físicos e psíquicos, tanto
para melhor desempenho cinético funcional quanto para prevenir lesões. Para muitos
autores, o aquecimento constitui a primeira etapa do exercício físico.

Por sua vez, o alongamento representa uma manobra terapêutica usada para
elevar a flexibilidade e, com isso, o grau de mobilidade articular dos tecidos moles. Existem
diferentes tipos de alongamentos:

• Alongamento estático.
• Alongamento balístico.
• Alongamento por facilitação neuromuscular proprioceptiva.

Cada um deles possui características e objetivos particulares, que se tornam


úteis em diferentes contextos do atendimento ao atleta.

120
A partir do exposto, é notória a importância que as práticas de aquecimento
e alongamento desempenham no manejo do atleta, visto que cada uma delas denota
objetivos particulares importantes à saúde do atleta de um modo geral. Por isso, a seguir,
serão detalhadas características da relevância de tais condutas implementadas à rotina
da Fisioterapia Esportiva. Acompanhe!

3.1 ALONGAMENTO NO ESPORTE


Por definição, o termo “alongamento” se refere a um conjunto de exercícios
físicos realizados para o ganho de flexibilidade tecidual, sendo, inclusive, uma habilidade
física treinável, sobre a qual ganhos e evoluções são verificadas a partir de treinamentos
sistemáticos que respeitem a todos os princípios biológicos do treinamento. O foco dos
exercícios de alongamento são os tecidos moles, atingindo principalmente os tecidos
tegumentar, conjuntivo e muscular.

Por sua vez, a flexibilidade, conforme citado, se refere a uma capacidade física
relacionada à realização voluntária de determinado movimento em sua máxima amplitude
angular que, em algumas articulações, se mostra inclusive superior às amplitudes
fisiológicas, ainda que dentre de limites morfológicos. Assim, treinos de flexibilidade
submetem o músculo a elevadas amplitudes de movimento, o que deve ser supervisionado
para evitar riscos de potenciais distensões musculares. Logo, compreende-se que
exercícios de alongamentos são realizados para melhorar níveis de flexibilidade.

Sobre o alongamento, algumas bases e condições fisiológicas devem ser


conhecidas antes que você prescreva essa técnica aos seus atletas. Em cenários
nos quais a fibra muscular é submetida a estiramento equivalente a 170% do seu
comprimento original, a sobreposição entre os filamentos de actina e miosina se
encontram interrompidos, e, nesse caso, há possibilidade do desenvolvimento de um
estado de distensão muscular.

Similarmente, caso o músculo seja submetido a alongamentos superiores ao


seu comprimento de repouso, a quantidade de pontes cruzadas no local sofre redução,
já que a sobreposição de fibras sofre redução drástica. Nesses casos, o comprimento
do sarcômero, ao longo de toda sua extensão, se demonstra menor em relação ao
comprimento ideal e, por isso, tem sua capacidade quanto à produção de tensão máxima
reduzida, o que caracteriza condição clínica intitulada de encurtamento muscular.

Em síntese, toda força produzida a partir do processo de contração muscular


relaciona-se ao número de pontes cruzadas observadas na região interna dos
sarcômeros, sendo essas representadas pelos filamentos de actina e miosina.

121
Quanto aos efeitos do alongamento, eles são divididos entre efeitos agudos
e efeitos crônicos. Sobre os primeiros, também chamados de efeitos imediatos, os
resultados são provenientes da flexibilidade em constituintes elásticos observados na
unidade musculotendínea. Por sua vez, os segundos contemplam desfechos oriundos
de remodelamento de adaptação quanto à estrutura muscular, que é justificado pelo
aumento na quantidade de sarcômeros em série, implicando maior comprimento da fibra
muscular. Tais efeitos crônicos se mantêm mesmo após algum período de interrupção
dos exercícios e, por isso, recebem tal nome.

Aumentos significativos e mais permanentes dependem da força do


alongamento a ser aplicada, de modo que precisa ser mantida por maiores períodos.
Além disso, modalidades que incluem exercícios de alongamento estimulam a produção
de colágeno, necessário para sustentação e manutenção de maior estresse ao qual o
tecido é exposto.

Dentre os benefícios do alongamento, incluem-se: diminuição da tensão


muscular ocorrida por meio das alterações viscoelásticas; e diminuição, ainda que
indireta, de condições de inibição reflexa e alteração na viscoelasticidade tecidual,
resultante da diminuição das pontes cruzadas no interior do sarcômero. A mencionada
redução da tensão muscular viabiliza um aumento oportuno e desejado da amplitude
articular.

O arco reflexo, presente na musculatura esquelética, representa mecanismo


fundamental sobre a regulação quanto ao nível de contração muscular a ser desempenhado,
visto que esse mantém o sistema nervoso regularmente informado quanto às condições
de estiramento e tensão do tecido sobre o qual os receptores periféricos se encontram
envolvidos. Tal função de conectar informações é realizada pelos fusos musculares (no
caso do estiramento) e pelos órgãos tendinosos de Golgi (no caso de tensão).

Assim, os mencionados fusos musculares se constituem por fibras intrafusais,


organizadas lado a lado no ventre muscular com as fibras extrafusais, e esse conjunto de
estruturas permite que um alongamento extremo seja identificado pelas vias sensoriais,
as quais enviarão a mensagem ao sistema nervoso central por meio da via aferente.
Quando a mensagem chega ao sistema nervoso central, ele envia uma resposta que
leva os motoneurônios alfa a começarem o processo de contração muscular agonista
ao movimento que está sendo realizado, inibindo o músculo antagonista ao movimento.
Esse mecanismo de ação recebe o nome de reflexo de estiramento.

Já os órgãos tendinosos de Golgi denotam fibras organizadas em séries com


fibras musculares posicionadas com tendão. Logo, as terminações nervosas sensoriais
dessas estruturas se unem com fibras dos tendões para, na presença de um aumento de
tensão no músculo, serem sensibilizadas e enviarem tal mensagem ao sistema nervoso
central, também por via aferente.

122
No entanto, nesse caso, a resposta enviada se contradiz àquela verificada a
partir da sensibilização do fuso, ocorrendo processo de inibição na contração muscular
agonista ao mesmo tempo em que é estimulada a contração muscular antagonista
do movimento produzido, sempre que a tensão muscular denotar níveis críticos. Esse
mecanismo de ação recebe o nome de reflexo tendinoso.

Por isso, é necessária cautela na prescrição de alongamento ao atleta, haja


vista que níveis muito aumentados, conforme exposto, submetem o tecido muscular ao
risco de distensão muscular, lesão que representa uma das principais lesões esportivas
verificadas na prática clínica. Ao contrário, níveis adequados de alongamento parecem
ser interessantes para prevenir lesões por estiramento, pois aumentam a flexibilidade
que é necessária à execução de gestos esportivos.

3.2 AQUECIMENTO NO ESPORTE


Precisamos iniciar mencionando conceitos básicos. Quando consideramos o
aquecimento, é importante entendermos que ele pode ser do tipo ativo ou passivo e,
ainda, geral ou específico.

O aquecimento ativo é representado pela execução de movimentos de baixa


intensidade e é útil no aumento da temperatura corporal, que promove aquecimento dos
tecidos e induz a algumas alterações fisiológicas, como o aumento do metabolismo,
que é útil como preparo ao exercício. Por sua vez, o aquecimento passivo caracteriza
a utilização de fontes de calor para aumentar a temperatura corporal por meio de
mecanismos de indução, como duchas quentes, massagem, diatermias e fricção.

Nota-se que o aquecimento geral (movimento do corpo todo) e ativo resultam


em efeitos mais dinâmicos do organismo, visto que sua execução acarreta a mobilização
de grandes grupos musculares, podendo ser realizada por meio de trotes leves, corrida
leve, caminhada leve, dentre outras possibilidades. Autores afirmam que o principal
objetivo do aquecimento global é aumentar a temperatura corporal e o aporte vascular
da musculatura, visando a tornar a região mais bem preparada, bem como os sistemas
cardiovascular e pulmonar, fundamentais para atividades de resistência com longa
duração. Já o aquecimento específico representa a realização de movimentos com
enfoque em grupos musculares específicos, o que gera redistribuição sanguínea para
a região do exercício. Assim, proporciona, ao local, aumento de temperatura e aporte
vascular, fundamentais para execução do movimento.

Como se percebe, os exercícios de aquecimento são de extrema importância ao


preparo do organismo para prática esportiva, sobretudo aquelas vigorosas. Isso porque,
ao prepararem o organismo, tendem a influenciar o desempenho, melhorando-o, além
de possibilitar a diminuição ao risco de lesão muscular. Tamanha importância e eficácia
se mostra no fato de que aquecimentos ativos e passivos, em níveis adequados, podem
melhorar o desempenho muscular em até 7%. Isso, em uma prova importante, pode significar
a vitória.
123
No entanto, alguns cuidados quanto à intensidade devem ser devidamente
tomados para que os resultados reportados sejam, de fato, verificados. Assim,
recomenda-se que o aquecimento geral seja ativo, porém leve, visto que níveis
moderados e intensos irão esgotar as reservas energéticas imediatas e, por isso, fadigar o
sujeito antes mesmo da execução do exercício.

O aquecimento específico ativo, se possível, deve ser complementado por um


aquecimento global ativo, já que a elevação da temperatura corporal não necessariamente
resulta em aumento da temperatura dos músculos. Assim, durante o aquecimento, a
temperatura do músculo tende a aumentar em níveis mais lentos.

Na sequência, à medida que a temperatura se eleva dentro de limites esperados,


ocorre maior liberação de O2, vindo da hemoglobina. Além disso, nas reações que ocorrem,
o aumento da temperatura gera calor, que é resultado de reações metabólicas de todas
as células. O calor liberado pelo músculo durante a contração muscular tende a viabilizar
a liberação de O2, assim como a elevação do aporte sanguíneo sobre os músculos
envolvidos no exercício. Reitera-se que o aquecimento implementado deve respeitar os
níveis progressivos a partir de intensidades suficientes apenas para elevar temperaturas
musculares, no entanto, sem resultar cenários de fadiga por redução drástica das reservas
energéticas.

No que se refere aos benefícios do aquecimento, observa-se:

• Aumento da temperatura muscular.


• Aumento do metabolismo energético.
• Aumento da elasticidade dos tecidos moles.
• Aumento da produção de líquido sinovial.
• Aumento do fluxo sanguíneo e débito cardíaco.
• Otimização da função do sistema nervoso central.
• Maior recrutamento das unidades motoras neuromusculares.

Tais alterações resultam, ainda, em melhor fluidez na execução do gesto esportivo


e previnem complicações articulares, conforme já citado.

Ademais, dados demonstram que o aquecimento é capaz de diminuir a atividade


da fibra gama, e, com isso, ocorre a elevação da sensibilidade dos órgãos tendinosos
de Golgi, o que resulta em relaxamento muscular. Também se nota que a velocidade
sobre a qual o impulso nervoso é conduzido aumenta, o que gera maior velocidade de
reação, bem como maior capacidade de coordenar os movimentos. Todos os benefícios
descritos são importantes à prática esportiva.

Para ficar ainda mais claro, a elevação na temperatura compatível a 2 °C equivale a


elevações próximas a 20% no tempo de resposta para contração muscular. Além disso, as
reações bioquímicas se demonstram mais eficazes quanto à velocidade em temperaturas
aumentadas. Logo, podemos concluir que o aumento do metabolismo ocorre em
temperaturas mais altas, que também favorecem a atividade celular metabólica.
124
LEITURA
COMPLEMENTAR
O FORTALECIMENTO DA MUSCULATURA DO CORE NA PREVENÇÃO
DE LESÕES EM ATLETAS DE ALTO NÍVEL

Wendy Jenniffer Rodrigues dos Santos


Emmanuel Henrique Simões Gosser
Bruno de Souza Vespasiano

1 INTRODUÇÃO

O core é uma unidade integrada de músculos, constituído por 29 pares de


músculos – dentre os quais se encontram os músculos abdominais, glúteos, cintura
pélvica, multífido lombar, oblíquos e outros – os quais nos possibilitam manter a
postura e gerar força para membros superiores e inferiores (MCGILL, 2010). As lesões
musculares são maléficas para atletas amadores e de alto rendimento, sendo que, ao
longo da existência dos esportes de alto nível, diversos profissionais buscaram práticas
que servissem não apenas como forma de aumento de desenvolvimento, mas também
como prevenção e reabilitação de lesões que venham a surgir durante as práticas
esportivas. Embora a natureza das lesões varie de acordo com o esporte praticado, a
grande maioria das lesões possui causas semelhantes, as quais são relacionadas à falta
de preparo físico ou programa de treinamento ineficaz (FONSECA et al., 2007).

Neste sentido, o fortalecimento do core foi proposto como método preventivo


de danos ao corpo do atleta por meo de séries de exercícios que englobem as diversas
funções musculares, tendo sido abordado em momento posterior a importância do
fisioterapeuta e sua atuação no setor esportivo, observando programas de Fisioterapia
– como aqueles que compreendem o conjunto lombo-pelve-quadril, para redução de
perturbação e outros – utilizados para a reabilitação e prevenção de lesões através
de exercícios que possam ser integrados ao programa de treinamento já existente e
desenvolvido para o esportista (PAVIN; GONÇALVES, 2010).

A Fisioterapia possui papel fundamental e deve agir rapidamente e de maneira


eficaz, pois o atleta necessita executar todas as funções do corpo devidamente. Deve visar,
em primeiro plano, a conduta preventiva e, em segundo plano, a conduta reabilitadora.
O fisioterapeuta esportivo é responsável pelo processo de acompanhamento físico do
atleta em pré-competição, durante a temporada, e após a competição, organizando e
realizando os levantamentos necessários para efetuar recomendações à equipe. Além
disso, é de extrema importância que o profissional conheça os movimentos executados e
os principais músculos empregados na ação (SILVA, 2018). A prevenção é imprescindível,

125
pois, em um programa bem elaborado e em conjunto com avaliações de força, potência e
resistência dos músculos, o esportista vai apresentar melhor desempenho, aumentando
a eficiência muscular, evidência de possíveis fatores de risco a danos e diminui índices
de lesões e recidiva de lesões. Para que a prevenção ocorra, é necessário destacar as
características do esporte, evidenciando as lesões mais frequentes na modalidade e a
individualidade de cada atleta.

Assim, o presente estudo teve como objetivo verificar se o fortalecimento da


musculatura do core previne lesões em atletas de alto nível.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O estudo se refere a uma revisão de literatura narrativa, em que o material


referente a um determinado tema que irá compor a revisão não é recolhido de forma
aleatória, mas, sim, a partir de seleções por critérios definidos e pré-estabelecidos, bem
como processo de inclusões e de exclusões (VESPASIANO et al., 2017). O processo
envolve as etapas: 1) definição da pergunta e/ ou problema; 2) definição de estratégias
para critérios de exclusão; 3) busca; 4) separação das publicações mediante os
critérios preestabelecidos; e 5) observações das publicações selecionados na revisão.
A busca foi realizada de julho de 2017 a novembro de 2018 nas bases de dados como
Google Acadêmico, Scielo, PubMed e no acervo de livros da biblioteca da faculdade.
Foi empregado o uso das palavras-chaves no idioma português: núcleo, prevenção,
esporte, lesão, Fisioterapia – e, respectivamente, na língua inglesa, core, prevention,
sport, lesion e physiotherapy.

Foram incluídas publicações em português e inglês, sem restrições de tempo.


Posteriormente, deu-se início ao processo de aplicação de inclusões e exclusões. E, a
partir dos títulos e resumos, buscou-se identificar as publicações que se aproximavam e
se distanciavam do objetivo do estudo – sendo que aquelas que se distanciaram foram
retiradas. Como principal critério de inclusão, foram consideradas as publicações que
apontavam o fortalecimento do core na prevenção de lesões e todas as modalidades
de esporte, sendo priorizadas as publicações que configuram artigos em periódicos
científicos, ou seja, artigos originais e estudos teóricos e de revisões. Foram excluídas
todas as publicações que saíssem do objetivo do estudo (VESPASIANO et al., 2017).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados demonstraram que não há número expressivo de publicações que


abordem o fortalecimento da musculatura do core como forma de prevenção de lesões
em atletas, constatando, assim, que há necessidade de mais investigações referentes ao
tema abordado. Esse estudo de revisão mostra que o fortalecimento do core é utilizado
em várias modalidades de esporte, mas há necessidade de ser preponderantemente
empregado como programa preventivo de lesões.

126
A prática esportiva tem ganhado muitos adeptos, e, com isso, as incidências de
lesões também se apresenta elevada. As causas variam entre a falta de preparo físico
e a falta de orientação no desenvolvimento do esporte. As lesões ocorrem de forma
interligada entre o atleta e o esporte praticado. Qualquer esporte gera sobrecarga num
determinado ponto do corpo humano. A Fisioterapia deve desempenhar um papel mais
ágil para que o indivíduo recobre todas as funções musculoesqueléticas no máximo de
potência e perfeita execução em todos os movimentos. Além disso, há cobranças por
parte da equipe técnica, fornecedores de patrocínio, diretoria e, principalmente, do atleta
(HAUGEN et al., 2016).

A Fisioterapia Esportiva é uma área relativamente nova. Ela não segue a


vertente restrita apenas ao modo curativo e reabilitador, mas está inserida em equipes
multidisciplinares dos atletas, proporcionando qualidade de vida, promovendo prevenção
e tratando lesões consequentes do esporte. Na prática esportiva, o profissional
fisioterapêutico apresenta uma grande importância no processo preventivo e de
reabilitação sendo responsável pelo tratamento de indivíduos com quadros patológicos,
restabelecendo a funcionalidade que foi prejudicada devido a esse quadro (BREWER,
2009).

A atuação do fisioterapeuta na medicina esportiva é necessária principalmente


pelo alto índice de lesões resultante da prática esportiva, principalmente em atletas de
alto rendimento. Desempenha um papel significativo no tratamento de lesões esportivas
e apresenta duas funções de grande importância: 1) tratamento de etiologias e déficits
funcionais bem definida; 2) instruir os praticantes quanto à prevenção e mudanças
comportamentais (SPRING et al., 2001). Para Silva, Vital e De Mello (2016), o fisioterapeuta
deve conhecer o esporte de atuação e os métodos utilizados pelo treinador, pois a conduta
baseia-se nessa metodologia, compreendendo o organismo de cada atleta e verificando
qual a quantidade máxima de estímulos físicos que não ocasiona efeitos negativos.
Deve-se observar, também, a parte física, sendo ela a carga fisiológica e a adaptação.
Todas as informações coletadas formam o conhecimento do substrato biomecânico que
desencadeia lesões esportivas e, assim, poderá auxiliar na redução de incidência dessas.

No cotidiano da prática esportiva, as formas de exercícios aplicados a atletas


variam conforme as necessidades estabelecidas, e muitos atletas usam o programa
de estabilização do core como parte de seu roteiro de treinamento. Porém, resultados
contraditórios quanto a sua eficácia vêm sendo apresentados por diferentes estudos,
citando a falta de um padrão ouro para medir a estabilidade do core, bem como as
diferentes demandas da musculatura do core durante a atividade esportiva (carga
alta, movimentos resistidos e dinâmicos), o que dificulta a resposta do core na prática
esportiva (HIBBS et al., 2008).

127
A busca por prevenção e tratamento de lesões esportivas vem sendo a principal
preocupação dos praticantes de esporte. Estima-se que mais de 10.000 indivíduos por
dia procuram assistência médica, alegando lesões posteriores à prática de esportes,
recreações ou exercícios (SILFIES et al., 2015). Durante a prática esportiva, a necessidade
de ativações musculares de forma sinérgica é necessária, com o objetivo de controle
e estabilização do corpo durante o desempenho esportivo. Os músculos centrais
promovem a capacidade de o atleta ter o melhor rendimento sem promover estresses
durante a prática que levam à dor (VAN DEN TILLAAR; SAETERBAKKEN, 2018). Segundo
Zandi et al. (2018), o programa de exercícios do core se tornou parte do treinamento e
da reabilitação de atletas. Para McGill (2010), esses exercícios foram estabelecidos como
ferramenta importante para melhorar o desempenho e ajudar no processo de reabilitação
e prevenção de lesões musculoesquelética e possuem, como função primordial, a
busca por estabilidade (JOYCE; KOTLER, 2017). A estabilidade é a capacidade de limitar
o movimento de forma a manter as estruturas íntegras (PAVIN; GONÇALVES, 2010). É,
também, a competência do corpo de permanecer em uma posição relativamente neutra
durante os movimentos estáticos e ativos, evitando lesões em estruturas locais (STUBER et
al., 2014; WANG et al., 2012).

Elementos ativos e passivos contribuem para a estabilidade do core, sendo que o


elemento passivo resulta da interação da carga mecânica sobre a arquitetura óssea e a
complacência dos tecidos moles (WILLSON et al., 2005). Os elementos ativos envolvem
três mecanismos importantes para a estabilidade, sendo o primeiro o aumento da
pressão intra-abdominal – responsável pela firmeza do tronco e diminuição da carga
compressiva da coluna durante atividades de esforço. A contração da musculatura
abdominal promove aumento da pressão intra-abdominal e consequente manutenção
do tronco. Além disso, essa pressão pode ser aumentada através da contração
simultânea do diafragma e do assoalho pélvico (PAVIN; GONÇALVES, 2010; SILFIES et
al., 2015; WILLSON et al., 2005).

Já o segundo mecanismo, o passivo, são as forças compressivas espinais pelo


eixo axial. O aumento excessivo de carga pode contribuir para dores na região lombar, e o
terceiro seria a resistência dos músculos do tronco e quadril. O aumento da resistência
pela ampliação do tempo de co-contração pode favorecer riscos de dor lombar devido à
ineficiência muscular (PAVIN; GONÇALVES, 2010; SILFIES et al., 2015; WILLSON et al., 2005).
Os exercícios da estabilidade do core são variados, em virtude das diferenças funcionais
entre músculos globais e locais (HODGES, 2003; HODGES, 2008). Três fases do trabalho de
estabilização do core são importantes para o entendimento do programa. Essas fases são:
cognitivo (contração de forma consciente à musculatura do core), associativa (realização
dos movimentos de forma controlada em associação com a contração consciente do
core) e automatismo (capacidade de realizar as atividades diária mantendo o core ativo)
(FRANÇA et al., 2008; PEREIRA; FERREIRA; PEREIRA, 2010).

128
A aplicação dos exercícios do core devem ser realizadas em etapas
(FREDERICSON; MOORE, 2005). Essas etapas vão desde a aprendizagem do isolamento
da contração muscular até a incorporação da contração muscular durante as atividades
de vida diária (WILLSON et al., 2005). O modelo de exercícios de estabilização visa
a necessidade da atividade muscular para promover controle e estabilidade, bem
como, restringir movimentos que possa promover lesão. Além do mais, estudos
apontam que falhas desprovidas de músculo podem favorecer a cargas compressiva
e consequentemente risco a lesões na coluna e em membros (VAN DEN TILLAAR,
SAETERBAKKEN, 2018). Diante disso, as estratégias visam restaurar o controle dos
músculos do tronco e, consequentemente, melhorar o controle da coluna vertebral e
pelve, bem como restaurar a capacidade quando a força e resistência dos músculos do
tronco para atender às demandas de controle (HODGES, 2003).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O fortalecimento da musculatura do core atua como forma de reabilitar e


prevenir inúmeros distúrbios musculoesqueléticos, como nos estudos expostos. Por
exemplo, a fraqueza do core em corredores de elite representa tensão e movimentos
compensatórios, que podem ocasionar lesões. Em atletas de cadeira de rodas, o
fortalecimento dessa musculatura pode evitar lesões em ombro. Já em atletas de
beisebol e em remadores, o fortalecimento dessa não representa diferença significativa.
Todavia, são poucos os estudos encontrados que relacionassem o fortalecimento do
core com atletas de alto nível, principalmente, evidenciando as lesões.

Conclui-se que, pelos estudos utilizados para realização desse trabalho, o


fortalecimento da musculatura do core é utilizado em diversas modalidades de esporte
como forma de prevenção de lesões. Porém, alguns autores colocam em dúvida a
eficácia desse método, sugerindo que é necessário utilizá-lo como forma de terapia
combinada, ou seja, o fortalecimento da musculatura do core associado à terapia já
utilizada pelo esportista. Portanto, são necessários mais estudos com esse objetivo para
comprovar a eficácia dessa conduta preventiva.

FONTE: adaptada de http://ojs.toledo.br/index.php/saude/article/view/3300/558. Acesso em: 18 ago. 2022.

129
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• Cabe ao profissional fisioterapeuta prestar assistência a atletas com comprometimentos


funcionais, proporcionando, assim, a promoção de saúde, bem como a sua recuperação,
a partir de reabilitação oportuna respaldada em conhecimentos científicos e técnicos.

• Sobre as funções desempenhadas, o fisioterapeuta esportivo, dentre outras coisas, é


responsável por realizar avaliação seguida do diagnóstico cinético funcional do atleta,
que deve apresentar informações relevantes referentes às necessidades específicas
de cada atleta. A partir de então, será possível o manejo voltado à prevenção de
lesões e à otimização do desempenho esportivo a partir de condutas suficientes, por
resolver desequilíbrios musculares e viabilizar ajustes biomecânicos.

• Técnicas preventivas são prescritas de acordo com as características de exposição


do atleta no esporte treinado. Alguns exemplos de técnicas preventivas utilizadas
rotineiramente pelo fisioterapeuta esportivo incluem exercícios de propriocepção,
exercício excêntrico, bandagem funcional, aquecimento, alongamento e estabilização
central.

130
AUTOATIVIDADE
1 Durante a prática esportiva, segmentos articulares específicos são solicitados em
extenuantes ações mecânicas. A dor crônica no atleta, muitas vezes, pode ser atribuída à
atividade específica do esporte e, também, a alterações na força, flexibilidade e postura,
não só na articulação envolvida, mas em outros elos da cadeia cinética. Neste cenário,
intervenções preventivas são importantes, a fim de reduzir a incidência de tais lesões.
Sobre exemplos de tais práticas, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Estabilização central; kinesio tape; contraste; tens; propriocepção.


b) ( ) Alongamento; aquecimento; propriocepção; exercício excêntrico; estabilização
central.
c) ( ) Massagem; crioterapia; exercício ativo; fototerapia; contraste.
d) ( ) Ativação muscular; exercício excêntrico; propriocepção; crioterapia; contraste.

2 Nota-se que a prática esportiva demanda segmentos articulares específicos, que são
solicitados em extenuantes ações mecânicas. Sobre esse tema, analise as sentenças
a seguir:

I- A estabilização central se relaciona com a capacidade de reconhecer a localização


espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a
posição de cada parte do corpo em relação às demais.
II- O alongamento é um tipo de exercício físico orientado para a manutenção ou melhora
da flexibilidade.
III- O exercício excêntrico consiste em aumentar gradualmente a intensidade da
atividade física, incrementando, também, a temperatura corporal.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença II está correta.

3 O fisioterapeuta esportivo, quando inserido em equipes esportivas, deve, inicialmente,


compreender todas as características do esporte praticado pelos atletas por ele
assistidos. Assim, questões básicas sobre a biomecânica, bem como regras da
modalidade, constituem importante base de informações para nortear a conduta
fisioterapêutica que incluirá, inicialmente avaliação cinético funcional e prevenção de
lesões. A esse respeito, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

131
( ) Os gestos esportivos determinam, em sua maioria, a incidência de lesões
musculoesqueléticas específicas, de acordo com o tipo de exigência requerida em
cada esporte.
( ) Em casos de lesões, o exercício contribui no processo de cicatrização por promover
tensão no tecido, desde que a mobilização seja realizada na amplitude articular
máxima.
( ) O atendimento fisioterapêutico se torna necessário apenas para atletas com lesões
ou àqueles que pratiquem esportes intensos, responsáveis por exigir alta demanda
metabólica, como lutas e atletismo.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.

4 Sabe-se que a Fisioterapia Esportiva atua constantemente com objetivo de prevenir


e tratar lesões musculoesqueléticas decorrentes da prática esportiva. Com relação
à atuação fisioterapêutica em campo, ou seja, durante treinos e competições, os
momentos de atuação são divididos em fases, já que, em cada um, são preconizados
objetivos particulares. A esse respeito, discorra outras funções da atuação
fisioterapêutica na equipe esportiva diferentes das mencionadas.

5 Em geral, quanto mais contato existir em determinado esporte, maior exposição do


atleta quanto à incidência de lesão musculoesquelética. Por exemplo, no futebol,
a maioria das lesões causadas se deve ao excesso de treino, ou seja, quando os
ligamentos, tendões, músculos e ossos são sujeitos a estresse excessivo. Imagine um
cenário hipotético no qual você seja fisioterapeuta de um time de futebol e explique
quais condutas aplicaria, a fim de prevenir lesões aos atletas dessa modalidade
esportiva.

132
REFERÊNCIAS
ANDREOLI, M. A.; OLIVEIRA, T. C. de; FONTELES, D. S. R. Um panorama das
intervenções comportamentais para tratar estresse e ansiedade em atletas: revisão
bibliográfica. Cad. Pós-Grad. Distúrb. Desenvolv., v. 20, n. 1, 2020.

COFFITO – CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL.


Resolução n. 337, de 08 de novembro de 2007. Curitiba, PR: COFFITO, 2007.

HAMILL, J. Bases biomecânicas do movimento humano. 4. ed. Barueri: Manole,


2016.

INCHAUSPE, R. M. et al. A equipe multidisciplinar no esporte: uma revisão narrativa.


Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 12, n. 1, p. 1760, 2020.

KENNEY, W. L. Fisiologia do esporte e do exercício. 5. ed. Barueri: Manole, 2013.

KONS, R. L. et al. Injuries in judo athletes with disabilities: prevalence, magnitude, and
sport-related mechanisms. J Sport Rehabil. v.31, n.7, p.904-910, 2022.

LOPES, J. S. S. al. Test-retest reliability of knee extensors endurance test with elastic
resistance. PLoS One., v. 13, n. 8, p.e0203259, 2018.

LOPES, J. S. S. et al. Kinetics of muscle damage biomarkers at moments subsequent to


a fight in brazilian jiu-jitsu practice by disabled athletes. Front Physiol., v. 10, p. 1055,
2019.

NAHON, R. L.; LOPES, J. S. S.; MAGALHÃES NETO, A. M. Physical therapy interventions


for the treatment of delayed onset muscle soreness (DOMS): Systematic review and
meta-analysis. Phys Ther Sport., v. 52, p. 1-12, 2021.

OLIVEIRA, L. B. et al. Recursos fisioterapêuticos na paralisia cerebral. Catussaba, v.


2, n. 2, p. 25-37, 2013. Disponível em: https://repositorio.unp.br/index.php/catussaba/
article/view/296. Acesso em: 28 abr. 2021

PRENTICE, W. E. Fisioterapia na prática esportiva: uma abordagem baseada em


competências. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.

PRENTICE, W. E. Técnicas em reabilitação musculoesquelética. Porto Alegre:


Artmed, 2003.

133
SANTOS, W.J.R.; GOSSER, E.H.S; VESPASIAN, B.S. O fortalecimento da musculatura
do core na prevenção de lesões em atletas de alto nível. Revista Saúde UniToledo
- Araçatuba, SP, v. 3, n. 2, p. 02-12, dez. 2019.

SILVA, M. O. G. Atuação do educador físico e equipe multidisciplinar no esporte


de rendimento. Monografia (Graduação em Licenciatura em Educação Física) –
Faculdade de Educação e Meio Ambiente, Ariquemes, 2018.

SONAFE - SOCIEDADE NACIONAL DE FISIOTERAPIA ESPORTIVA. SONAFE Brasil,


2022. Disponível em: https://www.sonafe.org.br/. Acesso em: 28 ago. 2022.

TOMAZONI, S. S. et al. Infrared low-level laser therapy (photobiomodulation therapy)


before intense progressive running test of high-level soccer players: effects on
functional, muscle damage, inflammatory, and oxidative stress markers-a randomized
controlled trial. Oxidative Medicine and Cellular Longevity, 2019.

134
UNIDADE 3 —

FISIOTERAPIA NA
REABILITAÇÃO DAS LESÕES
ESPORTIVAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender as técnicas fisioterapêuticas para lesões esportivas da coluna vertebral;

• conhecer as técnicas fisioterapêuticas para lesões esportivas do quadril;

• estudar as técnicas fisioterapêuticas para lesões esportivas do membro superior;

• compreender as técnicas fisioterapêuticas para lesões esportivas do membro inferior.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1– TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA LESÕES ESPORTIVAS DA COLUNA


VERTEBRAL

TÓPICO 2– TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA LESÕES ESPORTIVAS DO QUADRIL

TÓPICO 3– TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA LESÕES ESPORTIVAS DO MEMBRO


SUPERIOR

TÓPICO 4– TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA LESÕES DO MEMBRO INFERIOR

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

135
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A TRILHA DA
UNIDADE 3!

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136
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS
PARA LESÕES ESPORTIVAS
DA COLUNA VERTEBRAL

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos as estruturas da coluna vertebral, regiões
da cervical, torácica e lombar. Entenderemos a inervação da medula e, a partir disso,
abordaremos como deve ser a avaliação da coluna em relação às lesões que atingem as
regiões da cervical, torácica ou lombar, englobando também as deformidades presentes
nesse segmento.

O exercício é muito importante para o condicionamento físico, pois auxilia tanto


na prevenção quanto na recuperação de lesões dos atletas. O fisioterapeuta que atua na
área desportiva avalia o condicionamento físico do atleta e trabalha exercícios objetivando
minimizar a possibilidade de lesão e a melhoria de desempenho. Quando os atletas
sofrem algum tipo de lesão, são submetidos a programas de reabilitação, os quais ficam
sob a responsabilidade do fisioterapeuta desportivo. Nesse processo, deve ser feita uma
avaliação das limitações e sugestões de mudanças no programa de condicionamento ao
preparador físico responsável, além de determinação das formas de intervenção para a
reabilitação do atleta (PRENTICE, 2012).

As lesões específicas podem acometer as várias regiões da coluna, apresentando


diversas etiologias ou trazendo a manifestação de sinais e sintomas conforme o tipo
e a altura da lesão. Com base nisso é que são elaboradas as técnicas de tratamento,
podendo ser distintas, como uma lesão cervical quando comparada a uma lesão na
região lombar. Por ser formada por uma grande quantidade de estruturas, tais como
ossos, ligamentos e músculos, a coluna vertebral é uma região bastante complexa,
especialmente por sua relação com a medula espinhal e com as raízes nervosas que
emergem da região, promovendo, muitas vezes, risco de vida quando há ocorrência de
lesões, especialmente na região cervical.

137
2 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL
A estrutura da coluna vertebral é bastante complexa, sendo composta por um
conjunto de 33 ossos, as conhecidas vértebras, que se dividem em três regiões distintas:
a coluna cervical, a torácica e a lombar. Essas regiões se conectam na parte inferior, a
região do sacro, e terminam em um osso classificado como caudal, o cóccix. A coluna
apresenta algumas curvaturas chamadas de fisiológicas, que servem para que possa
suportar cargas e como uma forma de proteção contra traumas possivelmente impostos
sobre ela (PRENTICE, 2012).

Nessa estrutura, há quatro classificações de curvaturas: a torácica e a sacral, que


são côncavas e já são presentes e identificáveis no corpo no momento do nascimento, e
as curvaturas lombar e cervical, que se caracterizam por concavidade posterior e só se
desenvolvem após o nascimento, durante o processo em que nos colocamos em postura
ereta, sentamo-nos ou nos levantamos. As primeiras curvaturas são conhecidas como
primárias e as segundas, que se desenvolvem após o nascimento, como secundárias.
As curvaturas são influenciadas pela hereditariedade, por algumas patologias e pelas
forças aplicadas constantemente sobre a coluna. Elas servem para proteger a coluna de
lesões, reduzindo o impacto sobre ela, o que, caso ela fosse completamente reta, não
seria possível (HALL, 2020).

IMPORTANTE
As vértebras da coluna se desenvolvem ainda no período embrionário,
inicialmente, de forma cartilaginosa, depois são transformadas em
ossos. Já ao nascimento, as últimas vértebras sacrais e as coccígeas
ainda podem se apresentar inteiramente cartilaginosas, ossificando-
se na infância (NATOUR, 2004).

A coluna pode ser vista como um projeto de engenharia perfeito, em que várias
estruturas estão empilhadas. As vértebras estão sobre o sacro em sua região superior e
trazem um ponto de equilíbrio para o crânio, sendo totalmente conectadas por meio de
ligamentos, músculos e tendões. As áreas com maior mobilidade são as que normalmente
são acometidas por lesões, especialmente as articulações acima da ligação da região
torácica com as costelas e a união da região lombar com a região sacral. Uma coluna
fraca afeta a postura e o equilíbrio, podendo desenvolver compensações, influenciando,
também, na mobilidade dos membros (KEIL, 2014).

Um atleta, de acordo com a modalidade desportiva que pratica e seu nível de


complexidade, impõe sobre o corpo exigências físicas e psicológicas específicas, sendo
que, para seu desempenho ideal, precisa que seu sistema orgânico esteja funcionando
de forma adequada. Em períodos de competições e treinamentos, há uma sobrecarga,
em especial ao sistema musculoesquelético, ou seja, uma grande demanda de força

138
muscular e maiores amplitudes de movimento articular, exigindo do corpo um resultado
acima do nível considerado fisiológico. Para suportar as grandes mudanças que são
impostas ao organismo, o atleta precisa estar preparado para suportar todas as forças
impostas (FRANCA; FERNANDES; CORTEZ, 2004).

2.1 REGIÕES DA COLUNA


Os corpos vertebrais da região cervical são pequenos e dispostos na região do
pescoço, sendo que, nessa região, perpassam artérias vertebrais. Algumas das vértebras
dessa região são bastante diferenciadas, como é o caso da primeira, segunda e sétima
vértebra, que apresentam algumas estruturas bastante diferenciadas em relação às
demais.

Na coluna cervical, os discos intervertebrais compõem a altura dela, com exceção


do atlas e do áxis. Essa conformação dos discos faz com que a região cervical assuma
uma posição lordótica. Tal região possui sete vértebras, mas oito raízes nervosas cervicais,
visto que uma delas emerge entre a região occipital e a primeira vértebra cervical (C1)
(MAGEE, 2010).

FIGURA 1 – VÉRTEBRAS ATLAS (A), AXIS (B) E VÉRTEBRA CERVICAL (C)

FONTE: Tortora e Derrickson (2017, p. 140)

139
A coluna lombar é comumente acometida por dor, sendo uma das maiores
causas de incapacidade, mas não sendo caracterizada como doença grave. Em geral,
dores podem ser causadas por sobrecarga na região ou por distensões provocadas na
realização de atividades da vida diária, especialmente nas posições em pé, sentado e
deitado, seja no trabalho ou em exercícios físicos. Posturas inadequadas também acabam
por produzir o quadro de lombalgia (PRENTICE, 2012).

Como as regiões da coluna apresentam morfologia diferente, as amplitudes


de movimento de cada segmento também serão distintas, modificando, inclusive, a
funcionalidade nas atividades de vida diária. A coluna funciona como um eixo no corpo
humano, o qual se liga aos membros superiores e inferiores por meio das cinturas pélvica
e escapular. Além disso, ela possui uma importante função de conexão do sistema
nervoso central ao periférico por meio da medula espinhal e das raízes nervosas nos
forames intervertebrais. Compreende-se que a estrutura da coluna é estável pela ação
de elementos passivos e ativos, sendo os passivos compostos por ligamentos e pelo
disco intervertebral, e os elementos ativos pelas várias camadas de músculos. Então,
essa proteção faz com que os traumas na coluna sejam menos comuns que nessa região
(BARBOSA; SILVA, 2021).

2.1.1 Biomecânica
As anormalidades biomecânicas – como alteração na flexibilidade do tronco,
diminuição de amplitude de movimento, diminuição de força dos músculos da região da
coluna, extensores de coluna e redução de força da musculatura abdominal – alteram o
alinhamento postural e, como consequência, podem surgir dores na coluna, em especial
na região lombar (PRENTICE, 2012). Algumas considerações biomecânicas, como o ângulo Q
do joelho, a posição do pé, a mecânica ao subir e descer degraus, hipermobilidade articular
e postura assumida na realização das atividades de vida diária devem ser verificadas em
uma avaliação minuciosa da coluna cervical, torácica e lombar (KEIL, 2014).

A amplitude de movimento da coluna vertebral é limitada por restrições


anatômicas as quais ela é submetida, variando entre os diferentes segmentos – cervical,
torácico e lombar, sendo os movimentos possíveis de flexão e extensão, flexão lateral e
rotação. Além disso, a coluna é composta por uma grande quantidade de músculos nas
regiões anterior, posterior e lateral, o que permite mobilidade ao longo de suas estruturas,
mas também auxilia na estabilidade presente nesse segmento corporal (HALL, 2020).

Então, uma postura corporal é determinada por um estado de equilíbrio entre


a parte esquelética e a parte muscular, para que seja possível uma proteção adequada
das partes nobres nas várias posições em que o corpo possivelmente se encontre: em
pé, sentado ou em algum decúbito. Quando há um quadro de desequilíbrio muscular,
o organismo, diante da necessidade de se readequar, acaba promovendo alterações
posturais como forma de compensação, o que, no esporte, torna-se um problema
inclusive ao limitar a atividade esportiva (VEIGA; DAHER; MORAIS, 2011).
140
A coluna vertebral conecta, de forma mecânica, os membros superiores e inferiores,
permitindo o movimento nos três planos e, ainda, possui uma importante função de proteger
uma estrutura nobre de nosso organismo, a medula espinhal. A medula é sustentada por
diversos ligamentos, o que proporciona estabilidade aos segmentos móveis, sendo um
dos mais importantes o ligamento amarelo que conecta as lâminas das vértebras. Esse
ligamento permanece tensionado quando a coluna está em posição anatômica, permitindo
uma maior estabilidade, porém, gera uma compressão discreta nos discos intervertebrais,
provocando um quadro chamado pré-estresse (HALL, 2020).

No caso de atividades físicas de alta intensidade, o corpo de um atleta sofrerá


as consequências, pois haverá adaptações anatômicas e biomecânicas conforme a
modalidade esportiva praticada, e um atleta ainda em processo de desenvolvimento
pode ter a maturação do sistema musculoesquelético afetada (NETO JÚNIOR; PASTRE;
MONTEIRO, 2004).

INTERESSANTE
A fisiologia do exercício estuda as adaptações que o organismo
sofre de forma aguda e crônica, quando submetido ao exercício
físico, e avalia como o organismo se adapta em relação ao sistema
cardiovascular e musculoesquelético.

A prática constante de esporte, nos variados níveis de intensidade e performance, é


uma condição que induz ao risco de lesão. Por exemplo, a natação traz riscos ao sistema
musculoesquelético, pois mesmo que traga benefícios ao sistema cardiorrespiratório e
musculoesquelético, em outros casos pode levar a lesões (AGUIAR et al., 2010).

2.2 LESÕES DA COLUNA


A coluna se apresenta de forma diferenciada quando comparada à parte
anterior, em que estão dispostos os corpos vertebrais e os discos intervertebrais, onde
são sustentados os tipos de pesos exercidos e os choques sofridos pela coluna são
absorvidos. A mobilidade é regulada pelo tamanho do disco intervertebral, que é a parte
posterior, na qual estão localizados os processos articulares e as facetas. É nesse ponto
que ocorrerá o mecanismo de deslizamento, permitindo o movimento. Nessa região, estão
presentes várias alavancas ósseas, o processo espinhoso e os processos transversos,
funcionando como local de inserção muscular e permitindo estabilidade e movimento à
coluna vertebral (VASCONCELOS et al., 2021).

141
Existem diversas forças que atuam sobre a região da coluna vertebral, como o
peso corporal, a tensão imposta aos ligamentos vertebrais, o aumento da pressão intra-
abdominal e cargas externas que podem ser impostas sobre ela. Na posição ereta, o peso
corporal impõe uma carga axial sobre a coluna, e se a pessoa ainda estiver com algum
peso sobre as mãos, existe uma tensão sobre os músculos e ligamentos, o que aumenta
a compressão vertebral. O centro de gravidade é posicionado anteriormente à coluna,
fazendo com que ela tenha um momento de curvatura para frente, o que é balanceado pelo
torque de contração dos músculos extensores da coluna (HALL, 2020).

Os atletas de alto rendimento estão mais suscetíveis a lesões desportivas e, de


acordo com a magnitude da lesão, ocorrem diferentes consequências, desde inatividade,
em especial nos treinamentos, a alterações a nível psicológico, por medo de não voltarem à
prática do esporte. As sobrecargas sobre o corpo promovem diversas lesões desportivas,
podendo ser leves, em que o afastamento do atleta ocorre por volta de um a sete dias, e
grave, quando ultrapassa o período de vinte e oito dias (KRIST et al., 2013).

IMPORTANTE
As lesões mais comuns que atingem atletas são as entorses e as
lesões musculares. No Brasil, estudos apontam para as entorses de
joelho e tornozelo, lombalgia e lesões musculares, tudo dependendo
do esporte praticado e do nível de exigência da competição (ARENA;
CARAZZATO, 2007).

Dentre as lesões que acometem a coluna vertebral de atletas, são mais comuns
as instabilidades de coluna cervical, problemas de tetraparesia transitória, apofisite na
região entre coluna torácica e lombar, espondilólise traumática e, especialmente, fraturas,
sendo as mais comuns as do arco vertebral. As lesões geralmente são causadas por
movimentos bruscos de flexão, extensão, torção, cisalhamento ou pequenos traumas
que acometem a coluna de forma repetitiva, podendo essas forças serem combinadas e
causarem lesão associada com lesões de partes moles (JUNIOR et al., 1999).

A espondilólise é considerada um defeito que pode ocorrer de forma unilateral


ou bilateral na região do istmo da vértebra, atingindo cerca de 3 a 6% da população,
geralmente atletas e mais frequentemente homens. Ela é provocada por trauma
repetitivo em hiperextensão da coluna ou combinação dos movimentos de extensão e
rotação, aplicando uma carga mecânica repetitiva entre as vértebras superior e inferior,
o que acaba por gerar uma fratura por estresse.

Normalmente, é assintomática, mas, em alguns casos, o atleta apresenta dor


com início repentino e durante práticas de atividade física extenuantes. O quadro piora
especialmente quando realizado o movimento de extensão ou rotação lombar, e a dor,

142
em alguns casos, apresenta irradiação para outras partes. Geralmente, o paciente que
apresenta hiperlordose pode ter o diagnóstico da condição confirmado pelo exame de
ressonância magnética ou com tomografia computadorizada (BARBOSA; SILVA, 2021).

Os esportes mais frequentes da ocorrência da espondilólise são a ginástica e os


que exigem levantamento de peso, como o fisiculturismo, e a vértebra mais acometida,
em geral, é a quinta vértebra lombar. O quadro apresenta um deslizamento entre as
vértebras, podendo derivar predisposição genética, estresse mecânico por uso excessivo
e por movimentos de flexão, rotação e hiperextensão da coluna lombar. Os adolescentes
podem ser acometidos pelo quadro nas fases de crescimento rápido, durante os chamados
estirões de crescimento. Na ocorrência dessa lesão surge dor, espasmos musculares
e encurtamento muscular, inclusive da musculatura posterior de membros inferiores
(isquiotibiais), levando a problemas posturais (WALKER, 2011).

A repetição de movimentos em determinadas posições, juntamente com a


sobrecarga provocada pelo treinamento, faz com que o corpo se adapte, porém traz
efeitos prejudiciais em relação à musculatura, levando ao desequilíbrio muscular e
surgimento de lesões. A soma de fatores, como tipo de esporte, nível de competição,
equipamentos utilizados e condicionamento físico do atleta determina a suscetibilidade
dele de sofrer lesões (JÚNIOR NETO; PASTRS; MONTEIRO, 2004).

Por exemplo, no voleibol, a coluna é responsável por cerca de 14% do total de


afastamentos dos atletas do treino, sendo as contusões muito presentes, inclusive
podendo interromper a carreira do atleta quando mais graves e crônicas. A hérnia
de disco é umas das complicações mais frequentes. A dor nas costas é um sintoma
também muito presente, geralmente causada por falta de fortalecimento dos músculos
do troco, cintura escapular e abdome. Por essa e outras razões, é muito importante dar
atenção aos exercícios de estabilização com contrações isométricas e com aplicação de
resistência (ALBARELLO et al., 2014).

A coluna ainda pode ser acometida pelo quadro de distensão muscular quando
ocorre um alongamento ou ruptura dos músculos ou tendões. Isso ocorre frequentemente
em esportes nos quais é comum o levantamento de peso, movimentos abruptos, quedas
ou colisões entre atletas e atividades que exigem contração dos músculos do dorso. O
local mais frequentemente atingido é a região lombar, trazendo como sinais e sintomas a
algia à movimentação e, em casos mais graves, a perda de movimentos da coluna, rigidez
no dorso, formigamento e alteração de sensibilidade (WALKER, 2011).

As lesões na coluna vertebral podem não ser compatíveis com a vida, princi-
palmente quando acometem a região cervical e se a lesão envolver a região da medula
espinal. Por esse motivo, a fisioterapia esportiva é muito importante como prevenção de
lesões em potencial.

143
2.3 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NAS LESÕES DE
COLUNA
Na avaliação do paciente, é importante verificar dados que determinem seu
prognóstico para que haja uma hipótese de diagnóstico e seja elencado o tratamento.
A história da doença atual permite identificar quando a dor do paciente começou, qual foi o
mecanismo de lesão. Para isso, pode ser usado um mapa corporal (body chart) que pode
ser feito pelo fisioterapeuta ou pelo paciente, em que são marcadas as partes do corpo
que apresentam o quadro de dor, isso demonstrará se a dor tem um local específico,
se é irradiada ou generalizada, permitindo verificar não apenas o tipo de dor, mas a
intensidade, profundidade, frequência e se existem sinais de parestesia (BARBOSA;
SILVA, 2021).

Exercitar-se é muito importante, pois permite o condicionamento físico, o que


levará à prevenção da ocorrência de lesões e ao auxílio na recuperação quando e se elas
ocorrerem. Um condicionamento inadequado promove maior risco de lesões, por isso a
fisioterapia pode contribuir com a prescrição de exercícios de condicionamento para
melhorar o desempenho do atleta e prevenir essas possíveis lesões. O fisioterapeuta
da área esportiva trabalha com a melhoria das condições cardiorrespiratórias, força
e resistência muscular, além de trabalhar com a flexibilidade do atleta no sentido de
condicionar ou até recondicionar um atleta com lesão (PRENTICE, 2012).

A ocorrência de lesões é e sempre será indesejável para atletas ou para aqueles


que praticam algum tipo de modalidade física, já que trazem dor, desconforto e, em
muitos casos, podem levar à incapacidade de continuar o treinamento. A lesão tem as
características da modalidade esportiva praticada e, em geral, é causada por diversos
fatores intrínsecos e extrínsecos. Os extrínsecos são conectados, pois dependem da
preparação, erros no planejamento e forma de execução do treinamento, da duração,
força e condicionamento físico para o treino. Já as causas intrínsecas são aqueles
ligadas ao organismo, como problemas na biomecânica, flexibilidade, lesões prévias,
densidade óssea, condicionamento cardiovascular e composição corporal (XAVIER;
LOPES, 2017).

É importante compreender que, quando o corpo é atingido por uma lesão, ele
a cicatriza em determinado ritmo, então, a fisioterapia pode auxiliar nesse processo por
meio de recursos térmicos, elétricos, mecânicos ou luminosos, tentando fornecer ao
corpo um ambiente ideal para que essa cicatrização ocorra. As condições ao processo
cicatricial precisam ser compostas de proteção da área contra perturbações adicionais
e de restauração da função tecidual da forma mais precoce possível. A aplicação de
recursos terapêuticos deve ser adequada para que não obstrua ou retroceda o processo
de cicatrização (STARKEY, 2017).

144
A fisioterapia desportiva possui um trabalho distinto, pois, normalmente,
necessita trabalhar com atleta de forma mais rápida e com intervenções efetivas diante
da necessidade de um retorno o mais precocemente possível do atleta às suas funções,
exigindo do corpo, músculos, ossos e articulações o máximo de eficiência em relação
à amplitude de movimento e à potência na realização de todos os gestos esportivos
(RODRIGUES, 1996).

A terapia manual também pode ser usada por meio de mobilizações e


manipulações ou, ainda, trabalho nos tecidos moles, a qual pode ser realizada de forma
passiva, com baixa velocidade e pequena amplitude de movimento, ou com grande
amplitude de movimento, dependendo da condição do paciente e como está o seu
controle. A manipulação de uma técnica de alta velocidade e baixa amplitude no final
da amplitude de movimento é indicada a alguns casos específicos. As duas formas de
intervenção têm o objetivo de redução de dor e melhora da capacidade dos pacientes
que apresentam alguma alteração em coluna (BARBOSA; SILVA, 2021).

A avaliação da mobilidade segmentar é muito importante e, para tanto, são


aplicadas mobilizações articulares passivas, como intervertebrais, para verificar a resposta
do paciente a esses movimentos. Os sintomas apresentados pelo paciente podem dar
alguma informação se há, ou não, envolvimento da região mobilizada, podendo auxiliar
na determinação do tratamento a ser realizado com o atleta. É possível que, nas intervenções
fisioterapêuticas, seja elaborado uma combinação de exercícios com terapia manual e
educação do atleta de acordo com as indicações e contraindicações apresentadas na
avaliação (BARBOSA; SILVA, 2021).

NOTA
A especialidade de Fisioterapia Desportiva é reconhecida pela
Resolução nº 337, de 08 de novembro de 2007, pelo Conselho
Federal e Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITTO).

O fisioterapeuta da área esportiva atua desde a prevenção até a reabilitação


de atletas. A recuperação é para casos de lesões causadas pelo esporte, mas a
amplitude do trabalho é tanto visando à recuperação das lesões esportivas quanto para
prevenir que elas ocorram. Para isso, o profissional necessita de um conhecimento das
características específicas de cada esporte e seus atletas, e precisa avaliar a forma
física de cada atleta, assim como aqueles atletas em que as características apresentadas
na avaliação demonstram que são mais suscetíveis a lesões (ROCHA, 2018).

O paciente deve ser observado desde o momento em que chega ao consultório


fisioterapêutico, tanto na realização de movimentos espontâneos quanto no padrão de
movimento apresentado. Deve ser avaliada a postura da cabeça e do pescoço, nível

145
dos ombros, presença de qualquer espasmo muscular ou de assimetrias, expressões
faciais feitas pelo paciente, verificação de tecidos moles e contornos ósseos, presença de
alguma área com isquemia e avaliação da postura em diversas posições, sentado, em
pé e durante o movimento (MAGGE, 2010).

A coluna deve ser cuidadosamente avaliada para verificar qualquer sintoma


presente na área, a fim de verificar se a causa da lesão é central, ou seja, relacionada
à própria coluna, ou proveniente do entorno dela, vindo de causas periféricas, no caso,
dos outros membros. Problemas que estão na região cervical, torácica ou lombar podem
promover sintomas nas regiões dos membros superiores ou inferiores, nesse caso, as
principais manifestações são: sensação de fraqueza, dormência, formigamento, dor e,
ainda, a parestesia nas regiões correspondentes às raízes nervosas acometidas (KEIL,
2014).

Alguns aspectos são importantes na avaliação da coluna, dentre eles a idade do


paciente, a magnitude dos sintomas, o mecanismo da lesão, as atividades e os passatempos
do paciente, se houve choque contra algo ou se o paciente perdeu a consciência, se os
sintomas surgiram imediatamente, quais os locais e limites de dor, se a dor é irradiada
ou não, se existem sintomas em membros inferiores, se há dificuldade na marcha ou no
equilíbrio. É importante o paciente relatar atividades que melhoram ou pioram o problema e
se existe restrição na realização de algum movimento (MAGEE, 2010).

Como forma de prevenção das lesões de coluna que acometem os atletas, é


muito importante que seja feito um fortalecimento muscular, em especial da coluna
cervical, como forma de proteção e resistência às forças externas que são aplicadas
sobre suas estruturas, como a hiperflexão, hiperextensão ou rotação. Os exercícios
podem ser trabalhados de forma isotônica, isométrica ou isocinética e, ainda, pode ser
oferecida uma resistência manual. Além disso, deve haver uma amplitude de movimento
fisiológica por meio do trabalho de flexibilidade, alongamento e fortalecimento. Os
exercícios devem ser prescritos conforme a modalidade esportiva que o atleta pratica,
visto que esportes de contato tendem a lesionar a região cervical (PRENTICE, 2012).

No tratamento, podem ser usadas as bandagens posturais, que auxiliam na


redução de quadros álgicos da coluna e do pescoço, auxiliando nos casos em que estão
presentes alterações posturais, fraqueza muscular e outros problemas relacionados a
disfunções articulares ou modificações biomecânicas, por exemplo. A bandagem auxilia
na percepção cinestésica da postura, corrigindo as posturas inadequadas e promovendo
um relaxamento muscular, como no caso do músculo trapézio superior. Ela também
permite a correção de movimentos vertebrais anormais, promove suporte às costelas,
especialmente quando há dor ou até fratura, além de poder ser aplicada com o intuito de
limitar movimentos exagerados da coluna, como é o caso da hiperextensão lombar, e
possibilita a diminuição de carga sobre alguma região da coluna (KEIL, 2014).

146
A facilitação neuromuscular proprioceptiva pode ser usada como forma de
alongamento, com o objetivo de melhorar a flexibilidade, usando as diversas formas de
aplicação da técnica, como manter-relaxar, contrair-relaxar ou um combinado de formas
de contração muscular e relaxamento aplicadas de forma alternada entre a musculatura
agonista e antagonista, sempre com objetivo de aumentar a amplitude de movimento
com o auxílio da orientação do fisioterapeuta (PRENTICE, 2012).

No corpo, alguns músculos – como os abdominais, glúteos, músculos da cintura


pélvica, multífido lombar, oblíquos e outros – auxiliam na manutenção da postura e são
conhecidos como parte de uma região corporal denominada core, a qual é uma unidade
integrada de músculos que ajudam na postura e a gerar força em membros superiores
e inferiores (MCGILL, 2010).

Exercícios de condicionamento, terapêuticos ou de reabilitação devem ser


trabalhados com o objetivo de recuperar a funcionalidade corporal, especialmente
após uma lesão, e esse atendimento pode ser realizado em clínicas ou hospitais com
objetivo de reabilitar ou recondicionar o atleta lesionado (PRENTICE, 2012). Nos casos
de distensão muscular da coluna, pode ser usado o gelo para redução do processo
inflamatório. A termoterapia auxilia na redução das dores e desconfortos causados pelo
quadro e, assim que a cicatrização estiver completa, deve-se iniciar o fortalecimento da
musculatura da região dorsal e a recuperação da amplitude de movimento para evitar a
ocorrência de recidiva (WALKER, 2011).

O tratamento fisioterapêutico varia de acordo com a avaliação feita do atleta,


podendo ser composto por exercícios aquáticos ou em solo e com diferentes objetivos,
como reforço muscular, resistência, mobilidade ou melhora do condicionamento
cardiovascular. Podem ser trabalhados alguns conceitos, como Mckenzie, Pilates ou,
ainda, cinesioterapia de maneira geral. As intervenções serão determinadas de acordo
com os achados da avaliação fisioterapêutica, sendo a escolha feita pelo profissional em
conjunto com a preferência do atleta (BARBOSA; SILVA, 2021).

Nas intervenções fisioterapêuticas, podem ser trabalhados os exercícios


funcionais compostos por atividades específicas à reabilitação, trabalhando com
atividades multiplanares e levando a tensões e exigências maiores que os exercícios
de força, podendo ser exercícios específicos precursores aos específicos da atividade
esportiva, como caminhar antes de correr, ou arremesso por baixo antes de um
lançamento. Esses exercícios preparam o atleta para habilidades avançadas as quais
ele terá de suportar posteriormente. Já os exercícios específicos à atividade incluem
circuitos parecidos com a atividade esportiva, sendo específicos para desempenho no
esporte e trabalhados na fase final de reabilitação do atleta para realizar a simulação das
tensões e exigências que o esporte fará no retorno às competições (HOUGLUM, 2015).

147
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• Conceitos sobre a anatomia da coluna vertebral, regiões da cervical, torácica, lombar e


suas principais características, como disparidades nos tamanhos das vértebras que
caracterizam as diferenças de mobilidade nos segmentos da coluna espinhal.

• Biomecânica da coluna vertebral e sua relação com a mobilidade desse segmento, o


que pode indicar o risco de lesão, as diferentes amplitudes de movimento da coluna
de acordo com suas diferenças de tamanho das vértebras e conformações de discos
vertebrais, músculos e ligamentos.

• Principais lesões esportivas que acometem a coluna vertebral, tais como instabilidade
da coluna e quadro de espondilólise, as quais são causadas por movimentos
repetitivos, alterações posturais ou existentes na biomecânica da coluna espinal, que
levam à maior incidência de lesões de coluna.

• Intervenções fisioterapêuticas feitas nas lesões da coluna vertebral, como bandagens


terapêuticas, eletroterapia, dentre outras, assim como a importância de uma
anamnese completa para verificar as melhores formas de intervenção terapêutica
em cada caso de atletas com lesões na coluna vertebral.

148
AUTOATIVIDADE
1 Com base no estudo da anatomia da coluna vertebral e das características
apresentadas pelas regiões cervical, torácica e lombar, é possível verificar um grande
risco de que, durante a prática de uma atividade esportiva, ocorra uma lesão nesse
segmento corporal, como um escorregamento da vértebra sobre a adjacente, com
maior incidência na região lombar, especificamente em L5. Assinale a alternativa
CORRETA que contém o nome dessa condição descrita:

a) ( ) Espondilolistese.
b) ( ) Espondilite.
c) ( ) Espondilólise.
d) ( ) Espondiloma.

2 Considera-se como modalidade de tratamento na fisioterapia desportiva várias formas


de intervenções fisioterapêuticas, como cinesioterapia, terapia manual, recursos
eletrotermoterápicos e mobilização ativa ou passiva, as quais atendem ao atleta tanto
como forma de prevenção ao surgimento de lesões quanto na recuperação, reabilitação
e retorno dele às atividades esportivas. Com base nas definições dos enfoques das
modalidades fisioterapêuticas no esporte, analise as afirmativas a seguir:

I- A bandagem terapêutica é usada para diminuição do quadro álgico e correção de


alterações posturais que podem estar presentes no atleta.
II- Exercícios de condicionamento físico devem ser trabalhados somente após o atleta
sofrer alguma lesão esportiva com objetivo exclusivo de reabilitação.
III- As modalidades de fisioterapia auxiliam os pacientes na prevenção da lesão esportiva
de coluna por meio de fortalecimento da musculatura envolvida no gesto esportivo.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 A Fisioterapia Esportiva foi reconhecida como especialidade pelo COFFITO no ano de


2007 e permite ao fisioterapeuta o trabalho com atletas desde a fase pré-competição,
como durante a atividade esportiva e pós-competição, além de um acompanhamento
junto com a equipe multiprofissional e o atendimento àqueles que sofrem algum tipo
de lesão nos treinos ou durante a competição. O atleta deve ser visto quanto ao seu
principal gesto esportivo, presença de desvios posturais, encurtamentos, força muscular,
dentre outros fatores que possam predispor às lesões. De acordo com os princípios da
fisioterapia esportiva, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

149
( ) A facilitação neuromuscular proprioceptiva pode ser usada para alongar o atleta,
melhorando sua flexibilidade e prevenindo lesões.
( ) O fortalecimento muscular do atleta é importante somente para melhorar o seu
desempenho na competição, não prevenindo que ele se lesione.
( ) No atendimento ao atleta, é importante a avaliação desde o momento que ele chega
ao consultório para averiguar, por exemplo, a presença de desvios posturais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.

4 A fisioterapia desportiva se faz muito importante no tratamento às lesões de coluna


porque prepara o atleta desde a fase de pré-competição até o acompanhamento
de sua recuperação após lesões. Cada atividade esportiva tem um gesto esportivo
predominante que acaba por sobrecarregar estruturas específicas, sendo muito
importante ao fisioterapeuta conhecer os gestos para que possa trabalhar na
prevenção dos acometimentos que podem atingir o sistema musculoesquelético do
atleta. Disserte sobre essa área de atuação do fisioterapeuta esportivo na prevenção
das lesões de coluna.

5 Existem muitas possibilidades terapêuticas na fisioterapia para o atendimento


do atleta que sofreu algum tipo de lesão. Quando falamos em lesões de coluna, a
intervenção deve ser feita com o objetivo de recuperação do atleta após uma lesão
que ocorreu no esporte, mas é uma forma de, após a recuperação, prevenir quadros
de recidiva. Nesse contexto, disserte sobre os efeitos da bandagem terapêutica no
tratamento de lesões de coluna em atletas.

150
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —
TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA
LESÕES ESPORTIVAS DO QUADRIL

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos as lesões esportivas que acometem o
quadril de atletas. As regiões de quadril e pelve são sujeitas a alguns tipos de traumas
relacionados a algumas atividades esportivas, mas com menor incidência quando
comparado a outras regiões, como joelho, tornozelo e punho. As lesões que acometem
o quadril podem ter diversas causas, como traumas diretos sobre a região, impactos
em membros inferiores que possam gerar uma força sobre a estrutura do quadril,
dentre outras, além dos sinais e sintomas sofrerem variação conforme a localização e a
gravidade da lesão.

O quadril é caracterizado por ter uma grande estabilidade, visto que, na região,
perpassam muitos ligamentos, músculos e cápsulas que conferem à região uma grande
resistência, apesar da grande mobilidade necessária à deambulação, às atividades de
vida diária e da grande descarga de peso que é imposta aos membros inferiores.

Apesar de ser uma estrutura bastante rígida e composta por ossos, músculos e
ligamentos que precisam suportar o peso corporal, o quadril do atleta pode sofrer lesões
que, muitas vezes, o afastará das competições de forma definitiva, por serem lesões
incapacitantes.

A fisioterapia se faz importante para a análise dos comprometimentos


estruturais e biomecânicos que podem estar presentes na região e que podem predispor
o atleta às lesões esportivas, sendo importante um alinhamento corporal adequado,
fortalecimento muscular, trabalho de amplitude de movimento, propriocepção, dentre
outras intervenções, a fim de prevenir o surgimento das lesões nesse segmento corporal.

2 ANATOMIA DO QUADRIL
A articulação do quadril é considerada uma das mais estáveis do corpo devido
à presença de ligamentos importantes na região. Além da cápsula articular e uma
musculatura importante, a região possui uma grande mobilidade, o que a torna muito
suscetível a lesões, especialmente em momentos de contração dinâmica que produzem
uma grande potência no local.

151
Atividades como salto e corrida utilizam muito a musculatura dessa região,
promovendo um trabalho conjunto entre a pelve, o quadril, ligamentos e cápsula
articular, para que haja estabilidade aos membros inferiores. Devido ao fato de a
produção de força dinâmica e estabilização aplicarem uma sobrecarga nos músculos,
articulações e ligamentos da região do quadril, essa área fica mais suscetível a sofrer
lesões (PRENTICE, 2012).

IMPORTANTE
Quando ocorrem alterações a nível do quadril, em geral, a mobilidade
do atleta também fica alterada. É muito importante a avaliação da
mobilidade articular por meio da goniometria, identificando os
movimentos de flexão e extensão, adução e abdução e rotações
interna e externa.

A articulação sacroilíaca une o arco ósseo da pelve juntamente com a sínfise


púbica, oferecendo, em conjunto, uma elasticidade ao anel pélvico. A união das três
articulações presentes na pelve promove um amortecimento das forças e impactos que
incidem sobre a coluna vertebral e a parte superior do corpo todas as vezes que os
membros inferiores entram em contato com o solo (MAGEE, 2010).

O quadril possui uma cápsula articular fibrosa forte que recobre toda a articulação, a
qual é reforçada por três ligamentos. O mais importante deles é o iliofemoral, que reforça a
parte anterior da cápsula. Os três ligamentos se fixam na margem do acetábulo e cruzam
a articulação do quadril em espiral, fixando-se no colo do fêmur. Essa conformação limita
o movimento de hiperextensão do quadril, permitindo o movimento completo de flexão
no sentido oposto, portanto, os ligamentos se tensionam na hiperextensão e relaxam
na flexão. Essas conformações permitem que fiquemos na posição ortostática sem usar
qualquer músculo, sendo sustentados, basicamente, pelos ligamentos iliofemorais direito e
esquerdo (LIPPERT, 2018).

2.1 BIOMECÂNICA
O quadril e a pelve transmitem cargas dos pés para a coluna e da coluna aos
pés, sendo a pelve constituída por um anel ósseo dividido em lados direito e esquerdo
(íleo, ísquio e púbis), ligados aos ossos do sacro e do cóccix. A pelve fornece suporte
à coluna e ao tronco distribuindo o peso aos membros inferiores e ligando o tronco à
musculatura da coxa. Ela possui articulações ligadas entre si por fortes ligamentos e
uma cápsula articular que é composta por uma estrutura fibrosa. Ainda, na região estão
presentes os grupos musculares anterior e posterior, sendo a articulação do quadril
estável intrinsecamente pelo formato bola e soquete da articulação (PRENTICE, 2012).

152
FIGURA 2 – OSSOS DO QUADRIL

FONTE: Tank e Gest (2009, p. 274)

O quadril possui uma posição aberta quando está em trinta graus de flexão,
trinta graus de abdução e discreta rotação lateral, sendo que, quando se encontra dessa
forma, é possível um movimento máximo da superfície articular. Essa articulação tem
formato côncavo-convexo, em que a cabeça do fêmur desliza no sentido oposto da
extremidade distal do osso. A articulação do quadril é composta pelo osso do quadril e
pelo osso fêmur, nesse contexto, o do quadril possui um formato irregular promovido
pela fusão de três ossos que ocorre na vida adulta (LIPPERT, 2018).

2.2 LESÕES ESPORTIVAS NA REGIÃO DO QUADRIL


Os processos de lesão se dividem em fases: lesão primária e secundária. Uma
lesão primária promove a destruição de tecido, o que ocorre por uma força traumática. Já
uma lesão secundária é composta por morte celular, causada, em geral, por um bloqueio
no suprimento de oxigênio para a área lesionada, quadro conhecido como isquemia,
levando a um dano enzimático e alterações nas funções mitocondriais. O dano que
ocorre no estágio primário é irreversível, por isso, o tratamento é feito com objetivo de
tentar limitar a extensão da lesão secundária (STARKEY, 2017).

153
As estruturas da região do quadril e pelve mais acometidas por lesões no esporte
são os músculos e os tendões, responsáveis pela realização dos movimentos na região,
visto que a maioria dos músculos têm sua origem localizada na região da pelve ou do
fêmur, ou servem de inserção para outros músculos, como os abdominais, glúteos, dentre
outros. As inserções musculares em uma pequena área fazem com que, em caso de lesão,
ocorra uma incapacidade considerável ao atleta, dificultando, inclusive, o seu diagnóstico
(PRENTICE, 2012).

As articulações sacroilíacas e sacrococcígea, apesar de limitadas em seus


movimentos, são muito importantes e são alvos de lesão, podendo se tornar hipomóveis
ou hipermóveis, levando o atleta a apresentar dor e disfunção, pois as articulações do
quadril são protegidas por fortes ligamentos e reforçadas por músculos, dessa maneira,
um movimento na articulação sacroilíaca afeta a região da sínfise púbica e vice-versa
(HOUGLUM; BERTOTI, 2014).

Quando ocorre lesão a nível articular, o equilíbrio é prejudicado e as reações


proprioceptivas são prejudicadas, o que especialmente ocorre quando há distensão em
componentes presentes na articulação, como ligamentos, tendões, cápsula e, ainda,
os mecanorreceptores periféricos, prejudicando suas funções. São lesões comuns que
ocorrem nas atividades esportivas, frequentemente por choque com adversários ou objetos
e podem, inclusive, incapacitar o atleta a retornar ao esporte (ROSSATO et al., 2013).

ATENÇÃO
A propriocepção, juntamente com um funcionamento muscular
adequado, auxilia na estabilidade articular, especialmente no
movimento. As lesões ortopédicas podem prejudicar esse
mecanismo. Dessa forma, é importante a fisioterapia trabalhar a
propriocepção e o equilíbrio do atleta na reabilitação.

As lesões podem ser provocadas tanto por fatores externos quanto internos. Os
externos podem ser um treinamento sem respeito à intensidade, frequência e duração
adequadas, local de treino inadequado – como areia, asfalto, grama, com terreno
irregular – ou, ainda, por uma alimentação desequilibrada do atleta sem fornecimento
energético adequado e prática de mais de uma atividade física ao mesmo tempo. Já
os fatores internos estão relacionados a alterações anatômicas ou na biomecânica
corporal, à flexibilidade, a lesões anteriores, ao condicionamento físico do atleta, como
peso, altura e índice de massa corporal, e até à qualidade do tecido ósseo, ou seja,
densidade óssea, além do condicionamento cardiovascular (PILEGGI et al., 2010).

154
A atividade esportiva pode causar uma lesão em nível de crista ilíaca, sendo que
a contusão pode acometer concomitantemente a musculatura que está sobre a crista.
Geralmente, o mecanismo lesivo ocorre por golpe direto, como em esportes de contato.
Casos mais graves podem provocar uma grande lesão óssea, fissuras ou fratura no local,
podendo envolver a musculatura flexora de quadril, bem como a musculatura de região
abdominal. Pode, também, ser afetada a musculatura rotadora do quadril, causando dor
em qualquer movimento, inclusive na sustentação de peso (WALKER, 2011).

Outra patologia comum de surgir nas atividades esportivas é a pubalgia, que


corresponde a um processo inflamatório na região do quadril denominada de sínfise
púbica, geralmente causada por desequilíbrio entre a musculatura anterior do tronco
(abdominal) e a musculatura adutora do quadril. Esforços repetitivos impostos durante o
esporte, especialmente aqueles que exigem correr ou chutar ou, ainda, os que exigem
movimentos bruscos por parte do atleta, promovem o desequilíbrio na musculatura e
levam a região pélvica a uma instabilidade. O desequilíbrio muscular exerce uma força
de cisalhamento sobre a região da sínfise púbica, já que são antagonistas na força
exercida sobre a região, o que promove vários microtraumas de forma acumulada na
região, trazendo problemas de pubalgia. Os sintomas são, especialmente, a dor no local
de inserção do músculo abdominal e na origem dos músculos adutores, principalmente
em atividades que exigem mais movimentos da pelve ou, por exemplo, ao caminhar.
Além disso, a dor é exacerbada quando o atleta faz alongamento, fortalecimento da
região abdominal ou quando aumenta a pressão intra-abdominal (ANGOULES, 2015).

No quadril, é muito comum ocorrer uma distensão dos músculos flexores do


quadril, especialmente em esportes como ciclismo e corridas, que exigem chutes e saltos,
visto que nesses casos há uma imposição de carga aos músculos de forma repetitiva e
sem dar tempo de repouso, ocorrendo, então, o estiramento e podendo ocorrer laceração
dos músculos envolvidos nos esportes. Esse tipo de lesão pode ocorrer devido à falta de
alongamento ou aquecimento adequados e à prática inadequada da atividade física, por
exemplo, hiperextensão vigorosa da região do quadril (WALKER, 2011).

2.3 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NAS LESÕES DE


QUADRIL
Qualquer intervenção na fisioterapia deve iniciar com uma avaliação detalhada
das estruturas envolvidas. A região do quadril e da pelve são extremamente importantes,
visto que são consideradas o centro do corpo, tendo o centro de gravidade localizado
em sua porção anterior. As lesões nessa região podem levar a incapacitações tanto
da região dos membros inferiores como do tronco ou, ainda, podem estar associadas.
É importante a verificação de presença de assimetrias na postura ou de qualquer
assimetria na descarga de peso em membros inferiores durante a deambulação.
A palpação e a realização de testes especiais permitem o diagnóstico de alterações
funcionais, musculares e articulares nessa região (PRENTICE, 2012).

155
A termografia é um recurso não invasivo e pode ser usada na avaliação em
fisioterapia esportiva, pois demonstra, por meio de imagens térmicas infravermelhas, a
vascularização tecidual por meio da temperatura apresentada na pele. Isso pode auxiliar
na detecção de alterações de temperatura pós-treino ou competições. Ela também
mostra áreas que apresentam um processo inflamatório agudo e que possam influenciar
no desempenho do atleta (JUNIORI, 2021).

Na anamnese, é muito importante que o fisioterapeuta questione qual foi o


mecanismo da lesão, qual o local em que a dor se localiza, se há momentos em que a
dor é mais aguda, se existe alguma posição que agrava o quadro álgico e que seja levada
em consideração a idade do paciente. Devem ser avaliados a coluna lombar e os quadris
porque, muitas vezes, essas regiões causam dor referida na região da articulação
sacroilíaca e alterações na posição do sacro em relação ao ílio alteram a posição da
sínfise púbica, levando a problemas na região da pelve e do quadril (MAGEE, 2010).

Pode também ser realizada a medida do desfecho que é referida pelo paciente,
conhecida como PROMs, originada da nomenclatura em inglês Patient Reported
Outcome Measures. Essa medida permite avaliar os sintomas, estado funcional e
fatores psicossociais que o paciente relatar em relação à sua saúde e pode ser usada
para gerenciamento clínico do paciente. No esporte, o fisioterapeuta usa os PROMs
como forma de monitorar diariamente o atleta, podendo identificar fatores que alterem o
seu desempenho nas competições e dando oportunidade ao atleta de participar da sua
recuperação ao longo do processo terapêutico (JUNIORI, 2021).

No tratamento das lesões na região do quadril, pode ser realizado um treinamento


proprioceptivo para que haja um estímulo aos mecanorreceptores presentes em
articulações, músculos e tendões, para que seja possível, ao sistema nervoso, reconhecer
condições dinâmicas e estáticas, de equilíbrio ou desequilíbrio, biomecânicas, do tônus e
alterações em coordenação motora ou de percepção do local acometido. A propriocepção
é importante para a marcha, podendo influenciar, inclusive, na força muscular e no
equilíbrio do atleta (ROSSATO et al., 2013).

No caso de contusão provocada por impacto direto na região da crista ilíaca


causada por esportes de contato, é importante o tratamento imediato com aplicação
de gelo e, posteriormente, devem ser fortalecidos os músculos que ficam ao redor do
quadril. O repouso deve ser mantido até que não haja mais dor. Então, após esse período,
o atleta deve ser reinserido de forma gradual na atividade esportiva (WALKER, 2011).

Nos atletas que apresentam o quadro de pubalgia, a fisioterapia pode atuar com
técnicas eletroterápicas para alívio da dor ou, ainda, a crioterapia, além de trabalhar
os músculos estabilizadores da região pélvica, melhorando sua flexibilidade, equilibrar
a força muscular da região e fazer mobilização da região, trabalhando, em especial,
na região da articulação sacroilíaca. Ao retornar ao esporte, é importante um calçado
adequado que diminua o impacto e uma propriocepção adequada (QUEIROZ et al., 2014).

156
Nos casos em que há distensão de flexores do quadril, é muito importante a
interrupção de atividades que agravem o quadro de distensão dos músculos e pode
ser aplicado gelo de 48 a 72 horas. Também podem ser usadas técnicas com ação anti-
inflamatória e técnicas de aquecimento e massoterapia para melhorar a cicatrização
e o fluxo sanguíneo no local. Após esse período, é muito importante o condicionamento
como forma de reabilitação para que não ocorra novas distensões da musculatura. Para
isso, deve ser trabalhado alongamento da musculatura flexora do quadril, abdominais,
quadríceps, dentre outros, para que seja diminuído o estresse sobre o local, ou quando forças
inesperadas são impostas sobre o local, para que não ocorra recidiva (WALKER, 2011).

Os atletas ainda podem ser reabilitados por meio da terapia denominada de


gamificação, que consiste no uso de jogos para que o atleta realize exercícios físicos
ou atividades de reabilitação, afetando o comportamento e a motivação do atleta de
realizar os exercícios por meio de estímulos visuais proporcionados pela técnica. No
caso de atletas, é promovido o seu envolvimento no processo de reabilitação, sendo
possível ao fisioterapeuta avaliar os efeitos emocionais, cognitivos e sociais do paciente
durante o processo. A técnica permite avaliar o progresso da reabilitação do atleta ou
até comparar resultados entre os membros da equipe esportiva. Existem alguns aplicativos,
como Strava e NikeRun, que demonstram a atividade física e oferecem um feedback ao
atleta durante a recuperação (JUNIORI, 2021).

O fisioterapeuta deve educar o atleta quanto às formas de proteger a articulação


do quadril, evitando as condições que levem ao surgimento dos sintomas. Algumas
orientações, nesse caso, incluem não permanecer muito tempo sentado, não utilizar
cadeiras ou sofás muito baixos, não realizar agachamentos profundos, evitar cruzar
as pernas, não praticar a atividade esportiva caso ela cause dor. Em alguns casos,
quando a lesão do quadril altera o padrão de movimento durante a deambulação, pode
ser indicado o uso de dispositivos auxiliares para a marcha, como andador, muletas
ou bengala, para que haja uma redução da carga imposta na articulação do quadril
(BARBOSA; SILVA, 2021).

157
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• Conceitos anatômicos da região do quadril e pelve e suas principais características,


além da presença de estruturas ósseas importantes que, juntamente com as
estruturas musculares, ligamentares e cápsulas dão à região uma grande estabilidade
e resistência.

• Biomecânica da região do quadril e pelve e sua relação com a mobilidade desse


segmento, o que pode indicar risco à lesão, sendo que os atletas estão predispostos
a mecanismos de lesão por descarga de peso na região de forma mais considerável,
além de alterações na biomecânica que podem provocar as lesões nessa região.

• Principais lesões esportivas que acometem o quadril, tais como pubalgia e distensões
musculares, quais mecanismos levam ao surgimento dessas lesões e como deve ser
a avaliação da fisioterapia desde o pré-atendimento por meio do gesto esportivo do
atleta.

• Intervenções fisioterapêuticas nas lesões de quadril, desde treinos de propriocepção,


alongamentos, fortalecimento muscular, terapia manual, sempre de acordo com
uma anamnese detalhada para delineamento do quadro e a escolha da terapia mais
plausível em cada caso.

158
AUTOATIVIDADE
1 Com base no estudo da anatomia do quadril, compreende-se que pode ocorrer um
quadro inflamatório causado por desequilíbrio entre a musculatura anterior do tronco e
adutora do quadril. Além disso, em atividades esportivas em que ocorre sobrecarga
de movimentos repetitivos sobre a região do quadril, pode ser desenvolvida uma
força de cisalhamento na região, gerando um quadro de desequilíbrio e instabilidade
local. Assim, assinale a alternativa CORRETA que apresenta o nome dessa condição:

a) ( ) Distensão muscular.
b) ( ) Artrite.
c) ( ) Pubalgia.
d) ( ) Artrose.

2 No atendimento às lesões de quadril em atletas, é muito importante que a fisioterapia


inicie com uma avaliação detalhada, já que essa região é considerada o centro do
corpo e onde se localiza o centro de gravidade em sua porção anterior. Quando o
quadril está lesionado, pode ocorrer um quadro de incapacidade, especialmente nos
membros inferiores ou na região do tronco. Com relação às lesões que acometem
essa região e à sua avaliação, analise as afirmativas a seguir:

I- É muito importante a verificação de assimetrias na descarga de peso na deambulação.


II- É muito importante a palpação da região do quadril para verificar alterações articulares
ou musculares.
III- É muito importante a realização de testes especiais para diagnósticos de disfunções
musculares ou articulares.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 A fisioterapia esportiva atua nos quadros de lesões esportivas do quadril, podendo ser
citados a pubalgia, a distensão muscular, o quadro de dores musculares causados
por esforço repetitivo da musculatura envolvida no equilíbrio pélvico e a verificação
de alterações posturais que possam levar ao risco de lesão durante a prática de
atividade esportiva. Com relação às lesões de quadril que acometem os atletas nas
competições, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

159
( ) Quando ocorre distensão dos músculos flexores de quadril, as atividades devem ser
interrompidas.
( ) Quando ocorre a distensão dos músculos flexores de quadril, pode ser aplicado gelo
de 48 a 72 horas.
( ) Quando ocorre a distensão dos músculos flexores do quadril, pode ser associado ao
tratamento o uso de técnicas anti-inflamatórias.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) V - V - V.

4 A fisioterapia esportiva dispõe de uma gama de recursos para o atendimento do atleta,


promovendo desde a prevenção até a reabilitação do atleta. Após um quadro de
lesão, por exemplo, no caso de lesão da região do quadril, existem recursos manuais,
recursos eletrotermoterápicos e recursos eletrônicos que auxiliam na recuperação do
atleta. Disserte sobre a técnica de gamificação na reabilitação do atleta e na atuação
do fisioterapeuta esportivo.

5 O tratamento de lesões esportivas que afetam o quadril demanda várias formas de


intervenção, desde fortalecimento da musculatura flexora e rotadora de quadril ao
trabalho na flexibilidade articular, alongamento e fortalecimento muscular. É muito
importante que esse trabalho seja feito na pré-competição e, no caso de lesão, a
reabilitação deve visar ao retorno funcional do atleta à competição. Além disso, é muito
importante o trabalho proprioceptivo. Disserte sobre a importância da propriocepção
na recuperação pós-lesão de atletas.

160
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —
TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS
PARA LESÕES ESPORTIVAS DO
MEMBRO SUPERIOR

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3 abordaremos as lesões esportivas que acometem os
membros superiores, como luxações e epicondilites, em geral causadas por movimentos
repetitivos ou excesso de força aplicada sobre a articulação envolvida. O ombro, devido
à grande amplitude de movimento que existe na região, acaba sendo uma região mais
suscetível a lesões.

As lesões de membro superior podem ser causadas por movimentos repetitivos,


como é o caso das epicondilites, mais conhecidas como cotovelo de tenista e cotovelo
de golfista. Além disso, movimentos bruscos ou impactos de grande magnitude sobre
as articulações do membro superior podem levar a lesões graves.

As estruturas dos membros superiores realizam uma frequência grande de


movimentos nos gestos esportivos, especialmente nos esportes que envolvem arremessos
ou mobilidade do membro superior acima da cabeça, o que promove um grande risco de
lesão a nível dessas articulações, a saber: o ombro, o cotovelo, o punho e as articulações
da mão.

A fisioterapia pode atuar nos momentos pré-competição, realizando uma


avaliação detalhada dos principais gestos esportivos do atleta que predispõem lesões
em membros superiores e, de acordo com os achados da avaliação fisioterápica,
elaborar um protocolo terapêutico para prevenir as lesões ou para a reabilitação do
paciente quando elas ocorrem. O membro superior é utilizado com muita frequência nas
atividades de vida diária, principalmente nos gestos esportivos que exigem arremesso
ou movimentos acima da cabeça, sendo importante o fortalecimento e ganho de
amplitude de movimento, dentre outras intervenções, na prevenção e reabilitação das
lesões esportivas de membros superiores.

161
2 ANATOMIA DOS MEMBROS SUPERIORES
O ombro é composto por vinte músculos, três articulações ósseas e superfícies
móveis de tecidos moles. Ele permite à mão se posicionar em, aproximadamente, dezesseis
mil posições diferentes para a realização das funções do dia a dia. Além disso, o ombro
permite uma estabilização do membro superior para que a mão possa puxar ou levantar
objetos. Para tanto, é necessária uma estabilidade estrutural, sendo que a única fixação
óssea do membro superior no tronco é a esternoclavicular (HOUGLUM; BERTOTI, 2014).

O complexo do ombro possui uma grande mobilidade, o que causa uma grande
instabilidade nessa articulação, deixando a região muito suscetível a lesões. São comuns
lesões ligadas ao esforço repetitivo, em que os ossos localizados no ombro se ligam,
estruturando uma articulação que forma um complexo entre clavícula, esterno, escápula e
úmero. Essa região tem quatro grandes articulações: esternoclavicular, acromioclavicular,
glenoumeral e escapulotorácica. A instabilidade do ombro acaba causando lesões
especialmente nas atividades esportivas que envolvem movimentos acima da cabeça,
como vôlei, lançamento de dardo, basquete, dentre outras, sendo a estabilidade dinâmica
promovida pela musculatura do manguito rotador juntamente com a cápsula articular
(PRENTICE, 2012).

FIGURA 3 – CÍNGULO DO MEMBRO SUPERIOR

FONTE: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 210)

162
O braço articula-se com o tronco por uma estrutura denominada cíngulo do
membro superior ou, ainda, cintura escapular. Os movimentos que ocorrem na clavícula
e na escápula permitem ao braço um apoio para que o ombro possa se movimentar.
Dessa forma, percebe-se que a escápula e a clavícula são locais importantes de inserção
muscular do complexo do membro superior (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009).

O cotovelo é composto por um conjunto de articulações complexas do tipo


sinovial compostas. Então, se houver lesão em uma parte, as demais também serão
afetadas, são elas: a úmero-ulnar e ulmerorradial. Essas articulações são sustentadas
especialmente pelos ligamentos colateral ulnar e colateral radial. O cotovelo é que permite
um posicionamento adequado da mão para que desempenhe sua função, além de ajustes
de altura e comprimento para a adequada posição da mão. Os tratamentos do cotovelo,
em geral, são direcionados à condição patológica apresentada (MAGEE, 2010).

2.1 BIOMECÂNICA
Os músculos dos membros superiores têm sua origem no úmero ou na escápula
e possuem função de estender ou flexionar o cotovelo, proporcionando a estabilidade ao
punho e mão em movimentação nas mais diversas direções (MANOCCHIA, 2009).

O membro superior tem como principal função o movimento de preensão, que


tem início na articulação do ombro, sendo que o complexo do ombro tem grande mobili-
dade (DUFOUR; PILLU; 2016). O ombro pode ser definido como uma articulação suspensa,
composto de um grupo de cinco articulações: ombro, escapulotorácica, esternoclavicular,
acromioclavicular e uma funcional, a subdeltoidea, que pode ser determinada de fal-
sa articulação. Funcionalmente e anatomicamente, essas estruturas articulares são
conectadas, sendo bastante expostas e superficiais.

O ombro é composto de tendões de quatro músculos que se unem com a cápsula


articular, conhecidos como manguito rotador. São eles: os músculos supraespinal,
infraespinal, redondo menor e subescapular. Essa estrutura recobre o ombro em suas
faces anterior, posterior e superior e a contração desses músculos faz com que a
cabeça do úmero seja movimentada em direção à cavidade glenoide, o que permite uma
estabilidade à essa articulação (HALL, 2020).

IMPORTANTE
O excesso de contração da musculatura flexora ou extensora aplica
tensão nas regiões medial ou lateral do cotovelo por movimentos
repetitivos, o que pode desenvolver a epicondilite lateral ou medial,
também denominado cotovelo de tenista ou golfista.

163
O cotovelo é quem faz os movimentos de flexão e extensão, pronação e
supinação, e suporta constantemente as cargas nas atividades diárias, como vestir-se
e comer, chegando a aproximadamente 300 N. Essas cargas são ainda maiores no caso
de práticas esportivas, por exemplo, em um arremesso de beisebol, o cotovelo sofre uma
força em valgo de aproximadamente 64 N-m força de 1.000 N para que não ocorra luxação.
Além disso, em muitas atividades esportivas, o cotovelo funciona como articulação de
sustentação de carga (HALL, 2020).

Além da congruência óssea, são vários os músculos que atravessam a articulação


do cotovelo, dando a ele uma estabilidade e uma mobilidade funcional. São eles: cinco
principais, dois extensores e três flexores. Já os movimentos que ocorrem na articulação
entre rádio e ulna são originados da mobilidade de quatro músculos principais: um par
de supinadores e um par de pronadores. Além dos músculos, os ligamentos presentes
na articulação do cotovelo auxiliam na estabilidade. Estão presentes dentro da cápsula
da articulação do cotovelo as três articulações do cotovelo, a saber, a umeroulnar,
umerorradial e a radioulnar proximal (HOGLUM; BERTOTI, 2014).

Na região do cotovelo, também está presente uma membrana sinovial que


o envolve juntamente com as articulações radioulnares superiores, tendo a principal
função de lubrificar as estruturas profundas dessas articulações. Uma cápsula envolve
todo o cotovelo e também estão presentes as bolsas bicipital e olecraniana. A bicipital
acolchoa o tendão bicipital na posição do antebraço em pronação em relação à
tuberosidade do rádio, e a bolsa do olécrano fica entre ele e a pele (PRENTICE, 2012).

As articulações da cintura escapular agem de forma conjunta no carregamento


de cargas e absorção de impactos. No caso do ombro, a articulação glenoumeral é a que
mais oferece suporte mecânico ao membro superior, sendo exposta a cargas muitos
maiores que as outras articulações do ombro (HALL, 2020).

A mão é formada por diversos ossos, articulações, tendões, nervos e vasos


sanguíneos, sendo uma estrutura corporal muito importante em suas várias funções. Ela se
adapta muito bem às demandas impostas em seus comandos e é considerada um órgão
complexo e com várias funções. Sua estrutura permite tanto a manipulação de objetos
grandes quanto a realização de tarefas delicadas que demandam movimentos mais finos.
Além disso, a mão pode ser considerada um órgão do tato, por isso, é um importante
órgão de comunicação e expressões não verbais (HOUGLUM; BERTOTI, 2014).

2.2 LESÕES EM MEMBROS SUPERIORES


A maioria dos esportes fazem com que o atleta execute movimentos na
extremidade superior acima da cabeça, como arremessos, batidas ou movimentos
repetitivos dos membros superiores, o que expõe o atleta a maiores riscos de lesões pelo
fato de que as articulações das extremidades superiores têm uma grande instabilidade,

164
especialmente na região do ombro, podendo ser acometida por lesões por excesso de
uso. As lesões, em geral, ocorrem por impacto, sobrecarga dinâmica, excesso de uso,
vulnerabilidade das estruturas, flexibilidade diminuída e desequilíbrio na musculatura
(ZATSIORSKY, 2003).

O ombro tem um papel muito importante nas atividades de vida diária, atuando em
uma cadeia cinética aberta e, algumas vezes, em uma cadeia cinética fechada. Limitações
funcionais constantemente acometem pacientes limitando movimentos, como colocar a
mão atrás da cabeça, e uma limitação na amplitude de movimento altera as atividades
funcionais de vida diária. A avaliação funcional é, de acordo com essas atividades de vida
diária, laborativas, recreacionais ou pode ser feita com tabelas de pontuação, de acordo
com medidas clínicas e funcionais, tendo algumas escalas específicas para atletas e
lesões específicas (MAGEE, 2010).

O ombro de um atleta pode ser acometido por fraturas, como de úmero e clavícula,
geralmente causadas por impacto sobre a região em esportes de contato ou, em alguns
casos, pela queda sobre o braço estendido, colisão entre dois atletas e trauma direto sobre
a clavícula. Nesses casos, normalmente o atleta apresenta dor, desenvolve-se um edema
na região e o atleta não consegue elevar o braço. Raramente pode ocorrer pneumotórax,
hemotórax ou lesão no plexo braquial (WALKER, 2011).

FIGURA 4 – FRATURA DE CLAVÍCULA

FONTE: Vasconcelos et al. (2021, p. 111)

165
O ombro ainda pode sofrer luxação quando o atleta cai com a mão estendida ou
em casos de abdução e rotação externa do ombro. Geralmente isso ocorre devido ao
contato extremo com outro atleta ou com algum objeto mais sólido. Quando esse quadro
se faz presente, há uma dor muito forte no ombro e os músculos deltoides podem se
apresentar com contorno irregular (WALKER, 2011).

Podem ocorrer lesões no ombro por sobrecarga em movimentos repetitivos,


promovendo desgaste na junção miotendínea, levando à dor e fraqueza muscular. Como
consequência, há uma redução da amplitude de movimento. Outra patologia que acomete
o ombro são as compressivas, que podem sobrevir de traumas, fraturas, cirurgias, doenças
sistêmicas e, em alguns casos, são bilaterais. O ombro também pode ser acometido pela
síndrome do impacto (VASCONCELOS et al., 2021), podendo ser o glenoumeral, que ocorre
especialmente no movimento de abdução do ombro.

As lesões em ombro acabam por afetar não somente a articulação glenoumeral,


mas a mobilidade do cotovelo e do punho, visto que os movimentos são multiarticulares.
Um atleta também pode sofrer lesões na articulação do cotovelo, sendo mais comum
a epicondilite, que provém do excesso de uso, levando a microtraumas e afetando a parte
medial ou a parte lateral do cotovelo, os conhecidos cotovelo de tenista e cotovelo de
golfista (ZATSIORSKY, 2003).

O cotovelo pode ser acometido por uma tendinite do músculo tríceps, o qual se
apresentaria com dor no movimento de extensão de cotovelo quando imposta alguma
resistência, presença de algia no local de inserção do tríceps. Ainda, no raio X podem
estar presentes esporões do olécrano, atingindo mais o sexo masculino, especialmente
esportes de alta intensidade ou trabalho manual pesado. A lesão ocorre por tração sobre
o tendão em sua inserção na região do olécrano (MCMAHON, 2008).

2.2.1 Intervenções fisioterapêuticas nas lesões de membros


superiores
Os atletas que exigem muita mobilidade de membro superior apresentam uma
incidência maior de risco de lesões no ombro. Nesse ponto, é muito importante o trabalho
de condicionamento físico de forma preventiva, devendo ser trabalhado um fortalecimento
excessivo da região quando a atividade esportiva exige esforço excessivo do braço e do
ombro. Os músculos da região do ombro devem ser fortalecidos, especialmente os que
levam a sua movimentação em toda a amplitude de movimento (PRENTICE, 2012).

166
INTERESSANTE
A força dispensada pelo braço ao realizar um arremesso ou uma
“cortada” no vôlei, por exemplo, leva ao risco de lesões, sendo
necessária a avaliação da alavanca de movimento do membro para
otimizar esse desempenho e minimizar risco de lesão.

É importante que sejam conhecidos todos os sinais e os sintomas apresentados


pelo paciente com algum problema no ombro para que as técnicas terapêuticas mais
adequadas sejam prescritas, visto que a dor no ombro pode ser proveniente de um problema
preexistente nas articulações, de doenças que afetam as regiões próximas à articulação ou
até de problemas nas articulações da coluna cervical, do tórax e das vísceras (MAGEE, 2010).

Na avaliação, é muito importante que o fisioterapeuta verifique quais são as principais


queixas do paciente, como foi o trauma no local, se há presença de dor, crepitação, fadiga,
diferença de temperatura ou fraqueza presentes. Devem ser avaliados quais movimentos
agravam a dor e se o atleta já passou por alguma intervenção terapêutica anteriormente.
O paciente deve ser observado durante a deambulação e na posição ortostática para que
sejam detectadas assimetrias entre os ombros, problemas na postura, deformidades
ósseas ou qualquer alteração no tônus muscular, dentre outros aspectos (PRENTICE, 2012).

A observação deve permitir a análise dos contornos ósseos e a avaliação dos


tecidos moles bilateralmente para verificar se estão simétricos ou assimétricos. Devem
ser avaliados a coluna cervical, o tórax, o membro superior, a presença de mudanças
vasomotoras que podem levar à alteração de coloração nas mãos ou a presença de
acúmulo de líquido no meio intersticial e edema, ou o surgimento de atrofia muscular
(MAGEE, 2010).

As lesões traumáticas de ombro podem ser tratadas de forma conservadora se


não forem muito graves, mas o fisioterapeuta deve trabalhar para devolver ao paciente a
sua funcionalidade normal, ainda que dentro de suas limitações pós-lesão. Para isso, as
primeiras condutas são a analgesia, o posicionamento adequado do membro acometido
e as orientações em relação à imobilização. O tratamento inicia com exercícios passivos
dentro de um ângulo de segurança e, após um período médio de dezesseis semanas,
inicia-se o treino muscular.

A fisioterapia, em casos cirúrgicos, deve iniciar no pós-operatório imediatamente,


bolsas de água fria e outras técnicas de termoterapia auxiliam na redução do quadro
álgico e melhoram a qualidade de vida do paciente. A eletroterapia pode ser usada, como
o ultrassom, que auxilia no processo de regeneração tecidual, mas deve ser evitado
sobre próteses metálicas. Após a fase de recuperação aguda, iniciam-se os exercícios
de ganho de amplitude de movimento de forma ativa, ativa assistida ou passiva, em que
o alongamento também é importante para melhorar a contratilidade do músculo.

167
A força muscular no processo de recuperação pode ser trabalhada de forma
isométrica, concêntrica ou excêntrica, sendo a isométrica a melhor opção quando
ainda não for permitida uma amplitude de movimento maior. Também pode ser usada a
terapia manual para relaxar a musculatura, o que melhora o posicionamento das faces
articulares e promove a tração, melhorando a dor de forma temporária e facilitando a
mobilização local (VASCONCELOS et al., 2021).

São necessários testes especiais durante o processo para a confirmação de


diagnóstico das lesões do ombro, sendo alguns deles obrigatórios. A dor em região anterior
do ombro ocorre frequentemente em pacientes jovens e adultos. Em pacientes mais idosos,
pode ocorrer degeneração dos músculos do manguito rotador ou, ainda, o formato do
acrômio pode levar ao surgimento de lesões na região do ombro. Nesse caso, deve ser
feito teste para desvio do ombro e risco de luxação (MAGEE, 2010).

Como exemplo dessa etapa, pode ser citado o teste de esforço de Norwood,
em que o fisioterapeuta palpa a cabeça do úmero e movimenta o braço do paciente,
testando a mobilidade do braço e riscos de luxação. O teste resultará positivo quando
a cabeça do úmero se deslocar posteriormente no quadro de subluxação. As técnicas
fisioterapêuticas são diversas, podendo ser usado: terapia miofascial, ultrassom pulsado,
exercícios resistidos com o elástico terapêutico, dentre outras (VASCONCELOS et al.,
2021).

INTERESSANTE
Ao avaliar a funcionalidade do membro superior, existem testes bem
específicos, como o teste de queda da bola, que avalia a resistência
do complexo do ombro, sua capacidade de se mover rapidamente e
a estabilidade sua dinâmica (STOCCO, 2021).

Também podem ser usados testes funcionais, como o arremesso de bola


pesada na posição sentada, que permite avaliar os membros superiores e pode ser feito
na posição sentada ou de pé, avaliando, também, as funções do tronco e dos membros
inferiores, promovendo uma avaliação funcional mais completa e global (STOCCO, 2021).

168
FIGURA 5 – TESTE DE ARREMESSO DA BOLA NA POSIÇÃO SENTADA

FONTE: Stocco (2021, p. 23)

A dor apresentada pelo atleta pode ser avaliada de diversas formas, como pela
escala visual analógica, que é composta de uma linha horizontal ou vertical. Ao longo
da escala, são colocados descritores como: “sem dor” e “pior dor imaginável”. Nela, o
paciente avaliado coloca uma marca no local que indica a dor que está experimentando.
Existem variações dela para a avaliação da dor, como a escala estimativa numérica e a
escala faces. A maioria das escalas usa um sistema de 11 pontos de 0 a 10, sendo que a
escala faces usa desenhos com expressões, parecidos com emoticons, para comunicar a
sensação de dor (STARKEY, 2017).

No caso de fraturas de clavícula ou úmero, no primeiro momento o tratamento


consiste na aplicação de gelo, alívio da dor e imobilização do membro superior lesionado.
Depois, é muito importante a reabilitação para que haja um alinhamento adequado para
a consolidação da fratura. Quando estiver consolidada, deve-se iniciar exercícios de
ganho de amplitude de movimento e fortalecimento muscular para que seja recuperada a
capacidade funcional do membro superior do atleta (WALKER, 2011).

A bandagem funcional possui uma boa aplicabilidade no ombro, visto que


a articulação acromioclavicular é superficial, o que facilita a correção de postura
inadequada com uso da bandagem auxiliando nos tratamentos das patologias do ombro
de atletas. Patologias em que houve impacto, separação, crepitação, tendinite, bursite,
encurtamentos, dentre outras, são bem tratadas com o auxílio das bandagens terapêuticas.
Mudar um ou dois componentes na postura, seja na coluna ou pescoço, auxilia em muitos
casos de alterações na amplitude de movimento do ombro. As bandagens podem ser
usadas para corrigir a posição da escápula, como corrigir um escapuloumeral inadequado
(KEIL, 2014).

No caso do atleta que apresenta epicondilite lateral do cotovelo, é importante


a prevenção por meio de orientações ao esportista para que, ao golpear uma bola, por
exemplo, a técnica seja perfeita e com empunhadura correta. Nos esportes que usam
raquete, que ela seja de tamanho e peso adequados e que a duração de um jogo não

169
exceda duas horas, além de as superfícies do solo onde acontece o jogo sejam macias.
O tratamento visa aliviar a dor, reduzir o quadro inflamatório e fortalecer a musculatura
extensora. Deve haver afastamento da atividade esportiva que está desencadeando o
quadro e, ainda, pode ser indicada uma órtese para distribuir as forças sobre as massas dos
músculos extensores. A epicondilite medial é tratada com repouso, gelo, órteses e, em
alguns casos, é possível o trabalho com eletroestimulação (MCMAHON, 2008).

O retorno do atleta às atividades esportivas está condicionado a não haver


presença de dor, porque havendo, pode sinalizar uma lesão tecidual, além de não poder
haver sinais inflamatórios, como edema, vermelhidão ou alteração de temperatura local.
Isso pode demonstrar que a lesão ainda não está totalmente reparada, o que não permite o
retorno do atleta às competições.

O tempo em que ocorreu a lesão também é muito importante para que seja
respeitado o tempo total de reparo tecidual, dessa forma, o atleta só deve voltar às
competições quando a amplitude de movimento estiver recuperada ou próxima do
fisiológico. A força, a potência e a resistência muscular devem estar recuperadas, o
controle neuromuscular deve estar restabelecido e o sistema cardiorrespiratório deve
estar condicionado para um retorno satisfatório às exigências impostas pelos treinos e
pelas competições esportivas, além de outros fatores (STOCCO, 2021).

Na reabilitação dos atletas, são empregados exercícios específicos do esporte.


Junto a isso, ao longo da reabilitação é feita uma avaliação de desempenho que prediz
a capacidade do atleta de realizar um exercício ou circuito específico com segurança.
A avaliação de desempenho final é aquela realizada antes que o atleta volte à plena
participação de suas atividades, a qual deve demonstrar valores de flexibilidade, força,
resistência e coordenação ideais, com capacidade funcional plena e velocidade, potência
e agilidade adequadas para que o atleta volte ao seu desempenho completo de forma
segura (HOUGLUM, 2015).

A partir do momento em que o membro superior lesionado atingir a força e a


amplitude de movimento e controle adequados, o paciente poderá iniciar os exercícios
específicos da atividade esportiva. Então, os programas progressivos funcionais
e específicos à atividade serão compostos por movimentos semelhantes aos que
são executados na atividade esportiva. Ao final, são realizados testes para verificar
a recuperação dos membros superiores. As metas da reabilitação são feitas de forma
individual aos atletas de acordo com esporte e com o desempenho pré-lesão do atleta. Ao
concluir o programa de exercícios terapêuticos, em geral, o atleta é liberado para o retorno
às competições (HOUGLUM, 2015).

170
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• Conceitos anatômicos da região do membro superior e suas principais características


relacionadas às articulações presentes no cíngulo do membro superior e suas
relações com as principais lesões esportivas que envolvem os membros superiores.

• Biomecânica da região do ombro e cotovelo, sua relação com a mobilidade desse


segmento e riscos de lesão, além da importância da avaliação de alterações estruturais e
de mobilidade que fazem com que o atleta fique mais exposto a lesões nas articulações
dessas estruturas do esqueleto apendicular.

• Principais lesões esportivas que acometem o membro superior, como luxação e


epicondilite lateral, epicondilite medial, as conhecidas cotovelo de tenista e cotovelo
de golfista e a possibilidade de tendinites, como do tríceps, relacionadas com
movimentos repetitivos nos gestos esportivos.

• Intervenções fisioterapêuticas nas lesões de membro superior compostas de uma


gama de exercícios de cinesioterapia, além do trabalho para ganhar amplitude de
movimento e força em membros superiores, sempre de acordo com os achados na
avaliação fisioterapêutica.

171
AUTOATIVIDADE
1 O atleta pode ser acometido por diversas patologias em membros superiores devido à
mobilidade exagerada que existe na articulação do ombro e o predispõe à luxação,
podendo ocorrer lesões por sobrecarga excessiva sobre a musculatura ou sobre as
articulações. Em muitos casos, pode surgir um processo inflamatório por movimentos
repetitivos, causando uma epicondilite lateral. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta o nome dessa condição:

a) ( ) Miosite.
b) ( ) Artrite.
c) ( ) Cotovelo golfista.
d) ( ) Cotovelo tenista.

2 A fisioterapia atua na recuperação de atletas após lesões de membros superiores,


como ombro, cotovelo ou punho, e a maioria dos casos é encaminhado ao tratamento
conservador, podendo o paciente, com o tempo, retornar à atividade esportiva. São
muitas as opções terapêuticas que podem ser usadas na reabilitação pós-trauma do
atleta. Sobre o atendimento prestado ao paciente com lesão em membro superior,
analise as afirmativas a seguir:

I- O tratamento da fisioterapia deve iniciar com analgesia para que sejam possíveis as
outras intervenções.
II- O tratamento da fisioterapia deve ser feito, inicialmente, com exercícios resistidos
no ângulo de segurança.
III- O tratamento da fisioterapia para fortalecimento muscular inicia-se em torno de
dezesseis semanas após a lesão.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 As lesões de ombro são relativamente comuns entre os atletas de esportes que exigem
uma grande mobilidade de membro superior, especialmente os movimentos que são
realizados acima da cabeça, como arremessos e os movimentos do voleibol. Muitas
vezes, para confirmar o diagnóstico, o fisioterapeuta precisa fazer alguns testes, sendo
alguns deles obrigatórios para a confirmação do quadro. Sobre esses testes, classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

172
( ) Pode ser usado o teste de esforço de Norwood para verificar a mobilidade do ombro
e risco de luxação.
( ) Pacientes com mais idade podem apresentar uma degeneração na região denominada
manguito rotador do ombro.
( ) As técnicas fisioterapêuticas são diversas no tratamento, podendo ser usado o
ultrassom exclusivamente na forma contínua.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - V - F.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) V - V - V.

4 Os atletas são expostos a esforços extremos e repetitivos, o que faz com que
desenvolvam quadros de lesão muscular, problemas articulares e, em alguns casos
de uso extremo dos membros superiores, leva o atleta a ser acometido por lesões
nas estruturas dos membros superiores. Sobre as lesões de ombro, disserte sobre a
importância de uma avaliação detalhada da região no diagnóstico fisioterapêutico.

5 O atleta que apresenta alguma lesão em membro superior que não necessite de
tratamento cirúrgico é encaminhado ao tratamento conservador, em que a fisioterapia
atua tanto de forma a reabilitar quanto na prevenção de novas lesões. Nesse sentido,
dentre os diversos recursos que estão disponíveis aos profissionais, existem os
eletroterápicos, a cinesioterapia e as bandagens funcionais. Disserte sobre a ação da
bandagem funcional no tratamento de lesão de membro superior em atletas.

173
174
UNIDADE 3 TÓPICO 4 —
TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA
LESÕES ESPORTIVAS DO MEMBRO
INFERIOR

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 4 abordaremos os conceitos das lesões esportivas que
acometem os membros inferiores, como síndrome compartimental, fratura de fêmur e
entorses de tornozelo. Os membros inferiores sofrem um grande impacto sobre suas
estruturas, visto que suportam o peso corporal sobre eles durante a deambulação ou
na posição ortostática. Alguns esportes, como corrida, ou aqueles que são compostos
de salto e aterrissagem predispõem o atleta a um maior risco de lesões a nível de joelho,
tornozelo e pé, pelo grande impacto causado na região e pelos gestos esportivos desses
atletas.

Os traumas mais comuns são as fraturas, especialmente do fêmur, as lesões


nas estruturas do joelho, como ligamentos cruzados, colaterais e meniscos, e as lesões
a nível de tornozelo, especialmente as entorses de tornozelo em inversão e eversão. As
entorses de tornozelo são umas das lesões mais comuns no meio esportivo, ocorrendo
especialmente quando o atleta aterrissa ao solo com o pé em uma posição incorreta,
levando à distensão e até ruptura ligamentar em alguns casos.

As intervenções fisioterápicas serão de acordo com a avaliação feita do atleta,


visando quais estruturas foram comprometidas e quais os resultados esperados com
a terapia, podendo ser utilizadas bandagens, terapia manual, dentre outros recursos
escolhidos de forma individual conforme a anamnese e o exame físico do atleta pós-
lesão. Sempre deve-se levar em consideração se o atleta está afastado, ou não, de suas
atividades para a realização de uma reabilitação adequada das lesões em membros
inferiores, devido ao grande risco de lesões recidivas. Os atletas devem ser preparados
para o retorno às suas atividades assim que possível de acordo com o esporte o qual
participam.

175
2 ANATOMIA DOS MEMBROS INFERIORES
O membro inferior possui uma região chamada de cíngulo do membro inferior,
que possui a função importante de sustentar o peso em posição ortostática e proteger as
vísceras que estão localizadas na pelve, possuindo nessa região ossos maciços devido à
pressão que sofrem durante a deambulação. Cada membro inferior faz parte do esqueleto
apendicular e é composto dos ossos fêmur, patela, tíbia e fíbula, todos ligados ao pé. O
membro inferior transfere o peso do corpo ao solo, sendo que o fêmur é o maior osso do
corpo humano em comprimento e peso (MARTINI; TIMMONS; TALLISCH, 2009).

As regiões do tornozelo e do pé apresentam flexibilidade e estabilidade por


serem compostas de uma grande quantidade de ossos e suas fixações. A região da
perna, o tornozelo e o pé dão suporte à descarga de peso e propulsão na marcha, sendo,
nesse momento, uma alavanca flexível e, ao darem suporte, tornam-se uma estrutura
rígida para poder suportar o peso do corpo inteiro (MAGEE, 2010).

FIGURA 6 – ESTRUTURAS DOS PÉS

FONTE: Tank e Gest (2009, p. 145)

176
Existem várias articulações presentes nos membros inferiores, como as
tibiofibulares superiores e inferiores, a articulação talocrural e a articulação subtalar, a qual
é muito importante nos movimentos realizados pelo tornozelo, a saber, a inversão, a
eversão, a pronação e a supinação. O membro inferior é composto de vários ligamentos
com função de estabilização, são eles: os tibiofibulares, em que há uma forte membrana
interóssea unindo os ossos da tíbia e da fíbula, e os ligamentos do tornozelo, ligamentos
laterais e ligamentos mediais (PRENTICE, 2012).

O fêmur tem algumas características interessantes, como as angulações


biomecânicas que ocorrem no plano frontal e no plano transverso, permitindo que ele
tenha uma eficiência mecânica. Quando essas angulações estão alteradas, há os casos
de lesões de coxa valga, que provocam instabilidade no quadril com predisposição à
subluxação ou, ainda, o ângulo de torção, que é uma rotação medial natural do fêmur
(HOUGLUM; BERTOTI, 2014).

Estruturas importantes e localizadas nos joelhos são os meniscos, bolsas, pregas


sinoviais e corpos adiposos. A articulação do joelho é mais propensa a lesões quando
são realizados movimentos com giros, quando ocorrem traumas laterais ou mediais
e em movimentos de hiperextensão, especialmente quando o pé está fixo no chão. O
pé, quando não está em uma posição anatômica adequada, pode tirar o joelho de sua
posição neutra, o que predispõe aos traumas. O geno valgo, ou varo, e a rotação da tíbia
promovem aos atletas lesões mais facilmente, principalmente se o componente muscular
está desequilibrado nas articulações do joelho, quadril e região lombo-pélvica (KEIL, 2014).

As lesões de pé, tornozelo e pernas estão ligadas em uma cadeia cinética, pois
o movimento de um deles tem ação sobre os demais, proximais e distais, sendo muito
importante a análise da biomecânica da marcha, pois as lesões podem estar ligadas a
fatores biomecânicos. Os membros inferiores na marcha passam por duas fases: a de
apoio, com o contato inicial do calcanhar no chão, e terminando quando esse pé entra
em contato novamente com o solo. Nessas descargas de peso, um pé com deformidades
estruturais que o leva à posição de pronação ou de supinação, antepé varo e retropé
varo, altera a descarga de peso em membros inferiores, o que pode predispor a lesões
(PRENTICE, 2012).

2. 1 BIOMECÂNICA
Nas atividades esportivas, quando há exigência de atividades de aterrissagem,
como após os saltos do balé, ou em corrida com obstáculos, ocorrem forças sobre os
músculos e tendões e uma reação quando há o toque no solo, que age sobre as estruturas
musculoesqueléticas presentes no membro inferior. As estruturas musculoesqueléticas
precisam responder a esse estresse produzido pela carga para que não haja lesão, pois,
se não houve estresse, ocorre uma atrofia muscular e a carga excessiva produz lesão
(ZATSIORSKY, 2003).

177
Enquanto o membro superior é capaz de realizar atividades que requerem uma
grande amplitude de movimento, o inferior é uma estrutura preparada para sustentar
peso e se movimentar. Além disso, ele é capaz de realizar atividades mais especializadas,
como chutar bola ao gol, fazer um salto em distância e se equilibrar nas pontas dos pés. O
joelho sustenta grandes cargas e permite mobilidade para que seja possível a locomoção;
os meniscos presentes no platô tibial auxiliam a aprofundar as faces articulares, além
de ajudarem na transmissão da carga e absorver os impactos sofridos pelo joelho. Um
joelho sem menisco ainda funciona adequadamente, mas começará a sofrer desgaste nas
superfícies articulares, aumentando o risco de doenças degenerativas articulares, como a
osteoartrite de joelho (HALL, 2020).

IMPORTANTE
Os membros inferiores suportam uma grande carga para permitir
a nossa locomoção, e quando a descarga de peso sobre esses
membros é inadequada, podem surgir problemas como desgaste,
dor e, no caso de atletas, as lesões.

A biomecânica corporal influencia no rendimento de um atleta, por exemplo,


esportes que exijam levantamento de peso são mais fáceis para pacientes que tenham
alavancas de movimento mais curtas, pois o peso será levantado em uma altura menor.
Já na natação, os atletas com alavancas mais longas e com boa potência muscular têm
mais vantagem, visto que a velocidade de um segmento em um lançamento é ligada à
velocidade angular do segmento e seu comprimento (PEREZ, 2021).

O joelho é capaz de sustentar grandes cargas para permitir as atividades


locomotoras, sendo composto de uma grande articulação sinovial. Essa articulação
possui vários ligamentos que cruzam sobre ele e aumentam sua estabilidade. Cada
ligamento determina em que sentido irá resistir ao deslocamento do joelho. Os colaterais
medial e lateral evitam os movimentos laterais do joelho, já os ligamentos cruzados
anterior e posterior contribuem para evitar o deslizamento anterior ou posterior do fêmur
(HALL, 2020).

O joelho é parte de uma cadeia cinética afetada pelos movimentos e forças que
ocorrem nos pés e na porção inferior da perna, transmitindo essas forças a ele. Mas
ele também transmite forças à coxa, ao quadril, à pele e à coluna. Quando o pé está
em contato com o solo, temos uma cadeia cinética fechada, em que as forças devem
ser transmitidas aos segmentos proximais ou absorvidas por uma articulação distal. Se as
forças não forem dissipadas, haverá um colapso em uma das regiões dessa cadeia,
sendo o joelho mais suscetível à lesão quando há sobrecarga sobre essa cadeia e a
absorção dessas forças. O mecanismo de lesão do joelho auxilia no entendimento do
processo patológico (PRENTICE, 2012).

178
2.2 LESÕES ESPORTIVAS EM MEMBROS INFERIORES
O joelho está entre as duas alavancas ósseas mais longas do corpo: o fêmur
e a tíbia, havendo, assim, um grande potencial de torque nessa articulação, que
é uma importante articulação de sustentação de carga. Ele sofre tanto forças de
compressão como de cisalhamento nas atividades de vida diária, sendo influenciado
pela sustentação do peso corporal e pela contração dos músculos que passam por ele.
A força compressiva é, aproximadamente, três vezes maior na sustentação de peso no
apoio da marcha e quatro vezes maior ao se subir uma escada (HALL, 2020).

O membro inferior pode ser acometido por várias lesões na prática esportiva,
especialmente em esportes que exigem saltos, aterrissagem e corrida. Dentre as
lesões, uma das mais complicadas é a fratura de fêmur, que geralmente ocorre de uma
força intensa pelo fato de que a musculatura que sustenta a região é muito resistente, e
geralmente a fratura está associada a esportes de grande impacto. Em casos em que há
um alto impacto que se direciona ao fêmur, por exemplo, no caso de uma aterrissagem
de queda de uma certa altura, ou em um impacto direto na porção superior do quadril, a
dor é intensa e pode haver deformidade no local, edema e hematomas, sendo impossível
ao atleta mover a perna ou sustentar peso sobre ela (WALKER, 2011).

O membro inferior sofre uma carga sobre o sistema musculoesquelético, podendo


ser diferente de acordo com as funções de cada membro inferior no gesto esportivo,
principalmente quando o corpo entre em contato com o solo. Nos casos de salto, o ideal
é que a aterrissagem seja realizada pelos dois membros inferiores de forma equânime
para que haja estabilidade e o centro de massa corporal total em contato com o solo
seja zero, para que não haja risco de lesão (ZATSIORSKY, 2003).

O esforço repetitivo que ocorre na atividade física pode levar a um quadro de


tendinite, ou seja, inflamação do tendão, pelo fato de que, durante a atividade esportiva,
o músculo precisa contrair e deslizar sobre as estruturas que estão próximas a ele.
Quando isso ocorre de forma constante, acaba promovendo uma irritação no tendão e um
processo inflamatório no local. O atleta passa a manifestar dor ao movimento, edema,
alteração na temperatura local e a presença de um som ou estalido, que é característica
da crepitação pela aderência do tendão às estruturas que o cercam (PRENTICE, 2012).

O músculo quadríceps pode ser acometido por um quadro de distensão muscular


devido a um alongamento vigoroso, ou laceração tendinosa, no músculo que é responsável
por sustentação de peso. Esse quadro ocorre também no caso de uma contração intensa
desse músculo, ou alguma forma de estresse incomum imposto sobre ele, que geralmente
advém de contrações ou estiramentos intensos (WALKER, 2011).

Na articulação do joelho, são absorvidas forças que vêm do pé, tornozelo e


perna, as quais são direcionadas para coxa, quadril e coluna vertebral. Por esse fator, o
joelho é constantemente acometido por lesões, podendo, em alguns casos, demandar
tratamento cirúrgico. Os sintomas dessas lesões são: dor, edema, alteração na amplitude

179
de movimento, hipotrofia muscular, alteração na estabilidade articular e deficiência
de propriocepção. Caso o tratamento não seja adequado, pode gerar o afastamento
definitivo do atleta da prática do esporte ou podem ser geradas compensações em
outras articulações, como no quadril, pé e tornozelo (VASCONCELOS et al., 2021).

Atletas, em especial os corredores, podem ser acometidos por lesões causadas


por esforço excessivo, em alguns casos, acometidos por uma lesão denominada síndrome
compartimental por esforço, que se apresenta como uma dor no compartimento do
músculo tibial anterolateral, de início na atividade e alívio ao repouso, não tendo histórico
de trauma. A dor inicia após algum tempo ou conforme a intensidade do exercício e
se faz presente no caso de alongamento passivo, além dos sintomas de hipoestesia e
fraqueza, podendo estar presente um edema significativo no local (MCMAHON, 2008).

A entorse de tornozelo é uma das lesões mais frequentes entre atletas, geralmente
o gesto esportivo predispõe o atleta a essa lesão. O tornozelo e o pé são frequentemente
acometidos por lesões devido à trauma, compressão ou sobrecarga. Essas lesões podem
comprometer a mobilidade e função física do atleta, inclusive alterando a cadeia cinética e
as demais articulações. Os traumas nessa região do corpo podem ser acometidos por
quedas, contusões, entorses em inversão ou eversão, fraturas, luxações e subluxações,
distensões e ruptura do tendão calcâneo (VASCONCELOS et al., 2021).

Qualquer trauma mecânico, como é o caso de uma entorse ligamentar, faz com
que os sistemas defensivos do organismo comecem a atuar mobilizando as defesas e
preparando o local para a cicatrização. A duração e a intensidade da inflamação não
podem ser excessivas para que não se tornem prejudiciais ao processo de reparo. Para
tanto, são usados recursos terapêuticos para influenciar na resposta inflamatória e
deter os efeitos deletérios que possam advir caso ela se torne crônica (STARKEY, 2017).

O tornozelo também pode ser acometido por lesão do tipo entorse em inversão,
em que os ligamentos laterais serão lesionados e o mecanismo de lesão é inversão,
flexão plantar e rotação interna. Em casos mais graves, a força de inversão pode
avulsionar parte do maléolo lateral. Essa lesão pode ser classificada em graus, sendo o
primeiro grau o mais comum, mas ainda podendo ser de segundo e terceiro grau. Outro
mecanismo de entorse é o de eversão, que é menos comum, mas quando ocorre, pode vir
acompanhado de fratura da tíbia por avulsão e ruptura do ligamento deltoide. Os pés
que apresentam pronação excessiva, hipermobilidade ou arco longitudinal deprimido
são mais predispostos à entorse por eversão (PRENTICE, 2012).

Os atletas ainda podem ser acometidos por uma lesão denominada fascite
plantar, que se manifesta por uma dor no calcanhar que começa na borda medial da
fáscia plantar e continua até sua inserção na tuberosidade medial do calcâneo. Além
disso, geralmente está presente um quadro de inflamação na fáscia plantar. Adaptações
incorretas do pé nas atividades esportivas, biomecânica alterada, fraqueza muscular,
envelhecimento e alteração no índice de massa corporal podem ser alguns fatores
predisponentes ao desenvolvimento da patologia (BARBOSA; SILVA, 2021).

180
2.3 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NAS LESÕES DOS
MEMBROS INFERIORES
Quando um atleta sofre algum tipo de lesão, o fisioterapeuta esportivo deve
realizar uma avaliação para avaliar a disfunção, se há presença de dor e, então, elencar
a melhor forma de intervenção para auxiliá-lo na volta ao esporte. A avaliação deve
seguir um padrão, ter uma sequência lógica e ser sistematizada para que seja completa,
devendo contemplar quatro áreas: a avaliação subjetiva, a avaliação objetiva, a análise
dos achados e a elaboração de diagnóstico fisioterapêutico para o planejamento das
intervenções que serão realizadas (STOCCO, 2021).

Na avaliação do atleta com lesão em membro inferior, faz-se muito importante


a anamnese completa e a avaliação da perna, tornozelo e pé, além de descobrir qual é a
atividade esportiva do atleta; como foi o mecanismo de lesão; se, no momento da lesão,
houve a presença de alguma deformidade em membro inferior, por exemplo, nos pés; se,
após a lesão, o atleta continuou na atividade esportiva, o que indicaria que a lesão pode
não ter sido tão grave; se, na lesão, surgiram equimoses ou aumento de volume; como
está a evolução dos sintomas; locais de dor ou de sensibilidade; localização da dor e se
o atleta tem histórico de lesões anteriores ou cirurgias prévias (MAGEE, 2010).

Os complexos ligamentares são extremamente sensíveis à carga. Quando privados


dela, como é o caso da imobilização, eles são induzidos a se deteriorarem rapidamente
de suas propriedades bioquímicas e mecânicas, ocorrendo uma diminuição da massa
ligamentar, o que faz com que os ligamentos percam força e rigidez. Já na realização de
exercícios com as articulações, os ligamentos se tornam mais fortes e rígidos, precisando
de uma carga adequada para que seja possível esse aumento (MAGEE; ZACHAZEWSKI;
QUILLEN, 2013).

São vários os recursos disponíveis aos tratamentos de lesões em membros


inferiores, dependendo de qual fase de reabilitação se encontra o atleta. Cada terapia
pode ser eleita de acordo com seus efeitos fisiológicos, devendo-se levar em conta os
fatores que podem influir na abordagem fisioterapêutica, como a idade do atleta, se
é um atleta profissional, amador ou recreacional, qual foi o grau da lesão, se existem
lesões concomitantes e se existe reincidência de lesão. É importante o trabalho em
todas as fases de reabilitação e que seja respeitado o tempo necessário à recuperação
e que ele seja de acordo com os objetivos traçados na avaliação cinético-funcional, que,
muitas vezes, envolverá a fase pré-operatória, reabilitação inicial, fase de reabilitação
intermediária e a fase de reabilitação avançada (BARBOSA; SILVA, 2021).

Um dos objetivos do tratamento fisioterapêutico é a redução do quadro de edema,


ou até a tentativa de impedir que ele ocorra. Para tanto, pode ser usada a aplicação de
gelo, a compressão e a elevação da área acometida logo após a lesão, com o objetivo
de evitar a formação do edema. O paciente pode usar as bandagens compressivas nos
intervalos entre as sessões, mas deve ser orientado a, sempre que possível, manter

181
o membro elevado ao longo do dia e, se possível, dormir com ele em elevação. Além
disso, é importante o paciente realizar contrações musculares voluntárias quando
possível. Podem ser usados dispositivos de compressão, terapia manual e contrações
musculares por meio de recursos eletroterápicos para trabalhar mobilidade passiva da
região acometida (STARKEY, 2017).

Aos atletas que apresentam quadro de tendinite, o tratamento deve ser


composto especialmente por repouso para que o processo inflamatório cesse e seja
possível a cicatrização do tendão à medida que o movimento repetitivo for eliminado.
Devem ser feitas outras atividades que mantenham o condicionamento físico, mas que
não imponham tensão sobre o tendão acometido para que o quadro não evolua para a
tendinose, que corresponde à degeneração do tendão por continuidade dos esforços
repetitivos impostos a ele (PRENTICE, 2012).

IMPORTANTE
Um dos tendões mais acometidos por lesões em membros inferiores
nos esportes é o tendão de Aquiles, que, em movimentos bruscos
ou quando o pé fica preso no solo, pode romper, necessitando de
intervenções mais específicas, como cirurgias.

Nos casos de lesões na articulação do joelho com indicação cirúrgica, a


fisioterapia inicia o trabalho já na fase pré-operatória, a qual se inicia após a lesão e,
em geral, persiste por três a seis semanas após, podendo permanecer até o momento
da cirurgia. Nesse caso, o objetivo da fisioterapia é a diminuição do quadro doloroso, a
redução do edema e o mantimento da amplitude de movimento funcional da articulação
do joelho, bem como a força muscular das regiões dos membros inferiores para que
a recuperação na fase pós-operatória seja melhor. Na fase pós-operatória, deve-se
trabalhar o restabelecimento da funcionalidade para que o atleta volte às atividades
esportivas sem dor ou qualquer forma de limitação (VASCONCELOS et al., 2021).

Podem ser trabalhados exercícios de reeducação neuromuscular para que


melhorem os sinais proprioceptivos ao sistema nervoso central, fazendo com que ocorra
uma melhora do controle postural e do posicionamento angular das articulações nas
atividades funcionais. Os exercícios de propriocepção devem evoluir conforme melhora a
aquisição por meio de estímulos mecânicos, os quais estimulam receptores periféricos,
realizados por meio de mudanças na superfície do exercício, por exemplo, superfícies
estáveis e instáveis, mudança de exercícios estáticos para dinâmicos. Juntamente com o
fortalecimento da musculatura estabilizadora e os músculos do pé, é possível a reabilitação
do atleta, podendo ser usados os exercícios pliométricos para melhorar a capacidade de
resposta do sistema neuromuscular (BARBOSA; SILVA, 2021).

182
As lesões podem provocar um quadro de espasmo muscular, que é a contração
involuntária das fibras musculares, uma defesa que o corpo realiza para proteger a área
lesionada quando ocorre um trauma direto, diminuição de oxigênio para o local ou quando
ocorre alguma disfunção neurológica. Esse quadro leva à dor devido à estimulação
mecânica e química dos receptores responsáveis por levar o estímulo de dor. Então,
podem ainda estar presentes os pontos gatilhos nessas áreas onde se encontra o espasmo
muscular. Se o espasmo na musculatura persiste, os ligamentos e tendões associados
ficam irritados, então, o espasmo aumenta ainda mais para proteger as estruturas, o que
faz com que haja um ciclo alimentado pela dor, diminuição de oxigenação e muitos casos
de diminuição da mobilidade (STARKEY, 2017).

O tratamento da síndrome compartimental que acomete atletas na maioria das


vezes é conservador, mas, em geral, é insatisfatório. Nesse caso, é indicado o tratamento
com anti-inflamatórios não esteroides, mas os sintomas não cessam se a atividade não
for interrompida. No caso de o atleta resolver permanecer em atividade, o tratamento
mais indicado é cirúrgico, para a liberação do compartimento. Após a cirurgia, a
fisioterapia deve iniciar gradualmente o fortalecimento e o treinamento aeróbico quando
as incisões estiverem cicatrizadas para que o atleta volte a se exercitar em torno de 8 a
12 semanas após a cirurgia (MCMAHON, 2008).

Podem ser usados protocolos como o PRICE, que vem do inglês e indica proteção,
repouso, gelo, compressão e elevação, visando à redução de dor e de edema. O TENS
consiste em uma estimulação elétrica cutânea para alívio de dores, utilizando ultrassom e
laser para ajudar no processo de cicatrização, redução do edema e redução do quadro
álgico. Nesse caso, quando não houver contraindicação, pode ser usado o turbilhão
com o objetivo de controle do edema, diminuição da dor e dos espasmos musculares.
Também pode ser usada a compressão intermitente, a qual auxilia no tratamento do
quadro de edema.

As lesões também podem ser atendidas por meio de terapia manual, como
a liberação miofascial; Cyriax, para que haja um relaxamento muscular e redução de
contraturas; mobilizações articulares por Maitland; Mulligan para trabalho na amplitude
de movimento; trabalho com exercícios terapêuticos para alongamento, propriocepção,
dentre outros benefícios; e exercícios funcionais (VASCONCELOS et al., 2021).

No quadro de dor causada pela lesão esportiva, podem ser usados alguns
recursos terapêuticos com o objetivo de controle da dor e auxílio na cicatrização tecidual.
Além disso, há um estímulo aos receptores sensoriais que trabalham com a teoria da
comporta da dor. Os recursos usados podem ser os agentes térmicos, por exemplo, o frio,
que atua como contrairritante e faz um controle descendente da dor liberando encefalina
e alterando a limiar de despolarização do nervo. Já o ultrassom terapêutico altera a
permeabilidade da membrana, tornando a taxa de despolarização dela mais lenta, além
de inibir bomba de sódio e potássio, aumentando o limiar de dor (STARKEY, 2017).

183
As bandagens funcionais podem ser usadas em atletas com problemas
na articulação do joelho, por exemplo, para controle de sintomas patelofemorais,
direcionando a mobilidade da patela quando o músculo quadríceps está em contração e
aliviando a carga no caso de presença de dor à contração. A aplicação de bandagens nas
patologias ou lesões na articulação do joelho auxiliam na redução da dor e na melhora
da função, corrigindo os movimentos realizados pela patela na contração do músculo
quadríceps. Dessa forma, pode ser trabalhada uma combinação de suporte, bandagem,
fortalecimento do músculo vasto medial e outros que são importantes na articulação
do joelho e do quadril, junto ao alongamento do trato iliotibial e, ainda, podendo ser
associado o uso de órteses (KEIL, 2014).

Pode ser feito um trabalho com o uso de exercícios pliométricos, visto que o
atleta constantemente precisa mudar a velocidade do movimento. Ora exige-se explosão,
mudanças rápidas de direção e velocidade, ora é necessária a capacidade de absorver e
produzir forças rapidamente. O trabalho por meio da pliometria pode ser considerado uma
transição entre exercícios de fortalecimento e exercícios específicos, como atividades
esportivas, e consiste em um movimento rápido de atividade excêntrica seguido por
explosão de atividade concêntrica para exigir do músculo uma execução poderosa do
movimento, facilitando a ele o movimento para a produção de força máxima (HOUGLUM,
2015).

FIGURA 7 – EXEMPLO DE APLICAÇÃO DE BANDAGEM PARA DIMINUIÇÃO DE SOBRECARGA


SOBRE TENDÃO PATELAR

FONTE: Keil (2014, p. 61)

184
As intervenções fisioterapêuticas nas lesões de tornozelo dependem da gravidade,
pois, quando o tratamento é composto por cirurgia, a fisioterapia pode trabalhar com o
atleta na fase pré e pós-operatória. De maneira geral, o objetivo é a redução de dor e
melhora da função física. Após a cirurgia, além do alívio da dor, a fisioterapia visa controlar
edema, melhorar o controle neuromuscular, trabalhar a amplitude de movimento,
melhorar a propriocepção e trabalhar a funcionalidade do atleta, sendo os recursos
definidos conforme a avaliação cinético-funcional do atleta para a elaboração do plano
de tratamento fisioterapêutico (VASCONCELOS et al., 2021).

As lesões nessa região alteram estruturas capsulares e ligamentos, o que afeta


os mecanorreceptores, causando deficit na propriocepção, o que promove perda do
senso de posição articular e do corpo. Nos casos de entrose de tornozelo, devem ser
realizados exercícios neuromusculares e de equilíbrio, ou seja, de propriocepção, para
que haja estímulo aferente e feedback sensorial para os proprioceptores localizados
no tornozelo, melhorando a função sensório-motora e a orientação quanto ao
posicionamento da articulação na realização das atividades (BARBOSA; SILVA, 2021).

No caso de calçados inadequados à prática esportiva, o fisioterapeuta pode


indicar o uso de órteses para que sejam corrigidos problemas biomecânicos que possam
estar presentes nos pés e que possam causar lesão. A órtese pode corresponder a
um suporte de plástico, borracha ou couro. Em alguns casos, as órteses compradas
prontas não são adequadas e precisam ser customizadas pelo fisioterapeuta esportivo.
Ainda, deve ser feito treinamento de força e controle neuromuscular para que sejam
prevenidas as lesões de tornozelo. Nesse processo, podem ser usadas as bandagens
preventivas na região do tornozelo, o que se compreende como uma medida profilática,
mas também pode ser substituída por órtese esportiva com velcro (PRENTICE, 2012).

Os pés são muito vulneráveis a lesões por distensão, estresse excessivo e entorses.
Em geral, as lesões ocorrem também por um calçado inadequado, sendo importante a
orientação ao atleta quanto ao uso de um calçado próprio à prática esportiva e de acordo
com a modalidade na qual está inserido. Além disso, o fisioterapeuta deve avaliar o pé do
atleta para verificar a presença de deformidades estruturais, sendo que o calçado deve ser
moldado conforme as necessidades apresentadas pelo atleta, proporcionando estabilidade
ao pé na prática de mobilidade adequada (PRENTICE, 2012).

Na fascite plantar, podem ser usadas várias formas de intervenção fisioterapêutica,


como indicação do uso de órteses, tratamento por meio de ondas de choque, uso
de terapia manual, realização de exercícios terapêuticos para treino de força da
musculatura intrínseca do pé e treino de carga sobre a aponeurose plantar. Dentre as
terapias integrativas e complementares, o uso da acupuntura e agulhamento a seco
auxilia nesse quadro patológico. O uso de taping auxilia na redução de dor, melhora do
apoio articular e estimula a propriocepção, normalizado o tônus muscular, melhorando o
quadro álgico e a função (BARBOSA; SILVA, 2021).

185
O uso de brace e tape é um modelo de suporte funcional por meio de um tipo de
imobilização que não é tão rígida, mas protege contra a aplicação de uma carga sobre os
tecidos danificados, fornecendo um suporte mecânico e auxiliando na cinética articular,
na função sensório-motora e propriocepção articular, auxiliando na reabilitação. A
técnica de liberação miofascial também pode ser usada, já que auxilia no aumento
da amplitude de movimento, melhora a elasticidade dos tecidos moles, alivia a dor e
melhora a função. Pode-se dizer que é uma forma de alongamento de tecidos moles da
área afetada (BARBOSA; SILVA, 2021).

Também podem ser usadas órteses para os membros inferiores conforme o


quadro apresentado pela lesão do atleta. Por exemplo, as órteses podem ser colocadas
como complemento no sapato para melhorar a função e aliviar dor, visto que dão suporte
de peso a locais que toleram pressão e protegem as áreas dolorosas do contato com o
sapato, corrigindo o alinhamento do pé e do membro inferior e melhorando a transição
do usuário na fase de apoio da marcha (O´SULLIVAN; SCHMITZ; FULK, 2018).

Quando ocorrem lesões, o fato de manter imobilizada a região lesionada


pode provocar uma menor ativação das unidades motoras, promovendo um efeito de
destreinamento. Quanto mais significativa for essa perda, maior será o impacto sobre
os mecanismos fisiológicos relacionados às ações musculares, alterando o nível de
desempenho dos atletas de alto nível que sofrem com qualquer mudança nos estímulos
do treinamento. A magnitude das alterações depende do estado de treinamento do atleta
pré-lesão, pois períodos grandes de imobilização mudam muito rapidamente o tamanho
força e a capacidade funcional do tecido muscular esquelético (MAGEE; ZACHAZEWSKI;
QUILLEN, 2013).

No caso de lesões em membros inferiores, pode ser feito um teste final para
retorno do atleta às atividades em geral e deve estar ligado à atividade esportiva
que o atleta exerce. Sua execução deve ser realizada com grande precisão e o mais
objetivamente possível para verificar como está o desempenho do atleta antes que ele
retorne plenamente às atividades. Dessa forma, verifica-se o risco do surgimento de
novas lesões. Para membros inferiores, pode ser feito o teste de corrida por tempo e
distância, salto em altura ou testes de agilidade (HOUGLUM, 2015).

As condições para o atleta retornar às atividades esportivas é que a lesão esteja


completamente curada e que ele tenha se submetido a todas as fases de reabilitação,
devendo ser considerados os aspectos físicos e psicológicos do paciente pelo
fisioterapeuta. Também deve ser avaliado o período de temporada do atleta, pois a fase de
competições pode estimular o retorno do atleta de forma precoce às competições. Quando
não estiver em fase de competições, o atleta pode ter um período de recuperação mais
adequado. Deve haver um trabalho em equipe entre fisioterapeuta, médico, preparador
físico, psicólogo e treinador para preparar o atleta ao retorno do esporte, respeitando-se,
também, a vontade do atleta para que a reabilitação seja satisfatória (STOCCO, 2021).

186
LEITURA
COMPLEMENTAR
A ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA PARA A PREVENÇÃO DE LESÕES
ESPORTIVAS NO BASQUETEBOL

Letícia Batista Ferreira


Leonardo Squinello Nogueira Veneziano

INTRODUÇÃO

O basquetebol está classificado como um dos dez maiores esportes em grau


de complexidade de movimento. É uma modalidade que envolve esforços intensos e
breves, exigindo grande movimentação e coordenação. Em virtude disso, os atletas
realizam corridas curtas e longas, arremessos, utilizam velocidade, força, resistência,
equilíbrio e agilidade. Além do mais, as movimentações específicas, tais como aceleração,
desaceleração, impulsos, giros, cortes, movimentos laterais e saltos acabam promovendo
uma grande sobrecarga no sistema esquelético, o que pode gerar riscos de lesão durante
a prática (ZBOROWSKI; VIDAL; CORREA, 2016).

A fisioterapia é uma profissão cada vez mais reconhecida, tanto no trabalho de


reabilitação quanto no que se refere à prevenção de problemas. É uma carreira útil em
vários esportes, incluindo o basquetebol, em que o foco da fisioterapia se concentra
na reabilitação de atletas. Nesse contexto, a atuação do fisioterapeuta no esporte
tem conseguido ganhar cada vez mais espaço no campo da saúde, tendo em vista o
aumento crescente do número de atletas. Cabe ressaltar que, na fisioterapia esportiva,
a reabilitação após uma lesão constitui-se em uma das áreas mais desafiadoras da
profissão (QUEIROZ; SANTOS, 2013).

O fisioterapeuta, dentro de uma equipe de basquetebol, acompanha, auxilia e


colabora com os treinamentos, otimizando os resultados e prevenindo lesões dos atletas.
Assim, o time consegue bons resultados com menor índice possível de lesões em um
menor tempo. Nessa modalidade, a fisioterapia tem foco na prevenção e na reabilitação
dos atletas, preparando-os para as competições e os treinamentos (PERRIN, 2015).

Programas de reabilitação são projetados para que o atleta retorne ao estado ideal
antes da lesão e desenvolva manutenções preventivas que minimizem as probabilidades
de lesões recorrentes. O contínuo desenvolvimento da prática do basquetebol demonstra
a relevância deste estudo, que tem o objetivo de auxiliar futuros trabalhos relacionados
com a atuação de atletas no basquetebol.

187
O objetivo geral da pesquisa aqui exposta é demonstrar a relevância da atuação
do fisioterapeuta na prevenção de lesões esportivas no basquetebol. Dentre os objetivos
específicos, constam: avaliar a eficácia da fisioterapia preventiva nas lesões desportivas;
analisar a atuação do fisioterapeuta na prevenção de lesões; evidenciar a importância
do fisioterapeuta na prevenção de lesões esportivas no basquetebol.

Por esses motivos, é relevante desenvolver uma pesquisa sobre a atuação do


fisioterapeuta no basquetebol. Por ser um esporte que exige muita movimentação,
também é um dos esportes que mais causam lesões, sendo o fisioterapeuta quem atua
no processo de prevenção e reabilitação dos praticantes.

1 METODOLOGIA

Este trabalho é uma revisão bibliográfica que se baseia em estudos previamente


publicados sobre tema em estudo. Portanto, o trabalho faz uma revisão literária que se
utiliza das bases de dados oferecidas pelas plataformas LILACS, Google Acadêmico e
Scielo, principalmente. Desse modo, foram selecionados diferentes artigos publicados
entre 2010 e 2021, com temas relacionados à fisioterapia para a prevenção de lesões
esportivas no basquetebol. Os resultados foram apresentados de forma descritiva e a
pesquisa foi realizada em língua portuguesa e língua inglesa, utilizando os seguintes
descritores: “prevenção”; “fisioterapia”, “lesões”; “basquetebol”.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 LESÕES DESPORTIVAS

A lesão é uma alteração tecidual devido à alguma patologia ou trauma que pode
levar à perda da função muscular. As lesões são classificadas em diretas ou indiretas,
parciais ou totais, traumáticas e atraumáticas. Lesões diretas agravam mais os atletas
de contato. Exemplos dessas lesões são as contusões e as lacerações. As indiretas
acometem mais os atletas individuais. Nas lesões consideradas parciais, a força muscular
está baixa, mas a contratilidade é mantida. Já na lesão completa, o movimento articular
pode não estar presente (BORGES, 2015).

A lesão pode ser definida como um dano causado por traumatismo físico
sofrido pelos tecidos do corpo, estando os atletas propensos a ela, seja durante o treino
ou durante um jogo. As lesões são diretamente relacionadas a fatores intrínsecos,
extrínsecos e à falta de programas de prevenção. Mais especificamente, as lesões
musculares no esporte diferem desde um leve dano muscular até uma ruptura completa
da musculatura, por isso, o tempo de reabilitação também é incerto (AHMAD et al., 2013).

188
Segundo a Comissão Europeia, uma lesão desportiva é qualquer patologia
traumática adquirida durante a competição ou prática esportiva que resulte em um
ou mais dos seguintes danos: redução da atividade, necessidade de tratamento ou
aconselhamento médico (CARVALHO, 2011). A incidência e a gravidade das lesões
estão diretamente relacionadas a fatores pessoais, modalidades esportivas praticadas e
questões ambientais características de cada um.

As lesões musculares são a causa mais comum de incapacidade física no


esporte. Cerca de 30% a 50% das lesões relacionadas ao esporte são causadas por
lesões de tecidos moles, contusões, distensões, lacerações e entorses. Outros fatores
podem estar relacionados ao aparecimento de lesão e incluem: condição física do atleta,
preparação técnica, gênero, posição do atleta, tipo de calçado, uso de órteses, presença
de lesão e fatores psicológicos (FERNANDES et al., 2011).

No que diz a respeito às lesões esportivas, em muitos casos, elas são causadas
por métodos de treinamento inadequados, alterações estruturais que sobrecarregam
algumas partes do corpo e outras muitas lesões podem ser causadas por desgaste de
longo prazo devido aos efeitos repetitivos de movimento que acabam afetando os tecidos
suscetíveis (ANTONIO, 2012).

Para Zborowski e Vidale Correa (2016), as lesões leves requerem atenção ou


tratamento, sem necessidade de interrupção da atividade esportiva. Lesões moderadas,
por sua vez, requerem cuidados e limitam a atividade do jogador. Já as lesões graves
ocorrem com um tempo maior da atividade esportiva, exigindo hospitalizações frequentes
e intervenções cirúrgicas. Usualmente, os fatores que podem desencadear uma lesão
esportiva são: contato físico, sobrecarga, dinâmica, uso excessivo ou sobrecarga,
vulnerabilidade estrutural, falta de flexibilidade, desequilíbrio muscular e crescimento
exacerbado (aplicado apenas a crianças e adolescentes). Tais fatores são considerados
pelos estudos como mecanismos de lesões (COUTINHO; LEÃO, 2018).

Nos esportes de rendimento, sejam amadores ou profissionais, os atletas estão


sempre treinando e melhorando seu desempenho. A competitividade está aumentando, o
corpo está mais exigente e tenta superar os próprios limites físicos para buscara excelência
no esporte. Isso favorece o aparecimento de lesões que podem levar à incapacidade de
praticar esportes por um longo período (VANBEIJSTERVELDT et al., 2013).

A reabilitação após uma lesão esportiva é um desafio da fisioterapia desportiva,


pois todos os atletas são diferentes e cada um deles reage de uma forma particular à
lesão que sofre. O programa de reabilitação deve incluir o retorno ao estado ideal antes
de a pessoa lesionar e requerer o desenvolvimento de um programa de manutenção
preventiva capaz de minimizar a possibilidade de lesão (ZBOROWSKI et al., 2016).

189
2.3 LESÕES NO BASQUETE E A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO

Visto que o basquete é um esporte coletivo e de contato direto entre adversários,


ele pode ocasionar lesões significativas, seja com a bola, com outro atleta, entorses,
desequilíbrio etc. É um esporte que exige desenvolvimento motor e está mais exposto e
propenso a lesões causadas pela prática (MONTEIRO, 2013). Essa configuração esportiva
expõe o praticante ao alto risco de lesão, o qual, segundo a literatura, diz respeito aos
membros inferiores, prejudicando a biomecânica esportiva. Isso gera sobrecargas sobre
os membros inferiores, entorse do tornozelo e lesões do Ligamento Cruzado Anterior
(LCA) que acontecem, geralmente, durante o movimento de aterrissagem (ANDREOLLI
et al., 2018).

A articulação mais exposta no basquete, em geral, é o joelho. A patologia


macrotraumática mostra relativamente menos fraturas nele que em outras articulações,
mas expõe drasticamente meniscos e ligamentos. É uma das articulações mais lesadas em
termos de sua estrutura anatômica, sua exposição a forças e às demandas funcionais a que
está submetida. Nas lesões ligamentares do joelho, as mais comuns são: LCM (ligamentos
colaterais mediais e significativos) e LCA (ligamento cruzado anterior) (CAMPOS, 2014).

Os membros superiores do corpo são menos acometidos. As principais lesões


nessa parte atingem os dedos das mãos e os ombros dos atletas. A lesão que mais
afeta as mãos são as fraturas nos dedos, pois, no basquete, a mão é uma das partes
mais ativas, o que a torna uma área extremamente vulnerável. A lesão mais comum nos
ombros é a tendinite, que afeta, principalmente, o manguito rotador, sendo causada
por movimentos repetitivos excessivos que podem levar à inflamação, inflexibilidade e
fraqueza dos tecidos na área (MARMELLO; COSTA JÚNIOR, 2013). Lesões de tornozelo
representam 45% das lesões no basquete, sendo que o tornozelo é uma estrutura
bastante complexa, que tem ossos de formatos irregulares e articulações sinoviais.

A entorse ocorre devido a uma mudança brusca de direção. Um exemplo é


quando um atleta pisa no pé de outro jogador em uma aterrissagem ou quando essa
última é mal executada, causando uma queda com o tornozelo. Após a primeira entorse
de tornozelo, o risco de recorrência de uma lesão na mesma área é maior devido à perda
da estabilidade funcional e estrutural na área previamente lesada (SOLER, 2010).

O treino preventivo, integrado com a preparação física, reduz a incidência


de lesões desportivas. Portanto, os profissionais que orientam atletas devem prever
possíveis danos ao bem-estar físico e psicológico de seus pacientes, auxiliando-os
na proteção contra futuras lesões, favorecendo uma experiência esportiva efetiva e
minimizando os riscos de lesão (RESENDE; CÂMARA; CALLEGARI, 2014).

190
Alguns tipos de lesão podem ser prevenidos na formação, com exercícios
apropriados e programas de condicionamento físico, a fim de evitarmos fatores de risco
(KLEINPAUL, 2010). Eventualmente, no Brasil e no mundo, para tornar mais fácil o intenso
preparo físico de jogos e treinamentos, os profissionais responsáveis pela prevenção
e recuperação dos atletas dispõem de um mapa epidemiológico das lesões ocorridas,
visando a uma intervenção direta e específica (PINTO, 2018).

Portanto, a fim de desenvolver um protocolo preventivo adequado de prevenção


de lesões esportivas, o fisioterapeuta deve ser capaz de investigar os principais fatores
antes, prevendo sua ocorrência. Para tanto, é necessário desenvolver um protocolo de
avaliação funcional específica, de forma a avaliar padrões de movimentos que podem
interferir no esporte e, possivelmente, limitar o atleta. Entende-se que tal avaliação
pode ajudar a identificar fatores que indicam lesões as quais poderiam ser evitadas por
meio de medidas preventivas (HEADLEE; NORD; HUNTINGTON, 2014).

Para Resende, Câmara e Callegari (2014), a prevenção de lesões relacionadas ao


esporte é fundamental para os fisioterapeutas, pois esses focam sua atenção para os
riscos de lesões a que os atletas estão expostos. Segundo esses autores, os benefícios
de um tratamento fisioterapêutico preventivo são: aumento da longevidade esportiva
do atleta e maximização do rendimento esportivo com treinamento seguro, para que
uma lesão não torne o treinamento impossível ou represente uma perda de conquistas
esportivas adquiridas.

A importância da atuação do fisioterapeuta no basquetebol. A fisioterapia é uma


profissão que vem se desenvolvendo cada vez mais, possibilitando a reabilitação e a
prevenção de pessoas. É uma profissão que atua em diversas áreas, inclusive no esporte.
A fisioterapia esportiva pode ser encontrada na prevenção e reabilitação de atletas em
todos os tipos de esportes, incluindo os esportes de contato (QUEIROZ; SANTOS, 2013).

Para Perrin (2015), o fisioterapeuta acompanha e auxilia o atleta a obter


excelentes resultados com o menor índice possível de lesão em um menor tempo
possível. Dessa forma, a fisioterapia desportiva tem conseguido ganhar mais espaço na
área da saúde, devido ao grande número de atletas na atualidade. O papel da fisioterapia,
nesse caso, é promover condutas na tentativa de prevenir lesões esportivas e melhorar
o desempenho do praticante. Ela também auxilia na recuperação da lesão, permitindo
retorno precoce às atividades (KRIST et al., 2013).

Santos e Oliveira (2018) assinalam que a fisioterapia, por meio de protocolos de


recuperação de estabilidade e de equilíbrio, pode desenvolver medidas preventivas, além
de medidas de reabilitação para reduzir lesões repetidas. Sendo o basquetebol um esporte
com alto risco de lesões e compreendendo a cinemática da lesão e suas consequências,
o exercício postural se mostra como algo extremamente importante.

191
Richene (2018) constata que a incidência das lesões no basquetebol ocorre nas
extremidades inferiores. Nesse sentido, a fisioterapia esportiva tem um papel importante
no processo de reabilitação e de prevenção, pois recupera o equilíbrio e a estabilidade.
Através de uma avaliação individual, o fisioterapeuta consegue trabalhar os possíveis
desequilíbrios e o desempenho biomecânico, melhorando o treinamento e prevenindo
as lesões esportivas. Exercícios proprioceptivos têm demonstrado excelentes efeitos
preventivos e reabilitadores em lesões musculoesqueléticas, pois requerem a modalidade
sensorial mais precisa para obter informações sobre a sensação motora e a posição
articular com base em fontes visuais, auditivas ou cutânea superficial. É definida como
propriocepção qualquer informação postural transmitida ao sistema nervoso central por
músculos, tendões, ligamentos, articulações ou receptores da pele. De outro modo, a
propriocepção é definida como a consciência dos movimentos produzidos pelos nossos
membros (MONTEIRO, 2013).

Assim, fica bem especificado que o treino proprioceptivo se torna um elemento


importante para prevenir lesões correlacionadas ao domínio, sendo importante na
consciência do movimento e no posicionamento das articulações. O treino também realiza
uma melhor educação proprioceptiva, que é importante para a melhora neuromuscular e
para se tornar padrão de órgãos de desempenho atlético (RESENDE; CÂMARA; CALLEGARI,
2014).

Silva et al. (2011) afirmam que o fisioterapeuta promove a qualidade de processos


de reabilitação. Além disso, atua nas correções posturais eventualmente prejudicadas
na rotina do exercício, trabalhando não só para o tratamento de lesões como também
para a prevenção. Os benefícios da fisioterapia desportiva contemplam: maximização
do desempenho na prática desportiva; aplicação de treinos adequados e seguros,
tanto para lesão quanto prevenção das lesões; aumento da longevidade esportiva e
do desempenho do atleta; redução do número de lesões. Por isso, o fisioterapeuta é
importante antes e depois da lesão, já que sua atuação pode melhorar o desempenho
global do atleta (SALDANHA et al., 2020).

Nesse contexto, a fisioterapia preventiva, aliada à preparação física, reduz as


taxas de lesões esportivas. Frequentemente preocupados em encontrar alternativas para
minimizar o seu risco de lesão no esporte, os atletas procuram por profissionais que
os orientem a antever possíveis danos ao físico e psicológico. São profissionais que
auxiliam e protegem o atleta de futuras lesões, promovendo uma prática desportiva
eficaz e de experiência, que minimiza riscos (RESENDE; CÂMARA; CALLEGARI, 2014).

Dessa forma, se o atleta sofre uma lesão, seu retorno se torna mais curto e
eficiente, quando se enfatiza a recuperação osteomioarticular e se busca o controle
reabilitador da técnica esportiva. Diante de todos esses dados, fica claro que a atuação
do trabalho fisioterapêutico para prevenção de lesões no basquetebol é extremamente
relevante (KRIST et al., 2013).

192
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho buscou contribuir com significativos conhecimentos acerca


da atuação do fisioterapeuta na prevenção de lesões no basquetebol. A fisioterapia se
mostra eficaz como instrumento de prevenção de lesões esportivas, o que é importante,
tendo em vista o alto índice de lesões em atletas devido ao contato físico frequente nessa
modalidade de esporte. A fisioterapia esportiva promove a qualidade dos processos de
atuação em correções posturais e atua não só no tratamento de lesões, como também
na prevenção. Para reduzir a incidência de lesões esportivas, realizam-se programas de
treinamento que visam à recuperação do equilíbrio e da estabilidade.

O fisioterapeuta é fundamental desde antes da ocorrência da lesão, pois


ele acompanha e alinha os treinos, visando ao melhor desempenho dos atletas e à
sustentabilidade de sua carreira. A atuação do fisioterapeuta na prevenção de lesões
tem se mostrado eficaz, pois proporciona ao atleta a segurança necessária para a
prática esportiva. O fisioterapeuta, dentro de um time de basquete, acompanha, auxilia
e colabora no treinamento, trabalhando na prevenção e obtendo bons resultados com o
menor índice de lesões possível. Portanto, a fisioterapia preventiva é indispensável ao
esportista, seja ele amador ou profissional, não apenas para o rendimento esportivo,
mas, principalmente, como ferramenta para a longevidade da vida esportiva.

193
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu:

• A anatomia da região do membro inferior e suas principais características. Apesar de


compostos pelos maiores ossos do corpo humano, fêmur, tíbia e fíbula, os membros
inferiores também são acometidos por lesões causadas por traumas no esporte.

• A biomecânica da região do joelho e tornozelo e sua relação com a mobilidade desse


segmento e riscos de lesão, de acordo com a descarga de peso feita pelo membro
inferiores, que, se não equilibrada, pode levar a lesões como entorses, distensões
musculares, dentre outras.

• As principais lesões esportivas que acometem o membro inferior, tais como entorse,
problemas de joelho, síndrome compartimental relacionadas aos gestos esportivos
realizados pelo atleta ou em momento de salto e aterrissagem ao solo, momento em
que ficam mais suscetíveis aos mecanismos lesivos.

• As intervenções fisioterapêuticas nas lesões de membro inferior, auxiliando na


estabilidade articular, melhora da propriocepção, fortalecimento muscular, ganho de
amplitude de movimento e melhora da flexibilidade regional, sempre com o objetivo de
prevenir os mecanismos lesivos que acometem os membros inferiores dos atletas.

194
AUTOATIVIDADE
1 Os atletas de salto, corrida e voleibol são muito suscetíveis a sofrerem lesões em
suas práticas esportivas, especialmente nos membros inferiores e quando o gesto
esportivo é composto de saltos, aterrissagens e corrida. As lesões podem ocorrer por
uma força intensa ou em esportes de grande impacto. Assinale a alternativa CORRETA
que apresenta uma dentre as lesões com esse mecanismo:

a) ( ) Fratura de tíbia.
b) ( ) Fratura de ulna.
c) ( ) Fratura de rádio.
d) ( ) Fratura de fêmur.

2 Os atletas, de acordo com o gesto esportivo, são predispostos a sofrer algumas


lesões, podendo ser acometidos por traumas diretos, compressões ou sobrecarga,
muitas vezes acometendo a mobilidade e a função física do atleta devido a mudanças
na biomecânica corporal. O tornozelo e o pé são frequentemente acometidos por
vários traumas durante as competições esportivas e os treinos, devendo o atleta ser
submetido a tratamentos conservadores ou cirúrgicos. Sobre a entorse, analise as
afirmativas a seguir:

I- A entorse pode ser em mecanismo de inversão e eversão.


II- Quando existe uma lesão em membro inferior, a cinética corporal não sofre
comprometimento.
III- A entorse, em geral, ocorre no momento da aterrissagem do atleta em solo de forma
inadequada.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 Os atletas podem desenvolver vários problemas no membro inferior por movimentos


repetitivos, por impacto ou sobrecarga sobre a articulação. De acordo com o gesto
esportivo, o risco é de lesões em nível de joelho, tornozelo e pé, apesar de que, muitas
vezes, acomete a musculatura de membro inferior, trazendo vários sinais e sintomas
que acabam por afastar o atleta da competição ou prática esportiva. A fisioterapia se
faz muito importante na reabilitação do esportista e na prevenção de novas lesões.
Com relação à síndrome compartimental que afeta os atletas, analise as assertivas
abaixo e classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

195
( ) O tratamento da síndrome compartimental é somente conservador porque os
demais não trazem resultados.
( ) O tratamento da síndrome compartimental deve ser acompanhado de repouso para
que seja efetivo.
( ) O tratamento pós-cirúrgico da síndrome compartimental pela fisioterapia inicia com o
fortalecimento de forma gradual.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - V - F .
c) ( ) F - V - V.
d) ( ) V - V - V.

4 Os atletas sofrem vários tipos de lesões conforme o gesto esportivo em membros


inferiores devido a saltos, aterrissagens e outros movimentos que os sobrecarregam
quando realizados de forma inadequada. A fisioterapia pode atuar com várias
modalidades terapêuticas na prevenção e reabilitação das lesões esportivas de
membros inferiores. Dentre elas, podem ser usadas as bandagens funcionais. Discorra
sobre essa técnica usada em lesões de membros inferiores.

5 O tratamento de atletas por meio da fisioterapia desportiva é rico em técnicas


e recursos que permitem uma intervenção segura e eficiente na prevenção e
tratamento de lesões. As técnicas a serem usadas podem ser compostas de terapia
manual, equipamentos, cinesioterapia ou termoterapia. Para a determinação de qual
melhor intervenção em cada caso, o fisioterapeuta deve avaliar o atleta, sua postura,
sua funcionalidade, dentre outros itens, e fazer uma anamnese detalhada antes de
elaborar o protocolo de intervenção. Discorra sobre a avaliação fisioterapêutica de um
paciente atleta.

196
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