Fisioterapia Na Saúde Do Atleta
Fisioterapia Na Saúde Do Atleta
Fisioterapia Na Saúde Do Atleta
Saúde do
Atleta
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Daniel Vicentini de Oliveira
200p.
“Graduação - EaD”.
1. Atleta 2. Fisioterapeuta 3. Articulação
CDD 615.82
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Como vai? Seja bem-vindo à disciplina Fisioterapia na Saúde
do Atleta.
Bons estudos!
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS........................................................................................................69
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 133
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 197
UNIDADE 1 —
BIOMECÂNICA DO
ESPORTE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA BIOMECÂNICA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos os princípios básicos da biomecânica,
muito importantes para o profissional do movimento humano, como o fisioterapeuta.
Com base nas diversas vertentes dos profissionais que realizam pesquisas na área
de biomecânica, além dos diferentes contextos, os estudos biomecânicos abordam vários
problemas e/ou conflitos. Portanto, o conhecimento dos princípios da biomecânica é pré-
requisito fundamental para que o indivíduo tenha competência para atuar profissionalmente.
Vamos lá?
3
2 FUNDAMENTOS E DIVISÕES DA BIOMECÂNICA
Caro acadêmico, a biomecânica do movimento humano é uma das subdivisões
da cinesiologia, que é o estudo do movimento humano. E qual a importância de ambas
para a área do treinamento físico e da reabilitação?
IMPORTANTE
A biomecânica é reconhecida como uma área multidisciplinar e
multiprofissional científica que inclui formas aplicadas de princípios
mecânicos, considerando pesquisas sobre as estruturas e os aspectos
funcionais dos organismos vivos.
4
o conhecimento dos principais métodos de análise biomecânica à adequada reabilitação do
atleta de acordo com suas necessidades. Além de reabilitar, ele se torna apto a fortalecer
os grupos musculares envolvidos na realização de uma habilidade esportiva, a fim de
prevenir futuras lesões musculoesqueléticas (ALBUQUERQUE, 2020).
INTERESSANTE
Em uma análise da palavra Biomecânica, pode-se apresentar o em
duas partes: o prefixo “bio-”, provindo de biológico, isto é, relativo
aos seres vivos e de mecânica. Assim, a biomecânica é a aplicação
dos princípios da mecânica aos seres vivos.
5
NOTA
• Anatomia: ciência que estuda a constituição, as formas e as
estruturas dos seres vivos.
• Fisiologia: ciência que estuda o funcionamento de todas as partes
do organismo vivo e do organismo como um todo.
• Mecânica: ciência que descreve e prediz as condições de repouso
ou de movimento de corpos sob ação de forças (HALL, 2020).
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Com o passar do tempo, o estudo da cinesiologia vem compondo as grades
curriculares das universidades, sendo incluído nos planejamentos pedagógicos dos
cursos de educação física, ciências do movimento humano e fisioterapia, por exemplo.
De forma geral, esses cursos dão ênfase ao aparelho locomotor, analisando a eficácia
dos movimentos propriamente ditos, simples ou complexos, e tendo como proposta
identificar de forma fragmentada as ações musculares em cada fase dos movimentos
articulares (MOREIRA; RUSSO, 2018). Por exemplo, o fisioterapeuta pode analisar, entre as
inúmeras situações, o movimento de levantar-se de uma cadeira, identificando a extensão
dos quadris, dos joelhos e a flexão plantar, e relacionar esses movimentos às ações dos
músculos isquiotibiais, quadríceps femoral e tríceps sural, respectivamente.
IMPORTANTE
A maior parte das análises em cinesiologia apresenta um perfil
qualitativo, tendo em vista as observações do movimento e a
fragmentação, tanto das habilidades, quanto das descrições das
ações musculares requeridas no movimento em análise.
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IMPORTANTE
A biomecânica do movimento humano é uma subdivisão da cinesiologia,
e o movimento humano é o objeto de estudo de ambas (HALL, 2020).
IMPORTANTE
As associações entre as diversas áreas do movimento e os princípios
biomecânicos visam ao aprimoramento de gestos técnicos de cada
movimento, etapa de treino, simulação do movimento, tecnologias
instrumentais de hardware ou software, bem como adaptações
ambientais. Em suma, tais associações objetivam tanto a realização
de análises dos movimentos quanto a sua aplicação prática.
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O conhecimento a respeito da biomecânica traz benefícios aos profissionais da
área da saúde, esteja em formação ou em pleno exercício, seja no treinamento desportivo,
seja na área de reabilitação ou tratamento. Dominar os princípios da biomecânica e
as estratégias de análise e intervenção que envolvem o movimento humano direciona
esses profissionais a ações com melhores resultados e/ou prognósticos.
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Por exemplo, suponhamos que, na reabilitação, um atleta manifeste uma
sensação dolorosa na região interna do cotovelo. Nessa região, podemos identificar, a
partir do nosso conhecimento de anatomia, o epicôndilo medial do úmero como um
acidente ósseo proeminente, além de músculos que possuem ação no carpo e nos
dedos, permitindo que, tanto a mão quanto os dedos se direcionem para o antebraço
em um movimento de flexão. Assim, o conhecimento de anatomia pode nos levar a
diagnosticar uma epicondilite medial, cuja possível causa tenha sido a ampla utilização
dos músculos flexores do carpo e dos dedos (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016).
4 BIOMECÂNICA E ESPORTES
FIGURA 2 - FISIOTERAPEUTA
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É importante que o profissional busque conhecimentos referentes à biomecânica
do esporte, porque a compreensão das habilidades, a observação sistemática e a análise
biomecânica do movimento permitem que ele proporcione uma assistência adequada
à necessidade do paciente. Tendo em vista essas informações, o profissional tem a
capacidade, não de só reabilitar os atletas, mas, de participar das análises realizadas
em laboratórios de alta tecnologia, ajudando no desenvolvimento da habilidade para a
prevenção de lesões decorrentes dos esportes.
IMPORTANTE
Outra grande contribuição da biomecânica é a possibilidade de se
identificarem as características mecânicas dos gestos esportivos.
A biomecânica pode estabelecer uma significativa contribuição
para a avaliação da influência da técnica de movimento no
desempenho esportivo.
11
conhecimento pelo fisioterapeuta, é preciso agir com cautela, de modo a não induzir os
atletas ao erro por falta de atenção aos elementos-chave que definem o desempenho.
Portanto, uma análise qualitativa deve ser estruturada e aplicada adequadamente
(ALBUQUERQUE, 2020).
FIGURA 3 - CRONÔMETRO
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/LvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Com base nas origens diversas dos profissionais que realizam pesquisas na área de
biomecânica, e em diferentes contextos, os estudos biomecânicos abordam vários
problemas e/ou conflitos.
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AUTOATIVIDADE
1 Os objetivos da biomecânica incluem otimizar o rendimento e reduzir a sobrecarga.
Já as áreas de aplicação, incluem a biomecânica do esporte, clínica e reabilitação,
movimento laboral, movimento cotidiano, instrumentação e biomateriais. Os estudos na
área de biomecânica são considerados relativamente novos, principalmente no que se
refere à evolução científica. Sobre a atuação e objetivos da biomecânica, assinale a
alternativa CORRETA:
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( ) Os cursos dão ênfase ao aparelho locomotor, analisando a eficácia dos movimentos
propriamente ditos, simples ou complexos.
( ) Os cursos têm como proposta identificar, de forma fragmentada, as ações
musculares em cada fase dos movimentos articulares.
( ) A biomecânica e cinesiologia são áreas estudadas no esporte, mas não nas
atividades de vida diária.
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 —
CONCEITOS CINEMÁTICOS E CINÉTICOS
PARA ANÁLISE DO MOVIMENTO
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos os conceitos cinemáticos e cinéticos para
análise do movimento.
Parece complexo, mas não precisa ser. Realmente, para estudar movimentos
complexos, é necessário utilizar equipamentos e cálculos mais sofisticados, mas existem
coisas que você pode fazer apenas com papel e caneta. Por exemplo, você pode extrair
muitas informações sobre o desempenho esportivo a partir do resultado das provas.
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2 HISTÓRICO E CONCEITOS RELACIONADOS A CINEMÁTICA
Ptolomeu (FIGURA 1), no século II, foi um astrônomo que criou um livro e afirmava
que “se a terra possuísse movimento de rotação diário para realizar o seu circuito, sua
velocidade deveria ser muito grande e, por isso, os objetos sobre ela deveriam ser
arremessados, a menos que fossem mantidos em ligação com o planeta por uma força
muito grande.”
FIGURA 1 - PTOLOMEU
FIGURA 2 - COPÉRNICO
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/bvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
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6,67.10a-11, “M” e “m” são as massas dos corpos dados, e “d” é a distância dos corpos.
Muitos perceberam a grandiosidade da obra de Newton, como Alexander Pope (FIGURA
7), escritor inglês que escreveu: "A natureza e as leis da natureza ocultavam-se nas
trevas. Deus disse: ‘Que Newton se faça’, e fez-se a luz" (ALBUQUERQUE, 2020).
DICA
Caro acadêmico, assista este vídeo sobre Cinemática. A partir dele você
terá um conhecimento básico e inicial sobre o tema.
Disponível em: <http://twixar.me/gvMm>.
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/wvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
2.1 CONCEITOS
A cinemática considera as particularidades do movimento e o analisa com base
no espaço e no tempo, sem computar as forças que o causam ou que interferem nele.
Mediante esse tipo de análise, é possível identificar e descrever a velocidade com que um
objeto se move, qual altura ele atinge e em que distância acontece o seu deslocamento.
Dessa forma, os pontos que são considerados em uma análise cinemática são a posição,
a velocidade e a aceleração de um objeto (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016).
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Fazem parte das variações cinemáticas para um determinado movimento: o local
do movimento, o tipo de movimento que está ocorrendo, a direção do movimento e a
magnitude do movimento (ALBUQUERQUE, 2020).
IMPORTANTE
No dia a dia, costuma-se associar movimento a tudo que esteja em
constante atividade, mudança, agitação, animação, desenvolvimento
ou evolução. Na Física, porém, movimento significa, em função do
tempo, a variação da posição de um corpo em relação a outro corpo
que serve de referência.
IMPORTANTE
O que vem a ser um modelo matemático? Nada do que um
tipo de representação simbólica utilizando entes matemáticos,
como os vetores e as funções. Na física, os modelos
matemáticos representam sistemas dinâmicos, os quais são
compreendidos como um conjunto de relações matemáticas
entre as grandezas que descrevem o tempo e o sistema,
considerado como uma variável independente.
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2.1.2 PONTO MATERIAL E SISTEMA DE REFERÊNCIA
Quando dizemos que um corpo está em movimento, é necessário explicitar
em relação a qual outro corpo a posição se altera conforme o tempo passa. Veja um
exemplo: imagine um táxi que se aproxima de um local onde dois passageiros aguardam
sentados. Em relação a este local, o táxi está em movimento e, os passageiros, em
repouso. Em relação ao táxi, tanto o local dos passageiros quanto os próprios passageiros
estão em movimento. Dessa forma, perceba que o conceito de movimento é relativo
(ALBUQUERQUE, 2020).
2.1.3 TRAJETÓRIA
A trajetória de um corpo pode ser compreendida como o caminho que ele
percorreu durante instantes de tempo sucessivos ao longo de seu movimento. Um
exemplo clássico é o de um paraquedista que salta de dentro de um avião. Do ponto
de vista do piloto do avião, desprezando os efeitos de resistência do ar, enquanto o
paraquedas não se abre, a trajetória do paraquedista é vertical e retilínea. Para uma
pessoa que esteja em solo, a trajetória do paraquedista será parabólica. Dessa forma,
os conceitos de repouso, movimento e trajetória irão depender do referencial adotado
(ALBUQUERQUE, 2020).
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Já a distância percorrida por um corpo ao longo do seu movimento, é considerada
a medida da linha de trajetória do corpo, ou seja, a medida obtida corresponde ao valor
da distância percorrida pelo corpo (HALL, 2020).
3 FORMAS DE MOVIMENTO
A maioria dos movimentos humanos constituem-se de movimento geral, que
é uma complexa combinação dos componentes dos movimentos angular e linear.
Como os movimentos angular e linear são formas “puras” de movimento, é útil dividir
os movimentos mais complexos em seus componentes angular e linear ao realizarmos
uma análise. Vamos entender essas formas de movimento?
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3.1 MOVIMENTO ANGULAR
O movimento angular é considerado a rotação de uma linha imaginária central
(eixo de rotação), a qual é perpendicularmente orientada ao plano em que se processa a
rotação. Por exemplo, quando um atleta de ginástica realiza um círculo na barra, todo
o seu corpo irá rodar com o eixo de rotação passando por meio do centro da barra. Já
quando um atleta de saltos ornamentais realiza uma cambalhota no ar, todo o corpo
dele estará rodando novamente, mas, dessa vez, ao redor de um eixo imaginário de
rotação que irá se movimentar junto com o corpo (ALBUQUERQUE, 2020).
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/9vMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
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3.2 MOVIMENTO LINEAR
O movimento linear puro, também chamado de movimento de translação,
compreende um movimento uniforme do sistema considerado o de maior interesse,
onde todas as partes do sistema se movimentarão na mesma direção e velocidade
(ALBUQUERQUE, 2020).
FIGURA 6 - VELOCISTAS
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/JvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
Veja um exemplo: uma pessoa dormindo em uma viagem de avião está sendo
transladada por meio do ar. Porém, se essa pessoa levanta o braço para apertar o botão e
chamar um dos comissários, a translação pura deixará de ocorrer, afinal, modificou-se a
posição do braço em relação ao corpo (NEUMANN, 2018).
INTERESSANTE
A análise em duas dimensões (2D) é a referência ao movimento
em um único plano. Em múltiplos planos, o mais comum é o de
três dimensões (3D). E para que um movimento seja descrito, é
importante estabelecer a origem do sistema de referência. No
2D, a origem terá duas coordenadas, e no 3D, três coordenadas.
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Na posição anatômica em ortostatismo, o CM se localiza aproximadamente
na região anterior à segunda vértebra sacral. Porém, vale lembrar que esse ponto pode
mudar de posição conforme a pessoa move o seu corpo, ou parte dele, como durante o
ato da marcha. Na figura abaixo, veja a localização do CG.
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/SvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
• Observe a postura de uma pessoa sentada em uma cadeira para trabalhar num
computador.
• Considere que há forças sendo exercidas, apesar de não ser identificado nenhum
movimento.
• As forças estão concentradas entre a região dorsal do tronco e a cadeira, bem como
entre o chão e os pés.
• As forças musculares, por sua vez, neutralizam a ação da gravidade em relação à
postura corporal geral, além de manterem a cabeça e o tronco eretos.
• Portanto, as forças identificadas em um cenário estático, como nessa situação
descrita, são mantidas para estabilizar uma postura que não inclui movimentos.
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A dinâmica, por sua vez, propõe-se a examinar sistemas móveis – que estejam
em aceleração – mediante uma abordagem cinemática ou cinética. Valendo-se da
postura estática que acabamos de usar como exemplo, podemos dar início a uma
análise dinâmica a partir do momento em que a pessoa se levanta da cadeira para deixar
a mesa do computador, isto é, quando ela passa a se movimentar. Então, retomando a
cinemática e a cinética, podemos analisar, nesse exemplo, as forças aplicadas no chão
e nas articulações, bem como as forças que agem sobre o movimento da pessoa ao se
levantar da cadeira e se afastar da mesa (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016).
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/tvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
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NOTA
A quantidade de inércia que um corpo possui é diretamente
proporcional à sua massa, porém, a inércia não possui unidades de
mensuração.
É importante você compreender que cada força se caracteriza por sua direção,
magnitude e ponto de aplicação em determinado corpo. Por exemplo, atrito, peso corporal
e resistência da água ou do ar são forças que atuam comumente sobre o corpo humano.
Um atleta de natação está constantemente resistindo às forças externas da água para
poder se locomover. Para que isso ocorra, ele aplica forças internas durante os nados. A
ação de uma força acarreta aceleração da massa de um corpo (FLOYD, 2016).
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FIGURA 8 - NATAÇÃO
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/8vMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
IMPORTANTE
Devemos levar em consideração que diversas forças atuam de forma
simultânea na maioria das situações do dia a dia e nos esportes.
Com certeza você já ouviu falar em força da gravidade. Ela é a força de atração
que a massa da Terra exerce sobre os corpos, sendo seu ponto de aplicação considerado
como centro de gravidade do objeto. O centro de gravidade (CG), sobre o qual estudamos
resumidamente no tópico anterior, e conhecido como centro de massa, é o ponto ao
redor do qual a massa corporal está equilibrada igualmente (ALBUQUERQUE, 2020).
IMPORTANTE
Em um objeto assimétrico, como o corpo humano, o centro de
gravidade posiciona-se aproximadamente anteriormente à segunda
vértebra sacral, dependendo das suas proporções e posicionamento.
Já em um objeto simétrico, o centro de gravidade está localizado no
centro. Para que o corpo esteja em equilíbrio, a linha de gravidade
deve estar acima da base de suporte. Desta forma, os fatores que
podem afetar a estabilidade do corpo são: a proximidade do centro
de gravidade da base de suporte e o tamanho da base de suporte.
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4.3 PESO, PRESSÃO, VOLUME, DENSIDADE, TORQUE E IMPULSO
Podemos definir Peso como a quantidade de força gravitacional que é exercida
sobre um corpo em específico. Essa definição é considerada a definição geral de força,
porém modificada, com o peso (p) sendo igual à massa (m), multiplicada pela aceleração
da gravidade (ag) (COMPLETO; FONSECA, 2011).
A Pressão (P) é definida como força (F) distribuída por uma determinada área
(A). As unidades de pressão são as unidades de força divididas pelas unidades de área.
As unidades de pressão no sistema métrico são representadas por N, por centímetro
quadrado, ou seja, N/cm² e Pascal (Pa). No sistema inglês, libra por polegada quadrada
(psi ou lb/pol²) é a unidade de pressão mais comum.
INTERESSANTE
A pressão que a sola de um tênis exerce sobre o piso debaixo dele
(o chã), é o peso corporal apoiado sobre o tênis dividido pela área
superficial entre a sola do tênis e o piso.
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Peso específico é definido como peso por unidade. Sendo o peso proporcional à
massa, o peso específico será proporcional à densidade. As unidades de peso específico
são unidades de peso divididas por unidades de volume. A unidade métrica para peso
específico é o Newton por metro cúbico (N/m³). No sistema inglês, é a libra por pé cúbico
(lb/m³).
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5 CARGAS MECÂNICAS AGINDO SOBRE O CORPO HUMANO
Força da gravidade e forças musculares, assim como a força de ruptura de
osso, são forças que encontramos em diversos momentos e ocasiões no dia a dia,
como em acidentes que diretamente afetam o corpo humano. Durante a prática de um
esporte, um gesto esportivo, um movimento na prática de exercício físico, ou ao realizar
atividades físicas (deslocar, limpar a casa etc.), também encontramos essas forças,
umas em maior, outras em menor grau. O efeito de uma determinada força irá depender
de sua duração, direção e magnitude (ALBUQUERQUE, 2020).
IMPORTANTE
Tudo na vida é movimento. E é curioso que qualquer movimento
pode ser descrito por leis físicas que o analisam, vetorialmente,
diversos componentes que originam o deslocamento do corpo
no ar, sobre superfícies etc. Essa análise é baseada no estudo de
componentes de forças que atuam sobre o corpo.
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Força de tensão, o oposto da força compressiva, é também chamada de força
tensiva ou de tração. Esse é um tipo de força que cria tensão no corpo sobre o qual está
sendo aplicada. Por exemplo, quando estamos sentados em um balanço, o nosso peso
cria tensão nas correntes de sustentação do balanço. Desta forma, nossos músculos
são capazes de produzir força de tensão, exercendo tração sobre os ossos, os quais
estes músculos estão inseridos (HALL, 2020).
IMPORTANTE
Na Física, a mecânica desempenha um importante papel. É
por meio dela que são estudados os movimentos de diversos
corpos. Sobre as leis que explicam como ocorre a interação
entre forças, a mecânica tem aplicações práticas nas mais
diversas áreas, como construção, esportes, entre outras.
Dependendo da situação, um tipo diferente de força pode
estar agindo sobre o corpo. Determinar a força resultante
a partir das forças que podem estar interagindo em um
objeto é muito importante para a solução de problemas.
FIGURA 9 - AGACHAMENTO
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5.2 CARGAS DE TORÇÃO, INCLINAÇÃO E COMBINADAS
A carga de torção acontece quando uma estrutura corporal se enrosca ao redor
de seu eixo longitudinal. Geralmente, isto ocorre quando uma de suas extremidades
estiver fixa. Por exemplo, fraturas por torção da tíbia são bastante comuns no futebol,
principalmente quando o pé do jogador se mantém numa posição fixa enquanto o
restante do corpo sofre uma rotação.
INTERESSANTE
Quando o nosso corpo sofre um impacto, a chance de lesão dos
tecidos corporais relaciona-se à direção e magnitude do estresse
criado por este impacto. O estresse compressivo, tensivo e de
cisalhamento são termos que indicam a direção do estresse efetivo.
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Veja uma situação clássica: as vértebras lombares são capazes de sustentar
maior peso corporal do que as vértebras torácicas, principalmente quando estamos
na posição ereta (ortostática). Neste caso, o estresse compressivo na região lombar
deveria ser maior. Mas não é isso que acontece. A quantidade de estresse não é
diretamente proporcional à quantidade de peso suportado, afinal, os corpos vertebrais
lombares (áreas de superfície responsáveis pela sustentação das cargas nas vértebras)
são maiores que os das vértebras torácicas. Isso faz com que reduza a quantidade de
estresse compressivo presente.
IMPORTANTE
Vários fatores influenciam a ocorrência, ou não, de uma lesão
quando uma força externa é aplicada ao corpo humano. Entre eles,
posso citar a direção e a magnitude da força e a área sobre a qual
a força se distribuirá. Porém, as propriedades materiais dos tecidos
corporais que suportam as cargas também se fazem importantes.
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5.5 CARGAS REPETITIVAS VERSUS AGUDAS
As diferenças entre cargas repetitivas (crônicas) e traumáticas (agudas),
também são importantes e você deve compreendê-las. Quando uma única carga
interna, suficiente para causar lesão, atua sobre os tecidos biológicos, denominamos de
lesão aguda e a força causal de macrotrauma (ALBUQUERQUE, 2020). A força produzida
por uma queda, por exemplo, numa falta marcada no futebol, pode ser suficiente para
fraturar um osso, não é mesmo?
Uma lesão pode também ser resultada da repetida ação de forças pequenas.
Por exemplo, cada vez que o pé de um atleta toca o solo durante uma corrida, será
sustentada uma força de duas a três vezes o peso corporal, aproximadamente. Mesmo
que não seja provável que uma única força dessa magnitude resulte na fratura de um
osso, muitas repetições dessa força podem causar essa fratura num osso igualmente
sadio em algum local do membro inferior.
Quando uma carga repetida ou crônica age durante um certo período e produz
uma lesão, esta é denominada lesão crônica ou por estresse, e o mecanismo causal
recebe o nome de microtrauma.
6.1 ELETROMIOGRAFIA
A avaliação fisioterapêutica por meio da eletromiografia ganha espaço nas
pesquisas científicas e, com o tempo, será mais difundida na prática clínica. Essa avaliação
permite a observação do sinal elétrico emitido pelo músculo que, muitas vezes, possui
relação com a força muscular do indivíduo. Essa técnica, no entanto, não é própria para a
avaliação de força muscular, mas para a observação do seu funcionamento.
FIGURA 6 - ELETROMIOGRAFIA
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/YvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
36
A eletromiografia de superfície permite a avaliação da atividade elétrica de
membranas excitáveis em um ponto ou região muscular. Essa atividade é medida em
função do tempo ou de alguma tarefa a ser executada. O resultado que é observado
durante e após uma coleta do sinal eletromiográfico corresponde à soma de todos os
potenciais elétricos que ocorreram nas unidades motoras, onde se encontra o eletrodo de
captação (ALBUQUERQUE, 2020).
O sinal é captado pelo eletrodo em contato com a pele, que possui uma camada
de gel à base de água. A avaliação é indolor, visto que o aparelho não emite sinal algum,
somente o capta. O aparelho converte o sinal captado pela pele de analógico para digital,
para que possa ser exibido pelo software e visualizado em tempo real – esse fato é
importante, pois é possível eliminar a chance de ruídos mesmo durante uma avaliação. No
entanto, para que o sinal seja obtido, deve-se acertar os parâmetros do aparelho e criar
um protocolo de coleta antes de iniciá-lo. São parâmetros a serem ajustados: a frequência
de amostragem, eletrodo, amplificadores, filtro, conversor analógico/digital e o software
em si.
Cada cabo possui uma saída para dois eletrodos, que devem ter uma certa
distância entre si para evitar interferências. Há aparelhos que fornecem a medida dessa
distância fixa no cabo, em outros casos, o fisioterapeuta deve estipular essa distância.
Normalmente, essa distância é demarcada por 20 mm do centro de um eletrodo ao centro
do outro (ALBUQUERQUE, 2020).
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A direção em que o eletrodo é coletado também pode transmitir sinais diferentes.
Na intenção de que o sinal seja o mais fidedigno aos potenciais de ação para determinado
músculo, os eletrodos deverão ser colocados no sentido paralelo ao das fibras musculares.
Quando o objetivo for analisar a região, deve-se colocar no sentido contra a orientação
das fibras, assim, coletará o máximo de fibras em um único ponto em cada uma delas
(ALBUQUERQUE, 2020).
6.2 DINAMOMETRIA
A força muscular pode ser mensurada por meio do teste de força manual,
que é uma forma subjetiva e que deve ser realizado por um mesmo avaliador, a fim
de evitar grandes divergências. Outro meio mais objetivo que permite essa avaliação é a
dinamometria, que mensura a força na unidade de medida kgf.
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Os primeiros aparelhos dinamométricos eram constituídos de uma célula de
carga acoplada com formatos adaptados para mensuração de preensão palmar, força
de adução escapular e força de tração lombar. Esses aparelhos mensuram as forças
dos grupos musculares consideradas funcionais para o ser humano, como a força de
preensão geral das mãos, a força interescapular e a força do complexo lombar. No
entanto, esses aparelhos não permitem a mensuração das cadeias antagonistas. Assim,
nos últimos anos, o dinamômetro isocinético ganhou espaço no mercado e na pesquisa
científica devido à sua aplicabilidade e versatilidade (ALBUQUERQUE, 2020).
• Copérnico, Kepler e Galileu criaram leis que descreviam a trajetória circular dos planetas
ao redor do Sol, e que harmonizavam os períodos de revolução desses planetas com
suas distâncias do Sol. Já Isaac Newton, propôs a existência de uma força de atração
entre dois corpos quaisquer do universo: a lei da gravidade.
40
AUTOATIVIDADE
1 A cinemática é uma subdivisão do estudo biomecânico, envolvendo tudo o que é
capaz de ser visualizado em um corpo em movimento. Portanto, ela engloba o estudo
do tamanho, sequenciamento e cronologia do movimento, sem descrever as forças
que o causam ou que dele resultam. Sobre a cinemática, assinale a alternativa
CORRETA:
I– Os sistemas que tornam possível uma história temporal gráfica da força registrada,
impedem que se faça o cálculo do impulso, como a área debaixo da curva de força-
tempo.
II– Plataforma de força e plataforma de pressão, existentes tanto no comércio quanto
feitas em casa, são típicas e rigidamente embutidas em um assoalho rente com
a superfície e conectadas a um computador que calcula a quantidade cinética de
maior interesse.
III– As plataformas de força são projetadas, habitualmente, de forma a transmitir as
forças de reação do solo nas direções vertical, lateral e anteroposterior em relação à
plataforma propriamente dita.
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3 A técnica para registrar a atividade elétrica produzida pelo músculo, ou atividade
mioelétrica, é conhecida atualmente como eletromiografia. Essa técnica é utilizada para
o estudo da função neuromuscular. De acordo com o estudado sobre eletromiografia,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
42
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —
ALTERAÇÕES CINÉTICO-FUNCIONAIS
EM LESÕES ESPORTIVAS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos as principais alterações cinético-
funcionais em lesões esportivas. Como fisioterapeuta, estar presente em ambientes
onde pessoas se exercitam, ou lidar com esse tipo de tarefa, fará parte do seu dia a dia.
Sendo assim, iniciaremos estudando sobre os mecanismos e características do trauma
neuro-musculo-esquelético na prática esportiva. Em seguida, abordaremos sobre
as lesões ósseas, articulares, musculotendíneas e neurais. E, por fim, focaremos nas
alterações cinético-funcionais nos membros superiores, inferiores e da coluna vertebral
relacionadas à prática esportiva.
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2 MECANISMOS E CARACTERÍSTICAS DOS TRAUMAS
NEURO-MUSCULO-ESQUELÉTICO NA PRÁTICA ESPORTIVA
Em um episódio de acidente ou trauma no esporte, podemos constatar,
basicamente, dois tipos de lesões: externas (visíveis e aparentes) e internas (ocultas e não
aparentes). As lesões externas são facilmente identificáveis, pois seus sinais estão visíveis e
manifestam o desarranjo da condição natural de algum tecido. Já as lesões internas são
de detecção mais complexa e respeitam uma série de critérios, os quais devem ser de
conhecimento do fisioterapeuta para que ele consiga reconhecê-los e adotar os devidos
procedimentos (COHEN; ABDALLA, 2015).
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trauma. Dessa forma, será possível definir as lesões e acelerar o processo de prestação
de socorro (caso necessário), assim como o atendimento da condição básica de saúde
deste indivíduo (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).
Pense bem, o atleta que provocou o choque foi atingido com a mesma proporção
de força que seu adversário que estava parado, porém, as aplicações de força tiveram
sentidos opostos para os dois jogadores. Essa força tem proporção à aceleração
imposta pela potência do atleta e de sua massa corporal (a segunda lei de Newton) e as
velocidades tendem a se igualar (lei da troca de energia) no momento da interação entre
os dois jogadores.
FIGURA 11 - FUTEBOL
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/MvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
IMPORTANTE
As articulações responsáveis pela realização da maior parte dos
movimentos que tratamos na área da fisioterapia, como joelho e
ombro, são classificadas como articulações sinoviais, com a função
primordial de realizar movimentos nos diferentes planos e eixos.
As fraturas ósseas são as lesões mais comuns dos ossos, enquanto as luxações
e entorses são as lesões articulares mais corriqueiras. Normalmente, elas ocorrem por
conta de um trauma em que a energia imposta supera a capacidade de deformação do
tecido, ou gera movimento além da capacidade da estrutura (COHEN; ABDALLA, 2015).
Veremos mais adiante sobre elas.
3.1 FRATURAS
As fraturas podem ser classificadas de acordo com o traço (completa ou
incompleta), a exposição (aberta ou fechada), a presença de lesões associadas (complicada
ou simples) ou o tipo de força causadora do trauma (direta, indireta ou torção) (BARBOSA;
SILVA, 2021).
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FIGURA 1 - FRATURA DE QUADRIL
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/QvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/xvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
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Você pode encontrar também fraturas complicadas. Esse quadro consiste no
acometimento de estruturas vizinhas ao osso fraturado, como vasos sanguíneos, nervos,
músculos ou órgãos. São lesões de gravidade mais acentuada e que devem receber
atendimento de urgência, pois expõe a risco a vida da vítima. Nas faturas simples, ocorre
exatamente o contrário das fraturas complicadas, não há acometimento de tecidos e
órgãos vizinhos. São fraturas de tratamento mais simplificado (BARBOSA; SILVA, 2021).
3.2 LUXAÇÕES
Uma das possíveis lesões que podem acometer às articulações são as luxações, que
são o quadro em que as extremidades conectadas de dois ou mais ossos se deslocam
de sua posição natural, gerando um prejuízo à congruência harmônica da articulação.
Isso afeta diretamente a funcionalidade da estrutura, dificultando, ou mesmo impedindo
por completo o movimento dos segmentos envolvidos (BARBOSA; SILVA, 2021).
IMPORTANTE
Esse tipo de lesão, normalmente, ocorre por conta de quedas sobre
um membro com apoio inadequado, sendo que a incidência é maior
em articulações com maior grau de liberdade ou menor estabilidade
estrutural, como é o caso do ombro e das interfalangeanas das mãos.
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As luxações geram dor intensa e deformidade aparente do segmento, sendo
fundamental acalmar a vítima e evitar movimentos da região afetada. É necessário
recolocar a articulação na sua posição normal, entretanto, isso só deve ser realizado
por um profissional capacitado e com conhecimento técnico e prático para tal, de forma
que estruturas vizinhas não sejam comprometidas na tentativa de reposicionar a parte
deslocada (BARBOSA; SILVA, 2021).
3.3. ENTORSES
Por sua vez, as entorses são ainda mais comuns do que as luxações, já que
consistem no movimento além da capacidade móvel da articulação, gerando prejuízos
aos tecidos moles. Contudo, não há prejuízo à estrutura de conexão entre os ossos,
que se mantêm em sua posição normal. Os tecidos mais acometidos costumam ser os
ligamentos, que sofrem estresse além de sua capacidade de deformação e determinado
nível de ruptura. O nível de entorse pode ser classificado em: grau 1, grau 2 e grau 3:
• Grau 1: estiramento dos ligamentos, onde um percentual menor das fibras do tecido é
afetado, sendo que a cicatrização é mais rápida e o retorno da função normal também.
• Grau 2: ruptura parcial dos ligamentos, onde um percentual moderado das fibras do
tecido é afetado, sendo que o processo de cicatrização é mais lento e o retorno da
função normal depende de processos de reabilitação.
• Grau 3: ruptura total dos ligamentos, ou seja, ocorre a descontinuidade das fibras
desses tecidos, sendo normalmente recomendada a realização de cirurgias.
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/CvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
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Os sinais de uma entorse são bem característicos e de fácil visualização por
conta do processo inflamatório, envolvendo dor intensa na região, edema, aumento
da temperatura local, vermelhidão da pele e dificuldade de movimentar o segmento.
Esse tipo de lesão articular é extremamente comum em esportes de contato e troca de
direção, como futebol, basquete e tênis (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).
IMPORTANTE
Dependendo do nível de prejuízo às estruturas que sofreram com
o trauma da entorse, é necessário procedimento cirúrgico para o
reestabelecimento da condição dos tecidos.
4 LESÕES MUSCULOTENDÍNEAS
Todas as regiões do músculo ou da junção musculotendínea são passíveis de
sofrerem lesões. Normalmente, gestos mais potentes, contrações excêntricas, músculos
encurtados, histórico prévio de lesões, músculos biarticulares e falta de aquecimento,
são fatores que podem influenciar na ocorrência de alguma lesão, sendo que, os
isquiotibiais, se destacam como o grupo mais lesionado. Dentre as possíveis lesões no
tecido muscular, podemos destacar: estiramentos, distensões, câimbras, contraturas e
contusões (BARBOSA; SILVA, 2021).
Para estes casos, utiliza-se compressas de gelo para analgesia e para conter o
processo inflamatório, elevação do membro afetado para auxiliar no retorno do sangue,
imobilização e repouso para não agravar a lesão, assim como avaliação médica para
diagnosticar o grupo afetado, o nível da lesão e a possibilidade de cirurgia em casos
mais graves (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG,
50
4.2 CÂIMBRAS
Cãibras consistem na contração involuntária de um músculo, ou grupo muscular,
sendo extremamente dolorosas. Contudo, a incapacidade é temporária e o tecido tende
a voltar ao seu funcionamento normal dentro de alguns minutos. É comum ocorrer em
músculos do membro inferior, como o tríceps sural, sendo que esse quadro é um difícil
objeto de estudo, afinal, é complexo reproduzir em laboratório o cenário em que ocorre
(BARBOSA; SILVA, 2021).
INTERESSANTE
Parece existir uma relação estreita com o estado de hidratação e o
consequente balanço eletrolítico do sujeito, o que pode influenciar
diretamente no processo de contração muscular.
4.3 CONTRATURAS
As contraturas consistem em contrações de intensidade baixa ou moderada,
sustentadas por longos períodos, o que acarreta a formação de nódulos conhecidos
como pontos gatilho (trigger points). Gera dor moderada, geralmente em músculos
tônico-posturais ou escapulares, como os paravertebrais e o trapézio, respectivamente
(BARBOSA; SILVA, 2021).
51
4.4 CONTUSÕES
Outro tipo de lesão muscular são as contusões, que consistem em lesões por
conta de traumas diretos no segmento corporal (comum em esportes de contato),
gerando dor, rigidez, edema e prejuízo funcional, principalmente no quadríceps femoral
e no tríceps sural. Indica-se aplicação local de gelo (anti-inflamatório e analgésico) e,
após descartar qualquer possibilidade de estiramento ou distensão, a realização de
alongamentos do grupo muscular afetado pela contusão (BARBOSA; SILVA, 2021).
4.5 BURSITES
As bolsas (ou bursas), são sacos cheios de líquido sinovial com a função de
proteger os pontos em que os músculos ou tendões deslizam sobre os ossos. Em
condições normais, elas criam uma superfície de deslizamento lisa, praticamente sem
atrito, enquanto, na presença de bursite, o movimento na área afetada se torna doloroso
e com movimentos adicionais. Esses fatores aumentam a inflamação e agravam o
problema (COHEN; ABDALLA, 2015).
O ombro se destaca como uma das regiões dos MMSS mais afetadas. Doenças
e lesões frequentemente afetam essa estrutura e podem limitar o movimento do ombro,
reduzindo significativamente a funcionalidade de todo o membro superior. O ombro
é suscetível tanto às lesões do tipo traumáticas quanto àquelas por uso excessivo,
incluindo as lesões relacionadas a esportes (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).
52
A articulação glenoumeral é a que mais sofre luxação no corpo. Sua estrutura
frouxa lhe concede mobilidade extrema, porém, fornece pouca estabilidade e, assim, as
luxações podem ocorrer nas diversas direções: anterior, posterior e inferior. Geralmente
ocorrem quando o úmero é abduzido e girado lateralmente, sendo as luxações anteroin-
feriores as mais comuns (BARBOSA; SILVA, 2021).
Lesões por estresse ao tecido colagenoso são progressivas. Iniciam com inflamação
e edema, seguidos por cicatrização dos tecidos moles, podendo chegar ao acúmulo de
cálcio e ossificação do ligamento. Depois do joelho, é a articulação mais afetada por lesões
por uso excessivo. Um exemplo é a epicondilite, que gera inflamação e até microrrotura dos
tecidos colagenosos. Ocorre tanto na face lateral como na medial da extremidade distal do
úmero, sendo chamadas de epicondilite lateral e medial, respectivamente, provavelmente
ocasionadas por esforço excessivo (BARBOSA; SILVA, 2021).
IMPORTANTE
A epicondilite lateral é comumente chamada de cotovelo de
tenista, enquanto a medial é comum em atletas lançadores e
praticantes de golfe (cotovelo de golfista).
53
Em decorrência de as mãos serem utilizadas excessivamente nas atividades
diárias e em muitos esportes, suas lesões são muito frequentes. A seguir, estudaremos
algumas das lesões mais comuns nas estruturas do punho e da mão.
FONTE: Disponível em: < http://twixar.me/kvMm >. Acesso em: 20 set. 2022.
54
5.2 MEMBROS INFERIORES
Os membros inferiores (MMII) fazem parte do esqueleto apendicular e são
conectados ao esqueleto axial por meio de um cíngulo chamado de cintura pélvica. O
membro inferior é formado pela coxa, perna e pé. A coxa contém o fêmur e a patela,
a perna compreende a tíbia e a fíbula, e o pé tem sete ossos tarsais, cinco metatarsos
e 14 falanges. A cintura pélvica é formada pelos ossos do quadril: ílio, ísquio e púbis, e
articula-se com o sacro, formando a articulação sacroilíaca. Entretanto, é preciso lembrar
que, apesar de sua íntima ligação anatômica, o sacro não faz parte da pelve (COHEN;
ABDALLA, 2015).
Visto que a maioria das atividades diárias não exige flexão do quadril e extensão
do joelho, os músculos isquiotibiais raramente são alongados (exceto quando o indivíduo
realiza exercícios específicos para esse fim). Essa perda de extensibilidade faz com que
eles estejam mais suscetíveis à distensão. Pode ser causada por sobrecarga muscular
ou tentativa de movimento muito rápido, como as arrancadas, principalmente se o
sujeito estiver fatigado e com sua coordenação neuromuscular prejudicada
IMPORTANTE
Distensões na região da virilha também ocorrem com bastante
frequência nos atletas de esportes em que há movimentos forçados de
abdução da coxa (quadril), pois podem estirar os músculos adutores
(adutor magno, adutor curto, adutor longo, pectíneo e grácil).
55
A bursite trocantérica decorre de traumatismo agudo ou uso excessivo de
músculos que se inserem no trocânter maior, e lesionam as bolsas que visam reduzir o
atrito entre os músculos e o osso nesta região. Também é observada em corredores e
ciclistas, porém pode acometer pessoas não atletas com diferença no comprimento dos
MMII. O estresse repetitivo sobre o trocânter maior também pode levar à inflamação desta
Bursa (BARBOSA; SILVA, 2021).
INTERESSANTE
As mulheres são aproximadamente 3,5 vezes mais suscetíveis a
lesões sem contato do que os homens, provavelmente devido
a fatores anatômicos e neuromusculares. Acredita-se que suas
superfícies articulares sejam menores e mais convexas no lado
lateral da articulação tibiofemoral.
Após uma ruptura de LCA não reparada, há redução da ADM de flexão e extensão
do joelho durante a caminhada. Também, há deficiência do controle neuromuscular
do quadríceps femoral. Embora alguns indivíduos consigam estabilizar seus joelhos, a
maioria apresenta instabilidade, mudança na localização do centro de rotação e na área
de contato tibiofemoral, além de início subsequente de osteoartrite (LIGGIERI; TEIXEIRA;
YENG, 2022).
IMPORTANTE
Os problemas decorrentes do traumatismo do joelho incluem
fraqueza e perda importante de massa muscular dos extensores
do joelho, diminuição da ADM e déficit proprioceptivo.
56
As lesões de ligamento cruzado posterior (LCP), na maioria das vezes, resultam
da prática esportiva ou de acidentes automobilísticos. Geralmente, quando esse ligamento
se rompe isoladamente (sem danificar outras estruturas), a lesão ocorre com o joelho
em hiperflexão e o pé em flexão plantar. Por outro lado, no impacto do indivíduo contra
o painel de um carro, há uma força direta sobre a região anteroproximal da tíbia, que,
normalmente, resulta em danos ligamentares combinados. Lesões isoladas do LCP são
frequentemente tratadas de forma não cirúrgica (BARBOSA; SILVA, 2021).
As lesões do menisco podem ocorrer por consequência das lesões no LCM, sendo
que o menisco medial é lesionado com maior frequência do que o lateral, afinal, o menisco
medial é fixado com mais firmeza à tíbia e, portanto, é menos móvel
Caro estudante, devido aos papéis desempenhados pelo tornozelo e pelo pé,
lesões nessas regiões podem limitar a mobilidade, interferir diretamente na rotina diária
do indivíduo e, até mesmo, resultar em grande tempo de afastamento do treinamento
em atletas (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022). Veja a seguir algumas das lesões que mais
acometem os pés e o tornozelo.
57
As entorses por inversão são mais comuns do que por eversão, pois a cápsula
articular e os ligamentos são mais fortes na face medial do tornozelo. O ligamento
deltoide, por exemplo, é tão forte que é mais provável que a eversão excessiva cause
uma fratura distal da fíbula do que ruptura deste ligamento. Entorses repetitivas podem
causar instabilidade funcional, caracterizada por padrões de movimento alterados
significativamente no tornozelo e no joelho. Dentre outros ligamentos que são lesionados,
temos o talofibular anterior e posterior e ligamento calcaneofibular (PRETINCE, 2011).
58
IMPORTANTE
A coluna vertebral é parte chave do sistema locomotor e sua
mobilidade articular possibilita, além da estabilidade do tronco, a
mobilidade das diferentes partes do corpo humano.
6.1 LOMBALGIA
A dor lombar é atualmente a principal queixa relacionada ao sistema
musculoesquelético no mundo. Estudos realizados em grandes centros de referência em
pesquisas epidemiológicas de países desenvolvidos revelam que, aproximadamente 80% da
população apresentará, pelo menos, um episódio de dor lombar ao longo da vida. Embora
a grande maioria dos casos tenha uma boa evolução, as pesquisas mais recentes apontam
para desfechos não tão favoráveis, com períodos de recuperação relativamente longos
e uma alta taxa de recidiva. Além disso, ela representa a segunda causa de abstenção
ocupacional e de incapacidade definitiva (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).
Sabemos que lombalgia é o termo que se refere à dor localizada entre a última
costela e a prega glútea e, algumas vezes, irradia-se para os quadris e MMII. Quando
ela segue um trajeto radicular característico, acometendo o membro inferior até a
região abaixo dos joelhos, é chamada de lombociatalgia. Tanto a lombalgia quanto a
lombociatalgia são sintomas de diversas situações clínicas distintas. Porém, a lombalgia
pode ser uma doença propriamente dita e, neste caso, o termo ideal é lombalgia
mecânica comum.
59
Quando presente na região cervical, a queixa principal é dor no braço e, às vezes,
sem mesmo cervicalgia associada. Essa dor geralmente tem início na parte posterior
do pescoço e caminha para o ombro, braço e antebraço até os dedos, sendo que sua
distribuição segue o trajeto da raiz acometida. A sintomatologia geralmente é gradual e,
com a evolução, pode acometer todo o membro superior e interferir na qualidade do sono,
fazendo o sujeito despertar paciente durante a noite (LIGGIERI; TEIXEIRA; YENG, 2022).
Assim como na região lombar, a dor pode apresentar-se nos membros inferiores,
descendo pela região glútea, ou da virilha, e em direção aos pés. Seu trajeto e intensidade
dependem do local acometido.
Porém, devemos nos atentar ao fato que nem todas as alterações discais
reveladas pelos exames de imagem são sintomáticas e, assim, reforçamos a importância
da anamnese e do exame físico bem conduzidos para uma melhor interpretação e
correlação com tais exames.
60
LEITURA
COMPLEMENTAR
TREINAMENTO EXCÊNTRICO COMO PREVENÇÃO DE ENTORSE DE
TORNOZELO EM CORREDORES DE RUA: UMA REVISÃO
61
Existem fatores que podem ser levados em consideração para a ocorrência de
possíveis entorses de tornozelo como altura, gênero, peso, história prévia de lesão na
articulação e fadiga. E cita, que a fadiga muscular dentre os fatores etiológicos é o que
menos é compreendido dentre os aspectos fisiológicos e biomecânicos.
62
No treinamento desportivo, os exercícios excêntricos associados ao de superação
do trabalho dos músculos, é bastante difundido para métodos de preparação de força.
Uma contração excêntrica utiliza menos unidades motoras para gerar força
e menos oxigênio na realização da atividade, tornando-o mais resistente a fadiga,
comparado as contrações concêntricas.
63
Durante a prescrição do treinamento de exercício excêntrico é importante
analisar a síndrome da dor muscular tardia, a qual acontece frequentemente após 24 a
72 horas ao treino, sendo preciso desenvolver estratégias de preparação, recuperação
e análise das cargas durante o treinamento. As principais contraindicações para
realização do treinamento, são as inflamações e a dor, pois se o exercício for realizado
com a inflamação ativa, os traumatismos do tecido muscular podem se ampliar e piorar o
edema e a dor do local.
O músculo tibial anterior com origem nos dois terços superiores da superfície
lateral da tíbia, possui ação de realizar a dorsiflexão do tornozelo e inversão do pé. O
fortalecimento desse músculo responsável pela flexão dorsal do tornozelo, pode ser
realizada através do atleta sentado, realizando uma dorsiflexão unilateral do tornozelo
contra uma resistência, podendo utilizar como opção de resistência a força do próprio
fisioterapeuta, tornozeleira ou faixas elásticas.
64
O músculo fibular longo realiza a eversão do pé e auxilia na flexão plantar do
tornozelo, possui origem na região proximal lateral da fíbula e na membrana interóssea. Já
o músculo fibular curto, origina-se nos dois terços da superfície lateral da fíbula, realizando
as funções de eversã do pé e flexão plantar do tornozelo. Para realizar o fortalecimento
do musculo fibular longo, o indivíduo irá realizar o movimento de eversão do pé, sentado,
contra a resistência oferecida, podendo utilizar como resistência as tornozeleiras, faixas
elásticas ou a força do próprio fisioterapeuta.
65
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• Lesões internas são de detecção mais complexa e respeitam uma série de critérios, os
quais devem ser de conhecimento do fisioterapeuta para que ele consiga reconhecê-los
e adotar os devidos procedimentos.
• As fraturas ósseas são as lesões mais comuns dos ossos, enquanto as luxações e
entorses são as lesões articulares mais corriqueiras. Normalmente, elas ocorrem por
conta de um trauma em que a energia imposta supera a capacidade de deformação do
tecido ou gera movimento demasiado, além da capacidade da estrutura.
• Uma das possíveis lesões que podem acometer as articulações são as luxações, que
são o quadro em que as extremidades conectadas de dois ou mais ossos se deslocam
de sua posição natural, gerando um prejuízo à congruência harmônica da articulação.
• Entorses são ainda mais comuns do que as luxações, já que consistem no movimento
além da capacidade móvel da articulação, gerando prejuízos aos tecidos moles. Os
tecidos mais acometidos costumam ser os ligamentos.
66
AUTOATIVIDADE
1 As entorses consistem no movimento além da capacidade móvel da articulação,
gerando prejuízos aos tecidos moles. Contudo, não há prejuízo à estrutura de conexão
entre os ossos, que se mantêm em sua posição normal. Sobre a entorse, assinale a
alternativa CORRETA:
67
( ) A Tenossinovite de De Quervain é uma tendinite do extensor curto do polegar e do
abdutor longo do polegar, relacionada com impacto.
68
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, A.M. Biomecânica Prática no Exercício Físico. Curitiba:
Intersaberes, 2020.
DEFINO, H.L.A.; PUDLES, E.; ROCHA, L.E.M. Coluna Vertebral: Lesões traumáticas. São
Paulo: Artmed, 2019.
LIGGIERI, V.C.; TEIXEIRA, M.J.; YENG, L.T. Tratado de Dor, Reabilitação e Atividade
Física. Conceitos e Prática Clínica. São Paulo: Editora dos Editores, 2022.
MOORE, K.L.; DAILEY, A.F.; AGUR, A.M.R. Anatomia Orientada para a Clínica. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
69
MOREIRA, D.; RUSSO, A. F. Cinesiologia Clínica e Funcional. São Paulo: Atheneu,
2018.
70
UNIDADE 2 —
FISIOTERAPIA ESPORTIVA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
71
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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72
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
INTRODUÇÃO À FISIOTERAPIA ESPORTIVA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, serão abordados temas introdutórios no âmbito da
Fisioterapia Esportiva, incluindo: informações sobre a atuação do fisioterapeuta na área
esportiva, bem como os objetivos e momentos de intervenção; atividade física no contexto
da saúde, do esporte e do lazer, que irá contextualizar a importância do acompanhamento
fisioterapêutico em todos esses cenários; e, por último, a relação existente entre o exercício
físico e o condicionamento físico no âmbito do processo de recuperação funcional para
a prática esportiva.
Hoje, essa condição é possível graças a um respaldo físico, técnico e teórico bem
formulado e aplicado no atendimento do atleta, já que ele se depara, muitas vezes, com
o limite fisiológico, sendo exposto a um maior risco de lesões durante treinos e jogos, o
que pode comprometer seu rendimento esportivo e impactar sua saúde com diversas
consequências negativas. Com isso, a Fisioterapia Esportiva tem sua importância
destacada, compreendendo uma área cada vez maior e considerada para atletas com
diferentes níveis de condicionamento.
73
antes, durante e após competições das mais diferentes modalidades esportivas e tipos
de competições, fato que resultou, também, em uma crescente produção de literatura
sobre o tema, que é fortemente verificada atualmente, além de, eventualmente, justificar
a necessidade de reconhecimento dessa especialidade da Fisioterapia, ocorrida no ano
de 2007.
NOTA
Por definição, a prática baseada em evidências representa
metodologia indicada para prática clínica em saúde e é utilizada
por todas as profissões. Representa a utilização de evidências
científicas de qualidade, para respaldar a conduta clínica com base
em conceitos e intervenções devidamente testadas por ensaios
clínicos de alto rigor metodológico. Além disso, a prática baseada
em evidências representa importante norte para tomada de
decisão, de acordo com as necessidades de cada caso.
74
Ademais, faz-se importante que o fisioterapeuta esportivo se respalde nos
pilares históricos dos agentes da saúde em campo, que incluem, sobretudo: promover
boas condições de saúde por meio dos níveis de exercícios físicos praticados; favorecer
condições que preparem o organismo para os exercícios; e intervir de modo a minimizar
fatores de risco responsáveis por danos causados pelo exercício. Nesse sentido, o
COFFITO estabelece que a atuação do fisioterapeuta esportivo atende à competência e
às habilidades para a atuação nos seguintes cenários:
75
Assim, são objetivos da SONAFE: reunir, científica e culturalmente, fisioterapeutas
(registrados no Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) dedicados à
Fisioterapia Esportiva; promover o desenvolvimento técnico-científico dos fisioterapeutas
que congrega, visando a introduzir a qualidade nos procedimentos e rotinas operacionais
nas áreas da Fisioterapia Esportiva; promover a divulgação do papel do fisioterapeuta do
esporte, assim como de sua efetiva importância para a área de saúde; conceder aos
seus associados o título de especialistas em Fisioterapia Esportiva, conforme critérios
definidos pela Comissão de Concessão de Títulos; colaborar, no que for pertinente,
com o COFFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) e respectivos
Conselhos Regionais; organizar e realizar Congressos Nacionais e Internacionais e
Jornadas Estaduais de cunho técnico ou científico; promover intercâmbio, parcerias e
convênios com profissionais, entidades congêneres e universitários no país e no exterior
de acordo com o interesse para a prática profissional de seus associados; coordenar a
publicação de livros, revistas, boletins e organizar o acervo relacionado à Fisioterapia
Esportiva; coordenar a realização de cursos de atualização e capacitação profissional
nas modalidades presencial e a distância; fomentar discussões acerca da Fisioterapia
Esportiva e da Atividade Física em nível acadêmico; e referendar e recomendar a seus
associados cursos de pós-graduação a nível nacional e internacional.
ESTUDOS FUTUROS
As lesões esportivas representam um problema na rotina de
atletas e, por isso, devem ser adequadamente compreendidas,
para que sugestões oportunas sejam propostas a fim de prevenir
e tratar tais condições. A esse respeito, o Tópico 3 irá abordar
com detalhes o papel do fisioterapeuta na prevenção de lesões
musculoesqueléticas advindas da prática esportiva.
77
Quanto aos momentos de inserção do fisioterapeuta esportivo, esses podem
ocorrer em diferentes tempos, incluindo a fase sincrônica, a fase primária e a fase
secundária, caracterizadas do seguinte modo:
Fase sincrônica:
• Momento: antes e durante a prática.
• Metas: preparar o atleta para o esforço e auxiliar na restauração imediata das funções.
• Estratégia: auxiliar no aquecimento, aplicação de órteses, uso de técnicas de baixa
intensidade e volume.
Fase primária:
• Momento: até duas horas após a prática.
• Metas: redução moderada do tônus muscular e auxílio na restauração imediata aos
níveis basais.
• Estratégia: uso de técnicas metabólicas e estruturais de moderada intensidade e
volume.
Fase secundária:
• Momento: período referente a após duas horas da prática esportiva.
• Metas: eliminar o estado de hipertônus muscular e preparar o atleta para o próximo
estímulo.
• Estratégia: uso de técnicas de alta intensidade ou volume.
78
Portanto, a importância da atividade física para verificação de bons níveis
de saúde relaciona-se com melhores níveis de qualidade de vida, o que, por sua vez,
reduz significativamente as chances do desenvolvimento de doenças crônicas não
transmissíveis, pois elas associam-se ao sedentarismo e são responsáveis por elevada
taxa de mortalidade no mundo. Além disso, a atividade física também tende a minimizar
problemas relacionados à baixa imunidade, insatisfação pessoal com o corpo e aspectos
de ordem psicossociais. Com isso, é notória a importância que a prática da atividade
física reflete em vários aspectos da vida do sujeito.
DICA
Que tal aprofundar seus estudos sobre o tema? O livro Atividade
física, lazer e saúde, do autor Paulo Heraldo Costa do Valle,
apresenta quatro capítulos que incluem temas importantes
relacionados à qualidade de vida e saúde, temas que são básicos
e preliminares ao entendimento complexo do organismo do
atleta. Sendo assim, a leitura irá contribuir e fundamentar a
elaboração do seu raciocínio clínico. Encontra-se disponível neste
link: http://twixar.me/04Mm.
79
Nesse contexto, o conceito da periodização visa a organizar o modelo de
treinamento adequadamente dividido em unidades de treinamento. Na prática, isso
representa dividir um bloco de tempo disponível para o treinamento e variar os tipos de
estímulos implementados aos músculos, intercalando semanas de treino intenso com
semanas de treinos leves e moderados, de modo que, em alguns momentos, o foco
estará voltado ao ganho de hipertrofia e, em outros, treinos de explosão e resistência.
Por isso, é clara a relação existente entre a atividade física desempenhada com
bons níveis de saúde e a prática esportiva em atividades de lazer, visto que, quanto
mais ativo um indivíduo for, tenderá a apresentar maior disposição para execução de
atividades esportivas e lazer.
80
A este respeito, nota-se que a motivação responsável por fundamentar o início da
prática esportiva é o que determina a forma de manifestação esportiva realizada. A principal
diferença existente entre tais modelos contempla a intensidade e volume de treinamento
implementados, mas é fato que, independentemente do nível, um acompanhamento do
fisioterapeuta esportivo se faz necessário, visando ajustar demandas fisiológicas de cada
organismo em favor das exigências requeridas por cada modalidade esportiva, a fim de
favorecer um ambiente saudável para a prática esportiva e, ainda, minimizar riscos de
lesões. Esse cuidado promoverá um usufruto exclusivo dos benefícios que o exercício
físico tende a proporcionar sobre a saúde do organismo como um todo.
Além disso, sendo o atleta nosso objeto de estudo, devemos considerar que
ele é constituído de um organismo complexo, constituído por diferentes tipos de tecidos
e sistemas corporais, os quais, por sua vez, reagem de modo particular em resposta a
diferentes estímulos, que podem ser advindos de origem externa ou interna, resultando
em respostas que podem ser normais ou anormais, conforme Prentice (2012).
FONTE: a autora
82
Entretanto, ainda que o exercício físico seja o caminho óbvio ao treinamento
físico e modulação do atleta, é de suma importância que seja praticado em níveis
prescritos, que estejam pautados em diversos pilares já mencionados, como princípios
do treinamento, características da modalidade praticada, periodização, dentre outros.
Assim, um ambiente de treinamento favorável e que respeite esses e outros princípios
viabiliza uma recuperação funcional, favorável e esperada para prática esportiva,
visto que é exatamente por meio de tal processo de recuperação que bons níveis de
aptidão são conquistados e a sobrecarga de impacto aos tecidos é evitada. Sobre isso,
na sequência, entenderemos com mais detalhes de que modo a aplicabilidade de tais
conceitos ocorre na prática do fisioterapeuta esportivo.
83
A partir do exposto, o tema “recuperação após o exercício” tem sido
exaustivamente estudado cientificamente e, por isso, constitui importante área de
concentração da Fisioterapia Esportiva. Nesse contexto, a mencionada recuperação
pós-exercício contempla a restauração dos sistemas corporais à sua condição basal,
caracterizando a homeostase do organismo. Nota-se que o conceito apresentado
é amplo e complexo, uma vez que envolve respostas fisiológicas, psicológicas e
nutricionais. O conjunto delas, quando em equilíbrio, tende a resultar em um balanço
satisfatório à prática esportiva, conforme Lopes et al. (2019).
Nesse âmbito, se faz importante considerar a relação existente entre níveis
de recuperação e fadiga e como tais fatores impactam o desempenho esportivo
subsequente. É exatamente a atração pelo entendimento de tal relação que tem
motivado interesse nas Ciências do Esporte há vários anos, visto que, na prática, é
cada vez mais clara a importância de bons níveis de recuperação sobre a adaptação
positiva pretendida no âmbito do treinamento físico, fator que repercute ainda sobre
melhores níveis de desempenho esportivo e menor exposição sobre a incidência de
lesões esportivas, de acordo com Prentice (2012). Os argumentos listados reiteram a
importância dos nossos estudos sobre a recuperação funcional no manejo do atleta.
84
4.3 TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO PÓS-EXERCÍCIO
Tal cenário caracteriza o motivo que fundamenta a sugestão para aplicação de
técnicas recuperativas nesses intervalos, com intuito de acelerar a recuperação fisiológica
e deixar o atleta mais bem preparado para a continuação da prática esportiva.
IMPORTANTE
A escolha da melhor técnica, assim como do melhor protocolo,
deverá ser respaldada pela modalidade esportiva praticada e
nível de condicionamento do seu atleta. Isso porque, conforme
verificado ao longo dos nossos estudos, diferentes esportes
resultam em distintos níveis de exigências metabólicas e
funcionais. Logo, estima-se que a intervenção selecionada
seja adequada às suas necessidades, sendo fundamental a
verificação de evidências científicas atuais compatíveis ao seu
cenário de atuação, o que inclui o nível de condicionamento
do atleta e a modalidade esportiva praticada.
85
FIGURA 2 – RECUPERAÇÃO ATIVA EM BICICLETA ERGOMÉTRICA APÓS O ESFORÇO
FONTE: a autora
86
A massagem também pode ser útil, por aliviar a dor muscular tardia devido ao
aumento do fluxo sanguíneo e do fluxo linfático, diminuindo a água intramuscular e a
sensação de dor. Com isso, ela acelera a remoção de catabólitos e, consequentemente,
reduz o tempo de recuperação. Além disso, a massagem pode ser realizada imediatamente
após o exercício (devendo ser, neste momento, mais leve) ou tardiamente ao exercício
(devendo ser aplicada em intensidades moderadas ou intensas), a depender dos
objetivos pretendidos. O tempo da técnica também vai depender do grupo muscular
a ser tratado, porque certos grupos musculares requerem menos tempo, conforme
Nahon, Lopes e Magalhães Neto (2021).
FONTE: a autora
87
técnica, temperatura utilizada e grupo muscular a ser tratado. No que se refere aos
efeitos, a crioterapia é capaz de redirecionar o fluxo sanguíneo e, com isso, conter o
processo inflamatório por meio da vasoconstrição gerada. Além disso, a diminuição da
transmissão nervosa gera sensação de analgesia. A exemplo da técnica de imersão em
água fria, a literatura demonstra que a temperatura da água deve estar entre 11 e 15 °C, e
o tempo de imersão deve ser de 11 a 15 minutos.
FONTE: a autora
88
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
89
AUTOATIVIDADE
1 De acordo com o COFFITO, ao fisioterapeuta esportivo, são distribuídas diversas
funções que tratam de otimizar e manter a saúde do atleta. Nesse sentido, diversas
ações são implementadas para atender ao intuito pretendido. A exemplo, a execução
de uma avaliação cinético-funcional implementada no momento de pré-competição,
sempre que realizada de modo completo e detalhado, pode ser capaz de resultar
informações úteis ao fisioterapeuta na realização de trabalhos futuros com o atleta.
Considerando que a avaliação cinético-funcional no período de pré-competição é
importante e relevante para pautar certas intervenções, sobre quais são elas, assinale
a alternativa CORRETA:
a) ( ) Avaliação pré-cirúrgica.
b) ( ) Prevenção de lesões.
c) ( ) Prescrição de dieta adequada.
d) ( ) Treinamento específico com bola.
90
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença IV está correta.
91
92
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —
PREVENÇÃO DE LESÕES NO ESPORTE
1 INTRODUÇÃO
A prática esportiva requer a execução complexa de movimentos repetitivos, que
são possíveis graças a uma complexa integração entre diversos sistemas corporais, como o
sistema nervoso e o sistema musculoesquelético. Desses sistemas, alterações cinético-
funcionais resultam em comprometimentos funcionais que são proporcionais à extensão
da alteração presente, de modo que tais limitações na prática esportiva resultam em
menor desempenho e maior exposição quanto à incidência de lesões esportivas.
Para que tal intervenção seja possível, é necessário que o profissional conheça a
fundo as características de lesões esportivas causadas em tecidos corporais específicos,
visto que cada tecido possui morfologia, anatomia e fisiologia particulares, que resultam
em respostas de cicatrização também particulares. A partir de tal conhecimento, estima-
se que condutas fisioterapêuticas apropriadas sejam prescritas de modo a favorecer o
processo de cicatrização natural dos tecidos, otimizando o processo de recuperação e
retorno ao esporte.
93
2 EQUIPE INTERDISCIPLINAR NA PREVENÇÃO DE
LESÕES NO ESPORTE
A saúde do atleta constitui pauta de interesse por parte dos atletas, equipes de
treinadores e profissionais da saúde, incluindo a Fisioterapia, que, por todas as ações
desempenhadas, representa uma peça-chave ao atendimento do atleta por diversas
razões. A preocupação evidente sobre o bem-estar do atleta é passível de diminuição
a partir do cuidado complexo, capaz de abranger diversas áreas dos saberes, como
Nutrição, Medicina, Educação Física e Fisioterapia, de modo a serem sanadas lacunas
em todas as respectivas áreas, viabilizando a prática esportiva em níveis seguros. Assim,
reitera-se que o papel do fisioterapeuta dentro das equipes esportivas inclui contribuir
para prevenção, tratamento, recuperação e otimização do rendimento do atleta.
IMPORTANTE
As lesões esportivas possuem elevada incidência. Contudo,
diversos prejuízos associam-se à presença de lesões, incluindo
gastos financeiros com serviços de saúde, período de reabilitação
e afastamento de treinos/competições, ansiedade, insegurança e
dificuldade em retomar a rotina habitual. Tal cenário é ainda mais
preocupante na realidade de atletas profissionais, que dependem
do esporte como fonte de sobrevivência. Tais questões destacam a
necessidade da atuação fisioterapêutica preventiva oportuna.
94
Vale relembrar que o fisioterapeuta é um profissional de nível superior da área
das ciências da saúde, que possui autonomia tanto para atuar isoladamente quanto
para atuar em equipe em todos os níveis de assistência à saúde (atenção primária,
atenção secundária e atenção terciária). Esse é um profissional de primeiro contato que
possui habilidades e conhecimentos sobre recuperação e manutenção, relacionadas a
tudo que envolve a produção do movimento. Para Oliveira et al. (2013), é este o seu foco
principal: a saúde cinética funcional do organismo.
A este respeito, reitera-se que cada profissão atua de modo a garantir elementos
básicos a prática esportiva, que incluem, especialmente:
95
3) Controle do estresse, visto que atletas são submetidos constantemente a estresse
físico e psicológico, mas devem ser devidamente controlados, a fim de normalizar os
níveis hormonais, já que, uma vez alterados, eles têm potencial direto de comprometer
os níveis de desempenho.
2.2 NUTRICIONISTA
O conceito de nutrição engloba a somatória de todos aqueles processos
relacionados ao consumo, bem como o uso de alimentos por organismos vivos, incluindo,
portanto, os mecanismos de ingestão, digestão, absorção e metabolismo.
96
Para tanto, cabe ao profissional nutricionista elaborar um plano alimentar
individual capaz de atender precisões energéticas recrutadas durante a modalidade
esportiva praticada por cada atleta a ser considerado. Adicionalmente, o nutricionista,
uma vez especializado na área esportiva, também pode intervir favoravelmente na
prevenção de lesões esportivas, isso porque, muitas vezes, elas ocorrem na presença
de dietas pobres em nutrição, que, quando associadas à baixa reposição hídrica,
contemplam necessário prejudicial no âmbito da tolerância ao exercício, visto que as
fontes energéticas disponíveis estarão baixas, cenário que poderá resultar tanto em
uma simples fadiga até em morte, em casos extenuantes, conforme Prentice (2012).
O quadro apresentado a seguir apresenta algumas informações importantes sobre as
características de substratos energéticos importantes ao organismo. Observe:
Tipo de substrato
Características
energético
• Importante isolante térmico.
Lipídeo • Utilizado em atividades de baixa intensidade e curta duração.
• Via energética que só é ativada após certo tempo de exercício.
• Principal via energética para o exercício.
• Via recrutada desde o início do exercício.
Carboidrato • É mais utilizado em exercícios de alta intensidade e curta duração.
• O consumo de quantidade insuficiente pode causar hipoglicemia e
antecipação da fadiga muscular.
• Sua principal função é fornecer aminoácidos ao organismo.
• É utilizado como combustível em atividades de resistência, de longa
duração.
Proteína
• Sua associação com o carboidrato auxilia na recuperação pós-esforço.
• Em caso de armazenamento em excesso, é utilizado como fonte de
energia.
FONTE: a autora
97
Assim, a utilização das vias metabólicas é influenciada, basicamente, pelo tipo
de exercício realizado, incluindo sua duração e a intensidade. Logo que o exercício se
inicia, a primeira via a ser recrutada é o ATP-CP, que dura, em média, 30 segundos. Logo
que essa via se esgota, a segunda via resultando do processo de glicólise anaeróbica é
responsável pelo fornecimento de energia ao músculo por até, em média, três minutos.
Essa via tem um produto final de ácido lático que, como sabemos, em excesso no
músculo, influencia na sensação de dor muscular tardia).
Logo que essa reserva energética se esgota, a via de oxidação aeróbia entra em
ação, tendo início a partir do 3° minuto e fornecendo energia até que o exercício seja
finalizado. Essa última fonte de reserva energética é derivada de carboidratos e lipídeos
armazenados, conforme Lopes et al. (2018). No quadro a seguir, são apresentadas
características mais completas a respeito de cada uma das vias metabólicas mencionadas.
Observe:
Via Duração do
Características
metabólica fornecimento de energia
Durante a realização de exercícios de alta intensi-
dade e curta duração, os fosfatos de alta energia no
Fosfato de
músculo (ATP-CP) e a glicólise anaeróbica são as
alta energia Até 30 segundos
fontes de energia predominantemente utilizadas.
(curta
Assim, o pico de ATP é atingido dentro de 1 a 5s, e
duração)
sua depleção ocorre entre 5 e 10 s. Em seguida, a
depleção de CP por volta de 30 s.
A glicolise anaeróbica, ou sistema ácido lático, é o
Glicólise
outro meio que o organismo utiliza para continuar
anaeróbica
Até 3 minutos compensando uma determinada atividade em alta
(média
intensidade. A energia vem do sistema lático. Essa
duração)
via tem depleção por volta dos 3 minutos.
Durante a realização de exercício de intensidade
leve a moderada e de longa duração, é necessária
Aeróbica uma elevada produção de ATP para produção de
oxidativa energia. Assim, tal trabalho depende do metabolis-
Após o 3º minuto
(longa mo aeróbio ou das reações oxidativas na presença
duração) do oxigênio. Portanto, nesse caso, a glicose e o
ácido graxo livre (lipídeo) são metabolizados para
produção de energia.
FONTE: a autora
98
em dor muscular tardia, menor desempenho e lesões musculoesqueléticas. Sendo
assim, a compreensão clara sobre os conceitos apresentados se faz fundamental para
que sejam desenvolvidas atividades físicas em consonância às exigências metabólicas
corretas, de acordo com Lopes et al. (2018).
2.4 PSICÓLOGO
Sabemos que, além do treinamento constante, bons resultados esportivos
relacionam-se ao substrato energético próprio, o talento, sendo que, quando associado
ao desenvolvimento de outras aptidões físicas (como nutrição, preparo físico e treino
tático), garante ao atleta condições favoráveis para obtenção de grande parte das vitórias e
prêmios pretendidos, que são sinônimos de reconhecimento na carreira esportiva.
99
Além do cenário exposto, acrescenta-se o fato de que a presença de lesão
esportiva, por si só, contempla um problema contundente para exacerbar e agravar a
pressão psicológica já existente por todos os motivos listados. E, mesmo após a recuperação
da lesão, o retorno ao esporte, em geral, pode ser implicado por obstáculos inerentes
ao processo, que incluem: medo de futuras lesões, aptidão física prejudicada para bom
desempenho esportivo e sentimento de insegurança individual sobre a recuperação de
desempenho similar ao anterior à lesão.
2.5 MÉDICO
Por último, mas não menos importante, o médico é o profissional responsável
por diversas ações referentes ao atleta, de modo que cada especialista (cardiologista,
ortopedista, endocrinologista etc.) é responsável por avaliar e cuidar dos sistemas
corporais que lhe compete, sendo cada um igualmente importante ao desempenho
esportivo saudável.
3 ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO
Conforme mencionado, uma alimentação adequada contempla um dos pilares
importantes a serem seguidos pelo atleta, visto que é por meio dela que se dá o
processo de nutrição, responsável pelo fornecimento de nutrientes essenciais e básicos à
produção de energia. É por meio da alimentação que o atleta consegue, inicialmente,
conquistar energia para realização de suas demandas diárias, sendo, portanto, crucial
ao desempenho esportivo esperado, pois o exercício só é possível quando reservas
energéticas estão disponíveis para manter o esforço requerido.
102
Ao considerarmos o estresse, temos um conceito amplo. Ele inclui, basicamente,
secreção elevada dos hormônios cortisol e catecolaminas como tentativa do organismo de
manter boas condições de equilíbrio e restaurar a homeostasia. Em consequência de tais
alterações, ocorre uma série de outras reações, que incluem, por exemplo, maior demanda
energética, elevação da frequência cardíaca, elevação da frequência respiratória, inibição
da resposta inflamatória normal e alteração do comportamento emocional, marcado por
cenários de maior irritabilidade, impaciência, nervosismo e ansiedade.
Desse modo, quando presente por longos períodos, o estresse possui potencial
de atrapalhar diversas ações orgânicas e fisiológicas do organismo. Em contrapartida, nota-
se que, constantemente, atletas estão expostos a diversos tipos de agentes estressantes,
entre os quais, podemos mencionar o próprio treinamento, a pressão sofrida por diversas
fontes, convivência diária com pares, problemas na vida pessoal e exposição pela mídia.
103
Um dos principais sinais responsáveis por regular o ciclo sono-vigília é a luz do dia.
Enquanto há claridade, nosso cérebro entende que é momento de estar em alerta (vigília),
ao passo que o escuro, característico da noite, envia ao nosso cérebro a mensagem de que
é hora de aumentar os níveis de melatonina (hormônio responsável pelo sono) e reduzir
a intensidade de trabalho, acalmando-nos lentamente e preparando-nos para uma noite
tranquila e restauradora de sono. Logo pela manhã, após uma longa noite de sono, os
níveis de cortisol (hormônio do estresse) aumentam, fazendo-nos despertar, levantar e
encarar tudo o que o dia tem a nos oferecer, iniciando um novo ciclo de sono-vigília.
Além disso, o sono intitulado aqui como (i) caracteriza-se pela presença de
ondas sincronizadas que podem ser subdivididas nas fases 1, 2 e 3, sendo que a fase 3
é representada pelo sono de ondas lentas. O eletrocardiograma do sono de movimentos
oculares rápidos caracteriza-se por ondas que se mostram com baixa amplitude e
dessincronizadas, com duração total de, em média, 100 minutos.
104
No primeiro estágio (ausência de movimentos oculares), verifica-se o
relaxamento muscular, com pouco tônus notado, acompanhado da redução dos
movimentos corporais, bem como a respiração e valores de frequência cardíaca em
níveis regulares, como aqueles notados durante a vigília. Na última fase, caracterizada
pela transição entre os momentos de sono e vigília, verifica-se comumente níveis de
sonolência que se demonstram mais superficiais, caracterizando um sono mais leve e
com baixo nível de consciência, mas é quando o sujeito pode ser despertado com maior
facilidade.
Tais hábitos são comuns na sociedade atual, que, por viver com diversas tarefas
simultâneas, muitas vezes, precisa do tempo noturno em sua casa para finalizar as
tarefas que não foram possíveis de serem realizadas durante o dia, como estudar, cuidar
da casa, ler, trabalhar ou, mesmo, passar um tempo na tela, com o simples objetivo de
entretenimento após um longo dia de trabalho.
Nesses casos, o organismo do atleta, uma vez privado do sono, passa pelo
processo de remoção ou, ainda, supressão parcial do sono no organismo. No âmbito
do esporte, sempre que o sono de qualidade e em quantidades ideias não é priorizado,
ocorre prejuízo na recuperação dos atletas – o que se caracteriza, na prática, como a
desaceleração cognitiva, o comprometimento da memória, a redução dos níveis de vigília e
atenção mantida, bem como redução da capacidade sobre a execução de um esforço em
níveis máximos e submáximos.
105
Assim, muitos são os estudos que comprovam a qualidade de sono ruim em
diversas populações de atletas, o que reitera a importância da discussão robusta sobre
o tema, bem como produção de investigações suficientes, por descreverem os efeitos
negativos que a privação de sono resulta no atleta, para que possam ser sugeridas
estratégias para minimizar e evitar o referido cenário.
Por fim, além dos elementos citados como essenciais no âmbito esportivo,
também se faz necessário que uma atenção devida seja dada a possíveis necessidades
de auxílio relacionadas à vida pessoal do atleta, o que, eventualmente, pode comprometer
seu desempenho. Portanto, todas as demandas no esporte variam muito de acordo com
o momento e a dinâmica atual, o que exige flexibilidade para identificação e atendimento
quanto a tais demandas, de acordo com Andreoli, Oliveira e Fonteles (2020).
107
Com isso, verifica-se, por exemplo, que fatores intrínsecos e extrínsecos
exercem influência direta para moldar o atleta e, consequentemente, seu desempenho.
Exatamente por isso, estima-se que uma equipe multidisciplinar se faz importante
no manejo de atleta, visando a condições plenas para prática esportiva em níveis
seguros e maiores oportunidades quanto às conquistas adquiridas ao longo da carreira,
sobretudo, em se tratando de atletas profissionais, que dependem de tais resultados
para se destacar na carreira, conforme Lopes et al. (2019).
108
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
109
AUTOATIVIDADE
1 A atuação interdisciplinar no manejo do atleta se faz importante por viabilizar
condições plenas, a partir de uma visão holística suficiente para resolução de lacunas
complexas, que, uma vez comprometidas, tendem a comprometer o desempenho
esportivo e expor ao risco de lesões musculoesqueléticas. Assim, no que se refere ao
papel de cada profissão na equipe esportiva, assinale a alternativa CORRETA:
111
112
UNIDADE 2 TÓPICO 3 —
CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA NA
PREVENÇÃO DE LESÕES ESPORTIVAS
1 INTRODUÇÃO
O termo “lesões esportivas” é comumente abordado e estudado quando se
trata da Fisioterapia Esportiva, e não diferente, a prevenção de tais lesões também o
é em contextos científicos e de campo. Portanto, uma breve contextualização se faz
necessária antes de adentrarmos esse tema.
113
Todos os fatores mencionados influenciam o surgimento de lesões esportivas
e, por isso, estima-se que sejam controlados. Além disso, muitas lesões no esporte
ocorrem por desgaste crônico e por lacerações, os quais decorrem da realização de
movimentos repetitivos. Os fatores causais das lesões são mais bem detalhados no
quadro apresentado a seguir:
Fatores Características
Em geral, caracteriza-se por atletas que não permitem recuperação
Métodos inadequados no corporal adequada após realização intensa de exercícios. Outros
treinamento exemplos incluem a utilização de superfícies, roupas e calçados
inadequados.
Alteram a biomecánica corporal, sobrecarregando segmentos
corporais em detrimento de segmentos incapazes de realizarem
sua função. Exemplos incluem membros de diferentes tamanhos,
Anormalidades estruturais
escoliose, joelho valgo ou varo. Nestes casos, problemas estruturais
comprometem a produção de movimento e aumentam o risco de
lesões esportivas.
Músculos, tendões, ligamentos e até mesmo ossos sofrem
processo de laceração (ruptura) sempre que expostos a forças
superiores à sua capacidade intrínseca, por isso, o preparo físico
Desequilíbrio muscular prévio é fundamental para prevenir o surgimento de lesões. Além
disso, a fraqueza generalizada aumenta o impacto articular,
tornando mais prováveis as lesões por desgaste, bem como os
ossos enfraquecidos podem fraturar com maior facilidade.
FONTE: a autora
114
2.1 PAPEL DA FISIOTERAPIA NO MANEJO DO ATLETA
Ao longo de todo contexto histórico, desde o início da profissão, o papel da
Fisioterapia dentro da equipe esportiva era baseado em reabilitar e prevenir lesões
no esporte. Só mais tarde, com o aperfeiçoamento e melhor entendimento do papel
do fisioterapeuta em toda a sua abrangência, é que condutas voltadas a otimizar o
rendimento, avaliar o comportamento cinético-funcional e acelerar a recuperação após
o exercício também foram implementadas nas rotinas fisioterapêuticas de campo, de
acordo com Lopes et al. (2019).
115
Ademais, também compete ao fisioterapeuta esportivo a aplicação de técnicas
de recuperação pós-exercício, no âmbito de acelerar e auxiliar o organismo a restaurar
suas funções basais anteriores ao esforço e, com isso, tornar o atleta recuperado em
menor tempo para continuar a prática esportiva. Com isso, vale destacar que atletas
de alto rendimento realizam, muitas vezes, demanda de treinamento acima de níveis
considerados saudáveis, o que gera elevado padrão de estresse metabólico associado
à realização de movimentos que podem extrapolar as barreiras fisiológicas, gerando
importantes alterações musculoesqueléticas, que devem ser devidamente identificadas
e tratadas pela intervenção fisioterapêutica, conforme Oliveira et al. (2013).
Modalidade
Lesões esportivas comuns
esportiva
As lesões mais frequentes reportadas são do tipo de lesão muscular. Em re-
Futebol lação ao local anatômico, as regiões mais acometidas são: isquiotibiais (37%),
adutores (23%), quadríceps femoral (19%), tríceps sural (13%).
Voleibol O tipo de lesão mais frequente é a entorse de tornozelo.
Lesão mais frequente é a distensão ligamentar nas regiões anatômicas do
Basquete
tornozelo, pé e joelho.
Em provas de velocidade, as lesões mais frequentes são do tipo muscular, sen-
Atletismo
do a maioria localizada na região da coxa posterior e anterior, respectivamente.
O tipo de lesão mais frequente é a tendinopatia, mais comum а na região do
Natação
ombro.
FONTE: a autora
116
2.2.1 Estabilização central
O exercício de fortalecimento dos músculos localizados na região central do corpo
humano recebe o nome de “estabilização central”, sendo responsável pela promoção
da condição preventiva e terapêutica, pois o desenvolvimento do controle muscular é
fundamental para a manutenção da estabilidade necessária ao desempenho funcional,
além de reduzir a incidência de lesões e desconfortos na região do complexo lombo pélvico.
2.2.2 Alongamento
Conceitualmente, o alongamento corresponde a um tipo de exercício físico
realizado para o ganho e manutenção de flexibilidade dos músculos. Assim, essa
técnica promove estiramento das fibras musculares envolvidas e, quando executado
corretamente, respeitando os princípios do treinamento, pode resultar em ganho da
amplitude de movimento, melhorando a flexibilidade e, por isso, favorecendo boas
condições para melhorar a performance em diferentes tipos de atividades físicas.
117
2.2.3 Aquecimento
O aquecimento constitui uma técnica geralmente aplicada instantes antes da
prática esportiva ou da realização de exercícios físicos diversos. O intuito do aquecimento é
elevar gradualmente a intensidade da atividade física e preparar os sistemas corporais
ao exercício mais intenso, realizado na sequência, gerando, inclusive, elevação da
temperatura corporal.
118
2.2.5 Propriocepção
A propriocepção, também conhecida como cinestesia, define-se como sendo
a informação de origem postural que é enviada ao sistema nervoso central (SNC) por
milhares de receptores localizados nos músculos, tendões, ligamentos, articulações ou,
ainda, tecido tegumentar.
119
IMPORTANTE
As intervenções preventivas sugeridas para esportes
específicos aqui apresentadas representam apenas uma
síntese geral de informações identificadas em literatura. Você
pode se respaldar nelas quando for o caso; no entanto, em
casos de modalidades esportivas ou técnicas não mencionadas,
é importante que você busque informações disponíveis na
literatura que abordem a temática que você precisa, a fim de
se basear em informações e contextos que se enquadrem
na sua realidade clínica momentânea. Além disso, lembre-se
de que não existe receita de bolo em se tratando de saúde.
Cada paciente é único e deve ser considerado tendo conduta
prescrita individual, de acordo com as lacunas observadas.
Por sua vez, o alongamento representa uma manobra terapêutica usada para
elevar a flexibilidade e, com isso, o grau de mobilidade articular dos tecidos moles. Existem
diferentes tipos de alongamentos:
• Alongamento estático.
• Alongamento balístico.
• Alongamento por facilitação neuromuscular proprioceptiva.
120
A partir do exposto, é notória a importância que as práticas de aquecimento
e alongamento desempenham no manejo do atleta, visto que cada uma delas denota
objetivos particulares importantes à saúde do atleta de um modo geral. Por isso, a seguir,
serão detalhadas características da relevância de tais condutas implementadas à rotina
da Fisioterapia Esportiva. Acompanhe!
Por sua vez, a flexibilidade, conforme citado, se refere a uma capacidade física
relacionada à realização voluntária de determinado movimento em sua máxima amplitude
angular que, em algumas articulações, se mostra inclusive superior às amplitudes
fisiológicas, ainda que dentre de limites morfológicos. Assim, treinos de flexibilidade
submetem o músculo a elevadas amplitudes de movimento, o que deve ser supervisionado
para evitar riscos de potenciais distensões musculares. Logo, compreende-se que
exercícios de alongamentos são realizados para melhorar níveis de flexibilidade.
121
Quanto aos efeitos do alongamento, eles são divididos entre efeitos agudos
e efeitos crônicos. Sobre os primeiros, também chamados de efeitos imediatos, os
resultados são provenientes da flexibilidade em constituintes elásticos observados na
unidade musculotendínea. Por sua vez, os segundos contemplam desfechos oriundos
de remodelamento de adaptação quanto à estrutura muscular, que é justificado pelo
aumento na quantidade de sarcômeros em série, implicando maior comprimento da fibra
muscular. Tais efeitos crônicos se mantêm mesmo após algum período de interrupção
dos exercícios e, por isso, recebem tal nome.
122
No entanto, nesse caso, a resposta enviada se contradiz àquela verificada a
partir da sensibilização do fuso, ocorrendo processo de inibição na contração muscular
agonista ao mesmo tempo em que é estimulada a contração muscular antagonista
do movimento produzido, sempre que a tensão muscular denotar níveis críticos. Esse
mecanismo de ação recebe o nome de reflexo tendinoso.
1 INTRODUÇÃO
125
pois, em um programa bem elaborado e em conjunto com avaliações de força, potência e
resistência dos músculos, o esportista vai apresentar melhor desempenho, aumentando
a eficiência muscular, evidência de possíveis fatores de risco a danos e diminui índices
de lesões e recidiva de lesões. Para que a prevenção ocorra, é necessário destacar as
características do esporte, evidenciando as lesões mais frequentes na modalidade e a
individualidade de cada atleta.
2 MATERIAL E MÉTODOS
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
126
A prática esportiva tem ganhado muitos adeptos, e, com isso, as incidências de
lesões também se apresenta elevada. As causas variam entre a falta de preparo físico
e a falta de orientação no desenvolvimento do esporte. As lesões ocorrem de forma
interligada entre o atleta e o esporte praticado. Qualquer esporte gera sobrecarga num
determinado ponto do corpo humano. A Fisioterapia deve desempenhar um papel mais
ágil para que o indivíduo recobre todas as funções musculoesqueléticas no máximo de
potência e perfeita execução em todos os movimentos. Além disso, há cobranças por
parte da equipe técnica, fornecedores de patrocínio, diretoria e, principalmente, do atleta
(HAUGEN et al., 2016).
127
A busca por prevenção e tratamento de lesões esportivas vem sendo a principal
preocupação dos praticantes de esporte. Estima-se que mais de 10.000 indivíduos por
dia procuram assistência médica, alegando lesões posteriores à prática de esportes,
recreações ou exercícios (SILFIES et al., 2015). Durante a prática esportiva, a necessidade
de ativações musculares de forma sinérgica é necessária, com o objetivo de controle
e estabilização do corpo durante o desempenho esportivo. Os músculos centrais
promovem a capacidade de o atleta ter o melhor rendimento sem promover estresses
durante a prática que levam à dor (VAN DEN TILLAAR; SAETERBAKKEN, 2018). Segundo
Zandi et al. (2018), o programa de exercícios do core se tornou parte do treinamento e
da reabilitação de atletas. Para McGill (2010), esses exercícios foram estabelecidos como
ferramenta importante para melhorar o desempenho e ajudar no processo de reabilitação
e prevenção de lesões musculoesquelética e possuem, como função primordial, a
busca por estabilidade (JOYCE; KOTLER, 2017). A estabilidade é a capacidade de limitar
o movimento de forma a manter as estruturas íntegras (PAVIN; GONÇALVES, 2010). É,
também, a competência do corpo de permanecer em uma posição relativamente neutra
durante os movimentos estáticos e ativos, evitando lesões em estruturas locais (STUBER et
al., 2014; WANG et al., 2012).
128
A aplicação dos exercícios do core devem ser realizadas em etapas
(FREDERICSON; MOORE, 2005). Essas etapas vão desde a aprendizagem do isolamento
da contração muscular até a incorporação da contração muscular durante as atividades
de vida diária (WILLSON et al., 2005). O modelo de exercícios de estabilização visa
a necessidade da atividade muscular para promover controle e estabilidade, bem
como, restringir movimentos que possa promover lesão. Além do mais, estudos
apontam que falhas desprovidas de músculo podem favorecer a cargas compressiva
e consequentemente risco a lesões na coluna e em membros (VAN DEN TILLAAR,
SAETERBAKKEN, 2018). Diante disso, as estratégias visam restaurar o controle dos
músculos do tronco e, consequentemente, melhorar o controle da coluna vertebral e
pelve, bem como restaurar a capacidade quando a força e resistência dos músculos do
tronco para atender às demandas de controle (HODGES, 2003).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
129
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
130
AUTOATIVIDADE
1 Durante a prática esportiva, segmentos articulares específicos são solicitados em
extenuantes ações mecânicas. A dor crônica no atleta, muitas vezes, pode ser atribuída à
atividade específica do esporte e, também, a alterações na força, flexibilidade e postura,
não só na articulação envolvida, mas em outros elos da cadeia cinética. Neste cenário,
intervenções preventivas são importantes, a fim de reduzir a incidência de tais lesões.
Sobre exemplos de tais práticas, assinale a alternativa CORRETA:
2 Nota-se que a prática esportiva demanda segmentos articulares específicos, que são
solicitados em extenuantes ações mecânicas. Sobre esse tema, analise as sentenças
a seguir:
131
( ) Os gestos esportivos determinam, em sua maioria, a incidência de lesões
musculoesqueléticas específicas, de acordo com o tipo de exigência requerida em
cada esporte.
( ) Em casos de lesões, o exercício contribui no processo de cicatrização por promover
tensão no tecido, desde que a mobilização seja realizada na amplitude articular
máxima.
( ) O atendimento fisioterapêutico se torna necessário apenas para atletas com lesões
ou àqueles que pratiquem esportes intensos, responsáveis por exigir alta demanda
metabólica, como lutas e atletismo.
132
REFERÊNCIAS
ANDREOLI, M. A.; OLIVEIRA, T. C. de; FONTELES, D. S. R. Um panorama das
intervenções comportamentais para tratar estresse e ansiedade em atletas: revisão
bibliográfica. Cad. Pós-Grad. Distúrb. Desenvolv., v. 20, n. 1, 2020.
KONS, R. L. et al. Injuries in judo athletes with disabilities: prevalence, magnitude, and
sport-related mechanisms. J Sport Rehabil. v.31, n.7, p.904-910, 2022.
LOPES, J. S. S. al. Test-retest reliability of knee extensors endurance test with elastic
resistance. PLoS One., v. 13, n. 8, p.e0203259, 2018.
133
SANTOS, W.J.R.; GOSSER, E.H.S; VESPASIAN, B.S. O fortalecimento da musculatura
do core na prevenção de lesões em atletas de alto nível. Revista Saúde UniToledo
- Araçatuba, SP, v. 3, n. 2, p. 02-12, dez. 2019.
134
UNIDADE 3 —
FISIOTERAPIA NA
REABILITAÇÃO DAS LESÕES
ESPORTIVAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
135
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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136
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS
PARA LESÕES ESPORTIVAS
DA COLUNA VERTEBRAL
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos as estruturas da coluna vertebral, regiões
da cervical, torácica e lombar. Entenderemos a inervação da medula e, a partir disso,
abordaremos como deve ser a avaliação da coluna em relação às lesões que atingem as
regiões da cervical, torácica ou lombar, englobando também as deformidades presentes
nesse segmento.
137
2 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL
A estrutura da coluna vertebral é bastante complexa, sendo composta por um
conjunto de 33 ossos, as conhecidas vértebras, que se dividem em três regiões distintas:
a coluna cervical, a torácica e a lombar. Essas regiões se conectam na parte inferior, a
região do sacro, e terminam em um osso classificado como caudal, o cóccix. A coluna
apresenta algumas curvaturas chamadas de fisiológicas, que servem para que possa
suportar cargas e como uma forma de proteção contra traumas possivelmente impostos
sobre ela (PRENTICE, 2012).
IMPORTANTE
As vértebras da coluna se desenvolvem ainda no período embrionário,
inicialmente, de forma cartilaginosa, depois são transformadas em
ossos. Já ao nascimento, as últimas vértebras sacrais e as coccígeas
ainda podem se apresentar inteiramente cartilaginosas, ossificando-
se na infância (NATOUR, 2004).
A coluna pode ser vista como um projeto de engenharia perfeito, em que várias
estruturas estão empilhadas. As vértebras estão sobre o sacro em sua região superior e
trazem um ponto de equilíbrio para o crânio, sendo totalmente conectadas por meio de
ligamentos, músculos e tendões. As áreas com maior mobilidade são as que normalmente
são acometidas por lesões, especialmente as articulações acima da ligação da região
torácica com as costelas e a união da região lombar com a região sacral. Uma coluna
fraca afeta a postura e o equilíbrio, podendo desenvolver compensações, influenciando,
também, na mobilidade dos membros (KEIL, 2014).
138
muscular e maiores amplitudes de movimento articular, exigindo do corpo um resultado
acima do nível considerado fisiológico. Para suportar as grandes mudanças que são
impostas ao organismo, o atleta precisa estar preparado para suportar todas as forças
impostas (FRANCA; FERNANDES; CORTEZ, 2004).
139
A coluna lombar é comumente acometida por dor, sendo uma das maiores
causas de incapacidade, mas não sendo caracterizada como doença grave. Em geral,
dores podem ser causadas por sobrecarga na região ou por distensões provocadas na
realização de atividades da vida diária, especialmente nas posições em pé, sentado e
deitado, seja no trabalho ou em exercícios físicos. Posturas inadequadas também acabam
por produzir o quadro de lombalgia (PRENTICE, 2012).
2.1.1 Biomecânica
As anormalidades biomecânicas – como alteração na flexibilidade do tronco,
diminuição de amplitude de movimento, diminuição de força dos músculos da região da
coluna, extensores de coluna e redução de força da musculatura abdominal – alteram o
alinhamento postural e, como consequência, podem surgir dores na coluna, em especial
na região lombar (PRENTICE, 2012). Algumas considerações biomecânicas, como o ângulo Q
do joelho, a posição do pé, a mecânica ao subir e descer degraus, hipermobilidade articular
e postura assumida na realização das atividades de vida diária devem ser verificadas em
uma avaliação minuciosa da coluna cervical, torácica e lombar (KEIL, 2014).
INTERESSANTE
A fisiologia do exercício estuda as adaptações que o organismo
sofre de forma aguda e crônica, quando submetido ao exercício
físico, e avalia como o organismo se adapta em relação ao sistema
cardiovascular e musculoesquelético.
141
Existem diversas forças que atuam sobre a região da coluna vertebral, como o
peso corporal, a tensão imposta aos ligamentos vertebrais, o aumento da pressão intra-
abdominal e cargas externas que podem ser impostas sobre ela. Na posição ereta, o peso
corporal impõe uma carga axial sobre a coluna, e se a pessoa ainda estiver com algum
peso sobre as mãos, existe uma tensão sobre os músculos e ligamentos, o que aumenta
a compressão vertebral. O centro de gravidade é posicionado anteriormente à coluna,
fazendo com que ela tenha um momento de curvatura para frente, o que é balanceado pelo
torque de contração dos músculos extensores da coluna (HALL, 2020).
IMPORTANTE
As lesões mais comuns que atingem atletas são as entorses e as
lesões musculares. No Brasil, estudos apontam para as entorses de
joelho e tornozelo, lombalgia e lesões musculares, tudo dependendo
do esporte praticado e do nível de exigência da competição (ARENA;
CARAZZATO, 2007).
Dentre as lesões que acometem a coluna vertebral de atletas, são mais comuns
as instabilidades de coluna cervical, problemas de tetraparesia transitória, apofisite na
região entre coluna torácica e lombar, espondilólise traumática e, especialmente, fraturas,
sendo as mais comuns as do arco vertebral. As lesões geralmente são causadas por
movimentos bruscos de flexão, extensão, torção, cisalhamento ou pequenos traumas
que acometem a coluna de forma repetitiva, podendo essas forças serem combinadas e
causarem lesão associada com lesões de partes moles (JUNIOR et al., 1999).
142
em alguns casos, apresenta irradiação para outras partes. Geralmente, o paciente que
apresenta hiperlordose pode ter o diagnóstico da condição confirmado pelo exame de
ressonância magnética ou com tomografia computadorizada (BARBOSA; SILVA, 2021).
A coluna ainda pode ser acometida pelo quadro de distensão muscular quando
ocorre um alongamento ou ruptura dos músculos ou tendões. Isso ocorre frequentemente
em esportes nos quais é comum o levantamento de peso, movimentos abruptos, quedas
ou colisões entre atletas e atividades que exigem contração dos músculos do dorso. O
local mais frequentemente atingido é a região lombar, trazendo como sinais e sintomas a
algia à movimentação e, em casos mais graves, a perda de movimentos da coluna, rigidez
no dorso, formigamento e alteração de sensibilidade (WALKER, 2011).
As lesões na coluna vertebral podem não ser compatíveis com a vida, princi-
palmente quando acometem a região cervical e se a lesão envolver a região da medula
espinal. Por esse motivo, a fisioterapia esportiva é muito importante como prevenção de
lesões em potencial.
143
2.3 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NAS LESÕES DE
COLUNA
Na avaliação do paciente, é importante verificar dados que determinem seu
prognóstico para que haja uma hipótese de diagnóstico e seja elencado o tratamento.
A história da doença atual permite identificar quando a dor do paciente começou, qual foi o
mecanismo de lesão. Para isso, pode ser usado um mapa corporal (body chart) que pode
ser feito pelo fisioterapeuta ou pelo paciente, em que são marcadas as partes do corpo
que apresentam o quadro de dor, isso demonstrará se a dor tem um local específico,
se é irradiada ou generalizada, permitindo verificar não apenas o tipo de dor, mas a
intensidade, profundidade, frequência e se existem sinais de parestesia (BARBOSA;
SILVA, 2021).
É importante compreender que, quando o corpo é atingido por uma lesão, ele
a cicatriza em determinado ritmo, então, a fisioterapia pode auxiliar nesse processo por
meio de recursos térmicos, elétricos, mecânicos ou luminosos, tentando fornecer ao
corpo um ambiente ideal para que essa cicatrização ocorra. As condições ao processo
cicatricial precisam ser compostas de proteção da área contra perturbações adicionais
e de restauração da função tecidual da forma mais precoce possível. A aplicação de
recursos terapêuticos deve ser adequada para que não obstrua ou retroceda o processo
de cicatrização (STARKEY, 2017).
144
A fisioterapia desportiva possui um trabalho distinto, pois, normalmente,
necessita trabalhar com atleta de forma mais rápida e com intervenções efetivas diante
da necessidade de um retorno o mais precocemente possível do atleta às suas funções,
exigindo do corpo, músculos, ossos e articulações o máximo de eficiência em relação
à amplitude de movimento e à potência na realização de todos os gestos esportivos
(RODRIGUES, 1996).
NOTA
A especialidade de Fisioterapia Desportiva é reconhecida pela
Resolução nº 337, de 08 de novembro de 2007, pelo Conselho
Federal e Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITTO).
145
dos ombros, presença de qualquer espasmo muscular ou de assimetrias, expressões
faciais feitas pelo paciente, verificação de tecidos moles e contornos ósseos, presença de
alguma área com isquemia e avaliação da postura em diversas posições, sentado, em
pé e durante o movimento (MAGGE, 2010).
146
A facilitação neuromuscular proprioceptiva pode ser usada como forma de
alongamento, com o objetivo de melhorar a flexibilidade, usando as diversas formas de
aplicação da técnica, como manter-relaxar, contrair-relaxar ou um combinado de formas
de contração muscular e relaxamento aplicadas de forma alternada entre a musculatura
agonista e antagonista, sempre com objetivo de aumentar a amplitude de movimento
com o auxílio da orientação do fisioterapeuta (PRENTICE, 2012).
147
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Principais lesões esportivas que acometem a coluna vertebral, tais como instabilidade
da coluna e quadro de espondilólise, as quais são causadas por movimentos
repetitivos, alterações posturais ou existentes na biomecânica da coluna espinal, que
levam à maior incidência de lesões de coluna.
148
AUTOATIVIDADE
1 Com base no estudo da anatomia da coluna vertebral e das características
apresentadas pelas regiões cervical, torácica e lombar, é possível verificar um grande
risco de que, durante a prática de uma atividade esportiva, ocorra uma lesão nesse
segmento corporal, como um escorregamento da vértebra sobre a adjacente, com
maior incidência na região lombar, especificamente em L5. Assinale a alternativa
CORRETA que contém o nome dessa condição descrita:
a) ( ) Espondilolistese.
b) ( ) Espondilite.
c) ( ) Espondilólise.
d) ( ) Espondiloma.
149
( ) A facilitação neuromuscular proprioceptiva pode ser usada para alongar o atleta,
melhorando sua flexibilidade e prevenindo lesões.
( ) O fortalecimento muscular do atleta é importante somente para melhorar o seu
desempenho na competição, não prevenindo que ele se lesione.
( ) No atendimento ao atleta, é importante a avaliação desde o momento que ele chega
ao consultório para averiguar, por exemplo, a presença de desvios posturais.
150
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —
TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA
LESÕES ESPORTIVAS DO QUADRIL
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos as lesões esportivas que acometem o
quadril de atletas. As regiões de quadril e pelve são sujeitas a alguns tipos de traumas
relacionados a algumas atividades esportivas, mas com menor incidência quando
comparado a outras regiões, como joelho, tornozelo e punho. As lesões que acometem
o quadril podem ter diversas causas, como traumas diretos sobre a região, impactos
em membros inferiores que possam gerar uma força sobre a estrutura do quadril,
dentre outras, além dos sinais e sintomas sofrerem variação conforme a localização e a
gravidade da lesão.
O quadril é caracterizado por ter uma grande estabilidade, visto que, na região,
perpassam muitos ligamentos, músculos e cápsulas que conferem à região uma grande
resistência, apesar da grande mobilidade necessária à deambulação, às atividades de
vida diária e da grande descarga de peso que é imposta aos membros inferiores.
Apesar de ser uma estrutura bastante rígida e composta por ossos, músculos e
ligamentos que precisam suportar o peso corporal, o quadril do atleta pode sofrer lesões
que, muitas vezes, o afastará das competições de forma definitiva, por serem lesões
incapacitantes.
2 ANATOMIA DO QUADRIL
A articulação do quadril é considerada uma das mais estáveis do corpo devido
à presença de ligamentos importantes na região. Além da cápsula articular e uma
musculatura importante, a região possui uma grande mobilidade, o que a torna muito
suscetível a lesões, especialmente em momentos de contração dinâmica que produzem
uma grande potência no local.
151
Atividades como salto e corrida utilizam muito a musculatura dessa região,
promovendo um trabalho conjunto entre a pelve, o quadril, ligamentos e cápsula
articular, para que haja estabilidade aos membros inferiores. Devido ao fato de a
produção de força dinâmica e estabilização aplicarem uma sobrecarga nos músculos,
articulações e ligamentos da região do quadril, essa área fica mais suscetível a sofrer
lesões (PRENTICE, 2012).
IMPORTANTE
Quando ocorrem alterações a nível do quadril, em geral, a mobilidade
do atleta também fica alterada. É muito importante a avaliação da
mobilidade articular por meio da goniometria, identificando os
movimentos de flexão e extensão, adução e abdução e rotações
interna e externa.
O quadril possui uma cápsula articular fibrosa forte que recobre toda a articulação, a
qual é reforçada por três ligamentos. O mais importante deles é o iliofemoral, que reforça a
parte anterior da cápsula. Os três ligamentos se fixam na margem do acetábulo e cruzam
a articulação do quadril em espiral, fixando-se no colo do fêmur. Essa conformação limita
o movimento de hiperextensão do quadril, permitindo o movimento completo de flexão
no sentido oposto, portanto, os ligamentos se tensionam na hiperextensão e relaxam
na flexão. Essas conformações permitem que fiquemos na posição ortostática sem usar
qualquer músculo, sendo sustentados, basicamente, pelos ligamentos iliofemorais direito e
esquerdo (LIPPERT, 2018).
2.1 BIOMECÂNICA
O quadril e a pelve transmitem cargas dos pés para a coluna e da coluna aos
pés, sendo a pelve constituída por um anel ósseo dividido em lados direito e esquerdo
(íleo, ísquio e púbis), ligados aos ossos do sacro e do cóccix. A pelve fornece suporte
à coluna e ao tronco distribuindo o peso aos membros inferiores e ligando o tronco à
musculatura da coxa. Ela possui articulações ligadas entre si por fortes ligamentos e
uma cápsula articular que é composta por uma estrutura fibrosa. Ainda, na região estão
presentes os grupos musculares anterior e posterior, sendo a articulação do quadril
estável intrinsecamente pelo formato bola e soquete da articulação (PRENTICE, 2012).
152
FIGURA 2 – OSSOS DO QUADRIL
O quadril possui uma posição aberta quando está em trinta graus de flexão,
trinta graus de abdução e discreta rotação lateral, sendo que, quando se encontra dessa
forma, é possível um movimento máximo da superfície articular. Essa articulação tem
formato côncavo-convexo, em que a cabeça do fêmur desliza no sentido oposto da
extremidade distal do osso. A articulação do quadril é composta pelo osso do quadril e
pelo osso fêmur, nesse contexto, o do quadril possui um formato irregular promovido
pela fusão de três ossos que ocorre na vida adulta (LIPPERT, 2018).
153
As estruturas da região do quadril e pelve mais acometidas por lesões no esporte
são os músculos e os tendões, responsáveis pela realização dos movimentos na região,
visto que a maioria dos músculos têm sua origem localizada na região da pelve ou do
fêmur, ou servem de inserção para outros músculos, como os abdominais, glúteos, dentre
outros. As inserções musculares em uma pequena área fazem com que, em caso de lesão,
ocorra uma incapacidade considerável ao atleta, dificultando, inclusive, o seu diagnóstico
(PRENTICE, 2012).
ATENÇÃO
A propriocepção, juntamente com um funcionamento muscular
adequado, auxilia na estabilidade articular, especialmente no
movimento. As lesões ortopédicas podem prejudicar esse
mecanismo. Dessa forma, é importante a fisioterapia trabalhar a
propriocepção e o equilíbrio do atleta na reabilitação.
As lesões podem ser provocadas tanto por fatores externos quanto internos. Os
externos podem ser um treinamento sem respeito à intensidade, frequência e duração
adequadas, local de treino inadequado – como areia, asfalto, grama, com terreno
irregular – ou, ainda, por uma alimentação desequilibrada do atleta sem fornecimento
energético adequado e prática de mais de uma atividade física ao mesmo tempo. Já
os fatores internos estão relacionados a alterações anatômicas ou na biomecânica
corporal, à flexibilidade, a lesões anteriores, ao condicionamento físico do atleta, como
peso, altura e índice de massa corporal, e até à qualidade do tecido ósseo, ou seja,
densidade óssea, além do condicionamento cardiovascular (PILEGGI et al., 2010).
154
A atividade esportiva pode causar uma lesão em nível de crista ilíaca, sendo que
a contusão pode acometer concomitantemente a musculatura que está sobre a crista.
Geralmente, o mecanismo lesivo ocorre por golpe direto, como em esportes de contato.
Casos mais graves podem provocar uma grande lesão óssea, fissuras ou fratura no local,
podendo envolver a musculatura flexora de quadril, bem como a musculatura de região
abdominal. Pode, também, ser afetada a musculatura rotadora do quadril, causando dor
em qualquer movimento, inclusive na sustentação de peso (WALKER, 2011).
155
A termografia é um recurso não invasivo e pode ser usada na avaliação em
fisioterapia esportiva, pois demonstra, por meio de imagens térmicas infravermelhas, a
vascularização tecidual por meio da temperatura apresentada na pele. Isso pode auxiliar
na detecção de alterações de temperatura pós-treino ou competições. Ela também
mostra áreas que apresentam um processo inflamatório agudo e que possam influenciar
no desempenho do atleta (JUNIORI, 2021).
Pode também ser realizada a medida do desfecho que é referida pelo paciente,
conhecida como PROMs, originada da nomenclatura em inglês Patient Reported
Outcome Measures. Essa medida permite avaliar os sintomas, estado funcional e
fatores psicossociais que o paciente relatar em relação à sua saúde e pode ser usada
para gerenciamento clínico do paciente. No esporte, o fisioterapeuta usa os PROMs
como forma de monitorar diariamente o atleta, podendo identificar fatores que alterem o
seu desempenho nas competições e dando oportunidade ao atleta de participar da sua
recuperação ao longo do processo terapêutico (JUNIORI, 2021).
Nos atletas que apresentam o quadro de pubalgia, a fisioterapia pode atuar com
técnicas eletroterápicas para alívio da dor ou, ainda, a crioterapia, além de trabalhar
os músculos estabilizadores da região pélvica, melhorando sua flexibilidade, equilibrar
a força muscular da região e fazer mobilização da região, trabalhando, em especial,
na região da articulação sacroilíaca. Ao retornar ao esporte, é importante um calçado
adequado que diminua o impacto e uma propriocepção adequada (QUEIROZ et al., 2014).
156
Nos casos em que há distensão de flexores do quadril, é muito importante a
interrupção de atividades que agravem o quadro de distensão dos músculos e pode
ser aplicado gelo de 48 a 72 horas. Também podem ser usadas técnicas com ação anti-
inflamatória e técnicas de aquecimento e massoterapia para melhorar a cicatrização
e o fluxo sanguíneo no local. Após esse período, é muito importante o condicionamento
como forma de reabilitação para que não ocorra novas distensões da musculatura. Para
isso, deve ser trabalhado alongamento da musculatura flexora do quadril, abdominais,
quadríceps, dentre outros, para que seja diminuído o estresse sobre o local, ou quando forças
inesperadas são impostas sobre o local, para que não ocorra recidiva (WALKER, 2011).
157
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Principais lesões esportivas que acometem o quadril, tais como pubalgia e distensões
musculares, quais mecanismos levam ao surgimento dessas lesões e como deve ser
a avaliação da fisioterapia desde o pré-atendimento por meio do gesto esportivo do
atleta.
158
AUTOATIVIDADE
1 Com base no estudo da anatomia do quadril, compreende-se que pode ocorrer um
quadro inflamatório causado por desequilíbrio entre a musculatura anterior do tronco e
adutora do quadril. Além disso, em atividades esportivas em que ocorre sobrecarga
de movimentos repetitivos sobre a região do quadril, pode ser desenvolvida uma
força de cisalhamento na região, gerando um quadro de desequilíbrio e instabilidade
local. Assim, assinale a alternativa CORRETA que apresenta o nome dessa condição:
a) ( ) Distensão muscular.
b) ( ) Artrite.
c) ( ) Pubalgia.
d) ( ) Artrose.
3 A fisioterapia esportiva atua nos quadros de lesões esportivas do quadril, podendo ser
citados a pubalgia, a distensão muscular, o quadro de dores musculares causados
por esforço repetitivo da musculatura envolvida no equilíbrio pélvico e a verificação
de alterações posturais que possam levar ao risco de lesão durante a prática de
atividade esportiva. Com relação às lesões de quadril que acometem os atletas nas
competições, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
159
( ) Quando ocorre distensão dos músculos flexores de quadril, as atividades devem ser
interrompidas.
( ) Quando ocorre a distensão dos músculos flexores de quadril, pode ser aplicado gelo
de 48 a 72 horas.
( ) Quando ocorre a distensão dos músculos flexores do quadril, pode ser associado ao
tratamento o uso de técnicas anti-inflamatórias.
160
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —
TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS
PARA LESÕES ESPORTIVAS DO
MEMBRO SUPERIOR
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3 abordaremos as lesões esportivas que acometem os
membros superiores, como luxações e epicondilites, em geral causadas por movimentos
repetitivos ou excesso de força aplicada sobre a articulação envolvida. O ombro, devido
à grande amplitude de movimento que existe na região, acaba sendo uma região mais
suscetível a lesões.
161
2 ANATOMIA DOS MEMBROS SUPERIORES
O ombro é composto por vinte músculos, três articulações ósseas e superfícies
móveis de tecidos moles. Ele permite à mão se posicionar em, aproximadamente, dezesseis
mil posições diferentes para a realização das funções do dia a dia. Além disso, o ombro
permite uma estabilização do membro superior para que a mão possa puxar ou levantar
objetos. Para tanto, é necessária uma estabilidade estrutural, sendo que a única fixação
óssea do membro superior no tronco é a esternoclavicular (HOUGLUM; BERTOTI, 2014).
O complexo do ombro possui uma grande mobilidade, o que causa uma grande
instabilidade nessa articulação, deixando a região muito suscetível a lesões. São comuns
lesões ligadas ao esforço repetitivo, em que os ossos localizados no ombro se ligam,
estruturando uma articulação que forma um complexo entre clavícula, esterno, escápula e
úmero. Essa região tem quatro grandes articulações: esternoclavicular, acromioclavicular,
glenoumeral e escapulotorácica. A instabilidade do ombro acaba causando lesões
especialmente nas atividades esportivas que envolvem movimentos acima da cabeça,
como vôlei, lançamento de dardo, basquete, dentre outras, sendo a estabilidade dinâmica
promovida pela musculatura do manguito rotador juntamente com a cápsula articular
(PRENTICE, 2012).
162
O braço articula-se com o tronco por uma estrutura denominada cíngulo do
membro superior ou, ainda, cintura escapular. Os movimentos que ocorrem na clavícula
e na escápula permitem ao braço um apoio para que o ombro possa se movimentar.
Dessa forma, percebe-se que a escápula e a clavícula são locais importantes de inserção
muscular do complexo do membro superior (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009).
2.1 BIOMECÂNICA
Os músculos dos membros superiores têm sua origem no úmero ou na escápula
e possuem função de estender ou flexionar o cotovelo, proporcionando a estabilidade ao
punho e mão em movimentação nas mais diversas direções (MANOCCHIA, 2009).
IMPORTANTE
O excesso de contração da musculatura flexora ou extensora aplica
tensão nas regiões medial ou lateral do cotovelo por movimentos
repetitivos, o que pode desenvolver a epicondilite lateral ou medial,
também denominado cotovelo de tenista ou golfista.
163
O cotovelo é quem faz os movimentos de flexão e extensão, pronação e
supinação, e suporta constantemente as cargas nas atividades diárias, como vestir-se
e comer, chegando a aproximadamente 300 N. Essas cargas são ainda maiores no caso
de práticas esportivas, por exemplo, em um arremesso de beisebol, o cotovelo sofre uma
força em valgo de aproximadamente 64 N-m força de 1.000 N para que não ocorra luxação.
Além disso, em muitas atividades esportivas, o cotovelo funciona como articulação de
sustentação de carga (HALL, 2020).
164
especialmente na região do ombro, podendo ser acometida por lesões por excesso de
uso. As lesões, em geral, ocorrem por impacto, sobrecarga dinâmica, excesso de uso,
vulnerabilidade das estruturas, flexibilidade diminuída e desequilíbrio na musculatura
(ZATSIORSKY, 2003).
O ombro tem um papel muito importante nas atividades de vida diária, atuando em
uma cadeia cinética aberta e, algumas vezes, em uma cadeia cinética fechada. Limitações
funcionais constantemente acometem pacientes limitando movimentos, como colocar a
mão atrás da cabeça, e uma limitação na amplitude de movimento altera as atividades
funcionais de vida diária. A avaliação funcional é, de acordo com essas atividades de vida
diária, laborativas, recreacionais ou pode ser feita com tabelas de pontuação, de acordo
com medidas clínicas e funcionais, tendo algumas escalas específicas para atletas e
lesões específicas (MAGEE, 2010).
O ombro de um atleta pode ser acometido por fraturas, como de úmero e clavícula,
geralmente causadas por impacto sobre a região em esportes de contato ou, em alguns
casos, pela queda sobre o braço estendido, colisão entre dois atletas e trauma direto sobre
a clavícula. Nesses casos, normalmente o atleta apresenta dor, desenvolve-se um edema
na região e o atleta não consegue elevar o braço. Raramente pode ocorrer pneumotórax,
hemotórax ou lesão no plexo braquial (WALKER, 2011).
165
O ombro ainda pode sofrer luxação quando o atleta cai com a mão estendida ou
em casos de abdução e rotação externa do ombro. Geralmente isso ocorre devido ao
contato extremo com outro atleta ou com algum objeto mais sólido. Quando esse quadro
se faz presente, há uma dor muito forte no ombro e os músculos deltoides podem se
apresentar com contorno irregular (WALKER, 2011).
O cotovelo pode ser acometido por uma tendinite do músculo tríceps, o qual se
apresentaria com dor no movimento de extensão de cotovelo quando imposta alguma
resistência, presença de algia no local de inserção do tríceps. Ainda, no raio X podem
estar presentes esporões do olécrano, atingindo mais o sexo masculino, especialmente
esportes de alta intensidade ou trabalho manual pesado. A lesão ocorre por tração sobre
o tendão em sua inserção na região do olécrano (MCMAHON, 2008).
166
INTERESSANTE
A força dispensada pelo braço ao realizar um arremesso ou uma
“cortada” no vôlei, por exemplo, leva ao risco de lesões, sendo
necessária a avaliação da alavanca de movimento do membro para
otimizar esse desempenho e minimizar risco de lesão.
167
A força muscular no processo de recuperação pode ser trabalhada de forma
isométrica, concêntrica ou excêntrica, sendo a isométrica a melhor opção quando
ainda não for permitida uma amplitude de movimento maior. Também pode ser usada a
terapia manual para relaxar a musculatura, o que melhora o posicionamento das faces
articulares e promove a tração, melhorando a dor de forma temporária e facilitando a
mobilização local (VASCONCELOS et al., 2021).
Como exemplo dessa etapa, pode ser citado o teste de esforço de Norwood,
em que o fisioterapeuta palpa a cabeça do úmero e movimenta o braço do paciente,
testando a mobilidade do braço e riscos de luxação. O teste resultará positivo quando
a cabeça do úmero se deslocar posteriormente no quadro de subluxação. As técnicas
fisioterapêuticas são diversas, podendo ser usado: terapia miofascial, ultrassom pulsado,
exercícios resistidos com o elástico terapêutico, dentre outras (VASCONCELOS et al.,
2021).
INTERESSANTE
Ao avaliar a funcionalidade do membro superior, existem testes bem
específicos, como o teste de queda da bola, que avalia a resistência
do complexo do ombro, sua capacidade de se mover rapidamente e
a estabilidade sua dinâmica (STOCCO, 2021).
168
FIGURA 5 – TESTE DE ARREMESSO DA BOLA NA POSIÇÃO SENTADA
A dor apresentada pelo atleta pode ser avaliada de diversas formas, como pela
escala visual analógica, que é composta de uma linha horizontal ou vertical. Ao longo
da escala, são colocados descritores como: “sem dor” e “pior dor imaginável”. Nela, o
paciente avaliado coloca uma marca no local que indica a dor que está experimentando.
Existem variações dela para a avaliação da dor, como a escala estimativa numérica e a
escala faces. A maioria das escalas usa um sistema de 11 pontos de 0 a 10, sendo que a
escala faces usa desenhos com expressões, parecidos com emoticons, para comunicar a
sensação de dor (STARKEY, 2017).
169
exceda duas horas, além de as superfícies do solo onde acontece o jogo sejam macias.
O tratamento visa aliviar a dor, reduzir o quadro inflamatório e fortalecer a musculatura
extensora. Deve haver afastamento da atividade esportiva que está desencadeando o
quadro e, ainda, pode ser indicada uma órtese para distribuir as forças sobre as massas dos
músculos extensores. A epicondilite medial é tratada com repouso, gelo, órteses e, em
alguns casos, é possível o trabalho com eletroestimulação (MCMAHON, 2008).
O tempo em que ocorreu a lesão também é muito importante para que seja
respeitado o tempo total de reparo tecidual, dessa forma, o atleta só deve voltar às
competições quando a amplitude de movimento estiver recuperada ou próxima do
fisiológico. A força, a potência e a resistência muscular devem estar recuperadas, o
controle neuromuscular deve estar restabelecido e o sistema cardiorrespiratório deve
estar condicionado para um retorno satisfatório às exigências impostas pelos treinos e
pelas competições esportivas, além de outros fatores (STOCCO, 2021).
170
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
171
AUTOATIVIDADE
1 O atleta pode ser acometido por diversas patologias em membros superiores devido à
mobilidade exagerada que existe na articulação do ombro e o predispõe à luxação,
podendo ocorrer lesões por sobrecarga excessiva sobre a musculatura ou sobre as
articulações. Em muitos casos, pode surgir um processo inflamatório por movimentos
repetitivos, causando uma epicondilite lateral. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta o nome dessa condição:
a) ( ) Miosite.
b) ( ) Artrite.
c) ( ) Cotovelo golfista.
d) ( ) Cotovelo tenista.
I- O tratamento da fisioterapia deve iniciar com analgesia para que sejam possíveis as
outras intervenções.
II- O tratamento da fisioterapia deve ser feito, inicialmente, com exercícios resistidos
no ângulo de segurança.
III- O tratamento da fisioterapia para fortalecimento muscular inicia-se em torno de
dezesseis semanas após a lesão.
3 As lesões de ombro são relativamente comuns entre os atletas de esportes que exigem
uma grande mobilidade de membro superior, especialmente os movimentos que são
realizados acima da cabeça, como arremessos e os movimentos do voleibol. Muitas
vezes, para confirmar o diagnóstico, o fisioterapeuta precisa fazer alguns testes, sendo
alguns deles obrigatórios para a confirmação do quadro. Sobre esses testes, classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
172
( ) Pode ser usado o teste de esforço de Norwood para verificar a mobilidade do ombro
e risco de luxação.
( ) Pacientes com mais idade podem apresentar uma degeneração na região denominada
manguito rotador do ombro.
( ) As técnicas fisioterapêuticas são diversas no tratamento, podendo ser usado o
ultrassom exclusivamente na forma contínua.
4 Os atletas são expostos a esforços extremos e repetitivos, o que faz com que
desenvolvam quadros de lesão muscular, problemas articulares e, em alguns casos
de uso extremo dos membros superiores, leva o atleta a ser acometido por lesões
nas estruturas dos membros superiores. Sobre as lesões de ombro, disserte sobre a
importância de uma avaliação detalhada da região no diagnóstico fisioterapêutico.
5 O atleta que apresenta alguma lesão em membro superior que não necessite de
tratamento cirúrgico é encaminhado ao tratamento conservador, em que a fisioterapia
atua tanto de forma a reabilitar quanto na prevenção de novas lesões. Nesse sentido,
dentre os diversos recursos que estão disponíveis aos profissionais, existem os
eletroterápicos, a cinesioterapia e as bandagens funcionais. Disserte sobre a ação da
bandagem funcional no tratamento de lesão de membro superior em atletas.
173
174
UNIDADE 3 TÓPICO 4 —
TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA
LESÕES ESPORTIVAS DO MEMBRO
INFERIOR
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 4 abordaremos os conceitos das lesões esportivas que
acometem os membros inferiores, como síndrome compartimental, fratura de fêmur e
entorses de tornozelo. Os membros inferiores sofrem um grande impacto sobre suas
estruturas, visto que suportam o peso corporal sobre eles durante a deambulação ou
na posição ortostática. Alguns esportes, como corrida, ou aqueles que são compostos
de salto e aterrissagem predispõem o atleta a um maior risco de lesões a nível de joelho,
tornozelo e pé, pelo grande impacto causado na região e pelos gestos esportivos desses
atletas.
175
2 ANATOMIA DOS MEMBROS INFERIORES
O membro inferior possui uma região chamada de cíngulo do membro inferior,
que possui a função importante de sustentar o peso em posição ortostática e proteger as
vísceras que estão localizadas na pelve, possuindo nessa região ossos maciços devido à
pressão que sofrem durante a deambulação. Cada membro inferior faz parte do esqueleto
apendicular e é composto dos ossos fêmur, patela, tíbia e fíbula, todos ligados ao pé. O
membro inferior transfere o peso do corpo ao solo, sendo que o fêmur é o maior osso do
corpo humano em comprimento e peso (MARTINI; TIMMONS; TALLISCH, 2009).
176
Existem várias articulações presentes nos membros inferiores, como as
tibiofibulares superiores e inferiores, a articulação talocrural e a articulação subtalar, a qual
é muito importante nos movimentos realizados pelo tornozelo, a saber, a inversão, a
eversão, a pronação e a supinação. O membro inferior é composto de vários ligamentos
com função de estabilização, são eles: os tibiofibulares, em que há uma forte membrana
interóssea unindo os ossos da tíbia e da fíbula, e os ligamentos do tornozelo, ligamentos
laterais e ligamentos mediais (PRENTICE, 2012).
As lesões de pé, tornozelo e pernas estão ligadas em uma cadeia cinética, pois
o movimento de um deles tem ação sobre os demais, proximais e distais, sendo muito
importante a análise da biomecânica da marcha, pois as lesões podem estar ligadas a
fatores biomecânicos. Os membros inferiores na marcha passam por duas fases: a de
apoio, com o contato inicial do calcanhar no chão, e terminando quando esse pé entra
em contato novamente com o solo. Nessas descargas de peso, um pé com deformidades
estruturais que o leva à posição de pronação ou de supinação, antepé varo e retropé
varo, altera a descarga de peso em membros inferiores, o que pode predispor a lesões
(PRENTICE, 2012).
2. 1 BIOMECÂNICA
Nas atividades esportivas, quando há exigência de atividades de aterrissagem,
como após os saltos do balé, ou em corrida com obstáculos, ocorrem forças sobre os
músculos e tendões e uma reação quando há o toque no solo, que age sobre as estruturas
musculoesqueléticas presentes no membro inferior. As estruturas musculoesqueléticas
precisam responder a esse estresse produzido pela carga para que não haja lesão, pois,
se não houve estresse, ocorre uma atrofia muscular e a carga excessiva produz lesão
(ZATSIORSKY, 2003).
177
Enquanto o membro superior é capaz de realizar atividades que requerem uma
grande amplitude de movimento, o inferior é uma estrutura preparada para sustentar
peso e se movimentar. Além disso, ele é capaz de realizar atividades mais especializadas,
como chutar bola ao gol, fazer um salto em distância e se equilibrar nas pontas dos pés. O
joelho sustenta grandes cargas e permite mobilidade para que seja possível a locomoção;
os meniscos presentes no platô tibial auxiliam a aprofundar as faces articulares, além
de ajudarem na transmissão da carga e absorver os impactos sofridos pelo joelho. Um
joelho sem menisco ainda funciona adequadamente, mas começará a sofrer desgaste nas
superfícies articulares, aumentando o risco de doenças degenerativas articulares, como a
osteoartrite de joelho (HALL, 2020).
IMPORTANTE
Os membros inferiores suportam uma grande carga para permitir
a nossa locomoção, e quando a descarga de peso sobre esses
membros é inadequada, podem surgir problemas como desgaste,
dor e, no caso de atletas, as lesões.
O joelho é parte de uma cadeia cinética afetada pelos movimentos e forças que
ocorrem nos pés e na porção inferior da perna, transmitindo essas forças a ele. Mas
ele também transmite forças à coxa, ao quadril, à pele e à coluna. Quando o pé está
em contato com o solo, temos uma cadeia cinética fechada, em que as forças devem
ser transmitidas aos segmentos proximais ou absorvidas por uma articulação distal. Se as
forças não forem dissipadas, haverá um colapso em uma das regiões dessa cadeia,
sendo o joelho mais suscetível à lesão quando há sobrecarga sobre essa cadeia e a
absorção dessas forças. O mecanismo de lesão do joelho auxilia no entendimento do
processo patológico (PRENTICE, 2012).
178
2.2 LESÕES ESPORTIVAS EM MEMBROS INFERIORES
O joelho está entre as duas alavancas ósseas mais longas do corpo: o fêmur
e a tíbia, havendo, assim, um grande potencial de torque nessa articulação, que
é uma importante articulação de sustentação de carga. Ele sofre tanto forças de
compressão como de cisalhamento nas atividades de vida diária, sendo influenciado
pela sustentação do peso corporal e pela contração dos músculos que passam por ele.
A força compressiva é, aproximadamente, três vezes maior na sustentação de peso no
apoio da marcha e quatro vezes maior ao se subir uma escada (HALL, 2020).
O membro inferior pode ser acometido por várias lesões na prática esportiva,
especialmente em esportes que exigem saltos, aterrissagem e corrida. Dentre as
lesões, uma das mais complicadas é a fratura de fêmur, que geralmente ocorre de uma
força intensa pelo fato de que a musculatura que sustenta a região é muito resistente, e
geralmente a fratura está associada a esportes de grande impacto. Em casos em que há
um alto impacto que se direciona ao fêmur, por exemplo, no caso de uma aterrissagem
de queda de uma certa altura, ou em um impacto direto na porção superior do quadril, a
dor é intensa e pode haver deformidade no local, edema e hematomas, sendo impossível
ao atleta mover a perna ou sustentar peso sobre ela (WALKER, 2011).
179
de movimento, hipotrofia muscular, alteração na estabilidade articular e deficiência
de propriocepção. Caso o tratamento não seja adequado, pode gerar o afastamento
definitivo do atleta da prática do esporte ou podem ser geradas compensações em
outras articulações, como no quadril, pé e tornozelo (VASCONCELOS et al., 2021).
A entorse de tornozelo é uma das lesões mais frequentes entre atletas, geralmente
o gesto esportivo predispõe o atleta a essa lesão. O tornozelo e o pé são frequentemente
acometidos por lesões devido à trauma, compressão ou sobrecarga. Essas lesões podem
comprometer a mobilidade e função física do atleta, inclusive alterando a cadeia cinética e
as demais articulações. Os traumas nessa região do corpo podem ser acometidos por
quedas, contusões, entorses em inversão ou eversão, fraturas, luxações e subluxações,
distensões e ruptura do tendão calcâneo (VASCONCELOS et al., 2021).
Qualquer trauma mecânico, como é o caso de uma entorse ligamentar, faz com
que os sistemas defensivos do organismo comecem a atuar mobilizando as defesas e
preparando o local para a cicatrização. A duração e a intensidade da inflamação não
podem ser excessivas para que não se tornem prejudiciais ao processo de reparo. Para
tanto, são usados recursos terapêuticos para influenciar na resposta inflamatória e
deter os efeitos deletérios que possam advir caso ela se torne crônica (STARKEY, 2017).
O tornozelo também pode ser acometido por lesão do tipo entorse em inversão,
em que os ligamentos laterais serão lesionados e o mecanismo de lesão é inversão,
flexão plantar e rotação interna. Em casos mais graves, a força de inversão pode
avulsionar parte do maléolo lateral. Essa lesão pode ser classificada em graus, sendo o
primeiro grau o mais comum, mas ainda podendo ser de segundo e terceiro grau. Outro
mecanismo de entorse é o de eversão, que é menos comum, mas quando ocorre, pode vir
acompanhado de fratura da tíbia por avulsão e ruptura do ligamento deltoide. Os pés
que apresentam pronação excessiva, hipermobilidade ou arco longitudinal deprimido
são mais predispostos à entorse por eversão (PRENTICE, 2012).
Os atletas ainda podem ser acometidos por uma lesão denominada fascite
plantar, que se manifesta por uma dor no calcanhar que começa na borda medial da
fáscia plantar e continua até sua inserção na tuberosidade medial do calcâneo. Além
disso, geralmente está presente um quadro de inflamação na fáscia plantar. Adaptações
incorretas do pé nas atividades esportivas, biomecânica alterada, fraqueza muscular,
envelhecimento e alteração no índice de massa corporal podem ser alguns fatores
predisponentes ao desenvolvimento da patologia (BARBOSA; SILVA, 2021).
180
2.3 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NAS LESÕES DOS
MEMBROS INFERIORES
Quando um atleta sofre algum tipo de lesão, o fisioterapeuta esportivo deve
realizar uma avaliação para avaliar a disfunção, se há presença de dor e, então, elencar
a melhor forma de intervenção para auxiliá-lo na volta ao esporte. A avaliação deve
seguir um padrão, ter uma sequência lógica e ser sistematizada para que seja completa,
devendo contemplar quatro áreas: a avaliação subjetiva, a avaliação objetiva, a análise
dos achados e a elaboração de diagnóstico fisioterapêutico para o planejamento das
intervenções que serão realizadas (STOCCO, 2021).
181
o membro elevado ao longo do dia e, se possível, dormir com ele em elevação. Além
disso, é importante o paciente realizar contrações musculares voluntárias quando
possível. Podem ser usados dispositivos de compressão, terapia manual e contrações
musculares por meio de recursos eletroterápicos para trabalhar mobilidade passiva da
região acometida (STARKEY, 2017).
IMPORTANTE
Um dos tendões mais acometidos por lesões em membros inferiores
nos esportes é o tendão de Aquiles, que, em movimentos bruscos
ou quando o pé fica preso no solo, pode romper, necessitando de
intervenções mais específicas, como cirurgias.
182
As lesões podem provocar um quadro de espasmo muscular, que é a contração
involuntária das fibras musculares, uma defesa que o corpo realiza para proteger a área
lesionada quando ocorre um trauma direto, diminuição de oxigênio para o local ou quando
ocorre alguma disfunção neurológica. Esse quadro leva à dor devido à estimulação
mecânica e química dos receptores responsáveis por levar o estímulo de dor. Então,
podem ainda estar presentes os pontos gatilhos nessas áreas onde se encontra o espasmo
muscular. Se o espasmo na musculatura persiste, os ligamentos e tendões associados
ficam irritados, então, o espasmo aumenta ainda mais para proteger as estruturas, o que
faz com que haja um ciclo alimentado pela dor, diminuição de oxigenação e muitos casos
de diminuição da mobilidade (STARKEY, 2017).
Podem ser usados protocolos como o PRICE, que vem do inglês e indica proteção,
repouso, gelo, compressão e elevação, visando à redução de dor e de edema. O TENS
consiste em uma estimulação elétrica cutânea para alívio de dores, utilizando ultrassom e
laser para ajudar no processo de cicatrização, redução do edema e redução do quadro
álgico. Nesse caso, quando não houver contraindicação, pode ser usado o turbilhão
com o objetivo de controle do edema, diminuição da dor e dos espasmos musculares.
Também pode ser usada a compressão intermitente, a qual auxilia no tratamento do
quadro de edema.
As lesões também podem ser atendidas por meio de terapia manual, como
a liberação miofascial; Cyriax, para que haja um relaxamento muscular e redução de
contraturas; mobilizações articulares por Maitland; Mulligan para trabalho na amplitude
de movimento; trabalho com exercícios terapêuticos para alongamento, propriocepção,
dentre outros benefícios; e exercícios funcionais (VASCONCELOS et al., 2021).
No quadro de dor causada pela lesão esportiva, podem ser usados alguns
recursos terapêuticos com o objetivo de controle da dor e auxílio na cicatrização tecidual.
Além disso, há um estímulo aos receptores sensoriais que trabalham com a teoria da
comporta da dor. Os recursos usados podem ser os agentes térmicos, por exemplo, o frio,
que atua como contrairritante e faz um controle descendente da dor liberando encefalina
e alterando a limiar de despolarização do nervo. Já o ultrassom terapêutico altera a
permeabilidade da membrana, tornando a taxa de despolarização dela mais lenta, além
de inibir bomba de sódio e potássio, aumentando o limiar de dor (STARKEY, 2017).
183
As bandagens funcionais podem ser usadas em atletas com problemas
na articulação do joelho, por exemplo, para controle de sintomas patelofemorais,
direcionando a mobilidade da patela quando o músculo quadríceps está em contração e
aliviando a carga no caso de presença de dor à contração. A aplicação de bandagens nas
patologias ou lesões na articulação do joelho auxiliam na redução da dor e na melhora
da função, corrigindo os movimentos realizados pela patela na contração do músculo
quadríceps. Dessa forma, pode ser trabalhada uma combinação de suporte, bandagem,
fortalecimento do músculo vasto medial e outros que são importantes na articulação
do joelho e do quadril, junto ao alongamento do trato iliotibial e, ainda, podendo ser
associado o uso de órteses (KEIL, 2014).
Pode ser feito um trabalho com o uso de exercícios pliométricos, visto que o
atleta constantemente precisa mudar a velocidade do movimento. Ora exige-se explosão,
mudanças rápidas de direção e velocidade, ora é necessária a capacidade de absorver e
produzir forças rapidamente. O trabalho por meio da pliometria pode ser considerado uma
transição entre exercícios de fortalecimento e exercícios específicos, como atividades
esportivas, e consiste em um movimento rápido de atividade excêntrica seguido por
explosão de atividade concêntrica para exigir do músculo uma execução poderosa do
movimento, facilitando a ele o movimento para a produção de força máxima (HOUGLUM,
2015).
184
As intervenções fisioterapêuticas nas lesões de tornozelo dependem da gravidade,
pois, quando o tratamento é composto por cirurgia, a fisioterapia pode trabalhar com o
atleta na fase pré e pós-operatória. De maneira geral, o objetivo é a redução de dor e
melhora da função física. Após a cirurgia, além do alívio da dor, a fisioterapia visa controlar
edema, melhorar o controle neuromuscular, trabalhar a amplitude de movimento,
melhorar a propriocepção e trabalhar a funcionalidade do atleta, sendo os recursos
definidos conforme a avaliação cinético-funcional do atleta para a elaboração do plano
de tratamento fisioterapêutico (VASCONCELOS et al., 2021).
Os pés são muito vulneráveis a lesões por distensão, estresse excessivo e entorses.
Em geral, as lesões ocorrem também por um calçado inadequado, sendo importante a
orientação ao atleta quanto ao uso de um calçado próprio à prática esportiva e de acordo
com a modalidade na qual está inserido. Além disso, o fisioterapeuta deve avaliar o pé do
atleta para verificar a presença de deformidades estruturais, sendo que o calçado deve ser
moldado conforme as necessidades apresentadas pelo atleta, proporcionando estabilidade
ao pé na prática de mobilidade adequada (PRENTICE, 2012).
185
O uso de brace e tape é um modelo de suporte funcional por meio de um tipo de
imobilização que não é tão rígida, mas protege contra a aplicação de uma carga sobre os
tecidos danificados, fornecendo um suporte mecânico e auxiliando na cinética articular,
na função sensório-motora e propriocepção articular, auxiliando na reabilitação. A
técnica de liberação miofascial também pode ser usada, já que auxilia no aumento
da amplitude de movimento, melhora a elasticidade dos tecidos moles, alivia a dor e
melhora a função. Pode-se dizer que é uma forma de alongamento de tecidos moles da
área afetada (BARBOSA; SILVA, 2021).
No caso de lesões em membros inferiores, pode ser feito um teste final para
retorno do atleta às atividades em geral e deve estar ligado à atividade esportiva
que o atleta exerce. Sua execução deve ser realizada com grande precisão e o mais
objetivamente possível para verificar como está o desempenho do atleta antes que ele
retorne plenamente às atividades. Dessa forma, verifica-se o risco do surgimento de
novas lesões. Para membros inferiores, pode ser feito o teste de corrida por tempo e
distância, salto em altura ou testes de agilidade (HOUGLUM, 2015).
186
LEITURA
COMPLEMENTAR
A ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA PARA A PREVENÇÃO DE LESÕES
ESPORTIVAS NO BASQUETEBOL
INTRODUÇÃO
Programas de reabilitação são projetados para que o atleta retorne ao estado ideal
antes da lesão e desenvolva manutenções preventivas que minimizem as probabilidades
de lesões recorrentes. O contínuo desenvolvimento da prática do basquetebol demonstra
a relevância deste estudo, que tem o objetivo de auxiliar futuros trabalhos relacionados
com a atuação de atletas no basquetebol.
187
O objetivo geral da pesquisa aqui exposta é demonstrar a relevância da atuação
do fisioterapeuta na prevenção de lesões esportivas no basquetebol. Dentre os objetivos
específicos, constam: avaliar a eficácia da fisioterapia preventiva nas lesões desportivas;
analisar a atuação do fisioterapeuta na prevenção de lesões; evidenciar a importância
do fisioterapeuta na prevenção de lesões esportivas no basquetebol.
1 METODOLOGIA
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A lesão é uma alteração tecidual devido à alguma patologia ou trauma que pode
levar à perda da função muscular. As lesões são classificadas em diretas ou indiretas,
parciais ou totais, traumáticas e atraumáticas. Lesões diretas agravam mais os atletas
de contato. Exemplos dessas lesões são as contusões e as lacerações. As indiretas
acometem mais os atletas individuais. Nas lesões consideradas parciais, a força muscular
está baixa, mas a contratilidade é mantida. Já na lesão completa, o movimento articular
pode não estar presente (BORGES, 2015).
A lesão pode ser definida como um dano causado por traumatismo físico
sofrido pelos tecidos do corpo, estando os atletas propensos a ela, seja durante o treino
ou durante um jogo. As lesões são diretamente relacionadas a fatores intrínsecos,
extrínsecos e à falta de programas de prevenção. Mais especificamente, as lesões
musculares no esporte diferem desde um leve dano muscular até uma ruptura completa
da musculatura, por isso, o tempo de reabilitação também é incerto (AHMAD et al., 2013).
188
Segundo a Comissão Europeia, uma lesão desportiva é qualquer patologia
traumática adquirida durante a competição ou prática esportiva que resulte em um
ou mais dos seguintes danos: redução da atividade, necessidade de tratamento ou
aconselhamento médico (CARVALHO, 2011). A incidência e a gravidade das lesões
estão diretamente relacionadas a fatores pessoais, modalidades esportivas praticadas e
questões ambientais características de cada um.
No que diz a respeito às lesões esportivas, em muitos casos, elas são causadas
por métodos de treinamento inadequados, alterações estruturais que sobrecarregam
algumas partes do corpo e outras muitas lesões podem ser causadas por desgaste de
longo prazo devido aos efeitos repetitivos de movimento que acabam afetando os tecidos
suscetíveis (ANTONIO, 2012).
189
2.3 LESÕES NO BASQUETE E A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO
190
Alguns tipos de lesão podem ser prevenidos na formação, com exercícios
apropriados e programas de condicionamento físico, a fim de evitarmos fatores de risco
(KLEINPAUL, 2010). Eventualmente, no Brasil e no mundo, para tornar mais fácil o intenso
preparo físico de jogos e treinamentos, os profissionais responsáveis pela prevenção
e recuperação dos atletas dispõem de um mapa epidemiológico das lesões ocorridas,
visando a uma intervenção direta e específica (PINTO, 2018).
191
Richene (2018) constata que a incidência das lesões no basquetebol ocorre nas
extremidades inferiores. Nesse sentido, a fisioterapia esportiva tem um papel importante
no processo de reabilitação e de prevenção, pois recupera o equilíbrio e a estabilidade.
Através de uma avaliação individual, o fisioterapeuta consegue trabalhar os possíveis
desequilíbrios e o desempenho biomecânico, melhorando o treinamento e prevenindo
as lesões esportivas. Exercícios proprioceptivos têm demonstrado excelentes efeitos
preventivos e reabilitadores em lesões musculoesqueléticas, pois requerem a modalidade
sensorial mais precisa para obter informações sobre a sensação motora e a posição
articular com base em fontes visuais, auditivas ou cutânea superficial. É definida como
propriocepção qualquer informação postural transmitida ao sistema nervoso central por
músculos, tendões, ligamentos, articulações ou receptores da pele. De outro modo, a
propriocepção é definida como a consciência dos movimentos produzidos pelos nossos
membros (MONTEIRO, 2013).
Dessa forma, se o atleta sofre uma lesão, seu retorno se torna mais curto e
eficiente, quando se enfatiza a recuperação osteomioarticular e se busca o controle
reabilitador da técnica esportiva. Diante de todos esses dados, fica claro que a atuação
do trabalho fisioterapêutico para prevenção de lesões no basquetebol é extremamente
relevante (KRIST et al., 2013).
192
CONSIDERAÇÕES FINAIS
193
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu:
• As principais lesões esportivas que acometem o membro inferior, tais como entorse,
problemas de joelho, síndrome compartimental relacionadas aos gestos esportivos
realizados pelo atleta ou em momento de salto e aterrissagem ao solo, momento em
que ficam mais suscetíveis aos mecanismos lesivos.
194
AUTOATIVIDADE
1 Os atletas de salto, corrida e voleibol são muito suscetíveis a sofrerem lesões em
suas práticas esportivas, especialmente nos membros inferiores e quando o gesto
esportivo é composto de saltos, aterrissagens e corrida. As lesões podem ocorrer por
uma força intensa ou em esportes de grande impacto. Assinale a alternativa CORRETA
que apresenta uma dentre as lesões com esse mecanismo:
a) ( ) Fratura de tíbia.
b) ( ) Fratura de ulna.
c) ( ) Fratura de rádio.
d) ( ) Fratura de fêmur.
195
( ) O tratamento da síndrome compartimental é somente conservador porque os
demais não trazem resultados.
( ) O tratamento da síndrome compartimental deve ser acompanhado de repouso para
que seja efetivo.
( ) O tratamento pós-cirúrgico da síndrome compartimental pela fisioterapia inicia com o
fortalecimento de forma gradual.
196
REFERÊNCIAS
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