2018 DanielaMartinsLopes TCC
2018 DanielaMartinsLopes TCC
2018 DanielaMartinsLopes TCC
Brasília
2018
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE DIREITO - FDD
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
Brasília
2018
DANIELA MARTINS LOPES
BANCA EXAMINADORA
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Profº. Rodrigo Pires de Campos (Orientador)
_____________________________________________________
Profº. Antônio de Moura Borges (Membro)
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Profª Danielly Silva Ramos Becard (Membro)
Brasília
2018
AGRADECIMENTOS
À minha mãe Patrícia e ao meu pai Régis por todo amor, dedicação e investimento
em minha educação.
À minha avó Anísia, por ser sempre minha maior inspiração.
Às minhas queridas irmãs Júlia e Roberta, por toda a amizade e companheirismo.
À minha tia Raquel por sempre me apoiar e acreditar nos meus sonhos.
Ao meu Professor Orientador Rodrigo, pela direção e apontamento dos melhores
caminhos a serem seguidos na finalização deste trabalho.
Por fim, a todos que fizeram parte dessa jornada de aprendizagem, que, com
certeza, só está começando.
천리길도 한걸음부터 시작한다
Este trabalho tem como principal objetivo explorar o caso da Coreia do Sul em
sua mudança do status de beneficiária para doadora de assistência oficial no sistema
internacional em um curto espaço de tempo após ser palco de uma guerra que causou caos
político, econômico e social em seu território. Para isso, foi realizado um levantamento de
dados históricos e numéricos da relação causal entre a quantidade e modalidade da assistência
internacional recebida e a forma de gestão na alocação dessa assistência e a evolução
relativamente rápida do país frente à Assistência Oficial ao Desenvolvimento, tendo como
recorte temporal o cenário do pós-guerra da Coreia e os anos seguintes.
The main objective of this work is to evaluate the success history of South Korea,
which has evolved from the status of beneficiary to donor in the international system in a
short time after being immersed in a war that caused political, economic and social chaos in
its territory. For this, historical and numerical data is used to explain the causal relationship
between the quantity and type of international assistance received and the form of
management in the allocation of this assistance and the relatively rapid evolution of the
country from the status of beneficiary to donor of Official Development Assistance, taking as
a time-cut the post-Korean War scenario and the following years.
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 10
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 42
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INTRODUÇÃO
A AOD é definida pelo CAD da OCDE como uma ajuda governamental que
promove e visa especificamente ao desenvolvimento econômico e o bem-estar dos países em
desenvolvimento. O Comitê de Assistência ao Desenvolvimento (CAD) adotou a AOD como
o modelo padrão da ajuda externa em 1969 e continua a ser a principal fonte de financiamento
para a ajuda ao desenvolvimento. Nos últimos anos, diversas são as modalidades, setores e
instrumentos de ajuda no CAD da OCDE. Segundo a OCDE, define-se a AOD como:
Neste capítulo, veremos uma breve história recente da Coreia do Sul, ressaltando
acontecimentos importantes ao desenvolvimento da monografia. O objetivo não é de
apresentar de forma exaustiva a história da Coreia do Sul, um país com história milenar, mas
sim, de pontuar e descrever eventos que marcaram sua contemporaneidade, criando um
cenário propício ao desenvolvimento econômico de um país que foi colônia japonesa por um
período de 35 anos e que enfrentou uma guerra de três anos que dizimou milhares de civis.
Entre o ano de 1945 e o início dos anos 1990, a Coreia do Sul recebeu o total de
assistência de 12,8 bilhões de dólares da comunidade internacional. (CHUN; MUNYI; LEE,
2010). A partir da libertação da Regência Colonial Japonesa, ocorrida entre os anos de 1910 e
1945, e também com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Coreia do Sul pode ser
caracterizada como um país recipiente da Assistência Oficial ao Desenvolvimento (AOD).
(CHUN; MUNYI; LEE, 2010)
de dólares, portanto, somando como total da AOD o valor de 434,3 milhões de dólares. Já a
Agência de Assistência e Reconstrução das Nações Unidas prestou ajuda humanitária de
emergência e na infraestrutura atingida pela guerra. (KIM; KIM; KIM, 2013)
cerca de 90% da indústria estava ociosa e a produção per capita estava abaixo de US$ 50 por
ano. (CALLOW, 1995)
Além disso, grande parte do projeto de ajuda dos EUA voltou-se para a
reconstrução de estradas, sistema de comunicação, e para o setor de manufatura, contribuindo
assim, para os esforços de reconstrução estrutural da Coreia do Sul. Conjuntamente com a
reconstrução e a ajuda emergencial, reconstruir e fortalecer a defesa militar do país tornou-se
uma das mais importantes propostas de ajuda estrangeira após a guerra entre as Coreias.
(KIM; KIM; KIM, 2013)
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O OEC foi posicionado pelo Comando das Nações Unidas na Coreia (na sigla em
inglês, UNC - United Nations Command), desempenhando um papel fundamental na
coordenação, não só da ajuda dos EUA, mas também de toda a assistência internacional que a
Coreia do Sul recebeu, com o objetivo de construir um sistema eficaz de gestão da ajuda
estrangeira. Com a OEC, o governo sul coreano não precisou lidar com numerosos doadores,
reduzindo bastante os custos institucionais derivados da falta de harmonização entre os
doadores. Além disso, através do CEB (Combined Economic Board), os doadores e o governo
sul coreano trabalharam conjuntamente para administrar a ajuda internacional.
1 Um fundo de contrapartida é uma técnica para transformar a ajuda externa em reservas de moeda nacional.
20
internacional serviu com sucesso para a rápida recuperação da guerra e estabilidade social
durante a era de Rhee SyngMan. (KIM; KIM; KIM, 2013)
Ainda no início dos anos 60, a Coreia do Sul era um dos países mais pobres do
mundo visto que não tinha recursos necessários para seu desenvolvimento econômico e
dependia fortemente da ajuda externa. No entanto, o governo de Park ChungHee, que chegou
ao poder durante a Revolução Militar de 16 de maio de 1961, buscou políticas de
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Nos primeiros anos do EPB, suas três funções principais eram de planejamento,
orçamento e cooperação. Dentre essas três, a principal função do EPB era o planejamento.
(HAN, 2014) Isso inclui não apenas a formulação simples de planos econômicos de curto e
longo prazo, mas também o desenvolvimento de medidas políticas para responder às questões
econômicas que surgiam constantemente. Portanto, desempenhar a função de planejamento
naturalmente envolvia questões que estavam sob a administração de outros Ministérios do
governo, o que significava que era essencial consultar e coordenar conjuntamente com os
outros Ministérios que compunham o governo. Em outras palavras, a função de planejamento
incluía uma função coordenadora, enquanto a função orçamentária (mobilização do capital
doméstico) e a função de cooperação (atração de capital estrangeiro) atuavam como dois
importantes pilares que respaldaram essa função principal. (HAN, 2014)
para requisitar recursos financeiros e tecnológicos visto que as fontes financeiras domésticas
para investimento ainda eram bastante limitadas. (KIM; KIM; KIM, 2013)
2 A KDI School foi criada no ano de 1997 sob a autorização do Ministério da Educação e
Desenvolvimento de Recursos Humanos pelo Korean Development Institute (KDI), um think tank de
política econômica autônoma estabelecido pelo governo sul-coreano em 1971 para operar como um
centro de pesquisa e análise de decisões políticas, além de monitorar o rápido desenvolvimento
econômico da Coreia do Sul. Como principal grupo de pesquisa da Coreia, o KDI criou a KDI School
of Public Policy and Management para educar e formar a próxima geração de líderes a guiar o
desenvolvimento do país.
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A história da Coreia do Sul como doadora remonta aos anos 1960. (LEE, 1997).
Em 1963, a Coreia sediou o programa de treinamento para funcionários públicos de países em
desenvolvimento pela primeira vez, sendo financiada pelos EUA. Para responder à crescente
demanda de países parceiros, o governo coreano gradualmente financiou mais projetos de
assistência com seu próprio orçamento. Em 1977, com a primeira assistência com orçamento
oficial destinada à AOD, o Ministério das Relações Exteriores realizou um fornecimento de
equipamentos no valor de 900 milhões de won (valor aproximado a 2 milhões de dólares em
1977). A quantidade de AOD fornecida pelo governo coreano atingiu um novo ápice no final
dos anos 1980. A Coreia consolidou essa mudança significativa lançando o Fundo de
Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (na sigla em inglês, EDCF – Economic
Development Cooperation Fund) em 1987 e estabelecendo a Agência de Cooperação
Internacional da Coreia (na sigla em inglês, KOICA - Korea International Cooperation
Agency) em 1991.
(2) Política AOD de Médio Prazo: Este é um plano de ação para os cinco
anos seguintes (2010-2015) que especifica e cumpre as orientações da AOD
sobre políticas da Coreia, incluindo metas acerca do volume de orçamento
destinados a AOD, desembolso bilateral e multilateral, alocação de ajuda
por região, nível de renda, proporção de concessão e empréstimo, ajuda
vinculada ou não vinculada e assim por diante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com uma relativa estabilidade política nos anos de mandato do presidente Park
ChungHee (1961-1979), foi possível implementar de forma consistente diversas metas
nacionais para a reconstrução econômica. Assim, a partir de 1961, foram desenvolvidos os
Planos Quinquenais, projetos de desenvolvimento econômico com metas pontuais em que se
almejava uma mudança estrutural a longo prazo. Cada Plano Quinquenal tinha objetivos
específicos a serem alcançados, incluindo a reforma da estrutura industrial, mudança na
economia, promoção da iniciativa privada, bom funcionamento do livre mercado etc.
Dessa forma, vê-se que, com o apoio do governo coreano na ajuda internacional
para a requisição de recursos estrangeiros e tecnológicos juntamente com a correta alocação
de tais recursos pela organização e sistematização na gestão da ajuda do Estado sul coreano,
foi possível tornar-se independente da assistência do Banco Mundial em 1995 e ser excluído
da lista do CAD como beneficiária da AOD em 2000.
Desenvolvimento (CAD) no dia 25 de novembro de 2009, data que representa um marco para
considerá-la um país de desenvolvimento avançado.
Por fim, com toda a análise histórica do pós-guerra da Coreia, é possível concluir
esse estudo chamando atenção para a relação causal que existiu e ainda existe entre o sucesso
sul coreano na evolução do status de beneficiária a doadora da AOD no sistema internacional
e a institucionalização e sistematização na gestão da ajuda. Inicialmente podemos ver que o
recebimento de uma grande quantidade de assistência internacional, primariamente dos
Estados Unidos, permitiu a criação de um cenário de alívio humanitário, estabilidade e
reabilitação após a guerra, evoluindo para o planejamento do crescimento a longo prazo e
equilíbrio financeiro com estabilidade e crescimento. Contudo, foi com a criação de
organizações independentes com autoridade para alocar o orçamento do governo e gerenciá-
lo, bem como com o compromisso de diversas esferas do governo e instituições de pesquisas
que possibilitaram os excelentes resultados adquiridos no curto espaço de tempo após o
armistício.
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REFERÊNCIAS
CHUN, HongMin; MUNYI, Elijah N; LEE, Heejin. South Korea as an emerging donor:
Challenges and changes on its entering OECD/DAC. v. 802, n. January 2009, p. 788–802,
2010.
HAN, SeungHee. Operation of the Economic Planning Board in the Era of High
Economic Growth in Korea 2014. Seoul, Korea: [s.n.], 2014.
MARX Axel; SOARES, Jadir; South Korea ’ s Transition from Recipient to DAC Donor :
Assessing Korea ’ s Development Cooperation Policy. International Development Policy, p.
20, 2013.
43
OCDE. Development aid stable in 2017 with more sent to poorest countries, 2018.
Disponível em: http://www.oecd.org/development/financing-sustainable-
development/development-finance-data/ODA-2017-detailed-summary.pdf Acesso em Junho
de 2018.
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
Discurso inaugural do presidente dos EUA Harry S. Truman em inglês. Disponível em:
http://avalon.law.yale.edu/20th_century/truman.asp. Acesso em junho de 2018.
GRÁFICOS
Gráfico 1: Produto Interno Bruto (PIB) da Coreia do Sul (US$)
WORLD BANK, 2018. Dados disponíveis em: https://data.worldbank.org/country/korea-rep
Gráfico 3: Montante de Assistência recebida pela Coreia do Sul (em US$ 1 milhão)
ODA KOREA, 2018. Dados disponíveis em:
http://www.odakorea.go.kr/eng.overview.History.do
Gráfico 6: AOD da Coreia do Sul por tipo de ajuda (2010 a 2015) (Desembolsos líquidos,
em US$ milhões)
ODA KOREA, 2018. Dados disponíveis em:
http://www.odakorea.go.kr/eng.result.Overview.do
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FIGURAS
Figura 1: Mapa da Península Coreana
BROWN, John S. The Korean War: The Outbreak. Página 4. 2003.
TABELA
Tabela 1: História da AOD da Coréia: mudanças na natureza da assistência
ODA KOREA, 2018. Dados disponíveis em:
http://www.odakorea.go.kr/eng.overview.History.do