Fisioterapia Atm
Fisioterapia Atm
Fisioterapia Atm
Introdução
A ATM (articulação temporomandibular) é formada pelo osso temporal do crânio com a
mandíbula, constituída pelo disco articular, tecido retrodiscal (zona bilaminar), membrana
sinovial, cartilagem articular, cápsula articular e superfície articular, que é formada pelo côndilo
da mandíbula e a fossa mandibular do osso temporal.
Biomecânica da ATM
Segundo OKESSON (1992), a articulação temporomandibular é sem dúvida a
articulação mais complexa do corpo. Ela produz um movimento de dobradiça em um só plano e
dessa forma pode ser considerada uma articulação ginglemoidal. Entretanto, ao mesmo tempo
proporciona movimentos de deslize, o que classifica a articulação como artroidal.
A função básica da contração dos músculos pterigóideos laterais superiores parece ser
a de coordenar o retorno de o disco articular de forma suave a sua posição, posto que, ligado
na sua parte posterior às fibras elásticas da zona bilaminar ou tecido retrodiscal, poderia ser
tracionado abruptamente e posicionado antes do côndilo, estabelecendo prováveis alterações
funcionais. Desta forma, estabelece-se uma complexa integração entre os componentes
musculares e as fibras elásticas.
Segundo Favero (1999) e Stechman Neto et al. (2001), o tratamento de casos de DTM
exige um conhecimento profundo da etiologia do problema. Fatores estruturais, funcionais e
psicológicos parecem estar reunidos, determinando uma origem multifatorial. O diagnóstico é a
chave para o sucesso do tratamento. É fundamental entender que os pacientes reagem de
formas diferentes às diversas terapias, e o profissional deve adequar o tratamento ao paciente,
para se obter os melhores resultados possíveis.
Não existe um fator etiológico único que possa ser responsabilizado pela disfunção
temporomandibular. A sintomatologia clínica dá a nítida sensação de que a etiologia desta
doença abrange importantes elementos funcionais, anatômicos e psicossociais.
No plano sagital, a postura da cabeça para frente produz importantes alterações nas
relações craniovertebrais (aumento ou retificação das curvaturas fisiológicas). A posição da
cabeça para frente é uma importante anormalidade postural comum que pode ser um resultado
de lombalgia, perda da lordose lombar e cifose torácica.
Segundo STEENKS & WIJER (1996), a coluna cervical se endireita após tratamento
estomatognático e indicaram a inter-relação próxima entre o sistema muscular mastigatório e
os músculos que suportam a cabeça. Os músculos cervicais que mantém o balanço da cabeça
e os músculos do sistema estomatognático poderiam ser vistos como um sistema coordenado
no qual a intervenção em qualquer nível trará uma alteração em todo o sistema.
De acordo com STEENKS & WIJER (1996) postura ideal é dividida em três classes
sendo:
• Classe III avanço da mandíbula para frente, posição baixa da língua. Postura militar-
cabeça para trás em retração, tórax inflado.
CATACH & HAJJAR (1998) sugerem que, a flexão de cabeça para posterior resulta em
considerável afastamento dos dentes e movimento da mandíbula para distal. Contrariamente,
durante a flexão da cabeça para anterior, a mandíbula apresenta deslizamento para medial e
os dentes tendem a uma máxima oclusão. Foi descrito através de estudos com oclusogramas e
eletromiografia que tanto alterações de posição da cabeça quanto do corpo tinham efeitos
sobre os contatos oclusais.
AVALIAÇÃO
Realiza-se a anamnese do paciente, já no exame clínico são usados quatro
procedimentos básicos: palpação para identificar a origem anatômica da dor; auscultação da
articulação durante os movimentos funcionais para determinar a presença de ruídos articulares;
amplitude de movimentos mandibulares; analise da oclusão, (WITZIG & SPAHL, 1999).
O exame passivo da coluna cervical não é recomendado para pacientes com supostas
fraturas ou instabilidade relacionada a doenças inflamatórias ou tumores. O examinador deve
também excluir sinais neurológicos, (FRICTION et al., 2003).
DIAGNÓSTICO FISIOTERAPÊUTICO
Após o exame clínico, o diagnóstico pode ser realizado buscando a causa mais
próxima do problema e indicar o tratamento mais adequado. É importante salientar que há
DTMs que são cíclicas e não curáveis devendo apenas manter o controle dos sintomas,
(WITZIG & SPAHL,1999).
Quanto às características da dor crônica, ela costuma ser contínua e leve localizada e
sem irradiação. Quase sempre ocorre seguida de crepitação, podendo durar cerca de seis
meses, ou até mesmo, pelo resto da vida, com a pessoa geralmente convivendo
tranqüilamente com a dor.
Segundo RIBEIRO (2004), a dor aguda costuma ser contínua localizada diante da
orelha, podendo ser irradiar pela face ou região temporal. Pode ser uma dor leve, moderada ou
incapacitante, onde geralmente percebe-se um ruído no local, chamado de crepitação. Podem
durar algumas horas ou até meses, e o paciente em alguns casos não consegue abrir a boca,
tanto total quanto parcial, ou pior, não consegue fechá-la (luxação bilateral). Outros não
conseguem mover a mandíbula para os lados e também não conseguem se alimentar
satisfatoriamente, sendo obrigados a fazer uma dieta líquida.
PALPAÇÃO DA ATM
O exame da ATM deverá ser feito simultaneamente (lado esquerdo lado direito) nos
estados de repouso e movimento dos músculos mastigatórios (abertura e fechamento).
Quando da realização dos movimentos mandibulares procurar-se-á analisar a trajetória
côndilar. Além da dor devemos também observar, se ocorrem ruídos e/ou saltos articulares,
que podem ser uni ou bilaterais.
A palpação também pode ser feita com a introdução de dois dedos no meato auditivo
externo e pressionando-se suavemente para frente, tanto em estado de repouso como em
movimento de abertura e fechamento da boca. A palpação no meato auditivo externo permite
examinar tanto zonas dolorosas posteriores como movimentos incoordenados do côndilo da
mandíbula, nos movimentos de abertura e fechamento bucal, bem como presença ou não de
ruídos e saltos articulares, (BARROS, 1995).
A origem é com freqüência sensível, assim como o ventre, nos pacientes que sofrem
de ausência de dimensão vertical posterior suficiente de oclusão ou se sofrem de bruxismo ou
oclusão forçada crônica. Os pontos gatilho ativos no masseter podem causar dor no músculo
propriamente dito e restrição de movimento, (WITZIG & SPAHL, 1999).
A palpação do músculo deverá ser feita em todo seu trajeto, desde sua origem até sua
inserção. O paciente realiza uma inclinação lateral esquerda ou direita da cabeça e realizamos
a palpação do músculo do lado contrário, em toda sua extensão, (BARROS, 1995).
Segundo FRICTION et. al. (2003), a variação total da flexão e extensão na coluna
cervical é de mais ou menos 130o. Pede-se ao paciente para aproximar o queixo o mais perto
possível em direção ao peito (flexão) e dessa posição para cima em extensão. Durante o
movimento de flexão para extensão, o paciente deve chegar a uma posição ereta; caso
contrário o movimento será bloqueado pela posição de flexão da região cervicotorácica.
O movimento normal de flexão e extensão da coluna cervical envolve a região de C-0 a T-5.
para a flexão e extensão da coluna cervical superior, pede-se ao paciente para contrair o
queixo e empurrá-lo em seguida. Essas ações criam um contramovimento na coluna cervical
inferior.
* FLEXÃO LATERAL
A lateroflexão é de mais ou menos 450 para cada lado. A lateroflexão não ocorre entre C-1 e
C-2. a região do ombro não deve ser elevada durante a lateroflexão, (FRICTION et al., 2003).
* ROTAÇÃO
ELEVAÇÃO DO OMBRO
O paciente move os braços no plano sagital e no plano frontal para cima e para baixo
ao longo do corpo. É observada a coordenação do padrão de movimento, (FRICTION et al.,
2003).
MOVIMENTOS PASSIVOS
EXAMES COMPLEMENTARES
O valor diagnóstico da imagem depende de uma grande extensão da história e do
exame clínico. Os testes da imagem são úteis para diferentes distúrbios, em diferentes
estágios de uma doença e para diferentes tecidos. Na presença de uma situação de incerteza
diagnóstica, o clínico pode se sentir obrigado a utilizar imagens da articulação
temporomandibular, (ASCH et al., 2001).
TRATAMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS
A fisioterapia tornou-se parte integral da abordagem interdisciplinar advogada no
tratamento da dor e da disfunção associadas com a desordem temporomandibular e outras
condições de dor orofacial, (FRICTION et al., 2003).
Segundo ALVES et al., (2003), a fisioterapia tem como objetivo evitar a cirurgia,
reposicionar a mandíbula ao crânio para melhorar a função, minimizar a dor muscular, melhorar
a amplitude de movimento, melhorar a postura, reeducar o paciente em relação ao
posicionamento correto da mandíbula, reduzir a inflamação, reduzir a carga na articulação
temporomandibular e fortalecer o sistema músculo-esquelético.
Crioterapia
A utilização da crioterapia (gelo), numa fase aguda, talvez traga muitas controvérsias,
devido à proximidade da articulação temporomandibular com o meato acústico externo.
Seguindo-se com cautela não existe nenhum impecilho para que se utilize desta técnica.
Geralmente o gelo é aplicado na região dolorosa de cinco a sete minutos e em movimentos
circulares, (KITCHEN, 1998).
Cinesioterapia
O tratamento cinesioterápico tem por finalidade alongar, fortalecer, promover
propriocepção e coordenação. Os exercícios de contra resistência são indicados para
contratura muscular e deslocamento de disco com redução nos estágios iniciais, em particular
quando é produzido por hábitos de bruxismo. Os pacientes realizam breves movimentos de
abertura a partir da posição postural, enquanto uma resistência é exercida, com o punho ou a
palma da mão, a força excessiva não é necessária.
O exercício pode durar por alguns segundos e deve ser repetido várias vezes, em
alternância, com breves períodos de relaxamento. Esse exercício é baseado no princípio de
que a contração severa de um grupo muscular pode induzir relaxamento dos músculos
antagonistas. Deve ser enfatizado que, se corretamente realizado, esse exercício pode ser
benéfico para função articular (algumas vezes, isso pode levar a uma melhora do estalido),
(MONGINI, 1998; CARLSSON, 1991).
A utilização da crioterapia (gelo), numa fase aguda, talvez traga muitas controvérsias,
devido à proximidade da articulação temporomandibular com o meato acústico externo.
Seguindo-se com cautela não existe nenhum impecilho para que se utilize desta técnica.
Geralmente o gelo é aplicado na região dolorosa de cinco a sete minutos e em movimentos
circulares, (KITCHEN, 1998).
A essência é que a percepção da dor é regulada por uma “comporta” que pode ser aberta ou
fechada por meio de outros impulsos provenientes dos nervos periféricos ou do sistema
nervoso central, desse modo aumentando ou diminuindo a dor percebida. Alguns
mecanorreceptores de baixo limiar da pele e outras partes sobem sem fazer sinapse até as
colunas posteriores da medula espinhal.
Essas fibras A beta soltam colaterais que vão para as células noceptoras das fibras A
delta e C das laminas do corno posterior. Acredita-se que os impulsos desses
mecanorreceptores reduzem efetivamente a excitabilidade das células nociceptoras aos
estímulos geradores de dor; a isso denominamos inibição pré-sináptica ou segmentar, (LOW &
REED, 2001).
Desse modo os impulsos elétricos que estimulam essas fibras mecanorreceptoras A beta são
efetivos na redução da percepção de dor. Portanto, a TENS de baixa intensidade, mas com
alta freqüência perceptível (100 – 200 Hz) é apropriada e efetiva, (LOW & REED, 2001).
Na dor aguda a freqüência é usada alta de 80 a 100 Hz. Na dor crônica usar baixa freqüência
150 a 200Hz, (KITCHEN, 1998).
Laser
Os efeitos terapêuticos são analgésico, efeito antiinflamatório, efeito antiedematoso e
efeito cicatrizante. Ele é usado na dor aguda, na dor crônica e em edemas. A aplicação do
Laser na articulação temporomandibular é feita no músculo temporal, no côndilo, região
retroauricular, no ângulo da mandíbula, e região do pescoço, (OLIVEIRA& WOLTMANN ,2005).
Ultra-som Terapêutico
A energia ultra-sonora descreve qualquer vibração a uma freqüência acima da faixa de
som, mas na fisioterapia são mais comumente usadas as freqüências de poucos mega hertz:
várias freqüências diferentes são empregadas na faixa de 0,5 a 5 MHz. (LOW & REED, 2001).
O aquecimento controlado pode produzir efeitos desejáveis, que são: alívio da dor,
diminuição da rigidez articular, aumento do fluxo sanguíneo, reduzir espasmo muscular e
promover processos de cicatrização, (KITCHEN, 1998; LOW & REED, 2001).
Segundo BIENFAIT (1999), em termos de reeducação, o homem deve ser visto de forma
global, e globalidade significa analisar o sujeito como um todo. Seja qual for e onde estiver
instalada a desordeme conclui que há uma grande relação entre disfunções da ATM e
alterações posturais, e ainda, que o tratamento fisioterapêutico é de extrema importância na
equipe multidisciplinar, considerando o indivíduo globalmente.
ARAGÃO (1988) comprovou em suas experiências que alterações posturais levam a alterações
oclusais e vice-versa. Seus resultados sugerem ser possível melhorar a postura corporal global
através de correções ortopédicas e da correção funcional.
ROCABADO et al. (1979), propôs que a terapia com pacientes portadores de alterações
oclusais deve propiciar alongamento e fortalecimento da musculatura corporal.
TESSITORE (1995) sugeriu que pacientes com alterações oclusais devem receber terapia
direcionada não apenas à face, mas à cintura escapular como um todo.
Segundo BRICOT (1999), corrigir a postura, lutar contra o ato de apertar os dentes, os
microgalvanismos são os pontos fundamentais para a obtenção do sucesso de um tratamento
crânio-mandibular. O profissional responsável pelo tratamento da oclusão deve conhecer
perfeitamente a posturologia, pois a troca de maus procedimentos acontece nos dois sentidos:
os distúrbios da oclusão descompensam o sistema tônico postural e os distúrbios posturais
desequilibram o sistema estomatognático e são um obstáculo à sua correção.
Concluímos que o paciente com disfunção temporomandibular deve ser avaliado por
uma equipe interdisciplinar e ser tratado pela combinação de equipamentos e técnicas
especiais.Este levantamento bibliográfico aponta que todos os trabalhos e estudos
pesquisados indicam a relação entre as Desordens Temporomandibulares e as alterações
posturais, sugerindo que uma podem ser o fator etiológico ou conseqüência da outra e vice-
versa. Comprova também que o fisioterapeuta pode intervir não só diretamente no tratamento
das Disfunções Temporomandibulares, mas também indiretamente, através do trabalho de
reeducação e reestruturação da postura.
REFERÊNCIAS
ALVES, A. et al. Articulação Temporomandibular. Disponível
em: http://www.wgate.com.br/fisioweb.