Atuação Polical Frente A Grupos Vulneráveis
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E, como profissionais de Segurança Pública, os Policiais Civis têm que ter conhecimento das
normas legais, as quais criam direitos voltados para a proteção dos grupos de vulneráveis. A
Constituição Federal de 1988 garante a não discriminação na promoção dos direitos coletivos,
prevendo como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, a promoção do
bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação. Assim, verifica-se que a igualdade é objetivo fundamental, bem como princípio e
direito fundamental devidamente garantidos em nossa Constituição, a qual busca uma sociedade
democrática, justa e igualitária.
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de acordo com a importância que em cada contexto histórico é atribuído a tais elementos. Assim, o
termo minoria é conceito dinâmico, vez que as minorias são redefinidas e, com isso, o conceito é
revisitado com o passar do tempo e, consequentemente, novos grupos surgem; e, assim, novas
demandas.
Após a análise dos conceitos de grupos vulneráveis e minorias, depreende-se que a diferença
básica entre eles consiste no fato das minorias serem limitadas a aspectos étnicos, linguísticos e
religiosos, enquanto os grupos vulneráveis relacionam-se com as características especiais que as
pessoas adquirem em razão da idade, gênero, orientação sexual, deficiência física ou sofrimento
mental e condição social. São reconhecidos atualmente como grupos vulneráveis: as crianças e
adolescentes; as mulheres; os idosos; a população em situação de rua; as pessoas com deficiência e
a população LGBTQIA+.
2. MULHER
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A violação dos direitos humanos é sempre uma questão grave, mas é especialmente
inaceitável quando vem de um membro da administração pública, de forma que quando um
funcionário público realiza algum tipo de ação discriminatória, humilhante ou preconceituosa, este
ato é qualificado como violência institucional. Ou seja, a violência praticada por órgãos e agentes
públicos que deveriam responder pelo cuidado, proteção e defesa dos cidadãos
I - a situação de violência; ou
§ 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a vítima de crimes violentos, gerando
indevida revitimização, aplica-se a pena aumentada de 2/3 (dois terços).
A violência muitas vezes não é reconhecida também pelos usuários, por ser exercitada nas
ações diárias de instituições consagradas por sua tradição e poder, essa forma de violência costuma
ser considerada como algo natural que, na maioria das vezes, não é contestada. Dessa forma, o não
reconhecimento e o silenciamento diante de atos de violência institucional favorecem a sua
manutenção, perpetuação e terminam por legitimá-la como intrínseca às práticas de saúde.
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psicológico e dano moral ou patrimonial, nos âmbitos da unidade doméstica, da família, relação
intima de afeto independente de orientação sexual.
A mulher vítima de violência doméstica e familiar deve receber tratamento humanizado, isso
é, acolhedor, em local próprio, reservado, sem interrupções, com escuta qualificada, permitindo que
a vítima relate os fatos a seu tempo. O agente de segurança pública não deve emitir comentários
pessoais, discriminatórios, preconceituosos, o questionamentos que não sejam pertinentes a
investigação.
Nas ocorrências de violência doméstica familiar contra a mulher, visando o atendimento com
excelência, agilidade e a não revitimização, são confeccionadas no mesmo momento as seguintes
peças que compõe a Verificação Preliminar de Informações (VPI).
2.3 VPI
Boletim de Ocorrência;
Termo de declaração da vítima;
Termo de ciência de medidas protetivas;
Formulário de risco;
Cópia do documento ou Prodepa das partes;
Intimação para o agressor (a) e/ou testemunha (s);
Requisição de Exames Periciais;
Ofício de Solicitação de Medidas Protetivas / Comunicação de Descumprimento
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a. Qualificação do agressor: nome completo, filiação, data de nascimento (quando não souber
informar a data de nascimento, perguntar e constar sobre a idade aproximada); endereço (com
perímetro), telefone (se houver), local de trabalho, endereço ou contato de um parente ou amigo, e
mail, verificar no Prodepa/ infoseg nº da identidade e do CPF;
b. Breve histórico da relação: qual parentesco ou relação da vítima com o agressor, tempo da
relação, se coabitam, se possuem filhos menores de 18 anos e/ou com deficiência. Pontuar
de maneira genérica se há histórico de violência doméstica anterior;
c. Fato típico a ser apurado: como ocorreu o fato, especificando o local, a hora, de que forma,
qual instrumento utilizado, qual a motivação, descrever com as palavras da vítima as ofensas
e ameaças sofridas;
d. Testemunha: constar se há testemunha do fato, informando no relato a qualificação da
pessoa indicada (nome, endereço e contato telefônico) .
e. Representar: constar, nos crimes em que caiba representação, se a vítima deseja, ou não,
representar criminalmente contra o agressor pelo crime descrito.
f. Abrigo: constar se a vítima deseja, ou não, ir para o Abrigo do público.
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vítima solicitar deslocamento para o abrigo de proteção, deverá ser encaminhada para uma das
unidades referenciadas.
Cumpre ressaltar que as casas-abrigo possuem endereço sigiloso, e portanto, as unidades
diversas das Especializas em Atendimento a Violência Contra Mulher, em caso de abrigamento
devem encaminhas as vítimas a unidade Especializada para que esta realize o transporte.
2.8 Busca de Pertences
A Lei Maria da Penha determina que se necessário, a Autoridade Policial deve acompanhar
a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio
familiar. O serviço ocorre durante o período diurno, e agendado, a equipe policial acompanha a
vítima até a residência para que a mesma possa retirar objetos pessoais seus e de seus dependentes,
como roupas, documentos, medicamentos.
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A Lei de abuso de autoridade fez reparação histórica e tipificou a conduta de manter pessoas
de sexo diferentes em uma mesma cela ou espaço de confinamento. A Lei de Execução Penal traz,
em seu Artigo Nº 89, determinação no sentido de que a penitenciária de mulheres, além dos requisitos
mínimos de metragem e salubridade, seja dotada de berçário, onde as condenadas possam cuidar de
seus filhos, e mesmo amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade, e ainda, que os
estabelecimentos prisionais femininos devem possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na
segurança de suas dependências internas.
3. CRIANÇA E ADOLESCENTE
A Constituição Federal Brasileira relaciona em seu Artigo Nº 227 direitos destinados a garantir
às crianças e aos adolescentes absoluta prioridade no atendimento ao direito a vida, saúde, educação,
convivência familiar e comunitária, lazer, profissionalização, liberdade e integridade. Além disso, é
dever de todos (Estado, família e sociedade) resguardarem a criança e ao adolescente de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
As crianças e adolescentes têm primazia em receber proteção e socorro em quaisquer
circunstâncias, precedência no atendimento por serviços públicos ou de relevância pública,
destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à
juventude, programas de prevenção e atendimento especializado aos jovens dependentes de
entorpecentes e drogas afins.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece um rol de direitos exclusivos
dessas pessoas, bem como regras especiais para o adolescente infrator. Considera-se criança a pessoa
de até 12 anos de idade, e o adolescente aquele entre 12 e 18 anos. O ECA também regula casos
excepcionais de jovens que receberam medidas que se esgotaram até depois dos 18 anos, como no
caso do prolongamento da medida de internação e no caso de assistência judicial.
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A Lei Nº 13.431/2017 fez alterações no ECA e estabeleceu as formas pelas quais crianças e
adolescentes devem ser ouvidos quando se encontrem em situação de violência, estabelecendo que
pode ser feita a escuta especializada ou o depoimento especial.
Dispõe o Art. 7º, da Lei Nº 13.431/2017 que “escuta especializada é o procedimento de
entrevista sobre situação de violência com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção,
limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade”.
O Art. 8º da referida lei prevê que “depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança
ou adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária”.
Há que salientar a imposição do depoimento especial em produção antecipada de provas em
duas situações: a) criança ou adolescente menor de 7 anos; b) casos de violência sexual.
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Segundo a doutrina prevalente, crime, num conceito analítico, é o fato típico, ilícito (ou
antijurídico) e culpável. Lembremos que a culpabilidade, segundo a teoria normativa pura, é
composta por três elementos de ordem normativa: a imputabilidade, a potencial consciência da
ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
Os menores de 18 anos são inimputáveis e, por conseguinte: (a) não ostentam culpabilidade;
(b) não praticam crimes (mas, sim, atos infracionais); (c) não estão sujeitos à legislação penal, mas,
sim, ao ECA. Logo, crianças e adolescentes praticam atos infracionais equiparados (ou análogos) a
infrações penais (crimes ou contravenções).
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Assim, caso a repartição policial receba ocorrência de ato infracional cometido por criança,
deve seguir os seguintes passos: a) encaminhar para o Conselho Tutelar e fazer o registro da
ocorrência; b) na ausência do Conselho Tutelar, apresentar a criança para o Juiz da Infância e
Juventude, mediante termo de entrega; ou c) na ausência do Juiz da Infância e Juventude, entregar
aos pais ou responsáveis e encaminhar, posteriormente, através de comunicação, o registro da
ocorrência ao juizado. Ensina Ismar Estulano Garcia (2004, p. 340) que se na localidade existir
Conselho Tutelar, o encaminhamento deve ser imediato, sem necessidade sequer de lavrar
ocorrência.
O adolescente, em caso de flagrância de ato infracional deverá ser apresentado à autoridade
policial responsável e, especificamente se o ato infracional vier a ser praticado na área metropolitana
de Belém, Ananindeua e Marituba, será levado à autoridade policial lotada na Delegacia de
Atendimento ao Adolescente Infrator (DATA), situada em Belém, de acordo com previsão Art.Nº
172, parágrafo único, do ECA, ou na Delegacia de Polícia Civil comum, na ausência de uma
especializada nos demais municípios do Estado do Pará.
Por força do Art.Nº 143 e Art.Nº 144, ambos do ECA, é vedada a divulgação de atos judiciais,
policiais e administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a quem se atribua autoria de
ato infracional, só podendo ser expedida cópia ou certidão de tais atos se deferida pela autoridade
judiciária competente, demonstrado o interesse e justificada a finalidade.
Se houver dúvida sobre a idade real do detido cuja identificação não foi obtida e que alega
ser menor de 18 anos, como tal será tratado, inclusive na lavratura dos respectivos procedimentos,
até esclarecimento, por meio do órgão de identificação ou perícia médico-legal.
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mais próxima. Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em
repartição policial, não podendo ultrapassar o prazo máximo de CINCO DIAS, sob pena de
responsabilidade.
4. LGBTQIA+
4.1 Antecedentes históricos e conceitos básicos
A homossexualidade sempre esteve presente na história da humanidade, remontando às
civilizações antigas de Grécia e Roma os primeiros registros de relações homoafetivas. Na sociedade
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grega, por exemplo, a relação sexual entre homens era tida como um ritual de passagem para jovens
que estavam em treinamento militar, acreditando-se que a formação de laços afetivos entre os
homens poderia criar exércitos mais unidos e inspirar mais atos de sacrifício e heroísmo.
Historiadores relacionam a ascensão do catolicismo à discriminação de relações homoafetivas,
inclusive com sua criminalização chegando até mesmo à aplicação da pena de morte às pessoas do
mesmo sexo que se relacionassem entre si.
O surgimento do Estado de Direito e a afirmação dos Direitos Humanos compôs o cenário
em que a luta pelos direitos dos homossexuais se firmou no âmbito dos direitos civis e políticos,
tendo havido a paulatina descriminalização e despatologização das relações homoafetivas.
No Brasil, a homossexualidade deixou de ser crime em 1830 e em 1985 o Conselho Federal
de Medicina retirou a homossexualidade do rol de doenças classificadas. Cinco anos depois, em
1990, a Organização Mundial da Saúde também deixou de considerar a homossexualidade como
uma doença, após mais de cinquenta anos assim o fazendo. Hoje, a população LGBTQIA+ é
composta por cidadãos que têm garantido o direito de expressar sua individualidade, em todos os
seus aspectos e é preciso que os policiais sejam conhecedores destes direitos para salvaguardá-los
de eventuais agressões.
A sigla LGBTQIA+ é uma contração dos termos lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais,
queer, intersexo, assexual, e o + engloba todas as outras possíveis manifestações de sexualidade e
gênero, de modo que mais e mais pessoas sintam-se representadas pelo movimento. Para a correta
compreensão da nomenclatura, é importante compreender as diferenças entre sexo, gênero,
identidade de gênero e orientação sexual.
A referência ao sexo de um indivíduo está vinculada ao sexo biológico, isto é, a designação
atribuída ao indivíduo devido suas características físicas de homem ou de mulher quando do
nascimento, geralmente identificados a partir dos aparelhos reprodutivos e genitálias. A referência
ao termo gênero, por sua vez, remete às funções socialmente atribuídas aos homens e às mulheres;
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assim, alguns sentimentos e comportamentos são socialmente vinculados aos homens enquanto
outros são vinculados às mulheres.
Ocorre que ao longo do desenvolvimento da personalidade do ser, o indivíduo manifestará
sua própria identidade de gênero, que não necessariamente será equivalente ao sexo que lhe foi
atribuído pelo nascimento. Quando se fala em identidade de gênero, refere-se a como cada indivíduo
se sente em relação ao seu gênero. Pessoas cisgênero são aquelas que se identificam com o mesmo
que sexo e gênero que lhes fora atribuído. Pessoas transgênero não se identificam com o sexo e/ou
gênero que lhes fora atribuído, e buscam alinhar a sua imagem estética à imagem psicológica que
fazem de si, podendo até mesmo realizar procedimentos cirúrgicos para alteração de características
físicas, inclusive com alteração do sexo biológico. Fala-se, ainda, em indivíduos não-binários (ou
agênero) para se referir às pessoas que não se reconhecem em nenhum dos sexos e/ou gêneros
estabelecidos.
Os transgêneros que promovem alterações em seus corpos para alinhar a sua identidade de
gênero são designados transsexuais. Assim, a mulher transsexual é o indivíduo que nasceu
biologicamente homem, porém identifica-se com o gênero feminino e procedeu a modificações no
seu corpo de modo a apresentar-se socialmente como uma mulher. Já o homem transsexual é o
indivíduo que nasceu biologicamente mulher, porém identifica-se com o gênero masculino e
procedeu a modificações no seu corpo de modo a apresentar-se socialmente como um homem. Os
intersexuais se identificam com características de ambos os gêneros. Há, ainda, as pessoas queer,
que não se fixam numa ou noutra identidade de gênero, transitando entre as representações sociais.
Por fim, quando se fala em orientação sexual, está se referindo ao desejo afetivo-sexual do
indivíduo. Assim, podem haver indivíduos heterossexuais, isto é, que têm desejo unicamente ou
principalmente por pessoas do sexo oposto ao seu; indivíduos homossexuais, que desenvolvem
desejo unicamente ou principalmente por pessoas do mesmo sexo, podendo ser gays (homossexuais
masculinos) ou lésbicas (homossexuais femininos); indivíduos bissexuais, que têm desejo afetivo-
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sexual por pessoas de ambos os sexos, e, ainda, pessoas pansexuais, quem têm desejo sexual não
vinculado ao sexo ou ao gênero; e pessoas assexuais, que não têm desejo afetivo-sexual.
Da criminalização e patologização passamos atualmente ao respeito e à proteção dos
indivíduos, inclusive com a criminalização de condutas atentatórias aos seus direitos, além do
reconhecimento do direito à união estável homoafetiva e à identidade social.
No âmbito da atividade policial, é importante compreender a diversidade de gênero e de
orientação sexual de modo a prestar atendimento qualificado e humanizado aos usuários, sem
preconceito de nenhuma espécie. Além disso, atentar contra a dignidade da população LGBTQIA+
pode implicar na tipificação de crime de injúria homofóbica ou homofobia, a depender das
circunstâncias dos fatos.
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pessoa lhe causar dúvidas sobre a forma correta de tratá-la, pergunte: “como você gosta de ser
chamado?”, por exemplo.
- Ao responder quanto suas preferências de tratamento, a pessoa atendida ou abordada pode
utilizar um nome feminino, masculino ou neutro, não cabendo ao profissional policial tecer nenhum
tipo de comentário discriminatório ou ofensivo sobre o nome informado, tão pouco sobre a aparência
do cidadão.
- A mulher transexual ou a travesti abordada deve ser preferencialmente revistada por
policiais femininas, e, se detida, deve ser mantida em ambiente separado dos homens; o homem
transexual também poderá ser revistado por mulheres e mantido em ambiente de cela separado dos
homens, caso mantenham as características biológicas do aparelho reprodutor feminino;
- Nos documentos oficiais deverão constar tanto o nome social quanto o nome constante da
cédula de identidade do indivíduo;
- Devem ser evitadas condutas que possam causar constrangimento à pessoa LGBTQIA+
atendida ou abordada, tais como repetir em voz alta, em público, nome de registro divergente do
nome social;
- No atendimento de toda e qualquer ocorrência, o Policial Civil deve ser discreto e
profissional, devendo respeitar a intimidade da pessoa atendida ou abordada, evitando exposição
desnecessária de seus pertences de foro íntimo, por exemplo.
5. PESSOAS IDOSAS
5.1 Conceitos.
Segundo classificação da Organização Mundial da Saúde em países em desenvolvimento, é
considerada idosa a pessoa com mais de 60 anos de idade. As leis brasileiras seguem essa orientação
para definir o conceito e estabelecer os direitos inerentes ao idoso, além de determinar ser da família,
da comunidade, da sociedade e do Poder Público, em todas as suas esferas, órgãos e instituições, a
obrigação de cumprimento.
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Estatuto do Idoso, onde foram previstos as garantias básicas e os direitos fundamentais das pessoas
idosas, com proteção integral do Poder Público.
O Estatuto do Idoso dispõe ser obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do
Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à
dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
5.4 Violência contra pessoa idosa.
Para a proteção de pessoas idosas, é necessário identificar a forma como a violência pode se
manifestar, que segundo o Estatuto do Idoso, Lei Nº 10.741/2003 pode ser:
a) Física: Maus-tratos, abuso ou violência física. Uso da força física, de forma intencional,
para compelir o idoso a fazer algo, para feri-lo, provocar-lhe dor, incapacidade ou morte. Exemplos:
empurrões, beliscões, tapas, socos ou com o uso de armas.
b) Psicológica: Maus-tratos, abuso ou violência psicológica. Infringir pena, dor ou angústia
mental, menosprezo, desprezo, preconceito, discriminação, com expressões verbais e não verbais e
que possam causar medo da violência, abandono, isolamento social, restrição da liberdade ou que
provoquem humilhação, tristeza, solidão, vergonha, indignidade e impotência;
c) Negligência: Recusa ou omissão de cuidados devidos e necessários ao idoso, por parte do
responsável (familiar ou não) ou instituição. Exemplo: privação de medicamentos e alimentação,
descuido com a higiene e saúde.
Obs.: É preciso ter atenção também aos sinais de autonegligência e autoagressão, tais como
o idoso não querer ir ao médico, não tomar remédios, não se alimentar, descuidar da higiene.
d) Financeira e Econômica: Exploração imprópria ou ilegal e/ou uso sem consentimento de
recursos materiais e/ou financeiros do idoso. Consiste no usufruto impróprio ou ilegal dos bens das
pessoas idosas;
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A Lei Federal N° 13.146/2015, que instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), regulamenta internamente as disposições da
Convenção da ONU e prevê em seu Artigo 2º:
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência visa assegurar e promover, em
condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com
deficiência, visando à sua inclusão social e sua cidadania (BRASIL, 2015).
Quando se faz referência a todos não se deve falar “pessoas com deficiências físicas", e sim,
pessoas com deficiência. Não se aceita mais o uso do vocabulário "deficiente(s)" como um
substantivo, exceto quando for necessário no contexto de uma explicação. Logo, está em desuso o
termo "portadores de deficiência", pois o termo "portar" significa algo que se pode dispor dela: uma
bola, uma caneta. A deficiência é inerente à condição de individuo, não tem como a pessoa separar-
se dela (SILVA, 2009).
De acordo com Gabrilli (2010), para assegurar estes direitos no atendimento às pessoas com
deficiência vítimas de violência ou abordagem por fundada suspeita, o policial deve:
- Olhar diretamente para a pessoa ao dialogar com ela;
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- Evitar:
ser apressado no diálogo;
completar as frases ou falar pela pessoa que está sendo atendida;
ficar olhando de maneira fixa ou repetidamente para algo que lhe chame atenção na pessoa;
ajudar sem que seja pedido, salvo em caso de acidente ou de a pessoa passar mal.
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decorrência da cor, da religião, da etnia, da língua ou da procedência nacional. A proteção para vários
tipos de intolerância foi estendida com a edição da Lei nº 9.459/13 que acrescentou os termos etnia,
religião e procedência nacional.
De forma didática podemos entender a classificação das formas de racismo como:
Racismo Religioso: É um conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a diferentes crenças e
religiões, sendo definida como um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana. Essa
perseguição religiosa é de extrema gravidade e costuma ser caracterizada pela ofensa, discriminação
e até mesmo atos que atentam à vida de um determinado grupo que tem em comum certas crenças.
Racismo Institucional: O racismo institucional é definido como o "fracasso coletivo de uma
organização para prover um serviço apropriado e profissional para as pessoas por causa de sua cor,
cultura ou origem étnica. Ele pode ser visto ou detectado em processos, atitudes e comportamentos
que totalizam em discriminação por preconceito involuntário, ignorância, negligência e
estereotipação racista, que causa desvantagens a pessoas de minoria étnica". A prática do racismo
institucional na área da saúde afeta preponderantemente as populações negra e indígena.
Racismo Estrutural: É a formalização de um conjunto de práticas institucionais, históricas,
culturais e interpessoais dentro de uma sociedade que frequentemente coloca um grupo social ou
étnico em uma posição melhor para ter sucesso e ao mesmo tempo prejudica outros grupos de modo
consistente e constante causando disparidades que se desenvolvem entre os grupos ao longo de um
período de tempo.
Racismo Cultural: Existe quando há uma ampla aceitação de estereótipos em relação a
diferentes grupos étnicos ou populacionais. O racismo cultural pode ser caracterizado pela crença de
que uma cultura é inerentemente superior a outra.
A Constituição Federal determina que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e a suas liturgias”.
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A liberdade de crença religiosa é um direito e o Estado tem por obrigação garanti-lo e punir
suas violações. As religiões de matriz africana, como o Candomblé, Umbanda ou outras de
manifestação afro-católica, como o Congado, têm sofrido, através dos séculos, intolerâncias e
discriminações, e por serem de matriz africana, se tornam referências para a cultura do racismo.
A intolerância religiosa é uma forma de violência, física ou simbólica, que tem por objetivo
a negação e a supressão de uma religião em detrimento de outra. Ou seja, é um caso de preconceito
associado a algum tipo de violência em que se pretende negar a existência de religiões específicas,
por meio de condutas como difamação, a demonização, a exclusão social, a destruição de templos,
propriedades e símbolos. A injúria preconceito está tipificada no artigo 140, §3º, do Código Penal, e
criminaliza a utilização de palavras ou gestos para ofender a dignidade ou o decoro em função de
elementos de raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência.
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Foi por meio do Decreto Federal Nº 7.053 de 2.009 que a população em situação de rua foi
oficialmente reconhecida para fins de implementação de políticas públicas que lhe garanta,
sobretudo, a sobrevivência e o desenvolvimento.
A ausência de moradia, conflitos familiares devido à condição de pobreza, uso de álcool e/ou
drogas, problemas de saúde e ineficiência das políticas públicas surgem como motivos que
contribuem significativamente para que indivíduos e/ou famílias passem a ter as ruas como moradia
e/ou sustento.
A realidade de invisibilidade social vivida pela população em situação de rua representa grave
violação a diversos dispositivos constitucionais, dos quais se destacam: Princípio da dignidade da
pessoa humana e da vedação à discriminação; da Justiça Social; da igualdade ou isonomia da
legalidade; da vedação à tortura e tratamentos desumanos ou degradantes; da inviolabilidade do
direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem; da função social da propriedade.
A Política Nacional para a População em Situação de Rua diz respeito à promoção de direitos
civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, bem como o direito dos cidadãos, nessa condição, a
terem atendimento humanizado e universalizado, em face da não referência de moradia.
O direito humano da população em situação de rua à segurança pública consiste na garantia
de convivência social pacífica nos espaços e logradouros públicos em igualdade de condições com
as/os demais cidadãs/cidadãos, com preservação de sua incolumidade, de sua privacidade e de seus
pertences, assegurando atenção protetiva dos órgãos e agentes públicos contra práticas arbitrárias ou
condutas vexatórias ou violentas.
O Boletim Epidemiológico Nº 14 do Ministério da Saúde, de 2019, apontou o registro de
17.386 casos, entre 2015 e 2017, de violência cuja motivação principal foi a condição de situação de
rua da vítima. No período de 2017 a 2019, foram registradas 2.800 denúncias registradas no Disque
Direitos Humanos (Disque 100) de violência contra esta população, com destaque para as violências
por negligência, seguido das violências institucional e psicológica.
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No Estado do Pará, foi editada a Lei Nº.9.306, de 8 de setembro de 2021, que instituiu a
Política Estadual do Pará para a População em Situação de Rua.
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Na vistoria do local, o policial deve ser cuidadoso com os pertences, papelões, colchões e
cobertores, visto que os objetos têm grande importância para as pessoas em situação de rua. Orienta-
se a utilização de luvas e máscaras descartáveis para o contato com o abordado, visando preservar a
saúde do policial.
Durante a abordagem o agente de Segurança Pública deve informar ao cidadão sobre a
existência de Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP),
o qual tem o propósito de atender famílias e indivíduos nas mais diversas situações de
vulnerabilidade social ou violação de direitos.
Redes de atendimento
CRAS – Centro de Referência de Assistência Social;
CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social;
Centro POP – Centro de Referência Especializado para População em Situação de
Rua;
Casa Rua Nazareno Tourinho (localizada em Belém).
Para saber...:
Aporofobia – aversão à pobreza, que tem origem histórica, mas só ganhou nome próprio há
cerca 20 anos. De origem grega, á-poros (pobres) e fobos (medo), a aporofobia se refere ao medo e à rejeição
aos pobres.
Arquitetura “antipobres” – objetos tais como pedras, grades, espetos de ferro,
barreiras debaixo de viadutos etc., os quais são inseridos na arquitetura de diversas construções e
equipamentos públicos em diversas cidades do país para evitar a presença e permanência dos mais
pobres, principalmente pessoas em situação de rua. A respeito deste tema, A Comissão de
Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei nº.488/21, que proíbe
o emprego de técnicas construtivas hostis em espaços livres de uso público que visem afastar do
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espaço público pessoas em situação de rua, idosos, jovens e outros segmentos da população (Fonte:
Agência Câmara de Notícias).
9. REFERENCIAL:
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BRASIL. Presidência da República. Lei Nº11.340 de 07 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha.
Brasília, 2006.
BRASIL. Presidência da República. Lei Nº14.149 de 05 de maio de 2021. Institui o Formulário
Nacional de Avaliação de Risco, a ser aplicado à mulher vítima de violência doméstica e familiar.
Brasília, 2021.
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: Protocolo Facultativo à Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência: decreto legislativo nº 186, de 09 de julho de 2008: decreto
nº 6.949, de 25 de agosto de 2009. - 4. ed., rev. e atual. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos,
Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 2011.
GABRILLI, M. Manual de Convivência – Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida. 2ª
edição; 2010.
D'OLIVEIRA AFPL, DINIZ CSG, SCHRAIBER LB.Violence against women in health-care
institutions: an emerging problem. Lancet. 2002;359(11):1681-5.
FLEURY S, BICUDO V, RANGEL G. Reacciones a la violencia institucional: estrategias de los
pacientes frente al contraderecho a la salud en Brasil. Salud Colectiva. 2013;9(1):11-25.
LIMA, R. B. Legislação Criminal Especial Comentada. Salvador: Editora Juspodivm, 2016.
ORO, Ari Pedro. Intolerância religiosa Iurdiana e Reações Afro no Rio Grande do Sul. IN: SILVA,
Vagner G. da (org.). Intolerância religiosa: Impactos do neopentecostalismo no campo religioso
afro-brasileiro. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007.
PARÁ. Plano Estadual de Políticas Públicas Para os Povos Tradicionais de Matriz Africana:
Combate ao Racismo Religioso no Pará 2021-2024. Belém, 2021.
SILVA, Maria Isabel da. Por que a terminologia “pessoas com deficiência”? Universidade Federal
Fluminense. Núcleo de Acessibilidade e Inclusão Sensibiliza – UFF, 2009.
BRASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social: Lei Nº 8.842. Política Nacional do Idoso.
Brasília: DF, 04 de janeiro de 1994.
WHO (2002) Active Ageing – A Police Framework. A Contribution of the World Health
Organization to the second United Nations World Assembly on Aging. Madrid, Spain, April, 2002.
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10. ANEXO
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 001 / 2023 – GAB/CG/PC-PA
* DIÁRIO OFICIAL Nº 35.302 Segunda-feira, 27 DE FEVEREIRO DE 2023
CONSIDERANDO que o Conselho Nacional dos Chefes de Polícia Civil- CONCPC editou a
Resolução N° 10/2018 que institui diretrizes a serem observadas pelas Polícias Civis dos Estados e
do Distrito Federal para o atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica e familiar e de
gênero, no contexto da Lei Maria da Penha;
CONSIDERANDO que o plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social objetiva a redução
de todas as formas de violência contra mulher em especial a violência doméstica;
CONSIDERANDO Que a Lei Maria da Penha no Artigo N°5, configura violência doméstica e
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: l- no âmbito da unidade
doméstica, compreendida como espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; ll – no âmbito familiar compreendido como a
comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços
naturais, por afinidade ou por vontade expressa; lll – em qualquer relação íntima de afeto na qual o
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RESOLVE:
Art. 1° Ficam definidos os procedimentos internos a serem adotados pela Polícia Civil do
Estado do Pará em Face do atendimento ás mulheres vítimas de violência de gênero no âmbito
doméstica e familiar, no contexto da Lei Maria da Penha sem prejuízo das normativas nacionais e
internacionais que tratam o tema.
Art. 2° Recomendar a Autoridade Policial que atender mulher vítima de violência de gênero
no âmbito doméstico e familiar, conforme à Lei N° 11.340/2006 tome as seguintes providências.
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Art. 3°. No decorrer as atividades ficam os servidores da Polícia Civil a atuar de acordo com o
PROTOCOLO DE ROTINAS A SEREM OBSERVADAS PELA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO
DO PARÁ NAS OCORRÊNCIAS ENVOLVENDO MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E FAMILIAR.
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