Simulação de Autoridade para Celebração de Casamento

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AULA PENAL 13/02/2020

Simulação de autoridade para celebração de casamento

        Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento: Pena -
detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Nesse crime, o bem jurídico tutelado é a fé pública. Aqui, o artigo se refere


especificamente à função de juiz de paz. É possível a convalidação do casamento
realizado por falsa autoridade? O artigo 1554 do CC afirma que é possível a
convalidação, desde que levado e registrado em cartório, mesmo esse ato sendo
convalidado, ainda assim persiste a figura criminosa, pois a consumação do crime se dá
antes da convalidação do casamento.

*Sujeito ativo: Crime comum

*Sujeito passivo imediato: O estado

*Sujeito passivo mediato: O estado e os nubentes enganados

*Voluntariedade: Só pode ser praticado de modo doloso.

OBS: Se o agente acredita fielmente que ainda está legitimado para realizar casamentos
como juiz de paz, mas, na verdade não está, ele incorre em um erro de tipo, portanto,
nesse caso exclui-se o dolo e o agente responde pela modalidade culposa, no entanto,
nesse caso como o tipo penal não admite a modalidade culpa, então o agente acaba não
respondendo pelo crime, sendo o fato atípico.

O erro de tipo encontra previsão no artigo 20, caput, do Código Penal e pode ser conceituado como a falsa
representação da realidade. Entende-se por erro de tipo aquele que recai sobre os elementares, circunstâncias ou a
qualquer dado que se agregue a determinada figura típica. O agente que atua em erro de tipo não tem consciência (ou
não tem plena consciência) da sua conduta. Ele não sabe – ou não sabe exatamente – o que faz, por que tem
uma falsa representação da realidade. 
O erro de tipo pode ser dividido, basicamente, em duas espécies:

1. Essencial – É aquele que recai sobre os dados principais do tipo penal;


2. Acidental – Recai sobre dados secundários do tipo.
Por esse motivo, pode-se afirmar que, no primeiro, caso o agente seja avisado do erro, ele para de agir
criminosamente; no segundo, se avisado, ele continua agindo criminosamente, já que o erro recai sobre elemento
acessório e não principal.

O erro de tipo essencial pode ser:

 inevitável (justificável, escusável ou invencível): o erro é considerado inevitável quando imprevisível. Tem como
consequência a exclusão do DOLO e da CULPA. Exclui-se o dolo porque o agente não tinha consciência
(elemento do dolo), já que havia erro. Exclui-se a culpa porque o agente não tinha previsibilidade (elemento da
culpa), eis que o erro era inevitável;
 Evitável (injustificável, inescusável ou vencível): o erro é evitável quando previsível. Tem como consequência
a exclusão do dolo. Exclui-se o dolo porque no erro não há consciência, mas não se exclui a culpa porque o erro
evitável é previsível, em havendo previsibilidade, há culpa. Deve-se atentar para a advertência feita pelo artigo
20, caput, e também prevista no artigo 18 parágrafo único, ambos do CP: somente é possível punir a conduta
culposa se houver previsão legal desta modalidade.
*Consumação: Crime formal (pois basta a atribuição falsa de autoridade, não há a
necessidade da homologação do casamento)
*A tentativa é admitida.
*A ação penal é pública incondicionada
*É um crime de médio potencial ofensivo (menor ou igual a um ano), ou seja, é possível
a suspenção condicional do processo.
*Neste tipo, há uma clara aplicação do princípio da subsidiariedade quando no texto da
lei diz “se o fato não constitui crime mais grave”, desse modo, constitui-se um crime
mais grave, por exemplo, quando o agente cobra um valor para a realização do
casamento, portanto, aqui constituiria o estelionato.

Simulação de casamento

Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa: Pena - detenção, de
um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

Esse crime geralmente constitui-se quando um dos nubentes engana dolosamente o outro
nubente (ou até mesmo outra pessoa, o tipo penal não exclui essa possibilidade) para
qualquer que seja a finalidade.
*Sujeito ativo: Crime comum.
OBS: Se outras pessoas estiverem envolvidas, ou seja, estiverem sabendo da enganação
e, estiverem em conluio, podem ser tipificadas como partícipes.
*Sujeito passivo imediato: Estado.
*Sujeito passivo mediato: Os enganados.
*Voluntariedade: Só comporta a modalidade dolosa.
*Consumação: Crime formal.
*É admitida a modalidade de tentativa.
*Crime de ação penal pública incondicionada.
*Crime de médio potencial ofensivo, ou seja, comporta o instituto de suspenção
condicional do processo.
OBS: Ex: Caso um dos nubentes tenha “escolhido esperar” e o outro, sabendo dessa
ideologia, casa de forma enganosa, para ter relações sexuais com ele. Desse modo,
constitui-se crime de estupro mediante fraude? Para que seja possível identificar qual
crime, é preciso entender qual a volitividade do agente, desse modo, é possível sim que
seja constituído esse crime mais grave.

CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO

Registro de nascimento inexistente


Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente: Pena -
reclusão, de dois a seis anos.
Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-
nascido

O termo inexistente pode ser entendido tanto um ser que nunca existiu como um
natimorto.
Pelo princípio da especialidade, nesse caso o agente não responde pelo crime de
falsidade ideológica.
*Sujeito ativo: Crime comum
OBS: É possível a coautoria e participação.
*Sujeito passivo: O Estado e familiares enganados.
*Voluntariedade: Apenas a título doloso.
*Consumação: Material, é necessário que seja feito o registro.
*Admite-se a tentativa.
*Ação penal pública incondicionada
*Crime de alto potencial ofensivo.
OBS: É preciso ter cuidado com a prescrição, pois ela só começa a contar do
conhecimento do crime (Art. 111, inciso 4) .

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