Remoção Dos Servidores Do MPPA
Remoção Dos Servidores Do MPPA
Remoção Dos Servidores Do MPPA
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Mestre em ciência política pela UFPA. Pós-graduado em tutela dos interesses difusos e
coletivos pela UNAMA/LFG; pós-graduando em Direitos Humanos pela UFPA; analista jurídico
concursado do MPPA; diretor de comunicação do sindicato dos servidores do ministério público
do Estado do Pará (SISEMPPA); líder comunitário no cargo de diretor jurídico na associação dos
moradores do conjunto Médici I e II (AMME). E-mail: qpacom@gmail.com
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como norma geral, para suprir os eventuais buracos que possam existir na 5.810,
respeitando sempre a competência legislativa plena dos Estados nesta matéria,
mas utilizando aquelas regras da legislação federal que pode servir de norma
geral, conforme previsão do art. 24, §1º da Constituição Federal.
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Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA. CONSELHO NACIONAL DE
JUSTIÇA. DECISÃO QUE DETERMINA AO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA QUE PROCEDA À
REMOÇÃO DE SERVIDORES PREVIAMENTE À NOMEAÇÃO DE
CANDIDATOS APROVADOS EM CONCURSO PÚBLICO E
INTEGRANTES DE CADASTRO DE RESERVA. NÃO SE DECLARA
A NULIDADE PROCESSUAL DECORRENTE DA AUSÊNCIA DE
CITAÇÃO DE TODOS OS SERVIDORES INTERESSADOS,
QUANDO O MÉRITO FOR FAVORÁVEL, TAL COMO IN CASU, À
PARTE A QUEM A NULIDADE APROVEITAR (ART. 249, § 2º, DO
CPC). MODIFICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESTATUTÁRIA DOS
SERVIDORES DA JUSTIÇA PARAIBANA QUE NÃO ALTERA A
SISTEMÁTICA ADOTADA PARA A REMOÇÃO E NOMEAÇÃO DE
SERVIDORES. OBRIGATORIEDADE DA PRECEDÊNCIA DA
REMOÇÃO SOBRE A INVESTIDURA DE CONCURSADOS.
DISCRICIONARIEDADE DA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
PARAIBANA NA ALOCAÇÃO DOS RESPECTIVOS RECURSOS
HUMANOS NÃO É IRRESTRITA E FICA ENTRINCHEIRADA PELA
LEI E PELO PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA QUE
ASSEGURA AOS SERVIDORES O DIREITO DE PRECEDÊNCIA
SOBRE OS CANDIDATOS APROVADOS. 1. O art. 249, § 2º, do CPC
impõe o não reconhecimento da nulidade processual quando, tal
como na hipótese dos autos, o mérito for favorável à parte a quem a
nulidade aproveitar. A ausência de citação de todos os servidores
antigos é nulidade que, caso fosse declarada, prejudicaria os próprios
servidores e em ofensa ao preceito acima referido do codex
processual civil. 2. A precedência da remoção sobre a investidura de
candidatos inseridos em cadastro de reserva e, portanto, excedentes
ao número de vagas disponibilizadas no edital do concurso em que
lograram aprovação é obrigatória, máxime à luz do regime jurídico
atualmente vigente e em decorrência do princípio da proteção da
confiança. 3. O juízo discricionário da Administração da Justiça
paraibana, sob o enfoque da sua avaliação de conveniência e
oportunidade, encarta o poder de decidir quanto à alocação de seus
quadros funcionais dentro dos limites da legalidade e dos princípios
constitucionais, sob pena de incidir em arbitrariedade. 4. In casu, tem-
se que: a) o regime anterior, que atrelava a remoção entre comarcas
de entrâncias distintas à promoção mobilidade vertical na carreira de
uma classe a outra imediatamente superior não foi modificado por
nova sistemática. A disciplina dos atos de remoção, prevista na Lei
nº 7.409/2003, não foi revogada pela Lei estadual nº 8.385/2007, à
medida que a unificação dos cargos em carreira não implica alteração
na atual sistemática de movimentação do servidor; b) as expectativas
legítimas dos servidores alicerçadas na legislação de 2003 devem ser
respeitadas, sob pena de ofensa ao princípio da proteção da
confiança. 5. Segurança denegada, para manter o acórdão proferido
pelo Conselho Nacional de Justiça em Pedido de Providências e
consignar a existência de obrigatoriedade da precedência da
remoção de servidores públicos sobre a investidura dos Impetrantes,
ficando cassada a liminar e prejudicados os agravos regimentais.
(STF - MS: 29350 PB, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento:
20/06/2012, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-150 DIVULG
31-07-2012 PUBLIC 01-08-2012). Grifo Nosso.
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PORTARIA nº 4765/2015 – Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1ZfwKy5zIqAmcxMWFjnPiGsdQwUXrqObI/view?usp=sharing
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Edital de Remoção nº 003/2016 – MP/PA – Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1k16gLRqXJyLOtqzygbIE8_TogktY2rAF/view?usp=sharing
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Edital de Remoção nº 001/2023-MP/PA. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1LXyttFc_kkFCozFF6I4PQyEolbHxVaZm/view?usp=sharing
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SERVIDORES CEDIDOS. Disponível em: http://transparencia.mppa.mp.br/index.htm
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Antes, logo quando foi publicada a primeira portaria sobre o assunto, a
Portaria nº 4765/2015, foi previsto o art. 6º que asseverava o seguinte:
Esse foi o critério mais correto, justo e razoável para os servidores, para
usufruir o exercício do seu direito subjetivo à remoção e em total consonância
com o entendimento esposado no MS 2935-PB – STF. Importante fazer alguns
comentários a esse respeito e farei levando em consideração a realidade do
concurso edital nº 001/2012 – MP.
Antes da publicação deste edital, já havia muita pressão por parte dos
servidores do MPPA para que fosse publicado um edital antes da realização do
certame, fato praticamente que só veio a ser regulamentado bem depois do
processo seletivo, com a viabilização, como já dito da portaria nº 4765/2015. Até
então tudo era fruto de pressão sindical 6 e tentativa de regulamentação no
PCCR, fato este que pouco conseguia-se avançar. Após a lotação de 288
candidatos7, fruto do concurso de 2012 para diversos cargos, foi publicado em
2016 o edital de remoção nº 003/2016, do qual previu apenas 7 (sete) vagas para
todo o Estado, objetivando a remoção de servidores. Aquela altura, não havia
muito o que se oferecer, até mesmo porque o Órgão acabara de nomear diversos
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O Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Estado do Pará (SISEMPPA) expediu
vários ofícios neste sentido, solicitando a remoção em caráter prévio ao concurso, como forma
de priorizar o interesse público e os direitos dos servidores mais antigos terem um tratamento
prioritário aos que ingressam de forma subsequente, mesmo que isso ocorra por concurso
público.
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EDITAL nº 01/2012. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1OmGeCNrl5O0FeoOjTOcpFNYxSyAUXf6l/view?usp=sharing
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servidores e a gestão Marcos Neves só deflagrou o concurso de remoção
próximo do término do prazo de validade do concurso público em vigor, depois
de já ter nomeado os concursado deste certame.
Ocorre que durante esse primeiro edital de remoção, ele já estava sob a
égide de uma alteração ocorrida pela publicação da Portaria nº 5979/2015 8, da
qual trouxe o critério alternadamente para o processo de remoção com o
cadastro de reserva. Veja, aqui reside um ponto importante para ser observado.
Na redação originária da Portaria nº 4765/2015, conforme o art. 6º, a remoção
deveria ser precedida dos candidatos nomeados pelo concurso público. Ora,
esse critério, justo e prestigiador da antiguidade no âmbito funcional, buscou
entrar em consonância com o entendimento do STF, assim como, prestigiar o
servidor com mais tempo de casa, com mais experiência, com o qual terá
melhores condições de atender o público e cumprir a missão ministerial após ser
removido.
Pois bem. Após o concurso de 2012 e com o término de sua validade que
só veio a ocorrer em 2016, pelos atos normativos que estavam em vigor até
aquele momento, antes da idealização de qualquer concurso público no âmbito
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Portaria nº 5978/2015. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1orQo0g7vG4P8IlWjWYo1Ss1G2vePfLCO/view?usp=sharing
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do Ministério Público do Estado do Pará, os servidores efetivos na instituição,
deveriam ter certa preferência que a remoção ocorresse antes da realização do
concurso público. Penso que esta lógica é a mais correta.
PORTARIA N° 5979/2015-MP/PGJ
RESOLVE
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Ocorre que os termos aventados na Portaria nº 7008/2022, suas disposições só
valerão para as próximas ocasiões decorrentes do próximo concurso público,
não se aplicando ao edital nº 01 de 12 de maio de 2022, posto que quando da
publicação deste edital vigorava a regra da Portaria 4765/2015-MP/PGJ,
alterada pela Portaria 5979/2015-MP/PGJ. Assim, a gestão superior do
Ministério Público do Estado do Pará, antes da publicação do edital de concurso
público de 2022, já deveria previamente ter realizado o concurso de remoção
para preenchimento dos cargos vagos e após este preenchimento, da qual é
direito dos servidores, deveria ter previsto as vagas do novo edital.
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Existem interiores do Estado do Pará que não possuí estrutura de mobilidade urbana e
principalmente estrutura médica para atendimento dos servidores.
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concurso de remoção, ou não oferecer um número mais elevado de vagas,
principalmente quando se verifica o número muito alto de cedidos no âmbito do
MPPA.
Por qual razão, o sagrado direito de voto foi subtraído dos servidores dos
Ministérios Públicos no Brasil? De participarem da escolha da lista tríplice que é
enviado ao Governador?
Isso ficou muito claro, por exemplo, quando da reunião do Presidente Luís
Inácio Lula da Silva com os reitores das universidades no Brasil, no qual o
Presidente da República falou que não é ele que escolherá os reitores, mas sim
a comunidade acadêmica, os professores e principalmente os alunos. Essa é a
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lógica do poder democrático10. Portanto, é importantíssimo que as federações
nacionais dos servidores do ministério público postulem o quanto antes,
reformas que possam corrigir essas graves distorções no âmbito da lógica do
poder no âmbito dos ministério públicos. É necessário, como afirma Kerche et
al. (2020) instituir ferramentas de accountability no âmbito da instituição e o voto
é imprescindível que seja estendidos aos servidores.
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Lula reúne com os reitores. Disponível em:
https://g1.globo.com/pr/parana/educacao/noticia/2023/01/21/foi-uma-reuniao-carregada-de-
simbologia-diz-reitor-da-ufpr-sobre-encontro-com-presidente-lula.ghtml
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A Constituição Federal no art. 8º, VI c/c art 10, preveem a obrigatória
participação do sindicato nas questões que possam afetar diretamente os seus
filiados. A lógica dessa norma é até mesmo decorrente do princípio do
contraditório, posto que é garantia constitucional dos sindicatos participarem e
poderem influenciar a decisão do gestor. Vedar este acesso além de postura
antidemocrática é postura que acarreta prejuízos ao interesse público, posto que
o Sindicato, como representa os interesses dos seus filiados, pela regra do
consenso pode contribuir com uma regra que melhor atenda o interesse coletivo
e o interesse público primário. Pensar de modo diverso é contrariar os mais
basilares princípios constitucionais.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.
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