A Agricultura Familiar
A Agricultura Familiar
A Agricultura Familiar
RESUMO
Neste trabalho de releitura bibliográfica a finalidade foi compreender de maneira
geral a forma com que a agricultura familiar contribui economicamente com as
pequenas comunidades localizadas em grandes centros, e discutir o conceito e a
importância da mesma no fortalecimento dos atributos sociais, ambientais e culturais
das pequenas comunidades. Objetivando também apresentar as dificuldades atuais
enfrentadas pelos agricultores para se conseguir acesso às políticas públicas rurais,
escassez de assistência técnica, dificuldades na obtenção e excesso de burocracias
e exigências bancárias para dar entrada em financiamentos de programas
governamentais. Busca-se demonstrar as variadas formas de escoamentos de
produtos e alguns dos obstáculos vividos pelos produtores rurais no momento de
escoar suas mercadorias. Contudo, para que a agricultura familiar não se
desfragmente com o passar dos anos, deve-se haver a união dos agricultores na
intenção de fortalecer a classe para que haja um avanço no crescimento e
fortificação da economia regional, e no fomento dessa união o crescimento passe a
ser nacional.
PALAVRAS-CHAVE: Dificuldades; Escoamento; Política.
ABSTRACT
In this work of bibliographical re-reading the purpose is to comprehend in a general
way the way in which family farming contributes economically to small communities
located in large centers, and to discuss the concept and importance of it in
strengthening the social, environmental and cultural attributes of small communities.
The objective is also to present the current difficulties faced by farmers in obtaining
access to rural public policies, a shortage of technical assistance, difficulties in
obtaining and excessive bureaucracy, and bank requirements for funding of
government programs. It seeks to demonstrate the various forms of product flows
and some of the obstacles experienced by rural producers when they ship their
goods. However, if family farming is not to be defaced over the years, there must be
a union of farmers with the intention of strengthening the class so that the growth and
fortification of the regional economy can flourish, and in fostering this union growth
become national.
KEYWORDS: Difficulties; Outlets; Politics.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.16 n.29; p.2 2019
familiares que alimentam suas regiões e até mesmo o país estão gerando “riquezas
invisíveis” diante do esboço da economia (DELGADO; BERGAMASCO, 2017).
Parece, pois, ser inquestionável a relevância da agricultura familiar no
processo de desenvolvimento rural. Seu potencial na atualidade vai além da
produção de alimentos. É mais do que um modelo de economia agrária, consiste em
um modelo de produção que são gerenciados e operados por uma família. É de
suma importância para a comunidade, pois permite alavancar a economia local e por
meio desta, melhorar a qualidade de vida da sociedade (WANDERLEY, 1999).
Na data de 24 de julho de 2006, a agricultura familiar foi reconhecida por lei, a
qual estabeleceu as diretrizes da política nacional para o setor e para os
estabelecimentos rurais quando sancionada a LEI Nº 11.326 (VALENTINI; VIEIRA,
2018). Os efeitos desta Lei vieram para considerar como agricultores familiares os
que preenchessem os seguintes quesitos: não devem ter áreas maiores que quatro
módulos fiscais e não possua qualquer título; os trabalhos agrários devem ser
exclusivamente realizados pela respectiva família; renda predominantemente vindas
das ações econômicas executadas pelos meios familiares; possuam uma
porcentagem mínima da renda familiar vinda de atividades governadas pelo poder
executivo; liderem sua propriedade com o apoio e companhia de sua família
(VALENTINI; VIEIRA, 2018).
Souza (2006) conceitua o agricultor familiar ou empreendedor agrário como
sendo aquele que pratica atividades no meio rural e que portam em seus conjuntos
de práticas, técnicas de natureza econômica, social e ambiental, ligados à realidade
e finalidade do seu sistema de produção.
Mesmo sendo responsável por mais de 70% da produção de alimentos do
país, ser a base econômica de cerca de 90% dos municípios, conservando a
paisagem rural ocupada e produtiva (mesmo que em menor grau), a agricultura
familiar brasileira depara-se com dificuldade em responder aos desafios de maior
competitividade da agricultura interna e globalizada (DOS SANTOS; MITJA, 2016).
A agricultura familiar não é um modelo central de desenvolvimento rural no
Brasil, com isso é incomum agricultores familiares terem salário fixo. Possuem
ganhos a partir da venda do que produzem. Mesmo considerando uma menor
proporção de terras, as empresas familiares ocupam de forma diversificada os
pequenos espaços, com proporção maior por área cultivada, e assim fazendo com
que gere mais trabalho e renda (COSTA et al., 2015).
Aspectos ambientais
A cultivação familiar é identificada como uma atividade dependente da
natureza, essa dependência ocorre pelo fato do agricultor tirar desta todas as
condições necessárias para a manutenção da vida, dentre os fatores necessários
pode-se citar o solo, clima, água (MORAES; SANT'ANA, 2015). Estes autores
continuam argumentando que na atualidade a agricultura tende a ser
progressivamente influenciada por um complexo de pressões que emanam do
relacionamento com o meio ambiente. Pelo fato dos agricultores optarem pelo
desenvolvimento de atividades mais sustentais, tendem a fazer utilização de baixas
quantidades de agrotóxicos e insumos; cultivos de alimentos tradicionais; ter
produção em pequena escala, e que conforme os autores, a agricultura familiar
apresenta grande mérito quando se trata de questão ambiental, principalmente por
proporcionar alimentos saudáveis e segurança alimentar.
Aspectos socioculturais
A vida social local é oriunda do entrelaçamento de relações, as quais podem
ser identificadas como: parentais e vizinhanças, relações essas que são à base da
vida social do lugar em que exercem trabalhos, lazer e vida religiosa. O termo família
do campo é expresso nos hábitos sociais que promovem uma união entre
patrimônio, trabalho e consumo dentro do ambiente familiar, orientando uma ideia de
funcionamento específico. Não se tratando apenas de constatar as formas de
reconhecimentos vindos dos frutos do próprio trabalho, mas de receber apoio dos
seus membros familiares na tarefa coletiva, gerando assim estímulos para continuar
no serviço de produzir (CANDIOTTO, 2015).
Há enfoques teóricos que buscam abordar as questões que ressaltam os
aspectos culturais dentro da comunidade familiar. De acordo com Schneider (2016),
povos que priorizam os bens culturais que lhes são herdados, são fortemente
incentivados pelas relações de consanguinidade e parentesco a continuarem com os
recursos materiais, valores culturais e simbólicos que definem a sua identidade e é o
maior envolvimento social que torna o agricultor familiar mais integrado ao exercício
de trabalhar para a família e com a família.
O ambiente rural reconhecido pela Lei nº 11.326 (BRASIL, 2006) é entendido
como um local de base para relações socioculturais, onde a família desenvolve
atividades trabalhistas em coletivo, desenvolvendo e fortalecendo laços parentais,
culturais, religiosos e acima de tudo, sociais. Além do mais, cria-se uma união
externa com o negócio e a vida urbana, resultando no entrelaçamento que atravessa
o espaço local, aumentando assim o vínculo social (SCHNEIDER, 2016).
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