1) O documento é uma reclamação trabalhista movida por José Bento da Silva contra sua empregadora Águas de Confresa S.A. por diversas irregularidades no contrato de trabalho.
2) José Bento pede para processar como pobre e requer o pagamento de horas extras, adicional noturno e insalubridade não pagos corretamente.
3) Ele também questiona a constitucionalidade de alguns artigos da CLT.
1) O documento é uma reclamação trabalhista movida por José Bento da Silva contra sua empregadora Águas de Confresa S.A. por diversas irregularidades no contrato de trabalho.
2) José Bento pede para processar como pobre e requer o pagamento de horas extras, adicional noturno e insalubridade não pagos corretamente.
3) Ele também questiona a constitucionalidade de alguns artigos da CLT.
1) O documento é uma reclamação trabalhista movida por José Bento da Silva contra sua empregadora Águas de Confresa S.A. por diversas irregularidades no contrato de trabalho.
2) José Bento pede para processar como pobre e requer o pagamento de horas extras, adicional noturno e insalubridade não pagos corretamente.
3) Ele também questiona a constitucionalidade de alguns artigos da CLT.
1) O documento é uma reclamação trabalhista movida por José Bento da Silva contra sua empregadora Águas de Confresa S.A. por diversas irregularidades no contrato de trabalho.
2) José Bento pede para processar como pobre e requer o pagamento de horas extras, adicional noturno e insalubridade não pagos corretamente.
3) Ele também questiona a constitucionalidade de alguns artigos da CLT.
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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA VARA ÚNICA
DO TRABALHO DE CONFRESA, ESTADO DE MATO GROSSO
JOSÉ BENTO DA SILVA, brasileiro, casado, agente
sanitário, portador da cédula de identidade RG n. 22087214, regularmente inscrito no CPF (MF) nº. 947.386.531-72, residente e domiciliado na rua Monteiro Lobato nº. 103 – bairro Vila Nova – CEP 78652-000, na cidade e comarca de Confresa, Estado de Mato Grosso, endereço eletrônico: tatianemartinsmc@hotmail.com, através de suas procuradoras que esta subscrevem, vem respeitosamente à Douta presença de Vossa Excelência, propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA pelo Rito Ordinário em face de ÁGUAS DE CONFRESA S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº. 19310815/0001-03, situada à Avenida Brasil, nº 525, Jardim Vitória, município de Confresa, estado do Mato Grosso – CEP: 78652-000, endereço eletrônico: itamar.camargo@nascentesdoxingu.com.br, consubstanciado pelos motivos fáticos e jurídicos à seguir expostos: 1. JUSTIÇA GRATUITA O Reclamante é pessoa pobre, no sentido legal do termo, não tendo condições de arcar com as despesas processuais e honorárias advocatícios, sem prejuízo de seu respectivo sustento e de sua família, de modo que requer que V. Exa. se digne a conceder os beneplácitos da Assistência Judiciária Gratuita, conforme art. 789, § 9º, da CLT, combinado com o art. 4º da Lei 1.060/50 e artigo 5º LXXIV da Constituição Federal. Junta-se nesta oportunidade declaração de hipossuficiência, bem como extrato de concessão de benefício concedido pelo INSS ao Sr. José Bento, que encontra-se enfermo. 2. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA A teoria do ônus da prova, conforme denota-se nos artigos 818 da CLT e 333 do CPC, encontra-se superada. Atualmente, e previsto que o princípio da prova, a significar o ônus probandi é de quem possui condições de cumpri-lo. A empresa Reclamada, aproveitou-se do labor do Reclamante, descumprindo com obrigações contratuais, logo não poderá agora, por mais uma vez, aproveitar-se da sua supremacia capitalista, bem com da vulnerabilidade da reclamante, para se beneficiar processualmente na presente demanda. Vejamos as considerações do doutrinador Bezerra Leite sobre o assunto: “Atualmente parece-nos não haver mais dúvida sobre o cabimento da inversão do ônus da prova nos domínios do direito processual do trabalho, não apenas pela aplicação analógica do artigo 6º, VII, do CDC, mas também pela autorização contida no artigo 852-D da CLT. (...) Poder-se-ia dizer que tal regra é específica do procedimento sumaríssimo. Todavia, entendermos que em matéria de prova, não é o procedimento que vai impedir o juiz de dirigir o processo em busca da verdade real, levando em conta as dificuldades naturais que geralmente o empregado reclamante enfrenta nas lides trabalhistas”. - Destacamos O mesmo entendimento tem tido o Tribunal Superior do Trabalho, que interpreta o previsto no art. 6º, VIII, do CDC em face da hipossuficiência do trabalhador. “ALEMIDA, Cleber Lúcio de “ [...] a conduta humana é regulada por todo o direito e não por uma norma ou mesmo um conjunto fechado de normas. Dessa forma, deve ser buscada no ordenamento jurídico uma solução que possibilite tornar concreto o direito ao acesso a uma justiça rápida, eficiente e efetiva. – Destacamos Assim, requer a atenuação da rigidez do artigo 818 da CLT e 373 do CPC, estendendo o entendimento dado pela Súmula 338, do empregado perante seu empregador, que autoriza o juiz do trabalho adotar a inversão do ônus probandi e ampliando a aplicação do princípio “in dúbio pro operarium”. 3. DA INCONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL Em razão da ADI proposta pela PGR e ante a seus fundamentos, o Reclamante requer desde já a declaração de inconstitucionalidade do artigo 790-B da CLT (caput e parágrafo 4ª), que responsabiliza a parte sucumbente (vencida) pelo pagamento de honorários periciais, ainda que beneficiário da justiça gratuita. Requer, outrossim, a declaração de inconstitucionalidade do artigo 791-A, que considera devidos honorários advocatícios de sucumbência por beneficiário da justiça gratuita, sempre que tenha obtido em juízo, ainda que em ouro processo, créditos capazes de suportar a despesa. No mais, requer, seja declarada ainda, a inconstitucionalidade incidental do artigo 844, parágrafo 2º. 4. CONTRATO DE TRABALHO O Reclamante foi admitido pela empresa Reclamada em 05 de março de 2014, para exercer função de AGENTE OPERACIONAL (CBO 8623-05), com remuneração mensal inicial de R$ 800,00 (oitocentos reais). No decorrer do contrato de trabalho foi promovido para o cargo de AGENTE DE SANEAMENTO. Com carga horária contratada de segunda a sexta-feira das 07h00 às 17h48, com 02 horas para intervalo e refeição, e, aos sábados das 07h00 às 11h30. Em 08 de outubro de 2017, foi afastado em decorrência de acidente de trabalho ocorrido durante o exercício das suas atividades laborais. Muito embora não tenha sido emitido Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT, o Sr. José Bento sofreu evidente acidente de trabalho o que restá incontroverso pelo boletim de ocorrência anexo e na carta de concessão de auxílio doença por acidente do trabalho (B-91), o qual cessou em 18 de setembro de 2018. Conforme denota-se na tabela abaixo, extraída da plataforma “MEU INSS”, o Reclamante, desde junho do corrente ano (2021) encontra-se afastado devido sua incapacidade laboral, sendo que no dia 06 deste mês (outubro) cessou seu beneficio.
O Reclamante ainda encontra-se incapaz para o
labor, motivo pelo qual solicitou junto a Previdência Social prorrogação do benefício de auxílio doença, tendo o INSS emitido a seguinte decisão: Esta é a breve síntese do contrato de trabalho, que foi marcado pela inobservância de inúmeras normas consolidadas na Legislação Trabalhista, bem como da Constituição Federal, como se demonstrará no decorrer da peça inaugural. 5. DA JORNADA DE TRABALHO O Reclamante laborava habitualmente horas extras, sendo certo que sua jornada de trabalho real era de: ✔ De segunda à sexta-feira: das 07h00 às 20h00, com intervalo para descanso e refeição de 01 hora ✔ Aos sábados: das 07h00 às 12h00 Habitualmente, pelo menos 01 (uma vez) na semana, devido a intercorrências que haviam nos reservatórios, o Reclamante laborava até as 24h00. O Reclamante laborava aproximadamente 25 horas extras semanais, as quais não eram pagas corretamente pela empresa Reclamada. Importante esclarecer que, inicialmente o controle de jornada era realizado através de relógio mecênico, posteriormente a empresa passou a realizar o controle manualmente, e por fim através de aplicativo. Somente quando o controle de ponto era realizado através de relógio de ponto os horários eram registrados corretamente, as demais formas de controle de jornada eram burladas pela empresa. Dos domingos e feriados não remunerados Trabalhava pelo menos 01 domingo ao mês, e nos feriados quando convocado. Assim, após a incorporação aos salários da diferença do piso salarial da categoria, subsistem horas extras, não adimplidas, com adicional de 75% (conforme percentual constante nos recibos salários anexos) a serem pagas a Reclamante: a) das excedentes a 8º hora diária e 44º semanal, nos termos do inciso XIII, artigo 7º da Constituição Federal e horas em dobro, dos feriados e domingos trabalhados, por força da Lei 605/49 e Enunciado n°. 146 do TST. As horas extras, como habituais, devem ser refletidas nas verbas de 13° salários, férias com 1/3, aviso prévios, DSR`s, FGTS e etc. Valor das horas-extras e reflexos (últimos cinco anos R$23.060,09 + 62.113,16): R$ 85.173,25 R$465,71 + R$1.618,06 + R$1.688,38 + R$1.671,70 + R$1.514,05 + R$1.673,44 + R$1.633,65 + R$1.671,70 + R$1.619,52 + R$1.687,18 + R$1.673,44 + R$1.635,09 + R$1.268,65 + R$1.820,50 + R$30,66 + R$264,97 + R$1.123,39 + R$1.671,81 + R$1.618,16 + R$1.686,30 + R$1.671,81 + R$1.516,77 + R$1.685,55 + R$1.619,62 + R$1.671,81 + R$1.634,34 + R$1.673,55 + R$1.688,49 + R$1.601,98 + R$1.656,33 + R$1.618,16 + R$1.670,24 + R$1.671,81 + R$1.582,45 + R$1.671,81 + R$1.618,16 + R$1.686,30 + R$1.619,62 + R$1.673,55 + R$1.687,29 + R$1.619,62 + R$1.687,29 + R$1.618,16 + R$1.671,81 + R$1.686,30 + R$1.514,15 + R$1.673,55 + R$1.618,16 + R$1.670,24 + R$778,66 + R$1.838,14 + R$1.836,68 + R$1.284,80 + R$342,73 + R$1.376,41 + R$1.384,08 + R$616,48 7. DO ADICIONAL NOTURNO Como já mencionado anteriormente, pelo menos 01 (uma) vez na semana, o obreiro praticava jornada noturna, tendo que laborar até as 24h00. Porém jamais recebeu o adicional integralmente devido e seus penduricalhos. Dessa forma é devido o adicional noturno de toda jornada noturna e até mesmo quanto à prorrogação havida, com reflexos no aviso prévio, férias e 13ºsalário, além de nas horas extras pedidas nesta ação. Valor estimado: R$ 870,00 8. DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE O Reclamante DURANTE TODO SEU CONTRATO DE TRABALHO FICOU PERMANENTEMENTE EXPOSTO A RISCOS E CONDIÇÕES INSALUBRES. Tanto no exercício das funções de Agente Operacional, como na função de Agente de Saneamento, ficava exposto a agentes insalubres constantes nos anexos 11, 13 e 14 da NR 15 da Portaria 3.214/78, tendo em vista as atividades desempenhadas em contato com esgotos urbanos (desentupimento esgotos; reparos encanação; manutenção e troca de bombas; manutenção em reservatórios de esgoto; reparos vazamento valas/galerias/esgotos; conserto e instalações hidráulicas em geral e etc).
O trabalho do Reclamante é considerado
extremamente nocivo, em decorrência da extrema facilidade de disseminação de agentes biológicos (ex: fezes humanas), geradores de doenças, independentemente de luvas ou breve contato.
Como se não bastasse, além de agentes biológicos,
o obreiro ficava constantemente exposto a agentes químicos diversos potencialmente nocivos, utilizados para o tratamento da água que comprovadamente trazem sérios riscos a saúde dos trabalhadores, podendo causar desde intoxicação até câncer.
A exposição a agentes insalubres lhe garante a
receber o adicional de insalubridade na proporção máxima, isto é, 40% de adicional. No entanto, o Reclamante não recebeu tal adicional.
Frisa-se que, conforme relatado, o obreiro realizava
seu mister em ambiente inóspito, úmido e em contato com mais de um agente insalubre (biológico e químico).
Importante ressaltar que, a empresa Reclamada
nunca forneceu EPI’s adequados para a realização do trabalho do autor. Para o manuseio não tinha luvas adequadas, tampouco era fornecido máscaras e botas eficazes para amenizar o contato direto com agentes e produtos insalubres, seja pela pele, seja inalando, o que lhe garante receber tal adicional em proporção máxima.
Requer, pois, a designação de Perícia Técnica
especializada, a fim de constatar o grau de adicional de insalubridade devido que, certamente será no importe de 40% (quarenta por cento) sobre o salário percebido pelo Reclamante, consoante o dispositivo 7º, XXVI, da Constituição Federal, ficando-lhe assegurada a concessão do adicional de insalubridade com base no seu piso salarial, durante todo pacto laboral, acrescido do adicional legal e reflexos, férias + 1/3, 13º salário, DSR’s e feriados e FGTS+ 40%, horas extras e etc. Valor estimado: R$ 31.500,00 9. DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
O Reclamante, durante todo o pacto laboral,
desenvolvia suas atividades de forma extremamente penosa e em áreas de risco normatizadas, sendo a exposição/permanência rotineira. O obreiro também era encarregado de realiazar reparos elétricos. O cotejo dos holerites de dezembro/2016 e dezembro/2018 (docs. anexos), demonstram que tanto no primeiro cargo de Agente Operacional, como no segundo de Agente de Saneamento, a empresa Reclamada pagou ao autor adicional de periculosidade no percentual máximo (30% trinta por cento), vejamos:
Assim, resta incontroverso a periculosidade das
funções exercidas pelo obreiro durante todo o pacto laboral, muito embora o referido adicional conste apenas em alguns recibos salários. No caso sub judice aplica-se o mesmo entendimento consagrado na Súmula 453 do TST: SUM 453 – ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. PAGAMENTO ESPONTÂNEO. CARACTERIZAÇÃO DE FATO INCONTROVERSO. DESNECESSÁRIA A PERÍCIA DE QUE TRATA O ART. 195 DA CLT. (conversão da OJ nº. 406 da SBDI-I) Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 23.05.2014. O pagamento de adicional de periculosidade efetuado por mera liberalidade da empresa, dispensa a realização da prova técnica exigida pelo art. 195 da CLT, pois torna incontroversa a existência do trabalho em condições perigosas. Assim, faz jus o Reclamante ao adicional de periculosidade, durante todo o período laborado em grau máximo (30%), sobre o valor do seu salário base, ficando-lhe assegurada a concessão do aludido adicional com base no seu piso salarial, com seus reflexos em todas as verbas salariais, inclusive nas indenizatórias, bem como diferenças no benefício previdenciário auferido pelo Reclamante, calculado com base nos últimos salários do obreiro. Valor estimado: 21.000,00
10. DA POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS DE
INSALUBRIDADE E DE PERICULOSIDADE
Por oportuno, é importante ressaltar a possibilidade
e legalidade da cumulação dos aludidos adicionais. As disposições contidas na Convenção n. 155 da OIT, aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo n. 2, de 17.03.92, ratificada em 18.05.92 e promulgada pelo Decreto n. 1.254, de 29.09.94, devem prevalecer sobre àquelas constantes do parágrafo 2º, do art. 193 da CLT e do item 15.3 da NR-15. Ademais, a previsão contida no artigo 193, § 2º, da CLT não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que, em seu artigo 7º, XXIII, garantiu de forma plena o direito ao recebimento dos adicionais de penosidade, insalubridade e periculosidade, sem qualquer ressalva no que tange à cumulação, ainda que tenha remetido sua regulação à lei ordinária. "RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. CUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE. POSSIBILIDADE. PREVALÊNCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS E SUPRALEGAIS SOBRE A CLT. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO STF QUANTO AO EFEITO PARALISANTE DAS NORMAS INTERNAS EM DESCOMPASSO COM OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS. INCOMPATIBILIDADE MATERIAL. CONVENÇÕES NOS 148 E 155 DA OIT. NORMAS DE DIREITO SOCIAL. CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE. NOVA FORMA DE VERIFICAÇÃO DE COMPATIBILIDADE DAS NORMAS INTEGRANTES DO ORDENAMENTO JURÍDICO. A previsão contida no artigo 193, § 2º, da CLT não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que, em seu artigo 7º, XXIII, garantiu de forma plena o direito ao recebimento dos adicionais de penosidade, insalubridade e periculosidade, sem qualquer ressalva no que tange à cumulação, ainda que tenha remetido sua regulação à lei ordinária. A possibilidade da aludida cumulação se justifica em virtude de os fatos geradores dos direitos serem diversos. Não se há de falar em bis in idem. No caso da insalubridade, o bem tutelado é a saúde do obreiro, haja vista as condições nocivas presentes no meio ambiente de trabalho; já a periculosidade traduz situação de perigo iminente que, uma vez ocorrida, pode ceifar a vida do trabalhador, sendo este o bem a que se visa proteger. A regulamentação complementar prevista no citado preceito da Lei Maior deve se pautar pelos princípios e valores insculpidos no texto constitucional, como forma de alcançar, efetivamente, a finalidade da norma. Outro fator que sustenta a inaplicabilidade do preceito celetista é a introdução no sistema jurídico interno das Convenções Internacionais nos 148 e 155, com status de norma materialmente constitucional ou, pelo menos, supralegal, como decidido pelo STF. A primeira consagra a necessidade de atualização constante da legislação sobre as condições nocivas de trabalho e a segunda determina que sejam levados em conta os" riscos para a saúde decorrentes da exposição simultânea a diversas substâncias ou agentes ". Nesse contexto, não há mais espaço para a aplicação do artigo 193, § 2º, da CLT. Recurso de revista de que se conhece e a que se nega provimento." (TST - RR: 18718720135120022, Relator: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 12/08/2015, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 14/08/2015) CUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE. POSSIBILIDADE. Importante observar que os tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil gozam de hierarquia supralegal. As disposições contidas na Convenção n. 155 da OIT, aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo n. 2, de 17.03.92, ratificada em 18.05.92 e promulgada pelo Decreto n. 1.254, de 29.09.94, devem prevalecer sobre àquelas constantes do parágrafo 2º, do art. 193 da CLT e do item 15.3 da NR-15. A norma constitucional, quando tratou do"adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas", não estabeleceu qualquer impedimento à sua cumulação, até porque os adicionais são devidos por causas e com fundamentos absolutamente diversos. A impossibilidade de percepção cumulada dos adicionais de periculosidade e insalubridade constante do parágrafo 2º, do art. 193 da CLT e do item 15.3 da NR-15 não se mostra compatível com as normas constitucionais mencionadas, notadamente ao princípio da dignidade da pessoa humana e ao direito à redução dos riscos inerentes ao trabalho e ao meio ambiente laboral saudável." (TRT-2 - RO: 00022934620125020064 SP 00022934620125020064 A28, Relator: IVETE RIBEIRO, Data de Julgamento: 19/05/2015, 4ª TURMA, Data de Publicação: 29/05/2015). No caso em questão, verifica-se que a cumulação dos referidos adicionais é plenamente cabível, uma vez que o obreiro estava em contato constante com agentes insalubres e perigosos, o que enseja ao pagamento de ambos adicionais, nos termos das jurisprudências acima expostas. Portanto, em razão da exposição a agentes diversos, fatos geradores dos respectivos adicionais, deve-se aduzir pela necessidade de cumulação destes, consoante disposição contida no artigo 7º, XXIII, da Constituição Federal e nas Convenções nº 148 e 155 da OIT das quais o Brasil é signatário.
Diante dos apontamentos acima, aliados aso
entendimentos colacionados, requer-se que seja determinada a realização de perícia para apuração/confirmação das condições que foi exposto o obreiro ao longo de todo o contrato laboral, determinando-se a condenação da empresa Reclamada ao pagamento dos respectivos adicionais, ambos em grau máximo sobre o salário base do Reclamante, com reflexos em DSR´s, INSS, horas extras, férias + 1/3 constitucional, 13º.salário, FGTS, verbas indenizatórias, diferenças do benefício concedido pelo INSS calculado sobre os últimos salários do obreiro, ficando-lhe assegurada a concessão dos adicionais de com base no seu piso salarial. 11. DO ACIDENTE DE TRABALHO Na data de 08 de outubro de 2017, em um domingo, o Reclamante foi convocado ao labor, para realização de reparo/manutenção em um reservatório da empresa. Conforme instruções da preposta da Reclamada, o Sr. José Bento compareceu na sede da empresa, pegou o veículo e as ferramentas que ficavam acopladas na moto, e se dirigiu até o reservatório que necessitava de realização de reparo/manutenção. Ocorre que, no trajeto o Reclamante foi abalroado por um veículo Fiat Toro, como se pode verificar no boletim de ocorrência anexo. Durante a colisão que ocorreu quando prestava serviços para a Reclamada, o obreiro teve sua perna fraturada, foi socorrido por ambulância e internado no Hospital Municipal de Confresa. O Sr. José Bento passou por cirurgia para colocação de 08 pinos na perna, teve que ficar vários dias internado, permaneceu longe da família e passou aproximadamente 01 (um) ano acamado. A Lei de benefícios previdenciários - Lei 8.212/91- estabelece que o acidente de trabalho “é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou pertubação funcional que cause morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para p trabalho” – art. 19. A ocorrência de acidente de trabalho típico é incontroversa, conforme denota-se pelo benefício previdenciário concedido pelo INSS – Auxilío Acidente do Trabalho “B 91” – de 24 de outubro de 2017 à 18 de setembro de 2018. No boletim de ocorrência do sinistro, consta que o reclamante não tinha habilitação, e mesmo tendo conhecimento desse fato, a empresa Reclamada, ordenava que o obreiro dirigisse. Importante esclarecer que, fazia parte da atividades habituais do autor deslocar-se em veículo da empresa para realização de manutenção e instalações em reservatórios, valas e esgotos dentro e fora da sede da Reclamada. Ressalta-se que, o Sr. José Bento expressou, por mais de uma vez, sua insatisfação em infringir a lei dirigindo sem habilitação, sugerindo, inclusive, que um funcionário habilitado lhe conduzisse até os reservatórios e demais locais em que era necessário realização de operação sanitária, entretanto a solicitação do autor nunca foi atendida, sendo sempre instruído a conduzir a moto da empresa de forma ilegal, sob pena de responder por insubordinação. Excelência, o Reclamante é pessoa humilde de pouca instrução e necessitava do emprego para sua subsistência e de sua família, não havia como deixar de acatar seus superiores, pois estaria colocando em risco o sustento de sua família. Independente de quem ocasionou o acidente de trânsito que lesionou o Reclamante durante o labor, o fato é que a empresa atribuiu ao Reclamante a tarefa de conduzir veículo sem habilitação, demonstrando a falta de procedimentos de segurança da empresa com seus colaboradores, conduta está que teve relação direta com a ocorrência do acidente de trabalho em tela. Importante consignar, neste diuturno, que em se tratando de acidente do trabalho, a culpa do empregador é sempre presumida (responsabilidade objetiva), tendo em vista que aquele somente se verifica em razão das condições em que o trabalho é prestado, sendo certo que se avalia a conduta (omissiva ou comissiva) da Reclamada de atuar com prevenção dos riscos inerentes às atividades desenvolvidas pelo então obreiro, zelando e prevenindo pela sua segurança e saúde, que se trata de um direito constitucional humano. Esclarece-se que a empresa Reclamada coagia outros colaboradores à dirigir sem habilitação, ou seja, além de instruir os empregados infringirem a lei, colocava-os em risco, o que demonstra o total descaso e falta de zelo da empresa com seus funcionários e os demais membros da sociedade.
O acidente ocorreu quando o Reclamante estava a
serviço da empresa Reclamada, com o veículo da mesma que tinha total conhecimento que o Reclamante não estava tinha habilitação, entretanto convocou o obreiro, em seu dia de folga, para realizar diligência, não há assim como a empresa alegar que sua atividade não implicou risco extraordinário do acidente, tampouco que tomou as medidas cabíveis para assegurar a saúde e segurança do trabalhador. Não bastasse a culpa da Reclamada pelo acidente ocorrido, vez que se não fosse as suas ordens o obreiro não teria conduzido veículo ilegalmente, a empresa não prestou socorro ou qualquer tipo de assistência ao obreiro. Postas essas considerações, no caso em apreço, encontram-se presentes todos os elementos que justificam a responsabilização patronal, quais sejam, o nexo causal, a culpa da reclamada (decorrente da ação delineada pela sua imprudência e de falta de propiciação de condições seguras de trabalho) e o dano. Diante do explicitado, restou plenamente caracterizada a culpa da empresa ao descumprir normas legais e regulamentares pertinentes à segurança do trabalho por força do art. 157 I e II, da CLT, razão pela qual a Reclamada está obrigada a indenizar os danos experimentados com fulcro nos artigos 5º, V e X, da Carta Magna e art. 159 do Código Civil. 12. DA DOENÇA OCUPACIONAL - TEORIA DA CONCAUSA O Reclamante, após a cessado o auxílio doença por acidente de trabalho, em 18 de setembro de 2018 retornou ao labor, oportunidade que a Reclamada não se sensibilizou com o trauma emocional e as limitações fisícas do obreiro, lhe recolocando nas mesmas funções que eram extremamente penosas, além de insalubres e perigoras exigiam do obreiro enorme esforço físico. As atribuições que o Reclamante exercia na Reclamada, exigia força, especialmente para adentrar e sair das valas/esgotos/reservatórios, o que acabou agravando as lesões decorrentes do acidente do trabalho. Em junho do corrente ano o Sr. José Bento, atendendo ordens da empresa, em uma das diligências de manutenção, foi obrigado a descer uma vala de mais de 02 (dois) metros de profundidade, momento em que se lesionou e não conseguiu subir, tendo que ser socorrido.
Em decorrência dos esforços incompatíveis com suas
limitações físicas ocasionadas pelo acidente do trabalho, o seu quadro clínico se agravou demasiadamente, tendo o obreiro que se afastar por incapacidade para o labor. Colacionamos laudo médico:
Restará comprovado com perícia médica, que se
requer desde já a nomeação de ortopedista, o nexo causal da lesão crônica decorrente do acidente do trabalho, bem como o seu agravamento com o labor prestado para a Reclamada, vez que a empresa, recolocou o obreiro lesionado em função incompatível com sua condição física após o acidente, acarretando assim a total falta de mobilidade/funcionalidade do seu membro inferior. O médico especialista em ortopedia, que será nomeado por este I. Juízo, irá constatar que o Reclamante encontra-se totalmente incapaz por problemas gerados pela moléstia adquirida no trabalho, o que, sem dúvida alguma, reforça a tese do nexo causal com o seu labor na Reclamada. Frisa-se que princípio é constitucional que se houver um acidente de trabalho, por culpa do empregador, este deverá responder pela indenização obrigatoriamente! 13. DA RESPONSABILIDADE DA RECLAMADA – DEVER DE INDENIZAR Excelência, conforme relatado linhas antecedentes, as condutas da empresa Reclamada violaram direitos do Reclamante e lhe causaram enorme prejuízo. A ré, por duas vezes, agiu com total imprudência e negligência com o Sr. José Bento. Primeiro a empresa convocou o Reclamante ao trabalho, em seu domingo de folga, impondo-lhe que se deslocasse da sede da empresa até um determinado reservatório, com veículo de propriedade da Reclamada, para realização de manutenção, o que quase custou a vida do Reclamante que, como era de conhecimento da empresa, não tinha habilitação. Não bastasse isso, cessado o benefício previdenciário do obreiro, a Reclamada de forma totalmente desumana e irresponsável recolocou o empregado sequelado, em atividades extremamente penosas e incompatíveis com suas condições físicas após o acidente de trabalho. No nosso Código Civil, o definido no seu art. 159, já mencionado no tópico anterior, é de uma clareza meridiana, quando letra: "Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano." - Destacamos Já o inciso III, do art. 1521, do mesmo Diploma Legal, expressa: "Art. 1521. São também responsáveis pela reparação civil: III - O patrão, o amo ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou por ocasião dele.” - Destacamos Pelo consignado no nosso Código Civil, fica consistente o entendimento de que havendo dano, por negligência ou imprudência da empresa ou seu preposto, o empregador é o responsável pela reparação. O Egrégio Supremo Tribunal Federal já apaziguou tal entendimento, na Súmula 341: "É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto."
Segundo o artigo 7.° da Constituição Federal:
“São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXI/YII seguro contra a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou - acidentes do trabalho, culpa;”
Por fim, o artigo 950 do Código Civil prescreve que:
“Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas dp tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescência, incluirá pensão correspondente a importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único: o prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez”.
13.1. Da estabilidade acidentária
As concausas são circunstâncias que concorrem para o agravamento do dano, mas que não excluem o nexo causal, desencadeado pela conduta principal. Assim, a situação de desenvolvimento da doença pela atividade laboral despendida já é considerada como fator possível de salvaguarda pela estabilidade provisória descrita no art. 118 da Lei nº 8.213/91, independentemente da comprovação ou não do acidente de trabalho típico. Deste modo, conclui-se que o labor exercido pelo obreiro na empresa Reclamada, foi a causa (acidente de trabalho), bem como concausa que colaborou de forma fundamental para o agravamento da lesão que incapacitou o Reclamante, ensejando, portanto, a responsabilização da Reclamada ao pagamento de indenização pelo período de estabilidade por acidente do trabalho. Total do valor do período de estabilidade: R$ 21.442,8 13.2. Da pensão no caso de constatação de incapacidade – lucros cessantes A jurisprudência entende que a indenização paga pela incapacidade para o trabalho, provocada por ato ilícito, alonga-se por toda a vida, que vai, hoje, até os 75 anos, para efeito de cálculo do quantum da indenização devida em caso de acidente do trabalho, até o limite desta idade. Uma vez constatada a incapacidade do obreiro, necessário seja a Reclamada condenada ao pagamento de pensão correspondente à importância do trabalho, além da estabilidade acidentária. O art. 950 do Código Civilista, na parte final, estabelece que a pensão será correspondente à importância do trabalho, para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Com isso, o que vale para a fixação do percentual, é a
incapacidade para o trabalho que exercia no momento do ato lesivo, pouco relevando que haja incapacidade apenas parcial para outras atividades, salvo comprovação que o ofendido exerce outro emprego remunerado. Frisa-se que a mera possibilidade de fazê-lo está fora da presunção legal. Ressalta-se que a referida pensão mensal vitalícia deverá ser cumulativa a qualquer benefício previdenciário eventualmente percebido pelo reclamante, nos termos o art. 7º, inciso XXVIII, da Constituição Federal e do art. 121 da Lei n. 8.213/91. Provável que o Reclamante jamais seja capaz de exercer o trabalho que exercia no momento do ato lesivo, pois, em decorrência do acidente de trabalho e a sua posterior recolocação em atividades totalmente incompatíveis com suas lesões, houve agravamento do seu quadro clínico, que evoluiu para uma artrose no quadril e joelho, e uma fratura consolidada no fêmur que lhe incapacitou totalmente ao trabalho. Diante do exposto, considerando a perda de funcionalidade total do autor para o exercício da função de Agente Sanitário; a idade do Reclamante; sua expectativa de sobrevida; o salário percebido, requer seja a Reclamada condenada a pagar pensão mensal vitalícia equivalente a 100% do salário mensal do Reclamante, acrescido de férias e 13º salário, com um deságio de 20% pela antecipação do pagamento (R$ 1.429,52 x 100% = R$ 1.429,52 x 308 meses = R$ 440.322,96- 20% = R$ 352.258,368). Valor total estimado (considerando incapacidade de 100%): R$ 352.258,368 Caso a prova técnica constate valor percentual de incapacidade inferior, o valor consequentemente será reduzido. 13.3. Subsidiariamente - Necessidade de readaptação do Reclamante
Na remota hipótese do expert nomeado por este
Nobre Juízo, constatar que o Reclamante não está totalmente incapaz para exercer às funções de Agente Sanitário, o que não se espera, vez que o Reclamante perdeu a mobilidade/funcionalidade do corpo, necessário seja a empresa Reclamada condenada a proceder a readaptação do autor para funções compatíveis com sua função e sua condição de saúde, devendo se atentar a limitação física do obreiro.
Frisa-se que, a readaptação em função diferente
não significa recuperação da capacidade de trabalho, mas a consolidação da incapacidade para a atividade anteriormente exercida, devendo neste caso a empresa Reclamada ser condenada ao pagamento de pensão no valor apontado acima (100%). Ad cautelam, caso a perícia constate a possibilidade de retorno do Reclamante ao labor na função de Agente Sanitário, o que, mais uma vez, não acredita nem se espera, necessário que a empregadora cumpra a sua função social de forma efetiva, em conformidade com o direito social ao trabalho digno e à readaptação adequada, ficando impedida de expor o empregado a qualquer ato discriminatório e a situação humilhante e vexatória.
13.4. Dos demais danos suportados
A Consolidação das Leis do Trabalho assegura a reparação material e moral, bem como, expressamente assegura que se tratam de reparações de naturezas distintas, das quais não cabe compensação entre uma e outra espécie, conforme se depreende do artigo 223 –F da CLT: Art. 223-F. A reparação por danos extrapatrimoniais pode ser pedida cumulativamente com a indenização por danos materiais decorrentes do mesmo ato lesivo. § 1º. Se houver cumulação de pedidos, o juízo, ao proferir a decisão, discriminará os valores das indenizações a título de danos patrimoniais e das reparações por danos de natureza extrapatrimonial. §2º. A composição das perdas e danos, assim compreendidos os lucros cessantes eo danos emergentes, não interfere na avaliação dos danos extrapatrimoniais. – Destaques nossos. 13.4.1. Dano material A indenização pelo dano material deve abranger, além do pensionamento, a soma das despesas com tratamentos médicos, inclusive manutenção do plano de saúde. Importante esclarecer que a indenização referente aos gastos com medicamentos, plano de saúde e tratamentos médicos até o dia da convalescença corresponde ao que o Reclamante efetivamente gastou e ainda gastará com despesas médicas, hospitalares, farmacêuticas e etc. Valor ilíquido 13.4.2. Danos morais Inseridos nos direitos constitucionais assegurados à pessoa humana, encontra-se o direito à integridade física e psíquica. Os efeitos do quadro gerado pelo acidente resultou em fratura consolidada no fêmur; fratura perna esquerda (que ficou menor que a direita); agregado a dor física; cicatrizes dos pinos que foram necessários colocar; perda da mobilidade e funcionalidade - isso somado ao agravamento acarretado pelos enormes esforços físicos que o Reclamante teve que realizar para cumprir as ordens da empresa que acabou agravando seu estado de saúde e lhe deixando totalmente incapaz, trazendo consequências negativas não apenas na vida profissional do obreiro, afeta a paz interior e o estado psicológico do ser humano. A impotência funcional de um membro do corpo ou parte dele, ainda mais sendo aparente, ocasionando inclusive transformação física do Reclamante que ficou com uma perna mais curta que outra, lhe deixando manco, causa tristeza, desgostos e constrangimentos, que submete-se ao conceito de dano moral e como tal merece ser indenizado. Ressalta-se ainda a imensa frustração de ter sua carreira profissional rompida, o sentimento de inutilidade que acomete o Sr. José Bento que possuía uma vida ativa e agora encontra-se impossibilitado de trabalhar. Conforme se pode verificar no relatório médico anexo, o qual foi colacionado no corpo da presente, bem como restará demonstrado no decorrer da instrução processual, o acidente do trabalho e a consequente doença ocupacional (agravamento das sequelas do acidente), além de incapacitar o Reclamante lhe deixou depressivo. Não há necessidade de comprovar a dor experimentada pela lesão que incapacite a pessoa. Não se apresenta de forma corpórea, palpável, visível ou material. Ao contrário, é detectável tão somente de forma intuitiva, sensível, lógica e perceptiva. Por isso, basta o mero implemento do dano injusto para criar a presunção dos efeitos negativos na órbita subjetiva do lesado. Não se cogita prova de dor, ou aflição, ou de constrangimento, pois são fenômenos ínsitos na alma humana como reações naturais a agressões do meio social. Basta a demonstração do resultado lesivo e a conexão com o fato causador. No caso, basta-nos a análise da ocorrência do ato ofensivo, sua conexão com a ação ou omissão dolosa do ofensor e se, esse evento danoso, é capaz de gerar no ser humano de um modo geral, reflexos danosos nas relações da vítima com o mundo exterior, no plano social, objetivo, configurando situações de constrangimento, humilhação e degradação ou ainda lhe atingir a autoestima. A Lei nº. 13.467/2017 incluiu na CLT o art. 223-A e seguintes, que dispõem em um rol exemplificativo sobre as causas de danos de natureza extrapatrimonial, ou que pode ser facilmente observado no caso em tela. Referido artigo também estabelece os limites para o valor da indenização, embora de forma inconstitucional. Todavia, ad cautela, entende o Reclamante, que as lesões perpetradas contra sua integridade se revelam de NATUREZA GRAVE, ao passo que se mostram incuráveis, impossibilitando sua ascensão profissional. Desta feita, segundo os critérios fixados no artigo 223-G, § 1º, inciso III da CLT deverá este juízo, arbitrar indenização por danos morais em valor não inferior a 20 vezes o salário do obreiro (R$ 1.429,52), considerando que ambos acidentes ocasionados por culpa exclusiva da Reclamada, incapacitaram o Reclamante. Valor: R$ 28.590,40 13.4.3. Danos estéticos O dano estético se traduz na lesão à integridade e harmonia física do ser humano, tais como a perda de membros, deformidades morfológicas, cicatrizes, dentre outros que possam causar repulsa perante terceiros ou mesmo redução na autoestima, o que não se confunde com o dano moral, uma vez que visa à proteção de bem jurídico de natureza distinta (harmonia física), sendo portanto cumuláveis (Súmula 387 STJ). No presente caso, o Reclamante, além das cicatrizes decorrentes da cirurgia e colocação de diversos pinos, o mesmo ficou manco, com uma perna mais curta que a outra, ou seja, é inconteste o dano estético. Diante do exposto, requer-se seja condenada a Reclamada ao pagamento dos danos estéticos causados ao Reclamante, cujo o valor deverá ser fixado levando-se em conta a visibilidade das lesões, a deformidade (que é visível), o sofrimento individual do obreiro pelo acidente de trabalho, pelo que se sugere um valor mínimo equivalente, ao menos, 10 (dez) vezes a remuneração do obreiro. Valor: R$ 14.295,2 14. INDENIZAÇÃO EQUIVALENTE AOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - TEORIA DA REPARAÇÃO INTEGRAL Com o advento da Lei 13.467/17, a CLT passou a admitir os honorários advocatícios sucumbenciais, nos termos do art. 791-A, tornando sem efeito os entendimentos fixados nas Súmulas 219 e 329 do C. TST. Entretanto, entendemos que é cabível, também, na Justiça do Trabalho a regra insculpida no art. 389 do Código Civil Brasileiro, que permite a condenação, inclusive ex officio, de indenização equivalente aos honorários advocatícios em favor da parte. Destarte, requer seja a reclamada condenada ao pagamento de indenização equivalente aos honorários advocatícios, ora estipulados contratualmente em 30% sobre o valor das verbas deferidas, que reverterá em proveito exclusivo da reclamante, sem incidência dos honorários advocatícios contratuais e com expedição de guia de retirada em nome exclusivamente do reclamante em relação a tal verba, haja vista que a verba ora deferida não se confunde com honorários de sucumbência, antes, trata-se de valor indenizatório que se destina à reparação dos prejuízos experimentados pelo trabalhador que, para receber o seu crédito trabalhista, necessitou contratar advogado às suas expensas, causando-lhe perdas. Aplicação subsidiária dos artigos 389 e 404 do Código Civil Brasileiro. Incumbe à Secretaria da Vara, no momento da entrega da Guia de Retirada ao reclamante, esclarecê-lo de que a presente verba é de sua titularidade exclusiva, sem incidência dos honorários advocatícios contratuais. Destaco, por oportuno, que a indenização equivalente aos honorários advocatícios não se confunde com os honorários advocatícios sucumbenciais, inexistindo bis in eadem.
15. DOS PEDIDOS Diante do exposto, a Reclamante requer seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a presente Reclamação Trabalhista, respeitando a prescrição quinquenal, condenar a empresa Reclamada: a) Horas Extras, das excedentes a 8º hora diária e 44º semanal, nos termos do inciso XIII, artigo 7º da Constituição Federal e horas em dobro, dos feriados e domingos trabalhados com adicional de 75%, bem como dos reflexos delas decorrentes em DSR´s, férias + 1/3 legal, 13º salário e FGTS _________________________________Valor estimado R$ 85.173,25; b) Adicional noturno e reflexos decorrentes em DSR´s, férias + 1/3 legal, 13º salário INSS e FGTS, e verbas indenizatórias ______________________________________Valor apurado R$ 870,00; c) Adicional de insalubridade durante todo o período contratual em grau máximo de 40% sobre o salário base do Reclamante, ficando-lhe assegurada a concessão do aludido adicional com base no seu piso salarial, com seus reflexos em todas as verbas salariais, inclusive nas indenizatórias e na diferença do benefício previdenciário auferido pelo Reclamante, o qual foi calculado com base nos últimos salários do obreiro, bem como dos reflexos delas decorrentes em DSR´s, férias + 1/3 legal, 13º salário INSS e FGTS, além de nas horas extras pedidas nesta ação __________________________________ Valor apurado R$ 31.500,00; d) Adicional de periculosidade durante todo o período contratual, em grau máximo de 30% sobre o salário base do Reclamante, ficando-lhe assegurada a concessão do aludido adicional com base no seu piso salarial, com seus reflexos em todas as verbas salariais, inclusive nas indenizatórias e na diferença do benefício previdencíario auferido pelo Reclamante, o qual foi calculado com base nos últimos salários do obreiro, bem como dos reflexos delas decorrentes em DSR´s, férias + 1/3 legal, 13º salário INSS e FGTS, além de nas horas extras pedidas nesta ação __________________________________ Valor apurado R$ 21.000,00; e) Seja reconhecida a possibilidade de cumulação dos adicionais de insalubridade e periculosidade nos termos supramencionado; f) Seja reconhecida a culpa exclusiva da Reclamada no acidente do trabalho ocorrido em 08.10.2017, nos termos supramencionados; g) O reconhecimento da doença ocupacional do Reclamante, oficiando-e o INSS para retificação do benefício auxílio-doença por incapacidade por acidente de trabalho (espécie 91); h) Uma vez reconhecida o acidente do trabalho e a doença ocupacional, sejam as Reclamadas compelidas a realizarem os recolhimentos previdenciários e do FGTS do período em que o obreira ficou, bem como econtra-se efetivamente afastado pela Previdência Social; i) O reconhecimento da estabilidade acidentária, com a condenação das Reclamadas ao pagamento de indenização no valor de _______________________________________________ R$ 21.442,80; j) Caso a prova pericial, que desde já se requer, comprove a incapacidade total e permanente do Reclamante, sejam as Reclamadas condenadas à pagarem ao Sra. José Bento a título de pensão vitalícia em decorrência da sua incapacidade laboral o montate de ____________________________________ R$ 352.258,36; k) Na remota hipótese da prova pericial considerar o Reclamante apto para exercer a função de Agente Sanitário, requer seja a empresa Reclamada: k.1) compelida a readequar o obreiro na sua função de forma adequada, respeitando suas limitações físicas e k.2) seja a reclamada condenada ao pagamento de pensão vitalícia, equivalente ao percentual de incapacidade apurado sobre o salário do autor, considerando a perda de funcionalidade para o exercício da função de Agente Sanitário; a idade do Reclamante (53 anos); sua expectativa de sobrevida (75 anos); o salário percebido (R$ 1.529,42 mais acréscimos ilíquidos), acrescido de férias e 13º salário, com um deságio de 20% pela antecipação do pagamento___________________________ à liquidar; l) Sem prejuízo, requer-se a condenação da Reclamada ao pagamento de todos os medicamentos e procedimentos médicos necessários para o tratamento do obreiro, inclusive, ao pagamento/manutenção de plano de saúde vitalício______________________________________________à liquidar; m) Indenização a título de danos morais, em valor não inferior a 20 (vinte) vezes o salário do Reclamante ___________________________________valor estimado R$ 28.590,40;
n) Indenização a título de danos estéticos, em valor não inferior a
10 (dez) vezes o salário do Reclamante __________________________________ valor estimado R$ 14.295,20; o) Honorários advocatícios na razão de 15% sobre o valor da condenação_________________________________________ à liquidar; p) seja a reclamada condenada ao pagamento de indenização equivalente aos honorários advocatícios, ora estipulados contratualmente em 30% sobre o valor das verbas deferidas _____________________________________________________ à liquidar; 16. DOS REQUERIMENTOS FINAIS Requer a notificação da Reclamada para que, querendo, apresente sua defesa, sob pena de revelia e confissão; Requer ao juízo que determine o IPCA-E em lugar da TR para a correção das verbas a serem deferidas em favor do Reclamante a partir 25/03/2015. Para efeitos de liquidação de sentença, requer que tome-se para base de cálculo das verbas trabalhistas e indenizatórias a remuneração total do Reclamante, a qual equivale ao maior salário percebido, mais a integração dos reflexos das horas extras, adicional de insalubridade e periculosidade, mais a integração dos reflexos dos DSR’S, etc. O quantum condenatório deverá ser apurado em liquidação, devendo ser observados todos os reajustes salariais que beneficiaram e que beneficiarão a sua categoria profissional, concedidos através de Legislação, Dissídios, Acordos, Convenções Coletivas de Trabalho, Aditamentos, etc., devendo ainda serem observados os demais direitos e vantagens que forem deferidos a referida categoria profissional. A concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, com base no Art. 790, §3º, da CLT por tratar-se A Reclamante de pessoa pobre nos termos da lei, não possuindo condições financeiras de arcar com os custos da presente ação sem prejuízo de sua subsistência e de sua família. Nos termos da Instrução Normativa nº 41 do TST, em seu artigo 12, paragrafo 2º, requer o reclamante, que os pedidos constantes na presente, sejam liquidados com exatidão, tão somente após o trânsito em julgado da reclamatória, tendo em vista que os valores que constam na exordial são meramente estimativos. Pugna-se pela atenuação da rigidez do artigo 818 da CLT e 373 do CPC, estendendo o entendimento dado pela Súmula 338, do empregado perante seu empregador, que autoriza o juiz do trabalho adotar a inversão do ônus probandi e ampliando a aplicação do princípio “in dúbio pro operarium”. Pleiteia, ainda, pela declaração de inconstitucionalidade do artigo 790-B da CLT (caput e párarafo 4ª), que responsabiliza a parte sucumbente (vencida) pelo pagamento de honorários periciais, ainda que beneficiário da justiça gratuita. Requer, outrossim, a declaração de inconstitucionalidade do artigo 791-A, que considera devidos honorários advocatícios de sucumbencia por beneficiário da justiça gratuita, sempre que tenha obtido em juízo, ainda que em ouro processo, créditos capazes de suportar a despesa. No mais, requer, seja declarada ainda, a inconstitucionalidade incidental do artigo 844, parágrafo 2º. Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, como documental, testemunhal, pericial e inspeção judicial. Isto posto, requer seja a ação julgada TOTALMENTE PROCEDENTE, com a condenação da empresa Reclamada ao pagamento das verbas postuladas, acrescidas de juros de mora, correção monetária, custas processuais e honorários advocatícios, bem como suportar os ônus dos recolhimentos fiscais e previdenciários. De acordo com o artigo 425, inciso IV, do CPC as advogadas que esta subscrevem autenticam todos os documentos que instruem a presente petição inicial. Requer-se, também nesta ocasião, que todas as publicações e intimações do presente feito sejam veiculadas em nome de TAMMY DE ALBUQUERQUE FRANCO – OAB/SP 294413 e TATIANE MARTINS CARNEIRO - OAB/SP 411.022, sob pena de nulidade. Dá-se a causa o valor de R$ 555.130,01 (quinhentos e cinquenta e cinco mil, cento e trinta reais e um centavo), apenas para efeitos fiscais, uma vez que todas as verbas deverão ser apuradas em regular liquidação de sentença.
Termos em que, pede deferimento. Confresa-MT, 02 de outubro de 2021.