Acidente Do Trabalho e Doenças Ocupacionais
Acidente Do Trabalho e Doenças Ocupacionais
Acidente Do Trabalho e Doenças Ocupacionais
Conforme dispõe o art. 19 de Lei 8.213/91 acidente do trabalho é o que ocorre
pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho
dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 da referida Lei, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
Fazem jus a benefícios por acidente de trabalho:
• Os empregados (inclusive os temporários);
• Os trabalhadores avulsos;
• Os segurados especiais;
• Os médicos residentes (conforme art. 4, § 5º da Lei 6.932/81);
• Empregados Domésticos (conforme Emenda Constitucional 72/2013).
As hipóteses acima estão dispostas no artigo 20, parágrafo 1o da Lei n. 8.213/1991, as quais serão
detalhadas a seguir.
4 Concausa
A concausa é outra espécie de acidente de trabalho, estando sua teoria estabelecida no inciso I do
artigo 21 da Lei n. 8.213/1991:
Art. 21 – Equiparam-se também ao acidente de trabalho, para efeitos desta Lei:
I – o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja
contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua
capacidade para o trabalho, ou produzindo lesão que exija atenção médica para a sua
recuperação […].
Assim, a concausa é definida como outra causa que se junta à principal, concorrendo com o
resultado, ou seja, ela não dá origem à enfermidade, mas acaba fazendo com que esta se agrave.
O acidente de trabalho pode ocorrer em virtude de vários motivos diferentes, no entanto, a atividade
laborativa desenvolvida pelo trabalhador está sempre presente. Os fatores que caracterizam a
concausa podem ocorrer em virtude de acontecimentos anteriores, simultâneos ou posteriores ao
evento. Diante disso, podemos classificar as concausas como preexistentes, concomitantes e
supervenientes. No entanto, essa classificação tem finalidade apenas didática, pois, na prática, é
desconsiderada.
Constituem as concausas preexistentes os fatores que preexistem ao acidente, contribuindo,
juntamente com o fator laboral, decisivamente para a ocorrência do evento que causa incapacidade
do indivíduo.
Também conhecidas como anteriores, prévias ou predisponentes, são as causas que não apresentam
vinculação direta com o trabalho, mas que, quando a ele associadas, determinam a ocorrência do
acidente, ocasionando a morte ou produzindo lesão corporal ou perturbação funcional no
trabalhador, que apresenta uma predisposição latente para o acometimento do infortúnio. Assim, a
atividade laborativa, isoladamente, é incapaz de resultar na lesão, mas, diante das condições
pessoais do empregado, o acidente torna-se realidade (BRANDÃO, 2006, p. 170-171).
Esse tipo de concausa pode ser verificado quando o trabalhador já era portador de alguma moléstia
quando iniciou suas atividades para o empregador, mas, diante de situações específicas decorrentes
do ambiente de trabalho, há o aparecimento de sintomas ou o agravamento da doença, que pode
resultar na redução da capacidade laborativa do trabalhador ou até mesmo em sua morte.
Assim, se um trabalhador portador de grave hipertensão arterial que atua em fundição, próximo aos
fornos, em trabalho pesado e sujeito a altas temperaturas, morre em função de sua patologia, ou se
um empregado hemofílico sofre, em serviço, um ferimento no braço que, para outro trabalhador
sadio, não teria maiores consequências, e morre em decorrência de séria hemorragia, estamos diante
de hipóteses de concausas preexistentes (BRANDÃO, 2006, p. 170-171).
A concausa concomitante ocorre ao mesmo tempo que o acidente de trabalho. Como exemplo dessa
modalidade, podemos citar o indivíduo que sofre infarto durante um assalto ocorrido nas
dependências da empresa, vindo a falecer ou a perder o movimento de parte do corpo, de modo a
incapacitá-lo para o trabalho.
Já a concausa superveniente acontece em momento posterior ao próprio acidente de trabalho.
Relaciona-se a fatos posteriores à sequela, acarretando prejuízo ao acidentado no período de
tratamento ou evolução dos problemas decorrentes do acidente ou da doença. Podemos citar como
exemplos as intervenções cirúrgicas mal feitas, as altas médicas ocorridas de forma precipitada e
indevida, as infecções hospitalares, a falta de medicamentos adequados, a deficiência de
acompanhamento médico em período de recuperação do evento, ou seja, todas as circunstâncias que
contribuem para o agravamento do dano, para a piora das condições de saúde do trabalhador, de
forma a complicar o quadro clínico ou representar perigo de vida para o acidentado (COSTA, 2007,
p. 85).
5 Medidas a serem adotadas após sofrer um acidente de
trabalho
Após sofrer um acidente de trabalho, algumas medidas tornam-se necessárias para que o acidentado
possa garantir seus direitos: a) logo após a ocorrência do acidente e tendo condições físicas, deve-se
comunicar imediatamente o superior hierárquico ou pedir que alguém o faça em seu nome; b)
procurar por socorro médico o mais rápido possível, e solicitar um atestado descrevendo quais
foram os danos sofridos; c) ir até a empresa ou pedir que alguém vá para que seja providenciada a
abertura do Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT). É importante destacar que,
independentemente de ser o próprio acidentado ou terceiro a comparecer à empresa, é
imprescindível a apresentação do atestado médico para que o CAT possa ser lavrado
adequadamente.
O CAT é uma peça de suma importância para o trabalhador, pois é capaz de provar que o obreiro
sofreu um acidente de trabalho, servindo como prova para requerimento de benefícios
previdenciários e para obrigar que a empresa indenize o empregado pela perda ou redução da
capacidade laborativa.
Existe uma situação peculiar em relação ao acidente de trabalho que diz respeito ao momento em
que o empregado está indo ou voltando do ambiente laboral. Nesses casos, o empregado
primeiramente deve buscar atendimento médico e sempre pedir um atestado médico na hipótese de
ser atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Se for atendido por outra
unidade semelhante, como Bombeiros ou Polícia Militar, deverá pedir uma Cópia do Boletim de
Atendimento, bem como uma cópia do Boletim de Ocorrência, caso este último tenha sido lavrado.
Após se recuperar do acidente, o empregado deve providenciar a elaboração do CAT junto à
empresa, levando os documentos necessários para a comprovação do acidente, quais sejam: atestado
médico, boletim de atendimento (se houver), boletim de ocorrência (se houver).
Por fim, é importante destacar que, caso o empregado seja dispensado durante o período de
estabilidade provisória sem justa causa, terá direito de pedir judicialmente que seja reintegrado ou
até mesmo receber uma indenização pelo tempo em que estaria resguardado pela estabilidade.
7 Do dano moral
O artigo 7o, XXVIII da Constituição Federal garante ao trabalhador a indenização por doença
ocupacional, uma vez demonstrado o nexo causal entre a atividade profissional desenvolvida pelo
trabalhador na empresa e a doença adquirida.
Dessa forma, é indispensável que a moléstia tenha origem exclusiva nas atividades desempenhadas
na empresa para que se estabeleça uma relação de culpa ou mesmo dolo na conduta ilícita comissiva
ou omissiva do empregador a justificar o pagamento da indenização por dano moral.
A indenização moral objetiva minimizar a dor sentida pela vítima, compensando-a pelo sofrimento.
Quanto ao valor a ser pago a título de indenização por danos morais, este pauta-se nas regras, nas
peculiaridades de cada caso concreto em relação a cada ofensor e ofendido.
Os nossos tribunais mantêm o entendimento de que essa indenização possui caráter muito mais
disciplinar do que reparatório, uma vez que o sofrimento pessoal da vítima não pode ser medido e
muito menos reparado.
Assim, seguem algumas jurisprudências exemplificativas sobre o tema:
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL.
DOENÇA OCUPACIONAL. DORT/TENOSSINOVITE. INDENIZAÇÃO DEFERIDA
EM R$ 87. 805,20. MAJORAÇÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO. Recurso de
revista que não merece admissibilidade porque não restou configurada, nos termos do
artigo 896, alíneas a e c, da CLT, a alegada ofensa aos artigos 5º, incisos V e X, 6º, 7º,
incisos XXII e XXVIII, da Constituição Federal, 72, 225 e 818 da CLT, 145, 333, inciso
I, 426, inciso II, e 427 do CPC , 159 e 1.539 do Código Civil, 19,20 e 21 da Lei nº
8.213/91, tampouco divergência jurisprudencial, pelo que, não infirmados os
fundamentos do despacho denegatório do recurso de revista, mantém-se a decisão
agravada por seus próprios fundamentos. Ressalta-se que, conforme entendimento
pacificado da Suprema Corte (MS-27. 350/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ
04/06/2008), não configura negativa de prestação jurisdicional ou inexistência de
motivação a decisão do Juízo ad quem pela qual se adotam, como razões de decidir, os
próprios fundamentos constantes da decisão da instância recorrida (motivação per
relationem), uma vez que atendida a exigência constitucional e legal da motivação das
decisões emanadas do Poder Judiciário. Agravo de instrumento desprovido. (TST –
AIRR: 351403420045030071 35140-34.2004.5.03.0071, Relator: José Roberto Freire
Pimenta, Data de Julgamento: 19/09/2012, 2ª Turma)
Portanto, fica claro que a indenização por dano moral tem como objetivo coibir que as empresas
exponham seus funcionários ao risco de sofrerem lesões e acidentes graves no ambiente de trabalho.
8. Conclusão
Pela observação dos aspectos analisados, entende-se que a doença profissional ou ocupacional é
decorrente do exercício da profissão, enquanto a doença de trabalho é desenvolvida em virtude do
ambiente de trabalho. Ambas podem ser agravadas em decorrência do cumprimento do contrato de
trabalho, dando origem à concausa.
Cabe ainda mencionar que os custos da doença ocupacional são muito altos para o empregado,
podendo gerar graves danos a sua saúde e até resultar em sua morte.
Desse modo, sempre que houver um acidente de trabalho, o empregado deve se preocupar com sua
saúde e integridade física, mas também lembrar-se de cientificar a empresa sobre o incidente, para
que possa ser lavrado o CAT a fim de garantir seus direitos no futuro.
Além disso, o trabalhador que sofre acidente de trabalho após o 16o dia adquire estabilidade
provisória, no entanto, é importante lembrar que existem algumas doenças que não são consideradas
acidente de trabalho.
Por fim, os pedidos de indenização decorrente de doença ocupacional aumentam a cada ano; em
virtude desse cenário jurídico, este artigo teve a finalidade de esclarecer o trabalhador sobre seus
direitos e garantias decorrentes de doença profissional.
Referências
BRANDÃO, Cláudio. Acidente do Trabalho e Responsabilidade Civil do Empregador. ed. São
Paulo: LTr, 2009.
BRASIL. Presidência da República. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos
de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213compilado.htm>. Acesso em: 18 maio 2016.
COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2007.
MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do Trabalho e
Doenças Ocupacionais: conceito, processos de conhecimento e execução e suas questões
polêmicas. 2. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2000.