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CAPíTULO V
O Desenvolvimento da
Colônia Imperial (1860-1883)
Os colonos da margem direita do Itajaí-açu receberam
com grande satisfação o ato do Governo do Império, datado de
13 de Janeiro de 1860, que elevou à categoria de Colônia
Imperial o estabelecimento da colonização que Hermann Blume-
nau aqui fundara dez anos antes. É que todos logo compre-
enderam que esse ato administrativo importava em uma garantia
de êxito e pleno desenvolvimento da nova Colônia. E, de fato,
assim foi.
Durante vinte e três anos, a contar de 13 de Janeiro
de 1860 até 10 de Janeiro de 1883, data oficial da instalação
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d・ウエ。」セ@ de modo especial no brasão uma ェlッイセ、・MゥNヲL@ cuja
forma graciosa todos conhecem. p。QG・」セョッウ@ oportuno, todavia, tereI' aqui
considerações mais amplas sobre essa figura heráldica.
Sempre existiu muita controvérsia a respeito da origem da ヲャッイセ@
、・セャゥウL@ havendo inclusive, sobretudo na França, autores que 、・イゥカ。ュセョ@ da
lança ("javelot") dos antigos gauleses. A única conclusão admissível
parece ser contudo que, a exemplo de outras formas adotadas como "peças"
heráldicas à época das Cruzadas, tambéru a ヲャッイセ、・ゥウ@ tem uma origem
sarracena. Não há dúvida, porém, que em pouco tempo ela passou a ser
identificada, na Europa, como uma flor e, mais precisamente, como uma
representação estilizada e convencional de um lírio.
Desde tempos remotos é preeminentemente a insígnia real da
França. Consta que após o rei Clóvis haver escolhido uma ヲャッイセ、・ゥウ@
como emblema da sua purificação através do batismo, o rei Luís VII, o
Jovem, 。、ッエオセ@ também como uma "divisa", insígnia pessoal e real, em
alusão ao seu nome latino, Ludovicus Florus, segundo a versão mais
divulgada. O escudo desse rei era semeado de ヲャッイ・ウセ、ゥ@ e autores
antigos afirmam que ele オウッセ。@ já em 1147, quando partiu, com os ァイ。ョセ@
des do seu reino e na qualidade de um dos chefes da Segunda Cruzada,
para a Terra Santa.
A quantidade de ヲャッイ・ウM、セゥ@ do escudo real, variável durante
muito tempo, no início do século XIII foi reduzida a três, da seguinte
forma: "em campo azul três ヲャッイ・ウセ、ゥ@ de ouro ". Essas armas, por
vários séculos, foram daí em diante usadas pelos reis da França. A ヲQッイセ@
、・セャゥウ@ aparece por isso, em muitos brasões, como símbolo de nobreza e
soberania.
As ヲャッイ・ウセ、ゥ@ assumiram formas diversas em diferentes épocas,
conservando sempre no entanto as suas características principais; uma folha
central ereta ladeada por duas folhas curvas, reunidas por um anelete ィッイゥセ@
zontal, que deixa visível as pontas inferiores, os "pés", das três folhas .
A ヲャッイセ、・ゥウ@ pode ser de qualquer um dos esmaltes heráldicos.
Na Itália, onde é conhecida por "giglio", o uso da ヲQッイセ、・Mャゥウ@
se difundiu muito rapidamente e são numerosas as famílias que ostentam
esse emblema nos seus brasões. Aliás, um tipo especial de ヲャッイセ、・ゥウL@ "i1
giglio de Firenze", vermelho e em campo de prata, há vários séculos é
também a insígnia da cidade de Florença.
O ario é um símbolo da pureza e エッイョオセウ・@ a flor da Virgem.
Originalmente, no simbolismo cristão, o lírio foi usado por isso como atri-
buto das santas virgens e, mais tarde, como um símbolo da castidade e,
assim, um atributo de vários santos. A ヲャッイセ、・ゥウL@ considerada ーッオャ。イセ@
mente uma variedade de lírio, 。エイゥ「オセウ・@ o mesmo simbolismo.
Mesmo assim, na Arte Heráldica é feita nítida distinção entre
a ェlッイM、・セゥNヲ@ e o Lírio, que é representado exatamente pela flor deste nome.
Por isso, quando existe um lírio no brasão, 」ッウエオュ。セ・@ 、・ョッュゥ£セャL@ na
descrição heráldica, "lírio ao natural" ou mais comumente "lírio de jardim" .
Vale lembrar finalmente que, como atributo de realeza, a ヲャッイセ@
aparece em coroas e cetros de santos de origem real; e é assim um
、・セャゥウ@
símbolo da Virgem Maria como Rainha Celestial.
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Movimento セッ@ Museu セ。@ família Colonial, セオイ。ョエ・@ o mês セ・@ março セ・@ 1916
500 ingressos vendidos
4 excursões com 77 participantes
17 Lobinhos do Grupo de Escoteiros Leão de Blumenau tendo como chefe responsável a
Sra. Elfride GabeI.
J:lrdim de Infância do Bairro da Velha com 34 crianças.
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ELIA BARBETTA
Natural de Cremona. Itália . onde nasceu a 4 de janeiro de 1850. era filho
de Glácomo Barbetta e Glovanna Foschlnl. Casado com Lúcia Vlgnanl. filha de Giovannl
e Madalena Vlgnanl. emigrara com sua única filha Virgínia. com dois meses de Idade.
chegando à "Colônla S. Raulo". em Ascurra. nos primeiros meses de 1876. radicando-se
no lote N° 4. da linha colonial Ribeirão São Paulo. o qual continha a área de 250.000
ms2. e pelo qual pagou à Direção da Colônia Blumenau. a quantia de Rs. 250$000 -
recebendo o seu título de propriedade em data de 15 de novembro de 1876.
O casal teve. além de Virgínia. que casou com Matln Matteucci. os seguintes
filhos. todos nascidos em Ascurra: Glacomlna Barbetta. nascida em 30 de março de 1878.
casou com Francesco Testonl; Francesca Barbetta. nascida em 1879. casou com Francesco
Vlvlanl; Antonio Barbetta. nascido em 10 de março de 1881. casou com Joanna Gandln;
Rosa Barbetta. nascida em 1883. casou com Secundo Vagliattl; Generosa Barbetta . nascida
em 29 de janeiro de 1886. casou com Francesco Pacher e Marcello Barbetta . nascido em
11 de julho de 1887. casou com Anna Curto
Ao chegar a Ascurra. Elia Barbetta contava 26 anos de Idade.
Católico fervoroso. frequentando assiduamente a missa dominical. adquirira
excelente educação religiosa nas homíllas e no ensino do catecismo junto ao Santuário de
Caravagglo. em Cremona.
Decidindo emigrar. fê-lo depois de consultar seu grande amigo e conselheiro
espiritual D. Geremla Bonomelli. Bispo Diocesano de Cremona. o qual. ao dar-lhe a benção
de despedida. fez-lhe veemente exortação recomendando-lhe que . ao chegar nas selvas
brasileiras. onde por certo não haveria padres. lesse aos domingos. o Evangelho. rezasse
o terço e as ladaínhas. ensinasse o catecismo às crianças. promovesse. enfim. o espírito
religioso entre os Imigrantes.
Elia Barbetta cumpriu à risca os conselhos do piedoso Bispo de Cremona: ao
chegar a Ascurra. tratou logo de reunir seus companheiros de imigração. estabelecidos
às margens do Ribeirão São Paulo. erguendo tosca capelinha de palmitos. no lote
urbano para tal fim reservado na sede da povoação demarcada e que foi consagrada a
Santo Ambrósio.
Escolhido como capelão. Elia Barbetta durante longos anos. quase 40. foi.
líder religioso de Ascurra . tomando parte saliente em todos os episódios lamentáveis
decorrentes da questão surgida entre a população ascurrense e os Padres Franciscanos.
de Rodeio.
Foi um auxiliar multo valioso do primeiro vigário de Blumenau. então com
jurisdição em Ascurra. Pe. José Maria Jacobs. a quem muito ajudou em suas visitas
apostólicas a Ascurra. onde. como capelão. preparava as crianças para a primeira comunhão.
Tendo trabalhado para uma Farmácia em Cremona. adquirira bons e úteis
conhecimentos de medicina . que prestativamente os aplicava com muito critério. sendo.
pois. considerado como o médico da comunidade incipiente.
Homem profundamente religioso e não menos fanático por sua paróquia.
sofria terrivelmente a cada Interdição que era submetida pelos Padres Franciscanos e.
segundo se comentou na época . teria sido decorrente desses episódios que numa manhã de
julho de 1915. estando em plena sacristia da Capela. sofreu mortal Insulto cardíaco. pondo
fim a cerca de 15 anos de lutas e dissabores mantidos contra os adversários de sua paró-
quia. que tanto amava e pela qual tanto lutara.
A morte súbita do seu líder religioso consternou sobremodo a população
ascurrense que . acorreu em grande número . ao seu sepultamento. no cemitério local.
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Bl u mena u em Cadernos
Christiano Ferreira Fraga
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda - Novo dicionário da língua
poruguesa. Rio de Janeiro, 1975 .
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A Estância c/ as Araucárias
Evaldo Trierwe ile r
( Continuaç ão do número anterior)
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Muitas vezes estivera pensando, porque este moço viera de tão
longe para fixar residência num lugar abandonado. Sozinho sem ninguém
por ele. Quem seria ele e que pretendia. Tentou ヲ。ャイセィ・N@ Nestor,
astuto, mudou de conversa. Neco, no entanto não desanimava. Tentou
por todos os meios 。イョ」セャィ・@ o segredo. E se perguntava;
- Quem era esse jovem entusiasta, que assim trabalhava e
vivia solitário e por vezes até abatido. Outras vezes o caboclo o ・ョ」ッセ@
trava sentado numa tora de pinheiro mergulhado em profunda cisma.
Quando se aproximava Nestor se fazia desentendido, murmurava qualquer
coisa ou 、・ウ」オャー。ョッセ@ dizia que estava descansando um pouco e isso
o fazia cismar.
Quanto a sua origem a resposta era invariável, que viera dos
lados de Valões e ficava nisso. Afirmou que nos tempos de menino ー。ウセ@
sara por ali e por isso sempre pensara em fixar residência nesse rincão
do fim do mundo.
Como fosse necessário plantar, saíram a procura de terra de
planta. eョ」ッエイ。ュセ@ longe dali. Como a terra era devol uta, fizeram
funcionar o machado e derrubaram uma coivara. Nestor olhava para
aquelas toras caídas e dizia;
- Pena é não ter um engenho de serra para serrar essa ュ。セ@
deira daria boas tábuas para minha casa. Tudo, porém, era muito difícil,
muito longe. Fosse como fosse, no fim do primeiro ano já havia levantado
uma casa de madeira serrada a braço. No fim do segundo ano possuía
capatazes que cuidavam do gado. Trabalhadores mourejavam nas roças
e foi adquirindo um ar de respeitabilidade. Os peães diziam;
- Por que será que não casa?
Só pensava em trabalhar. Não ia a festas. Quando, falavam
em mulheres, habilidosamente mudava de conversa. As más línguas não
lhe davam tréguas e juravam que havia um rabo de saia no jogo.
- Talivez, dizia Neco Batista, eu já tô cum ele desdo principo
e não pude arrancá nada.
- Isso vem ainda, disse o Zeca Peixoto. Deve ser uma 「ッョゥセ@
tona que ele viu antes de vi para cá e anda tratando de ficá rico pra
podê trazê a dona. Seja como for o homenzinho pensa e faz. Não é que
inventou de butá um monjolo. Os pau ele já escolheu. Vou começar a
escavar e os carapinas vêm amanhã.
- Apois não diga 1 Vamos tê farinha de milho barata,
disse um peão.
- Minha muié, quando sobé, vai pensá num revirado gostoso.
- Mais então, ele vai botá um monjolo. E quem é que vai
prepará a farinha?
- Ora a Bertulina, a preta véia, que veio lá dos confins do
Juda, onde o diabo perdeu as botas. Adispois que a preta chegou a casa
virou do dia pra noite. J á se come na hora certa e comida boa. M uié é
sempre muié nem que seja preta como a noite. Antonces ele apareceu
por esses dias com um relógio de parede.
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BLUMENAU EM CADERNOS
Fundação de J. }<' erreira da Si! va
Órgãfl deJ'tinado ao E.ffudo e Divulgação da Húfória de Santa Catarina !:
Propriedade da FUNDAÇÃO C ASA DR. BLUMENAU
IMPRESSO EM OFICINAS PRÓPRIAS
Direção: F. C. Allende
Assinatura por Tomo (12 números) Cr$ 25,00
Número avulso Cr$ 3.00 Atrasado Cr$ 5.00 I I
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LTDA.
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