Caderno Constitucional
Caderno Constitucional
Caderno Constitucional
A Constituição ganha sua legitimidade a partir de uma Constituinte, que por sua vez
é legitimada pelo poder do povo; o momento constituinte, teoricamente, é o momento de
estabelecer os consensos abstratos, um período estável e propício para a democracia. A
Constituição é a representação da vontade soberana do povo, elaborada no momento
constituinte.
Alguns vão traduzir a Constituição como uma espécie de Contrato Social, cujo povo
daria consentimento para a estruturação de um Estado; a ideia do Contratualismo é uma
alegoria para tratar do momento histórico de criação do projeto constitucional. A maioria
das Constituições possuem um momento de formulação; exceção será a Inglesa, pois ela
não é um texto totalmente escrito e reunido em um único documento, já que é formada por
leis com valores constitucionais e outros documentos, em constante formação.
Limitação jurídica do poder político: tem por objetivo estabelecer a separação do poder,
sistema de freios e contrapesos, além da divisão de competências; serve para prevenir o
abuso de poder, que de certa forma é uma tendência aos agentes do poder público. Se dá
pela proteção dos direitos fundamentais e prever garantias contra violações.
Fundamento de validade do ordenamento jurídico: institui parâmetros materiais de
validade das normas jurídicas, introduzindo coerência ao próprio sistema normativo;
segundo Kelsen, a Constituição é fundamentada pela Norma Hipotética Fundamental,
um mecanismo lógico.
Legitimidade axiológica e democrática do ordenamento jurídico: Conferir legitimidade
ao ordenamento jurídico, por meio da introdução de valores compartilhados pela
sociedade (como dignidade da pessoa humana); atribui legitimidade democrática às
normas do sistema jurídico (o ordenamento jurídico é composto por normas elaboradas
e aprovadas pelos representantes democráticos do povo).
Estruturação da organização dos poderes constituídos: criação de órgãos
constitucionais, com suas respectivas competências; traz previsões de normas
procedimentais para o funcionamento dos poderes.
Estabilidade e adaptabilidade a mudanças: Previsão de normas para reforma da
Constituição, com o estabelecimento de limites formais e materiais às alterações
constitucionais. As mudanças são necessárias para garantir estabilidade ao corpo
constitucional, permeável às transformações sociais; exemplo disso são as emendas
constitucionais.
Previsão de programas, fins e tarefas estatais: típicas das Constituições dirigentes,
trazendo a imposição de programas de ação a serem implementados pelos poderes
constituídos; estabelece metas e fins que devem ser almejados pelo Estado. As
Constituições Garantias, como a dos EUA, não possuem essa função. Na CF brasileira,
essa função está presente e positivada no Título XIII.
Artigo 226, §3, CF: “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre
o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em
casamento.”. A partir do processo de mutação e também da interpretação contemporânea do
artigo, foi firmada a compreensão de que a união homoafetiva também é reconhecida como
união estável e entidade familiar.
Artigo 52: Até a emenda 45, que tratou da reforma do Judiciário, o controle de
constitucionalidade difuso determinava a inconstitucionalidade da lei em um caso concreto;
após uma apelação e um recurso extraordinário, a matéria da inconstitucionalidade chega
ao STF; além disso, o Senado tem que aprovar tal determinação para que os efeitos sejam
erga omnes. A reforma diz que, quando vai ao Supremo, a causa precisa demonstrar
Repercussão Geral, ou seja, a substância do caso interessa para além do caso concreto;
apesar disso, o artigo 52 ainda está em vigor, logo o Senado vai ter a função de dar
publicidade da decisão do Supremo.
Aula – 23/05/23
Quando John Locke falava sobre o Supreme Power, ele dizia sobre um Direito de
resistência e direito à revolução. Há um Estado de Natureza, de caráter social, cujos direitos
naturais já são preexistentes; o Poder Constituinte terá o papel de trazer uma maior
estabilidade e reforçar os poderes naturais, logo ele não cria nenhum Direito Natural, só
reitera-o. Madison, por outro lado, fala sobre a Constitutional Politics: caráter excepcional,
extraordinário, típico dos momentos de elevada “consciência política” e mobilização
popular.
O Poder de Fato está presente quando “exerce a função constituinte quem tiver força
para fazer respeitar o conjunto de regras de organização do Estado que houver concebido”.
Já o Poder de Direito está na comunidade política, que nasce do acordo de vontades entre
aqueles que se submeterão à ordem jurídica que se inaugura com o contrato. Tushnet diz
que o Poder Constituinte é um conceito jurídico, é uma doutrina constitucional cuja função
é “reduzir a ansiedade” dos juízes que temem uma revolução violenta.
Aula – 25/05/23
Schmitt ainda diz que operamos em uma lógica amigo-inimigo. O amigo estará presente no
sentimento nacional, de pertencimento a um grupo; inimigo é público, comum naquela
coletividade, o estranho, o estrangeiro. O político é o responsável por organizar esse
conflito. Por exemplo: em um países cujos adversários políticos sofrem penalidades, como
envenenamento, prisões, sanções do Estado. Na lógica do liberalismo, buscando uma
estabilidade, o político é negado para que o liberal tente conter o conflito, pois o livre
mercado preza pela estabilidade política, já que situações de paz são mais propícias à
iniciativa privada e impede que o Estado tenha alguma prerrogativa para controlar a
economia.
Aula – 30/05/23
A lógica dita por Mouffe, em um momento mais democrático, por exemplo, teremos “A
política” e as pessoas com ideologias contrárias não serão tratadas como inimigos, mas sim
como adversários. Por exemplo, na primeira década do Brasil, os partidos políticos PT e
PSDB disputaram o poder político, como adversários, mas nunca buscaram a extinção do
seu opositor.
“Nenhuma sociedade pode estabelecer uma Constituição perpétua ou, até mesmo, uma lei
perpétua. A terra pertence sempre à atual geração. Portanto, eles podem administrá-la, e o
que dela advier, durante o seu usufruto. Eles são senhores também de si mesmos e ,
consequentemente, podem governar-se como quiserem. (Madison”. O Poder de Reforma da
Constituição, apesar de existir, teremos limitações estabelecidas pelo próprio documento,
como no art. 4º e no art. 60º; este último referente às Cláusulas Pétreas (forma federativa,
direitos e garantias fundamentais, separação dos Poderes e o voto direto, secreto, universal
e periódico). O Poder Constituinte não se limita à Constituição.
Tipos de Manifestação. (1) Podem existir momentos cujo Poder Constituinte é representado
por um ato unilateral, como em uma Constituição Outorgada. (2) Por meio de um ato
constituinte democrático representativo, na Constituição Promulgada, onde há a votação
dos representantes do povo. (3) Por fim, um ato constituinte direto, com a votação direta
por referendo ou plebiscito, cujo projeto é criado pelos representantes na Assembléia.
Limites. O Poder Constituinte não se acha submetido a nenhum preceito anterior do Direito
Positivo, todavia acaba-se limitando à sua própria vontade, subordinado a questões ligadas
à pressão social dos grupos, às exigências do bem comum, aos valores jurídicos ideais ou à
opinião pública que o gerou.
Há requisitos materiais para que a vontade do povo seja realmente respeitada, um poder
constituinte democrático. Para isso, devemos ter uma Assembleia livre e representativa; sua
convocação deve se dar com a preparação dos eleitores e dos candidatos; e o sistema
eleitoral e partidário devem ser adequados à garantia de representatividade efetiva e a
Constituição. O próprio Poder Constituinte vai se domesticar.
Yaniv Roznai e Tamar Hostovsky Branches. Os autos tratam sobre a preocupação do poder
constituinte que manifesta sua força sem legitimidade. Se isso acontecer, o Poder Judiciário
teria a função de controlar o poder constituinte não democrático. Porém, a ilegitimidade do
poder não popular pode ser suprida por um poder constituído, igualmente não popular?
Aula – 01/06/23
Cláusulas Pétreas: Konrad Hesse diz que “o núcleo material da Constituição está
para além do alcance da modificação constitucional, pois se compõe dos “elementos
fundamentais da ordem democrática e estatal-jurídica da Lei Fundamental”. São cláusulas
pétreas a Federação, voto qualificado, divisão dos três poderes e direitos fundamentais.
Estado de Direito. É uma concepção que traz um poder soberano limitado, direitos e
garantias fundamentais, separação dos poderes e uma segurança jurídica. Os poderes são
separados para que eles se sintam limitados. “Um Estado que existe dentro do Direito,
porque ele está contido, limitado, pelo ordenamento jurídico”; caso o Estado esteja fora do
Direito, os poderes serão ilimitados, interferindo nas esferas as quais no Estado de Direito
eles não poderiam.
Aula – 13/06/23
Na ADI 4307, o Min. Gilmar Mendes expõe a Teoria dos limites dos limites dos
direitos fundamentais, ou seja, é possível que um direito fundamental seja limitado, porém
impondo limites à própria limitação, impedindo que esses direitos sejam completamente
suprimidos ou extinguidos. Deve haver um processo legislativo, aplicado de maneira
ampla, genérica (não pode atingir um grupo específico), abstrata (p. ex., um projeto que lei
que barra um direito fundamental de um grupo opositor não é permitido).
Aula – 15/06/23
(3) Devem ser analisados os pressupostos de eficácia da Constituição. A força que constitui
a essência e a eficácia advém da natureza das coisas e, a partir disso, temos alguns
pressupostos que possibilitam a Constituição se desenvolver de forma ótima. Quanto mais
parecido o seu conteúdo for com a natureza do presente, mais seguro será o
desenvolvimento de sua força normativa; deve ter, portanto, mecanismos para adaptar-se a
eventuais mudanças, com poucos princípios fundamentais. O seu desenvolvimento também
decorre da sua práxis; a Constituição se fortalece a cada momento que um sujeito sacrifica
um interesse em favor da preservação de um princípio constitucional e reformas quebram a
confiança na inquebrantabilidade do documento. Além disso, devemos olhar para a
Interpretação, que tem um caráter decisivo para consolidação e preservação da força
normativa, pois é ela que consegue concretizar o sentido da proposição normativa dentro
das condições reais dominantes de determinada situação.
A Constituição normativa vê-se submetida à prova de força nos tempos de necessidade, nas
situações de emergência; Carl Schmitt disse que o estado de necessidade configura ponto
essencial para a caracterização da força normativa da Constituição, constatado a
superioridade da norma sobre as circunstâncias fáticas. O Direito Constitucional não se
encontra em contradição com a natureza da Constituição, logo não é necessário abdicar de
sua posição enquanto disciplina científica. O Direito Constitucional deve explicitar as
condições sobre as quais as normas constitucionais podem adquirir a maior eficácia
possível propiciando o desenvolvimento da dogmática e da interpretação constitucional.
02) Para Hesse, o desenvolvimento positivo da força normativa é derivado (I) da maior
correspondência da Constituição escrita com a realidade fática do presente; e (II) da práxis
das normas constitucionais, ou seja, os cidadãos devem respeitar e seguir os dispositivos,
reiterando a legitimidade dos mesmos. Lassalle diz que a força normativa está presente na
Constituição escrita porque damos aos fatores reais do poder uma dimensão escrita, temos o
verdadeiro direito e “quem atenta contra ele atenta contra a lei, e por conseguinte é
punido”.
03) Hesse afirma que a Constituição escrita afigura-se como um ser e um dever ser: mais do
que o simples reflexo das condições fáticas de sua vigência (Constituição real), graças a sua
pretensão de eficácia, procura imprimir ordem e conformação à realidade política e social.
Lassale, por sua vez, expõe que tais condições fáticas são resultados gerados pelos fatores
reais do poder, os verdadeiros agentes de reforma (alta burguesia, banqueiros, nobreza):
sem o seu apoio, uma Constituição escrita não tem sua vigência garantida.
Aula – 01/08/23
Remember. O quórum para aprovação de (i) lei ordinária é 50% + 1 dos presentes,
chamada de maioria simples; (ii) lei complementar é 50% + 1 de todos os legisladores,
chamada de maioria absoluta; (iii) emenda constitucional é 60%, em dois turnos; e (iv)
impeachment é ⅗ (em tese, 66,6%).
Hierarquia entre lei ordinária e lei complementar. Inicialmente, não haveria uma
hierarquia entre esses dois tipos de lei. Porém há uma teoria que diverge desse
entendimento: quando a Constituição coloca que o tema deve ser tratado em Lei
Complementar, ela estaria em um patamar superior; se não, ela não tem hierarquia superior.
Aulas do 2º Semestre
Aula – 08/08/23
A estrutura de governo;
O princípio de legitimação;
O conjunto de valores (que podem estar presente em vários locais, como o preâmbulo, no
art. 5º, no art. 3º, dentre outros);
Por exemplo, o art. 34., VII, alínea a, que diz que a forma republicana, o sistema
representativo e o regime democrático são princípios constitucionais, dizendo que a União
intervirá nos Estados e no Distrito Federal para assegurá-los.
Genaro Carrió traz a visão de princípios jurídicos, que ultrapassam a visão do Kant.
O autor define algumas características e utilidades dos princípios: (i) como característica
central ou núcleo básico; (ii) como guia ou orientação geral de um sistema jurídico; (iii)
como causa ou origem; (iv) como finalidade, objetivo ou propósito; (v) como premissa ou
evidência teórica; (vi) como verdade ética ou evidência prática; e (vii) como máxima
decorrente do prestígio da tradição.
Aula – 10/08/23
Após meados dos século XX, as normas constitucionais passam a ser tratadas como
normas caracterizadas pela maior abstração e fundamentalidade. No final do século XX e
início do XXI, os princípios são espécies de normas que se diferenciam qualitativamente ou
logicamente das regras; essa distinção não é só de grau mais ou menos fundamental, mais
ou menos abstrato, mais ou menos genérico.
Dworkin traz uma crítica ao positivismo, de Herbert Hart. Ele não aceita que o
Direito seja apenas um conjunto de regras, bem como não aceita que o juízo discricionário
do juiz seja subjetivo, ou seja, que crie um “direito novo”. A regra apenas têm a dimensão
da validade, com a aplicação pelo critério do “tudo ou nada”; os princípios têm também a
dimensão do peso, mas sua aplicação é pelo critério de sopesamento, ou seja, um princípio
vai ter mais importância do que outro em um caso em concreto.
Ele diz que o princípio é um padrão que deve ser observado, não porque vá
promover ou assegurar uma situação econômica, política ou social considerada desejável,
mas porque é uma exigência de justiça ou equidade ou alguma outra dimensão da
moralidade - moral no sentido constitucional, não se tratando de impressões individuais,
que nesse caso seria um moralismo.
Aula – 22/08/23
Carrió diz que nem todas as regras são específicas, como afirma Dworkin. Todas as
regras, até as mais específicas, possuem uma textura aberta (a escrita da norma faz com que
mais ou menos hipóteses de interpretação sejam cabíveis), pois sempre podem admitir
exceções; ele propõe que não seria correto asseverar que as regras sempre se aplicam na
forma do tudo ou nada. Os conflitos entre regras sempre se resolvem negando a validez de
uma delas. Portanto, a partir desta ótica também se poderia aceitar que há uma dimensão de
peso nas regras, a partir dos critérios cronológicos, hierárquicos e de especificidade.
Aula – 24/08/23
Aula – 29/08/23
O ADCT é uma norma jurídica, logo tem força normativa, princípios e métodos de
interpretação constitucional incide nele, é dotado de supremacia constitucional como as
demais normas da Constituição. Plebiscito de 1993: ele possui validade, pois pertence ao
sistema, mas não é uma norma vigente e, portanto, não gera efeitos.
Aula – 05/09/23
Aula – 12/09/23
Carlo Santiago Nino diz que o controle de constitucionalidade deve ficar nas mãos
do poder legislativo; essa preferência pelo legislador advém de uma legitimação
democrática de maneira direta, pois a manifestação do Poder Judiciário seria como um tipo
de veto, a ser analisado pela casa legislativa.
Aula – 19/09/23
Modelos ideais de controle de constitucionalidade: (i) o modelo de controle político
é feito por órgão independente e distinto dos outros Poderes do Estado; e (ii) modelo
judiciário; e (iii) modelo híbrido).
Ainda, autores como Diego Werneck e Leandro Molhano dizem que outro problema
seria a “Ministrocracia”, consistindo na concentração de poder em um magistrado pelo
próprio fato dele ser Ministro do STF. Três fatores propiciam esse acúmulo de poder: as
decisões monocráticas que, em primeiro momento, atingem a aplicação de um dispositivo a
partir da visão de um único Ministro; a antecipação de voto ou opiniões para a empresa,
dando uma impressão de que o magistrado é uma “celebridade”; e o pedido de vistas,
fazendo com que o Ministro atrase o julgamento de algo que ele é contrário.
NORMA CONSTITUCIONAL
Teoria da Constituição
Teoria da Norma Constitucional
Luís Roberto Barroso enumera quatro singularidades das normas constitucionais:
superioridade hierárquica
natureza da linguagem
conteúdo específico
caráter político.
Funções da Constituição:
Ordenamento jurídico
Decisões políticas
Estrutura do governo
Princípio de legitimação
Conjunto de valores
Constitui uma comunidade.
O núcleo de uma Constituição é formado pela expressão dos valores fundantes da
ordem jurídica, como conteúdo central da decisão política fundamental. Esses
valores se juridicizam em princípios normativos, que estão para além do poder de
reforma da Constituição. (Eneida Desiree Salgado)
Tais princípios se revestem de força normativa e têm seu recorte fracamente
evidenciado por sua enunciação (sempre por termos imprecisos) e fortemente
estabelecido pelos demais princípios constitucionais estruturantes, que formam o
arcabouço do ordenamento. (Eneida Desiree Salgado)
Eduardo García de Enterría: princípios teriam posição hierarquicamente superior
orientariam a interpretação da Constituição e de todo o ordenamento.
Princípios estruturantes:
Configuram decisões políticas formadoras do núcleo estabilizado da Constituição,
que está fora do debate político democrático, para além do alcance da discussão política
ordinária. São “as traves-mestras jurídico-constitucionais do estatuto jurídico do
político” (Canotilho), formam o núcleo essencial da Constituição, garantem identidade
e estrutura.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
Até início do século XX: apenas como critério hermenêutico e colmatação das
lacunas: perspectiva em certa medida jusnaturalista (veja-se o texto da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro)
Após meados do século XX: passam a ser tratados como normas caracterizadas pela
maior abstração e fundamentalidade: perspectiva positivista – Geraldo Ataliba e
Celso Antonio Bandeira de Mello
No final do século XX e início do XXI: princípios são espécies de normas que se
diferenciam qualitativamente ou logicamente das regras: Ronald Dworkin e Robert
Alexy.
Não é uma distinção só de grau mais ou menos fundamental, mais ou menos
abstrato, mais ou menos genérico
Dworkin:
Alexy:
Adequação
Necessidade
Proporcionalidade em sentido estrito
Carrió – críticas:
nem todas as regras são específicas como afirma Dworkin (e Hart já teria afirmado
isso).
todas as regras, até as mais específicas, possuem uma textura aberta, pois sempre
podem admitir exceções;
propõe que não seria correto asseverar que as regras sempre se aplicam na forma do
tudo ou nada;
os conflitos entre regras nem sempre se resolvem negando a validez de uma delas.
Portanto, a partir desta ótica também se poderia aceitar que há uma dimensão de
peso nas regras.
Classificação:
Críticas:
Não admite a superioridade do problema sobre a norma, mas também não se prende
cegamente ao texto legal. A concretização não admite uma livre escolha de topoi, tomando
a Constituição escrita como fronteira para o intérprete.
- “Espírito” da Constituição.
SUPREMACIA CONSTITUCIONAL
Modelo de controle político: feito por órgão independente e distinto dos outros
Poderes do Estado
Modelo de controle judiciário: feito pelo Poder Judiciário
Modelo de controle misto: determinadas leis e atos normativos submetidos a
controle político, outras a controle judiciário
supremacia jurisdicional sobre os atos dos poderes constituídos (casos concretos em
julgamento)
Marbury vs Madison (1803) pelo juiz John Marshall (embora já presente na
doutrina de Alexander HAMILTON - o Federalista)
princípio do judicial review (o Judiciário pode rever e anular leis que são contrárias
à Constituição, reconhecendo assim a sua Supremacia sobre os Poderes do Estado
por meio da declaração de inconstitucionalidade)
Modelo austríaco:
o há um Tribunal Constitucional com exclusividade para o exercício do
controle judicial de constitucionalidade das leis e atos normativos,
o tem competência para a anulação da lei incompatível com as normas
constitucionais
o suas decisões têm efeitos ex nunc (ou seja, de legislador negativo)
Modelo francês:
o há um controle político preventivo pelo Conselho Constitucional
o é analisada a constitucionalidade de uma proposição ou de uma emenda
antes de sua promulgação
o (este é o modelo clássico, mas a França reconheceu expressamente o
controle de constitucionalidade a posteriori, incidental e concreto em 2010)
o Controle preventivo
Análise pelas comissões de constituição e justiça das casas legislativas
Análise pelo plenário das casas legislativas
Veto do chefe do Poder Executivo
Há, ainda, a possibilidade de que um parlamentar que se considere lesado pela
tramitação de um projeto de lei ou de emenda à Constituição francamente
inconstitucional impetre um mandado de segurança para paralisar o processo
legislativo.
Controle repressivo
Controle concentrado:
A decisão tem efeitos vinculantes.
Podem ser objeto de controle concentrado:
emendas à Constituição
resoluções administrativas dos TJs
resoluções administrativas dos Tribunais Regionais do
Trabalho (não as convenções coletivas de trabalho)
decretos normativos
resoluções do TSE com caráter normativo (não as respostas
às consultas)
medidas provisórias
tratados internacionais
Não é possível o controle concentrado das súmulas.
No controle concentrado de lei municipal ou estadual em face da Constituição
estadual: competência do Tribunal de Justiça.
O controle de lei municipal contrária à Constituição federal: ADPF
Se viola Constituição Estadual e Federal, preferência pela ADI junto ao TJ
- Legitimação ativa universal:
Presidente da República
Mesa do Senado Federal
Mesa da Câmara dos Deputados (mesa do Congresso não tem legitimidade)
Procurador-Geral da República
Conselho Federal da OAB
Partido político com representação no Congresso
Outros legitimados (que dependem de pertinência temática):
- Mesa da Assembléia Legislativa
- Governador do Estado
- Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional
Procedimento estabelecido na Lei 9.868/99 (pode ter amicus curiae)
Exclusão da norma, não podendo a substituir
Insuscetível de desistência (princípio da indisponibilidade do interesse público)
- Efeitos:
retroativos e erga omnes – via de regra
Modulação de efeitos: excepcionalmente, por razões de segurança jurídica ou de
excepcional interesse social, por decisão expressa de dois terços dos membros, o
STF poderá restringir os efeitos da declaração de inconstitucionalidade:
estabelecendo termo do trânsito em julgado ou de outro momento fixado entre a
edição da norma e a publicação oficial da decisão;
ou ainda, dando um prazo para que o Congresso regularize a situação legal,
declarando a inconstitucionalidade sem pronúncia da nulidade da lei.
Decisão é vinculante, bem como a ratio decidendi.
Vinculação atinge ainda a Administração Pública.
O legislador, no entanto, não está vinculado à decisão, como tampouco o está o STF.
“Inconstitucionalidade por arrastamento", entendimento jurisprudencial que faz
estender a declaração de inconstitucionalidade a normas que, embora não
constituam objeto da ação, retiram sua validade da lei declarada incompatível com a
Constituição.
ADI
Insuscetível de desistência (princípio da indisponibilidade do interesse público).
Alcança apenas a exclusão da norma, não podendo a substituir.
Possibilidade de cautelar (STF admite, excepcionalmente, efeitos ex tunc nas
cautelares), concedida pela maioria absoluta.
Oitiva do advogado-geral da União (que obrigatoriamente deverá defender a
constitucionalidade da lei) e do Procurador-Geral da República (ainda que autor da
ação).
ADI interventiva (art. 34 e 36, III, da Constituição)
Cabe quando o Estado-membro ofende um dos princípios constitucionais sensíveis,
acarretando intervenção federal.
Legitimação exclusiva do Procurador-Geral da República.
Dupla finalidade: jurídica (declaração de inconstitucionalidade formal ou material
da lei ou ato normativo estadual) e política (decretação de intervenção federal).
Se procedente, requisição do STF ao Presidente da República para que esse decrete
a intervenção federal.
Procedimento regulado pela Lei 12.063/2009, que alterou a Lei 9.868/99
Dar plena eficácia às normas constitucionais nos casos de
descumprimento do dever constitucional de legislar
não adoção de providência administrativa prevista na Constituição
Resultado: é a ciência ao Poder competente (sem prazo) ou ao órgão administrativo
(30 dias) para suprir a omissão
o caráter mandamental da decisão não vale para Chefe do Executivo quando a
competência não se inclui entre suas atribuições de natureza administrativa.
A omissão pode ser total ou parcial (cumprimento insatisfatório ou imperfeito do
dever de legislar).
Introduzida pela EC 3/93
No STF só o Min. Marco Aurélio votou pela inconstitucionalidade (ADCon 1-1).
Finalidade: afastar a insegurança jurídica ou estado de incerteza sobre a validade de
lei ou ato normativo federal
Transforma a presunção relativa de constitucionalidade das leis e atos normativos
em presunção absoluta
Tem efeito vinculante
Insuscetível de desistência. Pode amicus curiae.
Há possibilidade de concessão de cautelar para suspensão dos julgamentos que
envolvam a aplicação da lei até julgamento definitivo – julgamento final em até 180
dias ou perda da eficácia da cautelar.
Efeitos da decisão: erga omnes, ex tunc e vinculante.
Três hipóteses:
o evitar lesão a preceito fundamental resultante de ato do Poder Público;
o reparar lesão a preceito fundamental resultante de ato do Poder Público;
o resolver fundamento relevante de controvérsia constitucional sobre lei ou ato
normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à
Constituição.
- Tem caráter subsidiário (vedada quando cabível outra ação)