Aula1 Histologia Ovários
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Aula1 Histologia Ovários
> Os ovários têm a sua superfície coberta por um epitélio pavimentoso ou cúbico simples, o
epitélio germinativo. Sob o epitélio germinativo há uma camada de tecido conjuntivo denso,
a túnica albugínea, que é responsável pela cor esbranquiçada do ovário. Abaixo da túnica
albugínea, há uma região denominada cortical, na qual predominam os folículos ovarianos.
> Folículo é o conjunto do ovócito e das células que o envolvem. Os folículos se localizam
no tecido conjuntivo (estroma) da região cortical, o qual contém fibroblastos dispostos em
um arranjo muito característico, formando redemoinhos. Esses fibroblastos respondem a
estímulos hormonais de um modo diferente dos fibroblastos de outras regiões do
organismo.
> A parte mais interna do ovário é a região medular, que contém tecido conjuntivo frouxo
com um rico leito vascular. O limite entre a região cortical e a medular não é muito distinto.
Folículos pré-ovulatórios
> Normalmente, durante cada ciclo menstrual, um folículo antral cresce muito mais que os
outros e se torna o folículo dominante, que pode alcançar o estágio mais desenvolvido de
crescimento e prosseguir até a ovulação. Quando chega ao seu máximo desenvolvimento,
esse folículo é chamado de folículo maduro, pré-ovulatório ou de Graaf. Os outros folículos,
pertencentes ao grupo que estava crescendo com certa sincronia, entram em atresia.
> O folículo maduro é tão grande que provoca saliência na superfície do ovário e pode ser
detectado por ultrassom. Como resultado do acúmulo de líquido, a cavidade folicular
aumenta de tamanho, e a camada de células da granulosa da parede do folículo torna-se
mais delgada, pois essas células não se multiplicam na mesma proporção que o
crescimento do folículo. Esses folículos têm suas tecas muito espessas. O processo total de
crescimento do folículo na mulher, desde primordial até maduro, dura aproximadamente 90
dias.
Atresia folicular
> A maioria dos folículos ovarianos sofre um processo de involução denominado atresia, por
meio do qual as células foliculares e os ovócitos morrem e são eliminados por células
fagocíticas. Folículos em qualquer fase de desenvolvimento (primordial, primário, pré-antral
e antral) podem sofrer atresia.
> Este processo é reconhecido por algumas das seguintes características, ou por todas
elas, dependendo do estágio de atresia:
1. Sinais de morte celular de células da granulosa (principalmente o aparecimento de
núcleos picnóticos, hipercorados e sem visualização de seus detalhes);
2. Separação de células da camada granulosa, de modo que elas ficam soltas no
líquido folicular;
3. Morte do ovócito, vista pela alteração do núcleo e do citoplasma;
4. Pregueamento da zona pelúcida.
> Após a morte das células, macrófagos invadem o folículo e fagocitam os seus restos. Em
um estágio posterior, fibroblastos ocupam a área do folículo e produzem uma cicatriz de
colágeno que pode persistir por muito tempo.
> Embora a atresia folicular aconteça desde antes do nascimento até alguns anos depois da
menopausa, há momentos em que é particularmente intensa. Ela é grandemente acentuada
logo após o nascimento, quando o efeito de hormônios maternos cessa, e durante a
puberdade e a gravidez, quando acontecem marcadas modificações hormonais qualitativas
e quantitativas.
Ovulação
> A ovulação consiste na ruptura de parte da parede do folículo maduro e a consequente
liberação do ovócito, que será capturado pela extremidade dilatada da tuba uterina.
Acontece frequentemente na época próxima à metade do ciclo menstrual, isto é, ao redor
do décimo quarto dia de um ciclo de 28 dias. Na mulher, geralmente só um ovócito é
liberado pelos ovários durante cada ciclo, mas, às vezes, nenhum ovócito é ovulado (ciclos
anovulatórios).
> O estímulo para a ovulação é um pico de secreção de hormônio luteinizante (LH), liberado
pela hipófise em resposta aos altos níveis de estrógeno circulante produzido pelos folículos
em crescimento. Poucos minutos após o aumento de LH circulante, há um aumento do fluxo
de sangue no ovário, e proteínas do plasma escoam por capilares e vênulas pós-capilares,
resultando em edema. Há liberação local de prostaglandinas, histamina, vasopressina e
colagenase. As células da granulosa produzem mais ácido hialurônico e se soltam de sua
camada. Uma pequena área da parede do folículo enfraquece por causa da degradação de
colágeno da túnica albugínea, em função de isquemia e morte de algumas células. Essa
fraqueza localizada e, possivelmente, a contração de células musculares lisas que
circundam o folículo conduzem à ruptura de parte da parede exterior do folículo e à
ovulação. Devido à ruptura da parede folicular, o ovócito e o primeiro corpúsculo polar,
envoltos pela zona pelúcida, pela corona radiata e juntamente com um pouco de fluido
folicular, deixam o ovário e entram na extremidade aberta da tuba uterina, onde o ovócito
pode ser fertilizado. Se isso não acontece nas primeiras 24 horas após a ovulação, ele
degenera e é fagocitado.
> A primeira divisão meiótica é completada um pouco antes da ovulação (até este momento
o ovócito estava desde a vida fetal na prófase I da meiose). Os cromossomos são divididos
igualmente entre as células-filhas, mas um dos ovócitos secundários retém quase todo o
citoplasma. O outro se torna o primeiro corpúsculo polar, uma célula muito pequena que
contém um pequeno núcleo e uma quantidade mínima de citoplasma. Imediatamente após
a expulsão do primeiro corpo polar, o núcleo do ovócito inicia a segunda divisão da meiose,
que estaciona em metáfase até que haja fertilização.
Corpo lúteo
> Após a ovulação, as células da granulosa e as da teca interna do folículo que ovulou se
reorganizam e formam uma glândula endócrina temporária, chamada de corpo lúteo.
> A perda do fluido folicular após a ovulação resulta em colapso da parede do folículo, que
se torna pregueada. Devido à ruptura da parede do folículo, um pouco de sangue pode fluir
para a cavidade do antro folicular, onde coagula e é depois invadido por tecido conjuntivo.
Esse tecido conjuntivo constitui a parte mais central do corpo lúteo, acompanhado de restos
de coágulos de sangue que são gradualmente removidos. Embora as células da granulosa
não se dividam depois da ovulação, elas aumentam muito de tamanho. Elas passam a ser
chamadas de células granulosoluteínicas, com características de células secretoras de
esteroides. Isso contrasta com a sua estrutura no folículo pré-ovulatório, no qual tinham
aspecto de células secretoras de proteínas.
> Embora em menor número, as células da teca interna também contribuem para a
formação do corpo lúteo, originando as células teco-luteínicas, as quais são semelhantes às
granuloso-luteínicas, porém menores. Elas tendem a se acumular nas pregas da parede do
corpo lúteo. Os vasos sanguíneos e linfáticos, que eram restritos à teca interna, agora
crescem, dirigem-se para o interior do corpo lúteo e formam uma abundante rede vascular.
A reorganização do folículo ovulado e o desenvolvimento do corpo lúteo resultam de
estímulo pelo LH liberado antes da ovulação. Ainda sob efeito do LH, as células modificam
seus componentes enzimáticos e começam a secretar progesterona e estrógenos.
> O destino do corpo lúteo depende de como ele é estimulado após a sua formação. Pelo
estímulo inicial de LH (que ocasionou a ovulação), o corpo lúteo é programado para
secretar durante 10 a 12 dias. Se não houver nenhum estímulo adicional, suas células
degeneram por apoptose. Isso é o que acontece quando uma gravidez não se estabelece.
Uma das consequências da secreção decrescente de progesterona (por falta de estímulo de
LH) é a menstruação, que é a descamação de parte da mucosa uterina.
> O corpo lúteo que dura só parte de um ciclo menstrual é chamado de corpo lúteo de
menstruação. Seus restos são fagocitados por macrófagos. Fibroblastos adjacentes
invadem a área e produzem uma cicatriz de tecido conjuntivo denso denominada corpo
albicans (“corpo branco”, devido a sua grande quantidade de colágeno).
> Se houver uma gravidez, a mucosa uterina não poderá descamar. Um sinal para o corpo
lúteo é dado pelo embrião implantado, cujas células trofoblásticas sintetizam um hormônio
chamado de gonadotrofina coriônica humana (HCG). A ação da HCG é semelhante à do
LH, estimulando o corpo lúteo. Assim, a HCG resgata o corpo lúteo da degeneração, causa
crescimento adicional dessa glândula endócrina e estimula a secreção de progesterona pelo
corpo lúteo durante pelo menos metade da gravidez. A progesterona, além de manter a
mucosa do útero, também estimula a secreção das glândulas uterinas, o que provavelmente
é importante para a nutrição do embrião antes de a placenta se tornar funcional. Esse é o
corpo lúteo de gravidez, que persiste durante 4 a 5 meses e, em seguida, degenera e é
substituído por um corpo albicans, que é muito maior que o de menstruação.