O documento resume os principais tópicos do direito processual civil brasileiro. Aborda conceitos como jurisdição, ação, defesa e processo. Também discute a relação entre direito material e processual e as três fases metodológicas da ciência processual civil: sincretismo, autonomista e teleológica. Por fim, explica os escopos sociais, políticos e jurídicos do processo.
O documento resume os principais tópicos do direito processual civil brasileiro. Aborda conceitos como jurisdição, ação, defesa e processo. Também discute a relação entre direito material e processual e as três fases metodológicas da ciência processual civil: sincretismo, autonomista e teleológica. Por fim, explica os escopos sociais, políticos e jurídicos do processo.
O documento resume os principais tópicos do direito processual civil brasileiro. Aborda conceitos como jurisdição, ação, defesa e processo. Também discute a relação entre direito material e processual e as três fases metodológicas da ciência processual civil: sincretismo, autonomista e teleológica. Por fim, explica os escopos sociais, políticos e jurídicos do processo.
O documento resume os principais tópicos do direito processual civil brasileiro. Aborda conceitos como jurisdição, ação, defesa e processo. Também discute a relação entre direito material e processual e as três fases metodológicas da ciência processual civil: sincretismo, autonomista e teleológica. Por fim, explica os escopos sociais, políticos e jurídicos do processo.
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Noções Preliminares.
Conflitos nas leis no tempo. Sociedade e
tutela jurídica. Jurisdição. Norma processual: objeto, natureza, fontes, eficácia no espaço, no tempo e interpretação. Poder judiciário: funções, estruturas e órgãos. O advogado. Da ação. Do processo civil.
Prof. André Kersul
Prof. André Kersul Chama-se direito material, ou substancial, o corpo de princípios e regras referentes a fenômenos da vida ordinária de todo dia, como a união de duas pessoas para a vida em comum e constituição de família, como o crédito, os atos ilícitos causadores de dano a outrem, as prestações de serviços, os cheques, as sociedades em geral, a relação do homem com o meio ambiente, as relações econômicas de consumo etc.
O direito processual entra em cena quando algum sujeito,
lamentando ao juiz um estado de coisas que lhe desagrada e pedindo -lhe uma solução mediante invocação do direito material, provoca a instauração do processo.
O processo é uma técnica para a solução imperativa de conflitos,
criada a partir da experiência dos que operam nos juízos e tribunais.
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Seus institutos são modelados segundo conveniências do exercício de funções e atividades muito específicas e reservadas a profissionais especializados - e que são a jurisdição, exercida pelos juízes, a ação e a defesa, praticadas pelas pessoas em conflito através de seus advogados bem como pelo Ministério Público nos casos em que a lei lhe dá legitimidade para atuar.
O ordenamento jurídico divide-se portanto em
dois planos distintos, interagentes mas autônomos e cada qual com sua função específica.
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Às normas substanciais compete definir modelos de fatos capazes de criar direitos, obrigações ou situações jurídicas novas na vida comum de pessoas, além de estabelecer as consequências específicas da ocorrência desses fatos. As normas processuais ditam critérios para a revelação da norma substancial concreta emergente deles, com vista à efetivação prática das soluções ditadas pelo direito material
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Há certos institutos processuais que guardam uma proximidade muito significativa com a situação de direito substancial em relação à qual o processo atuou ou deve atuar. Esses institutos - ação, competência, fontes e ônus da prova, coisa julgada e responsabilidade patrimonial - são responsáveis por situações que se configuram fora do processo e dizem respeito diretamente à vida das pessoas em sociedade, em suas relações com as outras ou com os bens que lhes são úteis ou desejados; e só em um segundo momento eles são objeto das técnicas do processo, a saber, quando um processo se instaura e então se pensa nas atividades a serem desenvolvidas para a sua atuação. Essas verdadeiras pontes de passagem entre o direito e o processo compõem o que se denomina de direito processual material.
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Tudo que se diz a respeito do processo comporta distinções e especificações conforme a análise se dirija ao processo civil, trabalhista, eleitoral, administrativo, penal, legislativo ou mesmo não estatal. Apesar dessas distinções, há pontos em comum que permitem integrar todos eles em um só quadro e inseri-los em um único universo do direito.
Como resultado tem-se a formação da teoria geral do processo,
definida como um sistema de conceitos e princípios elevados ao grau máximo de generalização útil e condensados indutivamente a partir do confronto dos diversos ramos do direito processual.
A teoria geral do processo permite identificar a essência
dogmática do direito processual, em seus quatro institutos fundamentais a jurisdição, ação, defesa e processo)
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Ela é responsável pelo estabelecimento do conceito de cada um e, acima disso, determina as funções que desempenham no sistema; o direito processual como um todo e cada um de seus ramos em particular compõem-se em torno da estrutura representada pelo poder a ser exercido, pelas posições das pessoas interessadas e pelas formas como esses complexos de situações jurídicas subjetivas se exteriorizam em atos coordenados aos objetivos preestabelecidos, sempre relacionados com a oferta de uma tutela jurisdicional àquele que tiver razão.
Além disso, a teoria geral do processo também identifica e
define os grandes princípios e garantias que coordenam e tutelam as posições dos sujeitos do processo e o modo de ser dos atos que legitimamente realizam ou podem realizar. Por fim, ela reúne e harmoniza os institutos, os princípios e as garantias, compondo assim o sistema processual.
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o direito processual civil é responsável pelo exercício da jurisdição, ação e defesa com referência a pretensões fundadas em normas de direito privado (civil, comercial) e também público (administrativo, tributário, constitucional). Excluem-se do âmbito do processo civil as causas de natureza penal e, em alguma medida, os processos que tramitam perante a Justiça do Trabalho ou a Justiça Eleitoral, pois disciplinados por normas próprias e sujeitos à lei processual civil apenas supletiva e subsidiariamente (CPC, art. 15). Nesse contexto costuma ser dito também que o direito processual civil é o ramo do direito processual destinado a dirimir conflitos em matéria não penal. Chega-se a essa delimitação por exclusão, à falta de algum outro critério mais direto para definir os limites do direito processual civil.
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As três fases metodológicas da ciência processual civil o processo civil moderno é o resultado de uma evolução desenvolvida a partir de um longo período no qual o sistema processual era encarado como mero capítulo do direito privado, sem autonomia; passou por uma fase de descoberta de conceitos e construção de estruturas bem ordenadas, mas ainda sem a consciência de um comprometimento com a necessidade de direcionar o processo a resultados substancialmente justos; e só em tempos muito recentes, a partir de meados do século XX, começou a prevalecer a perspectiva teleológica do processo, superado o tecnicismo reinante por um século.
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Falamos por isso em três fases metodológicas na história da ciência processual civil: uma de sincretismo, vigente desde as origens; uma autonomista ou conceitual, que se implantou em meados do século XIX; e, finalmente, uma teleológica ou instrumentalista, que é a atual.
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Os escopos do processo são de natureza social, política e jurídica. O primeiro escopo social, que é o principal entre todos eles, é a pacificação de pessoas mediante a eliminação de conflitos com justiça. É essa em última análise a razão mais profunda pela qual o processo existe e se legitima na sociedade.
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Outro escopo social é O de educação das pessoas para o respeito a direitos alheios e para o exercício dos seus - o que, em última análise, é o que hoje se costuma indicar como exercício da cidadania.
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Entre os escopos políticos do processo está o de dar amparo à estabilidade das instituições políticas. Generalizar o respeito à lei mediante a atuação do processo tem por decorrência o fortalecimento da autoridade do Estado, na mesma medida em que este se enfraquece quando se generaliza a transgressão à lei. Outro escopo político é o de exercício da cidadania. Sendo a participação política um dos esteios do Estado democrático, as nações modernas têm consciência da importância de realçar os valores da cidadania, premissa essa que repercute no sistema processual mediante a implantação e estímulo a certos remédios destinados à participação política, como é o caso da ação popular
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Tem-se ainda como escopo político a preservação do valor liberdade. O processo é um meio de culto às liberdades públicas mediante defesa dos indivíduos e das entidades em que se agrupam contra os desmandos do Estado. Entre os modos disponíveis para a reação aos abusos de poder pelos agentes estatais e preservação dessas liberdades está a prestação da tutela jurisdicional mediante instrumentos como o habeas corpus, o mandado de segurança individual ou coletivo, o habeas data etc. (Const., art. 5º, incs. LXVIII, LXIX, LXX, e art. 105, inc. I, letra b - infra, nn. 91, 172 e 173).
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Finalmente, o escopo jurídico do processo é a atuação da vontade concreta do direito. A definição desse escopo decorre de uma tomada de posição pela teoria dualista do direito, que se contrapõe à unitária. O ordenamento jurídico seria unitário se processo e direito material se fundissem em uma unidade só e a criação de direitos subjetivos, obrigações e concretas relações jurídicas entre sujeitos fosse obra da decisão judicial e não da mera ocorrência de fatos previstos em normas gerais.
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A corrente dualista, bem ao contrário da unitária, afirma que a ordem jurídica se divide em dois planos muito bem definidos, o substancial e o processual, cada qual com funções distintas. O direito material é composto por normas gerais e abstratas, cada uma delas consistente em uma tipificação de fatos previstos pelo legislador e fixação da consequência jurídica desses fatos (sanctio juris): sempre que ocorre na vida concreta algum fato que se enquadre no modelo definido naquela previsão legal, automaticamente se desencadeia a consequência estabelecida no segundo momento da norma abstrata. Direitos subjetivos, obrigações e relações jurídicas constituem criação imediata da concreta ocorrência dos fatos previstos nas normas.
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O juiz não os cria nem concorre para a sua criação: limita-se a revelar a norma concretamente destinada a reger os casos em julgamento, sem criá-Ia, porque ela já preexistia. Os direitos e obrigações existem antes do processo e em sua imensa maioria se extinguem pela satisfação voluntária, sem qualquer recurso a este ou aos juízes. É da experiência comum a constituição e a extinção de direitos em número indefinido de casos e correspondendo à normalidade da vida do direito, sem qualquer intervenção jurisdicional.
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O que a decisão judicial efetivamente acrescenta à situação jurídico-material existente entre as partes é a segurança jurídica, a qual não é algo de novo do ponto de vista substancial. Ela constitui fator social de eliminação de insatisfações mas não traz alteração da situação de direito material, a qual lhe preexistia e agora veio a adquirir uma clareza e uma estabilidade antes inexistentes.
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Assume particular relevância nesse contexto a ideia de processo civil de resultados, de íntima aderência à missão social do processo e à teoria geral do processo civil. Consiste esse postulado na consciência de que o valor de todo o sistema processual reside na capacidade, que tenha, de propiciar ao sujeito que tiver razão uma situação melhor do que aquela em que se encontrava antes do processo.
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Não basta o belo enunciado de uma sentença bem estruturada e portadora de afirmações inteiramente favoráveis ao sujeito quando o que ela dispõe não se projetar utilmente na vida deste, eliminando a insatisfação que o levou a litigar ou a resistir a uma pretensão de outro sujeito e propiciando-lhe sensações felizes pela obtenção da coisa ou da situação postulada. Na medida do que for praticamente possível, o processo deve propiciar a quem tem um direito tudo aquilo e precisamente aquilo que ele tem o direito de obter, sob pena de carecer de utilidade e, portanto, de legitimidade social.
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Conflitos nas leis no tempo. Sociedade e tutela jurídica
Substituição Processual Conglobante: novas observações sobre a substituição processual nos processos coletivos e a necessidade de controle judicial da legitimação adequada e da adequada representação