Organização Do Quadro Social de Cooperativas - SESCOOP
Organização Do Quadro Social de Cooperativas - SESCOOP
Organização Do Quadro Social de Cooperativas - SESCOOP
Participante:
SUMÁRIO
Pág.
I- APRESENTAÇÃO .................................................................................. 3
II - INTRODUÇÃO ....................................................................................... 5
III - NECESSIDADE DE ORGANIZAÇÃO DO QUADRO SOCIAL .............. 6
IV - RELAÇÃO DA COOPERATIVA COM SEUS ASSOCIADOS ................ 8
V- EDUCAÇÃO COOPERATIVISTA E PARTICIPAÇÃO CONSCIENTE .. 12
VI - DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO DO
QUADRO SOCIAL NAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS...............................15
VII - CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO DO QUADRO SOCIAL ..................... 16
VIII- O QUE JUSTIFICA A ORGANIZAÇÃO DO QUADRO SOCIAL ............ 17
IX - OBJETIVOS DA ORGANIZAÇÃO DO QUADRO SOCIAL .................... 19
X- ESTRUTURA, COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO DO TRABALHO
EDUCATIVO ATRAVÉS DA ORGANIZAÇÃO DO QUADRO SOCIAL . 21
Núcleos de Desenvolvimento Cooperativista ................................... 21
Núcleo Central de Desenvolvimento Cooperativista ........................ 23
Fluxograma de Funcionamento ........................................................ 23
XI - PASSOS PARA IMPLANTAÇÃO DO TRABALHO DE
ORGANIZAÇÃO DO QUADRO SOCIAL ............................................... 24
XII - DESTAQUE DE ALGUNS MOMENTOS DO TRABALHO DE ORGANIZAÇÃO
DO QUADRO SOCIAL ............................................... 27
XIII- PRINCIPAIS ENTRAVES AO DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
DE ORGANIZAÇÃO DO QUADRO SOCIAL DE COOPERATIVAS.................28
XIV - O TÉCNICO COMO AGENTE DO PROCESSO EDUCATIVO ............. 30
Perfil e Funções do Técnico (ADC) como Educador ......................... 31
XVI - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 32
XVII - CONCLUSÃO ........................................................................................ 33
XVIII - BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 34
I - APRESENTAÇÃO
O cooperativismo brasileiro tem passado por diversas provas de sobrevivência. No início, as
cooperativas estiveram voltadas para um trabalho mais social, muitas vezes de forma
paternalista e assistencialista. Depois, passaram a atuar de forma mais empresarial, mas, com
isso, acabaram se distanciando de seus associados, limitando-se apenas e muitas vezes a
realização de assembléias gerais ordinárias, uma vez ao ano, como forma de estabelecer um
encontro com seus associados.
Não é possível ver uma cooperativa funcionar sem a ampla participação de seus associados e
nem sem a perfeita identificação com os seus negócios. E isto só é possível com um eficiente
e eficaz sistema de comunicação, informação e educação cooperativista e técnica, através do
quadro social organizado.
Analisando por esse ângulo, não nos resta alternativa, se não investir na educação e
profissionalização dos associados, para que tenhamos associados, cooperativas e
cooperativismo fortes e representativos. Este trabalho passa, necessariamente, pela
organização do quadro social, quando se procura criar um espaço de participação e integração
das necessidades dos associados com os objetivos e atividades da cooperativa, fortalecendo o
elo entre ela e seus associados e vice-versa, levando a um maior comprometimento e
profissionalismo de ambas as partes.
O que se pretende com este material é fornecer aos participantes do FORMACOOP- GO, um
material teórico e informativo sobre “Educação Cooperativista e Organização do Quadro
Social”, servindo para reflexão e ação, através de informações técnicas e metodológicas para
a implantação e o fortalecimento do trabalho educativo em suas cooperativas.
II - INTRODUÇÃO
A instabilidade sócio-econômica vivenciada por todos nós brasileiros é uma realidade.
Periodicamente o governo dita novos pacotes e cria novos encargos e impostos, interferindo
na economia e criando sérios transtornos para toda a sociedade. Torna-se, portanto, muito
arriscado para um dirigente assumir sozinho, ou somente com a diretoria, todos os riscos da
administração de qualquer empresa, pois o que é certo hoje, no dia de amanhã pode não o ser.
Se isso vale para qualquer tipo de empresa, muito mais vale para a cooperativa. A cooperativa
é essencialmente um empreendimento prestador de serviços e só pode ser eficiente e eficaz,
enquanto prestar os serviços que estão sendo requisitados pelo seu quadro social, pois os
usuários e clientes da cooperativa são os próprios associados. Entretanto, é praticamente
impossível consultar os associados individualmente e, se fosse possível, não levaria a nada,
pois não são os interesses individualizados que viabilizam a administração de uma
cooperativa.
Os interesses de um associado podem ser iguais, semelhantes ou até contrários aos interesses
de outros associados. Por isso esses interesses precisam ser expostos em pequenos grupos,
denominados “núcleos”, “comitês”, etc., para serem analisados, discutidos e confrontados
com os interesses dos demais associados e da cooperativa, até se chegar a um denominador
comum.
O primeiro passo, neste sentido, já foi iniciado em diversas cooperativas brasileiras e deve
estender-se a todas. É a capacitação cooperativista, fortalecida pelas ações do SESCOOP -
Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo.
A capacitação dos associados requer condições para sua organização em grupos, nos quais
possam manifestar espontaneamente seus anseios, escolher livremente seus representantes e
participar conscientemente de todo o processo de desenvolvimento dos negócios dos
associados e, por extensão, da cooperativa.
Enfim, a capacitação deve abranger todo o sistema cooperativista, tendo sempre como base o
quadro social organizado adequadamente para decidir de forma democrática os rumos da sua
cooperativa e do sistema como um todo.
Na cooperativa cada pessoa, por mais rica, poderosa ou sábia que seja, tem apenas um voto.
Por isso é imprescindível desenvolver um processo permanente de capacitação cooperativista
e empreendedora, para que todos os associados possam votar conscientemente nas grandes
decisões da entidade.
Por outro lado, a administração de uma cooperativa também tem suas peculiaridades. Além de
seguir todas as regras da administração, como em qualquer outra empresa, ela precisa:
Criar a transparência entre o empreendimento econômico coletivo e o quadro social, pois é
condição necessária para que haja plena confiança, ajuda mútua, participação e
comprometimento;
Tudo o que foi mencionado, ainda está longe da realidade, pois o cooperativismo brasileiro
atua num contexto adverso, onde impera outra escala de valores.
Só o fato de uma pessoa associar-se a uma cooperativa, não lhe confere conhecimento
sobre cooperativismo. Esses conhecimentos ela adquire em reuniões, encontros,
seminários, diálogos, cursos, bem como mediante participação efetiva nas atividades da
cooperativa. Assim, pela vivência, a pessoa vai descobrindo os valores da cooperação: a
liberdade, a igualdade, a participação, a democracia, a solidariedade, a justiça social, a
cidadania.
Em segundo lugar, as cooperativas são empreendimentos onde o dono (sócio) não deve ter um
comportamento capitalista puro, visando tão somente a remuneração de seu investimento
(quotas partes do capital). Na qualidade de dono e usuário, ele demanda da cooperativa um
processo econômico mais complexo.
É essa falta de conhecimento das peculiaridades de uma cooperativa que têm se tornado um
grande entrave para a conscientização de seus associados. Estes, sujeitos à influência da
economia e do mercado, tendem a avaliar o desempenho da cooperativa à luz de parâmetros
equivocados.
Poucos
As bases das se dão do
contradições conta de que a eficiência
comportamento da cooperativa
organizacional das cooperativas provêem
está diretamente ligada ao sucesso individual
sempre das relações entre a doutrina e a prática cooperativa. dos
De acordo com esta doutrina, as cooperativas estabelecem uma série de regras de organização
social e de conduta para seus membros associados. Alguns desses preceitos doutrinários,
principalmente os de natureza econômica, enfrentam uma realidade adversa, que culminam
em equívocos muitas vezes fatais para as cooperativas.
A doutrina cooperativista prevê o retorno dos resultados econômicos (sobras) aos associados
ou ao desenvolvimento dos serviços comuns.
Na interpretação deste princípio reside uma eterna discussão teórica x prática que se reflete
na primeira grande contradição do empreendimento cooperativo: distribuir resultados aos
associados x acumular para o crescimento da cooperativa.
Em situações normais as cooperativas deveriam sempre apresentar sobras zeradas, pois sua
obtenção implica de uma ou outra forma, que elas saíram das suas relações com os
associados.
Em que pese a verdade crítica de que muitas cooperativas trilharam e ainda trilham este
caminho, pesa também a verdade histórica de que muito pouco ou quase nada é feito para a
formação da consciência cooperativista, econômica e empreendedora dos
associados em relação ao mundo em que vivemos e das determinações do mercado em que
participamos.
A partir desta necessidade forma-se nas cooperativas uma situação muito complexa sob o
ponto de vista organizacional, pois os técnicos contratados passam a deter parte do poder
decisório (conhecimento) e ainda passam a determinar novas regras de comportamento
organizacional.
A busca da eficiência empresarial passa então a sofrer pressões mais fortes do ambiente
externo (mercado) pela sua dinâmica competitiva e velocidade de transformações
tecnológicas e gerenciais que promovem a implementação de ações estratégicas para o
empreendimento cooperativo.
Este equilíbrio só será obtido a partir de uma compreensão mútua e da integração entre o
O equilíbrio
corpo entre
administrativo e o distribuição e acumulação
quadro social, além de sobras,
da busca de harmonia entre
entre os estrutura
diversos tipos de
voltada para o mercado ou para o quadro social e entre
interesses individuais ou de grupo que permeiam as cooperativas. decisões gerenciais e
profissionais ou democráticas e participativas é, em suma, o conceito de
eficiência básico que deve nortear uma cooperativa.
V - EDUCAÇÃO COOPERATIVISTA E PARTICIPAÇÃO CONSCIENTE
A participação é o objetivo e o meio para se constituir e manter uma cooperativa. Objetivo,
porque é justamente com a finalidade de participar da riqueza e benefícios gerados pelo seu
trabalho que as pessoas se unem nessa forma de sociedade.
Educação Cooperativista
É um dos princípios do cooperativismo. O principal instrumento de que o
cooperativismo deve se utilizar para promover e seu desenvolvimento. Na medida
em que associados, dirigentes e todos os envolvidos passam a compreender o que
é e o que pode o cooperativismo e sua cooperativa, vivenciam com mais
autenticidade o seu papel e cumprem com mais eficiência suas responsabilidades.
Em suma, tornam-se elementos verdadeiramente PARTICIPATIVOS na vida de suas
cooperativas e, consequentemente, COMPROMETIDOS com sua gestão.
Participação
Participar exige de cada um, CONHECER e IDENTIFICAR-SE com a dinâmica de
sua comunidade (núcleo) e sua cooperativa. Mas, NINGUÉM PARTICIPA DAQUILO
QUE NÃO CONHECE. Entretanto, só participamos QUANDO NOS É DADA A
OPORTUNIDADE DE PARTICIPAR.
Portanto, a participação não pode ser imposta. Deve resultar de um movimento
espontâneo de adesão, que nasce de dentro do indivíduo e que se expressa em
atitudes solidárias que o levam a compartilhar direitos e deveres com os demais
associados.
Se em outras entidades a participação nas decisões e nos resultados é mais ou
menos permitida, conforme a conveniência da própria entidade ou de seus
dirigentes, nas cooperativas a participação é exigida pelo próprio modelo, pois nela
os associados são donos e usuários. Sem essa participação efetiva dos associados,
não existe cooperativa legítima. Quanto mais consciente e responsável a
participação, tanto mais eficiente e democrática será a cooperativa.
Gestão Democrática
A estruturação de um trabalho permanente de organização do quadro social é, na
prática, a democratização da administração da cooperativa. Se concordarmos que
as cooperativas são entidades de responsabilidade coletiva, exigimos, então,
PARTICIPAÇÃO EFETIVA no processo decisório e em sua gestão.
A partir dessa experiência, foi iniciado um trabalho em União da Vitória-PR, no ano de 1960,
identificando e renovando lideranças rurais nas comunidades para procurar soluções para
problemas por eles apontados. Isso resultou, em 1962, na criação do primeiro Comitê
Municipal de Extensão Rural do Paraná.
Em 1968, quando a diretoria da Cooperativa Mista Bom Jesus Ltda. tomou posse, encontrava-
se a entidade em situação extremamente difícil, representada pela falta de integralização do
capital, por parte dos associados, não movimentação com a cooperativa, perdas apresentadas
no último exercício, descontentamento dos associados e outros problemas. Foi então
necessária, além de uma boa administração, a colaboração e compreensão efetiva dos
associados para reerguer a cooperativa. Para isso, havia necessidades de levar ao
conhecimento dos associados o que vinha acontecendo, o porquê e a forma de solucionar os
problemas para evitar que a cooperativa fracassasse.
Entretanto, não surtiu o resultado esperando pela OCB, ficando à critério das próprias
cooperativas querer ou não organizar o seu quadro social.
Por conseqüência dessa definição, temos que o principal objetivo de organizar o quadro social
é o de possibilitar a participação deste, na dinâmica da cooperativa, levando-o a vivenciar o
princípio cooperativista da gestão democrática. É, portanto, um trabalho de caráter educativo.
O Núcleo Central de Desenvolvimento Cooperativista se constituiu, portanto, em um órgão
auxiliar consultivo da administração, mas sem poder de decisão.
Porém, o que se constata é que ainda existe muita resistência de alguns dirigentes que, por um
motivo ou por outro, negam-se a promover este trabalho temendo ver, quem sabe, o seu
“poder” questionado, ou a sua administração avaliada e criticada.
Assim, entre as mais de 4.000 propostas apresentadas, a grande maioria dizia respeito a uma
maior participação dos associados em suas cooperativas e do fim da interferência estatal no
setor.
Essa “organização do quadro social” é, sem dúvida, a fonte geradora de solução para
todos os problemas de autogestão do sistema cooperativista, em busca dos seus objetivos.
O objetivo do quadro social organizado é integrar todas as forças produtivas (órgãos internos,
dirigentes, colaboradores, técnicos, lideranças, comunidades, cooperativas), visando a
viabilização do cooperativismo como instrumento para o fortalecimento econômico e o
desenvolvimento social dos associados e das cooperativas.
Com o quadro social devidamente organizado, os dirigentes devem discutir: O QUE FAZER.
Com a equipe técnica e assessoria, os dirigentes devem discutir: O COMO FAZER.
Com o Conselho de Administração ou Diretoria, os dirigentes devem discutir: O QUANDO
FAZER.
Preparar Lideranças
É uma das funções de destaque do trabalho de organização do quadro social. Hoje temos
exemplos claros da contribuição desse trabalho, que forma associados capazes de assumirem
cargos eletivos na cooperativa, principalmente no Conselho de Administração/Diretoria e no
Conselho Fiscal, já que através das reuniões comunitárias e do exercício da
representatividade, o associado torna-se mais apto e consciente para as eleições na
cooperativa, através das Assembléias Gerais. Também encontramos lideranças comunitárias
despertadas pelo trabalho de organização do quadro social nas cooperativas, assumindo
cargos públicos ou cargos em outras entidades representativas, em diversas localidades.
Promover o Cooperativismo
É através desse trabalho, principalmente, que o associado fica conhecendo a história,
princípios, filosofia e legislação cooperativista, bem como é esclarecido quanto aos seus
direitos, deveres e responsabilidades perante a cooperativa.
A organização do quadro social também motiva a participação e a integração das famílias dos
associados nas cooperativas.
Valorizar a Cooperação
Através da organização do quadro social os associados são conscientizados sobre a
importância de se unirem para solucionarem seus problemas e aumentarem seu poder de
negociação. Além disso, o associado recebe todas as informações referentes aos serviços
prestados pela cooperativa e a forma de serem utilizados, bem como outras orientações sobre
economia, política, empreendedorismo, produção, etc.
Auxiliar a Administração
A organização do quadro social possibilita a troca de idéias, pois os associados tomam parte
nas decisões e estudos que venham a ser efetuados pela cooperativa.
Os problemas, reivindicações, sugestões dos associados e de seus núcleos são levados ao
conhecimento da administração da cooperativa, através dos representantes dos associados,
depois de discutidas as necessidades e a viabilidade, procurando levar a melhor solução e
orientação para resolver as dificuldades.
Funcionamento:
Todo associado deverá fazer parte de um Núcleo de Desenvolvimento Cooperativista. Cada
núcleo terá o acompanhamento de um técnico da cooperativa (Agente de Desenvolvimento
Cooperativista – “ADC”), que será responsável pelo desenvolvimento do processo
educativo, motivação e monitoramento dos grupos de associados (núcleos). As reuniões serão
agendadas conforme a necessidade dos associados participantes do núcleo, preferencialmente,
mensais. Cada núcleo fará a indicação de representantes (que poderá ser em número
proporcional aos seus componentes), que, por sua vez, formarão o Núcleo Central de
Desenvolvimento Cooperativista junto à cooperativa.
O “ADC” fará o acompanhamento da evolução dos trabalhos do grupo considerando sempre
os aspectos ligados a produção, industrialização, comercialização, assistência técnica e outras
necessidades ou possibilidades dos próprios Núcleos de Desenvolvimento Cooperativista.
Funcionamento:
O Núcleo Central de Desenvolvimento Cooperativista terá coordenação própria, e suas
reuniões deverão ser agendadas de acordo a não coincidir com a programação dos demais
órgãos da cooperativa.
Será assessorado pelo Agente de Desenvolvimento Cooperativista e por um dirigente,
preferencialmente o presidente da cooperativa.
FLUXOGRAMA DE FUNCIONAMENTO
Núcleos de
Cooperativa Núcleo Central Desenvolvimento
de Desenvolvimento Cooperativista
Cooperativista
Os passos apresentados a seguir não têm como objetivo ser uma receita, pois sua
aplicabilidade dependerá da realidade de cada cooperativa.
1º passo – Decisão de Organizar o Quadro Social – Tomada de decisão pelos
dirigentes, estabelecendo as condições necessárias para que os associados possam se
organizar nas bases, elegendo livre e democraticamente os seus representantes.
Após a decisão de se organizar o quadro social, os dirigentes devem escolher ou contratar o(s)
“Agente(s) de Desenvolvimento Cooperativista” que coordenará(ão) o processo de
organização do quadro social em sua cooperativa, após a devida capacitação e preparação do
mesmo. Entretanto, o êxito dos trabalhos dependerá do maior ou menor apoio que os
Agentes de Desenvolvimento Cooperativista (ADC) vierem a receber da Administração da
Cooperativa. Sem o comprometimento dos dirigentes da cooperativa o trabalho não terá êxito.
10º passo – Encaminhamento das atividades – Processo que seguirá de acordo com
os problemas levantados e necessidades de cada Núcleo de Desenvolvimento Cooperativista.
16º passo – Continuidade dos contatos – com cada associado e sua família,
individualmente e nos núcleos, no seu meio ambiente e na cooperativa.
19º passo – Integração – entre os próprios associados de um Núcleo e deles entre si,
através de dias de campo promovidos na propriedade de um dos membros do Núcleo, ou
ainda por outras oportunidades geradas: torneio de futebol comunitário, torneio de
produtividade, festas religiosas, dia internacional do cooperativismo, dia de
confraternização dos núcleos, etc.
20º passo – Intercâmbio – com cooperativas que já estejam realizando este trabalho, para
intercâmbio de experiências, individualmente ou através de Encontros Estaduais.
A capacidade do “ADC” em comunicar e informar o público deve ser muito bem cuidada. A
intuição do técnico (estar atento ao explícito e ao implícito) pode ser decisiva para anular
as diferenças e oposições entre as partes.
Diversos aspectos sobre organização, funcionamento, processo educativo e outras questões
começam a ser discutidas e compreendidas, tanto pelo grupo, quanto pelo “ADC” (técnico).
3º Fase: Amadurecimento
Esta fase é caracterizada pela avaliação constante da cooperativa, dos seus serviços e
funcionamento e do próprio processo de organização do quadro social. O grupo já trabalha de
forma mais ordenada, já se iniciando a reciclagem dos membros e ocorrendo alternâncias de
representantes. Esse é o estágio para um debate mais aprofundado sobre a cooperativa, em sua
dimensão econômica e social, preparando-se futuros dirigentes.
Deve-se ter cuidado com as interpretações dadas pelos dirigentes do tipo: “o grupo quer saber
demais”, “está indo muito longe”, criando-se barreiras e conflitos internos no processo de
organização e conscientização.
Devemos buscar temas que valorizem o grupo para serem discutidos, pois há variabilidade na
freqüência e na seqüência de assuntos em análise. Nessa fase há discussão sobre
reorganização dos trabalhos, renovação de lideranças, intercâmbio com outros grupos,
envolvimento no plano de metas da cooperativa, etc.
Há também maior participação no processo eletivo, na definição de normas, no
estabelecimento de comissões, no sistema de voto, etc., bem como no processo de discussão e
aprovação de idéias, quer nos Núcleos e no Núcleo Central, quer nas Assembléias Gerais da
Cooperativa. O grupo procura discutir, antecipadamente, os assuntos a serem votados em
Assembléia Geral, através de pré-assembléias. As ações grupais desenvolvem agentes do
processo cooperativo, tanto ao nível de associados, como ao nível de colaboradores e
técnicos. Isto dinamiza o relacionamento humano na cooperativa e facilita soluções para os
problemas, a partir da doutrina e dos princípios do cooperativismo.
No enfoque participativo, o técnico precisa tomar consciência de sua função, refletir sobre o
seu papel e avaliar o tipo de contribuição que ele pode dar.
Naturalmente, é muito mais cômodo e fácil o técnico assumir uma postura assistencialista
(“bonzinho”) do que criar condições para que todos tenham parte no planejamento, execução
e avaliação do trabalho educativo.
É importante que os associados sintam que são capazes e podem fazer de forma organizada e
participativa.
O técnico demonstra sua capacidade, quando cria as condições para que o processo de
capacitação se dê de forma participativa, dinâmica e democrática; exercendo a complexa
tarefa de facilitar o diálogo e mobilizar os conhecimentos e potencialidades do grupo.
XV - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A implantação de um Projeto de Organização do Quadro Social é um grande desafio para as
cooperativas que querem investir nesta área. Mas, se quisermos ser efetivamente
“cooperativa”, precisamos encontrar formas de comprometer o quadro social com o futuro
da mesma. O primeiro passo é mudar a cultura interna da cooperativa, buscando a
participação de todos. Precisamos, para isso, avaliar a forma como estamos trabalhando,
explorando idéias que aperfeiçoem o trabalho integrado, bem como, buscar instrumentos para
solidificar o empreendimento cooperativo.
Precisamos ser mais eficientes. Ninguém vive de filosofia. A cooperativa deve atrair a
participação do associado, através do seu trabalho, para depois, poder cobrar do associado a
sua fidelidade e comprometimento.
XVI - CONCLUSÃO
Este material não tem a pretensão de esgotar tão vasto assunto, nem tampouco oferecer
“receitas prontas” de como organizar o quadro social de cooperativas, pois, como já dissemos,
cada caso exige uma estratégia diferente. Apresentamos, isso sim, algumas sugestões
extraídas da literatura pertinente ao assunto, aliadas a nossa experiência prática e
cotidiana no trabalho com grupos e pessoas, inclusive como técnico de cooperativas, atuando
neste trabalho; além da experiência em implantar este trabalho em várias cooperativas
brasileiras, sobretudo em Minas Gerais.
Cada cooperativa deve procurar, dentro de sua realidade, a forma mais adequada de
organizar o seu quadro social, assim como cada ramo cooperativista deve procurar definir o
seu modelo básico mais adequado.
Entendemos ser complexa a organização de pessoas e é fato que nem sempre, na primeira
tentativa, obtemos o sucesso esperado. Porém, a experiência tem demonstrado que nas
cooperativas onde o trabalho foi bem planejado e implantado, os resultados não demoraram a
aparecer, quer através da melhoria no relacionamento cooperativa-associado ou no respaldo
do associado nas decisões e planos de sua cooperativa ou ainda no grau de conscientização
cooperativista do quadro social.
XVII - BIBLIOGRAFIA
BRANDERNBURGA, A. & HENDERIKX, E.M.G.J. Instrumental para trabalho com grupos
Informais na extensão rural. Curitiba, EMATER/PR, 1988.
OCB. 1º Encontro Nacional de Comitês Educativos. (Documento Final). Brasília, OCB, s.d.
1989.
OCB. Manual de capacitação para o sistema OCB: módulos 1 e 2. Brasília, OCB, 1987.
SUDECOOP. Estudos sobre comitês educativos, por Flávio Eduardo de Gouvêa Santos.
Belo Horizonte, SUDECOOP, 1990.