Texto 15
Texto 15
Texto 15
n i v erso de ndam
o U ente
o d ) e n t re orde m e desordem nos
çã ô ni c a .
g r a t ag Reve
lo
sa c
t e e a n a o s e u o s
onc
n ar n iz o u desintegrar. A h l epç
esi n t o r g a istóri
a
imi
t ão
d m e s e d o U es d do
ela le m o , d a c o lisão de estrelas e n i v o s
p p os stros galáx mu
a m c s a ia s
erso axi
o nd
id co . O r o so b o c o u na incerteza. Se o ; ave éu ma o.
u o e e m a s M
eg
po ã m e s p a ntu ma
s
iç u o , d hu m a
r g id
n
t
n e n e ecim e in
ra e
m n c i
a,
e ru e rn ce ra e m n
t
u e
essida n ga
o
st d u t b ed d t qu nt tifi ou
e o o od
m
e ine
e e
v
an
d s ce e c
u
çã r
vitá av
de
e q
es
i o r s uanto ao caráter inevitáv v e id um sca ati a
q
u a ro
s
p v
s
m
l. C
a
el ou
es
tr egu
ac ad av
op s s f o o
ça
a, a e
d
l o
os
i ã n e possuem um compo r n r a
r
n n
e
n i s, r
.
tu
d
r
tui
e
ol
sm
a
og te ente
fo
tica
t
m n é e a
t
b
s l
o surgimento de no to, tinua esp
e e n e e o
a
s
B
o ac
vas ne
en
rta
es
o
m r ató
c
t e
o
ig c
e
n s nd e
a r
e
a
sen
s ge espéci opóides foi lan p e
a
A
e
m
e io
lu
é s
a
da riat
b
t
çado
a
c
r
f
,
l
v
a
o
r a de
s
o
tu su
u
a a
á
ro r
per
s
d
ão aut
no
tad
se
explo m an
m
s
la id lógi a e
t nt m r r so No av
ç
s
o
tem
e
e r
esc
u à o d a s t m en o
ç a
ic
a
são.
v e i
n
a
d
p
avan
a
a
de
s e fu
ana s
o
.
a de
,
s
m
ri
e
ou eio t
a
obr A vid
t
r
. T e a
m
ia
d
u
m
ilh sde o
r
l
m
n
õ
R
b e
i
a
e Pen
po
a
o
do o q
c
n
ç
d a fl a o
e
l s u
r ass
o
stir
í
S
, o e o r
t
s
os
i
o
n
i
çã
t
or
p
is
s
z
r
a
i
P n
r
inf
o
res gan r
d zar
O
i
e
m
a
o
r
a
a
tr sté so,
in
t
ani
d
n
e
de ém sa consciência. so pr deve a tr
lh
o b
d
s
e
i
os
e
,m
ivi
fi
o
e
t
o
a
à
n
a
e
lég re
i
s
a
arg de um
o:
am a n quando conser va i
uo
c
o
t
s
ça mo
i
co t
a
a
si
o
t
c
m im, o
o
r
qua
em um o mos
d
s a -se até
a
a
fi
A
ge tud
s am
l
a
i
rmin
m
,
cea e a
v
c
i
e
u
s
e
sa
eg
or sfor sobr pareci
s
u
o ne o q
no
ã
d
e
t
l
gl
s
na
e
o
m
a
á
d
de de
e
s
m culo é, em ramo
m
.
, a energ
a ue
b
n
e
v
r
a
d
s
i
n
e
o
e
t
l
s co urbilhão d
dosar. Aind
o
de o
spondem a reorg
s
e
i
a
n
o
a
de um
n
t
í
Boltzmann, deflagrada pe
onstante desg é
e
u
m
v
c
anização
smo acontece
i
u
i
e
sofrimento. Hom
corre
m
d
o
b
er a t
a turb
os, Ku
,
e
d
o
a
rq
;
a
e
p
a org
be
ca de
e
e
cies
ond
o sa
mos novos ar
iz ica r-se há de precioso
akat
sa
sed
nte:
p
q
e
o
s
n
o
co incertezas. ui
strui
spé
r
ur essa , na temp ciação das regiões
âmi
a
da hominizaçã
res
ent
c
ce
i
or O me
er, L
ee
os
eixam de ser elabo
e macromolécul
b
o surgimento da
ç
pé
ção
o...
din
er
r
iso a e
i
l,
sa in
do
lo quas
am to.
s
a
v
ope
lag
ed
à
n
c
e
ec úri ssa c
o
am
opp
.O
mo
as e
ra
at os
oi
pr n no
e o mensurável a um
s de certezas, de
a
ido
vida
u
So ra
a
õe
dos
e pe . É
a
o
n
éf
eio ão nã
t, P
tem ho
ter
e
i
a,
fut
r
aç
Subverteu a Ordem do m
e
n
a
d
r a, eio
co
asc
m
q
pe m
o
o
u
a
o
fic
da r vi rágil, r m s
ag
u
um
ela
aro e destinad
a
tei
lad se
m
a
epe
cul em fos
se mpo
em s. A vo, a
und
Pi
r
c
uila
b e e e
ter
ter
i
c
ap
o
n
e
c
e,
d,
m
, uma história atr ertez os.
ad
t
de
ã
rd
me
dê
o r
o, g
co fle
a
eir
at
lar
vez ura d
n
ra uja
n
a hominizaçã se n
e
ici
n
po
o
de
t
ás não o
id s ad
re ja
o
ó
te s l
ran
tro e t v o e d
s
i
cia
i
pl
v n õ
, in
e sse de se
a
s
aç
a
é
ev fes iaç
lo
B
ã
eti
d
e
da
id q c r r
dio
e
co c
o
ne
u s
a
cu
m en
de
i
o
so
iz ta
o e
sé che
ne ta a
s
nt
tem e prov Se a s. d
nc
o
de fo e ap
re
ocam e
xtinções em a na , qu
a
im
ent o r
ss
de r, a m a s z i o
lc
no hu a
sq
e no
vo vid s vidas e ac du
ul
sa
uí
at um
t a sentido d
e no s a d ro a quil obr
ci
ér ipo só p
o d istur rep o a s no
o
áv ia pe , e t a m to - d l e
el pe qu cap er nascido de um u u pe
la en
o
az d
e s e r t ar, a u et da c ad
da n
Revista do Programa de Pós-Graduação em Língua Espanhola e
q a
ed se auto
o ma sol organizar, autoco os fic tífi
di
im tér de s e m p li i en
vi d
Literaturas Espanhola e Hispano-Americana, FFLCH - USP
ia, ubúrb
na en ace io. p ren e x em ãoc
Pe sur ntua A a, ç
r fe áve da pe tífic e v olu
içã l. P
rovo la queima seguida d a ci en r
o, p c o u a li d ade i m eira
ara um que n pr
A da racio sub stionamento
caracol 13
stitu
í-la po ao
r uma relação de diálogo (
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
apresentação
13
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
14
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
apresentação
15
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
16
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
apresentação
17
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
1 Registramos aqui que a proposta inspirou-se no livro Conversas com formadores de professores, orga-
nizado por Kleber Aparecido da Silva e Rodrigo Camargo Aragão (Editora Pontes, 2013).
18
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
apresentação
19
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/literacidades digitales
Gonzalo Abio
Patrícia Graciela da Rocha
Lívia Márcia Tiba Rádis Baptista
Formación digital
de profesores.
Una revisión del
tema con énfasis
en los modelos
de competencias/ Doutorando em Letras pela
Universidade Federal de Minas
20
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Palabras clave: competencia En este trabajo de cuño teórico-reflexivo, se discuten algunos factores
digital, literacidades digitales, que influyen en el uso de las tecnologías en las escuelas y se focaliza
formación digital de profesores. en las competencias que necesita el profesor para un trabajo integrado
y efectivo apoyado por las tecnologías digitales. Con ese objetivo,
se lleva a cabo una revisión bibliográfica sobre algunos modelos de
competencias/literacidades digitales con énfasis en el profesor. Por
último, se brindan algunos comentarios sobre las necesidades de
formación digital de los profesores.
Keywords: digital competence, In this theoretical and reflective paper we discuss some factors that
digital literacies, digital teacher influence the use of technology in schools and focus particularly on
education the skills teachers need to build up in order to develop an integrated
and effective work supported by digital technologies. With that goal
in mind, we will review the literature on some models of skills/digital
literacies with emphasis on the teacher. Finally, we will make some
comments on the need of digital teacher education.
21
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
Introducción
En las condiciones y exigencias actuales propiciadas por la convergencia
mediática y digital, donde las actividades de lectura y de producción son
cada vez más multimodales e hipertextuales, los docentes deberían saber
aprovechar también los nuevos formatos y posibilidades, para lo cual
necesitan tener una sólida formación en sus disciplinas y un buen dominio
del ecosistema digital (Fernández Enguita, 2016, 204).
Poder llegar a adoptar de forma efectiva e integrada las tecnologías en
la educación es un problema complejo que depende de diversas acciones
favorables que deben estar presentes y operar de forma mancomunada
en tres niveles (micro, meso y macro), o sea al nivel de los individuos,
de la organización de la institución escolar y de las políticas y acciones
gubernamentales, respectivamente (Twining; Raffaghelli; Albion; Knezek,
2013).
Con foco en los dos primeros niveles mencionados, es pertinente saber
cuál es la situación que se observa en las escuelas con relación al uso de
las tecnologías por parte de los profesores y alumnos, y cuáles son esas
necesidades formativas tecnológicas y pedagógicas actuales.
Ese será el objetivo de este trabajo descriptivo, de cuño teórico-
reflexivo, donde pretendemos acercarnos al tema básico de la formación
tecnológica necesaria a los profesores en general, aunque nuestro interés
está, principalmente, en aquellos docentes que enseñan lenguas adicionales
en la educación básica. Para ello, realizaremos una revisión bibliográfica
analizando algunos documentos e informes sobre el uso de las tecnologías
22
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
1 Optamos en este trabajo por el uso del término “literacidad” o su plural “literacidades”, propuestos
por Daniel Cassany como alternativa al inglés “literacy” en varios trabajos (p. ej. 2006), pero es
necesario señalar que en el mundo hispánico no hay consenso a su uso, pues se puede encontrar
que todavía convive con otros términos como “alfabetizaciones” y sus derivados: “alfabetización
digital”, “nuevas alfabetizaciones”, “alfabetizaciones múltiples”, etc.
2 Somos más favorables al uso de la sigla TDICE, alusiva a las Tecnologías Digitales de Información,
Comunicación y Expresión, de autoría de Lacerda Santos (2014), en lugar de las TDIC o sim-
plemente TIC, de uso más común en la actualidad, pero nos decantamos por esta última, por ser
todavía mayoritaria y la que más aparece en los documentos que serán aquí mencionados.
3 Los principales usos relatados en el estudio del CGI.BR (2016a) parecen corresponder con los
niveles de sustitución o de aumento, si llevamos en consideración el modelo SAMR de Puentedura
(2013). En esos dos primeros niveles, las tecnologías son apenas un substituto, sin traer cambios
funcionales o son aumentos que proporcionan alguna ventaja en el trabajo educacional, pero de
esa forma no se modifican de forma significativa las prácticas y procesos pedagógicos. Eso puede
corresponder con el “hacer más de lo mismo” y tal vez un poco mejor, o sea, la primera de las tres
etapas en que Morán (2007) divide la adopción de las tecnologías en las escuelas. La primera etapa,
de “tecnologías para hacer mejor lo mismo”, la segunda etapa de “tecnologías para cambios parcia-
les” y la tercera etapa, de uso de las “tecnologías para cambios innovadores”, a la cual muy pocos
llegan (Moran, 2007, 90-93). En este trabajo, veremos a continuación otros niveles, de acuerdo
con los diversos modelos que se presentarán.
23
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
4 De acuerdo con Rao (2013) existen importantes diferencias entre integrar o utilizar las tecnologías
en las escuelas. Ver en Tourón (2013) una traducción de la tabla comparativa propuesta por Rao
(2013).
24
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
y una de las hipótesis para ello, según los autores, es la falta de formación
adecuada de los profesores. Semejante afirmación se puede apoyar en el
bajo porcentaje de escuelas (14%) que manifestaron tener en ese momento
proyectos de capacitación de profesores, mientras que en relación a la
formación previa, solo el 39% de los profesores encuestados afirmaron que
durante sus cursos de graduación habían cursado alguna disciplina específica
sobre el uso de las tecnologías, aunque es de notar que entre los entrevistados
más jóvenes, con edad inferior a treinta años, ese número ascendió al 54%.
Para intentar conformar un cuadro lo más cercano posible a la realidad y
con un grado de generalización suficiente, hay que llevar en consideración
también otros elementos. Por ejemplo, la actuación y empeño de los
directores escolares puede ser otro factor de gran importancia en el impulso al
uso de las tecnologías por parte de los profesores, tal como señala Fernández
Enguita (2014) en un análisis sobre el informe internacional TALIS 2013.
Sin embargo, aunque las escuelas tengan disponibles los recursos y sean
presionadas por sus propios gestores para que se haga uso de las tecnologías,
en realidad, muchos profesores todavía no se sienten preparados para
utilizarlas adecuadamente o no están dispuestos a modificar sus métodos
tradicionales de enseñanza, tal como fue revelado por el CGI.br (2013, p.
43) y otros estudios realizados en Brasil.
Para Fernández Enguita (2013), el problema principal parece ser de actitud,
que se manifiesta en rechazo ideológico e infrautilización práctica, lo cual,
según Campos Martínez (2015), no parece ser un problema de tecnofobia,
sino más bien, de hecho, un problema de formación y también de recelo de
los profesores por la pérdida del control sobre el proceso de conocimiento.
25
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
5 Un estudio reciente de Cassany (2016) realizado con alumnos preuniversitarios, encontró que
también hay dos perfiles de usuarios en lo que se refiere a las actitudes y prácticas letradas coti-
dianas en el uso de diversos recursos lingüísticos digitales, dentro y fuera del aula. Uno de ellos es
el usuario básico, que emplea un recurso cualquiera de modo mecánico y acrítico, pero hay otro,
sofisticado y autónomo, que elige conscientemente el recurso según el contexto, también muestra
que tiene conocimientos y destrezas refinados y que verifica los resultados obtenidos con varias
estrategias (retrotraducción, uso de un tercer idioma, comparar varios recursos, fotografías). Entre
otras conclusiones, el autor recomienda la instrucción formal del alumnado en el aprovechamiento
de esos recursos.
26
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
27
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
28
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
mientras que para otros, tiene que ver con las competencias del siglo XXI
(Gallardo-Echenique, 2013, p. 61; Gallardo-Echenique et al., 2015, 12).
De acuerdo con la revisión realizada por esos autores, la competencia
digital y la literacidad digital, aunque estén relacionados, no son conceptos
iguales. Estimamos especialmente ilustrativa la tabla elaborada por Gallardo-
Echenique et al. (2015, 11) que muestra las diferencias entre la competencia
digital y la literacidad digital y que aquí traducimos (ver Tabla 1).
29
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
Habilidades demostradas para aplicar co- Capacidad para entender y usar la informa-
nocimientos, competencias y actitudes ción en diversos formatos provenientes de
para alcanzar resultados observables, que diversas fuentes digitales.
pueden ser medidos por medio de rubricas.
Uso con confianza y de forma crítica de las Competencias cognitivas complejas, mo-
tecnologías de la sociedad de la informa- toras, sociológicas y emocionales que los
ción para el trabajo, ocio y comunicacio- usuarios necesitan para hacer uso de forma
nes. efectiva de los ambientes digitales.
30
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
31
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
Figura 1. Áreas y competencias del marco de competencia digital docente (INTEF, 2013,
11-12) (adaptado).
32
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Las áreas 4 y 5 son más transversales, mientras que las áreas 1, 2 y 3 son más
específicas. De cualquier forma, aunque cada área tiene su propia especificidad,
hay varios puntos superpuestos y referencias cruzadas entre ellas.
Vuorikari et al. (2016), revisaron y lanzaron la segunda versión del
European Digital Competence Framework for Citizens, en el que muestran las
adecuaciones realizadas a la primera versión del DigComp, y en los anexos del
documento comparan las competencias que aparecen en esta nueva versión
con las que aparecen en el Media and Information Literacy Curriculum for
Teachers (UNESCO, 2011) y el Global Media and Information Literacy
Asesment Framework (UNESCO, 2013).
En el caso de Brasil, también son numerosos los trabajos dedicados a la
literacidad digital: Bandeira (2009), Buzato (2009, 2011), Cabral y Correa
(2012), Dias (2012; 2015), Dias y Novais (2009), Freitas (2010), Ribeiro y
Coscarelli (2010), Rezende (2016), Silva (2016), Souza (2007), Xavier (2011),
por citar solo algunos. En ellos se puede constatar que la literacidad digital
se entiende como un término plural, situado y dinámico y que también es
estudiado desde diferentes ángulos: con foco en la ciudadanía, en la educación
en general, en la lectura, en la formación de profesores, entre otros.
Por su carácter general y abarcadora, los investigadores brasileños
mencionan con frecuencia la definición de literacidades digitales propuesta
por Buzato (2006):
literacidades digitales (LDs) son conjuntos de literacidades (prácticas so-
ciales) que se apoyan, entrelazan y apropian mutua y continuamente por
medio de dispositivos digitales para finalidades específicas, tanto en contex-
tos socioculturales geográficamente y temporalmente limitados, como en
33
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
Ese autor añade en otro trabajo suyo que los efectos cognitivos y sociales
de esas literacidades son variados, pues en las actividades interactivas/
interpretativas que los constituyen intervienen propósitos, valores, actitudes,
códigos y dispositivos tecnológicos diversos. A pesar de que sea posible
invertir institucionalmente en ciertos tipos de literacidades en determinados
contextos, con la intención de obtener determinados efectos, esos efectos
no serán totalmente previsibles (Buzato, 2010, 53). También afirma que las
literacidades son siempre situadas, lo que quiere decir que entre literacidad y
contexto hay siempre una relación de coproducción y recursividad (Buzato,
2010, 53).
Rezende (2016) es otra autora que advierte que el término literacidad
digital debe considerar también sus impactos sociales y culturales y no solo
los meros conocimientos técnicos de las prácticas que utilizan la tecnología.6
En la opinión de Souza (2007, 60), la literacidad digital será el:
Conjunto de competencias necesarias para que un individuo entienda y
use la información de manera crítica y estratégica, en formatos múltiplos,
provenientes de fuentes variadas y presentada por medio del ordenador, de
manera crítica y estratégica, siendo capaz de alcanzar sus objetivos, que por
lo general, son compartidos social y culturalmente.
34
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
La autora también nos señala algo que consideramos que se debe destacar,
que es que la literacidad es situada y contextual, como ya, de cierta forma,
es mencionado por otros autores. Para ella, la literacidad digital “está
íntimamente relacionada a las necesidades de ese(a) usuario(a)” (Souza,
2007, 67). La apropiación de una determinada tecnología o proceso
“generalmente ocurre debido a la necesidad o el interés. Y, cuando el
objetivo de esa apropiación es alcanzado, aquel(la) usuario(a) puede ser
considerado(a) digitalmente alfabetizado(a) para aquel y en aquel contexto”
(Souza, 2007, 66).
Dias y Novais (2009) proponen una matriz de literacidad digital
direccionada para el ambiente escolar y dividen sus descriptores en cuatro
grandes acciones de los “usuarios competentes”, que son: utilizar diferentes
interfaces, buscar y organizar informaciones en ambiente digital, leer
hipertexto digital y producir textos (orales o escritos) para ambientes
digitales. Estas acciones fueron, a su vez, organizadas en tres categorías
(contacto, comprensión y análisis).7
Ribeiro y Coscarelli (2010) son de la opinión que esa propuesta de Dias
y Novais (2009) “es relevante y contribuye para un intento de explicación
del grupo de habilidades que sean efectivamente importantes para que se
pueda considerar a alguien un letrado digital” (p. 330) y ofrece parámetros
de desarrollo del lector para las agencias alfabetizadoras (principalmente
las escuelas), pero también estas autoras comentan que esas matrices deben
7 Conviene ver también la Matriz de habilidades TIC para el aprendizaje, propuesta por el Minis
terio de Educación de Chile, con cuatro dimensiones (información, comunicación y colaboración,
convivencia digital y tecnología) (Enlaces, 2013).
35
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
36
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
8 Ver <http://blog.educalab.es/intef/2015/10/13/marco-comun-de-competencia-digital-docente-
version-en-ingles/>. Acceso el 15 ago. 2016.
9 “Digital competence is the teacher/TEs’ proficiency in using ICT in a professional context with
good pedagogic-didactic judgement and his or her awareness of its implications for learning stra-
tegies and the digital Bildung of pupils and students” (Krumsvik, 2011, 44-5).
37
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
10 “Digital bildung ” expresa una comprensión más holística de cómo los niños y jóvenes aprenden
y desarrollan su identidad reflexionando sobre los efectos de las TIC en los diferentes aspectos
del desarrollo humano. Los profesores y alumnos desarrollan una competencia en la navegación
y uso crítico de los recursos, así como también sobre las implicaciones sociales del uso de la tec-
nología digital (Søby, 2003, 8, 14).
38
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
39
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
40
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
del contexto en el que se enseña. Es decir, que, para saber enseñar, el profesor
necesita tener un conocimiento pedagógico-científico situado con el que
sean pensados y adaptados para los alumnos los contenidos enseñables, lo
cual ocurrirá en la intersección entre esos conocimientos contextualizados
que recibe el nombre de Conocimiento Pedagógico de Contenido (CPC),
y que, dicho de otra forma, se refiere a cómo podemos didactizar aquellos
contenidos de la disciplina que deben ser trabajados con los alumnos.
El modelo de Conocimiento Tecnológico Pedagógico de Contenido,
surgido posteriormente, lo que hace es introducir en el modelo inicial de
Shulman el conocimiento del uso y aplicación de las tecnologías que todo
profesor debe tener para su trabajo docente. Ese conocimiento tendrá lugar
en la intersección de todos los componentes anteriores, influenciados en su
conjunto por el contexto existente, y supone que el profesor sea capaz de
integrar los conocimientos que tiene sobre el contenido que debe enseñar,
con los métodos didácticos más adecuados a la situación concreta de esos
alumnos; o sea, se concentra en cómo integrar la tecnología para enseñar
(mejor) un contenido concreto.11
Como estamos inmersos en un panorama cada vez más multimodal, es
necesario prestar atención también a las competencias necesarias, de forma
que los profesores y sus alumnos puedan desarrollar un trabajo informado
con ese tipo de producciones que no son creados solamente por el código
lingüístico. Fanfiction, memes, podcasts, vídeos, animaciones de diversos
11 Sugerimos ver la representación del modelo TPACK de Mishra y Koehler (2006) en: <http://
upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/20/TPACK_pt-BR.png>.
41
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
tipos, infografías, entre otros, forman parte del repertorio que ya vemos
con frecuencia empleado por profesores y alumnos, pero ¿hasta qué punto
desarrollamos la competencia comunicativa multimodal en nuestros
alumnos?
Esta competencia es definida por Royce (2002) como la capacidad para
el uso de diversas estrategias y conocimientos para poder interpretar textos
multimodales, así como la capacidad para comunicarse empleando ese tipo
de textos compuestos, pero el docente, por lo general, todavía no sabe cómo
trabajarlo de una forma más profunda o completa en sus clases para formar
un alumno multiletrado.
Con ese interés y necesidad en mente, tal vez sea útil pensar en adaptar
y aprovechar el concepto de competencia semiopedagógica propuesto
por Develotte, Guichon y Vincent (2010), así como Guichon (2013),
incorporándolo a la literacidad digital necesaria y que de cierta forma
hemos intentado recoger hasta aquí en las diversas opiniones y modelos
encontrados en la literatura.
La competencia semiopedagógica hace referencia “a la conciencia de los
profesores sobre las affordances, o sea, las posibilidades o potencialidades
semióticas que ofrecen cada modo y medios, así como las competencias
necesarias para preparar tareas adecuadas mediadas por las tecnologías
para el aprendizaje de lenguas” (Guichon; Cohen, 2016). Los profesores
de lenguas tienen que aprender a cómo usar las diversas herramientas que
sean más apropiadas para cada situación de aprendizaje y asegurar que las
interacciones ocurran con los modos o semiosis más adecuados.
42
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
43
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
Finalizando
Como ya hemos visto a lo largo de este texto donde hemos pretendido
revisar, de forma no exhaustiva, algunos elementos importantes de la
formación digital y de los conceptos existentes sobre competencias o
literacidades digitales, se constata, una vez más, que la adopción de las
tecnologías en la escuela es un problema de naturaleza compleja, como es
también, por medio del conjunto de factores que intervienen, que deberá
ocurrir la relación entre el conocimiento del profesor sobre el dominio
tecnológico y su aplicación pedagógica siempre situada.
Como comenta Mejía Jiménez (2015, 122), las complejidades y paradojas
del mundo moderno exigen una práctica reflexiva del docente que permita
construir una unidad, en la cual ni lo pedagógico, ni lo técnico, ni lo
disciplinario sean vistos como aspectos separados, siendo el uno el soporte
del otro, buscando que se desarrollen juntos, en una espiral donde se irá
generando el conocimiento.
De esa forma, cuando un profesor de español como lengua adicional de
una escuela brasileña comenta, por ejemplo, que solo hizo uso de un grupo
en WhatsApp con sus alumnos para el envío de determinados contenidos
y avisos sobre el curso, nos muestra que el uso de esa tecnología típica de
la web 2.0 (conocida también como web social) y natural para la mayoría
de los alumnos, se quedó, en ese caso, en un nivel muy incipiente y que
fue desaprovechado, tanto en su potencial multimodal, como en el posible
empleo de metodologías activas y participativas que favorezcan el estudio, la
interacción y el aprendizaje para la práctica de esa lengua, que es, a su vez,
el objeto de estudio disciplinar.
44
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Por otro lado, tampoco las prácticas letradas de los alumnos con respecto
a lo digital deberían quedarse solo en un conocimiento metafórico (o sea,
como conocimientos básicos de las herramientas digitales), como observaron
Martínez Ortega, Subías y Cassany en un reciente estudio (2016). Estos
autores opinan que es necesario dos tareas complejas para la formación
digital escolar: (1) la identificación de aquellas prácticas letradas digitales
a las que se quiere incorporar a esos alumnos, y (2) la transformación de
dichas prácticas letradas digitales en objetos de aprendizaje, donde los
alumnos puedan experimentar las herramientas digitales sin disociarlas de
las prácticas comunicativas que le dan sentido (Martínez Ortega; Subías;
Cassany, 2016, 209-10).
Una pedagogía basada en las multiliteracidades, tal como fue propuesta
por el The New London Group (NLG, 1996), y desarrollada posteriormente
por autores como Kalantzis y Cope (2012), donde se lleve en consideración
la multiculturalidad característica de la sociedad globalizada y la
multimodalidad de los textos actuales, sin ignorar el contexto sociocultural
de esas prácticas podrá ser una herramienta práctica para guiar el desarrollo,
en un orden ascendente de complejidad, de las competencias digitales
necesarias en los alumnos.
El profesor no debería estar desacompañado en ese recorrido y
experimentación práctica. Por eso es tan importante el apoyo en la realización
de experiencias formativas y reflexivas sobre el uso y aprovechamiento
de las tecnologías en las clases, tanto en la formación inicial como en la
continuada, para lo cual se pueden analizar ejemplos de buenas prácticas,
siempre pensando en la adecuación y contextualización necesarias. Ahora
45
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
Referencias bibliográficas
Ala-Mutka, Kirsti. “Mapping Digital Competence: Towards a Conceptual Unders-
tanding”. In: JRC 67075. Technical Note. Joint Research Centre. Luxembourg:
Publications Office of the European Union, 2011. Disponible en: http://ftp.jrc.
es/EURdoc/JRC67075_TN.pdf.
Area Moreira, Manuel; Hernández Rivero, Víctor; Sosa Alonso, Juan
José. “Models of educational integration of ICTs in the classroom”. In:
Comunicar: Media Education Research Journal, 24-47, 2016, 79-87.
46
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
47
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
48
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
49
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
exploración del uso de las TIC en el aula, con algunas sorpresas”. In: TALLIS 2013.
Estudio Internacional de la Enseñanza y el Aprendizaje. Informe español. Análisis
secundario, Madrid: Instituto Nacional de Evaluación Educativa, 2014, 77-103.
Disponible en: http://www.mecd.gob.es/dctm/inee/internacional/talis2013/
talis2013secundarioweb1-10-2014.pdf?documentId=0901e72b81ae1b09
______. “Aquí no hay química. La difícil relación del profesorado con la tecnolo-
gía”. In: Panorama Social, 18, 2013.
Freitas, Maria Teresa. “Letramento digital e formação de professores”. In: Educação
em Revista, 26-3, 2010, 335-352. Disponible en: http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_abstract&pid=S0102-46982010000300017&lng=pt&nrm=iso
&tlng=pt
Gallardo-Echenique, Eliana Esther. “Competencia digital: revisión integradora
de la literatura”. In: Academicus. Revista de Ciencias de la Educación, 1-3,
2013, 56-62. Disponible en: http://www.ice.uabjo.mx/images/academicus/
Numero_3/Art7.pdf
Gallardo-Echenique, Eliana Esther; Oliveira, Janaina Minelli de; Marqués-Mo-
lias, Luis; Esteve-Mon, Francesc. “Digital Competence in the Knowledge So-
ciety”. In: MERLOT, 11-1 2015, 1-16. Disponible en: http://jolt.merlot.org/
vol11no1/Gallardo-Echenique_0315.pdf
Graham, Charles R.; Borup, Jered; Smith, N.B. “Using TPACK as framework to
understand teacher candidates’s technology integration decisions”. In: Journal
of Computer Assisted Learning, 28-6, 2012, 530-546. Disponible en: http://
onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-2729.2011.00472.x/full
Grossman, Pamela L. The making of a teacher: Teacher knowledge and teacher edu-
cation. New York: Teachers College Press, 1990.
Guichon, Nicolas; Cohen, Cathy. “Multimodality and CALL”. In: FARR, Fio-
na; MURRAY, Liam (Eds.). The Routledge Handbook of Language Learning and
Technology, Routledge, 2016, 509-521.
50
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
______; Hauck, Mirjan. “Teacher education research in CALL and CMC: More
in demand than ever”. In: ReCALL, 23-3, 2011, 187-199. Disponible en:
http://journals.cambridge.org/abstract_S0958344011000139
Ilomäki, Liisa; Paavola, Sami; Lakkala, Minna; Kantosalo, Anna. “Digital compe-
tence – an emergent boundary concept for policy and educational research”. In:
Education and Information Technologies, 21-3, 2016, 655-679. Disponible en:
http://link.springer.com/article/10.1007/s10639-014-9346-4
INTEF. Marco Común de Competencia Digital Docente. v 2.0. Instituto
Nacional de Tecnologías Educativas y de Formación del Profesorado.
Madrid: Ministerio de Educación, Cultura y Deporte. Gobierno de
España, 2013. Disponible en: http://educalab.es/documents/10180/12809/
MarcoComunCompeDigiDoceV2.pdf
______. Las competencias digitales del docente del siglo XXI, s/d. Disponible en:
http://educalab.es/intef/tecnologia/competencia-digital/competencias-del-
siglo-xxi
Kalantzis, Mary; Cope, Bill. Literacies. Cambridge University Press, 2012.
Koehler, Matthew J.; Mishra, Punya; Kereluik, Kristen; Shin, Tae Seob; Graham,
Charles R. “The Technological Pedagogical Content Knowledge Framework”.
In: SPECTOR, J.M. et al. (Eds.) Handbook of Research on Educational Commu-
nications and Technology, New York: Springer Science, 2014, p. 101-111. Dis-
ponible en: http://www.matt-koehler.com/publications/Koehler_et_al_2014.
pdf
Krumsvik, Rune Johan. “Teacher educators’ digital competence”. In: Scandinavian
Journal of Educational Research, 58-3, 2014, 269-280. Disponible en: http://
dx.doi.org/10.1080/00313831.2012.726273
______. “Digital competence in Norwegian teacher education and schools”. In:
Högre utbildning, 1-1, 2011, 39-51. Disponible en: http://journals.lub.lu.se/
index.php/hus/article/view/4578
51
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
______. “Situated learning and teachers’ digital competence”. In: Educ. Inf. Tech-
nol., 13-4, 2008, 279-290.
Lacerda Santos, Gilberto, “A promoção da inclusão digital de professores em
exercício: Uma Pesquisa de Síntese sobre aproximações entre professores, novas
mídias e manifestações culturais emergentes na escola”. In: Inter-ação, 39, 2014,
529-542. Disponible en: http://www.revistas.ufg.br/index.php/interacao/
article/view/28790
Larraz Rada, Virginia. La competència digital a la Universitat. Tese (doutorado)
Universitat D`Andorra, 2013. Disponible en: http://www.tesisenred.net/
handle/10803/113431
Martin, Allan. “CHAPTER SEVEN: Digital Literacy and the “Digital Society””.
In: Digital Literacies: Concepts, Policies & Practices, 2008, 151-176.
______; Grudziecki, Jan. “DigEuLit: Concepts and Tools for Digital Literacy
Development”. In: ITALICS: Innovations in Teaching & Learning in
Information & Computer Sciences, 5-4, 2006, 246-264. Disponible en: http://
www.tandfonline.com/doi/pdf/10.11120/ital.2006.05040249
Martínez Ortega, Francisco; Subías, Jaume; Cassany, Daniel. “Acercamiento et-
nográfico a la alfabetización digital en un Instituto de Educación Secundaria
Obligatoria en Barcelona”. In: CPU-e. Revista de Investigación Educativa, 23,
2016, 190-215. Disponible en: http://revistas.uv.mx/index.php/cpue/article/
view/2168
Mejía Jiménez, Marco Raúl. “El surgimiento de lo Educomunicativo”. In: Enun-
ciación, 20-1, 2015, 119-140. Disponible en: http://revistas.udistrital.edu.co/
ojs/index.php/enunc/article/view/9449
Mishra, Punya; Koehler, Matthew J. “Technological pedagogical content know
ledge: A framework for teacher knowledge”. In: Teachers College Record, 108-6,
2006, 1017–1054. Disponible en: http://punya.educ.msu.edu/publications/
journal_articles/mishra-koehler-tcr2006.pdf
52
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Moran, José Manuel. A educação que desejamos. Novos desafios e como chegar lá.
Campinas: Papirus Editora, 2007.
Pedró, Francesc. “Tecnología y escuela: lo que funciona y por qué”. In: Documento
Básico, Fundación Santillana. XXVI Semana Monográfica de la Educación.
La educación en la sociedad digital, 2011. Disponible en: http://www.
fundacionsantillana.com/upload/ficheros/noticias/201111/documento_bsico.
pdf
Puentedura, Rubens R. “SAMR and TPCK: An introduction”. In: Hippasus, 2013.
Disponible en: http://www.hippasus.com/rrpweblog/archives/2013/03/28/
SAMRandTPCK_AnIntroduction.pdf
Rao, Adity. “What’s the Difference Between “Using Technology” and “Technology
Integration”?”. In: Teachbytes, 2013. Disponible en: https://teachbytes.
com/2013/03/29/whats-the-difference-between-using-technology-and-
technology-integration/
Rezende, Mariana Vidotti de. “O conceito de letramento digital e suas implicações
pedagógicas”. In: Texto Livre. Linguagem e Tecnologia, 9-1, 2016, 94-107. Dis-
ponible en: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/textolivre/article/
view/10266
Ribeiro, Ana Elisa; Coscarelli, Carla Viana. “O que dizem as matrizes de
habilidades sobre a leitura em ambientes digitais”. In: Educação em Revista, 26-
3, 2010, 317-334. Disponible en: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0102-46982010000300016&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Røkenes, Fredrik Mørk; Krumsvik, Rune Johan. “Prepared to teach ESL with ICT?
A study of digital competence in Norwegian teacher education”. In: Computers
& Education, 97, 2016, 1-20. Disponible en: http://dx.doi.org/10.1016/j.
compedu.2016.02.014
______; Krumsvik, Rune Johan. “Development of Student Teachers’ Digital
53
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Formación digital de profesores. Una revisión del tema con énfasis en los modelos de competencias/
literacidades digitales
Gonzalo Abio
54
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
55
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
O uso da
tecnologia/
metodologia
WebQuest
em práticas
pedagógicas no
contexto de uma Doutora em Letras (Língua
Espanhola e Literatura Espanhola e
Letras/Espanhol
Mestre em Linguística e Semiótica
Geral também pela Universidade de
São Paulo (2002). Atualmente é
professora adjunta na Universidade
Federal de Sergipe. Tem experiência
Raquel La Corte dos Santos na área de Letras, com ênfase em
Letras, atuando principalmente
nos seguintes temas: linguagens,
letramentos, língua espanhola e
uso das tecnologias no ensino e
Recebido em: 29 de outubro de 2016 aprendizagem de línguas.
Aceito em: 06 de dezembro de 2016 Contato: ra.lacorte@gmail.com
56
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Keywords: technology; In this article we discuss the use of WebQuest technology in some practices
WebQuest; methodology; experienced in the discipline Teaching Methodology and Language Learning,
Spanish offered by the course Language Arts (Spanish) at the Universidade Federal
de Sergipe. Together with expanding their knowledge about language
teaching methods, the aim of the project was that students could improve
their level of computer literacy and could discuss social appropriation of
digital technologies in the field of language teaching and learning. During
the process, students could discuss texts that deal with the main language
teaching methods as well as others that are concerned with the issue of
digital literacy and specific terms that relate to WebQuests (Levy, 2010;
Xavier, 2005; Dias, 2010; among others). The results achieved were
the creation of WebQuests; the development of a deep reflection on the
importance of the pedagogical use of technology in language teaching and
the improvement of students’ digital literacy.
57
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Introdução
Neste artigo, dialogaremos sobre uma prática pedagógica vivenciada no
contexto de uma disciplina do curso de licenciatura em Letras/Espanhol
da Universidade Federal de Sergipe, para a qual propusemos o uso de
tecnologias digitais. Trabalhamos, particularmente, com a criação e uso da
tecnologia/metodologia WebQuest, com o objetivo de: reunir e ampliar os
conhecimentos dos alunos sobre metodologias do ensino e aprendizagem
de línguas (com foco no espanhol); favorecer o letramento digital e outros
letramentos; vivenciar, no fazer pedagógico, a questão da apropriação social
das tecnologias digitais para o campo do ensino e aprendizagem de línguas.
Antes de relatar como essa experiência foi levada a cabo, retomaremos
aqui, de forma muito resumida, alguns conceitos que circunscrevem a
prática sociohistoricamente; são eles: técnica e tecnologia, cibercultura e
ciberberesço, letramento e letramento digital. Em seguida, focalizaremos
nossa atenção no conceito de WebQuest e trataremos do processo da prática
pedagógica em si e seus resultados.
58
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
59
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
60
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
61
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
62
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
63
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
64
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
parte da maioria das atividades sociais que vão desde as econômicas até as
socioculturais, pois, como afirmou o sociólogo espanhol Manuel Castells
(2009), em uma entrevista, “a internet é o tecido das nossas vidas”.
1 No original: “A WebQuest is an inquiry-oriented lesson format in which most or all the informa-
tion that learners work with comes from the web.
65
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
2 No original: “WQ es una metodología didáctica de aplicación racional de las TIC (concretamente,
de Internet) en el aula, basada en el constructivismo y en los principios del aprendizaje coope
rativo.”.
66
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
67
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Após a análise das respostas dos alunos, descobrimos que na sala havia
alguns poucos alunos (apenas cinco de um grupo de vinte e cinco) que
tinham tido experiência no uso de WQ e outros que conheciam recursos que
poderiam ser usados para a aprendizagem de línguas. Dessa forma, a grande
maioria dos alunos não tinha nenhum conhecimento sobre WQ nem sobre
recursos que pudessem ser usados para aprender línguas. Uma parte dos
alunos, inclusive, tinha dificuldade em buscar e selecionar informações na
internet.
Acreditando que juntos se aprende mais e que o que os alunos podem
aprender sozinhos é diferente do que podem aprender quando interagem
com colegas mais experientes, inspirando-nos no clássico conceito de
Vygotsky (1988) de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) que ressalta
a importância na aprendizagem da interação com o par mais experiente,
dividimos os grupos de forma que, em cada um deles, houvesse alunos
melhor letrados digitalmente.
Cada grupo escolheu aprofundar determinada metodologia a partir
de pesquisas que seriam feitas na internet; os alunos deveriam consultar
diferentes sites, reunir uma quantidade de informações, selecioná-las e
depois e reuni-las na WQ. Passamos a organizar as aulas como oficinas de
preparação das WQ. Para isso, reservamos o laboratório de línguas no qual
68
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
69
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
70
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
71
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
3 O texto em questão tratava da Metodologia Comunicativa e foi resultado de uma atividade desen-
volvida na disciplina, que consistia em uma produção coletiva dos alunos no google.docs.
72
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
73
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Considerações finais
O primeiro aspecto que chamou-nos a atenção ao fazer a proposta de
uso da WQ como um instrumento de aprendizagem foi a boa aceitação
74
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
dos alunos, mesmo por parte daqueles que não participavam dessas
práticas de letramento ou que se sentiam excluídos digitalmente. Alguns
manifestaram temor de não conseguir realizar a tarefa de construção da
WebQ. No entanto, em grupo, todos conseguiram realizá-la e, ao final das
produções, demonstraram satisfação por haver alcançado os objetivos da
tarefa. Reproduzimos a seguir alguns comentários feitos pelos alunos ao
final do processo, após entrega e compartilhamento dos links das WQ.
Comentário 1. A webquest é algo que vai servir de referência a partir de
agora. Afinal de contas, está aí, online, para acesso a qualquer hora.
Comentário 2. Trabalhar com a webquest foi ainda mais diferente, pois era
um recurso totalmente novo, que não tínhamos conhecimento do seu fun-
cionamento ou criação. Tratar sobre metodologias do ensino de línguas, seu
desenvolvimento e características foi um trabalho interessante de pesquisa
para encaixa-lo dentro do formato da webques.
Comentário 3. Se tratando da WebQuest, foi uma experiência incrível! É
uma ferramenta ótima que pode ser utilizada pra trabalhar todo e qualquer
tema. Achei que seria difícil o trabalho de criar uma, mas não foi. Amei
produzi-la, e particularmente, fiquei muito satisfeita com o resultado final.
Para desenvolver uma WQ, os alunos tiveram que fazer uso de diferentes
dispositivos da internet, o que possibilitou conhecer novos materiais,
recursos disponíveis na rede, recursos bibliográficos que lhes permitiram
explorar e aprofundar os conteúdos.
O fato de terem que investigar online em vários sites, selecionar
informações, aprender a organizar as informações na WQ, aprender a
inserir âncoras, vídeos e imagens fez com que os alunos desenvolvessem
75
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Referências bibliográficas
Buzato, Marcelo El Khouri. Letramentos Digitais e Formação de Professores. São
Paulo: Portal Educarede, 2006.
Castells, Manuel. Sociedade em rede – A era da informática: economia, sociedade e
cultura. v. 1. São Paulo: Paz e Terra, 2009.
Dias, Reinildes. “Webquests no processo de aprendizagem de L2 no meio on-line”.
In: Paiva, Menezes, Vera Lúcia (Org.). Interação e aprendizagem em ambiente
virtual. 2 ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010, p. 359-394.
Gomes, Luis Fernando. Hipertextos multimodais: leitura e escrita na era digital. Jun-
diaí (SP): Paco Editorial, 2010.
76
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
77
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Haciendo
Haciendo caminos: histórias de Teletandem na formação de professores de espanhol
Kelly Cristiane Henschel Pobbe de Carvalho Kelly Cristiane Henschel Pobbe de Carvalho
Karin Adriane Henschel Pobbe Ramos Doutora em Letras pela Universidade Estadual
Rozana Aparecida Lopes Messias
Paulista Júlio de Mesquita Filho (2004) e Mes-
78
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Keywords: Spanish teachers’ This article presents a discussion on the processes of reflection on the
development; Teletandem; reports development of pre-service teachers of Spanish. For that, we used the
analysis. stories of experiences of undergraduates in Language Arts (Spanish)
within the context of teletandem. The study was grounded on the
participants’ reports of their activities whether during teletandem
sessions or during mediation sessions. We concluded that the actions
related to both of these contexts constitute fruitful educational
spaces, not only in regards to the processes of foreign language
teaching and learning, but also to the processes of reflection on their
student-teaching practice and to the constitution of their professional
identity. We developed our analysis grounded on the assumptions of
Narrative Inquiry and from a perspective of intercultural and critical
competences for teacher development.
79
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Introdução
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
(Antonio Machado)
1 Teletandem Brasil: línguas estrangeiras para todos é um projeto temático desenvolvido como o apoio
da FAPESP – Processo 2006/03204-2, http://www.teletandembrasil.org. Em versão atual, o pro-
jeto é intitulado: Teletandem: Transculturalidade na Comunicação On-line em Línguas Estrangeiras
por Webcam. Ambas edições são coordenadas pelo Prof. Dr. João Antonio Telles.
2 No contexto específico deste estudo são consideradas as interações português/espanhol. Desta-
camos que, para a maior parte dos estudantes participantes, é bastante remota a possibilidade de
vivenciar os usos da língua estrangeira em situações de imersão fora do país.
80
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
81
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
82
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
83
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
84
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
85
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
86
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
87
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
88
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
89
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
90
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
9 Os nomes utilizados para indicar a autoria dos trechos selecionados são fictícios.
91
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
(5) Através dessas interações virtuais pude tomar contato direto com a lín-
gua espanhola e com a cultura latino-americana em diferentes nuances
[...].(Jênifer)
92
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
(10) [...] após a pesquisa [de iniciação científica] fui de intercâmbio e vol-
tei para o meu último ano de curso. (Edgar)
93
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
94
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
(15) [...] posso dizer que por meio dele [Teletandem] desenvolvi conheci-
mentos linguísticos e culturais não só da vivência de mundo dos interagen-
tes, mas também aprendi a ter um novo olhar para com a minha própria
língua/cultura. (Jamile)
(16) Outro aspecto importante que o Teletandem me fez pensar foi a respei-
to da minha própria língua e cultura. Não é fácil explicar certos fenôme-
nos linguísticos que ocorrem tanto no cotidiano, que se torna difícil explicar
o porquê daquilo. (Jênifer)
95
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
(19) Através dessas interações virtuais pude tomar contato direto com a lín-
gua espanhola e com a cultura latino-americana em diferentes nuances – e
tudo isso sem sair de casa. Conheci diferentes pronúncias, expressões co-
loquiais, vocabulário local, entre outras coisas que, até então, eram novas
para mim. Essa rica experiência cultural provocou em mim a curiosidade de
aprender mais sobre o tema da variação linguística do espanhol. (Jênifer)
(20) Após este primeiro contato, tive muitos outros. O curioso é que sempre
foram parceiros (as) argentinas e com isso aquela mudança que disse há pou-
co ganhou formas e se consolidou. Hoje tenho um acento marcadamente
porteño. E fico feliz quando um nativo me pergunta: “¿De qué parte de
Argentina sos? (Denise)
96
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
(23) Tento levar essa experiência para meus alunos e temo por eles não
poderem interagir com nativos hispanos. (Edgar)
(24) Hoje penso que aproveito muito das características em meu projeto e
nas aulas. (Edgar)
Considerações Finais
Como vimos no decorrer da breve análise que aqui apresentamos, mesmo
sendo alunos egressos de períodos diferentes, as histórias presentes em seus
relatos convergiram para questões relevantes, se consideramos o contexto
da formação aqui descrito. Entre esses aspectos coincidentes, enumeramos:
a compreensão do processo de ensino e aprendizagem de línguas e suas
complexidades; o fortalecimento de uma identidade docente e profissional;
e a conscientização da linguagem e seus usos, em relação à língua espanhola
e seu ensino.
Numa perspectiva crítico-reflexiva de formação docente para o uso das
tecnologias (Mayrink; Albuquerque-Costa, 2013), esses “novos espaços”,
97
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
É importante ressaltar que esses espaços, por sua vez, não são fixos e
estanques, mas modificam e são modificados pelas experiências vivenciadas
tanto pelos alunos, quanto por nós, professoras formadoras. Nesse sentido,
consideramos o contexto do teletandem também como uma “experiência de
fronteira”, conforme explicitada por Mendes (2011, 141):
Essas experiências de fronteira, as quais marcam a instância do ‘terceiro es-
paço’ ou entrelugar, incitam ao desejo de reconhecimento de outro lugar
e de outra coisa e fornecem o espaço para a elaboração de estratégias de
subjetivação que possibilitam a criação de novos signos de identidade, ‘[...]
a encenação da identidade como interação, a recriação do eu no mundo da
viagem’. É nesse espaço de troca, de tensão e também de diálogo que emerge
a possibilidade de uma vivência intercultural.
98
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
(28) Longe de utilizar este relato com uma espécie de vaidade que muitas
vezes nos ludibria enquanto profissionais, fico feliz pelos encontros da vida.
Feliz por vários motivos, mas principalmente porque sei que faço o que amo
e que por conta disso sou reconhecida como uma profissional competente,
empenhada e cuja formação, sólida, contribui para a partilha dos saberes.
(Denise)
Referências bibliográficas
Benedetti, Ana Mariza. “Teletandem”. In: Mayrink, Mônica Ferreira; Albuquerque
‑Costa, Heloísa (orgs.). Ensino e aprendizagem de línguas em ambientes virtuais.
São Paulo: Humanitas, 2013, 65-92.
Clandinin, D. Jean; Connelly, Michael. Teachers’ professional knowledge landscapes.
New York: Teachers College Press, 1995.
Kramsch, Claire. “The symbolic dimensions of the intercultural”. In: Language and
Teaching 44 (3), 2011, 354-367.
99
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
100
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
101
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
TDIC e
Andreia
TDIC e formação docente: ampliação da sala de aula, consciência crítica dos Santos Menezes
e autonomia
Andreia dos Santos Menezes
Greice de Nóbrega e Sousa
Doutora (2012) e Mestre (2006)
Rosângela A. Dantas de Oliveira em Letras (Língua Espanhola e Literaturas
formação
Espanhola e Hispano-Americana) pela
Universidade de São Paulo (USP). Possui
bacharelado (1998) e licenciatura (2002)
102
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Keywords: teacher education; This paper presents some reflections about the experiences of using
DICT; digital literacies; critical Digital Information and Communication Technologies (DICT) in the
awareness; autonomy. Bachelor’s Degree in Portuguese and Spanish Language and Literature
(Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, from the Universidade
Federal de São Paulo). These reflections arose from actions performed
by some professors who aimed at providing undergraduate students
with practical experiences and theoretical reflections that can offer
them a more consistent preparation to deal with the contemporary
society’s demands (M. Freire, 2009). The authors believe that
teacher education must include the development of reflective and critical
capacity (Freire, 1979; Dewey 1938/1963; Schön, 1992), as
well as the perspectives for the use of DICT teaching as outlined by
Buzato (2006, 2009), Valente and Silva (2006) and Masetto
(2000). This paper discourses about the mistakes, achievements and
adjustments of the experiences, and their impact on the undergraduate
students and professors.
103
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Introdução
Compartilhamos neste artigo reflexões sobre os resultados de algumas
ações que vêm sendo implementadas no âmbito do curso de Licenciatura
em Letras-Português/Espanhol da Escola de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas (EFLCH) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP),
que têm como objetivo incorporar à formação dos futuros docentes
práticas que os levem a experimentar e a refletir criticamente sobre os
novos procedimentos e novas formas de interação advindas da incorporação
de recursos proporcionados pelas Tecnologias Digitais de Informação e
Comunicação (doravante TDIC) à educação.
O curso em questão teve início em 2009 e o campus em que se localiza a
EFLCH se encontra no bairro dos Pimentas, periferia da cidade de Guarulhos,
São Paulo. Sua criação e implantação se deu no âmbito do Programa de Apoio
a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e
reflete claramente o projeto político de inclusão social que subjaz à expansão
da rede federal de ensino superior nos últimos treze anos1. Não obstante
seus poucos anos de existência, o curso de Letras da EFLCH passou já por
duas reformulações de seu Projeto Pedagógico do Curso (PPC). A primeira
delas, em 2010, foi levada a cabo pelos primeiros docentes a integrar o
curso e tinha como objetivo sanar problemas e incongruências da matriz
curricular do projeto aprovado pelo Conselho Universitário da UNIFESP
1 Mais informações a respeito de alguns aspectos dos momentos iniciais do curso de Letras Portu-
guês-Espanhol da EFLCH podem ser encontradas em Foglia, Martin e Gutiérrez (2014) e em
Oliveira (2014).
104
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
105
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
106
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
107
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Freire, que em sua obra “Pedagogia da Autonomia” afirma que esta “tem de
estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade,
vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade” (Freire, 1996, 41). O
autor entende a autonomia como inerente à identidade do aprendiz, um
direito seu que o professor deve respeitar e colaborar para desenvolver.
Por fim, no que diz respeito à nossa visão sobre o uso das TDIC na
educação, não as consideramos ingenuamente a panaceia que solucionará os
problemas educacionais do país, mas tampouco temos sobre elas uma visão
apocalíptica. Retomando o posicionamento presente na parte referente
aos Conhecimentos de Línguas Estrangeiras das OCEM mencionado
anteriormente, não ignoramos o potencial de exclusão que as TDIC trazem
consigo, especialmente considerando o contexto em que atuamos. Porém,
lembramos com Buzato (2006) que o advento de toda tecnologia, desde
a escrita, passando pela imprensa e pelo automóvel, ao mesmo tempo em
que gera uma massa de excluídos, também traz consigo benefícios que
terminarão incorporados à sociedade. Nesse sentido, “a escrita inaugurou
o analfabetismo como um problema, mas também trouxe formas de
democratizar e massificar o conhecimento” (Buzato, 2006, 1), por exemplo.
E assim também as TDIC, embora produzam desconectados ou excluídos,
também são responsáveis por “novas possibilidades de interagir, colaborar,
representar, expressar identidades e pesquisar que há bem pouco tempo só
existiam para pequenas elites culturais, acadêmicas e econômicas” (idem).
Apoiadas também em Buzato (2009, 22), acreditamos que as iniciativas
que vimos implementando contribuem para proporcionar a nós mesmas e
aos futuros docentes experiências com os letramentos digitais, entendendo
108
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
esse conceito na perspectiva que vem sendo defendida pelo autor, ou seja,
“redes complexas e heterogêneas que conectam letramentos (práticas sociais),
textos, sujeitos, meios e habilidades que se agenciam, entrelaçam, contestam
e modificam mútua e continuamente, por meio, virtude ou influência das
TIC”. No desenho das atividades que proporcionarão essas experiências,
com base em Valente e Silva (2006, 517-8), nossa proposta é levar os alunos
a pensar no uso das TDIC privilegiando seu potencial de interação (“estar
junto virtual”) e não como um depósito de materiais (“Broadcast”) – uso
já estendido entre docentes – ou uma extensão da voz do professor em
instruções e comunicados (“virtualização da escola tradicional”).
Considerando as bases teóricas aqui expostas, refletiremos a seguir
sobre duas experiências de inserção das TDIC em nossa prática docente:
primeiramente o uso do Google Drive e, em seguida, a utilização de alguns
recursos da plataforma Moodle.
2 No semestre em questão, as docentes Andreia dos Santos Menezes e Rosângela A. Dantas de Oli-
veira foram as responsáveis por essas UC.
109
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
110
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Descrição da atividade
Criamos uma pasta do Google Drive chamada “Fundamentos-2015-
alunos” que foi compartilhada entre as professoras supervisoras e os três
3 Esclarecemos que mantivemos TIC por se tratar da reprodução de conteúdos dos planos de ensino
das UC citadas ao longo do texto, porém preferimos o termo TDIC.
111
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
112
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Alguns resultados
Ao final do semestre, solicitamos que os alunos estagiários avaliassem
a UC respondendo um questionário elaborado no aplicativo Formulário
Google. Elencaremos e analisaremos nesta seção alguns resultados que nos
pareceram significativos.
O primeiro deles diz respeito à realização das tarefas envolvidas na
preparação do curso ministrado pelos alunos estagiários. A esse respeito,
atentemos para o seguinte fragmento do comentário da Aluna A:
Eu acredito que a experiência de preparar aulas da regência com a plataforma
do Google foi positiva para mim, pois o grupo de que fazia parte tinha já uma
noção de como atualizar a ferramenta e quando uma tinha dúvidas, a outra au-
xiliava. Também as datas estipuladas para elaboração de planos de aula faziam
com que nos juntássemos mais vezes durante a semana, nem que fosse online,
113
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
para discutir e montar as aulas juntas (na aula de Fundamentos também tínha-
mos esse espaço). (Aluna A)
114
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
115
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
116
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
[...] foi possível de se perceber que muitos comentários em um único arquivo po-
dem acabar atrapalhando em alguns momentos, dificultando a visualização e as
respostas. Também pode acontecer de haver muitas pessoas fazendo comentários
parecidos ou iguais. (Aluna D)
Consideramos que esse trecho indica a não familiaridade dos alunos com
as características das interações não presenciais, tema também já sinalizado
por Leffa (2005), entre outros autores. Como exemplos, podemos citar a
extensão dos comentários que os alunos faziam a seus próprios documentos
ou aos de colegas. Notamos que esses eram frequentemente muito longos ou
não se atinham ao tema debatido. Outras vezes, ao comentar o documento de
outros grupos, os alunos repetiam algo que já havia sido dito anteriormente
por outro colega, o que indica uma maior preocupação em comentar que
em interagir. Vale a pena também citar casos em que os comentários eram
pouco modalizados, chegando, em alguns momentos, a ofender algumas
117
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
118
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
119
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
120
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
com seus interesses. Vale ressaltar que partimos da leitura dos capítulos 1 –
“O professor de língua como mediador cultural” e 2 – “Currículo: proposta
intercultural e discursiva”, do livro Discurso e Cultura na Aula de Língua
(Serrani, 2005). Nos textos citados se trabalha com uma concepção de
currículo multidimensional (Stern, apud Serrani, 2005, 30) no qual os
elementos língua, cultura, comunicação e consciência da linguagem
são priorizados como eixos para o planejamento dos cursos de línguas –
condução essa que coincidia com os objetivos e conteúdos previstos no
plano de ensino de nossa UC. Nessa proposta, postula-se que o ponto de
partida deve ser sempre o contexto do aluno, de uma questão/manifestação
cultural da própria comunidade onde está inserido para chegar ao conteúdo
de língua/cultura alvo.
Essa concepção foi a responsável por fazer acontecer o desenvolvimento
de um caminho próprio de pesquisa que partia da consciência de seu lugar
no mundo: desde o começo do semestre cada aluno teve a oportunidade
de desenvolver seu “sentimento de pertencimento”, ao ter que olhar sua
história de vida (como filhos de migrantes, como moradores da periferia
etc.) com a consciência de uma diversidade cultural brasileira que é
bastante heterogênea. Dessa forma, puderam olhar-se como membros
de uma comunidade linguística que apresenta características linguístico
‑culturais decorrentes de processos sócio-históricos localizados em espaço
e tempo próprios. Como consequência, essa tomada de consciência deixou
evidenciado um ponto de partida diferente para cada um dos alunos da
UC. Ainda que eles se reconhecessem como membros de uma comunidade
da qual muitos outros colegas também faziam parte, a escolha do ponto de
121
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
122
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
123
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
124
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Vale resaltar que tuve algunas dificultades para accesar la plataforma moodle
por causa de la internet, geralmente depiendo de las computadores de la univer-
sidad que no son mucho buenas, pero consguí realizar todas las propuestas del
cronograma. Cómo dijo anteriormente, las clases son pocas, pero busqué formas
125
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
para conseguir realizar de la mejor forma los trabajos que hice. Eso me forneció
conocimentos que desconocía y fue una oportunidad de poner en práctica algunos
conocimientos que tuve en las clases de lengua español y pudo complementar con
los estudios de otras disciplinas no española. O sea, propició un diálogo interdis-
ciplinar entre las disciplinas que hice hasta este momento del curso.
Notamos que na escrita do próprio texto a aluna coloca seus anseios e toma
consciência do progresso alcançado, mesmo tendo que enfrentar algumas
dificuldades. Faz uma reflexão que a mostra numa posição de reavaliação e
reformula sua colocação inicial.
Logo no primeiro parágrafo demonstra reprovação quanto à divisão da
carga horária. Acredita que precisa de uma interação com a língua e com
a cultura que só poderia dar-se em atividades presenciais. O maior desafio
dessa UC foi incentivar a mudança dessa postura, pois, no começo das aulas,
os alunos não se sentiam confortáveis com os encontros não presenciais e
apresentavam uma certa resistência. Para nós, isso se deve à falta da prática
126
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
127
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
128
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
129
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
130
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Considerações finais
A partir da descrição e das reflexões sobre os dois exemplos de integração
dos recursos das TDIC em UC de formação docente, tentamos mostrar
o caminho que vimos percorrendo no sentido de amadurecer ações
relacionadas à incorporação de novas práticas à educação. Ao analisar os
relatos e comentários dos alunos a partir do embasamento teórico que
adotamos, desenvolvemos algumas considerações sobre a forma como as
atividades propostas propiciaram a ampliação da sala de aula, o exercício da
autonomia e a consciência crítica, tanto da atuação e percepção do sujeito
no mundo quanto de seu protagonismo na construção do conhecimento.
Percebemos que um dos aspectos mais importantes dessas experiências
foi o de contribuir para os letramentos digitais de nossos alunos, futuros
professores.
As reflexões levadas a cabo neste artigo também nos possibilitaram
revisitar nossa prática, desconstruir certos imaginários e planejar ações
futuras. Retomando os desafios encontrados, talvez o primeiro deles tenha
sido reconhecer nossas próprias limitações, perder o medo de experimentar,
de errar e de efetivamente aprender ensinando e ensinar aprendendo.
Por fim, tendo em vista o momento histórico em que levamos a cabo a
escrita deste artigo, é impossível concluí-lo sem deixar de mencionar que o
horizonte para as ações futuras decorrentes dessas experiências se encontra,
para dizer o mínimo, cinzento. Em termos quantitativos, o cenário da
oferta de cursos de Licenciatura em Espanhol como Língua Estrangeira em
instituições públicas mudou consideravelmente nos últimos dez anos. O
programa Reuni possibilitou não só um aumento no número de instituições
131
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Referências bibliográficas
Brasil. Parâmetros Curriculares – 3o e 4o Ciclos do Ensino Fundamental – 6a a 9a
séries. 1998. Disponível em: http://www.cpt.com.br/pcn/pcn-parametros-
curriculares-nacionais-do-6-ao-9-ano.
Brasil. Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio. 2000. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf
Brasil. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Volume 1: Linguagens, Código
e suas Tecnologias. 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/
pdf/book_volume_01_internet.pdf
Buzato, Marcelo El Khouri. “Letramentos Digitais e Formação de Professores”. In:
Anais do III Congresso Ibero-Americano Educarede. São Paulo: CENPEC, 2006,
81-86.
Buzato, Marcelo El Khouri. “Letramento e inclusão: do Estado Nação à era das
TIC”. In: Revista DELTA [online], vol.25, n.1. São Paulo: jan-jun/2009, 01-38.
Dewey, John. Experience and Education. New York: Collier Books. 1938/1963.
Foglia, Graciela; Martin, Ivan; Gutiérrez Bottaro, Silvia Etel. “Entre a dor e a delí-
cia: a implantação do curso de Letras/Espanhol na Universidade Federal de São
Paulo”. Revista Eletrônica do Geppele – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Práticas
132
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
133
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
134
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Percepções de
PercepçõesdeprofessoresemformaçãoinicialnamodalidadeadistânciasobrealgunsmateriaisdidáticosdocursodeLetras:leituranopapeleleituranatela
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Patrícia Graciela da Rocha
Rosângela A. Dantas de Oliveira
alguns materiais
Participa de grupos de pesquisa da
USP, UFS e UFMS relacionados ao
ensino e aprendizagem de Espanhol
136
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Palavras-chave: formação de O presente artigo tem por objetivo relatar e discutir como os alunos
professores; educação a distância; do curso de Letras Português e Espanhol, na modalidade a distância,
leitura; material didático. da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), acessam
os conteúdos de Língua Espanhola explicitados em alguns materiais
didáticos disponibilizados. Eles leem na tela ou leem no papel?
Que suporte utlizam com mais frequência para abrirem determinados
arquivos? Como avaliam a disponibilização dos materiais? De modo
geral, verificamos que a maioria dos graduandos prefere ainda a leitura
no papel. Para acessar os arquivos digitais, utilizam com mais frequência
o notebook e o computador de mesa. A maioria deles avalia
positivamente a oportunidade de receber material impresso, como o
livro do aluno, por exemplo. Os dados coletados apontam para a
necessidade de outras pesquisas, uma vez que, devido aos cortes
orçamentários, os materiais impressos não serão mais reproduzidos pela
instituição.
Keywords: teacher education; The main goal of this paper is to report and discuss how students from
distance learning; reading; a distance learning Language and Literature course from Universidade
teaching resources. Federal de Mato Grosso do Sul access the contents available in
some learning resources produced in Spanish. Do they read them
on screen or on paper? What kind of media do they usually use to
open the course files? How do they evaluate the way the course
materials are made available? In general, we found that most of the
students still prefer reading from paper. In order to access digital files,
they frequently use laptops and desktops. Most of the students
positively evaluate the opportunity of receiving printed material from
the university, such as textbooks. The data obtained in this study
suggest the need of further research, since printed textbooks will be no
longer produced by the university anymore due to budget cutbacks.
137
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Percepções de professores em formação inicial na modalidade a distância sobre alguns materiais didáticos do
curso de Letras: leitura no papel e leitura na tela
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Patrícia Graciela da Rocha
Considerações iniciais
O presente estudo é resultado parcial de investigações que estão sendo
desenvolvidas no âmbito do projeto intitulado “Formação de professores
e ensino de Espanhol em Mato Grosso do Sul”1, vinculado ao Grupo de
Estudos em Formação de Professores na Educação a Distância (GEForPED),
cadastrado no Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento
Tecnológico (CNPq). O trabalho tem por objetivo apresentar e analisar
as percepções dos professores em formação inicial, dos quartos, sextos e
sétimo semestres do curso de Licenciatura em Letras Português e Espanhol,
na modalidade a distância, da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul (UFMS), sobre como leem (no papel ou na tela) e que suporte é usado
com mais frequência para acessar alguns materiais didáticos utilizados
na graduação, tais como o livro do aluno, também denominado guia de
estudos, as videoaulas e o Guia Didático do Aluno (GDA), arquivo digital
que apresenta o plano de ensino, as atividades a serem postadas, a forma de
avaliação, o cronograma dos encontros, das avaliações presenciais e do envio
das tarefas.
Para tanto, apresentamos, inicialmente, dados a respeito do curso
mencionado, ofertado em nossa instituição. Na sequência, na fundamentação
teórica, discutimos alguns aspectos relacionados às especificidades do
material didático para cursos na modalidade a distância e determinadas
1 Os objetivos gerais do projeto são analisar e avaliar os processos de formação inicial e continuada
de professores de Espanhol em diferentes modalidades (presencial, a distância e de pedagogia da
alternância) e contribuir com pesquisas na área de ensino e aprendizagem do idioma para melhor
qualificar o processo de formação de professores.
138
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
139
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Percepções de professores em formação inicial na modalidade a distância sobre alguns materiais didáticos do
curso de Letras: leitura no papel e leitura na tela
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Patrícia Graciela da Rocha
Número
Regiões de cursos Nome dos cursos – instituições/estados
ofertados
4 Os cursos de dupla habilitação são denominados de diferentes formas: Letras Português e Es-
panhol; Letras Português-Espanhol; Letras Língua Portuguesa, Língua Espanhola e respectivas
Literaturas. Os dados estão disponíveis em: <http://sisuab.capes.gov.br/sisuab/PesquisasUAB/
ConsultaCursos.action>. Acesso em: 30 set. 2016.
5 Denominados Letras Espanhol ou Letras Língua Espanhola. Os dados estão disponíveis em:
<http://sisuab.capes.gov.br/sisuab/PesquisasUAB/ConsultaCursos.action>. Acesso em: 30 set.
2016.
140
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Número
Regiões de cursos Nome dos cursos – instituições/estados
ofertados
141
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Percepções de professores em formação inicial na modalidade a distância sobre alguns materiais didáticos do
curso de Letras: leitura no papel e leitura na tela
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Patrícia Graciela da Rocha
7 Diferentemente de algumas instituições públicas que aderiram ao sistema UAB, a UFMS abriu
concurso público visando a seleção e efetivação de docentes que atuassem, preferencialmente, nos
cursos de Ciências Biológicas, Letras, Matemática e Pedagogia, na modalidade a distância. Esses
profissionais foram, inicialmente, vinculados e instalados no prédio da Coordenadoria de Edu
cação Aberta e a Distância (CED) da instituição. Em 2011, os professores passaram a ser lotados
em seus respectivos centros, escolas, faculdades e institutos. A partir de 2016, esse grupo de pro-
fessores deixou as salas da CED para dividir espaços com colegas dos cursos presenciais. Notamos
que, paulatinamente, está ocorrendo um processo de integração dos docentes que atuam nas duas
modalidades.
142
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
143
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Percepções de professores em formação inicial na modalidade a distância sobre alguns materiais didáticos do
curso de Letras: leitura no papel e leitura na tela
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Patrícia Graciela da Rocha
8 Na primeira oferta do curso, houve uma turma matriculada no polo de apoio presencial do
município de Apiaí, localizado no estado de São Paulo. A partir de 2012, ou seja, após a conclu-
são da primeira oferta do curso, a Coordenadoria de Educação a Distância da UFMS passou a
propor todos os cursos de licenciaturaatéentão ofertados (Pedagogia, Matemática, Letras e Ciên-
cias Biológicas) somente nos polos localizados em Mato Grosso do Sul, deixando de desenvolver
esses cursos nos estados de São Paulo e Paraná.
9 Dentre as dificuldades discutidas constam: a má qualidade dos transportes coletivos e de alguns
hoteis, a falta de transporte e a dificuldade de acesso a uma alimentação adequada em várias cida-
des onde estão localizados os polos de apoio presencial, além de outros problemas como a baixa
qualidade da internet, a falta de espaço físico na Coordenadoria de Educação Aberta e Distância
(CED) para ministrar as aulas on-line, entre outras.
144
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
10 Dentre os resultados obtidos destacamos: (a) 75% dos respondentes disseram que as disciplinas
de Estágios Obrigatórios contribuíram muito para seu desempenho profissional; (b) 63% ava-
liaram como ótima a graduação concluída e 29%, como boa; (c) 95% afirmaram que o curso
contribuiu muito para seu desenvolvimento pessoal e cultural. Além disso, verificamos que cerca
de metade dos respondentes está atuando como professor de Língua Portuguesa e/ou de Língua
espanhola, alguns estão também atuando como tutores presenciais, supervisores do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e outros ainda defenderam as dissertações
em mestrados na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e na Universidade Estadual de
Mato Grosso do Sul. Dessa forma, é inegável a importância da proposta da UAB no que se refere
à interiorização do ensino superior, ainda que sejam necessários mais estudos e investimentos
para melhor qualificar essa formação.
145
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Percepções de professores em formação inicial na modalidade a distância sobre alguns materiais didáticos do
curso de Letras: leitura no papel e leitura na tela
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Patrícia Graciela da Rocha
146
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
147
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Percepções de professores em formação inicial na modalidade a distância sobre alguns materiais didáticos do
curso de Letras: leitura no papel e leitura na tela
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Patrícia Graciela da Rocha
148
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Além disso, não necessitamos mais de iluminação local, uma vez que,
ligados, os aparelhos emitem luz.
Ainda que a tecnologia esteja gradativamente mais acessível, segundo Jabr
(2013), com base em resultados de pesquisas desenvolvidas na década de
90, a leitura no papel ainda parece ser mais favorável ao aprendizado. Para
o pesquisador, porque fomos alfabetizados usando lápis e caderno, ou seja,
temos a educação calcada na cultura grafocêntrica, a leitura na tela pode
dificultar a memorização de informações ao não promover essa experiência
tátil com o papel. Sobre isso, Jabr (2013, 44) sintetiza:
149
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Percepções de professores em formação inicial na modalidade a distância sobre alguns materiais didáticos do
curso de Letras: leitura no papel e leitura na tela
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Patrícia Graciela da Rocha
Metodologia
150
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
11 O Google Docs é uma ferramenta totalmente livre, tem um processador de texto baseado
na web, folha de cálculo, apresentações e construção de formulários.
12 Sabemos que alguns desses alunos são desistentes ou desligados do curso, porém como ainda
não há um documento formalizando tal desligamento, eles continuam cadastrados no Moodle e,
portanto, são considerados discentes do curso.
13 Não há nenhum tipo de identificação pessoal do participante, apenas solicitamos a idade do
acadêmico.
151
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Percepções de professores em formação inicial na modalidade a distância sobre alguns materiais didáticos do
curso de Letras: leitura no papel e leitura na tela
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Patrícia Graciela da Rocha
152
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Gráfico 2 – Sobre a frequência de uso de determinados suportes para ler os arquivos digitais
(GDA, videoaulas, livros didáticos)
153
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Percepções de professores em formação inicial na modalidade a distância sobre alguns materiais didáticos do
curso de Letras: leitura no papel e leitura na tela
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Patrícia Graciela da Rocha
154
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
155
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Percepções de professores em formação inicial na modalidade a distância sobre alguns materiais didáticos do
curso de Letras: leitura no papel e leitura na tela
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Patrícia Graciela da Rocha
156
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
todo o GDA e algum tipo de material que será usado em aula e na atividade
a distância, pois com o material em mãos parece que a leitura dá rendimento
e fica fácil de retomar algum ponto para esclarecer dúvidas. Entretanto al-
guns módulos não disponibilizam livro impresso só digital, sendo assim, de
modo geral, eu considero muito importante a versão impressa de qualquer
material referente ao módulo em questão e os outros que virão também. As
videoaulas, eu assisto várias vezes e considero estas muito importantes para
nosso aprendizado como acadêmicos, trazem explicações e ajudam muito a
compreender o conteúdo. (participante 3).
Acredito que os materiais do curso são muitos bons, porém é sempre neces-
sário pesquisarmos em outras fontes para ampliarmos o nosso conhecimen-
to. (participante 4).
157
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Percepções de professores em formação inicial na modalidade a distância sobre alguns materiais didáticos do
curso de Letras: leitura no papel e leitura na tela
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Patrícia Graciela da Rocha
Ponderações finais
É importante mencionarmos mais uma vez que o curso em questão
já não disponibiliza livros impressos aos seus alunos desde 2015. Isso se
deve ao fato de que não há mais fomento do sistema UAB/Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), destinado
especificamente para a produção, reedição e impressão de materiais
158
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
159
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Percepções de professores em formação inicial na modalidade a distância sobre alguns materiais didáticos do
curso de Letras: leitura no papel e leitura na tela
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Patrícia Graciela da Rocha
Referências bibliográficas
Almeida, Maria de Fátima Xavier da Anunciação; Burigato, Sonia Maria Monteiro
da Silva; Kanashiro, Daniela Sayuri Kawamoto; Noal, Miran Lange; Rocha,
Patrícia Graciela da; Tartarotti, Ester (2014). ‘Você está me ouvindo?’ As con-
dições de trabalho docente na EAD. In: Simpósio Internacional de Educação
a Distância e Encontro de Pesquisadores em Educação a Distância, 2014, São
Carlos. Anais do SIED: EnPED, 2014, 1-12. http://www.sied-enped2016.ead.
ufscar.br/ojs/index.php/2014/article/view/566/341
Baptista, Lívia Márcia Tiba Rádis Baptista. “O ensino da escrita em ambiente vir-
tual de aprendizagem (AVA)”. In: Araújo, Júlio; Araújo, Nukácia (Orgs.). EaD
em tela: docência, ensino e ferramentas digitais. Campinas/SP: Pontes Editores,
2013, 139-158.
Brasil. SEED/MEC. Referenciais de Qualidade para Educação Superior à Distância.
Brasília: Ministério da Educação, 2007. http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/
pdf/legislacao/refead1.pdf
Bruyne, Paul de; Herman, Jacques e Schoutheete, Marc de. Dinâmica da pesquisa
em ciências sociais. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991.
Cabral, Ana Lúcia Tinoco. “Produção de material para cursos a distância: coesão
e coerência”. In: Marquesi, Sueli Cristina, Elias, Vanda Maria da Silva; Cabral,
Ana Lúcia Tinoco (Orgs.). Interações virtuais: perspectivas para o ensino de Lín-
gua Portuguesa a distância. São Carlos: Claraluz, 2008,157-170.
Chartier, Roger. Aventura do livro ao navegador. São Paulo: UNESP, 1998.
Eres Fernández, I. Gretel M. Relatório final de pesquisa não financiada. Pró-Reitoria
de Pós-Graduação da USP. São Paulo, 2012. http://www4.fe.usp.br/wp-
content/uploads/cepel/materiales-didacticos-de-espanol-informe.pdf
Gatti, Bernardete. ”Critérios de qualidade”. In: Almeida, Maria Elizabeth
Bianconcini e Moran, José Manuel. Integração das Tecnologias na Educação.
160
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
161
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
162
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Keywords: Spanish; courtesy; The article discusses the impact of digital networks in the ways
social network young people socialize today and reflects on the teaching of courtesy
strategies (Escandell-Vidal, 1995; Álvarez Muro, 2005) in
Spanish language, considering some activities developed by pre-
service teachers during their supervised practice. The initial results
suggest that these activities bring the students into a closer contact
with the foreign language and contribute to increase their cultural
repertoire and to develop an intercultural vision without stereotypes.
Palavras-chave: espanhol; O artigo problematiza os impactos das redes sociais digitais nas formas
cortesia; redes sociais. de sociabilidade dos jovens atuais e discute o ensino de estratégias
de cortesia (Escandell-Vidal,1995; Álvarez Muro, 2005) em
língua espanhola a partir de propostas de atividades desenvolvidas
por futuros professores em situações de estágio supervisionado.
Os resultados iniciais evidenciam que as atividades favorecem a
aproximação dos alunos com a língua estrangeira e contribuem para o
incremento de repertório cultural e para o desenvolvimento de uma
visão intercultural que ultrapassa estereótipos.
163
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Impactos das redes sociais nas práticas linguísticas: (re)pensando atividades para o ensino de estratégias de
cortesia em língua espanhola
Isadora Valencise Gregolin
Introdução
Nossa experiência docente com formação de professores de língua
espanhola em uma universidade pública do interior de São Paulo, tanto em
projetos de extensão como na oferta de disciplinas de estágio supervisionado,
tem nos possibilitado maior aproximação com as demandas das escolas
públicas da cidade em que se encontra a universidade. Uma das demandas
que tem sido objeto de preocupação nesses contextos é o uso de tecnologias
no ensino de línguas.
As situações de ensino desenvolvidas nas escolas parceiras têm nos levado
a refletir sobre possibilidades didáticas e temos deslocado nossa preocupação
de pensar metodologias de ensino com tecnologias para pensarmos o
ensino de línguas para a geração atual de alunos, já usuários de (“novas”)
tecnologias.
Essa mudança de perspectiva tem permitido que futuros professores
de língua espanhola reflitam sobre o papel social do professor de línguas
e os impactos que as tecnologias digitais imprimem nas novas formas de
sociabilidade atuais, desnaturalizando nossa relação com os objetos e aparelhos
tecnológicos, o que tem contribuído para uma melhor compreensão sobre
questões de ordem ética, política e pedagógica da profissão docente.
No presente artigo, apresentamos brevemente nosso projeto de estágio
supervisionado, focalizando os impactos das redes sociais digitais nas formas
de sociabilidade dos jovens atuais e discutimos em que medida o trabalho
com as estratégias de cortesia pode ser (re)pensado para o ensino de língua
espanhola a partir de propostas de atividades desenvolvidas por futuros
professores em situações de estágio supervisionado.
164
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
165
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Impactos das redes sociais nas práticas linguísticas: (re)pensando atividades para o ensino de estratégias de
cortesia em língua espanhola
Isadora Valencise Gregolin
166
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Essa definição nos parece adequada a nosso contexto, uma vez que nosso
foco de atenção estará voltado para os impactos das redes sociais, que
integram linguagens multimodais em suas práticas socioculturais. Também
compartilhamos da afirmação de Signorini (2012) de que a:
(...) questão dos letramentos multi-hipermidiáticos tem permanecido sub-
mersa, ou pelo menos invisível, nos cursos de formação em Letras. Da mes-
ma forma, fica mais evidente a necessidade de uma inserção mais efetiva
e esclarecida dos formadores e formandos em Letras nos debates sobre os
167
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Impactos das redes sociais nas práticas linguísticas: (re)pensando atividades para o ensino de estratégias de
cortesia em língua espanhola
Isadora Valencise Gregolin
novos letramentos que invadiram o cotidiano, mas que ainda não são efe-
tivamente objetos de reflexão e ensino. Acreditamos que tal inserção po
derá contribuir para uma melhor qualificação dos futuros profissionais que
enfrentarão (ou já estão enfrentando) o desafio de levar seus alunos a se
apropriarem desses letramentos enquanto cidadãos – ou seja, enquanto in-
divíduos capazes de fazer ligações mais profícuas entre linguagem, saber e
poder –, e não apenas enquanto consumidores de produtos tecnológicos.
(Signorini, 2012, 282-83).
168
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
169
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Impactos das redes sociais nas práticas linguísticas: (re)pensando atividades para o ensino de estratégias de
cortesia em língua espanhola
Isadora Valencise Gregolin
para evitar ou reduzir conflitos, tanto pelo próprio indivíduo quanto pelo
interlocutor. No caso das interações em língua materna, nem sempre o
jovem se dá conta de que determinados usos da língua podem produzir
efeitos de distanciamento e/ou descortesia na interação. E, quando é levado a
raciocinar sobre elementos da língua estrangeira (espanhola), a proximidade
entre as línguas pode levar a uma “percepção” da cordialidade em pontos
equivocados do sistema linguístico. Álvarez Muro (2005) complementa essa
noção de cortesia ao defender que se trata de:
Um contrato recíproco no qual os participantes em uma interação cons-
troem e defendem mutuamente sua face. Os que fundamentam a cortesia
sobre o conceito de imagem se baseiam na ideia de que os falantes adultos
de uma sociedade têm uma imagem favorável ou querem construir e con-
servar e sabem que os demais também a têm [...] É função da cortesia tratar
de evitar a violação dessa imagem. Os ‘incidentes’ são incompatíveis com
as normas sociais e são considerados ameaças, porque criam um estado de
‘desequilíbrio ritual ou desgraça’ que obriga a sua rápida reparação (Álvarez
Muro, 2005, 103-104). (Tradução nossa)2.
2 “(…) un contrato recíproco en el que los participantes en una interacción construyen y defienden
mutuamente su rostro. Quienes fundamentan la cortesía en el concepto de imagen se basan en la
idea de que los hablantes adultos de una sociedad tienen una imagen favorable o que quieren cons-
truir y conservar, y saben que los demás también lo tienen [...]. Es la función de la cortesía tratar
de evitar la violación de esta imagen. Los ‘incidentes’ son incompatibles con las normas sociales y
se consideran amenazas, porque crean un estado de ‘desequilibrio ritual o desgracia’ que obliga a
su pronta reparación” (Álvarez Muro, 2005, 103-104).
170
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
171
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Impactos das redes sociais nas práticas linguísticas: (re)pensando atividades para o ensino de estratégias de
cortesia em língua espanhola
Isadora Valencise Gregolin
172
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
173
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Impactos das redes sociais nas práticas linguísticas: (re)pensando atividades para o ensino de estratégias de
cortesia em língua espanhola
Isadora Valencise Gregolin
174
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
tas tecnológicas que se fazem cada vez mais presentes no processo de ensinar
e aprender línguas. Essa presença, desejada por alguns e temida por outros,
não está livre de ambiguidades, muito pelo contrário (Soto; Mayrink; Gre-
golin, 2009, 9).
Referências Bibliográficas
Amigues, René “Trabalho do professor e trabalho de ensino”. In: Machado, Anna
Rachel. O ensino como trabalho: uma abordagem discursiva. Londrina: Eduel,
2004.
Álvarez Muro, Alexandra Cortesía y descortesía. Teoría y praxis de un sistema de signi-
ficación. Mérida, Venezuela: Universidad de Los Andes, 2005.
Barbovski, Monica. “Habilidades e técnicas e o enfrentamento abusivo de dados
pessoais e agressão entre pares em redes sociais”. In: Brasil. Pesquisa sobre o uso
da internet por crianças e adolescentes no Brasil: TIC Kids Online Brasil 2014.
São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2015. p. 31-36. Disponível
em: http://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/2/TIC_Kids_2014_livro_
eletronico.pdf Acesso em: 10.out.2016.
175
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Impactos das redes sociais nas práticas linguísticas: (re)pensando atividades para o ensino de estratégias de
cortesia em língua espanhola
Isadora Valencise Gregolin
Brasil. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Linguagens, códigos e suas tec-
nologias. Brasília: Ministério da Educação, 1999. Disponível em: http://portal.
mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/linguagens02.pdf. Acesso em: 10 fev.2014.
____. Diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da educação bá-
sica em nível superior curso de licenciatura de graduação plena. Brasília: Ministé-
rio da Educação, 2002. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/
pdf/009.pdf Acesso em: 15 fev.2014.
____. Pesquisa sobre o uso da internet por crianças e adolescentes no Brasil: TIC Kids
Online Brasil. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2015. Disponí-
vel em: http://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/2/TIC_Kids_2014_livro_
eletronico.pdfAcesso em: 10.out.2016.
____. Orientações curriculares para o ensino médio: linguagens, códigos e suas tecno-
logias. Brasília: Ministério da Educação, 2006. Disponível em: http://portal.
mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf Acesso em: 10
fev.2014.
Canclini, Nestor García. “Culturas híbridas y estrategias comunicacionales”. In:
Estudios sobre las Culturas Contemporaneas, 109 Época II. Vol. III. Num. 5,
Colima, junio 1997, p. 109-128.
Castells, Manuel. A sociedade em rede. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
Cope, Bill; Kalantzis, Mary. “Aprendizaje ubicuo”. In: Ubiquitous Learning. Ex-
ploring the anywhere/anytime possibilities for learning in the age of digital media.
Champaign: University of Illinois Press, 2009. Tradução: Emilio Quintana.
Disponível em: http://www.nodosele.com/blog/wp-content/uploads/2010/03/
Cope_Kalantzis. Aprendizaje ubicuo.pdf. Acesso em: 09.jul.2016
Escandell-Vidal, María Victoria “Cortesía, fórmulas convencionales y estrategias
indirectas”. In: Revista Española de Lingüística, 25,1, 1995. p.31-66. Dispo-
nível em: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/41313.pdf Acesso em:
06.nov.2016.
176
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
177
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Impactos das redes sociais nas práticas linguísticas: (re)pensando atividades para o ensino de estratégias de
cortesia em língua espanhola
Isadora Valencise Gregolin
tora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. Disponível em: http://
static.scielo.org/scielobooks/px29p/pdf/soto-9788579830174.pdf Acesso em:
14.out.2016.
Soto, Ucy; Gregolin, Isadora Valencise; Rozenfeld, Cibele. “A formação inicial
de professores de línguas: ações virtuais colaborativas para a articulação teo-
ria-prática-reflexão”. In: Silva, Kleber Aparecido; Genova, Daniel Fatima; Ka-
neko-Marques, Sandra Mari; Biombo, Ana Cristina. A formação de professores
de línguas: novos olhares. Volume 2. Campinas, SP: Pontes, 2012. p.261-282.
178
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line
Luciana Maria Libório Eulálio
Patrícia Graciela da Rocha
Rosângela A. Dantas de Oliveira
Información y
Comunicación y
la Enseñanza del
Español on line: un
análisis de discursos
de las disciplinas Mestre em Linguística na área
de Estudos de Linguagem pela
UAB-UESPI
Educação Continuada e a Distância
pela UAB-UnB. É Professora
Assistente I do quadro efetivo
do curso de Licenciatura Plena em
Letras Espanhol da Universidade
Luciana Maria Libório Eulálio Estadual do Piauí (UESPI). Possui
experiência na área de Educação a
Distância (EaD) onde desenvolveu
atividades como tutora, professora
pesquisadora e formadora atuando
Recebido em: 20 de outubro de 2016 na plataforma Moodle.
Aceito em: 20 de dezembro de 2016 Contato: lueulalio@hotmail.com
180
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Keywords: Spanish; discourse; This article presents a comparative analysis of the discourses produced
online education. in the disciplines Culture of Spanish-speaking people, Supervised
Practice IV, Spanish Literature I and Spanish Language IV, which
are part of the Language Arts (Spanish) online course offered by
UAB-UESPI. It focuses on the production of meanings about the
methodology of Spanish teaching at the level of an undergraduate
online course. To do so, it analyzes the presence of enunciation
strategies in the way these disciplines show, interact and seduce
students. The study adopts the Discourse Analysis as its methodological
and theoretical orientation and is developed following a qualitative
and interpretative approach. In order to discuss the concepts of
distance education, network society, technology, digital literacy and
virtual environment, we rely upon the reflections proposed by Kenski
(2007), Preti (2005), Castells (1999), Dalmonte (2009)
Lévy (1993), Snyder (2009) . Besides, we discuss the studies
developed by Bakthin (2003), Foucault (2009), Joly (2005)
and Pinto (2002) to better understand the concepts of language,
subject, enunciative heterogeneities and speeches. Finally, we consider
the Theory of Social Discourses proposed by Pinto (2002), and
the concept of Reading Contract developed by Verón (2004).
Palabras Clave: español; Este artículo presenta un análisis comparativo de los discursos
discurso; educación on line. producidos por las disciplinas virtuales Cultura de los Pueblos de
lengua Española, Pasantía supervisada IV, Literatura Española I y
Lengua Española IV del curso de Letras Español a distancia de la
UAB-UESPI. Su objetivo central es investigar cómo se construyeron
los sentidos sobre la metodología de enseñanza del español a nivel de
un curso de graduación vía internet, analizando cuáles son las estrategias
181
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line: un análisis de discursos de las
disciplinas virtuales del curso de Letras Español a distancia de la UAB-UESPI
Luciana Maria Libório Eulálio
182
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Introducción
Los cambios paradigmáticos han revelado varias tendencias del mundo
actual y una de ellas es la educación, que busca la formación integral de
los individuos, futuros profesionales de las más diferentes áreas. El sector
educacional brasileño sintió esa necesidad de modo más intenso a partir
de la nueva Ley de Directrices de Base de la Educación – LDB (Demo,
1997), y de los Parámetros Curriculares Nacionales – PCN establecidos por
el Ministerio de la Educación. Primero, el decreto del MEC 2.253 del 18
de octubre de 2001 pasó a garantizar que las universidades pudieran ofrecer
por lo menos un 20% de sus disciplinas regulares en la modalidad online, lo
que ya nos enseña la génesis de la educación a distancia on line en Brasil. A
continuación vino el decreto 4.059\2004 y el Decreto 5.622\2005, dando a
las Instituciones de Enseñanza Superior (IES) la oportunidad de trabajar sus
contenidos vía radio, televisión, computadora e internet (on line).
El objetivo de este artículo es investigar cómo se construyen en la
actualidad los discursos sobre las nuevas formas de enseñar por internet,
considerando que las plataformas de lenguaje computacional abrigan esos
varios discursos y también funcionan como elementos de mediación de la
relación disciplina versus profesor versus alumno. Para ello analizaremos las
disciplinas virtuales Cultura de los Pueblos de lengua Española, Pasantía
supervisada IV, Literatura Española I y Lengua Española IV del curso de
Letras Español a Distancia de la UAB-UESPI.
Según Castells (1999), en las economías capitalistas se adoptaron
medidas que llevan a un nuevo orden y forma de mantener el capital a
través de sus procesos de globalización presentes en sus diversos sectores
183
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line: un análisis de discursos de las
disciplinas virtuales del curso de Letras Español a distancia de la UAB-UESPI
Luciana Maria Libório Eulálio
1 Sob o paradigma informacional emerge uma nova cultura onde as expressões e a criatividade
humana são padronizadas e (hiper)ligadas em um hipertexto eletrônico global que modifica subs-
tancialmente as formas sociais de espaço e tempo (...) (Ruiz, 2002, 5)
184
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
185
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line: un análisis de discursos de las
disciplinas virtuales del curso de Letras Español a distancia de la UAB-UESPI
Luciana Maria Libório Eulálio
2 A educação, no contexto do novo paradigma, não pode mais ser pensada como um sistema fe-
chado. Como prática social, precisa ser pensada em relação a outras práticas, em um determinado
contexto sócio-econômico, político e cultural; portanto, como um sistema aberto. Como institui-
ção social, intersecta-se sob vários aspectos, com a sociedade como um todo, estando sujeita aos
mesmos movimentos econômicos, culturais e políticos dela. (Preti, 2005, 56).
186
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
3 Um mundo como o atual, em que a tecnologia ocupa posição-chave, produz pessoas tecnológicas,
afinadas com a tecnologia [...]. As pessoas tendem a considerar a tecnologia como algo em si, como
fim em si mesmo, como uma força com vida própria [...] Os Meios – e a tecnologia é a essência dos
meios para a autorrepresentação da espécie humana – são fetichizados, porque as finalidades – uma
existência digna do ser humano – são encobertas e arrancadas do consciente humano (Pucci, 2006,
52).
187
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line: un análisis de discursos de las
disciplinas virtuales del curso de Letras Español a distancia de la UAB-UESPI
Luciana Maria Libório Eulálio
188
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Metodología de la investigación
Esa investigación adopta como perspectiva teórico-metodológica la del
Análisis de Discursos y es de tipo cualitativa e interpretativista, a través
de la cual buscamos verificar las estrategias de enunciación presentes en
el modo de decir de las disciplinas, e identificar en sus enunciadores la
construcción de sus imágenes (yo discursivo), de la imagen del aluno virtual
(tú discursivo), y su relación en y por los discursos. El corpus fue constituido
por cuatro disciplinas virtuales del curso de Letras Español a Distancia de
la UAB-UESPI: Cultura de los Pueblos de lengua Española, Pasantía
supervisada IV, Literatura Española I e Lengua Española IV disponibles
en la Plataforma Moodle en los períodos de 2014 a 2015.
El análisis de esas disciplinas se dará desde los tres niveles contextualización
vistos en Pinto (2002): el contexto situacional inmediato (la superficie
textual de la disciplina dispuesta en la plataforma); el contexto institucional
(disciplina virtual de un curso superior on line de Letras Español) y el
contexto histórico-cultural (la era de la digitalización de la información
4 Plataforma creada en 2001 por el científico y educador Martin Dougiarmas como sistema de
administración de actividades educacionales en ambientes virtuales con comunidades on line. Se
trata de un sistema en la lengua inglesa denominado Open Source, que significa abierto, libre y
gratuito.
189
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line: un análisis de discursos de las
disciplinas virtuales del curso de Letras Español a distancia de la UAB-UESPI
Luciana Maria Libório Eulálio
190
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
191
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line: un análisis de discursos de las
disciplinas virtuales del curso de Letras Español a distancia de la UAB-UESPI
Luciana Maria Libório Eulálio
Análisis de los discursos producidos por las disciplinas virtuales del Curso de Letras Español
a Distancia de la UESPI según la Teoría de los Discursos Sociales.
192
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
193
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line: un análisis de discursos de las
disciplinas virtuales del curso de Letras Español a distancia de la UAB-UESPI
Luciana Maria Libório Eulálio
194
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
195
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line: un análisis de discursos de las
disciplinas virtuales del curso de Letras Español a distancia de la UAB-UESPI
Luciana Maria Libório Eulálio
196
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
197
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line: un análisis de discursos de las
disciplinas virtuales del curso de Letras Español a distancia de la UAB-UESPI
Luciana Maria Libório Eulálio
198
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
199
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line: un análisis de discursos de las
disciplinas virtuales del curso de Letras Español a distancia de la UAB-UESPI
Luciana Maria Libório Eulálio
200
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
201
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line: un análisis de discursos de las
disciplinas virtuales del curso de Letras Español a distancia de la UAB-UESPI
Luciana Maria Libório Eulálio
202
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
203
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line: un análisis de discursos de las
disciplinas virtuales del curso de Letras Español a distancia de la UAB-UESPI
Luciana Maria Libório Eulálio
Consideraciones finales
Como consideraciones finales y retomando la hipótesis propuesta,
podemos considerar que esta se confirma ya que las representaciones
didáctico-pedagógicas identificadas en las disciplinas relacionadas a la
enseñanza del español, literatura, cultura y lengua española sugieren
diferentes construcciones de sentido por la relación de conflictos entre sus
enunciadores al interior de la formación discursiva de la Educación on line
en virtud de las siguientes evidencias:
204
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
205
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Tecnologías de Información y Comunicación y la Enseñanza del Español on line: un análisis de discursos de las
disciplinas virtuales del curso de Letras Español a distancia de la UAB-UESPI
Luciana Maria Libório Eulálio
Referencias bibliográficas
Adorno, T.W. Educação e Emancipação. Tradução Wolfgang Leo Maar. Rio de Ja-
neiro: Paz e Terra, 1995.
Bakhtin. Mikhail. “Os gêneros dos discursos”. In: Estética da criação verbal. Tradu-
ção de Paulo Bezerra. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Castells, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz
e Terra, 1999, vol. 1.
Dalmonte, Edson Fernando. Pensar o discurso no webjornalismo. Salvador: EDU-
FBA, 2009.
Demo, Pedro. A nova LDB. Ranços e Avanços. Campinas, SP: Papirus, 1997. (Co-
leção Megistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
Foucault, Michel. A Ordem do Discurso – aula inaugural no College de France,
pronunciadaem2 de dezembro de 1970.19ª ed. São Paulo: Loyola, 2009.
______________. Microfísica do poder. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
Joly, M. Introdução à análise de imagens. 9. ed. Campinas, SP: Papirus, 2005.
Kenski, Moreira Vani. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campi-
nas-SP: Papirus, 2007.
206
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Lévy, Pierre. “Educação e Cybercultura”. In: Lévy, Pierre, Cybercultura. Paris: Odle
Jacob,1993.
Pêcheux, Michel. O discurso. Estrutura ou acontecimento. Campinas: Pontes, 2008.
Pinto, Milton José. Comunicação e Discurso. 2a ed. São Paulo: Hacker Editoras,
2002.
Pucci, Bruno. “Da ambivalência da Educação a Distância: reflexões”. In: Silva,
Marco; Pesce Lucila; Zuin, Antônio (Orgs). Educação on line. Cenário, formação
e questões didático-metodológicas. Rio de Janeiro: Wak Ed, 2010.
Preti, Oreste (Org.). Educação a Distância: sobre discursos e práticas. Brasília: Líber
Livro Editora, 2005.
Ruiz, Osvaldo Lopes. “Manuel de Castells e a ‘era da informação’”. In: Com Ciên-
cia Eletrônica de Jornalismo Científico, n.30, 2002. Disponível em: http://www.
comciencia.br/reportagens/internet/net16.htm
Snyder, Ilana. “Ame-os ou deixe-os: navegando no panorama de letramentos em
tempos digitais”. In: Araújo, Júlio César; Dieb, Messias (Org.). Letramentos na
web: gêneros, interação e ensino. Fortaleza: UFC, 2009.
Verón, Eliseo. Fragmentos de un tejido. Barcelona: Gedisa, 2004.
207
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Clases invertidas en
el aprendizaje de
lenguas adicionales: Doutoranda na área de Educação,
208
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Palabras clave: tecnología; Este artículo describe una experiencia llevada a cabo en la Universidad
video clases; lenguas extranjeras de Integración Latinoamericana (UNILA) con estudiantes del Ciclo
Común de Estudios, estudiantes de español como lengua extranjera
de las carreras de Antropología, Diversidad Cultural y Latinoamericana
y de Historia de América Latina, los dos de un nivel básico en los
estudios del español. La experiencia tuvo como base el concepto
de “clases invertidas”, en la que se trabajó con videos fuera del
espacio formal y con la denominada pedagogía por proyectos durante
el espacio formal de las clases. Así, tras una exposición teórica en
la que se presentan algunos conceptos clave que nos permitieron
desarrollar la metodología de enfoques por proyectos con el soporte
de las clases invertidas, pasamos a describir la propuesta realizada
en la UNILA y al final retomamos algunos puntos para una breve
conclusión.
Keyword: technology; video This article describes a project developed with students of Spanish as
classes; foreign language a foreign language at the Universidade de Integração Latinoamericana
(UNILA). The experience is based on the use of video classes
following the principles that guide the flipped-classroom and project
methodologies. The text begins with a theoretical discussion about
some key concepts related to both methodologies and following this
introduction, it presents a description of the work developed at
UNILA and some reflections on this experience.
209
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Introducción
El siguiente artículo pretende describir una experiencia realizada en la
Universidad de Integración Latinoamericana (UNILA) con estudiantes del
Ciclo Común de Estudios, estudiantes de español como lengua extranjera
de las carreras de Antropología, Diversidad Cultural y Latinoamericana y
de Historia de América Latina, ambos de un nivel básico en los estudios del
español. La experiencia tuvo como base el concepto de “clases invertidas”
trabajando con videos fuera del espacio formal y con la denominada
pedagogía por proyectos durante el espacio formal de las clases1.
El artículo tiene como objetivo presentar algunos conceptos clave que
nos permitieron desarrollar la metodología de enfoques por proyectos con
el apoyo de las clases invertidas. Para tal efecto presentamos inicialmente
una exposición teórica donde serán discutidos referidos conceptos, luego
pasamos a describir la propuesta realizada en la UNILA y finalmente
retomamos algunos puntos para una breve conclusión.
210
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
211
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
212
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
213
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
llevarán a cabo para la tarea final propuesta. Estas tareas deben tener
un objetivo y guiar a los estudiantes para la ejecución del trabajo final.
En esta etapa es importante que el profesor guíe a los estudiantes a
consultar adecuadamente fuentes de informaciones y les indique sitios
donde pueden buscar la información.
c) La evaluación final: en la evaluación final se deben tener en cuenta
todos los pasos elaborados para llegar al trabajo final.
214
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
2 Al inicio del proyecto, pregunté a los estudiantes sobre el tipo de conexión de internet que tenían y
si todos disponían de aparatos para ver los videos. Esta era una condición importante para el buen
desarrollo del proyecto con las video clases, pues una de las críticas al uso de la clase invertida es
que esta puede “aumentar” la brecha digital, cuando no hay condiciones ideales para acompañar el
aprendizaje. Todos los videos con los contenidos trabajados en clase se encuentran en el siguiente
enlace de Youtube: h ttps://www.youtube.com/user/Jorgelinat1/videos
215
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
3 Todos los videos con los contenidos trabajados en clase se encuentran en el enlace https://www.
youtube.com/user/Jorgelinat1/videos. Para visualizar con detalles la grabación de videos, consul-
tar: http://www.hackademia.com.br/diario/
4 El grupo pertenece al curso de Antropología de la UNILA y se encuentra disponible en el siguiente
enlace: https://www.facebook.com/groups/1406608309603550/?fref=ts.
216
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Con respecto a los trabajos finales presentados por los alumnos, destaco
los siguientes:
5 Disponible en http://integrandolaslenguas.blogspot.com.br/
6 Disponible en: https://www.facebook.com/pages/UNILAbiling%C3%BCecuentalahistoriadeFoz
deIguaz %C3%BA/682616085082077?ref_type=bookmark
7 Disponible en: https://www.facebook.com/mirafoz?fref=ts
217
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
218
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
219
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
de las ventajas que los estudiantes valorizaron fue el hecho de poder volver
al contenido todas las veces que lo creían necesario.
También cabe destacar que un 45% afirmó que aprende tanto en casa
como en la Universidad, y un 9% afirmó que el aprendizaje de la lengua
no resulta apenas de asistir las clases en la Universidad. Dado su contexto
específico, en la UNILA, los espacios de aprendizaje de la lengua extranjera
son diversos: aulas, pasillo, cafés, residencias, etc.
Conclusión
El contexto actual de enseñanza y aprendizaje de lenguas se “re significa”
todos los días y por eso el papel del docente y del estudiante también debe
re significarse. En este lugar las tecnologías desempeñan un rol importante
en la conformación de nuevos espacios y nuevos medios de colaboración
e integración. El proceso educativo debe tener en cuenta las nuevas
formas de aprender e interactuar en la cultura digital. Esta afecta tanto a
los profesores como a los estudiantes que están motivados para desarrollar
nuevas habilidades, a partir de las cuales puedan codificar y decodificar
mensajes, formar un pensamiento crítico y potenciar su desarrollo personal
y cultural, pudiendo convertirse en usuarios preparados para el uso de las
nuevas tecnológicas que demanda la sociedad.
Las clases invertidas pueden transformar al estudiante en protagonista del
proceso de enseñanza, pero para ello también es importante que se tengan
en cuenta algunos principios importantes de esa modalidad de enseñanza,
conforme señala el informe Flipped Classroom Field Guide (2014), en
Valente (2014, 88):
220
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
dossiê
Según el informe Flipped Classroom Field Guide (2014), las reglas básicas
para invertir el aula son las siguientes: 1) las actividades en la sala implican
una cantidad significativa de cuestionamiento, resolución de problemas y
de otras actividades de aprendizaje activo, obligando al alumno a recuperar,
aplicar y ampliar el material aprendido on-line; 2) Los alumnos reciben un
feedback inmediatamente después de haber realizado las actividades pre-
senciales; 3) Los alumnos son incentivados a participar en las actividades
on-line y en las presenciales, las cuales son computadas posteriormente en la
evaluación formal del aluno, vale decir, valen nota; 4) tanto el material a ser
utilizado on-line como los ambientes de aprendizaje en el aula son altamente
estructurados y bien planificados.9 (Traducción propia)
9 “As regras básicas para inverter a sala de aula, segundo o relatório Flipped Classroom Field Guide
(2014), são: 1) as atividades em sala de aula envolvem uma quantidade significativa de questiona-
mento, resolução de problemas e de outras atividades de aprendizagem ativa, obrigando o aluno a
recuperar, aplicar e ampliar o material aprendido on-line; 2) Os alunos recebem feedback imedia-
tamente após a realização das atividades presenciais; 3) Os alunos são incentivados a participar das
atividades on-line e das presenciais, sendo que elas são computadas na avaliação formal do aluno,
ou seja, valem nota; 4) tanto o material a ser utilizado on-line quanto os ambientes de aprendiza-
gem em sala de aula são altamente estruturados e bem planejados.” (Valente, 2014, 88)
221
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Referencias Bibliográficas
Bonilla Rincon, G. Algunos malentendidos en el trabajo por proyectos. Universidad
del Valle, Bogotá, 2003.
Gardner, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Artes Médicas, Porto
Alegre, 1995.
Valente, José Armando. “Blended learning e as mudanças no ensino superior: a
proposta da sala de aula invertida”. In: Educar em Revista, Curitiba, Brasil, Edi-
tora UFPR. Edição Especial n. 4/2014, p. 79-97.
Anexo
Cuestionario
1. ¿He visto todos los videos sobre las clases?
2. ¿Me parecieron interesantes? ¿Por qué?
3. ¿Me han servido para aprender más el contenido de la clase? ¿He prac-
ticado más mi español?
4. ¿He buscado más material a partir de las clases?
5, ¿Aprendo más en casa o en la Universidad?
6. Prefiero ver los videos y discutir el contenido en clase. ¿Por qué?
7. ¿Los videos me ayudan a organizar el contenido de las clases? ¿De qué
forma?
8. ¿Prefiero trabajar con un manual? Justifica tu respuesta.
9. ¿Un manual y los videos sería ideal? Justifica tu respuesta.
222
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Entrevista a Vani
Entrevista a Vani Moreira Kenski
Mônica Ferreira Mayrink Vani Moreira Kenski
Patrícia Graciela da Rocha Doutora em Educação pela UNICAMP.
Lívia Márcia Tiba Rádis Baptista
Professora do Programa de Pós ‑Graduação
Lívia Márcia Tiba Rádis Baptista tempo docente, todos pela ed. Papirus. Autora
e organizadora do livro Design Instrucional para
cursos online (Editora SENAC/SP).
Contato: vani@siteeducacional.com.br
224
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
225
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
226
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
227
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
como George Siemens, Eric Mazur, Jane Lave, para citar alguns, propõem
caminhos para a integração das pessoas mediadas pelos dispositivos digitais
e que convergem para estes mesmos princípios. Importante, portanto, é a
integração entre as pessoas e o uso dos recursos digitais para viabilizar esta
possibilidade de aprender e ensinar, juntos.
228
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
1 Educação e internet no Brasil. Cadernos Adenauer XVI. No.3. 2015. Disponível em: <http://
www.kas.de/wf/doc/16511-1442-5-30.pdf>. Acesso: 6/11/2016.
229
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
2 Educ. Soc., Campinas, vol. 29, n. 104 – Especial, p. 647-665, out. 2008 647 Disponível em:
<http://www.cedes.unicamp.br/>. Acesso: 6/11/2016.
3 Dulce Márcia Cruz. “RPG Maker como ferramenta pedagógica: produzindo jogos eletrôni-
cos com crianças”. Disponível em: <http://siaiap32.univali.br/seer/index.php/acotb/article/
view/6391/3620>. Acesso: 6/11/2016.
230
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
231
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
232
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
233
Entrevista a
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Vilson Leffa
Entrevista a Vilson Leffa
Mônica Ferreira Mayrink Professor Titular da Universidade Católica de
Patrícia Graciela da Rocha Pelotas. Doutorou-se em Linguística Aplicada pela
Vilson Leffa
Lívia Márcia Tiba Rádis Baptista
Universidade do Texas em 1984 e trabalhou
na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Tem artigos, livros e capítulos, publicados no Brasil
e no exterior. Na área de formação de recursos
humanos, orientou teses de doutorado, dissertações
de mestrado e trabalhos de iniciação científica. Foi
Mônica Ferreira Mayrink duas vezes presidente da Associação de Linguística
Aplicada do Brasil (ALAB), criou o periódico
Lívia Márcia Tiba Rádis Baptista Linguagem & Ensino e é avaliador de órgãos de
fomento, incluindo a CAPES e o CNPq. Mais
recentemente concentrou-se no estudo das novas
tecnologias no ensino de línguas, incluindo a
produção de Recursos Educacionais Abertos e o
ensino a distância.
Contato: leffav@gmail.com
Homepage: http://www.leffa.pro.br/
234
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
235
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
236
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
237
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
238
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
239
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Entrevista a
Entrevista a Marcelo El Khouri Buzato
Mônica Ferreira Mayrink
Patrícia Graciela da Rocha Marcelo El Khouri Buzato
Lívia Márcia Tiba Rádis Baptista
Doutor em Linguística Aplicada pela
240
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
241
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
(para a professora poder ver que erros de ortografia estavam cometendo, sem
ajuda do corretor ortográfico do processador de texto), depois foram até o
laboratório de informática para digitá-la e ornamenta-la no processador de
texto. As cartas foram então impressas pela monitora do laboratório (porque
se temia que ensinando as crianças a usar a impressora haveria desperdício
de papel) e coladas em um mural no pátio da escola, para serem exibidas na
festa para as mães. Eis o resultado: as crianças acharam muito chato ter que
digitar uma coisa que já tinham escrito; as mães gostaram da homenagem,
mas mais porque estavam desconfiadas de que os filhos não estavam sendo
ensinados a usar o computador, do que pela homenagem em si; houve uma
briga entre dois alunos, porque um deles zombou do tom (excessivamente?)
carinhoso com que o outro se dirigira à mãe, ao que o outro reagiu com
violência física. Isso é pedagogização acrítica: dá-se um jeito de inserir o
computador numa prática tradicional, usa-se o computador de forma
contrária ao seu espírito (para copiar e não para processar, para reproduzir
e não para construir, etc.), e com isso distorce-se o que de fato se pretende
ensinar (carta para a mãe é um gênero privado que, em geral, se escreve à
mão, ou, quando se digita, se envia em forma eletrônica, como um email,
por exemplo).
O segundo sentido da apropriação tecnológica eu chamo de “apropriação
ascedente”. Ela começa com um grupo de pessoas que partilham de um
ideal comum ao qual o espírito dos computadores e das redes telemáticas
se adapta e que, uma vez incorporado às práticas desse grupo, promove
transformações nos modos de pensar, fazer e sentir. Nós vemos isso
acontecendo nas grandes “empreitadas digitais” do nosso tempo: Google,
242
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
243
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
244
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
245
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
246
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
tendemos a nos esquecer de que a escola é uma tecnologia. Como tal, ela
tem uma certa inércia, ela restringe certos comportamentos e impulsiona
outros.
Nós sabemos, por exemplo, que copiar da lousa é uma coisa que existe na
escola, mas aparentemente só mesmo na escola. Quando um aluno pega o
celular e tira foto da lousa e um professor reclama disso, está claro que ou
o professor acredita que copiar gera aprendizagem, ou ele está contando o
tempo da cópia como tempo de aula. A pergunta que se faz é: o professor
tem um “perfil analógico” e o aluno um “perfil digital”? Ou é o arranjo
tecnológico da escola, onde quantidade de trabalho/aprendizagem é medida
em forma de tempo e onde o aluno só tem acesso ao texto depois que o
professor o transferiu (da mente, ou de um livro) para a lousa, que os levou
a agir assim?
Claro, nós sabemos que os jovens hoje têm um perfil cognitivo e
comportamental diferente. Eles não toleram bem atividades exclusivas
de longa duração (como uma aula de cinquenta minutos) porque estão
habituados à multiplicidade de atividades ao mesmo tempo, ao acesso a
múltiplos espaços virtuais e interlocutores dentro de um mesmo espaço
físico, a registrar automaticamente em lugar de copiar manualmente, a
encontrar múltiplas representações da mesma ideia, em múltiplas linguagens
e mídias, em vez de contentarem-se apenas com o texto escrito e, assim
por diante. Porém nós temos muitos professores jovens, ou seja, pessoas
que foram socializadas nessas mesmas dinâmicas e, em princípio, teriam
o mesmo perfil. Eu considero simplista acharmos que os professores mais
velhos têm outro perfil porque são mais velhos. Penso que os mais jovens
247
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
talvez sofram mais do que os mais velhos porque a escola como tecnologia os
condiciona, até certo ponto, a portarem-se como os mais velhos. Já os mais
velhos que optaram por não apropriarem-se do digital, ou foram impedidos
de fazê-lo, sofrem por terem que sustentar os modos de agir por necessidade,
e não por opção.
248
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
249
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
250
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
251
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
252
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
253
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
distribuída nessa atividade?”, “Quem está agindo e o que está fazendo cada
um?”. Sempre que aluno e computador ou professor e computador estiverem
fazendo algo que nenhum deles poderia fazer pelo outro, ou sem o outro,
em princípio se está caminhando no sentido da apropriação. Sempre que o
computador estiver fazendo um papel falso, apenas para dizer-se que ele foi
usado, em princípio isso é pedagogizaçao acrítica. A dificuldade envolvida
aí é o nosso preconceito de que apenas os humanos agem, apenas eles são
sujeitos. É preciso “outorgar”, mesmo que temporariamente, o status de
agente ao computador, e entender com profundidade o que ele está fazendo,
ou o que estão fazendo por meio dele.
Penso que a contribuição dos cursos de formação é habituar o professor
em formação com essas perguntas, não apenas em relação ao planejamento
e execução de atividades didáticas, mas, sobretudo em relação à sua própria
vida, seus usos do digital no quotidiano. Penso que isso é algo análogo a
acostumar um licenciando em espanhol ou inglês a, quando lê ou ouve um
texto na língua-alvo, perguntar-se: “Mas por que essa voz passiva ou esse
ergativo nessa frase? Porque se usou a palavra X e não os sinônimos y ou
z”. Enfim, se a verdadeira interpretação vai além da palavra e em direção
aos discursos, também um uso de tecnologia que possamos chamar de
educacional tem que ir além dos procedimentos, de onde clicar primeiro,
etc., em direção ao design num sentido amplo, ao modo como o artefato
nos usa quando usamos o artefato.
254
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
256
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
257
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
258
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
259
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
260
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
261
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
262
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
263
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
264
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
entrevista
265
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Só que não.
Paloma Vidal
Patrícia Graciela da Rocha
Lívia Márcia Tiba Rádis Baptista
Só que não.
Sobre Poesia
Língua Franca –
Antologia. Malha
Fina Cartonera,
2016 Doutora em Letras pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de
Janeiro. Escritora e professora de
Teoria Literária na Universidade Federal
Paloma Vidal de São Paulo. Publicou, entre outros,
Mar azul (Rocco, 2012, romance);
Três peças (Dobra, 2014, peças);
Durante e Dois (7Letras, 2015,
poemas do blog “Lugares onde eu
não estou”: www.escritosgeograficos.
blogspot.com); Dupla exposição
(Rocco, 2016, contos com imagens
de Elisa Pessoa). É editora da revista
Grumo (www.salagrumo.com) e da
Recebido em: 10 de janeiro de 2017 coleção Entrecríticas (editora Rocco),
Aceito em: 09 de fevereiro de 2017 de ensaios de crítica contemporânea.
266
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
resenha
267
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Só que não. Sobre Poesia Língua Franca – Antologia. Malha Fina Cartonera, 2016
Paloma Vidal
268
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
resenha
269
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Só que não. Sobre Poesia Língua Franca – Antologia. Malha Fina Cartonera, 2016
Paloma Vidal
270
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
ClementeAiróetal.Losrestosdelnaufragio:relatosdelexiliorepublicanoespañol.EdiciónyprólogodeFernandoLarrazyJavierSánchezZapatero.Madrid:SaltodePágina,2016.375p.
Karina Arruda Cruz
Patrícia Graciela da Rocha
Lívia Márcia Tiba Rádis Baptista
Clemente Airó
et al. Los restos
del naufragio:
relatos del exilio
republicano
español. Edición
y prólogo de
Fernando Larraz Professora do Instituto Federal de
y Javier Sánchez
Educação, Ciência e Tecnologia
de São Paulo (IFSP), campus São
Zapatero. Madrid:
Roque. Mestre (2011) e Doutora
(2016) em Letras (Língua Espanhola
e Literaturas Espanhola e Hispano-
Salto de Página, Americana) pela Universidade de São
Paulo com a dissertação Exílio em revista:
2016. 375 p. Max Aub em Cuadernos americanos e
a tese Personagens escritores na narrativa
Karina Arruda Cruz de Max Aub. Integrante do Grupo
de Pesquisa “Violência de Estado e
Recebido em: 11 de fevereiro de 2017 exílio: memória e testemunho”.
Aceito em: 20 de fevereiro de 2017 Contato: cruzka@usp.br
272
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
resenha
Los restos del naufragio: relatos del exilio republicano español resgata um
conjunto de contos de autores que escreveram na Espanha peregrina. O
trabalho de compilação realizado por Fernando Larraz e Javier Sánchez
Zapatero é bastante relevante porque tem em conta o delicado processo de
canonização de escritores do exílio literário de 1939 na literatura espanhola
(p. 10-11). O leitor encontra autores hoje reconhecidos pela crítica ao lado
de outros pouco conhecidos como Jesús Izcaray.
Larraz e Sánchez Zapatero observam que os escritores reunidos na
antologia resistem à incorporação em estudos de conjunto devido a sua
heterogeneidade. Esse é outro elemento que sobressai na leitura. A pluralidade
existente nos textos da coletânea se contrapõe a certa homogeneidade
associada à literatura que se produz e que circula na Espanha do interior.
Para Larraz e Sánchez Zapatero, é provavelmente a duração prolongada o
traço que torna o exílio literário de 1939 um fenômeno sem precedentes
históricos ou culturais. Os especialistas ressaltam, tanto no prólogo como
através da seleção dos autores, a dispersão geográfica como um dado
vinculado ao êxodo republicano, uma vez que há grandes diferenças entre os
países que os acolheram: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, México,
Porto Rico, República Dominicana, Venezuela, Reino Unido, URSS, entre
outros.
A extensão no tempo e o âmbito geográfico disperso são coordenadas
importantes para considerar a diversidade da literatura do exílio. Partindo,
portanto, de textos que opõem resistência à classificação na história literária,
o livro busca problematizar formas de ser escritor(a) no exílio bem como
o lugar histórico da literatura exilada, em particular, de sua narrativa (p.
273
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Clemente Airó et al. Los Restos Del Naufragio: relatos del exilio. Edición y prólogo de Fernando Larraz y Javier
Sánchez Zapatero. Madrid: Salto de Página, 2016. 315 p.
Karina Arruda Cruz
12). Com base nessa premissa, Larraz e Sánchez Zapatero pretendem que a
antologia seja “más representativa que exhaustiva” (p. 13), não se limitando
a ser um exercício de retomada dos tópicos mais reiterados da literatura
exilada, como a nostalgia, a melancolia e o desarraigamento (p. 13).
E Los restos del naufragio cumpre plenamente os objetivos enunciados
no prólogo. Em “El hechizado”, de Clemente Airó, por exemplo, o
protagonista, que “había nacido en tierras frías” (p. 235), é seduzido por
uma mulata da cor de cobre chamada Mercedes e está deslumbrado pela
paisagem tropical do país onde vive. Embora exista um contraponto entre
um aqui-lá e um agora-antes, a história, carregada de erotismo, desenvolve-
se de modo a indicar o encantamento do emigrado ante a nova realidade.
Esse conto remete à pluralidade do conjunto de textos. Larraz e Sánchez
Zapatero sublinham que “el devenir del tiempo fue disgregando al colectivo,
situando a sus representantes en diferentes destinos, cada uno con sus
propios condicionamientos, inercias y referencias culturales.” (p. 14). “El
hechizado” alude ao destino de Airó, que após uma curta estada em Santo
Domingo instala-se em Bogotá, produzindo uma obra “más centrada en el
presente colombiano que en el pasado español” (p. 232).
Assim, no prólogo, Larraz e Sánchez Zapatero referem-se a muitos exílios,
a várias atitudes e maneiras de enfrentá-los (p. 15) sem, no entanto, ignorar
afinidades temáticas, formais e pragmáticas entre os textos constitutivos da
literatura do exílio. Os especialistas assinalam, nesse aspecto, que é comum
aos escritores o imperativo de “hacer de la escritura un medio para preservar
una identidad – personal y colectiva” (p. 16). Esse imperativo convive,
274
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
resenha
275
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Clemente Airó et al. Los Restos Del Naufragio: relatos del exilio. Edición y prólogo de Fernando Larraz y Javier
Sánchez Zapatero. Madrid: Salto de Página, 2016. 315 p.
Karina Arruda Cruz
276
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
resenha
277
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Clemente Airó et al. Los Restos Del Naufragio: relatos del exilio. Edición y prólogo de Fernando Larraz y Javier
Sánchez Zapatero. Madrid: Salto de Página, 2016. 315 p.
Karina Arruda Cruz
278
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
resenha
los seres que la guerra destripó y rajó a mi lado.” (p. 280). No desfecho,
o narrador-personagem foge do hospital e dirige-se ao aeroporto sem se
despedir de ninguém, denunciando o sentimento de falta de pertença do
exilado à Espanha que encontrou.
En “El regreso”, de Ayala, o narrador-personagem, bem-estabelecido em
Buenos Aires como funcionário “del molino aceitero La Andaluza S. A.” (p.
301), retorna à Galiza. Ali cuidaria dos negócios da família. A guerra civil
surpreendeu-o em Santander, onde combateu como capitão. Após a derrota
dos republicanos, conseguiu ser evacuado, ir para a França e embarcar para
a América. No regresso, o exilado descobre que havia sido traído por seu
amigo Manuel Abeledo González e, a partir desse momento, a narrativa
desenvolve-se de modo a representar a busca do narrador-personagem em
Santiago pelo paradeiro de Abeledo. Resolvido o impasse, o exilado decide
deixar novamente a Espanha, dessa vez de forma voluntária.
O último texto é “El remate”, que Aub dedica a Jorge Guillén, citado
como epígrafe de Los restos del naufragio. No conto, um espanhol exilado
narra o trágico fim de seu velho e inolvidable amigo, o escritor espanhol
desterrado no México Remigio Morales Ortega. Enquanto aquele se
apresenta resignado ante a condição de exilado, este se mostra inconformado.
O tempo que o narrador evoca é o da viagem de Remigio a Cahors, França,
para visitá-lo. Ali, no diálogo travado com o narrador, Remigio reclama
o lugar dos escritores do exílio no campo literário nacional com base
na seguinte constatação: “nos han borrado del mapa. […] Les suenan –
a algunos – los [nombres] de aquellos que publicaron antes del 36. Los
demás nos pudrimos, desaparecemos. Porque, como es natural, tampoco
279
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Clemente Airó et al. Los Restos Del Naufragio: relatos del exilio. Edición y prólogo de Fernando Larraz y Javier
Sánchez Zapatero. Madrid: Salto de Página, 2016. 315 p.
Karina Arruda Cruz
Dessa forma, Los restos del naufragio oferece o acesso a uma narrativa
variada, rica e de inquestionável valor literário e, assim, contribui para
restituir o lugar histórico da literatura do exílio republicano espanhol de
1939, para a reconstrução de uma memória inalienável dos vencidos na
guerra civil e, talvez, para abrir horizontes de conhecimento e pesquisa.
280
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Natalia Crespo,
Jotón, Buenos
Aires, Mariano
Rimba, 2011, El autor es doctor en Literatura
283
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
284
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
resenha
285
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
286
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
resenha
287
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
288
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
resenha
289
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
290
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
resenha
291
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
292
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
resenha
293
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Marisa, que ya vive en Houghton desde hace dos años, acompaña a su hija
Lucía a clase de danza junto con su amiguita Robin. Con ellas va también
Sharon, madre de Robin y única amiga jotonesa de Marisa. Mientras las
niñas están ensayando, las madres se quedan mirándolas en un cuarto que
tiene una ventanita que da hacia el patio de atrás del edificio. La descripción
del lugar, encerrado y apartado, representa metafóricamente un basurero,
un sitio contrario a todo lo bonito y perfecto que es Houghton al mirarlo
del lado “correcto”, el de la luz. El patio, pues, representa el lado oscuro y
siniestro donde ocurre lo que parecería ser un delito. La mujeres asisten al
hecho y enseguida Marisa asustada sugiere llamar a la policía, pero Sharon
dice que no es «our business [y] Marisa siente, una vez más que su extranjería
es un charco de agua en mitad de la conversación.» (2011, 113). Al final del
capítulo, la extranjería de Marisa evapora dentro de la conciencia de que
por primera vez tiene «una súbita sensación de adaptación, fugaz y helada
como los copos de nieve sobre la cara. Respira profundo, no sabe si por
alivio o congoja» (2011, 115). Con esta misma duda y el silencio que deriva
del no poder resolverla de ninguna manera, la apatía que proviene de la
imposibilidad de contestar, el olvido de lo que ha visto y la consiguiente
complicidad moral, Marisa paga su adaptación a ese mundo que pretende
expulsar la imperfección y lo diferente.
El momento en el que la adaptación de Marisa parece llegar a su ápex, la
protagonista se siente vaciada, desposeída de su identidad, cómo bien intuye
Inés Fernández Moreno. Sin embargo, la adaptación al lugar de acogida y a
su cultura tiene que ver más que con la pérdida del lugar de origen, con la
desposesión de una identidad muy personal y profunda que es sobre todo
294
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
resenha
295
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Influencia
quechua en el
español andino en
Cuentos y leyendas Doctor en Filología Hispánica y Máster
296
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
Keywords: variations of the Nowadays we can not ignore the existence of a Spanish with
Spanish language; Andean indigenous influence in Latin America. In particular, in Argentina we
Spanish; Argentina; Quechua. can find Andean Spanish in the north of the country, specifically in
northwestern Argentina. In this area we observe contact between
the Spanish of Argentina and the Quechua language. Although
the indigenous contact of the Spanish from this zone has been
demonstrated, it is still debated as to what point this influence exists
on aspects that do not go beyond the lexicon. Therefore, in this
paper we will investigate into which linguisitic levels there is influence
of Quechua through the Berta Vidal de Battini’s work, Cuentos y
leyendas populares de la Argentina.
297
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Introducción
La lengua española y las lenguas indígenas americanas han estado en
contacto desde finales del siglo xv, cuando se produjo el primer contacto
entre ambas comunidades. Este contacto ha provocado una situación
lingüística que hay que tener en cuenta cuando hablamos de las variedades
del español, ya que conforma un rasgo identitario esencial, principalmente
en el continente americano. A lo largo del siglo xx y xxi se ha estudiado este
fenómeno con mayor detenimiento y se ha observado influencia indígena
en el español hablado en América, más allá del léxico, como señala Aleza
(2010, 28):
Otras lenguas indígenas se han conservado con gran vitalidad hasta nuestros
días, y su aportación al español asentado en sus territorios no se limita al vo-
cabulario, sino que se han desarrollado además fenómenos de transferencia
en los planos fonético-fonológico y morfosintáctico: así ha ocurrido en el
caso del quechua (Perú, Ecuador y zonas de Bolivia, norte de Chile, noroeste
de Argentina y sur de Colombia), el aimara (áreas bolivianas y peruanas), el
tupí-guaraní (Río de la Plata) y el maya (Yucatán, en México, y territorios
contiguos de América Central).
298
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
1 Aunque podríamos analizar también los rasgos fonéticos, por tratarse de una transcripción escrita,
no lo vamos a hacer porque, como señala la autora, se realiza alguna modificación fonética para la
mejor comprensión de la obra. Véase Vidal de Battini (2013: 22).
299
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
300
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
301
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
302
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
Objetivos y metodología
Como hemos señalado anteriormente, en las últimas décadas se ha
iniciado un camino en la investigación sobre el contacto indígena en el que
se quiere demostrar que el quechua es una lengua que influye en todos los
niveles lingüísticos del español, principalmente en hablantes bilingües. Por
lo tanto, en este trabajo queremos contribuir en este sentido con fenómenos
y ejemplos reales extraídos de un corpus significativo.
El corpus con el que trabajaremos se extrae de la obra Cuentos y leyendas
populares de la Argentina, de Berta Vidal de Battini. Hemos seleccionado
esta obra debido a que la autora realizó entrevistas en las principales zonas
indígenas de Argentina, entre las que se encuentra la que aquí nos interesa,
el noroeste argentino, donde encontramos hablantes de quechua o con
influencia quechua. Otro elemento fundamental es que en esta obra se
realizan transcripciones escritas a partir de las entrevistas realizadas. Estas
transcripciones han sido bastante fieles a la realidad de la intervención,
aunque como señala la misma autora se han realizado algunas modificaciones
fonéticas para que el público entienda mejor la obra, como por ejemplo en
el caso del seseo, las diferentes realizaciones de la s, el yeísmo, las pérdidas
consonánticas, etc., como podemos observar en Vidal de Battini (2013, 22).
Por este motivo nos centraremos en los fenómenos morfológicos, que no
sufrirán ninguna modificación con respecto al original.
Como la autora realiza entrevistas de las zonas fundamentales de influencia
indígena en Argentina, tendremos que seleccionar solamente aquellos
ejemplos que pertenezcan a cuentos que se hayan llevado a cabo en zonas del
noroeste argentino, donde encontraremos hablantes con influencia quechua.
303
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Este paso nos resultará bastante sencillo, ya que la autora contextualiza cada
cuento geográficamente. Por otro lado, dada la variabilidad geográfica que se
puede dar en el quechua de esta zona, seleccionaremos únicamente aquellos
fenómenos que sean comunes en todo el noroeste argentino. Para llevar
a cabo este objetivo, analizaremos los cuentos pertenecientes al noroeste
argentino a lo largo de los diez tomos que componen la obra de Battini. Así
mismo, en el presente trabajo incluiremos únicamente algunos de aquellos
ejemplos más relevantes que encontremos.
Metodológicamente los ejemplos resultan significativos debido a que
la autora intenta mantener una homogeneidad en la selección de sus
participantes, en este caso tanto hombres como mujeres, generalmente
mayores de 50 años. Finalmente, la mayoría pertenece al ámbito rural, en
su gran mayoría campesinos.
Fenómenos morfológicos
La variedad que representa el español con rasgos del quechua viene
influida por las características lingüísticas que tiene esta lengua indígena.
Ante el diferente sistema morfosintáctico del quechua, sistema aglutinante
como hemos afirmado anteriormente, es normal que encontremos variación
en este ámbito del español con influencia quechua, además del demostrado
nivel lexicológico, como se ha observado desde las primeras investigaciones
señaladas por Granda (1993).
Así pues, resultaría lógico encontrar confusiones pronominales de género
y número y de tiempos verbales con diferente uso en ambas lenguas. La
lengua quechua no posee morfemas de género como el sistema español,
304
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
305
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
306
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
8. Ella había tostado maíz y hecho harina […] (Ø) había puesto en la tipa
(Santiago del Estero)
9. Entre muchos palos secos que haiga porque la viejita […] (Ø) lleva pal
fuego (Santiago del Estero).
307
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
10. Había salido a vender el pan. Ella (Ø) llevaba a vender (Santiago del
Estero).
11. Y el tigre se enfureció y quedó con deseo de encontrarse con el hombre y
hacerle ver que él podía dominar (Ø) (Jujuy).
13. Y por eso las mujeres lo han echado a la canasta al quirquincho (Salta)
308
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
Construcciones de posesivo
Aunque es general en toda Hispanoamérica, en el corpus encontramos
con insistencia la indicación de la posesión con artículo y pronombres.
Estas estructuras suelen aparecer con artículo + sustantivo + de + pronombre
personal, veamos algunos ejemplos:
4 La autora así como acomoda fonéticamente algunos rasgos fonéticos como el seseo, sí representa
gráficamente el cierre vocálico que se produce entre los hablantes del noroeste argentino.
309
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
310
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
31. Una vez, de cuanta, cuando yo era joven, mi había juntau con unos
311
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Uso de gerundio
Una de las figuras más destacadas en nuestro corpus y, por consiguiente,
también en el español andino en el noroeste de Argentina es la frecuencia
de uso del gerundio, incluso en contextos donde no se suele usar, o con
significados distintos, principalmente en estructuras perifrásticas. En la
lengua quechua el ámbito aspectual de duración puede aparecer por el uso
de sufijación derivativa verbal, como señala Granda (1999). Posiblemente
mediante esta influencia lingüística, encontramos en el corpus el valor
durativo mediante perífrasis de gerundio:
312
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
313
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
Hacer + infinitivo
Igualmente, RAE (2010) habla de otro fenómeno verbal en el noroeste
argentino procedente directamente de la influencia quechua, que también
hemos encontrado en nuestro corpus. Es el verbo hacer + infinitivo. Estas
estructuras se utilizan con un valor de causatividad, y es que el quechua
marca morfológicamente esta causatividad. Así, ejemplos como los siguientes
serían calcos indígenas:
42. Che, viejo, vamos hacerlo bautizar a Pedrito (Santiago del Estero).
314
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
Dizque
Se documenta la forma dizque o formas del verbo decir (dice, dizque...)
en los relatos de acontecimientos no experimentados por el hablante (para
algunos es un calco del sufijo quechua-aymará no testimonial y para otros,
reminiscencia de una construcción antigua castellana), como señala Aleza
(2010, 175):
En algunos estudios sobre el español andino (rural y urbano), se ha con-
siderado que estas formas del verbo decir actúan a modo de elementos
validadores, formas que indican el no compromiso del hablante con un
acontecimiento no presenciado, cuya información procede, por tanto, de
fuentes indirectas; por lo que están presentes en los relatos de acontecimien-
tos no experimentados por el hablante.
44. Diz que de cuanta los animales hablaban y eran amistosos. Diz que
después si han queríu comer unos a los otros. (Salta).
45. Diz que el zorro si había hecho compagre del quirquincho. (Salta).
46. Diz que si han encontrau a la orilla di un camino los dos compagres, y
si han saludau (Salta).
47. Diz que si han ido a tierras lejas (Salta)
48. Diz que el zorro y el quirquincho habían andao de compañeros (Tu-
315
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
cumán)
49. Diz que iban cerca di un caminito (Tucumán)
50. Diz que la Virgen encontró dos hombres que han estado regando la tierra
pa sembrar (Tucumán).
51. Y diz que ha llegao la vendedora y si ha puesto contenta (Santiago del
Estero).
52. Diz que la pobre vendedora ha bajao la tipa pa entregar el pan (Santia-
go del Estero).
Alteraciones sintácticas
Resulta normal, ante la diferente estructuración sintáctica que
encontramos entre el sistema lingüístico del español y del quechua, que ante
una situación de contacto observemos alteraciones en el orden de palabras.
Uno de los ejemplos más recurrentes en nuestro corpus ha sido la movilidad
del sujeto, como podemos ver a continuación:
53. Dice que cuando la perseguían a la Virgen María los judíos (Salta).
54. Que iba en el burrito y llevaba al Niño para que no se lo maten los ju-
deos (Tucumán).
55. que lo lavó al Señor la Virgen en la huida a Egipto (Santiago del Es-
tero).
56. Van semanas antes la gente, a escampar allá (Tucumán).
316
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
317
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
cumán).
60. ¿Cómo haremos pa sacarle algún pancito de la tipa? (Santiago del
Estero).
Preposiciones
En cuanto a las preposiciones, destacamos en esta zona usos diferentes de
los que marca la norma panhispánica, como la elisión, por ejemplo en las
preposiciones a, de, en y por en estructuras que las demandan; o como la
confusión de preposiciones:
Elisión de preposiciones:
64. Vengo -es que le dice- para que me dé alguna idea (Ø) cómo puedo hacer
yo (Santiago del Estero).
65. y el zorro ha salido (Ø) los gritos, disparando (Salta).
66. Entonces, éste si ha puesto junto al camino a esperar (Ø) la panadera
para que lu alce (Santiago del Estero).
318
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
67. Siguen caminando, y en eso encuentran (Ø) un labrador que ‘taba pre-
parando la tierra para sembrar (Jujuy).
68. Y encuentran (Ø) otro hombre que ‘stá sembrando (Jujuy).
69. Y pasaron al otro señor del lado (Tucumán).
70. Diz que él predicaba todos los días para defender (Ø) los indios (Tu-
cumán)
Conclusiones
Como acabamos de observar, el quechua del noroeste argentino influye en
el español en el nivel gramatical, provocando variaciones específicas. De esta
manera, se demuestra que los estudios que apuntan, en las últimas décadas,
que esta influencia va más allá del nivel léxico son ciertos. Por otro lado,
debemos señalar que esta influencia se da de forma más evidente cuando los
hablantes son bilingües y, especialmente, en el ámbito rural, contexto al que
pertenecían los participantes de la obra que hemos tomado como referencia
para extraer el corpus.
319
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
320
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
Referencias bibliográficas
Aleza Izquierdo, Milagros (coord.). La lengua española en América. Estudio sincró-
nico y diacrónico. Valencia: Universidad de Valencia, 2010.
Alderetes, Jorge; Albarracín, Lelia. “El quechua en Argentina: el caso de Santiago
del Estero”. En: International Journal of the Sociology of Language 167, 2004,
83-93.
Andreani, Héctor; Hecht, Ana Carolina. “Ideologías lingüísticas en la socialización
bilingüe (quichua y español)”. En: Unamuno, Virginia. Prácticas y repertorios
plurilingües en Argentina. Barcelona: Universitat Autònoma de Barcelona, 2012,
215-234.
Andreani, Héctor. “Apuntes para un mapeo de nuevos usos del quichua santia-
gueño (Argentina)”. En: Lenguaje 43 (2), 2015, 301-332.
321
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
322
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
vária
Foro Hispánico. Estudio analítico del signo lingüístico. Teoría y descripción, Ams-
terdam: Rodopi, 2000a, 61-82.
Martínez, Angelita. “Lenguas amerindias en la Argentina”. En: Lluís i Vidal-Folch,
Ariadna y Palacios Alcaine, Azucena (eds.). Lenguas vivas en América Latina.
Universidad Autónoma de Madrid e Intitut Catalá de Cooperació Iberoameri-
cana: Colección Amer &Cat 11, 2004, 127-140.
Martínez, Angelita. “Variación lingüística y estrategias discursivas”. En: Kirsner,
Robert; Contini-Morava, Ellen y Rodriguez-Bachiller, Betsy (eds.). Cognitive
and Communicative Approaches to Linguistic Analysis. Benjamins, 2004a, 361-
379
Martínez, Angelita. “Lenguas en contacto: gramaticalización y frecuencia de uso”.
En: Encuentro de Lenguas Indígenas Americanas. Universidad Nacional de La
Pampa y Subsecretaría de Cultura del Gobierno de la Provincia de La Pampa,
2006, 1-24.
Martorell de Laconi, Susana. Voces del quichua en Salta y otros estudios. Buenos
Aires: Instituto de Investigaciones Lingüísticas y Literarias Hispanoamericanas,
2004.
Martorell de Laconi, Susana. El español en Salta. Lengua y sociedad. Serie Estudios
lingüísticos y filológicos 9. Buenos Aires: Academia Argentina de Letras, 2006.
Palacios Alcaine, Azucena. “Situaciones de contacto lingüístico en Hispanoaméri-
ca: español y lenguas amerindias”. En: Actas del vi Congreso de la Historia de la
Lengua Española. Madrid: Arco Libros, 2005.
Postigo de Bedia, Ana María; Díaz de Martínez, Lucinda. “Situación de bilingüismo
quechua-español en Jujuy”. En: Cuadernos de la Facultad de Humanidades y Cien-
cias Sociales. Universidad Nacional de Jujuy, 16, 2001, 87-101.
Real Academia Española y Asociación de Academias de la Lengua Española. Diccio-
nario panhispánico de dudas Madrid: Santillana, 2005.
323
caracol, são paulo, n. 13, jan./jun. 2017
324