Carina Pinto MCF 2019

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INSTITUTO

SUPERIOR
DE CONTABILIDADE
E ADMINISTRAÇÃO
DO PORTO
POLITÉCNICO
DO PORTO

M MESTRADO
CONTABILIDADE E FINANÇAS
Elisabete Carina Gomes Pinto Ramos. A GESTÃO DE TESOURARIA COMO FATOR

A GESTÃO DE TESOURARIA COMO


FATOR CRÍTICO PARA A EFICIÊNCIA
EMPRESARIAL
Elisabete Carina Gomes Pinto Ramos

10/2019
CRÍTICO PARA A EFICIÊNCIA EMPRESARIAL

Esta dissertação inclui as recomendações do júri


10/2019
INSTITUTO
SUPERIOR
DE CONTABILIDADE
E ADMINISTRAÇÃO
DO PORTO
POLITÉCNICO
DO PORTO

M MESTRADO
Contabilidade e Finanças
Elisabete Carina Gomes Pinto Ramos. A GESTÃO DE TESOURARIA COMO FATOR

A GESTÃO DE TESOURARIA COMO


FATOR CRÍTICO PARA A EFICIÊNCIA
EMPRESARIAL
Elisabete Carina Gomes Pinto Ramos

Dissertação de Mestrado
apresentado ao Instituto de Contabilidade e Administração do
CRÍTICO PARA A EFICIÊNCIA EMPRESARIAL

Porto para a obtenção do grau de Doutor em Contabilidade e


Finanças, sob orientação de Doutor Adalmiro Álvaro Malheiro de
Castro Andrade Pereira.
10/2019

ii
Dedicatória

Dedico este trabalho aos pilares


basilares da minha vida, os meus pais,
que sempre acreditaram no meu valor e
incentivaram à busca do conhecimento.
A eles dedico todo o meu carinho,
trabalho e empenho…

iii
Agradecimentos

Um especial agradecimento aos meus pais, por todo o esforço que sempre
fizeram durante o meu percurso e por proporcionarem todas as condições para
me formar enquanto estudante, e sobretudo, enquanto pessoa. Sem eles nada
seria possivel!

À minha família e amigos, pelo apoio incondicional que mostraram até ao final,
pelas constantes palavras de incentivo e responsabilidade dos meus objetivos.

E, por último, mas não menos importante, ao professor doutor Adalmiro Pereira,
por todas as sugestões, motivação e disponibilidade ao longo do trabalho.

iv
Resumo:

Na atualidade, a conjuntura económica tem vindo a exigir às empresas uma


contínua eficiência quanto a gestão financeira. Esta gestão constitui umas das
mais importante dentro de uma organização empresarial, pois visa financiar o
ciclo de exploração da empresa sem comprometer o funcionamento normal e a
sua atividade.

A área da tesouraria, está exposta a riscos que devem ser acautelados e


calculados, e para isso a empresa deve ter um sistema de controlo interno eficaz
e robusto que permita precaver, controlar e dar resposta as necessidades da
organização. A eficiência da gestão de tesouraria e de fundo de maneio é crucial
para as empresas.

O estudo tem como principal objetivo analisar os indicadores mais relevantes


para uma gestão financeira eficaz e evidenciar a importância da gestão de
tesouraria na eficiência empresarial e para uma melhor compreensão das
decisões que possam afetar esta área.

Os resultados revelam que o orçamento de tesouraria é um instrumento


fundamental nas empresas, tornando-se assim num fator crucial para a sua
eficiência.

Embora o estudo contribua com a evidência empírica para a temática da


eficiência da gestão de tesouraria, a utilização de outro tipo de dados
complementariam o mesmo.

Palavras chave: Gestão de tesouraria, curto-prazo, Eficiência, equilibrio


financeiro

v
Abstract:

Nowadays, the economic conjuncture has been challenging companies to keep


a continuous efficiency regarding their financial management. This management
constitutes one of the most important aspects inside a business organization, with
the purpose of financing the exploration cycle of the company without
compromising their regular activity or day-to-day operations.

The treasury department is constantly exposed to risks that need to be foreseen


and planned, and for that, the company should have a robust and efficient internal
control system, capable of predicting, controlling and meeting the needs of the
company. The efficient management of the treasury and the petty cash fund is
crucial for all companies.

This study has as its main objective the analysis of the most relevant indicators
for an efficient financial management, and to demonstrate the importance of
treasury management on business efficiency for a better understanding of the
decisions which could affect this area.

The results reveal that the treasury budget is a fundamental instrument for
companies, turning it in a crucial factor for their efficiency.

Even though this study contributes with empirical evidence for the subject of
efficient treasury management, the use of other types of data would complement
it and contribute to its objective.

Key words: Treasury Management, Short-loan, Efficiency, Financial Balance

vi
Índice geral

Introdução ..................................................................................................................... 1

Capítulo I – A Gestão de Tesouraria....................................................................... 4

1 Conceitos: ............................................................................................................ 5

1.1 Gestão de Tesouraria: ................................................................................ 5

1.2 Gestão Financeira de curto prazo: ........................................................... 6

1.3 A importância na gestão global ............................................................... 11

Capítulo II – Financiamento a curto prazo .......................................................... 14

2 Planeamento financeiro a curto prazo ........................................................... 15

2.1 Equilíbrio financeiro: Fundo de Maneio, Necessidade de Fundo de


Maneio e Tesouraria Líquida .............................................................................. 19

2.2 Fontes de financiamento a curto prazo.................................................. 25

2.2.1 Prazo de pagamento e recebimento ............................................... 26

2.2.2 Factoring .............................................................................................. 27

2.2.3 Outras formas de financiamento a curto prazo ............................. 28

2.3 Gestão eficiente de tesouraria ................................................................ 30

2.4 Orçamento de tesouraria: vantagens e dificuldades ........................... 31

Capítulo III – Estudo de Caso ................................................................................. 33

3 Estudo de Caso ................................................................................................. 34

3.1 Objeto de investigação ............................................................................. 34

3.2 Objetivos de investigação ........................................................................ 34

3.3 Metodologia utilizada ................................................................................ 35

3.4 Análise e discussão dos resultados do questionário ........................... 36

Capítulo IV – Conclusão ............................................................................................ 8

Referências bibliográficas ...................................................................................... 11

Webgrafia ..................................................................................................................... 16

Anexos .......................................................................................................................... 17

vii
5 Anexo A – Questionário em idioma Português ............................................ 18

6 Anexo B – Questionário em idioma Inglês.................................................... 22

7 Glossário ............................................................................................................ 26

viii
Índice de Figuras

Figura 1: Círculo de Gestão ....................................................................................... 12


Figura 2: Planeamento a longo prazo e curto prazo .............................................. 18
Figura 3: Elaboração de Orçamento de Tesouraria ............................................... 31

Quadro 1: Conceito Gestão Financeira ...................................................................... 7


Quadro 2: Fundo de Maneio ...................................................................................... 19
Quadro 3: Necessidades de Fundo de Maneio ...................................................... 21
Quadro 4: Situações de Tesouraria .......................................................................... 22
Quadro 5: Fundo de Maneio ...................................................................................... 23
Quadro 6: Características de Factoring ................................................................... 28

ix
Índice de Gráficos

Gráfico 1: Indicadores relevantes para gestão financeira eficaz. Idioma:


Português ...................................................................................................................... 36
Gráfico 2:Indicadores relevantes para gestão financeira eficaz. Idioma: Inglês 37
Gráfico 3: Fontes de financiamento de curto prazo como vantagem FM, Idioma:
Português ...................................................................................................................... 37
Gráfico 4: Fontes de financiamento de curto prazo como vantagem FM, Idioma:
Inglês ............................................................................................................................. 38
Gráfico 5: Orçamento de Tesouraria, Idioma: Português Gráfico 6:
Orçamento de Tesouraria, Idioma: Inglês .............................................................. 39
Gráfico 7:Instrumentos utilizados na empresa, Idioma: Português ....................... 2
Gráfico 8: Instrumentos utilizados na empresa, Idioma: Inglês ............................. 2
Gráfico 9: Análise da situação financeira da empresa, Idioma: Português .......... 3
Gráfico 10: Análise da situação financeira da empresa, Idioma: Inglês ............... 4
Gráfico 11: Produtos financeiros relevantes na empresa, Idioma: Português..... 5
Gráfico 12: Produtos financeiros relevantes na empresa, Idioma: Inglês ............ 6

x
Lista de abreviaturas

FM – Fundo de Maneio

NFM – Necessidade de fundo de maneio

TL – Tesouraria Líquida

xi
INTRODUÇÃO

1
Uma gestão eficiente da tesouraria é vital para as empresas, os ativos correntes
englobam um conjunto de rubricas de curto prazo nomeadamente, inventários,
dívidas de clientes, depósitos bancários, entre outros, que podem ser
convertidos em disponibilidades. O fundo de maneio é conhecido como a força
das empresas e a sua gestão é das funções mais delicadas e importantes no
seio de cada organização, Couttolenc, B. F., & Zucchi, P. (1998).

A gestão de tesouraria tem uma componente bastante importante no bom


desenvolvimento da entidade, por isso, o seu papel envolve uma análise e
controlo de forma a garantir uma vantagem competitiva numa economia de
mercado.

A análise dos fluxos de caixa permite que o gestor perceba a necessidade, ou


não, de captar um empréstimo, ou aplicar o excedente de caixa em operações
rentáveis de forma a proporcionar um fluxo monetário equilibrado (Oliveira,
2017).

A função do gestor financeiro é crucial para o dia-a-dia de uma empresa. Todas


as decisões tomadas a curto prazo, podem afetar verdadeiramente a situação
financeira da organização, por isso, é fundamental realizar uma gestão eficaz de
tesouraria (Menezes, 2001). Todas as técnicas e instrumentos financeiros
devem ser geridos com o objetivo de criar valor para a entidade.

A gestão financeira pode ser vista como um ponto de encontro de toda a


organização, uma vez que, qualquer responsável pode influenciar o seu
equilíbrio, por isso, os gestores financeiros devem ter um controlo eficaz dos
fluxos financeiros e fazer o respetivo planeamento (Sá Silva, 2010), assim como,
o orçamento financeiro de tesouraria.

A análise das decisões operacionais são também uma das tarefas dos
responsáveis financeiros uma vez que, podem ter impacto no planeamento
financeiro a curto prazo e comprometer a segurança, sustentabilidade e
continuidade da empresa.

O equilíbrio financeiro é também, outro dos objetivos principais da eficácia da


gestão financeira para uma análise de estabilidade da entidade de forma a reunir
as condições necessárias para fazer face às dívidas que se vão vencendo

2
(Neves, 2007), por isso se torna importante avaliar os seus indicadores de
liquidez. O objetivo é que melhores práticas na gestão de tesouraria se traduzam
em aumentos de rentabilidade para as empresas.

Assim, o estudo em causa, tem como objetivo analisar os indicadores mais


relevantes para uma gestão financeira eficaz, perceber a importância do
planeamento de tesouraria, verificar quais os produtos financeiros mais
utilizados nas entidades e de que forma podem traduzir numa vantagem de fundo
de maneio.

O presente trabalho encontra-se dividido em três partes. A primeira faz uma


exposição teórica dos elementos essenciais para discussão do tema principal.
Expões conceitos inerentes a esta matéria, como o planeamento financeiro a
curto prazo, os indicadores de liquidez, as fontes de financiamento a curto prazo.
Trata ainda da estrutura de elaboração do orçamento de tesouraria, assim como,
as suas vantagens e dificuldades.

No último capítulo é apresentado a metodologia usada para a realização da


análise dos indicadores que mais se destacam na gestão financeira, a
importância e respetivas vantagens na elaboração do orçamento de tesouraria.
O contributo desta análise prende-se com o facto de existir um número não
significativo de estudos acerca do tema mencionado, e pela importância deste
sector na saúde financeira das empresas.

Por último, apresentam-se a conclusão, refletindo sobre as várias fases da


execução da dissertação, ao que seguirá as referências bibliográficas e
referências Internet, e por fim, os anexos que serviram de base para o estudo de
caso.

3
CAPÍTULO I – A GESTÃO DE TESOURARIA

4
1 Conceitos:

Neste capítulo serão abordados os principais conceitos relacionados com a


tesouraria nas organizações empresariais.

1.1 Gestão de Tesouraria:

Ao pensar no conceito de tesouraria, as visões mais imediatas estão associadas


aos meios financeiros líquidos de uma organização. No entanto, esta é uma ideia
limitativa, pois a gestão de tesouraria é muito mais que os meios financeiros
líquidos que estão ao dispor da entidade.

A gestão de tesouraria, nas últimas décadas tem assistido a enormes mudanças


relativamente às suas políticas, e por isso, a sua gestão eficiente desempenha
um papel importante na estratégia empresarial, aumentando o valor da
organização. As decisões tomadas a curto prazo podem afetar verdadeiramente
a situação financeira a médio longo prazo da empresa, e por isso, é crucial
realizar uma gestão eficaz de tesouraria (Menezes, 2001).

Existem autores que defendem que a gestão de tesouraria pode ser vista em
duas perspetivas diferentes dependendo da responsabilidade que lhe é
atribuída: numa perspetiva de tesouraria e numa perspetiva financeira.
Segundo, Myers & Mjluf, 1984; Chastain, 1986; Harford, 1999, a gestão na
perspetiva de tesouraria gere o numerário das empresas e a sua principal função
é estabelecer um nível ótimo para que os pagamentos e recebimentos garantam
o funcionamento normal da entidade. No entanto, este conceito também inclui
outras tarefas como a previsão de tesouraria, a negociação e acordo de relações
com instituições financeiras. Esta gestão faz com que seja desenvolvido técnicas
favoráveis à otimização da tesouraria, de forma a que os ativos sejam mantidos
na empresa.

Neves (2012), define a gestão de tesouraria ou gestão de disponibilidades como


uma função financeira assemelhando-se ao papel de tesoureiro, no qual, a
principal função consiste em efetuar os recebimentos e pagamentos decorrentes
do exercício de atividade da organização, existindo uma preocupação de
manutenção de um saldo que permita assegurar o fluxo normal de
pagamentos/recebimentos da organização. No entanto, esta noção tradicional

5
veio ser ampliada, emergindo uma preocupação com as decisões de
financiamento, isto é, a análise do custo do financiamento de capitais.

Segundo Couttolenc, B. F., & Zucchi, P. (1998), a gestão de tesouraria define-se


basicamente, por uma componente essencial para o bom funcionamento da
entidade sendo que, existe uma preocupação de manter o equilíbrio entre a
segurança/liquidez e a rentabilidade/remuneração dos fundos disponíveis.

A gestão de tesouraria é, portanto, um componente bastante importante para o


bom desenvolvimento da organização e por isso, o seu papel envolve uma
análise e controlo dos fluxos financeiros de forma a também garantir uma
vantagem competitiva numa economia de mercado, onde o equilíbrio financeiro1
é uma condição indispensável.

1.2 Gestão Financeira de curto prazo:

A eficácia da gestão financeira traduz-se na qualidade do sistema de informação


de uma organização e no relacionamento com os responsáveis de outras áreas.

Atualmente, o mercado exige que as empresas revejam e melhorem a gestão de


recursos financeiros, com a finalidade de obter o equilíbrio financeiro no curto
prazo. É de extrema importância que as empresas prevejam os seus
pagamentos e recebimentos antecipadamente para que possam fazer face às
suas responsabilidades. A previsão dos fluxos de caixa, proporciona aos
utilizadores a informação financeira necessária para determinar a capacidade da
empresa em gerar fluxos monetários e identificar/avaliar as suas necessidades
e consequentemente, escolher alternativas que auxiliem no processo de tomada
de decisão na gestão financeira da entidade. A análise dos fluxos de caixa
permite que o gestor consiga perceber a necessidade de captar um empréstimo
ou então, aplicar o excedente de caixa em operações lucrativas e proporcionar
um fluxo monetário equilibrado (Oliveira, 2017).

1
Recebimentos + Saldo inicial – Pagamentos > ou = Saldo final desejado

6
No entanto, a gestão financeira, pode ser entendida em duas vertentes, na
seguinte figura, podemos visualizar como o autor Neves (1989) aborda o
conceito:

Quadro 1: Conceito Gestão Financeira


Politica:
A médio e longo prazo - investimentos
(estrategia financeira) -financiamento
-distribuição de resultados
gestão financeira

A curto prazo ou gestão da Gestão:


tesouraria em sentido lato -do ativo circulante
(decisoes operacionais) -dos débitos de curto prazo

Fonte: Pág. 16 Neves, J. C. D. (1989). Análise financeira: métodos e técnicas. Lisboa: Texto Editora.
Fonte: Pág.16, Neves, J. C. D. (1989). Análise financeira: métodos e técnicas. Lisboa: Texto
Editora.

Neves (1989), afirma que a gestão financeira de curto prazo é o orçamento de


tesouraria, que passa pela tradução do orçamento global da organização em
termos de recebimentos e pagamentos previstos, tendo sempre em vista o
equilíbrio da tesouraria de curto prazo. A tarefa principal da gestão financeira
engloba a coordenação dos créditos obtidos dos fornecedores e dos restantes
credores, assim como, a cobertura de défices temporários de tesouraria.

Sá Silva (2010), refere que a gestão financeira não só analisa o impacto das
decisões operacionais na tesouraria, mas, também analisa as políticas de
financiamento e de investimento que terão impacto a médio longo prazo, dando
uma continuidade a empresa assim como, a sua sustentabilidade.

A gestão financeira de curto prazo é no fundo uma gestão operacional, no qual


o papel do gestor financeiro tem de realizar o:

-Controlo de crédito concedido aos clientes;

-Controlo financeiro dos inventários (pagamento das reposições de stock);

-Crédito obtido dos fornecedores.

Ou seja, existe uma preocupação constante em acompanhar o dia-a-dia da


entidade e avaliar o seu ciclo de tesouraria. Segundo o mesmo autor, a gestão

7
ao nível do ciclo operacional permite estreitar com maior rigor a eficiência da
utilização dos recursos disponíveis.

Existem rácios de funcionamento que permitem explicar algum dos impactos


financeiros nas decisões de gestão do ciclo de exploração:

O prazo médio de recebimento (PMR) mede a velocidade com que os clientes


costumam pagar as suas dívidas e segundo Neves (2007), este rácio quando é
alto, em termos financeiros, torna-se desfavorável, evidenciando a insuficiência
de poder negocial perante os seus clientes. O rácio é calculado da seguinte
forma:

Saldo Médio de Clientes


PMR (dias)= x360
Volume de Negócios * (1+IVA)

O prazo médio de pagamentos (PMP), Neves (2007), menciona que mede a


velocidade com que a empresa costuma pagar as suas dividas aos fornecedores
e quanto mais baixo for o seu valor, menor o grau de financiamento face à
exploração. No entanto, pode também revelar a falta de poder negocial da
empresa perante os seus fornecedores, mas também não poderá ser um rácio
muito elevado pois pode identificar a dificuldade que a empresa tem em
satisfazer as suas obrigações. O rácio PMP é calculado da seguinte forma:

Saldo Médio de Fornecedores


PMP (dias)= x360
Compras * (1+IVA)

O prazo médio de inventários (PMI), exprime o tempo médio de permanência


dos inventários em armazém, no qual também se torna um indicador importante
para efeitos de aprovisionamento e de gestão do ciclo de exploração.

Saldo Méd. Inventários


PMI (dias)= x360
CMVMC

No entanto, este rácio, segundo Sá Silva (2010) é articulado com o rácio de


rotação de inventários (RI), que é o indicador inverso, ou seja:

CMVMC
RI=
Saldo Méd. Inventários

8
Este rácio “indica o número de vezes que os inventários têm de rodar durante o
ano, isto é, quantas vezes o stock é renovado nesse período. Por exemplo, um
prazo médio de inventários de 30 dias dará uma rotação de inventários de 12
durante o ano”, Sá Silva, (2013), Gestão Financeira-Análise de Fluxos
Financeiros-5ª edição (pp. 177-178). Porto: Vida Económica.

O ciclo de tesouraria é calculado por: PMR + PMI – PMP. Quanto menor for este
ciclo, menores serão as necessidades de financiamento, ou seja, menos
recursos têm de estar afetos à sua exploração, no entanto, esta análise pode
estar dependente do sector de atividade que a entidade opere.

Para Maness e Zietlow (2005), a entrada de dinheiro é indispensável para que o


negócio opere ininterruptamente, no entanto, as eventuais saídas devem
também serem realizadas e provisionadas para que a operacionalidade continue
sem problemas. A gestão de tesouraria deve ter um equilíbrio, isto é, não existir
uma escassez de recursos que perturbará a operacionalidade da empresa, mas
também não haver um excesso para que não se torne ocioso, ou seja, sem
rentabilidade. O papel principal do gestor financeiro é garantir um equilíbrio
sólido.

Os últimos autores defendem também que, o financiamento a curto-prazo está


relacionado com o desenvolvimento da atividade operacional da empresa sendo
uma das formas de resposta ao défice ou excesso de tesouraria, uma vez que,
as entradas e saídas de caixa não são sincronizadas. Por esse motivo,
mencionam que a previsibilidade de fluxos de tesouraria é crucial para o bom
funcionamento da organização.

O papel do gestor financeiro é fundamental no dia-a-dia de uma entidade. Todos


os atos praticados por qualquer departamento geralmente acabam por se
transformar em contas a pagar ou a receber, o que implica que transitem pela
tesouraria e esta deve gerir a adversidade e garantir o equilíbrio financeiro.

As decisões tomadas a curto prazo podem afetar verdadeiramente a situação


financeira a médio longo prazo da empresa, e por isso, é crucial realizar uma
gestão eficaz de tesouraria (Menezes, 2001). As previsões de tesouraria ao
serem elaboradas devem conter qual o financiamento de curto prazo, as relações
com as instituições financeiras, o circuito de pagamentos e recebimentos, assim

9
como, os riscos que devem ser analisados. A área de tesouraria está exposta a
riscos, tal como, por exemplo liquidez, que devem ser acautelados e calculados,
e para isso a empresa deve ter um sistema de controlo compatível com as
necessidades da organização.

Tal como referido anteriormente, a gestão de tesouraria de uma empresa


relaciona-se diretamente com as várias tarefas da gestão corrente, como se
pode observar na figura 1:

Figura 1: Envolventes da tesouraria

Fonte: Elaboração própria baseada em Sá Silva, E. S. (2013). Gestão Financeira-Análise de


Fluxos Financeiros-5ª edição. Vida Económica Editorial.

Resumindo, a gestão financeira de curto-prazo é inserida numa perspetiva


bastante abrangente, incluindo a gestão de produtos financeiros, por exemplo,
factoring, confirming, contas correntes caucionadas gestão de excedentes e
necessidades de fundos de curto prazo. Esta envolve técnicas e instrumentos
financeiros que devem ser geridos de forma a criar valor para a entidade, ou
seja, o seu desempenho financeiro vai contribuir para a avaliação do valor criado
que permite avaliar a saúde financeira e, também, poderá servir de base para
comparar empresas similares ou setores de atividade (Teixeira, 2005).

10
1.3 A importância na gestão global

A gestão de tesouraria, nas últimas décadas tem assistido a enormes mudanças


relativamente às suas políticas, e por isso, a sua gestão eficiente desempenha
um papel importante na estratégia empresarial, aumentando o valor da empresa
(Menezes, 2001).

A gestão estratégica pode proporcionar às empresas um conjunto de benefícios


que podem vir a traduzir em vantagens competitivas2 em relação a sua
concorrência e para alcançar objetivos que se traduzam em resultados positivos,
devemos estar conscientes da posição financeira da empresa e das alterações
que possam ocorrer ao longo do tempo.

Teixeira (2005), define a gestão como uma forma de obter resultados com o
esforço de outros, ou seja, várias pessoas desenvolvem atividades em conjunto
de forma atingirem objetivos comuns. Este processo implica também, a afetação
e o controlo de recursos financeiros e materiais.

Para Sá Silva (2010), a gestão financeira é um ponto de encontro de toda a


organização, sendo que qualquer responsável influencia o equilíbrio da
tesouraria, gerando, por exemplo, um comercial conceder um prazo mais
alargado aos clientes, o responsável de compras optar por pagamentos a pronto,
a aquisição de serviços pré-pagos. Os responsáveis financeiros devem ser
antecipadamente informados deste tipo de decisões de forma a poder consolidar
com o plano financeiro e avaliar as consequências de tais opções. O controlo
dos fluxos financeiros implica a utilização de instrumentos, como o plano
financeiro3 e o orçamento financeiro de tesouraria.

Os orçamentos são instrumentos de apoio para os gestores poderem definir


objetivos e formular um planeamento estratégico. A análise e controlo destes
instrumentos permitem prevenir a tendência para a inflação orçamental
discutindo o seu desempenho e podem ser o suporte para a tomada de decisão
da empresa. (Teixeira, 2005). Assim, a empresa conseguirá definir com mais

2
As vantagens competitivas podem ser traduzidas, quando bem praticada a gestão estratégica da entidade
em relação aos seus concorrentes. A consciência de ação, gestão proativa e maior envolvimento pessoal são
os principais benefícios da gestão estratégica. Teixeira (2014).
3
O plano financeiro evidencia os influxos e exfluxos de fundos a médio/longo prazo. Sá Silva (2010).

11
clareza os seus objetivos e saber como percorrer o seu caminho. A gestão
orçamental é concebida para apoiar quem tem poder de decisão a avaliar,
analisar e gerir os recursos articulando-os com os objetivos da organização.

Caiado (2009), refere que a gestão estratégica representasse através de planos


de ação que, posteriormente, são traduzidos em orçamentos, e por isso, o
departamento financeiro é uma peça de engrenagem fundamental para a
elaboração dos orçamentos. A gestão orçamental, segundo o mesmo autor,
fornece informação privilegiada para o apoio de gestão e por isso as inter-
relações entre as funções de planeamento e controlo devem ser abrangidas no
mesmo círculo, tal como demonstra a figura:

Figura 1: Círculo de Gestão

Caiado, A. C. P. (2009). Contabilidade analítica e de gestão (5ª). Lisboa: Áreas Editora.


Pág.51)

O processo de gestão envolve quatro tarefas básicas e fundamentais que os


gestores desenvolvem: planear, organizar, gerir e controlar. Todavia, estas
funções não podem ser vistas isoladamente, visto que, a sua integração constitui
a essência da gestão geral. Segundo Teixeira (2014), as tarefas mencionadas
são desempenhadas, em maior ou menor grau, por todos os gestores
independentemente da área em que atuam (financeiro, comercial, recursos
humanos, etc..). A escala de maior ou menor grau, tem a ver com as decisões
de rotina, são decisões repetitivas, programadas e está ligada à rotina das
operações, enquanto que as decisões de não rotina, ou estratégicas, são
decisões não programadas, não estruturadas, novas e são apresentadas com
pouca frequência.

12
A gestão estratégica, enquadra-se nesta última categoria que traduzem as
escolhas efetuadas quanto às áreas de atividades da entidade, a forma como se
ajustam ao ambiente que as rodeiam e como definem a sua direção a longo
prazo da organização. A escolhas que definem a orientação estratégica da
entidade têm também de estar relacionada com o departamento financeiro, ou
seja, a organização não pode tomar decisões estratégicas e definir a sua
trajetória a longo prazo se não souber a sua saúde financeira e de que forma
pode atuar no mercado. O departamento financeiro reúne um conjunto de
informações que são crucias para a tomada de decisão estratégica, como por
exemplo, a capacidade de a entidade obter financiamento para um investimento
e se esse investimento irá permitir criar valor para a entidade. A área financeira
deve ser vista como uma via de desenvolvimento para a estratégia empresarial
eficaz. “Ser eficaz significa «fazer as coisas certas», isto é, fazer o que deve ser
feito. Uma empresa é tanto mais eficaz quanto mais de aproxima dos objetivos
que se propõe a atingir.” Teixeira, (2014), Gestão estratégica (pp. 19). Lisboa:
Escolar Editora.

13
CAPÍTULO II – FINANCIAMENTO A CURTO PRAZO

14
Neste capítulo serão abordados como definir o financiamento a curto prazo e
que tipo de recursos a curto prazo podem ser considerados para uma gestão
mais adequada e eficiente dos seus recursos.

O financiamento a curto prazo proporciona às empresas fundos que estas


necessitam para as suas políticas de investimentos e de desenvolvimento. Por
isso, é essencial que a empresa se foque nas decisões numa perspetiva de curto
prazo, e que consiga geri-la de acordo com a sua estratégia financeira, ou seja,
em certa medida, não é mais do que expandir a conceção tradicional, mas,
centrada no financiamento (Neves, 2007).

2 Planeamento financeiro a curto prazo

Para Sá Silva (2010), analisar o impacto das decisões operacionais na tesouraria


é também uma das tarefas do gestor financeiro, assim como as políticas de
financiamento/investimento que se referem ao médio/longo prazo, uma vez que
asseguram, a continuidade da empresa e a sua sustentabilidade.

Neves (2007), refere que o financiamento não deve ter em vista o cumprimento
do equilíbrio financeiro, mas assumir-se de acordo com a estratégia da empresa
e alinhado com os objetivos globais que a organização queira atingir. O
financiamento a curto prazo pode ser obtido de três formas: através de
fornecedores, da banca e/ou do mercado de capitais. Com a evolução da banca,
atualmente, os instrumentos financeiros são cada vez mais sofisticados,
permitindo uma autarcia na direção financeira, assegurando todas as atividades
financeiras da empresa.

A banca, segundo Neves (2007), refere que os bancos quando concedem


empréstimos de curto prazo analisam a capacidade de reembolso, usando os
seguintes indicadores de liquidez:

Ativo Corrente
1) Liquidez Geral=
Passivo Corrente

Ativo Corrente-Inventário
2) Liquidez Reduzida=
Passivo Corrente

Meios financeiros líquidos


3) Liquidez Imediata=
Passivo Corrente

15
Sendo que o ativo corrente se traduz no que a empresa pode transformar em
dinheiro no prazo de um ano (disponibilidades: depósitos bancários, caixa, títulos
negociáveis (3), Inventário (2)) e o passivo corrente o que a empresa terá de
pagar nesse período (dividas a curto prazo). (Neves, 2007)

Neves (2007), referencia que estes três indicadores conseguem mostrar (num
ponto de vista de não continuidade da empresa) se a organização tem uma
gestão eficiente de tesouraria, indicando a sua carência ou excesso de liquidez.
No entanto, eles fornecem meras indicações sobre a estrutura da empresa num
dado momento e por isso, não são de caracter conclusivo, mas sim, parte
integrante de uma análise estratégica.

Para gerir uma entidade e apresentar bons resultados é de extrema importância


dominar ferramentas básicas da gestão e usar dados fiáveis na elaboração de
mapas/orçamentos financeiros, conhecer as técnicas de análise destes mapas.
Estas ferramentas são necessárias para que se conheça periodicamente a
saúde financeira da organização e assim, diagnosticar problemas financeiros e
evitar que se transformem em ameaças para a entidade.

O planeamento financeiro de curto-prazo está integrado num conjunto de


orçamentos anuais. O orçamento de tesouraria é um instrumento bastaste útil
pois permite efetuar previsões para o plano financeiro (Menezes,2001).

Para Caiado (2009), os orçamentos não podem deixar de considerar o


planeamento estratégico, de longo prazo. A gestão orçamental engloba o
planeamento de atividades a desenvolver traduzindo em números todos os
outros tipos de planos formulados pela entidade conjugado com os seus fins
estratégicos definidos na missão4 da organização. O orçamento é um
instrumento de apoio para que sejam atingidos os objetivos definidos (Jordan,
Neves e Rodrigues (2008). O planeamento financeiro é nada mais que um
documento que é enquadrado nos objetivos a longo prazo e, naturalmente, na
missão da organização.

4
Missão: Definição de fins estratégicos e de objetivos da organização. Teixeira (2014).

16
Sá Silva (2010), menciona que o orçamento de tesouraria deve ser integrado no
plano financeiro numa perspetiva global e a longo prazo, reconhecendo as
seguintes funções:

-Prever na generalidade os influxos mais relevantes que provenha das


vendas e serviços são efetuadas pela direção comercial;

-Prever exfluxos: pagamentos a fornecedores, despesas com pessoal e


outras despesas de exploração, reembolsos de empréstimos, entre outros
pagamentos que ocorram no decorrer da atividade e sejam previsíveis;

Depois de obtida os recebimentos e despesas, o gestor financeiro deve gerir


convenientemente a tesouraria para que possa dispor de informação como a
situação de créditos existentes, contributo de cada uma das modalidades de
financiamento para a estrutura de financiamento e quais as alternativas de
aplicações para eventuais excedentes que possam ocorrer.

Caiado (2009), refere que os orçamentos de tesouraria devem ser elaborados


por pessoal especializado, no entanto, o autor defende que seja discutido pelo
pessoal que participa nas atividades intermédias e finais, assim, possibilita uma
ação eficaz e encoraja à definição de objetivos e controlo de gestão. Ainda
segundo este autor, os orçamentos são “relatórios dos resultados esperados e
expressos de maneira quantificada. É a tradução em números de todos os outros
tipos de planos5”6. O processo tem três fases: a primeira caracteriza-se pela
elaboração do orçamento para um período específico, constituindo um padrão;
segunda, quantificar e registar a atividade real comparando com o orçamentado;
e por fim, análise dos desvios apurados e tomar decisões corretivas para que se
possam prevenir futuramente.

Para Neves (2007), o orçamento é um instrumento de apoio para o gestor poder


atingir os objetivos definidos, de decisão e de ação. É um instrumento de apoio
ao processo de planeamento estratégico da organização, pois permite fixar
objetivos e alinhar as pessoas e equipa (Teixeira, 2005).

5
Tipos de planos: são os planos definidos pelas outras áreas de atuação da entidade, por exemplo, plano
comercial, recursos humanos, financeiro, etc.
6
Vicente, S. C. A sustentabilidade financeira refletida nas demonstrações financeiras previsionais das
Administrações Públicas: um modelo com o caso das Universidades (Doctoral dissertation, pp.4,
Universidade de Coimbra).

17
O planeamento a longo prazo caracterizasse pela indicação do rumo a seguir,
enquanto que o planeamento a curto prazo é baseado nos planos de ações,
coordenação e controlo das atividades de acordo com as linhas gerais
estabelecidas (Teixeira, 2005). No entanto o autor Caiado (1986), articula o
planeamento a longo prazo e a curto prazo como representa a figura seguinte:

Figura 2: Planeamento a longo prazo e curto prazo

Caiado, A. C. P. (1986). Contabilidade analítica, um instrumento para a gestão. Lisboa: Rei dos
Livros Pág.265)

O plano de curto prazo consiste em coordenar as atividades de forma a


alcançarem os resultados futuros pretendidos, enquadrados com o plano a
médio longo prazo da organização, para além de estimar quais os recursos
necessários para atingir as metas definidas (Caiado, 2009).

As fontes de financiamento a curto prazo são fundamentais para uma boa gestão
de tesouraria, pois permitem colmatar as necessidades cíclicas das empresas,
evitam o endividamento a longo prazo e equilibra a harmonia entre ativos e
passivos de curto prazo.

18
2.1 Equilíbrio financeiro: Fundo de Maneio, Necessidade de Fundo
de Maneio e Tesouraria Líquida

O objetivo principal da função financeira é garantir que os fluxos monetários


(entradas e saídas) não apresentem desequilíbrios sistemáticos, uma vez que,
pode colocar a entidade numa posição desfavorável. Sá Silva (2010), define o
equilíbrio financeiro como a capacidade de satisfazer as suas obrigações nas
datas combinadas, ou seja, uma empresa encontra-se em equilíbrio financeiro
quando, de forma estável e continuada, os meios financeiros líquidos são
suficientes para pagar as dividas que se vão vencendo.

Na mesma perspetiva, Neves (2007), define que o equilíbrio financeiro é


fundamental para uma análise da estabilidade da entidade, é um ajuste dos
fluxos financeiros que tem como objetivo garantir que a empresa reúna as
condições necessárias para fazer face as dividas que se vão vencendo,
representado por liquidez.

Os indicadores de liquidez que Neves (2007) e Nabais & Nabais (2011) referem
e representam a análise do equilíbrio financeiro a curto prazo:

• Fundo de Maneio (FM);

• Necessidade de Fundo de Maneio (NFM);

• Tesouraria Líquida (TL)

O FM representa a margem de segurança da entidade, sendo que quanto maior


for a capacidade de a organização gerar um elevado FM, mais forte será a sua
estrutura financeira. Este pode ser considerado constante no curto prazo.

Quadro 2: Fundo de Maneio

Fonte: Elaboração Própria

19
Segundo o autor Neves (2007), o FM é obtido pela diferença entre os capitais
permanentes e o ativo fixo. Os capitais permanentes são os recursos fixos
determinados pela política de financiamento, por exemplo os empréstimos de
médio e longo prazo, e os ativos fixos são o resultado das aplicações de
investimento que são em função das decisões de investimento.

Para poder calcular o FM devem-se comparar os capitais permanentes com o


ativo fixo:

FM = Capitais Permanentes – Ativo Fixo

Contudo, segundo o mesmo autor, o FM não é suficiente para considerar uma


situação de equilíbrio financeiro, assim como para Nabais e Nabais (2011), que
defendem que FM não tem em conta a natureza e o volume da atividade das
empresas nem as suas características. Esta diferença entre ativo corrente e
passivo corrente não evidencia efetivamente as necessidades de financiamento
do ciclo operacional porque há uma distinção correta entre os vários ciclos da
empresa (investimento, financiamento e operacional).

No entanto, Mortal (2006) considera que o FM tem um papel importante como


indicador de liquidez, dado que, permite avaliar a capacidade de a empresa fazer
face às suas obrigações de pagamento, numa perspetiva de curto prazo.

As NFM estão relacionadas com as necessidades de financiamento do ciclo de


exploração, ou seja, os pagamentos que são necessários efetuar, como por
exemplo, fornecedores, outros credores, pessoal, antes de receber de clientes.

Este indicador é influenciado pela política de gestão da empresa como o PMP,


PMR e taxa de rotação de existências (RI).

Ou seja, as NFM, resultam da diferença entre as necessidades cíclicas e os


recursos cíclicos.

NFM= Necessidades cíclicas - Recursos cíclicos

20
Necessidades Cíclicas Recursos Cíclicos

• Clientes • Fornecedores
• Adiantamento de fornecedores • Adiantamento de clientes
• Existências • Estado e Outros Entes Públicos
a pagar
• Estado e Outros Entes Públicos
a receber

Quadro 3: Necessidades de Fundo de Maneio

Fonte: elaboração própria a partir de Neves (2007)

Por último, a TL resulta da diferença entre os recursos libertos pelas decisões de


investimento e financiamento a médio longo prazo (FM) e as NFM indicam a
posição da TL.

TL= Fundo de Maneio – Necessidades de Fundo de Maneio


A análise deste indicador não poder ser analisada de forma isolada, mas sim,
em termos comparativos com o próprio FM, ou seja, os montantes destes
indicadores devem confrontarem-se Menezes (2005).

Para melhor entender este indicador, este último autor refere que, se a TL ≥ 0,
quer dizer que o FM é suficiente para financiar as NFM e para cobrir eventuais
riscos da atividade da empresa. Quando é negativo, evidencia que a entidade
esta com problemas de tesouraria e poderá estar com dificuldades de cumprir
os seus compromissos financeiros de curto prazo e por isso, deve tomar algumas
medidas como por exemplo: recorrer a descobertos bancários, negociar as
dívidas de fornecedores aumentando o indicador PMP, diminuir o PMR para que
consiga assegurar a atividade operacional e melhorar a liquidez.

Mortal (2006) menciona que a liquidez é tanto ou mais importante que o lucro,
isto é, as empresas têm de estar preparadas para cumprir com as suas
obrigações atempadamente para evitar perder a sua credibilidade e entrarem
num processo degenerativo. Quando uma empresa assinala liquidez ou falta
dela, é por consequência de decisões de gestão, ou seja, as decisões tomadas
devem sempre ter o cuidado de evitar situações de desequilíbrios ou que sejam
prejudiciais à atividade da empresa.

21
O ponto de equilíbrio financeiro, dá-se quando o FM iguala as NFM, isto é,
quando a TL for igual a zero. Menezes (1999) caracteriza cada uma das três
situações na figura seguinte.

Quadro nº 7:

Quadro 4: Situações de Tesouraria

Fonte: Menezes (1999), pág. 133.

Na situação 1, a tesouraria é deficitária, resulta de uma TL negativa, o FM ou


capitais permanentes são insuficientes para as suas necessidades. Esta
situação pode ser explicada por políticas de financiamento ou investimento
erradas, como por exemplo, ativos fixos de elevados montantes ou de baixa
rentabilidade financiada por capitais cuja a sua permanência na empresa é
reduzida. Estes tipos de situações espelham quando a entidade enfrenta
problemas de liquidez, o que leva a dependência do sistema bancário para
financiar as necessidades cíclicas de exploração, com as operações de
tesouraria. Este cenário revela um fator de risco para a empresa, Neves (2012).

22
A segunda situação, é também caracterizada por défices de tesouraria
circunstanciais, que podem resultar de várias situações, como o aumento de
crédito concedido aos clientes resultante das quebras nas vendas de forma a
evitar a sazonalidade das mesmas. Contudo, uma tesouraria próxima de zero é
a expressão de uma lógica de gestão financeira coerente. A prática desta medida
faz com que a empresa se proteja de riscos associados como a eliminação de
excessos de liquidez duradouros e, por outro lado, à dependência de
empréstimos de curto prazo junto das instituições financeiras, Menezes (2005).

Por último, o cenário de TL positiva, significa que a empresa tem um excedente


que poderá aplicar. Neste caso, estamos perante sinais de equilíbrio financeiro,
no entanto, Menezes (2005) defende que quando uma situação de TL é
demasiado elevada, pode ser sinónimo de ineficácia da utilização dos recursos
disponíveis. Por um lado, poderá resultar de uma situação superavitária crónica,
ou então, resultar de uma causa conjuntural.

Uma apresentação semelhante é avançada por Sá Silva (2010), analisando seis


situações financeiras típicas.

+ -

1) Tesouraria Líquida. (TL>0)


6) Tesouraria Líquida (TL<0)
+
2) Tesouraria Líquida (TL<0)
NFM

5) Tesouraria Líquida (TL<0)

3) Tesouraria Líquida (TL>0)


-
4) Tesouraria Líquida (TL>0)

Quadro 5: Fundo de Maneio

Fonte: Sá Silva (2010), pág. 137.

Na situação 1, existe uma margem de segurança, FM, NFM e TL são > 0,


contudo, não significa que não haja dificuldades financeiras. Basta que, os
créditos a curto prazo, como por exemplo os fornecedores, tenham um PMP mais
rápido que o PMR.

23
Na situação 2, o FM e NFM > 0 e TL < 0, ou seja, o FM não é suficiente para
financiar as NFM, e por isso, estas são financiadas por recursos alheios de curto
prazo.

Na situação 3, as NFM são negativas, o FM e a TL > 0, sendo os meios


financeiros líquidos consequentes de aplicações financeiras. Porém, estes se
não forem corretamente aplicados podem originar uma ineficiência da gestão
financeiras dos recursos obtidos.

Na situação 4, o FM e NFM < 0 e a TL > 0, esta é uma situação de empresas


com algum risco, pode ser justificada por alguma empresas com ciclos de
exploração curtos, como por exemplo o caso da distribuição. Os PMP são
superiores aos prazos de permanência das necessidades cíclicas.

Na situação 5, o FM, NFM e TL < 0, revelando uma situação mais grave que a
anterior. Pode ser justificada pelos excedentes dos ciclos de exploração que
financiam parte de capitais permanentes.

Por último, a situação 6, caracteriza-se pelo FM e TL negativo e NFM positivo.


Esta é a típica situação das empresas com graves défices de tesouraria e
elevada dependência nas instituições financeiras que pode ser conduzida à
insolvência da empresa.

Esta análise de situações, segundo o mesmo autor, pode revelar alguns


sintomas da organização, no entanto, não é uma análise completa por ser de
carácter estático.

24
2.2 Fontes de financiamento a curto prazo

Atualmente, as instituições financeiras são fundamentais para que as empresas


tenham acessos aos produtos financeiros de curto prazo que lhes permitam uma
gestão de tesouraria eficaz. No entanto, também existem fontes de
financiamento e que o seu custo é mais reduzido, como por exemplo, os
adiantamentos de cliente e pagamentos de fornecedores com prazos mais
dilatados. O acesso ao financiamento é um fator fundamental para o
desenvolvimento e expansão das PME’S na medida em que estas apresentem
essas necessidades, seja para colmatar necessidades de FM e equilíbrio
financeiro, seja para financiar operações provenientes de oportunidades de
trabalho (Rocha, 2008).

Nwankwo & Osho, 2010, defende que a sobrevivência, crescimento e


estabilidade de uma empresa depende, em parte, da sua eficiência da gestão
financeira de curto prazo, isto é, uma gestão eficiente do FM desempenha um
papel relevante na estratégia empresarial, a fim de aumentar o valor da empresa,
determinando a composição e nível de investimento no ativo corrente, as fontes
de financiamento e o seu nível de financiamento a curto prazo. O gestor
financeiro deve ter conhecimento das suas fontes de FM disponíveis para poder
utilizar numa ocorrência, assim como, as oportunidades de investimento. A
gestão de disponibilidades tem como objetivo principal assegurar que não existe
incumprimentos do passivo corrente da empresa, ou seja, cumprir com as dividas
que se vão vencendo. O nível ótimo de disponibilidades é determinado por vários
fatores, sendo a previsão dos fluxos de tesouraria de curto prazo a que mais se
destaca, a flexibilidade das relações com clientes e fornecedores (prazo médio
de recebimento e pagamento) e existência de linhas de crédito facilmente
transformáveis em meios monetários evitam uma situação de défice de
tesouraria (Mota, 2006)

Para selecionar as fontes de financiamento a curto prazo deve, sempre, ter-se


em conta o gasto, a exigibilidade e as garantias associadas. O critério mais
relevante na sua seleção é o gasto associado, que inclui imposto do selo, taxa
de juro, mas também outros encargos que sobrecarregam o financiamento. Em
algumas fontes de financiamento as taxas de juro são reduzidas, no entanto,

25
este critério não deve ser único para a sua seleção, mas sim o custo global (juro,
comissões, imposto do selo e restantes encargos).

2.2.1 Prazo de pagamento e recebimento

Peyrard (1992) indica que a gestão de crédito concedido aos clientes também
não é tarefa fácil, pois desempenham um papel importante no crescimento das
empresas e é necessário avaliar individualmente cada novo cliente de forma a
ter informações para o plafond de crédito a conceder. É igualmente importante
que o departamento comercial e o departamento financeiro estejam em plena
sintonia ao tomar decisões de crédito de forma a atingir o objetivo da
maximização do valor da empresa. O vendedor para cumprir os objetivos
concede o crédito ao cliente, mas por outro lado, o tesoureiro fica com problemas
de tesouraria devido a demora do pagamento.

Nabais e Nabais (2011) referem que a gestão de recebimentos deve adequar o


prazo médio de recebimento e de pagamento e comparar com os gastos de
crédito concedido aos clientes, como por exemplo, custos de transporte de
mercadoria, mediante o modo de recebimento do cliente verificar se existem
custos associados a esse modo. Esta análise deve ter sempre o objetivo de
melhorar a sua rendibilidade e ajustar a forma de recebimento precavendo
situações de incobrabilidade.

Segundo Menezes (2001), o pagamento a fornecedores é influenciado pela


estrutura de tesouraria da organização e continuamente, pelo seu recurso às
fontes de financiamento. O objetivo primordial é retardar o seu pagamento sem
que seja prejudicada a imagem da empresa. O departamento de
aprovisionamento e o departamento financeiro, mais uma vez, devem estar
sintonizados, de forma a facilitar a negociação constante das condições de
pagamento junto dos fornecedores.

26
2.2.2 Factoring

De acordo com o Decreto-lei nº 171/95 de 18 de julho “A atividade de factoring


ou cessão financeira consiste na aquisição de créditos a curto prazo, derivados
da venda de produtos ou da prestação de serviços, nos mercados interno e
externo.”

Segundo a definição apresentada pelo Eurofactor Portugal7, o factoring “é uma


atividade que consiste na cedência dos créditos comerciais de curto prazo por
parte de uma empresa (Aderente), a uma instituição financeira (Factor) referente
às vendas a crédito de bens e/ou serviços efetuadas aos seus clientes
(Devedores).” (Eurofactor Portugal, 2019)

Por sua vez, o NOVO BANCO Factoring8 define o factoring como um “um
contrato em que o NOVO BANCO adquire, mediante cessão ou endosso, a
propriedade dos créditos de curto prazo (prazo máximo de 1 ano), constituídos
pela aderente sobre os seus clientes devedores, resultante da atividade
comercial, adiantando-lhe um valor de negociação por antecipação ou o valor
recebido na data de efetiva cobrança.” (NOVO BANCO Factoring, 2019).

Sá Silva (2009), define que o factoring consiste num investimento financeiros


que, entre outras funções, permite às empresas mitigarem eventuais problemas
de cobrança e/ou de tesouraria.

Por sua vez, os autores Montibeller, Belton e Lima afirmam que o factoring é
como uma operação triangular financeira, isto é, o factor “adquire” as contas a
receber do seu cliente (aderente), e é responsável por receber dos clientes dos
seus clientes (devedores) (Montibeller, 2007).

Tendo por base a informação disponível no site da ALF9, será exposto um quadro
representativos das características de factoring:

7
Fonte: http://www.eurofactor.pt/pt/o-que-e-factoring.html, acedido a 15 setembro de 2019
8
Fonte: https://www.novobanco.pt/site/cms.aspx?labelid=empfactoring, acedido a 15 setembro de 2019
9
Fonte: http://www.alf.pt/pt/factoring, acedido em 9 de setembro 2019

27
Quadro 6: Características de Factoring

A utilização deste produto financeiro, permite à aderente receber os seus


créditos numa data anterior aos seus vencimentos, o que permite transformar as
vendas a prazo em vendas a pronto e assim, reduz os prazos médios de
recebimento, assim sendo, esta ferramenta tornasse importante para a
sustentabilidade da tesouraria das empresas, garantindo, dessa forma, maior
segurança nas suas vendas a crédito. (Ravas e David, 2010).

2.2.3 Outras formas de financiamento a curto prazo

Nabais e Nabais (2011), indica também a conta corrente caucionada como uma
fonte de financiamento a curto prazo, este produto é uma forma temporária de
empréstimo, com prazos de utilização definidos, formalizado através de contrato
e permite a sua utilização, conforme o montante negociado, de uma forma
imediata. A grande desvantagem desta forma de financiamento é a sua elevada
taxa de juro que é aplicada conforme a sua utilização.

A gestão de cheques pré-datados, segundo os mesmos autores, é também uma


forma de financiamento de curto prazo, que consiste num serviço de gestão de
cheques, sendo que é antecipado até 80% do valor do mesmo, no entanto, estas
taxas de adiantamento podem variar conforme a negociação. A desvantagem

28
deste produto é também a elevada taxa de juro assim como, poderá existir
comissões de gestão associadas ao serviço.

Os empréstimos de curto prazo, são usados para financiar operações


momentâneas de tesouraria. Esta forma de financiamento, por norma, tem um
plano de utilização e reembolso definidos, no qual o banco negoceia a taxa de
juro, limite de crédito e o prazo da operação. Ao contrário da conta corrente
caucionada, este financiamento ocorre na integra e não conforme a sua
utilização (Marinho, 2015).

As garantias bancárias, também são outra forma de financiamento, em que são


concedidas pelos Bancos, no qual desempenham um papel de fiados em que
podem apresentar a forma de fianças, avales, aceites bancários, entre outras. O
ordenador (entidade) solicita a emissão de uma garantia bancária e indica o
montante envolvido a favor de determinado benificiário, e a entidade bancária
assume o compromisso da obrigação caso o ordenador não o faça (Alvarca,
2011).

29
2.3 Gestão eficiente de tesouraria

A gestão eficiente da tesouraria deve ser frequentemente avaliada a todos os


níveis para que atinja uma maior objetividade e eficácia, adaptando-se à
dimensão da sua aplicação e às necessidades dos decisores.

Jordan (2003), defende que o controlo eficiente de tesouraria funciona se os


responsáveis de departamento/áreas:

-Tenham conhecimento antecipado da forma como vai ser medida a sua


atividade;

-Saibam qual o impacto das suas decisões sobre o grau de concretização


dos seus objetivos;

-Disponham, antecipadamente, de informação pertinente para poder


antecipar as decisões de forma a poder alcançar o resultado esperado.

A eficiência da gestão de tesouraria e de FM é crucial para as empresas. Os


ativos correntes englobam as rubricas de curto prazo, mais precisamente,
inventários, dívidas de clientes, depósitos bancários, entre outros, que podem
ser convertidos em disponibilidades, no mesmo prazo que dura o ciclo de
exploração da atividade da empresa. Isto permite fazer uma análise de curto
prazo sobre a estrutura financeira e também determinar o grau de liquidez da
empresa.

Para poder aferir a situação de tesouraria é necessário um estudo


pormenorizado dos mapas dos fluxos financeiros assim como os respetivos
orçamentos de tesouraria (Nabais & Nabais, 2011).

Uma gestão eficiente de gestão de tesouraria é importante para a estratégia


empresarial, pois permite que esta aumente o seu valor.

30
2.4 Orçamento de tesouraria: vantagens e dificuldades

Os orçamentos são uma ferramenta de controlo e de apoio à gestão, que


resultam de previsões feitas no curto prazo (até um ano). Estes planos devem
ser estabelecidos para níveis de decisão diferentes. Contudo, existe um
interesse de repartir os orçamentos em períodos mais pequenos, com o objetivo
de efetuar o seu controlo. (Caiado, 1986).

A estrutura de elaboração de orçamento de tesouraria pode apresentar-se da


seguinte forma:

Figura nº 3:

Figura 3: Elaboração de Orçamento de Tesouraria

Caiado, A. C. P. (1986). Contabilidade analítica, um instrumento para a gestão. Lisboa: Rei dos
Livros Pág.270)

O orçamento de tesouraria torna-se num dos instrumentos fundamentais para


uma boa gestão financeira da empresa. Este consegue apurar as diferenças
entre os recebimentos e os pagamentos previstos em consequência dos
orçamentos mencionados na figura anterior. Torna-se, por isso importante
indicar as suas vantagens:

• A elaboração do orçamento permite estreitar relações entre várias áreas


da organização, isto é, promove a equidade através da contribuição

31
uniforme, favorecendo de igual forma o alinhamento dos diferentes
objetivos.
• A sua preparação de forma participativa permite com que haja uma
redução de risco de erro e de conflitos gerados por falta de informação ou
até de capacidades, (Caiado, 2009).

Teixeira (2014), afirma que o orçamento é fortalecido quanto mais se diminuir as


barreiras de comunicação. Por isso, é importante fortalecer as linhas de
comunicação entre os departamentos da organização. A troca de informação
entre os responsáveis de cada departamento conduz a uma tomada de decisão
e ação mais rápida, assim como, a identificação de pontos fortes ou limitações e
gestão de recursos mais eficazes.

Sendo a tesouraria um ponto de encontro, tal como refere Sá Silva (2010), a


elaboração do orçamento de tesouraria permite, um controlo mais apertado das
operações ou atividades de forma a poder comparar com os resultados atuais e
interpretar os seus resultados e desencadear ações corretivas caso seja
necessário. Este processo de orçamentação de tesouraria permite ainda às
empresas avaliar o seu desempenho, através da análise dos desvios apurados.

• Dificuldades:

Na elaboração de orçamentos, é também apresentados alguns obstáculos ou


dificuldades na sua implementação ou execução e por isso, o responsável de
gestão deve estar atento exigir o envolvimento de todos os intervenientes
(Jordan, 2003).

Este último autor, refere que por vezes, as dificuldades da elaboração do


orçamento prendem-se aos hábitos que estão enraizados nos processos de
trabalho e, por isso, é necessária muita persistência para que sejam
ultrapassadas. No entanto, esta complexidade pode estar associada à ausência
de objetivos, planos de ação, falta de diálogo entre os responsáveis de
departamento, ou então, pode também estar associada as designadas
“almofadas orçamentais”, isto é, a sobre avaliação dos gastos ou subavaliação
dos réditos.

32
CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO

33
3 Estudo de Caso

Durante este capítulo, será apresentado o método que serve de base para a
elaboração deste estudo.

3.1 Objeto de investigação

O presente trabalho refere-se à dissertação sobre a gestão de tesouraria como


fator crítico para a eficiência empresarial, para conclusão do Mestrado em
Contabilidade e Finanças, pelo Instituto Superior de Contabilidade e
Administração do Porto.

A eficiência da gestão de tesouraria e de FM é crucial para as empresas. Os


ativos correntes englobam as rubricas de curto prazo englobam ativos correntes,
mais precisamente, inventários, dívidas de clientes, depósitos bancários, entre
outros, que podem ser convertidos em disponibilidades, no mesmo prazo que
dura o ciclo de exploração da atividade da organização.

Uma gestão eficiente de tesouraria é importante para a estratégia empresarial.


As questões de investigação que se colocam são: A eficiência da gestão de
tesouraria permite o seu equilíbrio? O orçamento de tesouraria traduz -se num
fator crucial para a eficiência empresarial? De que forma a gestão de tesouraria
transpõe uma vantagem competitiva de mercado?

3.2 Objetivos de investigação

Os objetivos propostos a seguir pretendem responder às questões levantadas.


Que passam por:

• Verificar os indicadores mais relevantes para uma gestão financeira


eficaz;

• Perceber a importância e vantagens do orçamento de tesouraria;

• Verificar quais os produtos financeiros mais utilizados que podem traduzir


uma vantagem de FM;

• E, através de dados estatísticos cedidos por responsáveis financeiros /


administradores, a comparação com outros países, permitirá ter a noção da

34
importância da gestão de tesouraria como fator crítico para a eficiência
empresarial.

3.3 Metodologia utilizada

A análise de tesouraria é uma ferramenta fundamental para perceber a saúde


financeira da organização. Todavia, segundo Neves (2012), a empresa não se
pode resumir a características financeiras sem antes ter outros pilares
fundamentais, mercado/produto/tecnologia.

Para argumentação da parte teórica do trabalho foram consultadas as


bibliografias disponíveis nas bibliotecas, meios eletrónicos assim como centros
de documentação.

O método de análise utilizado foi feito a partir de um questionário, um em


português e outro em idioma inglês, que conjugam questões abertas e fechadas
e com respostas de escolha múltipla, conforme anexos A e B. A sua aplicação
concretizou-se através da disponibilização de um inquérito supracitado, via
Google Forms e foram encaminhados via e-mail diretamente para os inquiridos.

Os inquéritos foram divididos em dois idiomas, português e inglês, sendo que os


inquéritos em idioma português foram direcionados para gestores financeiros
com experiência no tecido empresarial português, nomeadamente no ramo de
consultoria, transportes e comércio, o inquérito em inglês foi direcionado para
gestores com experiência fora do território nacional, nomeadamente, Israel e
com experiência, na maioria, no ramo imobiliário.

35
3.4 Análise e discussão dos resultados do questionário

Foi elaborado um questionário com o objetivo de identificar na perspetiva dos


responsáveis financeiros / administradores a importância da eficiência da gestão
de tesouraria, assim como, o seu orçamento e de que forma se transpõe numa
vantagem competitiva de mercado.

Do universo em estudo, foram inquiridos 23, obtiveram-se 9 respostas no


inquérito português e 8 no inquérito em inglês.

Devido a especificidade deste questionário, os números totais de inquiridos


foram reduzidos dado os conhecimentos específicos requeridos para responder
ao questionário.

Gráfico 1 e 2: Qual o indicador que acha mais relevante para uma gestão
financeira eficaz?

Gráfico 1: Indicadores relevantes para gestão financeira eficaz. Idioma: Português

De modo a complementar o objetivo proposto anterior, achou-se pertinente


questionar os inquiridos, no sentido de perceber qual o indicador efetivamente
mais relevante para uma gestão de financeira eficaz. Das 9 respostas ao
inquérito no idioma português, 33,3% afirmam que a rentabilidade é o fator
significativo para a sua gestão eficaz. Sendo que nos restantes indicadores, à
exceção da solvabilidade, são igualmente relevantes, com 22,2%, para a
eficiência da gestão financeira, nomeadamente a estrutura de capital, liquidez e
autonomia financeira.

36
Gráfico 2:Indicadores relevantes para gestão financeira eficaz. Idioma: Inglês

No inquérito em idioma inglês, das 8 respostas obtidas, existe uma maior


concordância no indicador mais relevante, 37,5% dos inquiridos concordam que
a rentabilidade, tal como, no inquérito A, é um fator evidente da eficiência da
gestão financeira. A solvabilidade, assim como, anteriormente não é um fator
relevante. A autonomia financeira, é também um dos indicadores com menos
pertinência na sua eficiência, enquanto que a estrutura de capitais e liquidez é
de igual proporção importante.

Mota (2006), refere que a rentabilidade é um dos critérios a serem analisados


nas aplicações financeira e desta forma, evita uma situação de défice de
tesouraria.

Gráfico 3 e 4 - Quais as fontes de financiamento de curto prazo que podem


traduzir uma vantagem no Fundo de Maneio?

Gráfico 3: Fontes de financiamento de curto prazo como vantagem FM, Idioma: Português

37
Foi relevante questionar quais as fontes de financiamento de curto prazo que
mais atraem as empresas e que possam traduzir uma vantagem no FM. O
recurso mais evidenciado, com 44,4%, foi o empréstimo a curto prazo, seguido
o factoring, conta corrente caucionada e confirming com 33.3%. As questões de
resposta aberta, permitaram identificar qual o instrumento financeiro mais
vantajoso, sendo que, o empréstimo a curto prazo, a conta corrente caucionada
e o factoring, são os instrumentos de curto prazo que mais oferecem vantagens,
no entanto, estes podem variar com as diferentes áreas de negócio.

Gráfico 4: Fontes de financiamento de curto prazo como vantagem FM, Idioma: Inglês

Numa perspetiva de gestores financeiros de outra área de negócio, a fonte de


financiamento que pode traduzir numa vantagem no FM, com 62.5%, são as
garantias bancárias e empréstimos a curto prazo. No entanto, neste inquérito, só
conseguimos perceber que, efetivamente, o empréstimo de curto prazo é a fonte
de financiamento mais vantajosa devido às taxas de juro em relação às outras
fontes.

A sobrevivência, o crescimento e a estabilidade de uma empresa, segundo o


autor Mota (2013), também depende da eficiência da sua gestão de FM de forma
a aumentar o valor da organização, determinando o nível de investimento no
ativo corrente, assim como, as fontes de financiamento e o nível de
financiamento, com o objetivo de não apresentar carência nem excesso de
liquidez.

38
Gráfico 5 e 6 - Existe um orçamento de tesouraria?

Gráfico 5: Orçamento de Gráfico 6: Orçamento de


Tesouraria, Idioma: Português Tesouraria, Idioma: Inglês

Como se pode observar nos gráficos acima representados, de uma forma


aproximada, 90% dos gestores financeiros têm orçamentos de tesouraria, e os
que não têm afirmam que seria uma mais valia para a organização.

O orçamento de tesouraria, numa análise cuidada dos inquiridos, permite apurar


as necessidades de liquidez da empresa e avaliar de uma forma mais ágil de
que forma os recursos podem ser catalisados para evitar o seu défice. É também
definido como uma linha orientadora de eficiência para a gestão de tesouraria.

Em análise conjunta dos dois questionários, existe uma ligação de respostas dos
inquiridos que definem que a tesouraria pode ser vista como um ponto de
encontro da organização. As decisões tomadas a curto prazo pode afetar a
situação financeira a empresa, por isso, é importante trabalhar em conjunto com
outros departamentos da organização de forma atingir objetivos comuns,
(Menezes, 2001).

39
Gráfico 7 e 8 - Que instrumentos financeiros utiliza atualmente na empresa?

Gráfico 7:Instrumentos utilizados na empresa, Idioma: Português

Sendo o empréstimo de curto prazo, a fonte de financiamento mais vantajosa,


como referida anteriormente, é também o instrumento mais utilizados, 44,4% dos
inquiridos utilizam este instrumento na organização. O factoring, garantias
bancárias e o papel comercial é utilizado numa proporção de 33,3% em cada.

O empréstimo de curto prazo, é usado para financiar operações de prazo


reduzido, ou então, em necessidades momentâneas de tesouraria, ao contrário
do que acontece com ou outros instrumentos financeiros, uma vez que, são, por
norma, recorrentes de situações de tesouraria deficitária, Rodrigues et al., 2013.

Gráfico 8: Instrumentos utilizados na empresa, Idioma: Inglês

Em sintonia com a questão das fontes de financiamento de curto prazo que


podem traduzir uma vantagem no FM, o instrumento mais utilizado neste
inquérito são as garantias bancárias, com 62,5%. Contudo, este instrumento não
permite uma injeção de capital direto na organização, no entanto, assume o

2
compromisso de honrar as obrigações assumidas pela empresa, caso esta não
o faça. Ou seja, este instrumento será uma vantagem no FM da organização
quando estiver um défice de tesouraria pontual, assim como, os empréstimos de
curto prazo que são utilizados em 50% dos inquiridos. O factoring é utilizado em
25%, que comparativamente com o inquérito português é inferior na sua
utilização, esta diferença pode ser explicada por o instrumento financeiro não
estar ajustado ao negócio.

O confirming e papel comercial, são dois instrumentos que os gestores


financeiros do primeiro inquérito utilizam com menor frequência, enquanto que
no segundo inquérito não mencionam a sua utilização.

Gráfico 9 e 10 - De que forma analisa a situação financeira da empresa?

Gráfico 9: Análise da situação financeira da empresa, Idioma: Português

Ao analisar o gráfico acima, concluímos que, os inquiridos analisam a situação


financeira, principalmente, pela demonstração dos resultados, com 44,4%. A
demonstração dos resultados fornece informação acerca do desempenho da
organização, particularmente, a sua rentabilidade. Assim sendo, existe uma
coerência com a seleção do indicador mais relevante para uma gestão financeira
eficaz, analisada anteriormente. Este mapa financeiro permite avaliar a empresa
no seu desempenho no ano e face ao ano anterior. A obtenção de resultados é
o objetivo final e principal desta demonstração (Quintaneiro, (2007)).

A demonstração de fluxos de caixa apresenta 33,3% o que significa que também


existe notoriedade na análise da situação financeira da empresa.

3
Gráfico 10: Análise da situação financeira da empresa, Idioma: Inglês

Na perspetiva dos gestores financeiros estrangeiros, ao contrário dos gestores


do primeiro inquérito, a principal fonte de análise da situação financeira da
empresa, com 50%, é a demonstração dos fluxos de caixa pois permite a análise
dos seus níveis de liquidez, da sua viabilidade e flexibilidade financeira. A
capacidade de gerar e utilizar dinheiro e equivalentes são peças de engrenagem
na definição estratégica dos negócios das empresas.

O indicador que se revela com menos importância tanto no inquérito A e no


inquérito B, é a TL, apresentando 22,2% no primeiro inquérito e 12,5% no
segundo. Este indicador, segundo Menezes (2005), apresenta algumas
limitações para análise da situação financeira da entidade. Deve ser feita em
termos comparativos com o próprio FM e não de forma isolada.

4
Gráfico 11 e 12 - Qual o produto financeiro de curto prazo que considera mais
relevante para empresa?

Gráfico 11: Produtos financeiros relevantes na empresa, Idioma: Português

De modo complementar à questão dos gráficos 3 e 8, o produto financeiro


considerado mais relevante para a empresa perfazendo um total de 44,4% da
amostra, é o factoring, posteriormente com 33,3% destaca-se o empréstimo a
curto prazo. De igual modo, 33,3% dos inquiridos afirmam que o empréstimo a
curto prazo é também um dos produtos financeiros mais significativos para a
organização.

O factoring, é justificado pelos inquiridos pela sua relação de custo/benefício


assim como os preços serem competitivos e versáteis.

A conta corrente caucionada e garantias bancárias, apesar da análise feita


anteriormente, serem produtos financeiros que podem traduzir vantagens do FM
e também serem utilizados nas empresas, no gráfico acima, considerasse menos
interessante para a organização.

5
Gráfico 12: Produtos financeiros relevantes na empresa, Idioma: Inglês

O empréstimo a curto prazo é sem dúvida o produto financeiro mais relevante,


com mais de 60%, este produto financeiro é também considerado pelos
inquiridos o que pode traduzir numa vantagem de fundo maneio, assim como,
um dos produtos mais utilizados pelas empresas. Este produto financeiro é
considerado mais relevante por ser fácil de gerir e também pelas taxas de juro
simples aplicadas na europa. De seguida, com uma relevância de 50%, é
identificado as garantias bancárias, o que vai ao encontro das análises já
referidas anteriormente.

O factoring e conta corrente caucionada apresentam uma menor relevância para


a empresa, apesar de o factoring no primeiro inquérito ter sido o produto que
mais se destacou, na perfectiva dos gestores estrangeiros, estes produtos
evidenciam relevância em 25%.

O confirming, é um serviço bancário que permite antecipar aos fornecedores, os


créditos referentes à venda de bens e/ou prestação de serviços, no entanto, na
perfectiva dos inquiridos, este produto financeiro além de ser pouco utilizado,
segundo amostra recolhida, é também pouco significativo para a empresa em
ambos os inquéritos. A escolha deste produto financeiro pode ser explicada
segundo Alvarca (2011), pelos custos do serviço, nomeadamente, as comissões
faturadas na proporção das faturas, bem como, a regra de que, caso a transação
implique a utilização de moeda estrangeira, não estão cobertos os riscos
cambiais.

Por fim, ao analisar a última questão de resposta aberta dos inquiridos,


português e inglês, no sentido de perceber se a gestão de tesouraria eficaz pode

6
traduzir uma vantagem competitiva no mercado, concluímos que, é unânime a
concordância dos gestores. Entendem que, desta forma consegue-se “responder
ao mercado de uma forma proactiva, como também racionalizar os custos às
necessidades”, permitindo “que a empresa avalie de forma mais adequada a
liquidez de que dispõe e consequentemente tome decisões que lhe permitam
investir no seu negócio o que se pode traduzir em vantagens competitivas”,
assim como, a atração de investidores.

7
CAPÍTULO IV – CONCLUSÃO

8
A elaboração do presente trabalho, pretendeu analisar os instrumentos
financeiros disponíveis no mercado que possam traduzir numa vantagem do FM
das empresas, assim como, colaborar para o equilíbrio de tesouraria.

Com as constantes alterações no universo económico financeiro é necessário


incrementar uma gestão de recursos, que seja, cada vez mais rigorosa e flexível
de forma a conduzir ao aperfeiçoamento de métodos e técnicas que visam a
prosperidade em todos os setores da organização.

Consciente das dificuldades de uma análise de gestão financeira das empresas,


realizou-se um estudo de caso, de forma a aproximar a realidade empresarial
nacional com a estrangeira.

Antes de mais, será necessário realçar algumas dificuldades que surgiram ao


longo da execução do estudo de caso. Do ponto de vista da teoria, foi fácil
encontrar autores que se dedicam ao estudo de eficiência da gestão de
tesouraria, no entanto, na elaboração do estudo de caso, não foi fácil encontrar
gestores financeiros que aceitassem o preenchimento do inquérito, visto que, na
maioria não se sentiam confortáveis com o seu preenchimento por falta de
conhecimentos na maior parte dos produtos financeiros. Outra limitação tem a
ver com o facto de existirem poucos estudos a nível nacional sobre a eficiência
da gestão de tesouraria e de financiamento a curto prazo. Os estudos existentes
centram-se na estruturação de capitais ou em alguma fonte de financiamento
específica e no estudo das grandes empresas maioritariamente.

Após a análise do estudo de caso, podemos então concluir que, o orçamento de


tesouraria é também um instrumento fundamental nas empresas, tornando-se
assim num fator crucial para a sua eficiência. Esta eficiência de tesouraria
permitirá com que a organização ganhe uma vantagem competitiva no mercado,
visto que, permite com que esta consiga racionalizar os custos face às
necessidades.

A banca está cada vez mais presente nas empresas portuguesas, no entanto,
as fontes de financiamento disponíveis são cada vez mais burocráticas, o que
pode dificultar a gestão de tesouraria caso a empresa não consiga fazer uma
análise de previsão dos seus fluxos de tesouraria.

9
Tendo em consideração os objetivos deste estudo, a gestão de tesouraria
eficiente e eficaz pode evitar a insolvência de qualquer empresa, tal como, foi
analisado na revisão de literatura, a sua gestão não é tarefa fácil, os problemas
de tesouraria podem ser constantes para os quais a empresa tem de se preparar.
Por esta razão, é necessário procurar constantemente soluções de forma a
contornar estas dificuldades. Os instrumentos financeiros disponíveis na banca,
por vezes, são suficientes para a empresa conseguir uma vantagem no seu FM
e posteriormente numa vantagem competitiva de mercado.

Espero que os conceitos implícitos para uma eficiência de gestão financeira de


curto prazo, tal como, disponibilidades, o FM, a regra do equilíbrio financeiro e
os rácios de liquidez, possam desta forma contribuir para explanar os
conhecimentos dos empresários de investir na gestão de tesouraria dentro dos
seus negócios, com um dos objetivos, à sua eficiência.

Como limitações do estudo apresenta-se o facto de a base de dados para


inquéritos ter sido reduzida e a especificidade dos produtos financeiros ser
bastante minucioso o que dificultava o preenchimento do inquérito, pelo que a
utilização de outra base de dados, nomeadamente, opiniões e entrevistas de
gestores que lidem diariamente com os produtos financeiros referidos no
inquérito, permitiria um melhor esclarecimento quanto à tomada de decisões e
estratégias tomadas pelas empresas, assim como, a sua eficiência empresarial.

As conclusões obtidas neste trabalho podem ser limitadas e não generalizáveis


uma vez que, enfrentou algumas limitações como referidas anteriormente.

Foram meses de imensa produtividade e de intensa aprendizagem que se


tornaram bastante úteis na minha caminhada profissional. Os conhecimentos
são maiores, a confiança no dia-a-dia é diferente, foi claramente uma aposta
ganha.

Quanto a futuras investigações sobre esta temática, sugerem-se à restrição de


áreas comercias que tenham rentabilidades reduzidas, de forma a verificar
pontos convergentes e divergentes.

10
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setembro de 2019

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16
ANEXOS

17
5 Anexo A – Questionário em idioma Português

POLITÉCNICO DO PORTO

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMNISTRAÇÃO DO PORTO

Na atualidade, a conjuntura económica tem vindo a exigir às empresas uma


contínua eficiência quanto a gestão financeira. Com esta entrevista pretende-se
recolher informações sobre a importância da gestão de tesouraria de uma
entidade e como se pode traduzir na eficiência empresarial. Este instrumento
metodológico, integra-se numa investigação do âmbito do Mestrado de
Contabilidade e Finanças, do Instituto Superior de Contabilidade e Administração
do Porto, conduzida pela mestranda Carina Pinto.

Pedimos, por favor, que responda com sinceridade na medida em que não
existem respostas corretas ou incorretas. A sua opinião é muito importante.

Agradecemos o seu contributo.

1) Nome?

2) Idade?

3) Formação?

4) Profissão?

5) Anos de experiência?

6) Ramo de atividade atual?

7) Qual o indicador que acha mais relevante para uma gestão financeira
eficaz?

-Rentabilidade

-Estrutura de Capital

-Liquidez

18
-Autonomia Financeira

-Solvabilidade

8) Quais as fontes de financiamento de curto prazo que podem traduzir uma


vantagem no Fundo de Maneio?

-Factoring;

-Conta Corrente Caucionada;

-Confirming;

-Garantias Bancárias

-Empréstimo a curto prazo

-Papel Comercial

-Outra Opção:

9) Qual o instrumento financeiro mais vantajoso? E a menos vantajoso?


Porquê?

10) Existe um orçamento de tesouraria?

Sim

Não

Se sim, qual a periocidade?

Se não, acha que seria uma mais valia para a entidade?

Sim

Não

11) Como define a comunicação entre os departamentos? A tesouraria pode


ser vista como o ponto de encontro?

12) Que instrumentos financeiros utiliza atualmente na empresa?

-Factoring

-Conta Corrente Caucionada

19
-Confirming

-Garantias Bancárias

-Empréstimo a curto prazo

-Papel Comercial

- Outra opção:

13) Os instrumentos financeiros utilizados pela empresa foram sugeridos por


si?

Se sim, acha que os instrumentos financeiros utilizados permitem uma gestao


de tesouraria eficaz?

Se não, quais aconselharia e porquê?

14) De que forma analisa a situação financeira da empresa?

-Demonstração Fluxos de Caixa

-Demonstração dos Resultados

-Tesouraria Líquida

15) A informação facultada pelos outros departamentos da empresa é


suficiente para responder as exigências do seu trabalho?

16) Numa hipótese de recessão económica, acha que a empresa teria


problemas financeiros de curto prazo? Porquê?

17) Considera que as bancas têm influência na vida da empresa?

18) Acha que o orçamento de tesouraria se torna num instrumento


fundamental para uma boa gestão financeira? Porquê?

19) Qual o produto financeiro de curto prazo que considera mais relevante
para empresa?

-Factoring

-Conta Corrente Caucionada

-Confirming

20
-Garantias Bancárias

-Empréstimo a curto prazo

-Papel Comercial

-Outra Opção:

Porquê?

20) Acha que a análise de previsão dos fluxos de tesouraria permite-lhe


antecipar um défice de tesouraria?

21) Esta análise pode traduzir uma vantagem de negociação? (negociar


linhas de crédito ou negociar prazos de recebimento/pagamento)?

22) A estratégia empresarial é adequada a gestão de tesouraria da empresa?

23) Acha justo o tempo que a banca demora para analisar o rating de uma
empresa que pede um empréstimo?

24) As soluções disponíveis são suficientes para as necessidades da


empresa?

25) Acha que a gestão de tesouraria eficaz pode traduzir uma vantagem
competitiva no mercado? De que forma?

21
6 Anexo B – Questionário em idioma Inglês

POLITÉCNICO DO PORTO

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMNISTRAÇÃO DO PORTO

Today, an economic environment has demanded companies to continually


improve their financial management. With this interview, you can gather
information about the importance of an entity’s cash management and how it can
translate into business economics. This methodological instrument is part of an
investigation carried out by the Master in Accounting and Finance of the

Higher Institute of Accounting and Administration of Porto, conducted by Carina


Pinto.

Please ask that you respond sincerely to the extent that there are no correct or
incorrect answers.

Your opinion is very important.

Thank you for your cooperation.

1) Name?

2) Age?

3) Formation?

4) Profession?

5) Years of experience?

6) Current business?

7) Which indicator do you find most relevant to effective financial


management?

-Profitability

-Capital structure

22
-Liquidity

8) What are the short-term sources of funding that can translate into a
Working Capital benefit?

-Factoring;

-Current Account Guaranteed;

-Confirming;

-Bank Guarantees

-Short Term Loan

-Commercial Paper

-Another option

9) What is the most advantageous financial instrument? And the least


advantageous? Why??

10) Is there a treasury budget?

Yes

No

If so, what is the periodicity?

If not, do you think it would be an asset to the entity?

Yes

No

11) How do you define communication between departments? Can treasury


be seen as the meeting point?

12) What financial instruments do you currently use in the company?

-Factoring

-Current Account Guaranteed

-Confirming

23
-Bank Guarantees

-Short Term Loan

-Commercial Paper

-Another option:

13) Were the financial instruments used by the company suggested by you?

If so, do you think that the financial instruments used enable effective cash
management?

If not, which would you advise and why?

14) How do you analyze the financial situation of the company?

-Cash Flow Statement

-Income Statement

-Net Treasury

15) Is the information provided by the other departments of the company


sufficient to meet the demands of your job?

16) In the event of an economic downturn, do you think the company would
have short- term financial problems? Why?

17) Do you think banking has an influence on the life of the company?

18) Do you think the cash budget becomes a fundamental tool for good
financial management? Why?

19) Which short-term financial product do you consider most relevant to your
business? -Factoring

-Current Account Guaranteed

-Confirming

-Bank Guarantees

-Short Term Loan

-Commercial Paper

24
-Other option:

Why?

20) Do you think the cash flow forecast analysis allows you to anticipate a cash
deficit?

21) Can this analysis translate into a trading advantage? (negotiate credit lines
or negotiate receipt / payment terms)?

22) Is the business strategy appropriate to the company's cash management?

23) Do you think the time it takes for banks to analyze the rating of a company
applying for a loan is fair?

24) Are the available solutions sufficient for the business needs?

25) Do you think effective cash management can translate into a competitive
advantage in the market? In what way?

25
7 Glossário

Conta Corrente Caucionada: Consiste num empréstimo de curto prazo, no qual


a instituição financeira disponibiliza um limite de crédito contratado, que este
pode utilizar até ao seu limite, podendo repor, quando entender, partes de capital
por forma a reduzir o montante do seu débito. As condições de montante e taxa
de juro são definidas de acordo com as necessidades da organização, Nabais &
Nabais (2007).

Gestão de cheques pré-datados: Este tipo de financiamento é definido como


uma gestão de valores no qual a instituição financeira se substitui à empresa na
gestão e cobrança dos cheques pré-datados apresentados a pagamento. Este
serviço permite a empresa solicitar o adiantamento dos montantes dos cheques
apresentados.

Garantias Bancárias: Tal como o nome indica, é uma garantia efetuada pelo
Banco, no qual este se compromete a cumprir as obrigações assumidas pela
empresa perante terceiros.

Papel Comercial: Consiste num título de dívida de curto prazo sem garantias,
emitido por sociedades comerciais ou civis sob a forma comercial, cooperativas,
empresas públicas e demais pessoas coletivas de direito público ou privado,
destinados a financiar défices de tesouraria.

Confirming: Meio financeiro utilizado pelo adquirente do serviço, garantindo ao


seu fornecedor um pagamento “imediato” sem necessidade do respetivo esforço
de tesouraria, ou seja, existe uma antecipação de pagamento pela instituição
financeira que deverá ser restituído pelo adquirente no prazo contratado. Este
produto financeiro tem como desvantagem o seus custos, nomeadamente as
comissões faturadas na proporção do valor das faturas.

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