Heloisa, 14 A ROTINA DO TEMPO INFANTIL
Heloisa, 14 A ROTINA DO TEMPO INFANTIL
Heloisa, 14 A ROTINA DO TEMPO INFANTIL
1 INTRODUÇÃO
Durante muito tempo as crianças da Educação Infantil não eram levadas em
consideração, por serem pequenas e por terem pouca importância na sociedade, ou
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Acadêmico do 7º período do curso de Licenciatura em Pedagogia da UNIASSELVI.
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Professora orientadora da disciplina de Trabalho de Graduação do 7º período do curso de
Licenciatura em Pedagogia da UNIASSELVI.
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seja, eram insignificantes. Com o passar dos tempos e as mudanças nas políticas
públicas referentes à infância e nas condições em que as crianças se encontravam é
que este panorama foi se reestruturando e atualmente podemos observar maior
preocupação com estes seres que na sua mais tenra idade já vão formando o seu
caráter.
Neste pensamento também se reestruturou o dia a dia das creches e pré-
escolas que atualmente são repletos de atividades organizadas por educadores que,
de uma maneira ou de outra, lidam com o espaço e o tempo a todo o momento.
Então qual a importância da rotina no desenvolvimento da Educação Infantil? Como
organizar tempos de brincar, de tomar banho, de se alimentar, de repousar de
crianças de diferentes idades nos espaços das salas de atividades, do parque, do
refeitório, do banheiro, do pátio? É tarefa dos educadores organizar o espaço e o
tempo das escolas infantis, sempre levando em conta o objetivo de identificar a
importância no desenvolvimento da Educação Infantil, proporcionando à criança seu
desenvolvimento global e por consequência a formação do seu caráter.
Atualmente todas as instituições de ensino possuem uma rotina e é por meio
dela que os professores, alunos e toda a comunidade escolar desenvolvem o seu
trabalho. A rotina escolar é organizada por horários, tarefas pré-estabelecidas e
atividades cotidianas. Não é uma tarefa fácil estabelecer uma rotina, pois para o
adulto o que é considerado ruim e repetitivo, para a criança é fundamental, pois
proporciona segurança para que possa desenvolver a sua autonomia, bem como ter
o controle das atividades que irão acontecer.
A criança é um sujeito histórico e social, capaz de desenvolver curiosidades,
afetos, sentimentos, amizades e sua identidade cultural, portanto, a ideia central é
que as atividades planejadas devem contar com a participação ativa das crianças
garantindo às mesmas a construção das noções de tempo e de espaço,
possibilitando-lhes a compreensão do modo como as situações são organizadas e,
sobretudo, permitindo ricas e variadas interações sociais (DIAS, 2010, p. 13). Sendo
assim, as instituições de ensino devem criar um ambiente saudável para as relações
sociais e para o processo de ensino-aprendizagem.
Não se pode esquecer que a infância corresponde a um período especial, que
requer atenção e muitos desafios. É o momento também em que as crianças
desenvolvem não só a inteligência, mas a afetividade e a convivência social. Neste
período também é possível observar a ampliação de suas habilidades, hábitos,
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A Educação Infantil passa a ser vista com direitos e, portanto, para atender a
nova demanda, necessita alterar as práticas pedagógicas, deixando de ser
essencialmente assistencialista para ter uma proposta pedagógica como uma
ferramenta fundamental no processo educacional.
Segundo Zabala (1998),
a capacidade de uma pessoa para se relacionar depende das experiências
que vive, e as instituições educacionais são um dos lugares preferenciais
nesta época, para se estabelecer vínculos e relações que condicionam e
definem as próprias concepções pessoais sobre si mesmo e sobre os
demais.
possibilita processos cada vez mais complexos, com a ajuda dos quais a
cognição da realidade se complica e se enriquece. (VIGOTSKY, 1989)
3 CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA
A ideia que se tinha de criança anos atrás é bem diferente da ideia que se
tem atualmente, e, portanto, é necessário entender que este é sujeito que vive e
chega hoje nos Centros Educacionais Infantis para então delimitar a partir desta
concepção a forma de organização de tempos e espaço numa rotina peculiar da
Educação Infantil.
A concepção de infância dos dias atuais é bem diferente de alguns séculos
atrás. É importante salientar que a visão que se tem da criança é algo
historicamente construído, por isso é que se podem perceber os grandes contrastes
em relação ao sentimento de infância no decorrer dos tempos. O que hoje pode
parecer uma aberração, como a indiferença destinada à criança pequena, séculos
atrás era algo absolutamente normal. Por maior estranheza que seja causada, a
humanidade nem sempre viu a criança como um ser em particular, e por muito
tempo a tratou como um adulto em miniatura.
De um ser sem importância, quase imperceptível, a criança num processo
secular ocupa um maior destaque na sociedade, e a humanidade lhe lança um novo
olhar. Para entender melhor essa questão é preciso fazer um levantamento histórico
sobre o sentimento de infância, procurar defini-lo, registrar o seu surgimento e a sua
evolução.
Segundo Áries (1978, p. 99), “o sentimento de infância não significa o mesmo
que afeição pelas crianças, corresponde à consciência da particularidade infantil,
essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo
jovem”.
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Sendo assim, o sentimento que se tem pela criança é algo que merece
atenção, pois se caracteriza muito diferente do adulto.
Le Grand Propriétaire, citado por Áries (1978, p. 06), comenta que na Idade
Média não havia clareza em relação ao período que caracterizava a infância, muitos
se baseavam pela questão física e determinavam a infância como o período que vai
do nascimento dos dentes até os sete anos de idade.
Até o século XVII a sociedade não dava muita atenção às crianças. Devido às
más condições sanitárias, a mortalidade infantil alcançava níveis alarmantes, por
isso a criança era vista como um ser ao qual não se podia apegar, pois a qualquer
momento ela poderia deixar de existir. Muitas não conseguiam ultrapassar a primeira
infância. O índice de natalidade também era alto, o que ocasionava uma espécie de
substituição das crianças mortas.
A perda de uma criança era vista como algo natural e que não merecia ser
lamentada por muito tempo, “[...] as pessoas não podiam se apegar muito a algo que
era considerado uma perda eventual [...]” (Áries, 1978, p. 22).
Por ser observada como um adulto em miniatura a criança tinha obrigações
como a de um adulto e o adulto, por sua vez, não se preocupa em nenhum instante
com a formação intelectual dos pequenos. A vivência da criança era em família e
mesmo assim não lhe era assegurada a transmissão de valores e conhecimentos e,
por consequência, era exposta a todo o tipo de experiência.
“A duração da infância não era bem definida e o termo ‘infância’ era
empregado indiscriminadamente, sendo utilizado, inclusive, para se referir a jovens
com dezoito anos ou mais de idade” (Áries, 1989). Dessa forma, a infância tinha
uma longa duração, e a criança acabava por assumir funções de responsabilidade,
queimando etapas do seu desenvolvimento. Até a sua vestimenta era a cópia fiel de
um adulto.
No século XVII muitas transformações sociais que foram acontecendo
contribuíram decisivamente para a construção de um sentimento de infância. As
mais importantes foram as reformas religiosas católicas e protestantes, que
trouxeram um novo olhar sobre a criança e sua aprendizagem. Outro aspecto
importante é a afetividade, que ganhou mais importância no meio familiar. Foi só
então a partir desta data que a educação passou a ter consideração.
A aprendizagem das crianças, que antes acontecia na convivência entre as
crianças e os adultos em suas tarefas cotidianas, passou a acontecer no espaço
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escolar. O trabalho com fins educativos foi substituído pela escola. As crianças
foram separadas dos adultos e mantidas em instituições até estarem “prontas” para
a vida em sociedade (Áries, 1978).
Surge uma preocupação com a formação moral da criança e a igreja se
encarrega em direcionar a aprendizagem, visando corrigir os desvios da criança.
Acreditava-se que ela era fruto do pecado e deveria ser guiada para o caminho do
bem. Entre os moralistas e os educadores do século XVII, formou-se o sentimento
de infância que viria inspirar toda a educação do século XX (Áries, 1989). Daí vem a
explicação dos tipos de atendimento destinados às crianças, de caráter repressor e
compensatório.
De um lado a criança é vista como um ser inocente que precisa de cuidados,
do outro como um ser fruto do pecado. Segundo Kramer (2003, p.18)
Nesse momento, o sentimento de infância corresponde a duas atitudes
contraditórias: uma considera a criança ingênua, inocente e graciosa e é
traduzida pela paparicação dos adultos, e a outra surge simultaneamente à
primeira, mas se contrapõe a ela, tornando a criança um ser imperfeito e
incompleto, que necessita da “moralização” e da educação feita pelo adulto.
Esses dois sentimentos são originados por uma nova postura da família em
relação à criança, que passa a assumir mais efetivamente a sua função.
Para Kramer (2003, p.18), “não é a família que é nova, mas sim o sentimento
de família que surge nos séculos XVI e XVII, inseparável do sentimento de infância”.
No século XVIII, além da educação, a família passou a se interessar pelas
questões relacionadas à higiene e à saúde da criança, o que levou a uma
considerável diminuição dos índices de mortalidade.
As mudanças beneficiaram as crianças da burguesia, pois as crianças do
povo continuaram a não ter acesso aos ganhos representados pela nova concepção
de infância, como o direito à educação e a cuidados mais específicos, sendo
direcionadas para o trabalho.
A criança sai do anonimato e lentamente ocupa um espaço de maior
destaque na sociedade. Essa evolução traz modificações profundas em relação à
educação. Os estabelecimentos de ensino precisarão se adaptar às novas
condições para atender as novas demandas, pois agora a aprendizagem
ultrapassava apenas as questões religiosas.
Segundo Loureiro (2005, p. 36),
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cuidar do alimento com independência, bem como aprender a ter boas maneiras
durante as refeições.
Higiene: Essa é a hora utilizada pelo professor para trabalhar os hábitos de
higiene que preservam a boa saúde. Por isso, o professor deve realizá-la
diariamente, visando ressaltar a necessidade de escovar os dentes após as
refeições, lavar as mãos após utilizar o banheiro e antes das refeições, manter-se
limpo, cuidando das unhas, entre outros aspectos.
Hora da Brincadeira: É o momento mais esperado pelas crianças. E é a
oportunidade mais valiosa de aprender a conviver uns com os outros. É o momento
de dividir, compartilhar ideias, regras, objetos e brinquedos. Na Educação Infantil, as
brincadeiras devem fazer parte da rotina diária e devem ser exploradas de diferentes
maneiras, sejam em jogos de tabuleiros, jogos expositivos, de faz de conta,
brincadeiras coletivas ou ainda explorando o movimento e expressão corporal, pois
proporciona à criança o conhecimento do próprio corpo, sendo assim, é necessário
proporcionar atividades, fora e dentro da sala de aula, onde a criança possa se
movimentar.
Atividades Extraclasses: São atividades que o professor vai proporcionar para
enriquecer seus conteúdos e desenvolver projetos e para isso o professor deve estar
atento à vida familiar da comunidade e da cidade onde atua, buscando relacionar os
conteúdos e que possam ser o início de novos projetos. Desta maneira, o professor
pode programar passeios ao zoológico, cinema, teatro, hortas, circo, no bairro, na
biblioteca, entre outros, que também enriquecerão as descobertas dos alunos.
Além das atividades citadas acima é possível realizar outras, como, por
exemplo, as datas comemorativas que poderão ser incluídas na rotina da Educação
Infantil, porém cada atividade e a determinação do tempo deverão ser adequadas à
realidade da turma e ao trabalho desenvolvido pelo professor.
A rotina escolar não pode ser realizada de forma mecânica, pelo contrário,
deve ser bem planejada, com horários e espaços determinados favorecendo o
trabalho pedagógico e as necessidades das crianças.
As instituições de ensino que não possuem uma rotina adequada dificultam o
trabalho do professor, bem como a adaptação e autonomia das crianças, portanto é
necessário que a escola esteja em sintonia, para que todos, numa relação de
parcerias, possam suprir as necessidades do bem comum, tornando o espaço
escolar um lugar agradável de conviver e de muitas realizações de sucesso.
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pela audição. Devem ser espaços que ampliam a criação, recriação e que
possibilitam a manifestação cultural.
6 MATERIAL E MÉTODOS
Na elaboração deste trabalho utilizou-se o método dedutivo, através de
pesquisas bibliográficas sobre o tema escolhido. Segundo Prestes (2008, p. 26), “a
pesquisa bibliográfica é aquela que busca adquirir conhecimentos a partir de
informações provenientes de materiais gráficos ou de outras fontes”. Foram feitas
leituras, pesquisas de fontes que abordassem a temática estudada, como livros,
artigos, documentos, materiais de meio eletrônico, resumos e análises dos principais
pontos pertinentes à temática tratada, buscando elucidar as questões descritas.
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o desenvolvimento deste trabalho pode-se perceber que, do ponto de
vista histórico, as instituições de atendimento à criança sofreram diferentes
modificações que foram desde o assistencialismo até a consolidação de um espaço
que cuida e educa a criança pequena.
As famílias sofreram transformações significativas no decorrer dos tempos em
função da saída da mulher para o mercado de trabalho. Devido a essas mudanças,
houve a necessidade de se pensar um outro ambiente de educação para além da
família. Assim, com essa nova forma de organização familiar, aliada às
determinações das leis, pode-se afirmar que a educação infantil não só garantiu seu
espaço, mas foi reorganizada com objetivos que contemplassem o desenvolvimento
infantil de forma integral.
Ao refletir sobre o desenvolvimento dos pequenos, logo pensamos em como
proporcionar uma rotina pedagógica capaz de contribuir com sua formação, já que,
em se tratando de crianças, logo vislumbramos a brincadeira, a imaginação e o faz
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de conta. Por meio desses elementos elas inventam seu próprio mundo com
criatividade e autonomia.
E partindo dessa concepção de brincadeira no desenvolvimento integral da
criança é que destacamos a rotina como um elemento importante na organização do
trabalho pedagógico do professor, haja vista que se constituem o ponto de partida
para o desenvolvimento de hábitos saudáveis relacionados à construção dos
conhecimentos infantis.
Os resultados desse estudo mostram que a organização da rotina pode
contribuir para o enriquecimento das experiências das crianças ou comprometer o
seu desenvolvimento, considerando que todo o trabalho está pautado na
responsabilidade de cada profissional que deve ter em mente a concepção de
infância e nos elementos auxiliadores de seu desenvolvimento.
O professor precisa ter clara toda a organização do trabalho pedagógico a fim
de avaliar as atividades que planeja e as suas próprias atitudes frente à criança.
Deve atuar como mediador entre as crianças e o mundo ao seu redor. Deve avaliar
o desenvolvimento do grupo onde atua e de cada criança, em particular, sem
compará-las umas às outras, compreendendo que cada uma delas carrega histórias
de vida e ritmos de desenvolvimento próprios.
Sendo assim, considera-se este estudo de grande importância para a
formação de professores no sentido de instrumentalizá-lo para uma melhor atuação
na sala de aula, principalmente na elaboração do planejamento na Educação Infantil.
Finalizando, é importante reiterar a importância da rotina como estratégia para
o desenvolvimento das atividades, sobretudo daquelas que se destinam à
organização dos espaços e tempo.
Mais que uma organização, é necessário respeitar a criança em sua
individualidade e sua faixa etária, para que possa em cada momento de sua vida
viver de maneira saudável e feliz.
8 CONCLUSÃO
Neste trabalho foram coletadas informações acerca da infância e discutido
sobre a história da Educação Infantil para focalizar a criança de antigamente e a
criança que se tem na sociedade contemporânea. Conseguiu-se perceber qual o
perfil atual do educador e foi possível explicitar sobre a rotina escolar.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, Maria C. S. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto
Alegre: Artmed, 2006.
ZABALA, A. A Prática Educativa: como ensinar. Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre:
ArtMed, 1998.