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1. Introdução
A transmissão de TV digital deve contemplar uma série de alternativas, correspondentes aos
vários processos de distribuição já em uso para a TV analógica, bem como novas tecnologias
emergentes de telecomunicações. Nesse aspecto, podemos citar os seguintes cenários:
Distribuição por satélite (DTH - "Direct To Home"): procura-se aqui proporcionar o serviço de
distribuição de TV digital em condições de baixa relação Sinal/Ruído, de modo que as
dimensões da antena receptora possam ser minimizadas. A comunicação via satélite é então
limitada pelo ruído gaussiano do canal, estando por outro lado livre de interferências (exceto
desvanecimento ocasional provocado pela chuva).
Radiodifusão Terrestre ("Broadcasting"): deve-se buscar cobertura equivalente à da transmissão
analógica, apesar do meio de comunicação estar sujeito a interferências, ruído, atenuação,
desvanecimento, distorções por multi-percurso estáticas e dinâmicas; além do que a
radiodifusão de sinal digital deve coexistir com a analógica dentro do mesmo espaço espectral,
pelo menos durante uma longa fase de transição.
Distribuição via cabo: uma vez que na maioria dos casos os sistemas de TV a cabo operam com
quantidade de canais analógicos próxima do limite da capacidade, é necessário que a
transmissão digital possa operar satisfatoriamente nas frequências mais altas, onde a qualidade
de serviço não é mais aceitável para a distribuição de sinal analógico. Por outro lado, o cabo
não está sujeito a distorções ou interferências tão severas quanto a radiodifusão terrestre.
Distribuição por Redes Digitais de Alta Velocidade: o fluxo de transporte MPEG-2 prevê
compatibilidade com a formatação em células ATM e pacotes IP, permitindo assim a
distribuição de TV digital através de redes de alta velocidade. Esta forma de comunicação é
mais adequada para distribuição ponto-a-ponto sob demanda.
Imagens
Cabo Canal de
Satélite Transmissão
Áudio
Radiodifusão
Legendas
Rede Digital
Programa Lista de Usuário
Usuário Programas Criptografia
CD-ROM
e Acesso
Dados Condicional
Correção de
Pacotes MPEG-2 Intercalamento
Erros
Randomizador Temporal
(R.S. 204,188, t=8)
Correção de Erros
p/ transmissor Modulador Conformação de (Convolucional
QPSK Pulsos ½ a 7/8)
O padrão mais recente para transmissão por satélite, DVB-S2, introduz avanços na formatação
de pacotes, correção de erros e modulação. São utilizados códigos BCH (Bose, Hocquenghem e
Chaudhuri) e LDPC (Low Density Parity Check). Estes códigos trabalham com blocos extensos de
dados, da ordem de 3 a 64 kbits. O código BCH causa um aumento de 0,2% a 5% na taxa de
bits, conforme o tamanho do bloco; já o LDPC pode ser configurado para taxas de ¼ até 9/10,
resultando sempre em blocos de 16200 ou 64800 bits.
A modulação pode ser feita em 4-PSK, 8-PSK, 16-APSK ou 32-APSK. As constelações para a s
modulações 16- e 32-APSK (Amplitude and Phase Shift Keying) estão apresentadas na figura 2.4.
Estas inovações permitem um aumento esperado de cerca de 30% na taxa útil, em relação ao
DVB-S, chegando a 58 Mb/s (8-PSK, 2/3, C/N = 7,8 dB).
Fig. 3.1 – Espectro de UHF (canais 14 a 28), Sinais Analógicos e Digitais (São Paulo - 2008)
Valores típicos de referência para L, GR, NF, bem como C/N para alguns sistemas de
transmissão digital (a serem detalhados adiante) estão apresentados na tabela 3.2 abaixo.
No entanto, esses cálculos refletem uma situação ideal, na qual não existem outras fontes de
interferências além do ruído térmico no circuito de entrada. Considerando a contribuição do
ruído da antena e da linha de transmissão, bem como de fontes externas, naturais e artificiais,
pode haver uma degradação adicional de até 20 dB para VHF baixo e 2 dB para UHF,
considerando situações de recepção em localidades distantes, onde o ruído externo artificial é
mais reduzido. Em regiões urbanas, a degradação pode ser maior que 40 dB na faixa de VHF
baixo; no entanto, em geral o sinal é mais forte.
4.1 - Randomizador:
1 1 1 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0
D7 D6 D5 D4 D3 D2 D1 D0
Para permitir correção de erros de transmissão, no receptor, o sistema ATSC utiliza um código
de bloco tipo Reed-Solomon, (RS 207, 187, t=10). Este código toma 187 bytes de informação
(correspondentes à parte útil de um pacote MPEG, descartando o sincronismo) na saída do
randomizador, e acrescenta 20 bytes de proteção ("paridade"). Com isto, o receptor será capaz
de corrigir até 10 bytes errados dentro do bloco total de 207 bytes. O polinômio gerador dos
bytes de proteção é
i 19
( X i ) X 20 152 X 19 185 X 18 240 X 17 5 X 16 111 X 15 99 X 14 6 X 13
i0
1 2 3 19 20
X X X .... X X
. 20 bytes de proteção
B
207 bytes
187 bytes de dados
codificados
A
M=4 Bytes
2
2M
3
4 3M
51M
52 .......
Pré-codificador
e Codificador
Convolucional
No. 1
Pré-codificador
e Codificador
Convolucional
No. 2
No. 3
Pré-codificador
e Codificador
Convolucional
No. 12
4
828 símbolos
sinc. quadro 1
DADOS + 24.2 ms
CORR. ERROS 313 segmentos
sinc. quadro 2
DADOS + 24.2 ms
CORR. ERROS 313 segmentos
Conforme a fig. 4.10, o sincronismo de quadro contém, em primeiro lugar, uma sequência
pseudoaleatória de 511 bits, gerada por um polinômio da forma
x9 x7 x6 x4 x3 x 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 Saída
x6 x 1 1 0 0 1 1 1 Saída
inicializado com 100111. Esta sequência é repetida 3 vezes, sendo que no sincronismo de
quadro 2 a sequência central é invertida (complementada) em relação às sequências adjacentes.
A auto-correlação da sequência central, considerando as sequências adjacentes, é perfeitamente
conhecida e independente dos dados transmitidos nos demais segmentos. Isso permite a um
equalizador adaptativo no receptor compensar qualquer distorção por multi-percurso, dentro
de um intervalo de 63 símbolos (5.86 s), em uma única iteração. A sequência de 511 símbolos
(bits) permite corrigir distorções com intervalo maior, mas com precisão inicial menor devido à
presença de dados aleatórios na vizinhança.
O sincronismo de quadro inclui ainda um campo (“Modo VSB”) que identifica o processo de
modulação empregado:
+/- modo
PA511 PA63 PA63 PA63 reserv.
VSB
sinc.
12
4
511 símbolos 63 63 63 24
símbolos 104
O sinal multinível é modulado em VSB, resultando em um espectro de 5.38 MHz (-3 dB) com
bandas vestigiais de 310 kHz. A ocupação total do espectro é de 6 MHz.
Após filtragem pelo canal de F.I. no receptor, as bandas vestigiais estarão adequadas para o
critério de Nyquist, assumindo um formato cossenoidal.
A randomização faz com que o sinal transmitido se aproxime de um ruído de banda limitada
(ver figuras 4.11 e 4.12 referentes ao sinal temporal e ao espectro). Isso significa que a potência
média é estável, mas a potência de pico não é claramente definida. Pode-se perceber que o
sistema admite a ocorrência de picos com mais de 8 dB acima da potência média, o que
representa um inconveniente para o transmissor, uma vez que este é dimensionado pela
potência de pico de envoltória.
Pode-se reduzir a relação pico/média, através de limitadores, porém isso significa introduzir
distorções que provocam intermodulação e, consequentemente, espalhamento do espectro. A
fig. 4.13 mostra o espectro na saída de um transmissor com limitação de pico em +6 dB acima
da potência média.
A taxa de erros de transmissão, conforme a relação Sinal/Ruído do canal, pode ser vista na
figura 4.14 . É evidente o "efeito precipício", característico de sistemas de comunicação digital
com correção de erros: para uma variação de 1 dB na relação Sinal/Ruído o sinal recebido passa
de “excelente” para “absolutamente inadequado”.
O limiar de visibilidade de erros, determinado experimentalmente, corresponde a 1.93 x 10-4
erros de segmento, ou 2.5 segmentos errados por segundo, e ocorre para uma relação S/R de
14.9 dB (ruído aditivo gaussiano).
Adicionalmente, o sistema ATSC tolera surtos de ruído impulsivo de 190 s dentro de um
período de 4 ms. O sistema VSB é bastante insensível a ruído de fase (erros aleatórios na fase da
portadora). O limiar de percepção de interferência co-canal de um sinal digital sobre o
analógico ocorre para potência média digital 45 dB abaixo da potência de pico do sinal
analógico.
Intercalamento
4 C1
Codificação 16-QAM
C2
C3
Saída
C4 FFT -1
892
Símbolos / s
C 6816
19508 bits
x 892 simbolos
= 17.4 Mb / s
24192 bits 27268 bits 6817 Coeficientes
K Portadoras
Independentes Banda de cada Portadora
f f
Espaçamento
Banda Total Ocupada
1 / TU
TU Modulação
de cada
Portadora
TS
f
Espaçamento 1 / TU
TU
TS
...
..
...
Símbolo ..
t
Banda ocupada
O receptor COFDM efetua então um "janelamento" do sinal recebido, tomando apenas o trecho
de sinal após o tempo de transição tx. A seguir efetua uma transformada de Fourier, obtendo
de volta os 6817 coeficientes (complexos). Para cada coeficiente, o receptor deve manter um
controle automático de ganho e de fase, para compensar as deformações de resposta em
frequência devidas ao multi-percurso.
Na tabela abaixo estão indicados alguns parâmetros referentes aos dois modos de operação do
sistema DVB-T (modos “2k” e “8k”).
Estes parâmetros ainda podem ser escalados para canais de 6 ou 7 MHz, considerando como
unidade básica o período elementar T.
Para canais de 8 MHz, temos T = 7/64 = 0.109375 s; para 7 MHz, T = 1/8 = 0.125 s;
finalmente, para 6 MHz, T = 7/48 = 0.14583 s.
O diagrama de blocos do codificador COFDM DVB-T está apresentado na figura 5.7. Assim
como no ATSC, os dados (pacotes de transporte MPEG-2) são randomizados por um gerador
de sequência pseudo-aleatória (Fig. 5.8). O byte de sincronismo do pacote MPEG não é
randomizado.
A cada 8 pacotes, o byte de sincronismo MPEG é invertido, ou seja, passa de 47h para 8Bh,
sinalizando assim a reinicialização do randomizador. A seguir, é aplicado um código Reed-
Solomon (204, 188, t = 8) sobre o pacote randomizado, de acordo com a fig. 5.9.
O intercalamento temporal inicial obedece ao esquema da Fig. 5.10.
Correção de Erros
Mapeador Intercalamento (Convolucional
Temporal ½ a 7/8)
1 0 0 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Habilitação
+
Entrada Saída
Serial
RS (204, 188, t = 8)
1
M= 17
2 Bytes
2xM
3
4 3xM
11 x M
12
....
...
Fig. 5.10 – Primeiro Intercalamento Temporal DVB-T
PTC2547 – Princípios de Televisão Digital – EPUSP 20
A seguir, é aplicado um código convolucional de taxa variável (Fig. 5.11). Isso é conseguido
através da supressão de alguns símbolos da sequência de bits gerados pelo codificador
(“puncionamento” do código). A tabela 5.3 apresenta as sequências de bits obtidas para as
várias taxas de codificação possíveis.
Finalmente, os bits são novamente intercalados e agrupados em símbolos (Fig. 5.12), de acordo
com o tipo de modulação usado, que pode ser QPSK, 16-QAM, ou 64 QAM. As constelações
QAM podem ser uniformes (mesma distância entre símbolos) ou não-uniformes (Fig. 5.14),
sendo que neste caso os símbolos são agrupados em sub-constelações com distâncias diferentes,
proporcionando robustez diferenciada para fluxos de dados de prioridades diferentes. As
saídas do intercalador / mapeador consistem das partes real e imaginária de cada portadora
COFDM, que serão utilizadas para sintetizar o sinal temporal através de uma FFT inversa.
Saída X
+ + + +
Entrada
Serial Saída Serial
D D D D D D D=
1 bit
Saída Y
+ + + +
Puncionamento e Serialização
Fig. 5.11 – Codificador Convolucional Puncionado
Re(n,x)
Interc.
Entrada Bit I0
Serial Demux Interc. Mape- Im(n,x)
Símbolos ador
Interc.
Bit I1
QPSK
L = 126 bits
Interc.
Entrada Bit I0
Serial 1 Demux
Interc. Re(n,x)
Bit I1
Interc.
Bit I2 Interc. Mape- Im(n,x)
Símbolos ador
Entrada Interc.
Serial 2 Bit I3
Demux 64-QAM
Interc. Não-uniforme
Bit I4
Interc.
Bit I5
(a) (b)
Fig. 5.14 – Constelações 16-QAM Uniforme (a) e Não-Uniforme (b)
Além das portadoras piloto, são inseridas portadoras de controle, denominadas TPS
(Transmission Parameter Signalling), que transportam informações necessárias para que o
decodificador possa extrair os dados contidos na modulação. No modo “2k”, são 17 portadoras;
no modo “8k” são 68. Todas as portadoras são moduladas em BPSK com a mesma informação
(1 bit por símbolo), sendo transmitidos no total 68 bits. A sequência de 68 símbolos constitui um
3
.... ..... 4
-1
-2
-3
-4
-5
1.29 1.3 1.31 1.32 1.33 1.34 1.35
38
36
8-VSB
34
32
30
28
COFDM 64-QAM 2/3 FEC
Banda de Guarda 1/8
26
24
22
20
18
16
14
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Relação Sinal/Eco (dB)
6. Modulação ISDB-T
O sistema ISDB-T (Integrated Services Digital
Broadcasting - Terrestrial) foi desenvolvido no
Japão como uma alternativa flexível para f
radiodifusão de TV, áudio e dados em ambientes 432 kHz
urbanos. Adotado no Brasil com pequenas 5,6 MHz
modificações para a transmissão de TV digital,
recebe aqui a denominação de ISDB-Tb. Baseia-se
na modulação OFDM segmentada; ou seja, a banda total do canal é subdividida em 13 sub-
bandas, que podem usar parâmetros de modulação diferentes. Desta forma, as bandas podem
ser alocadas para serviços distintos, conforme exemplificado na fig. 6.1. Por exemplo, um
receptor portátil pode processar apenas uma banda de 432 kHz, enquanto que um receptor fixo
pode recuperar a informação do canal completo. As bandas destinadas à recepção móvel
podem usar modulação mais robusta, permitindo escalabilidade de desempenho.
INTERCALAMENTO INTERCALAMENTO
432 kHz
Intercalamento de Bits
Mapeador (DQPSK, QPSK, 16- / 32-QAM)
Síntese do Fluxo de Símbolos
Intercalamento Temporal Longo
Intercalamento de Segmentos
Rotação de Portadoras
Randomização de Portadoras
Inserção de Pilotos, AC e TMCC
Modulação OFDM (2k, 4k ou 8k) (= DVB-T)
Segmento de
Dados A-1
Símbolos da
Camada A
Segmento de
Dados A-2
Segmento de
Dados A-MA 1 Símbolo por
Portadora
Símbolos da Segmento de
Camada B Dados B-1
Segmento de
Dados B-MC
Símbolos da
Segmento de
Camada C
Dados C-1
Segmento de
Dados C-MC
Intercalador
Temporal Buffer de I x m0 símbolos
1 Símbolo Segmento 0 1 Símbolo
por por
Portadora Intercalador Portadora Buffer de I x m1 símbolos
Segmento 1
Intercalador Buffer de I x m2 símbolos
Segmento 2
Fig. 6.11 – Desempenho do sistema ISDB-T em função dos processos de Modulação e Taxas de
Correção de Erros
O gráfico acima apresenta a relação Sinal/Ruído mínima necessária para recepção (C/N),
quando na presença de um eco de amplitude variável (relação C/E) e atraso de 1 ou 16 s. É
evidente a vantagem de relação S/R para os protótipos ATSC quando a amplitude do eco é
menor que –5 dB. No entanto, com ecos de maior amplitude, os sistemas OFDM são
nitidamente superiores, desde que o intervalo de guarda seja maior que o atraso do eco.
O gráfico a seguir mostra a relação sinal/ruído equivalente, que corresponde ao efeito de um
ruído impulsivo, cuja duração é variada de 0 a 900 s. Nesta situação, o sistema ISDB-T, com
intercalamento temporal longo, apresenta desempenho superior aos demais sistemas.
1 2 3 4 5 6 7 8
Header ATM
Fig. 8.1 - Mapeamento de Pacotes MPEG-2 em Células ATM
O "trailer" traz informações de usuário além de um CRC-32 calculado sobre os 2 pacotes para
detecção de erros de transmissão (o ATM não efetua correção de erros nos dados transmitidos).
A transmissão de Vídeo Digital por redes IP sobre protocolo RTP (Real Time Protocol) é objeto de
padronizações pelo SMPTE (Society of Motion Pictures and Television Engineers) através das
recomendações SMPTE 2022 (2007), e também pelo European Telecommunications Standard
Institute nas normas ETSI 102 005 (2012), ETSI 102 034 (2014) e outras.
1220 44
MHz MHz
LNA
CAG CAG
1270 -
1140 -
2200
1220
MHz
MHz
O segundo filtro de F.I., também utilizando tecnologia SAW, é o responsável pela separação do
canal de 6 MHz. Ao contrário do filtro utilizado nos receptores analógicos, sua resposta é plana
dentro da banda. A figura 9.2 apresenta as respostas típicas dos filtros de F.I. utilizados.
O controle automático de ganho atua em vários pontos do circuito, dependendo da potência
detectada nas saídas dos vários estágios (LNA, misturadores e saída de F.I.), de modo a evitar a
saturação nas várias etapas.
A figura 9.5 mostra o diagrama de blocos de um circuito demodulador integrado para o sistema
ISDB-T/Tb. A sequência dos blocos acompanha adequadamente a ordem dos processos citados
acima. Nota-se que os processos de demodulação das constelações (“Demapping”) e
desrandomização estão triplicados, para atender aos parâmetros das 3 camadas do padrão
ISDB-T.
Quanto à modulação das portadoras OFDM, o sistema DVB-T2 permite QPSK, 16-QAM, 64-
QAM e 256-QAM. Não é usada modulação hierárquica, como no DVB-T original. Um recurso
adicional consiste na rotação das constelações em relação às pilotos, que é acompanhada de um
deslocamento temporal das componentes Q em relação às componentes I (figura 11.2). Este
artifício supostamente permitiria melhor desempenho da correção de erros em determinadas
situações.
As portadoras são intercaladas no tempo e na frequência, através de mapeamentos cíclicos
(periódicos) e aleatórios, delimitados em super-quadros compostos de quadros T2 e quadros
FEF (reservados para extensões futuras). Os quadros T2 iniciam-se por um símbolo de
sincronismo, P1, que consiste de uma sequencia fixa de 384 portadoras piloto, obtidas por uma
IFFT de 1024 pontos, e que é usada pelo receptor para sintonia e sincronismo temporal.
Os demais símbolos dos quadros T2 podem ser gerados através de IFFT de 1024, 2048, 4096,
8192, 16384 ou 32768 pontos. Nos modos 8k, 16k e 32k, há uma opção “estendida” que
acrescenta mais portadoras, aumentando a banda ocupada em 1,4% a 2% em relação ao modo
“normal”.
Para redução do fator de crista (Relação Pico/Média da potência transmitida) podem ser
reservadas 10 a 288 portadoras (conforme o tamanho da IFFT), que serão preenchidas com
sinais calculados de modo a reduzir esse fator. Outro método previsto para a redução do fator
de crista é a expansão dos pontos periféricos das constelações.
O intervalo de guarda temporal pode variar de ¼ a 1/128 da duração do símbolo. A tabela 11.1
apresenta algumas comparações entre o sistema DVB-T e o DVB-T2. Além disso, o sistema
prevê o escalamento da banda ocupada, variando a frequência básica do processamento, para
poder operar em canais de 1.7, 5, 6, 7, 8 ou 10 MHz de largura. Em um canal de 8 MHz, a taxa
de amostragem na saída da IFFT é de 64/7 = 9,14286... MHz.
Após a normatização deste padrão, constatou-se a dificuldade operacional decorrente da
grande flexibilidade nas configurações. Foi então definido um subconjunto dessas
especificações, denominado DBV-T2_Lite, que limita as combinações permitidas de parâmetros,
o que simplifica o uso para o operador do sistema.
DVB-T DVB-T2
TS’s múltiplos ou Encapsulamento
Entrada de Dados TS único (MPEG-2)
Genérico de Fluxos (GSE)
Modos Modulação e Codificação fixas Modulações e Codificações variáveis
Reed-Solomon e Convolucional BCH + LDPC
Correção de Erros
1/2, 2/3, 3/4, 5/6 e 7/8 1/2, 3/5, 2/3, 3/4, 4/5 e 5/6
Modulação OFDM
Portadoras Totais 1705 ou 6817 853 a 27841
Constelações QPSK, 16-QAM, 64-QAM QPSK, 16-, 64- e 256-QAM
1/4, 19/128, 1/8, 19/256, 1/16,
Intervalo de Guarda 1/4, 1/8, 1/16 e 1/32
1/32 e 1/128
Ordem da IFFT 2k e 8k 1k, 2k, 4k, 8k, 16k e 32k
Padrão único, Padrões variáveis,
Portadoras Pilotos
2,6% fixas e 8% móveis 0,35% fixas e 1, 2, 4 ou 8% móveis
Expansão de Constelações ou
Redução de Fator de Crista Não especificado Portadoras Reservadas:
10, 18, 36, 72, 144 ou 288
Taxa de Bits (canal de 8 MHz) 4,98 a 31,67 Mb/s 7,44 a 50,32 Mb/s
Tab. 11.1 – Comparação entre DVB-T e DVB-T2