Legislação e Ética
Legislação e Ética
Legislação e Ética
1. O que é o Direito?
O Direito é o conjunto de normas, regras, princípios, costumes, doutrinas,
jurisprudências, adotado por uma sociedade para estabelecer a organização,
prevenindo e resolvendo eventuais conflitos. O objetivo do Direito é garantir
o equilíbrio, a harmonia e a paz social.
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Há outras fontes denominadas indiretas:
• Doutrina: são os autores de livros, estudiosos e juristas do Direito que
mostram os diversos fatos jurídicos e constroem seu pensamento para
torná-lo o mais científico possível. Assim, eles apresentam novas vertentes
para o Direito.
• Jurisprudência: são as decisões proferidas pelos tribunais quando não há
lei e por ter surgido na sociedade um fato novo, para o qual ainda não há
uma norma específica.
Ponto-chave
A lei é:
a) Geral – vale para todas as pessoas.
b) Abstrata – vale para todas as situações semelhantes e futuras.
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3. Divisões do Direito
O Direito Público rege as relações que envolvem o Estado e os interesses
gerais da coletividade. Ele trata da organização, da administração e do
funcionamento do Estado e de seus poderes, da arrecadação e da distribuição
da receita, da implementação e da prestação dos serviços públicos.
Regulamenta as relações entre o Estado e os particulares.
4. Ramos do Direito
Como o Direito é um conjunto de normas para estabelecer o equilíbrio na
sociedade, muitos são os interesses dela para observar os mais diversos
assuntos. O Direito é dividido em: Direito Público e Direito Privado.
É o ramo do Direito que rege as relações que envolvem as normas que tem
por interesse do Estado, como a função e a organização, a ordem e segurança,
a paz social.
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individuais – art. 5º, por exemplo: direito de propriedade, liberdade de
expressão, direito a acesso à Justiça – e direitos sociais – art. 6º a 11, por
exemplo: direitos trabalhistas, direito à saúde, direito à educação – dentre
outros, e dispõe sobre a organização e o funcionamento do Estado e dos
poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Contém normas de Direito
Tributário, Financeiro, Administrativo, Trabalhista, Ambiental e do
Consumidor.
• Direito Penal: define os crimes, as contravenções e as penas a serem
aplicadas aqueles que praticarem atos proibidos pelas leis penais. Baseia-
se em várias leis, como: o Código Penal, a Lei das Contravenções Penais, a
Lei dos Tóxicos e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Direito Processual: disciplina a organização e o funcionamento do Poder
Judiciário, disciplina a atuação de juízes, promotores, defensores públicos e
advogados nos processos, a resolução dos conflitos de interesses. Divide-se
em Processo Civil e Processo Penal e é regido pelos Códigos de Processo
Civil e Penal, respectivamente.
• Direito Tributário: estabelece os limites e as possibilidades da atividade
estatal de criar, estabelecer e cobrar tributos. É voltada para criação,
imposição e fiscalização de tributos – impostos, taxas e contribuições
–, que os particulares devem ao Estado. É o ramo do Direito que regula
a arrecadação de receita para o Estado. É regido pelo Código Tributário
Nacional e pela Constituição Federal de 1988, dentre outras leis específicas.
• Direito Administrativo: é o conjunto de regras que disciplina a atividade
dos órgãos e agentes que integram a Administração Pública, a relação
entre servidores públicos e o Estado, os procedimentos legais para a
prestação dos serviços públicos. Estabelece os requisitos para o exercício
do poder de polícia. As regras de Direito Administrativo estão previstas na
Constituição e em diversas leis brasileiras.
• Direito do Consumidor: disciplina as relações de consumo, estabelecendo
os direitos do consumidor e os deveres dos fornecedores, fabricantes e
prestadores de serviços. Foi introduzido no Brasil pelo Código de Defesa
do Consumidor.
• Direito do Trabalho: regula as relações de emprego e demais atividades
de trabalho e produção para proteção do trabalhador. Cuida das relações
de emprego e das relações sindicais. É previsto na CLT – Consolidação das
Leis do Trabalho.
• Direito Eleitoral: regulamenta a criação, a formação, o funcionamento,
a fiscalização e as competências dos partidos políticos. Regulamenta
as eleições, as propagandas eleitorais e as sanções por infração às leis
eleitorais.
• Direito Ambiental: é o conjunto das normas que regulamentam o uso
dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente, natural e cultural.
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Exemplos: Lei nº 9.605/1998 que dispõe sobre os crimes ambientais e o
Código Florestal – Lei nº 12.651/2012.
• Direito Financeiro: trata das regras para o uso e a aplicação das receitas
arrecadadas pelo Estado na execução do bem comum. Exemplo: Lei das
Diretrizes Orçamentárias.
5. Conceitos Gerais
5.1 Fato Jurídico
Coisa é sempre um bem material, físico. Os bens nem sempre são uma coisa,
pois podem ser imateriais e impalpáveis. Existem bens imateriais que por
sua própria natureza não possuem um valor econômico definido, não são
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comercializáveis, mas são passíveis de indenização pecuniária1 face à sua
preciosidade e valoração subjetiva de seu titular. Exemplos: a vida, a honra e
a liberdade.
Está previsto nos artigos 1.711 a 1.722 do Código Civil. Os cônjuges ou entidade
familiar podem destinar um terço de seu patrimônio líquido, com escritu-
ra pública ou testamento, para constituição do bem de família, mantendo-se
a impenhorabilidade do imóvel residencial, com a Lei nº 8.009/90. Todos os
pertences e os acessórios existentes na residência são considerados bens de
família e, portanto, impenhoráveis. O bem de família, para ter validade contra
terceiros, deve obrigatoriamente ter seu título de constituição registrado no
registro de imóveis.
O bem de família só pode ser objeto de execução por suas respectivas dívidas
tributárias e de condomínio, e perdurará enquanto viver um dos cônjuges ou
na falta deles até que todos os filhos completem a maioridade.
Atenção!
A jurisprudência recente dos Tribunais afastou a proteção do bem de família do fiador de
contrato de aluguel, ou seja, o bem de família do fiador responde pelas dívidas do contrato
de aluguel.
5.5 Procuração
1. Pecuniária
1 relativo a dinheiro
Ex.: transação p.
2 que consiste ou é representado em dinheiro
Ex.: reservas p.
fonte: dicionário Houaiss digital
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firma da assinatura do outorgante. A Procuração Pública é feita pelo cartório
de títulos e documentos.
5.6 Obrigações
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o qual foi contratado. Exemplo: um pedreiro que foi contratado para
construir um muro. A obrigação só será extinta quando terminar
totalmente o muro.
• De Meio: o devedor deve empenhar-se para realizar a prestação,
considerando-se satisfeita a obrigação mesmo que o resultado não seja
positivo. Exemplo: o advogado tem uma obrigação de meio, que consiste
na defesa dos interesses de seu cliente. Sua obrigação é considerada
satisfeita mesmo que ele não ganhe a Ação Judicial, desde que efetue seus
serviços – propositura e andamento da ação, se pelo autor, ou defesa, se
pelo réu, atuação em audiências etc.
Além das condições da ação, para que possa ingressar em juízo, a parte tem
que ter capacidade civil e estar devidamente representada por profissional
habilitado e inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
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• deficientes mentais com deficiência mental incompleta.
• Incapacidade civil absoluta: devem ser representados por pais, tutores ou
curadores.
• menores de 16 anos;
• os que por deficiência mental não têm o mínimo discernimento para os
atos da vida civil;
• os que por enfermidade não puderem exprimir a sua vontade.
7. Arbitragem
Atualmente, como via alternativa, vem sendo utilizada de modo crescente
e com sucesso na solução dos conflitos a justiça privada pelo instituto
da arbitragem. As partes capazes podem resolver questões de direitos
patrimoniais disponíveis, pela aplicação da Lei nº 9.307/96, mediante a
cláusula compromissória ou compromisso arbitral – cláusula contratual
que prevê a possibilidade de se resolver pendências ou problemas durante
o cumprimento do contrato perante um árbitro privado, uma espécie de juiz
escolhido e contratado pelas partes, e não mediante ação judicial. Essa forma
de resolução de conflitos é, normalmente, mais rápida que um processo na
Justiça, mas é realizada por grandes empresas devido ao seu alto custo. Esse
instituto está também referendado e aprovado pelo Código Civil – artigos 851
a 853.
Nota Jurídica
“A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes:
§ 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na
arbitragem desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública.
§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos
princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais do comércio.”
Essa liberdade das partes não é total, pois, em defesa da ordem pública, da
moral e dos bons costumes, o legislador estabeleceu limites no primeiro
parágrafo do artigo.
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A ordem pública é mais ampla que o conjunto de leis e normas que visam a
assegurá-la, engloba a moral, o bom senso dos cidadãos e o desejo expresso
desses respeitarem uns aos outros e ao Estado, buscando um equilíbrio e a
paz social.
A arbitragem pretende ser bem mais ampla que a Justiça estatal, ter mais
flexibilidade de interpretação da lide e satisfazer ambas as partes, com
celeridade3 e de forma definitiva.
3. Celeridade
característica do que é célere; agilidade, rapidez, velocidade
Ex.: a c. dos meios de comunicação
Fonte: dicionário Houaiss digital
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O objetivo da arbitragem é a solução do conflito de forma rápida e eficaz,
sendo que a prevalência da vontade das partes é imperativa em relação à
vontade de terceiros.
Exercícios Propostos
1. O que é Direito?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
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Assinale a sequência que preenche as lacunas de forma correta:
( ) a) Código de Processo Civil, Direito Processual, a Jurisprudência.
( ) b) Código Penal, Direito Processual, a Doutrina.
( ) c) Constituição, Direito Privado, os Costumes.
( ) d) Código de Processo Civil, Direito Privado, a Jurisprudência.
( ) e) Código Civil, Direito Processual, a Doutrina.
( ) Verdadeiro ( ) Falso
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Lição 2 - Direito das Relações de Consumo/
Direito do Consumidor
1. Definição
O Direito das Relações de Consumo é o ramo do Direito que disciplina as
relações de consumo entre consumidor, fornecedor e fabricante. As fontes
são para todos os ramos de Direito.
2. Fornecedor
O fornecedor é o fabricante, produtor, importador, comerciante, empresário,
prestador de serviço. É a pessoa física ou jurídica que fornece bens ou presta
serviços, a título oneroso, isto é, mediante contraprestação pecuniária, que é o
pagamento. O fornecedor é considerado pelo Código de Defesa do Consumidor
a parte mais forte da relação de consumo. Subentende-se que tenha todas as
informações técnicas, comerciais e jurídicas sobre o produto ou serviço com
que trabalha e tem a obrigação de transmiti-las ao consumidor.
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Nota Jurídica
Segundo o art. 3º, do Código de Defesa do Consumidor:
“Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.”
Os produtos devem ser testados para serem aprovados pelo órgão competente,
o que não exclui a responsabilidade civil e criminal do fornecedor e do
fabricante por eventuais acidentes e defeitos.
3. Consumidor
Segundo o Código de Defesa do Consumidor, artigo 2º:
Nota Jurídica
“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.”
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a fábrica e o destinatário final. No momento em que vender o veículo para o
cliente, a concessionária será considerada fornecedora e responderá junto
com o fabricante por eventuais defeitos e problemas técnicos do bem.
4. Produto
Produto é todo bem móvel ou imóvel, material – exemplo: carro – ou imaterial
adquirido pelo consumidor mediante remuneração do fornecedor.
5. Serviços
Toda atividade profissional mercantil fornecida a título oneroso aos
consumidores, como serviços bancários, de advocacia, conserto de um
aparelho eletrodoméstico, fornecimento de luz, entre outros.
6. Recall
Segundo o artigo 10, do Código de Defesa do Consumidor, se um fabricante,
após colocar um determinado produto em circulação no mercado, descobre
que ele apresenta defeito, a lei o obriga a noticiar esse fato aos consumidores
pelos meios de comunicação.
Atenção!
“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.”
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SEÇÃO IV
DA DECADÊNCIA E DA PRESCRIÇÃO
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III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,
com especificação correta de quantidade, características, composição,
qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais
coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou
impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as
tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção
ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos,
assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências;
IX - (Vetado);
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
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Ponto-chave
a) Um contrato de prestação de serviço ou de compra e venda, em uma relação de
consumo, deve ser interpretado sempre da forma mais favorável ao consumidor.
b) Em razão da vulnerabilidade do consumidor, nas ações que envolvem direito do
consumidor, o juiz poderá determinar que o fornecedor ou fabricante faça prova de que
agiu conforme a lei.
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• Omissão de dados sobre a periculosidade ou nocividade dos produtos em
embalagens, rótulos ou recipientes das mercadorias – art. 63. Pena de 6
meses a 2 anos e multa. Também incorre nesse crime e com a mesma pena
o prestador de serviço que não comunicar os riscos e a periculosidade do
serviço a ser prestado ao cliente – antes de iniciar sua execução. No caso
de omissão culposa, em que o próprio fornecedor desconhecia o risco ou
perigo, a pena será reduzida, variando de um a 6 meses de detenção ou
multa.
• Deixar de efetuar o recall e comunicar às autoridades sobre a descoberta
da periculosidade do produto colocado em circulação no mercado. Pena
de detenção de 6 meses a 2 anos e multa.
• Executar serviços de alta periculosidade em desacordo com as normas de
segurança, expondo a si, a terceiros e à coletividade a risco de vida ou de
saúde. Pena de detenção de 6 meses a 2 anos e multa.
• Utilizar peças ou componentes usados sem a autorização expressa do
consumidor. Pena de detenção de 3 meses a um ano.
• Efetuar a cobrança de dívida mediante ameaça, coação ou utilização
de meios e linguagem que cause constrangimento físico ou moral ao
consumidor. Pena de detenção de 3 meses a um ano e multa.
Exercícios Propostos
( ) Verdadeiro ( ) Falso
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3. Associe as duas colunas, relacionando o princípio do Direito do Consu
midor com a sua definição:
1. Princípio da Vulnerabilidade ( ) As partes, ao negociarem ou
do Consumidor contratarem, devem agir sem-
2. Princípio da Boa-fé pre com lealdade, sinceridade,
3. Princípio da Equidade seriedade, honestidade e trans-
4. Princípio da Transparência parência.
( ) Visa a estabelecer um equilíbrio
nas relações de consumo, entre
o fornecedor e o consumidor.
( ) Estabelece que todas as condi-
ções, as obrigações e os direitos
contratuais devem ser esclareci-
dos ao consumidor.
( ) Sendo o consumidor o polo frá-
gil da relação de consumo, deve
ser tratado pela lei de forma
protetiva.
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5. Leia as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta:
III. A propaganda enganosa não configura prática abusiva.
III. Os contratos devem ser interpretados favoravelmente aos consumidores.
III. O consumidor tem o direito à informação adequada sobre os produtos e serviços
que recebe.
IV. Fabricantes e fornecedores não precisam observar normas de segurança.
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Lição 3 - Direito do Trabalho
1. Noções Gerais
É um conjunto de princípios, normas, institutos e regras jurídicas aplicáveis
às relações entre empregados e empregadores, para melhorar as condições
sociais do trabalhador.
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Essas lacunas serão sanadas pelo uso da analogia, equidade, princípio gerais
do Direito e da doutrina.
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como remuneração de horas extras e trabalho em feriados, adicionais de
insalubridade e periculosidade, benefícios – vale alimentação, vale refeição,
vale transporte, previdência privada, assistência médica.
Por meio dos acordos e das convenções coletivos de trabalho, as partes podem
fixar remunerações, horários e condições diversos dos previstos na CLT.
Por exemplo, pode-se prever que todas as horas extras serão remuneradas
com adicional de 100%, ou que os vendedores trabalharão dois finais de
semana por mês e folgarão durante a semana nessas ocasiões, pactuando-se
remuneração fechada para o trabalho nessa ocasião, por fim de semana, fora
a comissão.
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o art. 462, da CLT, ou em acordo ou convenção coletivos – art. 7º, VI, da
CF/88.
d) Princípio da continuidade da relação de emprego: consiste na segurança
do empregado mesmo havendo mudança estrutural ou funcional no seu
ambiente de trabalho, qual seja a empresa. Há o preceito constitucional
do direito adquirido – art. 5º, XXXVI, da CF/88. Na Consolidação das Leis
do Trabalho vem explicitado nos artigos 10 e 448 o instituto visto, com a
força de lei pública.
e) Princípio da primazia da realidade: persiste na ideia de que a realidade
de fato, presenciada somente em virtude dos fatos da vida real, deve ter
prioridade sobre as cláusulas pactuadas entre seus signatários.
6. Contrato de Trabalho
O contrato de trabalho, segundo o art. 442, da CLT, é o instrumento em que
se formaliza a relação jurídica existente entre o empregador e o empregado,
estipulando-se os horários, a remuneração, a função e as demais regras que
nortearão a prestação dos serviços.
Nota Jurídica
Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à
relação de emprego.
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• Pessoalidade: o empregado, contratado em função de suas características
e qualificações pessoais, deve prestar os serviços pessoalmente, não
podendo enviar terceiros para representá-lo.
• Subordinação: significa que o empregado deve obedecer ordens e regras
da empresa e que deve prestar contas de seus serviços a um superior.
• Remuneração: o trabalhador deve ser assalariado, recebendo
compensação monetária pelos seus serviços. A remuneração pode ser
contratada por hora, por dia, por semana ou por mês. A remuneração
é a soma do salário fixo e da parte variável paga habitualmente. A parte
variável de remuneração são as comissões, os prêmios – lucratividade,
produtividade etc. –, os adicionais e as horas extras habituais. Sobre a
parte variável da remuneração devem incidir férias, 1/3 Constitucional, 13º
salário, aviso prévio e DSR – Descanso Semanal Remunerado.
Quando o contrato for por prazo determinado, será extinto pelo fim do prazo
ou por dispensa sem justa causa, antes do termo – prazo final –, caso em que
o empregador deverá indenizar o empregado – 50% do valor total que ainda
deveria receber até o final do contrato. Se o empregado se demitir antes do
prazo contratual final, deverá pagar ao empregador os prejuízos que causar.
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7. Obrigações do Empregador na Admissão
O empregador tem a obrigação de efetuar o registro na CTPS – Carteira de
Trabalho e Previdência Social – em 48 horas a partir da admissão, sob pena de
responder administrativa e penalmente – CLT, artigos 53 a 55; CP, artigo 297,
§§ 3º, II e 4º; Lei nº 5.553/68.
Nesse caso, o empregado terá o dever de conceder o aviso prévio – que admite
renúncia pelo empregador – e terá direito a receber do empregador: saldo de
salário, férias proporcionais mais um terço, férias vencidas mais um terço –
se houver – e 13º salário proporcional.
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8.2 Dispensa Imotivada
O trabalhador terá direito ao aviso prévio, que poderá ser indenizado quando
o empregador rescindir de imediato o contrato e dispensar o empregado de
trabalhar durante o período de aviso prévio, 13º proporcional, férias vencidas
acrescidas do terço constitucional, férias proporcionais acrescidas de um ter-
ço, saldo de salário, multa de 40% sobre o valor depositado na Caixa Econômi-
ca Federal, durante todo o período contratual – lembrando que o empregador
deverá depositar mais 10% sobre esse valor para a Previdência Social, sendo o
valor total da multa de 50% –, levantamento do FGTS.
Nota Jurídica
Art. 3º Terá direito à percepção do seguro-desemprego o trabalhador dispensado sem justa
causa que comprove:
I - ter recebido salários de pessoa jurídica ou de pessoa física a ela equiparada, relativos a:
a) pelo menos 12 (doze) meses nos últimos 18 (dezoito) meses imediatamente anteriores à
data de dispensa, quando da primeira solicitação;
b) pelo menos 9 (nove) meses nos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores à data
de dispensa, quando da segunda solicitação; e
c) cada um dos 6 (seis) meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando das
demais solicitações.
Gravidade da falta: não é qualquer falha do empregado que gera a justa causa,
o ato precisa afetar a relação empregatícia. É considerada falta grave se o
fato cometido pelo empregado for previsto em lei. Mesmo que o empregado
cometa um fato que o empregador considere grave, mas que não se encaixa
em nenhuma das hipóteses de lei, não poderá ser dispensado por justa causa.
Exemplo: quebra de confiança.
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Imediatidade: a reação do empregador ao ato do empregado tem que ser
imediata, ou seja, se o trabalhador subordinado comete a falta hoje e o seu
patrão toma o conhecimento do fato hoje, para configurar a justa causa, deve
dispensar o funcionário no momento em que se certifica do comportamento
inadequado. Se deixar para dispensá-lo no dia seguinte não poderá mais
alegar a justa causa e terá que pagar as indenizações pertinentes à dispensa
sem justa causa.
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de liberdade por medidas restritivas de direitos e/ou prestação de serviços
à comunidade.
• Desídia no desempenho das funções atribuídas: a desídia configura-se
quando o empregado realiza as tarefas que lhe são atribuídas sem prestar
a devida atenção e a cautela necessária, deixando falhas grosseiras, que
poderiam ser facilmente evitadas se dedicasse cuidado no cumprimento
de suas funções. São os atos de negligência, descaso e omissão do
empregado que tem como consequência desobedecer aos procedimentos
de trabalho exigidos pelo empregador. Exemplo: o Presidente da República
vai visitar a empresa e todos os empregados são orientados a usar EPI –
Equipamento de Proteção Individual – e fardamento completo naquele
dia; um empregado vai trabalhar de chinelo.
• Embriaguez habitual ou em serviço: são duas as possibilidades:
a) embriaguez habitual: é aquela em que o empregado ingere
frequentemente bebidas alcóolicas. Os Tribunais do Trabalho tem
decidido no sentido de que a embriaguez habitual não mais gera justa
causa. É uma doença e gera suspensão do contrato de trabalho para que
o empregado realize tratamento. Para se cogitar a suspensão do contrato
de trabalho, o empregado deverá estar internado para tratamento, o que
somente é possível por vontade própria; b) embriaguez em serviço é
hipótese pontual, eventual, de embriaguez. Acontece quando o empregado
comparece para trabalhar após a ingestão de substância química tóxica.
Essa conduta coloca em risco toda a atividade empresarial e é situação
de aplicação de justa causa. É importante saber que, apesar do nome,
a hipótese de embriaguez se refere a qualquer substância química
inebriante, qualquer substância que cause vício, deixando o empregado
sem o uso pleno de suas capacidades mentais.
Atenção!
“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.”
37
• Abandono de emprego: para se configurar abandono de emprego é
necessário que o empregado falte ao trabalho por trinta dias consecutivos,
sem apresentar qualquer justificativa ou dar notícias. O empregador não
tem a obrigação de convocar o seu empregado para voltar ao trabalho, pois
esse é o dever do trabalhador. Se a convocação for feita por meios públicos,
como os jornais por exemplo, deverá o empregador ser cuidadoso para
não prejudicar a imagem do trabalhador.
• Ato lesivo da honra e da boa fama praticado no serviço: que fira os
interesses e a integridade moral do empregador, de colegas de trabalho ou
de terceiros. Podem ser praticados das mais diversas formas: por escrito
ou por meio da fala.
• Prática habitual de jogos de azar: o local de trabalho é onde o trabalhador
deve ir para desempenhar as funções para qual foi contratado mediante
subordinação e remuneração. O empregado deve ir ao serviço para
trabalhar e não para jogar. A prática habitual de jogos de azar no local
de trabalho e durante o expediente, além de configurar ato ilícito, que
contraria a lei, a moral e os bons costumes, atrapalha o bom e ideal
desenvolvimento do trabalho.
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• Exposição a perigo manifesto exigindo do trabalhador a execução
de tarefas que atentem à segurança e à saúde dele, salvo nos casos
expressamente contratados. Exemplo: o dono de uma empresa
mineradora não pode exigir de um funcionário que foi contratado para
efetuar serviços no solo que execute tarefas de extração mineral no
subsolo ou em minas subterrâneas, haja vista que o grau de periculosidade
e insalubridade nessas tarefas é bem maior.
• Ausência de registro e anotações na CTPS: além de configurar ilícito
penal, constitui infração administrativa e agressão a determinações
expressas da CLT, podendo gerar consequências como: multa
administrativa, detenção de 3 a 6 meses do empregador, rescisão do
contrato de trabalho por justa causa do empregador, condenação na
indenização dos prejuízos causados ao empregado e recolhimento dos
valores devidos a título de contribuições ao INSS e depósitos fundiários,
dentre outras cominações legais – penalidades.
• Ofensas físicas ao trabalhador: o empregador que agredir fisicamente seu
empregado deverá responder civil e criminalmente por seus atos, além de
sofrer as penas administrativas e trabalhistas, expressas na CLT, conforme
o caso concreto.
• Redução de salários ou de trabalho quando a remuneração for paga
por produtividade, desde que não haja prévia autorização da Delegacia
Regional do Trabalho e do sindicato dos empregados.
9. Jornada de Trabalho
A lei prevê uma jornada máxima diária de oito horas, semanal de 44 horas,
visando ao bem-estar, à saúde física e mental do trabalhador e à segurança
no trabalho.
Todas as horas que ultrapassarem a jornada normal permitida por lei serão
remuneradas com o adicional de hora extraordinária. A CLT prevê adicional
de 50% para as duas primeiras horas extras diárias e a CF/88 prevê adicional
de 100% para as horas laboradas nos domingos e nos feriados. Se a Convenção
ou o Acordo coletivos dispuserem adicionais maiores, esses devem ser
utilizados por serem mais benéficos ao trabalhador.
39
As horas extras trabalhadas entre as 22h de um dia e às 5h do dia seguinte
devem sofrer o acréscimo do adicional noturno que corresponde a 20% do
salário hora. Esse adicional deve ser aplicado sobre o valor final da hora extra.
É devido a todo trabalhador que exercer atividade que exponha a algum risco
sua integridade física ou sua vida, como o trabalho com agentes explosivos,
inflamáveis, radioativos, ionizantes (artigo 193, da CLT) ou em funções que
exponham o empregado a descargas elétricas. Também é devido o adicional
de periculosidade ao trabalhador para as atividades que requeiram o uso de
motocicleta e para aquelas atividades que exponham o trabalhador ao risco
de roubo ou outras espécies de violência física.
40
O adicional noturno é calculado sobre o salário base do empregado e seu
percentual é fixo no valor de 30%, mas, de acordo com a Lei nº 7.369/85, artigo
1o, por ser mais benéfico ao empregado, quando se tratar de eletricitários,
o adicional de 30% a título de periculosidade incidirá sobre o salário total
efetivamente devido no mês.
10. Férias
Todo trabalhador tem direito ao descanso por determinado período após
completar o período aquisitivo de um ano de trabalho. A cada doze meses
de trabalho, o empregado tem direito ao gozo das férias anuais remuneradas
que, em geral, é de 30 dias.
41
Os menores de 18 anos e em idade escolar têm direito de gozar suas férias nos
meses que coincidem com as férias escolares – dezembro, janeiro ou julho.
O primeiro dia das férias não pode coincidir com domingos e feriados.
O 13º salário deve ser pago sobre a média das remunerações mensais
percebidas pelo trabalhador, quando tiver em seu salário parte fixa mais
parte variável – salário base mais comissão, por exemplo.
Assim:
R$ 500,00 ÷ 12 meses = R$ 41,66
R$ 41,66 × 7 meses = R$ 291,66
42
O empregador não pode contratar mulheres para trabalhos em minas e
subsolos, ou para trabalhos que envolvam levantamento de peso, subir em
andaimes pelo lado externo das edificações e outros que envolvam alto grau
de periculosidade ou insalubridade.
Exercícios Propostos
43
A sequência correta dessa associação é:
( ) a) (1), (2), (3), (4).
( ) b) (2), (3), (4), (1).
( ) c) (3), (4), (2), (1).
( ) d) (4), (2), (3), (1).
( ) e) (4), (3), (2), (1).
( ) Verdadeiro ( ) Falso
44
Lição 4 - Ética e Moral
A ética deve ser compreendida como uma ciência moderna que conduz o
homem a uma reflexão sobre a responsabilidade de sua conduta e como ela
reflete em sua felicidade e interfere na ordem social.
45
sofrimentos e dificuldades e como pode modificar sua realidade tornando a
vida mais doce e tranquila.
Algumas vezes, a moral e o Direito se conflitam, pois nem sempre as leis são
consideradas moralmente corretas por todos os membros de uma mesma
sociedade.
46
não deve usar de artifícios para enganar as outras pessoas ou obter vantagens
indevidas.
47
Falar em solidariedade nem sempre significa almejar contribuição em
dinheiro. Muitas vezes um pequeno gesto, uma palavra amiga, um sorriso, um
abraço ou até mesmo ouvir o problema do outro já é de grande valia.
A ética confirma que a educação atinja sua função social, pois conduz os
educandos a uma reflexão sobre os problemas socioeconômicos e políticos
do país e a uma autoanálise de sua própria vida e de como pode modificar e
melhorar a realidade atual.
48
Não há como falar em cidadania diante da fome, da miséria e de tantas
discrepâncias sociais, com as quais nos deparamos. É uma questão ética
criar uma consciência nacional de igualdade, trabalho, solidariedade e
desenvolvimento progressivo e conjunto, em que políticos e cidadãos somem
esforços e lutem juntos por uma verdadeira cidadania, construindo uma
nação em que impere a supremacia do bem comum e dos interesses sociais.
Para que tal ideal se transforme em realidade, é necessário que cada classe
profissional contribua com suas regras éticas, fiscalizando o proceder de seus
afiliados e punindo aqueles que utilizarem seu registro para fins ilícitos ou em
detrimento de terceiros e da sociedade como um todo.
49
2.5 Ética Profissional
Se o indivíduo infringir uma norma, seja ela moral, de direito ou de ética, terá
de suportar as consequências de seu erro. Quando uma pessoa quebra uma
regra moral, ela sofre sanções internas – autorreprovação – e/ou reprovação
social. Se o comportamento constituir uma desobediência à ética, seu
agente receberá as penalidades estipuladas no Código de Ética de sua classe
profissional, que vão desde uma simples advertência até a perda da licença
para o exercício da profissão.
50
Se o serviço a ser realizado não for lícito, ou se os meios a serem utilizados
para sua execução não forem honestos, ou até mesmo se o motivo e os meios
forem corretos, mas os fins forem ilícitos ou maus, o valor recebido não
compensará o peso da consciência e nem os dissabores da atitude antiética.
Vamos ler a seguir o Código de Ética do ramo da engenharia para nos ajudar
a entender como funciona um código.
51
20 - FISENGE - Federação Interestadual de Sindicato de Engenheiros
21 - FNA - Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas
22 - FNE - Federação Nacional dos Engenheiros
23 - IAB - Instituto de Arquitetos do Brasil
24 - IBAPE - Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia
25 - SBEA - Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola
26 - SBEF - Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais
27 - SBMET - Sociedade Brasileira de Meteorologia
28 - SOBES - Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança
Preâmbulo
Art. 4º - As profissões são caracterizadas por seus perfis próprios, pelo saber
científico e tecnológico que incorporam, pelas expressões artísticas que
utilizam e pelos resultados sociais, econômicos e ambientais do trabalho que
realizam.
52
Dos princípios éticos
Dos deveres
II - ante à profissão:
a) identificar-se e dedicar-se com zelo à profissão;
b) conservar e desenvolver a cultura da profissão;
53
c) preservar o bom conceito e o apreço social da profissão;
d) desempenhar sua profissão ou função nos limites de suas atribuições e de
sua capacidade pessoal de realização;
e) empenhar-se junto aos organismos profissionais no sentido da
consolidação da cidadania e da solidariedade profissional e da coibição
das transgressões éticas.
V - ante ao meio:
a) orientar o exercício das atividades profissionais pelos preceitos do
desenvolvimento sustentável;
b) atender, quando da elaboração de projetos, execução de obras ou criação
de novos produtos, aos princípios e recomendações de conservação de
energia e de minimização dos impactos ambientais;
c) considerar em todos os planos, projetos e serviços as diretrizes e
disposições concernentes à preservação e ao desenvolvimento dos
patrimônios sociocultural e ambiental.
54
Das condutas vedadas
II - ante à profissão:
a) aceitar trabalho, contrato, emprego, função ou tarefa para os quais não
tenha efetiva qualificação;
b) utilizar indevida ou abusivamente do privilégio de exclusividade de
direito profissional;
c) omitir ou ocultar fato de seu conhecimento que transgrida à ética
profissional.
55
d) atentar contra a liberdade do exercício da profissão ou contra os direitos
de outro profissional;
V - ante ao meio:
a) prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer
ato profissional que possa resultar em dano ao ambiente natural, à saúde
humana ou ao patrimônio cultural.
Dos direitos
Da infração ética
Art. 13 - Constitui-se infração ética todo ato cometido pelo profissional que
atente contra os princípios éticos, descumpra os de- veres do ofício, pratique
condutas expressamente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem.
56
Art.14 - A tipificação da infração ética para efeito de processo disciplinar será
estabelecida, a partir das disposições deste Código de Ética Profissional, na
forma que a lei determinar.
Exercícios Propostos
1. O que é ética?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
( ) Verdadeiro ( ) Falso
57
A sequência correta dessa associação é:
( ) a) (1), (2), (3), (4), (5).
( ) b) (2), (3), (1), (5), (4).
( ) c) (3), (1), (2), (4), (5).
( ) d) (2), (1), (5), (4), (3).
( ) e) (1), (4) (3), (5) (2).
58
Lição 5 - Direito Comercial ou Empresarial
1. Conceito de Empresa
Desde 2002, quando o Direito Comercial passou a ser disciplinado pelo Código
Civil, o conceito de empresa passou a significar atividade econômica, negocial,
que ocorre de forma organizada voltada para a produção ou circulação de
bens ou serviços.
2. Conceito de Empresário
O art. 966, do Código Civil, considera empresário aquele que pratica atividade
empresária. Essa é uma definição material do conceito de empresário, sendo
ele o sujeito de direitos e obrigações que exerce a atividade econômica
organizada para a circulação de bens ou serviços, exceto a atividade intelectual.
59
Nem todo sócio ou acionista é empresário, só será se possuir cargo de
administração e participar de forma efetiva da organização da atividade.
Aquele que somente investe, mas não administra a atividade econômica, é
considerado investidor, mas não empresário.
Nota Jurídica
O conceito de empresa significa atividade econômica – que busca lucro – organizada e
explorada por um empresário, que pode ser uma pessoa física ou jurídica. No primeiro
caso, aquele que exerce a atividade econômica se chama empresário individual; no
segundo caso, sociedade empresária. Como é a pessoa jurídica que explora a atividade
empresarial, não é correto chamar de empresário o sócio da sociedade empresária.
Toda e qualquer pessoa física que atenda aos requisitos descritos no item
anterior poderá praticar a atividade empresária, criando e organizando o
negócio e deverá se inscrever na Junta Comercial.
60
O empresário individual deve fazer sua inscrição na Junta Comercial antes de
iniciar sua atividade. A única exceção ocorre no caso de pessoa que desenvolve
atividade rural, a qual é dispensada de realizar esse registro.
Nota Jurídica
61
necessitam de incentivos diferenciados para que possam competir no
mercado.
62
• marca
• tecnologia
• clientela
4.2 Nome Empresarial
5. Propriedade Intelectual
É o ramo do Direito que protege a atividade criativa humana. Não é o bem final
que é protegido, mas sim a ideia. Designa um composto de direitos que visam
aos mesmos fins: assegurar a uma pessoa física ou jurídica o pleno exercício
dos seus meios industriais e comerciais e garanti-lo contra as intromissões de
terceiros por meio de usurpação e comportamentos ilícitos.
63
• Marca: sinal distintivo que identifica produtos ou serviços. Também irá
receber o registro.
64
Todo direito industrial pode ser licenciado – alugado – ou cedido – vendido. A
forma mais comum de se fazer tal licença é por meio do contrato de franquia.
65
Os títulos de crédito surgem com propósito de facilitar a circulação do crédito.
É um documento abstrato e autônomo em que se representa um crédito
líquido e certo, que será cobrado nas condições estipuladas no documento.
6.2 Características
66
uma ordem de pagamento contra o banco, uma ordem incondicional de
pagamento à vista, nas condições estabelecidas no título.
• Nota promissória: é o título pelo qual o emitente faz a outra pessoa, o
beneficiário, uma promessa de pagamento em seu favor ou à sua ordem,
nas condições constantes do título.
• Duplicata: é título cambiário extraído por vendedor ou prestador de
serviços, que registra o saque feito sobre o crédito resultante de compra e
venda mercantil ou prestação de serviços. Significa uma emissão de fatura
a ser paga.
• Cédulas de crédito: são promessas de pagamento emitidas pelo devedor
em razão de financiamento dado pelo credor, em que ficam bens do
devedor dados em garantia. Essa garantia é constituída no próprio título,
independentemente de qualquer outro instrumento jurídico.
Exercícios Propostos
67
3. Relacione corretamente as colunas abaixo e assinale a alternativa correta:
I. Invenção. ( ) É a alteração na forma e nas cores dos obje-
II. Modelo de utilidade. tos, mas com mera finalidade estética, sem
III. Desenho industrial. que represente nenhum melhoramento, com
IV. Marca. aplicação na indústria.
( ) Sinal distintivo que identifica produtos ou
serviços.
( ) É um aperfeiçoamento técnico da invenção.
( ) É o ato em que alguém cria um determinado
objeto, fórmula ou qualquer outro produto
que até era desconhecido.
4. João, empresário, executou um serviço para seu cliente José. Como José
estava sem dinheiro no momento, pediu a João que emitisse _________,
que significa uma fatura a ser _______ por José.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto:
( ) a) Letra de câmbio, assinada.
( ) b) Duplicata, paga.
( ) c) Cheque, dada.
( ) d) Nota promissória, assinada.
( ) e) Duplicata, vendida.
( ) a) II e IV.
( ) b) I, II e III.
( ) c) I e III.
( ) d) I e II.
( ) e) III e IV.
5. D
4. B
3. C
2. A
por um empresário, que pode ser tanto uma pessoa física quanto jurídica.
1. O conceito de empresa significa atividade econômica, que busca lucro, organizada e explorada
68
Lição 6 - Direito Falimentar
Segundo o art. 5º, da Lei de Falência, não serão exigíveis do devedor as obriga-
ções a título gratuito, nem as despesas que os credores tiverem para ingressar
na recuperação judicial ou na falência, exceto as custas judiciais.
69
2.2 Verificação e Habilitação dos Créditos
A lei permite aos credores habilitar seus créditos, ou seja, terão a possibilidade
de se apresentarem em juízo para ter sua examinada a sua pretensão de
crédito.
3. Administrador Judicial
Os procedimentos da falência e da recuperação judicial exigem atos
de fiscalização, acompanhamento e gestão. A Lei nº 11.101/05 instituiu
o administrador judicial, o qual terá funções diferentes na falência e
na recuperação, mas podemos defini-lo como aquele que irá auxiliar o
magistrado na condução dos procedimentos.
70
• avisar, pelo órgão oficial, o local e horário em que, diariamente, os
respectivos credores terão à disposição os livros e documentos do falido;
• examinar a escrituração do devedor;
• fazer a relação dos processos e representar judicialmente a massa falida;
• receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor entregando a ele o
que não for assunto de interesse da massa;
• apresentar, em 40 dias, contados da assinatura do termo de compromisso,
podendo ser prorrogado por igual período, um relatório sobre as causas
e as circunstâncias em que ocorreu a falência. Apontará no relatório a
responsabilidade civil e penal dos envolvidos, quando houver;
• arrecadar os bens e os documentos do devedor e elaborar o auto de
arrecadação;
• avaliar os bens que foram arrecadados;
• contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização do juiz,
para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para
tanto;
• praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos
credores;
• requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou
sujeita a considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou
dispendiosa;
• praticar todos os atos para conservar direitos e ações, diligenciar a
cobrança de dívidas e dar a quitação;
• remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens
apenhados, penhorados ou legalmente retidos;
• representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado,
cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de
Credores;
• requerer todas as medidas e as diligências necessárias para o
cumprimento da lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração;
• apresentar ao juiz para a devida juntada aos autos, até o décimo dia do
mês seguinte ao vencido, a conta demonstrativa da administração que
especifique com clareza a receita e a despesa;
• entregar ao seu substituto, se for o caso, todos os bens e os documentos
pertencentes à massa que se encontrarem sob o seu poder; sob pena de
responsabilização;
• realizar a prestação de contas ao final do processo e também se ocorre a
sua substituição, destituição ou se renunciará ao cargo de administrador
judicial.
71
A remuneração do administrador judicial fica a cargo do devedor ou da massa
falida. Dada a importância de sua atividade, o administrador judicial poderá
responder, por dolo ou por culpa, pelos eventuais danos causados à massa
falida, ao próprio devedor ou aos credores.
4. Comitê de Credores
A principal finalidade da criação do comitê de credores é zelar pelo bom
andamento do procedimento judicial, seja da falência ou da recuperação.
Sua criação é facultativa e suas atribuições estão previstas no art. 27, da Lei
nº 11.101/05.
72
Entre elas, destaca-se a de eleger e constituir o comitê de credores, o que
confere legitimidade a este órgão.
Além dos requisitos gerais para utilização da Lei nº 11.101/05, o art. 48 traz re-
quisitos específicos para que o empresário ou sociedade empresária faça jus
à recuperação judicial. Os requisitos são:
• O devedor deve exercer regularmente suas atividades há mais de dois
anos.
• Não pode ter sido declarado falido e, se tiver sido, suas responsabilidades
têm que ter sido extintas.
• Não poderá ter, há menos de cinco anos, obtido concessão de recuperação
judicial.
73
• Não ter como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por
qualquer dos crimes falimentares.
7. Recuperação Extrajudicial
É possível que a recuperação da crise do empresário ou da sociedade
empresária seja realizada mediante renegociação com os credores.
Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá
propor e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial.
8. Falência
O conceito de falência tem dois significados. O primeiro significado é
econômico, que representa um estado patrimonial de insolvência, ou seja,
quando um empresário ou sociedade empresária possui mais dívidas do que
caixa para saldá-las.
74
• Sanear o meio empresarial: uma sociedade falida é causa de prejuízos aos
credores do meio social, aos negócios e à circulação de riquezas.
• Proteger não somente o crédito individual de cada credor do devedor, mas
o crédito público e a economia como um todo.
Por fim, ocorrerá a fase pós-falimentar que é uma etapa processual em que
serão observados os efeitos finais do processamento da falência.
Exercícios Propostos
75
3. Relacione corretamente as colunas abaixo e assinale a alternativa correta:
I. Administrador judicial ( ) Viabiliza a superação da situação de crise
II. Comitê de credores econômico-financeira do devedor.
III. Assembleia geral de ( ) Órgão máximo de representação dos cre-
credores dores.
IV. Recuperação judicial ( ) É aquele que irá auxiliar o magistrado na
condução dos procedimentos de recupera-
ção e falência.
( ) Sua principal finalidade é zelar pelo bom
andamento do procedimento judicial, seja
( ) a) I, II, III, IV. da falência ou da recuperação.
( ) b) II, III, IV, I.
( ) c) III, IV, II, I.
( ) d) IV, II, III, I.
( ) e) IV, III, I, II.
76
Lição 7 - Direito Tributário
77
Lei complementar: em matéria tributária, as leis complementares têm duas
funções: estabelecer normas gerais de Direito Tributário que detalhem o
estatuto jurídico do Sistema Tributário Nacional; criar, excepcionalmente,
tributos de competência residual da União.
3. Tributo
A definição de tributo se encontra no art. 3º, do Código Tributário Nacional:
►►3.1.1 Taxa
Os entes federados, ou seja, União, estados e municípios podem instituir as
taxas em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva
ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos à sua disposição.
As taxas são tributos que se relacionam por uma atuação estatal específica,
como o exercício regular do poder de polícia, ou quando põe à disposição um
serviço público específico que beneficia contribuintes específicos. A função
das taxas é cobrir, de forma parcial, a manutenção desses determinados
serviços públicos.
78
enriquecimento sem causa, já que o dono do imóvel não fez nada para que
seu imóvel se valorizasse. Se não houvesse essa cobrança, os proprietários dos
imóveis beneficiados por obra pública se beneficiariam de um acréscimo em
seu patrimônio, em detrimento do conjunto da população que arca com os
impostos.
►►3.1.4 Imposto
De acordo com o Código Tributário Nacional – CTN, imposto é o tributo cuja
obrigação tem como gerador uma situação independente de qualquer ativi-
dade estatal específica, relativa ao contribuinte. Ao contrário das taxas e das
contribuições de melhoria, a receita recolhida por meio de impostos não vin-
cula a qualquer contraprestação por parte da Administração Pública.
79
Princípio da isonomia: é vedado instituir tratamento desigual entre contri
buintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer
distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou
direitos.
5. Obrigação Tributária
A obrigação pode ser entendida como uma relação jurídica temporária em
que uma pessoa é devedora da outra. Em Direito Tributário, essa relação é
chamada obrigação tributária.
80
Exercícios Propostos
( ) a) 1, 2, 3, 4.
( ) b) 4, 3, 2, 1.
( ) c) 3, 4, 1, 2.
( ) d) 3, 1, 4, 2.
( ) e) 2, 3, 4, 1.
3. Segundo o estudo sobre bens, verifique quais das assertivas abaixo são
verdadeiras e assinale a alternativa correta:
III. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
81
III. Os entes políticos poderão instituir taxas, em razão do exercício do poder de
polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis.
III. O Direito Tributário é a disciplina jurídica dos contratos.
IV. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação que
depende de atividade estatal específica.
82