Curso 181955 Aula 20 7eec Completo
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Autor:
Equipe Rodrigo Vaslin, Rodrigo
Vaslin, Equipe Materiais Carreiras
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14 de Fevereiro de 2022
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Direito Processual Civil - 2022
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7.2 - Alcance dos art. 498 a 499, 536 a 538, CPC ............................................................................. 72
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8 - Questões ......................................................................................................................................... 75
8.2 – Gabarito................................................................................................................................... 87
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CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olá pessoal, como vão os estudos do Direito Processual Civil?
Lembrem-se de que estou sempre à disposição no fórum de dúvidas, pelo instagram e por e-
mail.
E-mail: rodrigovaslin@gmail.com
Instagram: rodrigovaslin
Vamos continuar?
Nossa matéria da aula de hoje é Cumprimento de Sentença, envolvendo Cumprimento
Provisório e Cumprimento Definitivo das Obrigações de Fazer, Não Fazer e Pagar Quantia Certa.
Estudaremos as regras gerais desses institutos, deixando as execuções especiais (contra a
Fazenda, alimentos), bem como as defesas do executado (impugnação ao cumprimento de sentença)
para aula futura.
Toda a aula perpassará, como de costume, pela legislação, doutrina, jurisprudência e
questões de concursos públicos.
FONTES
Como disse nas aulas anteriores, ao iniciar os estudos de certa matéria no Processo Civil, é
interessante, primeiro, localizar onde o referido assunto se enquadra dentro da divisão do próprio
código, comparado com o Código de 1973.
Vamos visualizar onde o tema desta aula se encontra?
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A aula abordará não só os artigos 513 a 524 e 536 a 538, mas também todos os outros
dispositivos que lhe forem correlatos, bem como a doutrina e jurisprudência por detrás das
temáticas.
Em termos de estrutura, a aula será composta dos seguintes capítulos:
Cumprimento Cumprimento de
Cumprimento de
Provisório de Cumprimento Sentença de
Sentença:
Definitivo de Obrigação de
Considerações Sentença
Sentença Pagar Quantia
Gerais
Certa
Cumprimento de Cumprimento de
Resumo e
Sentença de Sentença de
Questões Considerações
Obrigação de Fazer Obrigação de
Finais
e Não Fazer Entregar Coisa
Mas Professor, esses temas caem em prova? Sim. Veremos diversas questões ao longo da aula.
Já foram expostas duas classificações sobre a execução: i- quanto ao título (títulos executivos
judiciais e extrajudiciais); ii- quanto à autonomia da execução (cumprimento de sentença e processo
autônomo de execução).
Partir-se-á, pois, para a elucidação dos conceitos de cumprimento provisório e definitivo.
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Focando na execução de título judicial (art. 515, CPC), que se dá por meio de cumprimento de
sentença, pode ocorrer de forma provisória ou definitiva. Prolatada a sentença, há três
possibilidades:
a) Não havendo interposição de recurso, a sentença transita em julgado, tornando-se
imutável, podendo o cumprimento definitivo de sentença ser iniciado;
b) Havendo interposição de recurso, sendo este dotado de efeito suspensivo (ex: apelação,
salvo nas exceções do art. 1.012, §1o), a sentença ainda é mutável, impedindo o cumprimento
definitivo de sentença.
Ademais, por conta do efeito suspensivo, também não é possível o cumprimento provisório
de sentença.
c) Havendo interposição de recurso, se este não for dotado de efeito suspensivo (v.g. casos
do art. 1.012, §1o), será possível dar início ao cumprimento provisório da sentença (TEJ).
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Ora, o exequente já estava duplamente correto (com TEE na mão e ainda uma sentença de
improcedência dos embargos lhe dando razão), mas sua execução passava de definitiva para
provisória.
No CPC/15, felizmente, a execução de TEE será sempre definitiva.
Percebam que nas três hipóteses acima, falou-se em “imutabilidade” e “efeitos”, devendo os
leitores sempre lembrarem dos conceitos de Liebman, já expostos no capítulo da coisa julgada.
2.3 – INICIATIVA
O cumprimento provisório é iniciado sempre pelo exequente, já que lhe cabe avaliar a
probabilidade de êxito em sua tese até o final, nas instâncias recursais, porquanto, caso haja
reversão, terá que responder objetivamente pelos danos eventualmente gerados.
Quanto ao cumprimento definitivo, por sua vez, forçoso se faz dividir de acordo com a
prestação.
Nas obrigações de fazer, não fazer, entrega de coisa, o juiz pode iniciar de ofício, bem como
o exequente pode requerer seu início.
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se
procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que
assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.
Nas obrigações de pagar quantia certa, apenas o exequente pode requerer o início da fase
executiva (art. 513, §1º e 523, CPC).
Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título,
observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II
da Parte Especial deste Código.
§ 1o O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou
definitivo, far-se-á a requerimento do exequente.
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso
de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a
requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo
de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
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3.2 – NOMENCLATURA
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DE SÁ, Renato Montans. Op. Cit., p. 793.
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Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será acompanhada de cópias
das seguintes peças do processo, cuja autenticidade poderá ser certificada pelo próprio
advogado, sob sua responsabilidade pessoal: I - decisão exequenda; II - certidão de
interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; III - procurações outorgadas
pelas partes; IV - decisão de habilitação, se for o caso; V - facultativamente, outras peças
processuais consideradas necessárias para demonstrar a existência do crédito.
Se os autos forem eletrônicos, obviamente, não precisará de formação de todo esse acervo
probatório, porquanto todo o processo já constará por inteiro no portal eletrônico.
Se faltar qualquer dessas peças, o juiz deverá intimar a parte para corrigir o vício e não
indeferir de pronto a demanda (art. 801, CPC2).
Art. 801. Verificando que a petição inicial está incompleta ou que não está acompanhada
dos documentos indispensáveis à propositura da execução, o juiz determinará que o
exequente a corrija, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de indeferimento.
Após, o juiz intima o réu na demanda de cumprimento para prestação da obrigação
requerida (fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa) no prazo legal.
Na obrigação de pagar quantia certa, intima-se o executado para, em 15 dias (úteis, segundo
enunciado 89, CJF), depositar em juízo o valor da obrigação. Nesse caso, poderá o exequente levantar
o valor se prestar a caução (art. 520, IV, CPC). Caso o executado não pratique a conduta para a qual
foi intimado, passado o prazo, incidirá uma multa de 10% sobre o valor da causa + fixação em 10%
os honorários advocatícios (art. 520, §2º, CPC).
3.3.2 – Retorno ao Status Quo Ante e Responsabilidade Objetiva
O cumprimento é provisório justamente porque há um recurso (sem efeito suspensivo)
pendente de apreciação pela instância superior. Assim, como há risco que o provimento se
modifique, o ordenamento prevê que, caso a decisão seja reformada ou até invalidada na instância
superior, haja retorno das partes ao estado anterior e responsabilidade objetiva do exequente por
eventuais prejuízos.
Pela teoria do risco-proveito, o CPC/73 e o CPC/15 atribuem responsabilidade objetiva ao
exequente que optou por já iniciar os atos executivos de forma provisória (art. 520, I).
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de
efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo,
sujeitando-se ao seguinte regime: I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente,
que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja
sofrido;
Assim, uma vez reformada ou anulada a decisão, há, ordinariamente, duas consequências:
i- retornam as partes ao status quo ante;
ii- comprovados os requisitos da responsabilidade objetiva (conduta, dano e nexo causal),
haverá liquidação3 dos prejuízos E indenização nos próprios autos.
2
Dispositivo do processo de execução, mas que pode ser aplicado tranquilamente ao cumprimento de sentença (art. 771,
caput) e, por conseguinte, ao cumprimento provisório (art. 527, CPC).
3
O NCPC, felizmente, não repete previsão do art. 475-O, II, CPC/73 que dizia que a liquidação se daria por arbitramento.
Até porque, em havendo alegação e prova de fato novo, a forma adequada de liquidação seria por artigos e não por
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arbitramento. A título de curiosidade, no NCPC, apenas se fala em liquidação por arbitramento e por procedimento
comum.
4
MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil, V.3 – Execução. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2008, p. 375.
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sentença transitada em julgado no processo que deu origem ao crédito executado, ainda
que sobre ela penda impugnação destituída de efeito suspensivo.
1º caso: levantar depósito em dinheiro.
2º caso: praticar atos que importem transferência de posse, alienação de propriedade
(expropriação de seu patrimônio) ou de outro direito real.
3º caso: praticar atos dos quais possam resultar grave dano ao executado, a exemplo de
demolição de obra de grande envergadura; interdição de atividade econômica.
Por conta dessa caução, o STJ não admite medidas cautelares com o objetivo de impedir a
execução provisória, por maiores as chances de sucesso que o executado tenha em seu recurso.
Ainda quando se admita a probabilidade de êxito do recurso especial interposto contra a
sentença, nem por isso deixa de ser legítima a propositura da execução provisória
correspondente. Com efeito, o legislador não ignorava a possibilidade de muitas decisões
virem a ser reformadas e até mesmo anuladas em grau recursal. Bem por isso, criou
mecanismos de contracautela específicos como a necessidade de caução para o
levantamento de valores ou para a prática de atos que importem em alienação de
propriedade (art. 475-O, III, do CPC). 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ,
AgRg na MC 23500 / RS, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, d.j. 03/03/2015).
1.- Na linha dos precedentes desta Corte, admite-se a propositura de medida cautelar para
obstar algum efeito específico passível de verificação em sede de execução provisória,
como o bloqueio on line de numerário vultoso o suficiente para comprometer as atividades
do executado. 2.- Não se pode admitir, porém, a propositura de cautelar para obstar, de
forma genérica, o processamento de uma execução provisória, apenas porque o recurso
cabível não possui efeito suspensivo. A execução provisória dos julgados constitui situação
absolutamente compatível com o sistema jurídico nacional, não havendo, portanto, falar
em fumus boni iuris a que apenas as condenações definitivas sejam executadas. Ainda
quando se admita como considerável a probabilidade de êxito do recurso especial
interposto contra a sentença condenatória, nem por isso deixa de ser legítima a
propositura da execução provisória correspondente. Com efeito, o legislador ao prever a
possibilidade de execução provisória de sentença, não ignorava, certamente, que muitas
delas poderiam ser reformadas e até mesmo anuladas em grau recursal. 3.- Também não
se faz presente o periculum in mora, porque o Juízo da Execução, expressamente
condicionou o levantamento da penhora ao depósito de caução idônea e suficiente. 4.-
Agravo Regimental improvido. (STJ, AgRg na MC 22506 / BA, Rel. Min. Sidnei Beneti, d.j.
03/06/2014).
3.3.2.1 - Natureza Jurídica da Caução
1a corrente (Assumpção5): Caução não é cautelar. O juiz não deve verificar o fumus boni iuris
e periculum in mora. Basta a subsunção em um dos 3 casos do art. 520, IV para que se exija a caução.
Mesmo na terceira hipótese, qual seja, “qualquer ato dos quais possa resultar grave dano ao
executado” poder-se-ia até falar em periculum in mora, mas não se exigiria a comprovação do fumus
boni iuris.
2a corrente (Antônio Nogueira6): A caução do art. 520, IV tem natureza cautelar, pois serve
justamente para garantir a eficácia da futura e eventual execução a ser movida pelo executado em
5
NEVES, Daniel Assumpção. Op. Cit., p. 1171.
6
NOGUEIRA, Antônio de Pádua Soubhie. Execução provisória da sentença. São Paulo: RT, 2005, p. 162.
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caso de reforma ou anulação da decisão exequenda. Assim, seria necessário comprovar o fumus boni
iuris e periculum in mora.
3.3.2.2 - Requisitos Formais
Segundo o art. 520, IV, a caução deve ser suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada
nos próprios autos.
Como o dispositivo não restringe, a doutrina tem entendido que pode haver caução real ou
fidejussória, prestada pelo executado ou terceiro (fiador judicial).
A idoneidade será avaliada pelo juiz a partir da análise se a caução é formalmente perfeita,
sendo apta para fazer frente ao ressarcimento de eventuais prejuízos suportados pela parte adversa.
A suficiência, por sua vez, diz respeito ao valor da garantia capaz de suprir o montante de
eventual ressarcimento dos prejuízos. Claro que é extremamente difícil aferir a suficiência,
porquanto é um dano futuro, hipotético, carecedor de critérios objetivos. Diante disso, advoga-se
que o juiz terá uma margem de apreciação do caso, estipulando um montante razoável. Por ser
subjetivo, indica-se que ouça as partes anteriormente, em cumprimento ao art. 9o e 10, CPC.
3.3.2.3 - Momento de Prestação da Caução
O art. 475-O, CPC/73 e art. 521, CPC/15 trazem as hipóteses de dispensa da caução.
CPC/73 CPC/15
Art. 475-O. A execução provisória da sentença Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art.
far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a 520 poderá ser dispensada nos casos em que:
7
Ibidem, p. 1173.
8
SCARPINELLA BUENO, Cassio. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil: tutela jurisdicional executiva. Vol. 3. 9ª
ed., 2020, p. 208.
9
ASSIS, Araken. Manual de Execução. 21ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2021.
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O CPC/15 previu quatro hipóteses, acrescendo duas exceções à caução que não existiam no
CPC/73, quais sejam:
a) dispensa quando o credor demonstrar situação de necessidade;
b) sentença que estiver provisoriamente sendo cumprida estiver em consonância com súmula
da jurisprudência do STF ou do STJ ou em conformidade com julgamento de caso repetitivo.
Antes de falarmos das hipóteses, interessante salientar que os dois primeiros incisos
dispensam a caução com o objetivo de proteger o exequente, garantindo-lhe uma sobrevivência
digna. Os dois últimos, por sua vez, fundam-se na pouca probabilidade de anulação ou reforma do
título executivo provisório.
3.3.2.5.1 - Inciso I
Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em
que: I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem;
Pode derivar de relação de parentesco, matrimônio, remuneração por trabalho ou
responsabilidade civil.
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O art. 588, §2º, CPC/7310 impunha, porém, um limite para o levantamento pelo exequente de
60 salários-mínimos. Não poderia levantar mais que isso. O STJ11, porém, passou a entender que esse
limite de 60 salários-mínimos era apenas mensal, o que facilitou e muito esse levantamento.
Com o CPC/15, não há mais essa limitação de valor a ser levantado.
3.3.2.5.2 - Inciso II
II - o credor demonstrar situação de necessidade;
Demonstrada a necessidade de satisfação imediata, sob pena de suportar graves danos,
poderá praticar os três atos do art. 520, IV independentemente da natureza da obrigação e da origem
ou valor do crédito exequendo.
3.3.2.5.3 - Incisos III e IV
Esses dois incisos dispensam a caução levando em conta a grande probabilidade de o título
executivo exequendo ser confirmado de forma definitiva.
III – pender o agravo do art. 1.042; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)
Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal
recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada
na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento
de recursos repetitivos. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)
Aqui, o exequente já ganhou em primeira e segunda instâncias e o recurso extraordinário ou
especial do executado foi inadmitido pelo presidente ou vice do tribunal de 2º grau, por ausência de
algum dos requisitos intrínsecos ou extrínsecos recursais (v.g. intempestividade, falta de preparo,
ilegitimidade, falta de interesse etc.12). Nesse cenário, o executado interpõe o agravo do art. 1.042
diretamente no STF ou STJ, para que seu Rext ou Resp seja admitido e julgado.
Ora, diante das várias perdas do executado, é improvável que ele vire o jogo aos 45 min do
2º tempo. Assim, autoriza-se o levantamento sem caução.
Por fim, vejam que o inciso IV é mais um exemplo da força aos precedentes conferida pelo
CPC. A caução será dispensada se...
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em
conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos.
10
Art. 588, §2o A caução pode ser dispensada nos casos de crédito de natureza alimentar, até o limite de 60 (sessenta)
vezes o salário-mínimo, quando o exequente se encontrar em estado de necessidade.
11
STJ, Resp. 1.066.431/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, d.j. 15/09/2011.
12
Iremos detalhar as hipóteses do cabimento do agravo interno no capítulo sobre recursos. Por ora, saibam que: a)
inadmissibilidade em virtude da falta de um ou mais requisitos dos recursos excepcionais enseja o cabimento do agravo
do art. 1.042; b) inadmissibilidade decorrente da inexistência de repercussão geral já reconhecida pelo STF ou por ser o
recurso contrário a entendimento pacificado em sede de recursos repetitivos enseja o cabimento do agravo interno (art.
1030, §2º). Aqui, a caução poderá ser dispensada apenas sobre a matéria a que se refere o agravo em recurso
especial/extraordinário. Parcela doutrinária, porém, interpreta sistematicamente o CPC e salienta que também na
situação de agravo interno seria cabível essa dispensa de caução.
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Nesse tópico, o enunciado 136 do CJF estende essa dispensa para o IAC e a doutrina propõe
uma interpretação extensiva para abarcar todos aqueles casos em que os precedentes forem
obrigatórios (art. 927, CPC).
Enunciado 136 da II JDPC do CJF: A caução exigível em cumprimento provisório de
sentença poderá ser dispensada se o julgado a ser cumprido estiver em consonância com
tese firmada em incidente de assunção de competência.
O art. 520, parágrafo único dispõe que, caso a dispensa de caução possa resultar em risco
grave de dano de difícil reparação para o executado, o juiz pode manter a exigência dessa garantia.
Art. 520, Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa
resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.
Essa possibilidade do art. 520, parágrafo único se aplica a todos os incisos?
1ª corrente: Didier, Paula, Rafael e Leonardo da Cunha13 entendem que sim.
2ª corrente: Assumpção14, Marinoni, Arenhart, Mitidiero15 entendem que não. A
possibilidade se aplicaria apenas aos incisos III e IV do art. 520. Em relação aos dois primeiros incisos,
como há necessidade de ambos os lados, devendo-se privilegiar o exequente, que já possui o título.
Atenção: o art. 356, §2o cria outra hipótese de dispensa de caução para cumprimento
provisório?
Art. 356, § 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na
decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja
recurso contra essa interposto.
1ª corrente: Assumpção e Scarpinella Bueno16 entendem que sim. Haverá possibilidade de o
exequente levantar o valor nas hipóteses do art. 520, IV sem prestar caução.
2ª corrente: Didier, Leonardo da Cunha Paula e Rafael17 e enunciado 49 da Enfam entendem
que a previsão do art. 356, §2º significa apenas que a caução será dispensada para dar início ao
cumprimento provisório, o que já ocorre de modo geral. Para levantar, porém, pode ser exigida a
caução nas hipóteses do art. 520, IV.
Enunciado 49, Enfam: No julgamento antecipado parcial de mérito, o cumprimento
provisório da decisão inicia-se independentemente de caução (art. 356, § 2º, do CPC/2015),
sendo aplicável, todavia, a regra do art. 520, IV.
13
DIDIER JR., CUNHA, Leonardo da.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de Direito Processual Civil: Execução.
Vol. 5. 11ª ed. Salvador: Juspodivm, p. 513.
14
NEVES, Daniel Assumpção. Op. Cit., p. 1176.
15
MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel; ARENHART, Sergio Cruz. Novo Código de Processo Civil Comentado. São
Paulo: RT, 2015, p. 540.
16
SCARPINELLA BUENO, Cassio. Op. Cit., p. 217.
17
DIDIER JR., CUNHA, Leonardo da.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 514-515.
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NEVES, Daniel Assumpção. Op. Cit., p. 1179-1180.
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Atenção: o tema 677 do STJ, fixado em 2014, definia que, na fase de execução, o depósito do
montante (integral ou parcial) da condenação extingue a obrigação do devedor, nos limites da
quantia depositada.
19
SCARPINELLA BUENO, Cassio. Op. Cit., p. 211.
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Todavia, em 2020, a Corte Especial do STJ20 decidiu instaurar procedimento para rever esse
tema n. 677. O objetivo desse procedimento é definir “se, na execução, o depósito judicial do valor
da obrigação, com a consequente incidência de juros e correção monetária a cargo da instituição
financeira depositária, isenta o devedor do pagamento dos encargos decorrentes da mora, previstos
no título executivo judicial ou extrajudicial, independentemente da liberação da quantia ao credor”.
Aguardemos...
De todo modo, segundo o STJ21, na correção monetária do valor depositado deverão incidir
os expurgos inflacionários (Plano Verão, Plano Collor I e II etc.).
O STF, por sua vez, percebendo que havia vários recursos extraordinários tratando sobre o
tema, decidiu reconhecer a existência de repercussão geral e adotar o rito do julgamento por
amostragem, previsto nos arts. 1.036 a 1.041, do CPC, acima explicados (info 965 – tema 1.016)
3.3.5 - Honorários Advocatícios
Na vigência do CPC/73, o STJ entendia que não eram devidos honorários na fase de
cumprimento provisório.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM SEDE DE EXECUÇÃO
PROVISÓRIA. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). Em execução
provisória, descabe o arbitramento de honorários advocatícios em benefício do
exequente. De fato, o que deve ser observado para a definição do cabimento de
honorários advocatícios é o princípio da causalidade, ou seja, deverá arcar com as verbas
de advogado quem deu causa à lide, conceito intimamente relacionado à "evitabilidade do
litígio". Com relação à execução provisória, deve-se notar que, por expressa dicção legal, a
fase do cumprimento provisório de sentença "corre por iniciativa, conta e responsabilidade
do exeqüente" (art. 475-O, I, do CPC), o que implica afirmar que a execução provisória se
inicia por deliberação exclusiva do credor provisório (e não por iniciativa do devedor
provisório). Dessa forma, como quem dá causa à instauração do procedimento provisório
é o exequente (e não o executado), não se pode, em razão do princípio da causalidade,
admitir, no âmbito da execução provisória, o arbitramento de honorários advocatícios
em benefício dele próprio (do exequente). Ademais, se o manejo da execução provisória
constitui faculdade do credor, a ser exercitada por sua conta e responsabilidade, as
despesas decorrentes da execução provisória, inclusive os honorários de seu advogado,
hão de ser suportados pelo próprio exequente. Além disso, não se pode confundir
"pagamento" - modalidade de extinção da obrigação (arts. 304 a 359 do CC) que significa
20
STJ, CE, QO no REsp 1.820.963/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 7.10.2020, info 682. Na questão de ordem, asseverou-
se que, da análise do voto condutor do Tema 677, verifica-se que o julgamento, à época, teve como enfoque a
responsabilidade da instituição financeira depositária pela remuneração do depósito judicial, tema este que já era
objeto de debate no STJ há muito tempo, tendo culminado na edição das Súmulas 179 e 271/STJ, nos seguintes termos:
Súmula 179/STJ: O estabelecimento de crédito que recebe dinheiro, em depósito judicial, responde pelo pagamento da
correção monetária relativa aos valores recolhidos. Súmula 271/STJ: A correção monetária dos depósitos judiciais
independe de ação específica contra o banco depositário. Naquela ocasião, no entanto, não se debruçou a Corte Especial,
pontualmente, acerca do efeito do depósito judicial sobre a mora do devedor, isto é, não houve ponderação a respeito
do efeito liberatório do devedor no tocante aos consectários de sua mora. Afinal, no ordenamento jurídico brasileiro,
não há previsão específica que reconheça o depósito em garantia do juízo como modalidade de pagamento, de modo
a permitir que se lhe atribua efeito liberatório do devedor, tomando por cumprida a obrigação. Por isso, surgiram várias
decisões díspares, que precisam de uma unificação. Assim, a Corte Especial do STJ vai decidir o assunto.
21
STJ. Corte Especial. REsp 1.131.360-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 3/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 607).
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sucumbenciais. Por fim, deve-se observar que não se está afastando, em abstrato, o
cabimento de honorários advocatícios em sede de cumprimento provisório de sentença,
mas apenas afirmando o descabimento de honorários no âmbito de execução provisória
em benefício do exequente; o que não implica obstar a possibilidade de arbitramento de
honorários no cumprimento provisório em favor do executado provisório, caso a execução
provisória seja extinta ou o seu valor seja reduzido. Teses firmadas para fins do art. 543-C
do CPC: "Em execução provisória, descabe o arbitramento de honorários advocatícios em
benefício do exequente." e "Posteriormente, convertendo-se a execução provisória em
definitiva, após franquear ao devedor, com precedência, a possibilidade de cumprir,
voluntária e tempestivamente, a condenação imposta, deverá o magistrado proceder ao
arbitramento dos honorários advocatícios.". Precedente citado: REsp 1.252.470-RS, Quarta
Turma, DJe 30/11/2011. REsp 1.291.736-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
20/11/2013 (informativo 533).
Entretanto, o CPC/15 superou o entendimento, pontuando que existe sim trabalho
advocatício no cumprimento provisório da mesma forma que existe no cumprimento definitivo,
merecendo, portanto, os honorários. Os artigos 85, §1o e 520, §2o passaram a prever:
Art. 85, § 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de
sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos
interpostos, cumulativamente.
Art. 520, § 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523 são devidos no
cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa.
CESPE/TJPR - Juiz de Direito Substituto/2019 - Paulo requereu o cumprimento provisório da sentença que condenou
Fernando a lhe pagar a quantia de cinquenta mil reais em uma demanda que tramitou pelo procedimento comum. Á
petição em que requereu o início do cumprimento de sentença, Paulo juntou cópia da decisão exequenda, certidão de
interposição do recurso de Fernando não dotado de efeito suspensivo e outros documentos necessários ao cumprimento.
Ele, ainda, requereu ao juízo no qual o título foi formado que: O cumprimento de sentença fosse remetido ao juízo da
localidade onde Fernando possui bens; fossem fixados honorários para a fase de cumprimento da sentença; Fosse
imposta multa por eventual inadimplemento de Fernando; Dispensassem-no do pagamento de caução, em razão da sua
situação de necessidade, que foi demonstrada. Com relação a essa situação hipotética, é correto afirmar que
a) O pedido de remessa à localidade onde Fernando possui bens deve ser rejeitado, porque o cumprimento de sentença
é de competência exclusiva do juízo que profere a sentença.
b) Não cabe o arbitramento de honorários na fase de cumprimento provisório da sentença, porque essa fase processual
é um ato facultativo de Paulo
c) Fernando poderá depositar o referido valor com o único intuito de evitar a incidência da multa, ato que não será tido
como incompatível com o recurso interposto por ele.
d) Paulo poderá ser dispensado do pagamento de caução apenas se tiver firmado com Fernando negócio processual com
essa finalidade e devidamente homologado pelo juízo competente.
Comentários: A alternativa C está correta. Art. 520, § 3o Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o
valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele
interposto.
Resolvi também comentar os quatro pontos elencados pelo exequente na questão.
1º ponto: a competência destrinçada no art. 516 é aplicada a todos os cumprimentos de sentença, inclusive ao
cumprimento de sentença de pagar quantia certa contra a Fazenda Pública e o cumprimento de sentença de alimentos
(hipóteses de execuções especiais).
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I – os tribunais, nas causas de sua competência originária; II
– o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença
penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado,
21
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pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a
obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
No caso da questão, em regra, o cumprimento de sentença seria requerido perante o juízo que prolatou a decisão (art.
516, II, CPC). Contudo, no CPC/15, o inciso II tem que ser interpretado em conjunto com o artigo 516, parágrafo único do
CPC, que abre outras 3 possibilidades ao exequente:
Art. 516, Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do
executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser
executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo
de origem.
Portanto, em suma, temos 4 possibilidades: juízo que decidiu a causa (art. 516, II, CPC); juízo do atual domicílio do
executado; juízo do local dos bens do executado; juízo onde deva ser executada a obrigação de fazer ou não fazer (opção
incluída pelo NCPC).
Já havíamos alertado o aluno que a cobrança do tema era constante. MPE-PR/MPE-PR – Promotor Substituto/2016 –
Assinale a alternativa correta sobre o cumprimento de sentença, do Código de Processo Civil de 2015: a) Quando o
cumprimento de sentença se efetuar perante juízo de primeiro grau de jurisdição, o exequente poderá optar pelo juízo
do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local
onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer;
E isso caiu novamente. O 1º ponto alegado por Paulo está correto.
2º ponto: O 2º ponto alegado por Paulo também está correto. Na execução provisória, o CPC inovou. O STJ entendia que
não cabia honorários em cumprimento provisório na vigência do CPC/73 (STJ, REsp 1.291.736-PR, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 20/11/2013). Com o NCPC, isso mudou (art. 85, §1º e art. 520, §2º).
Isso vem caindo muito: VUNESP/TJ-RS – Juiz de Direito Substituto/2018 – São devidos honorários advocatícios, nos
termos do Código de Processo Civil: e) no cumprimento provisório de sentença.
3º ponto: O 3º ponto aventado por Paulo também está escorreito. Sob a égide do CPC/73, parcela doutrinária e
jurisprudência pacífica do STJ entendiam pelo não cabimento da multa do art. 475-J na execução provisória (STJ, REsp
1.059.478-RS, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em
15/12/2010, info 460). Entretanto, o CPC dispôs de forma diferente, entendendo pela aplicação da multa de 10% +
honorários advocatícios de 10% (art. 520, §2º e 523, §1º).
4º ponto: Esse ponto suscitado também merecia acolhimento. Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá
ser dispensada nos casos em que: II – o credor demonstrar situação de necessidade;
Enunciados do FPPC
Enunciado 528, FPPC: (art. 520, §2º; art. 523, §1º) No cumprimento provisório de sentença
por quantia certa iniciado na vigência do CPC-1973, sem garantia da execução, deve o juiz,
após o início de vigência do CPC-2015 e a requerimento do exequente, intimar o executado
nos termos dos arts. 520, §2º, 523, §1º e 525, caput.
Enunciado 530, FPPC:(art. 525). Após a entrada em vigor do CPC-2015, o juiz deve intimar
o executado para apresentar impugnação ao cumprimento de sentença, em quinze dias,
ainda que sem depósito, penhora ou caução, caso tenha transcorrido o prazo para
cumprimento espontâneo da obrigação na vigência do CPC-1973 e não tenha àquele tempo
garantido o juízo.
O STJ foi ao encontro desses enunciados doutrinários:
Após a entrada em vigor do CPC/2015, o juiz deve intimar o executado para apresentar
impugnação ao cumprimento de sentença, caso tenha transcorrido o prazo para
cumprimento espontâneo da obrigação na vigência do CPC/1973. REsp 1.833.935-RJ, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
05/05/2020, DJe 11/05/2020 (info 671).
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O cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de pagar quantia certa está
previsto nos arts. 520, 521 e 522, todos do CPC. Já o cumprimento definitivo de sentença que
reconheça a obrigação de pagar quantia certa está previsto nos arts. 523 a 534, CPC.
Em ambos os casos, há duas fases bem definidas: a) fase inicial ou de cumprimento voluntário,
em que se defere um prazo para que o executado cumpra; b) segunda fase ou fase de execução
forçada, em que se praticam atos tendentes à satisfação compulsória da obrigação.
Em ambos os cumprimentos, há possibilidade de aplicação subsidiária das regras que regem
o processo de execução, conforme art. 513, CPC.
Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título,
observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II
da Parte Especial deste Código.
À frente, iremos abordar apenas o cumprimento definitivo, pois o provisório já foi tratado.
22
Art. 356, § 3o Na hipótese do § 2o, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva.
23
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5.2 - INICIATIVA
23
STJ, 3ª Turma, AgRg no Ag 1.064.918/RS, rel. Min. Sidnei Benetti, j. 21.10.2008; AgRg no REsp 1.024.631/SP, 2ª Turma,
rel Min. Castro Meira, j. 09.09.2008; REsp 954.859/RS, 3ª Turma, rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j. 16/08.2007.
Informativo 360/STJ, 3ª Turma, MC 14.258/RJ, rel. Nancy Andrighi, j. 17.06.2008; Informativo 373/STJ, 3ª T., REsp
1.093.369/SP, rel. Massami Uyeda, j. 21.10.2008.
24
THEODORO JR., Humberto. Revista de Processo, n. 489, p. 573.
25
STJ, Corte Especial, REsp 940.274/MS, Rel. Min Humberto Gomes de Barros, Rel. p/ acórdão João Otávio de Noronha,
d.j. 07/04/2010.
24
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Por se tratar de processo sincrético, haverá apenas continuidade após o trânsito em julgado
da sentença. Assim, torna-se desnecessária uma “petição inicial”, pois não haverá criação de um novo
processo, bastando uma simples petição, que será instruída com um demonstrativo atualizado do
crédito, devendo conter elementos estipulados pelo art. 524, CPC.
Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo
discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter: I - o nome completo, o
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3o; II - o
índice de correção monetária adotado; III - os juros aplicados e as respectivas taxas; IV - o
termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados; V - a
periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; VI - especificação dos eventuais
descontos obrigatórios realizados; VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre
que possível27.
Se o exequente, porém, não conseguir obter todos esses dados porque alguns documentos
estejam em poder do executado ou de terceiros, o juiz pode requisitá-los. Segundo o dispositivo, se
houver descumprimento, haverá crime de desobediência.
§ 3o Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou
do executado, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência.
Nesse ponto, além da desobediência prevista no dispositivo, a doutrina defende a aplicação
analógica das regras relativas à exibição de documentos que, no art. 400, parágrafo único, permite
que o juiz aplique medidas indutivas, coercitivas, sub-rogatórias e mandamentais para a efetivação
da decisão judicial que determina a exibição dos dados.
Se o executado não exibe os documentos, haverá presunção de correção do alegado pelo
exequente?
No CPC/73, havia presunção de correção dos cálculos apresentados pelo exequente.
Art. 475-B, § 1o Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes
em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-
los, fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da diligência. (Incluído pela Lei nº
11.232, de 2005)
26
Muito embora haja parcela doutrinária que seja contrária a tal posição, a exemplo de Alexandre Câmara.
27
Vejam que essa é apenas uma possibilidade, faculdade. Nesse ponto, o exequente poderá requerer ao juiz que intime
o executado para indicar seus bens, sob pena de multa de até 20% do valor da execução (art. 774, parágrafo único, CPC).
25
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A situação acima descrita é para a necessidade de dados para a elaboração dos cálculos. Se
o exequente tiver condições de instruir seu requerimento com um demonstrativo de cálculo
incompleto, havendo necessidade de exibição de dados por terceiros ou pelo executado apenas para
complementação dos cálculos, aí sim haverá a presunção de veracidade.
Art. 524, § 4o Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais
em poder do executado, o juiz poderá, a requerimento do exequente, requisitá-los, fixando
prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência.
§ 5o Se os dados adicionais a que se refere o § 4o não forem apresentados pelo executado,
sem justificativa, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados
pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe.
Destaca-se que a presunção é relativa, podendo o executado apresentar impugnação ao
cumprimento de sentença e comprovar a incorreção dos cálculos.
Se o executado comprovar o excesso de execução nessa impugnação, mesmo assim será
condenado ao pagamento dos honorários sucumbenciais, pois foi ele quem deu causa ao excesso de
execução, ao não apresentar os dados necessários para os cálculos.
Se se tratar de documento a ser fornecido por terceiro, também se aplicam as ponderações
já feitas ao tratarmos da exibição de documentos (arts. 401 a 404). Uma vez intimado, o terceiro
poderá adotar as seguintes atitudes: a) exibir o documento/coisa; b) permanecer silente, devendo
seu comportamento ser considerado recusa tácita28; c) pode se recusar a exibir o documento/coisa.
Se for legítima (art. 404, CPC), para superá-la, é possível o juiz aplicar a ponderação. Se entender que
o direito à prova deve prevalecer, poderá entender como recusa ilegítima e determinar, mesmo
assim, a exibição do documento/coisa. Doutro lado, se a recusa for ilegítima, o magistrado poderá
28
Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz ordenar-lhe-á que proceda ao respectivo
depósito em cartório ou em outro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o ressarça
pelas despesas que tiver. Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão,
requisitando, se necessário, força policial, sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência, pagamento de
multa e outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar a efetivação
da decisão.
26
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se valer das medidas do art. 403, parágrafo único, CPC, bem como sancionar o terceiro por contempt
of court (art. 77, IV, §2º, CPC).
5.4 – EXCESSO DOS CÁLCULOS
No CPC/73, se o juiz, em análise superficial, entendesse que o valor apontado pelo exequente
excedia os limites da condenação, remetia os autos à contadoria para apurar o valor devido.
Art. 475-B, § 3o Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada
pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exequenda e, ainda, nos casos
de assistência judiciária. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
No CPC/15, se o juiz, em análise superficial, entender que o valor apontado pelo exequente
excede os limites da condenação, tem duas opções:
a) não remete os autos à contadoria e determina a penhora apenas daquele montante que
entende adequado.
Art. 524, § 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os
limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá
por base a importância que o juiz entender adequada.
b) remete os autos à contadoria para apurar efetivamente qual o valor correto.
Art. 524, § 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo,
que terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for
determinado.
A doutrina sugere que o magistrado remeta os autos à contadoria, que estabelecerá o correto
montante, pois, se prolatar decisão interlocutória dizendo que, em cognição sumária, aquele valor
indicado pelo exequente é exagerado, tal decisão será impugnável por agravo de instrumento (art.
1.015, parágrafo único) e gerará um atraso procedimental significativo.
O CPC/73, no mesmo art. 475-B, §3º29 disse que o juiz remetia ao contador os casos em que
o exequente era beneficiário da gratuidade de justiça. Assim, o beneficiário podia propor sem o
memorial de cálculos, requerendo ao juiz que remeta ao contador judicial para fazê-lo.
Isso poderá ocorrer mesmo se a parte estiver sendo defendida pela Defensoria Pública?
1ª corrente: não, pois a Defensoria é órgão capacitado a elaborar o memorial de cálculos.
2ª corrente (majoritária, STJ): sim, pois o art. 475-B, §3º não trazia essa exceção. Ademais, a
Defensoria, em muitos casos, não tem estrutura capaz de fazer esse memorial de cálculos.
2. Discussão relativa à remessa dos autos ao contador do juízo, para elaboração dos
cálculos do valor devido, apenas em razão do credor ser beneficiário da assistência
judiciária. 3. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculos
aritméticos, é do credor o ônus de apresentação da memória discriminada e atualizada do
cálculo. 4. Em nenhum momento, todavia, foi excluída a possibilidade de utilização do
contador judicial. As reformas processuais apenas reduziram a sua esfera de atuação, que
se restringiu às hipóteses em que (i) a memória apresentada pelo credor aparentemente
exceder os limites da decisão exequenda e (ii) nos casos de assistência judiciária (art. 475-
B, § 3º, do CPC). 5. No que tange às hipóteses de assistência judiciária, a finalidade da
29
Art. 475-B, § 3o Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente
exceder os limites da decisão exequenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária. (Lei nº 11.232, de 2005)
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norma é claramente a de facilitação da defesa daquele credor que não tem condições
financeiras de contratar profissional para realização dos cálculos sem comprometimento
do seu sustento ou de sua família. 6. O fato do recorrente, na hipótese, já estar sendo
representado pela Defensoria Pública não lhe retira a possibilidade de poder se utilizar
dos serviços da contadoria judicial, como beneficiário da assistência judiciária. 7. O art.
475-B, §3º, do CPC, ao permitir a utilização da contadoria, excepcionando a regra geral de
que os cálculos do valor da execução são de responsabilidade do credor, não faz a exigência
de que o cálculo deva "apresentar complexidade extraordinária", ou que fique
demonstrada a "incapacidade técnica ou financeira do hipossuficiente", como entendeu o
Tribunal de origem. 8. Há que se fazer uma interpretação teleológica do benefício previsto
no art. 475-B, §3º, segunda parte, do CPC, bem como de caráter conforme à própria
garantia prevista no art. 5º, LXXIV, da CF/88, in verbis: "O Estado prestará assistência
judiciária integral e gratuita aos que comprovarem a insuficiência de recursos", a fim de
lhe outorgar a mais plena eficácia. 9. Recurso especial provido. (REsp 1200099 / SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, j. 06/05/2014)
1. Para fins do art. 543-C do CPC: (1.1) "Na liquidação por cálculos do credor, descabe
transferir do exequente para o executado o ônus do pagamento de honorários devidos ao
perito que elabora a memória de cálculos". (1.2) "Se o credor for beneficiário da gratuidade
da justiça, pode-se determinar a elaboração dos cálculos pela contadoria judicial". (1.3) "Na
fase autônoma de liquidação de sentença (por arbitramento ou por artigos), incumbe ao
devedor a antecipação dos honorários periciais. (STJ, REsp 1.274.466, recurso repetitivo,
d.j. 21/05/2014)
O CPC/15 não disse nada no art. 524, §§, mas a doutrina salienta que permanece a
possibilidade de remeter ao contador nas hipóteses de gratuidade de justiça, porquanto abarca o
custo com a elaboração de memória de cálculo.
Art. 98, § 1o A gratuidade da justiça compreende: VII - o custo com a elaboração de
memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução.
Enunciado 91, I JDPC do CJF: Interpreta-se o art. 524 do CPC e seus parágrafos no sentido
de permitir que a parte patrocinada pela Defensoria Pública continue a valer-se da
contadoria judicial para elaborar cálculos para execução ou cumprimento de sentença.
Feito o requerimento pelo exequente, o art. 523 dispõe que o juiz irá intimar o executado
para o cumprimento daquela obrigação. No CPC/73, após alguma vacilação, o STJ30 pacificou o
assunto e assentou que, como regra, a intimação deveria se dar na pessoa do advogado.
No CPC/15, manteve-se esse posicionamento no art. 513, §2º, I.
Art. 513, § 2o O devedor será intimado para cumprir a sentença: I - pelo Diário da Justiça,
na pessoa de seu advogado constituído nos autos;
Entretanto, há uma novidade no art. 513, §4º, ao prever uma mudança na forma de
intimação se decorrido o prazo de um ano do trânsito em julgado para que o exequente requeira o
início do cumprimento de sentença.
30
STJ, REsp 940.274-MS, Rel. originário Min. Humberto Gomes de Barros, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha,
d.j. 7/4/2010 (info 429).
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Art. 513, § 4o Se o requerimento a que alude o § 1o for formulado após 1 (um) ano do
trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio
de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço constante dos autos,
observado o disposto no parágrafo único do art. 27431 e no § 3o32 deste artigo.
Se o exequente requerer o cumprimento depois desse prazo de um ano, deverá haver
intimação pessoal do devedor, por meio de carta com AR.
Atenção: O art. 513, §2º, I fala em “Diário de Justiça”. O advogado sempre deverá ser intimado
por esse meio?
Já vimos que a forma preferencial do CPC é citação por meio eletrônico (art. 246, § 1º, CPC).
Se não for possível, citação por correios (art. 247). Se não for possível, citação por oficial de justiça
(art. 249, CPC). Se não for possível, citação por edital (art. 256, CPC).
Com a intimação não é diferente. Prefere-se intimação por meio eletrônico.
Art. 270. As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma
da lei. (Lei n. 11.419/06)
Parágrafo único. Aplica-se ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Advocacia
Pública o disposto no § 1o do art. 246 (obrigatoriedade de manutenção de cadastro nos
sistemas eletrônicos do Poder Judiciário).
Lei 11.419/06, Art. 5o As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos
que se cadastrarem na forma do art. 2o desta Lei, dispensando-se a publicação no órgão
oficial, inclusive eletrônico.
Se não der a intimação por meio eletrônico (portal próprio), busca-se a intimação do
advogado por meio do Diário de Justiça.
Rememora-se um alerta já feito: intimação por meio do Diário de Justiça Eletrônico (DJe) é
diferente da “intimação eletrônica” citado pelo CPC no art. 270. Intimação por meio eletrônico (art.
270, CPC) é intimação por portal próprio. Intimação por meio do DJe é intimação por meio de
publicação da imprensa oficial.
Uma diferença importante é que a intimação por meio eletrônico é considerada pessoal,
consoante art. 9º, §1º, Lei n. 11.417/06. Já a intimação por meio do DJe não é considerada intimação
pessoal. É o que se infere do art. 4º, §2º, Lei n. 11.419/06 e do enunciado 401, FPPC33.
31
Art. 274, Parágrafo único. Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que
não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva não tiver sido devidamente
comunicada ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do comprovante de entrega da correspondência no
primitivo endereço.
32
Art. 513, § 3o Na hipótese do § 2o, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o devedor houver mudado
de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274.
33
Art. 4o Os tribunais poderão criar Diário da Justiça eletrônico, disponibilizado em sítio da rede mundial de
computadores, para publicação de atos judiciais e administrativos próprios e dos órgãos a eles subordinados, bem como
comunicações em geral. § 1o O sítio e o conteúdo das publicações de que trata este artigo deverão ser assinados
digitalmente com base em certificado emitido por Autoridade Certificadora credenciada na forma da lei específica. § 2 o A
publicação eletrônica na forma deste artigo substitui qualquer outro meio e publicação oficial, para quaisquer efeitos
legais, à exceção dos casos que, por lei, exigem intimação ou vista pessoal.
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CESPE/Procurador do Município de Fortaleza/2017 - Situação hipotética: Em ação que tramita pelo procedimento
comum, determinado município foi intimado de decisão por meio de publicação no diário de justiça eletrônico. Assertiva:
Nessa situação, segundo o CPC, a intimação é válida, uma vez que é tida como pessoal por ter sido realizada por meio
eletrônico.
Comentários: A alternativa está incorreta. Não é considerada intimação pessoal. Enunciado 401, FPPC: (art. 183, § 1º)
Para fins de contagem de prazo da Fazenda Pública nos processos que tramitam em autos eletrônicos, não se considera
como intimação pessoal a publicação pelo Diário da Justiça Eletrônico.
34
2. Nos termos do art. 322 do Código de Processo Civil, será dispensado da intimação dos atos processuais o réu revel
que não constituiu advogado nos autos. 3. Após a edição da Lei nº 11.232/2005, a execução por quantia fundada em
título judicial desenvolve-se no mesmo processo em que o direito subjetivo foi certificado, de forma que a revelia
decretada na fase anterior, ante a inércia do réu que fora citado pessoalmente, dispensará a intimação pessoal do
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seria contado do trânsito em julgado e não haveria necessidade de intimação pessoal do devedor
para dar cumprimento à sentença.
Na vigência do CPC/15, o STJ, no julgado acima referido, também pontuou que ainda que
citado pessoalmente na fase de conhecimento, é devida a intimação por carta do réu revel, sem
procurador constituído, para o cumprimento de sentença35.
Por fim, e se o sujeito comparecer espontaneamente?
Enunciado 84, I JDPC do CJF – O comparecimento espontâneo da parte constitui termo
inicial dos prazos para pagamento e, sucessivamente, impugnação ao cumprimento de
sentença.
devedor para dar cumprimento à sentença. 4. Recurso especial improvido. (STJ, REsp 1.241.749, Rel. Min. Maria Thereza
de Assis Moura, d.j. 27/09/2011)
35
Em conclusão, na lei processual vigente, há expressa previsão de que o réu sem procurador nos autos, incluindo-se aí
o revel, mesmo quando citado pessoalmente na fase cognitiva, deve ser intimado por carta, não se mostrando aplicável,
neste especial momento de instauração da fase executiva, o quanto prescreve o art. 346 do CPC. REsp 1.760.914-SP, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª Turma, d.j. 02/06/2020, DJe 08/06/2020 (info 673)
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36
NEVES, Daniel Assumpção. Op. Cit., p. 1210.
37
STJ, 4ª Turma, REsp 1.693.784-DF, Rel. Min. Luis Salomão, d.j. em 28/11/2017, info 619.
38
STJ, 3ª Turma, REsp 1.708.348/RJ, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, d.j. 25/6/2019.
39
DIDIER JR., CUNHA, Leonardo da.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 529-532.
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acesso simultâneo aos autos físicos constitui a ratio essendi do prazo diferenciado para
litisconsortes com procuradores distintos, consagrando assim o direito fundamental do
acesso à justiça. Ademais, registre-se que a Corte Especial deste Tribunal Superior, no
julgamento do REsp n. 1.262.933/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/6/2013,
DJe 20/8/2013, no âmbito de julgamento de recurso repetitivo (Tema 536), sob a vigência
do CPC/1973, firmou o entendimento no sentido de que "na fase de cumprimento de
sentença, o devedor deverá ser intimado, na pessoa de seu advogado, mediante publicação
na imprensa oficial, para efetuar o pagamento no prazo de 15 (quinze) dias, a partir de
quando, caso não o efetue, passará a incidir a multa de 10% (dez por cento) sobre
montante da condenação (art. 475-J do CPC)". Em razão de tal exegese (devidamente
incorporada ao Novo CPC), o cumprimento voluntário adquiriu natureza dúplice. Cuida-
se de ato a ser praticado pela própria parte, mas a fluência do prazo para pagamento inicia-
se com a intimação do advogado pela imprensa oficial, o que impõe ônus ao patrono, qual
seja, o dever de comunicar o devedor do desfecho desfavorável da demanda, alertando-o
das consequências jurídicas da ausência do cumprimento voluntário. Assim, uma vez
constatada a hipótese de incidência da norma disposta no artigo 229 do CPC/2015
(litisconsortes com procuradores diferentes), o prazo comum para pagamento
espontâneo deverá ser computado em dobro, ou seja, trinta dias úteis. REsp 1.693.784-
DF, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, d.j. 28/11/2017, DJe 05/02/2018 (info 619).
CESPE/MPAP – Promotor/2021 - A sociedade empresária Beta Ltda. obteve na justiça o direito de ser indenizada por João
no valor de cem mil reais, com sentença transitada em julgado, tendo a credora requerido ao juízo competente, em
processo eletrônico, o início do cumprimento de sentença e a inscrição do nome de João no cadastro de inadimplentes.
(...) e) Se o caso retratasse litisconsortes com procuradores distintos, o prazo para cumprimento voluntário de sentença
seria computado em dobro.
Comentários. Alternativa incorreta. Para haver contagem em dobro, precisa reunir os requisitos: a) litisconsortes; b)
patrocínio por advogados distintos; c) escritórios distintos; d) processo físico. No caso, o processo é eletrônico, não
havendo contagem em dobro.
40
Por ser título executivo judicial, após a citação do executado, as regras procedimentais aplicáveis são as do
cumprimento de sentença.
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pagamento voluntário a que alude o art. 475-J do CPC, que somente se inicia após a
intimação do advogado, com a baixa dos autos e a aposição do "cumpra-se" (REsp. n.º
940.274/MS). 1.2. Não são cabíveis honorários advocatícios pela rejeição da impugnação
ao cumprimento de sentença. 1.3. Apenas no caso de acolhimento da impugnação, ainda
que parcial, serão arbitrados honorários em benefício do executado, com base no art. 20,
§ 4º, do CPC. 2. Recurso especial provido. REsp 1.134.186-RS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 1º/8/2011 (informativo 480).
Após, editou-se a súmula 517 com o mesmo entendimento.
Súmula 517-STJ: São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja
ou não impugnação, depois de escoado o prazo para pagamento voluntário, que se inicia
após a intimação do advogado da parte executada.
O CPC/15 veio nesse mesmo sentido.
Art. 523, § 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será
acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por
cento.
§ 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários
previstos no § 1o incidirão sobre o restante.
O acréscimo de 10% (dez por cento) de honorários advocatícios, previsto pelo art. 523, §
1º, do CPC/2015, quando não ocorrer o pagamento voluntário no cumprimento de
sentença, não admite relativização. STJ, 3ª Turma, REsp 1.701.824-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, d.j. 09/06/2020, DJe 12/06/2020 (info 673)
E por que incidirão honorários após o decurso do prazo de 15 dias para pagamento?
Entende-se que o advogado do credor teve um trabalho de formular o demonstrativo de
débito, com o requerimento de cumprimento de sentença e penhora dos bens do devedor.
Transcorrido o prazo de 15 dias para que o executado pague (art. 523, CPC), começa a correr
outro prazo de 15 dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação,
apresente impugnação (art. 525, CPC).
Se a impugnação é julgada improcedente, o devedor pagará novos honorários advocatícios?
Não. O devedor terá de pagar apenas honorários advocatícios por conta do cumprimento de
sentença, mas não por ter perdido a impugnação.
Súmula 519-STJ: Na hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença, não
são cabíveis honorários advocatícios41.
E se a impugnação for julgada procedente?
Aí haverá sim a fixação de honorários. O credor será condenado a pagar honorários em favor
do advogado do devedor.
41
O STJ, na vigência do CPC/15, reafirmou o teor da súmula 519 e salientou que tal entendimento ainda se mantém. Em
que pese tal pronunciamento tenha sido estabelecido sob a égide do diploma processual civil revogado, a deliberação se
mantém, também, para contendas estabelecidas no âmbito do NCPC, porquanto a impugnação ao cumprimento de
sentença (seja ela definitiva ou provisória) não enseja o início de novo procedimento, visto que atrelada à própria abertura
do cumprimento de sentença em si, o qual já admite, por força do art. 85, § 1º, do NCPC a fixação de honorários
advocatícios. AgInt no AREsp 1747288 / MT, Rel. Min. Marco Buzzi, d.j. 24/05/2021. No mesmo sentido, REsp.
1.859.220/MS, 4ª Turma, d.j. 23/06/2020.
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a) o valor da multa é estanque, ao contrário da lógica das medidas coercitivas, que vão se
agravando pelo não cumprimento, a exemplo das astreintes.
b) o valor da multa é aprioristicamente estabelecido em lei, mais similar às sanções (v.g.
sanção por litigância de má-fé, por ato atentatório à dignidade da justiça etc.);
c) o juiz é obrigado a aplicá-la, diferentemente da lógica das medidas coercitivas;
d) Se houver pagamento parcial, a multa incide sobre o restante. Se fosse coercitiva,
dependeria apenas da suficiência + compatibilidade e não guardaria essa correlação com o montante
do débito.
3ª corrente: Segundo Didier, Leonardo da Cunha, Paula e Rafael42, a multa tem não só
natureza coercitiva, mas também sancionatória.
E se o executado paga voluntariamente o valor devido no 16º dia?
Incidirá a multa, pois feito o pagamento a destempo.
O pagamento extemporâneo da condenação imposta em sentença transitada em julgado
enseja, por si só, a incidência da multa do art. 475-J, caput, do CPC, ainda que espontâneo
e anterior ao início da execução forçada. O esgotamento do prazo previsto no art. 475-J
do CPC tem consequências essencialmente materiais, pois atinge o próprio crédito
cobrado. Com o escoamento do período para o pagamento, o valor do título se altera, não
podendo o juiz atingir o próprio direito material do credor, que foi acrescido com a multa,
assim como o seria com a incidência de juros, correção monetária ou outros encargos.
Portanto, a pura fluência do prazo desencadeia as consequências legais. Além disso, ainda
que a execução seja, de fato, uma faculdade do credor, o cumprimento da condenação
prevista no título é uma obrigação do devedor. Desta feita, certamente, a incidência da
multa do art. 475-J do CPC não está vinculada ao efetivo exercício de um direito pelo
credor, mas ao descumprimento de uma obrigação imposta ao devedor. Assim, pouco
importa se o credor deu início ou não à execução, ou seja, se exerceu seu direito. O
relevante é saber se o devedor cumpriu ou não sua obrigação no modo e tempo impostos
pelo título e pela lei. REsp 1.205.228-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
21/2/2013 (informativo 516).
E se a dívida for ilíquida?
O exequente deve, primeiro, liquidá-la para, depois, requerer a intimação o executado para
pagar em 15 dias.
No caso de sentença ilíquida, para a imposição da multa prevista no art. 475-J do CPC,
revela-se indispensável: (i) a prévia liquidação da obrigação; e, após o acertamento, (ii)
a intimação do devedor, na figura do seu advogado, para pagar o quantum ao final
definido no prazo de 15 dias. (...) O art. 475-J alude à quantia certa ou já fixada em
liquidação. Então, se a condenação é desde logo líquida (incluindo-se nessa hipótese
aquela que depende de determinação do valor por mero cálculo aritmético), é o que basta
para que já possa incidir a multa. Caso contrário, apenas depois da fase de liquidação, terá
vez a multa. Assim, apenas quando a obrigação for líquida pode ser cogitado, de imediato,
o arbitramento da multa para pronto pagamento. Se ainda não liquidada ou se para a
apuração do quantum ao final devido for indispensável cálculos mais elaborados, o prévio
acertamento do valor faz-se necessário, para, após, mediante intimação, cogitar-se da
aplicação da referida multa, o que parece de muito obviedade, considerando que não se
42
DIDIER JR., CUNHA, Leonardo da.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 503.
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pode penalizar aquele que ainda não sabe o quê ou quanto pagar. No contexto das
obrigações ilíquidas, pouco importa que tenha havido depósito da quantia que o devedor
entendeu incontroversa ou a apresentação de garantias, porque, independentemente
delas, a aplicação da multa sujeita-se à condicionante da liquidez da obrigação definida no
título judicial. A sentença líquida deve ser entendida como aquela que define uma
obrigação determinada (fazer ou não fazer alguma coisa, entregar coisa certa, ou pagar
quantia determinada). Na hipótese de condenação ao pagamento em dinheiro, que
espelha a mais comum e clássica espécie de sentença condenatória, considera-se líquida a
obrigação quando o valor a ser adimplido está fixado no título ou é facilmente determinável
por meio de cálculos aritméticos simples, que não demandem grandes questionamentos e
nem apresentem insegurança para as partes que litigam. Afirma a doutrina, ademais, ser
ilíquida a sentença que não fixa o valor da condenação ou não lhe individua o objeto,
condição incompatível com a índole do processo executivo que pressupõe, sempre, a
lastreá-lo um título representativo de obrigação, certa, líquida e exigível (art. 586).
Destarte, se já há valor fixado na sentença, cuidando-se apenas de adicionar-lhe os
acréscimos legais (correção monetária a partir de índices oficiais conhecidos e juros de
mora), não se pode imputar-lhe a condição de ilíquida, posto que do contrário não
haveria uma única sentença com o atributo da liquidez; igualmente, não é a existência de
impugnação, com alegação de excesso, que tornará ilíquida a obrigação, devendo-se
perquirir a certeza a partir do comando sentencial de que resulta o pedido de
cumprimento. Precedente citado: REsp. 1.262.933-RJ, Corte Especial, DJe 20/8/2013. REsp
1.147.191-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Segunda Seção, julgado em
4/3/2015, DJe 24/4/2015 (recurso repetitivo, informativo 560).
O mero oferecimento de bens à penhora elide a incidência da referida multa?
O STJ entende que não.
1. A efetivação da garantia realizada com o depósito judicial da obrigação no prazo legal,
com o propósito de elidir a multa prevista no art. 475-J do CPC, não prospera, tendo em
vista que somente naquelas situações em que o devedor deposita a quantia devida em
juízo, sem condicionar o levantamento à discussão do débito em sede de impugnação do
cumprimento de sentença, permitindo o imediato levantamento da quantia depositada
por parte do credor, é que elide o pagamento da referida multa. Precedente. 2. Para a
configuração do dissídio jurisprudencial, faz-se necessária a indicação das circunstâncias
que identifiquem as semelhanças entre o aresto recorrido e os paradigmas citados, nos
termos dos arts. 541, parágrafo único, do CPC e 255, §§ 1º e 2º, do RISTJ. Na hipótese,
contudo, a agravante não procedeu ao devido cotejo analítico entre os arestos
confrontados, de modo que não ficou caracterizada a sugerida divergência pretoriana. 3.
Agravo interno a que se nega provimento. (STJ, AgRg no AREsp 164860/RS, Rel. Min. Raul
Araújo, d.j. 04/12/2012).
No caso abaixo, houve uma situação peculiar. Houve depósito em conta judicial no valor exato
do débito perseguido pela credora, mas a executada...
(...) textualmente informou que "o depósito ora comprovado, que não é pagamento e sim
garantia do Juízo, terá o condão, juntamente com as razões que serão apresentadas pelo
executado, de conferir efeito suspensivo à impugnação que será ofertada no prazo a que
alude o artigo 525 do CPC". Entretanto, apesar de advertir sobre o pretendido efeito
suspensivo e da garantia do juízo, é incontroverso que realizou o depósito integral da
quantia perseguida dentro do prazo de 15 dias e não apresentou impugnação ao
cumprimento de sentença, fato que revela, indene de dúvidas, que o depósito importou
verdadeiro pagamento do débito, inclusive com o respectivo levantamento pela
exequente. Nesse sentido, são dois os critérios a dizer da incidência da multa prevista no
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43
STJ, 3ª Turma, REsp 1.761.068-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, d.j. 15/12/2020,
DJe 18/12/2020, info 684.
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adequada, pois a impugnação, antes da entrada em vigor do CPC/2015, era evento futuro
e incerto, na medida em que dependia da ocorrência de penhora, e, sendo fato futuro,
seria o caso de aplicação da lei nova (tempus regit actum). Ademais, a aplicação do
CPC/1973 traria o inconveniente de deixar a lei antiga, em tese, com uma ultratividade
indefinida no tempo, uma vez que não se sabe, de antemão, se nem quando ocorrerá a
penhora. Essa dificuldade de se aplicar a técnica de direito intertemporal do isolamento
dos atos processuais decorre da conexidade existente entre a intimação para pagamento
voluntário e a posterior impugnação ao cumprimento de sentença, na medida em que,
tanto no CPC revogado como no vigente, o decurso do prazo para pagamento é condição
para a impugnação ao cumprimento de sentença. Desse modo, há necessidade de se
buscar uma compatibilização entre as regras da lei nova e as da lei velha, na hipótese de
conexidade entre atos processuais, pois a técnica do isolamento dos atos processuais não
é suficiente para resolver adequadamente o problema da lei processual aplicável. Nesse
passo, uma proposta compatibilização específica para o caso da impugnação ao
cumprimento de sentença foi elaborada pelo Fórum Permanente de Processualistas Civis -
FPPC. Trata-se do Enunciado 530: "Após a entrada em vigor do CPC-2015, o juiz deve
intimar o executado para apresentar impugnação ao cumprimento de sentença, em quinze
dias, ainda que sem depósito, penhora ou caução, caso tenha transcorrido o prazo para
cumprimento espontâneo da obrigação na vigência do CPC-1973 e não tenha àquele tempo
garantido o juízo". Como se verifica no enunciado transcrito, essa proposta, por um lado,
elimina a possibilidade de aplicação retroativa do CPC/2015, na medida em que o prazo
começa a ser contado de uma intimação a ser realizada na vigência do CPC/2015, não a
partir do fim do prazo para pagamento voluntário, ocorrido na vigência do CPC/1973. Por
outro lado, elimina também a já mencionada ultratividade indefinida do CPC/1973, caso se
entendesse por aplicar o código revogado. Além disso, a exigência de uma intimação
confere segurança jurídica às partes, evitando que seus interesses sejam prejudicados pelo
simples fato de seu caso estar situado em uma zona cinzenta da aplicação do direito
intertemporal. Por fim, vale destacar que a intimação ora proposta somente é aplicável na
transição do CPC/1973 para o CPC/2015, pois, para os casos integralmente regidos pelo
CPC/2015, não há previsão dela (cf. art. 525 do CPC/2015). REsp 1.833.935-RJ, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 05/05/2020,
DJe 11/05/2020 (info 671).
Vejam que o STJ seguiu posicionamento doutrinário sobre o tema.
Enunciado 530, FPPC:(art. 525). Após a entrada em vigor do CPC-2015, o juiz deve intimar
o executado para apresentar impugnação ao cumprimento de sentença, em quinze dias,
ainda que sem depósito, penhora ou caução, caso tenha transcorrido o prazo para
cumprimento espontâneo da obrigação na vigência do CPC-1973 e não tenha àquele tempo
garantido o juízo.
Além daqueles já tratados ao longo dos tópicos acima, há dois que despontam no CPC, pois
são inovadores.
5.7.1 - Protesto Extrajudicial da Sentença
Após o transcurso do prazo de 15 dias para pagamento voluntário, a decisão judicial poderá
ser levada a protesto, segundo art. 517, CPC.
Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos
da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.
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A alternativa C está correta. Art. 517, § 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar a decisão
exequenda pode requerer, a suas expensas e sob sua responsabilidade, a anotação da propositura da ação à margem do
título protestado.
A alternativa D está incorreta. Art. 517, § 4o A requerimento do EXECUTADO, o protesto será cancelado por
determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo
do requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação.
44
Art. 1º Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada
em títulos e outros documentos de dívida.
45
O dispositivo abrangeria qualquer documento de dívida. Inclusive, o STJ permitiu também que a Fazenda Pública
protestasse CDA. A propósito, o STJ também pontuou que a validade do protesto de CDA emitida por Fazenda Pública
Estadual ou Fazenda Municipal não está condicionada à previa existência de lei local que autorize a adoção dessa
modalidade de cobrança extrajudicial. O protesto de título de crédito é matéria afeta ao ramo do direito civil e comercial,
cuja competência legislativa é privativa da União, conforme preconiza do art. 22, I, da Constituição Federal. Tem-se,
assim, que essa norma federal é de caráter nacional e, por isso, dispensa autorização legislativa dos outros entes da
federação para a sua pronta aplicação. A propósito, a lei processual também é de competência legislativa privativa da
União (art. 22, I, CF/88), sendo certo que a Lei n. 6.830/1980, que trata da "execução judicial da Dívida Ativa da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias", igualmente à Lei n. 9.492/1997, não contém
nenhum dispositivo que condicione a sua imediata aplicação por Estados e Municípios à existência de lei de local
autorizativa. Se ambas as formas de cobrança estão previstas em lei federal de caráter nacional, caberá ao Poder
Executivo eleger a mais adequada para obter a arrecadação de determinado crédito. REsp 1.895.557-SP, Rel. Min. Gurgel
de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 22/06/2021 (info 702).
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Enunciado 98, I JDPC, CJF: O art. 782, § 3º, do CPC não veda a possibilidade de o credor, ou
mesmo o órgão de proteção ao crédito, fazer a inclusão extrajudicial do nome do
executado em cadastros de inadimplentes.
Enunciado 99, I JDPC, CJF: A inclusão do nome do executado em cadastros de
inadimplentes poderá se dar na execução definitiva de título judicial ou extrajudicial.
Enunciado 190, FPPC: (art. 782, § 3º) O art. 782, § 3º, não veda a inclusão extrajudicial do
nome do executado em cadastros de inadimplentes, pelo credor ou diretamente pelo
órgão de proteção ao crédito.
O STJ46 entende que não há a obrigação legal de o juiz determinar a negativação do nome do
devedor, tratando-se de mera discricionariedade. A medida, então, deverá ser analisada
casuisticamente, de acordo com as particularidades do caso concreto. Não cabe, contudo, ao julgador
criar restrições que a própria lei não criou. Assim, o mesmo STJ entende que: i- o requerimento de
inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes não depende da comprovação de
prévia recusa administrativa das entidades mantenedoras do respectivo cadastro47; ii- a inclusão não
pode ser indeferida pelo juiz tão somente sob o fundamento de que as exequentes possuem meios
técnicos e a expertise necessária para promover, por si mesmas, a inscrição direta junto aos órgãos
de proteção ao crédito48; iii- não pode limitar o seu alcance, por exemplo, à comprovação da
hipossuficiência.
Ademais, o STJ entende aplicável o dispositivo às execuções fiscais.
O art. 782, §3º, do CPC é aplicável às execuções fiscais, devendo o magistrado deferir o
requerimento de inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes,
preferencialmente pelo sistema SERASAJUD, independentemente do esgotamento prévio
de outras medidas executivas, salvo se vislumbrar alguma dúvida razoável à existência do
direito ao crédito previsto na Certidão de Dívida Ativa - CDA. REsp 1.807.180/PR, Rel. Min.
Og Fernandes, Primeira Seção, d.j. 24/02/2021. (Tema 1026), info 686.
A inscrição será cancelada se o pagamento for feito; se a garantia for prestada ou se a
execução for extinta.
Art. 783, § 4o A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se
for garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo.
Enunciado 538, FPPC: (art. 782, § 4º; 517, § 4º) Aplica-se o procedimento do § 4º do art.
51749 ao cancelamento da inscrição de cadastro de inadimplentes do § 4º do art. 782.
46
STJ. 3ª Turma. REsp 1.887.712-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, d.j. 27/10/2020 (Info 682).
47
STJ, 3ª Turma, REsp 1.835.778-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, d.j. 04/02/2020, (info 664).
48
STJ. 3ª Turma. REsp 1.887.712-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, d.j. 27/10/2020 (Info 682).
49
Art. 517, § 4o A requerimento do executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz, mediante ofício a ser
expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que comprovada
a satisfação integral da obrigação.
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No curso, pontuamos diversas classificações da Tutela Jurisdicional. Uma delas leva em conta
a coincidência de resultado com a satisfação voluntária, indispensável para a compreensão do
cumprimento das obrigações de fazer e não fazer. Por esse critério, a tutela pode ser classificada,
segundo Assumpção50, em:
a) tutela específica51: a satisfação gerada pela prestação jurisdicional é exatamente a mesma
que seria gerada pelo cumprimento voluntário da obrigação.
b) tutela pelo equivalente em dinheiro: a tutela jurisdicional é distinta da natureza da
obrigação, criando resultado diverso daquele que seria criado com a sua satisfação voluntária.
Por exemplo, se uma parte pleiteia o cumprimento de obrigação de fazer, e isso ocorre, há
tutela específica. Se a coisa se perde e a obrigação é convertida em perdas e danos, há tutela pelo
equivalente em dinheiro.
Entretanto, outros doutrinadores dividem as tutelas em três – tutela específica; pelo
resultado prático equivalente e pelo equivalente em dinheiro, como se segue:
a) tutela específica: quando a tutela judicial coincide exatamente com o que foi pedido. Por
exemplo, a parte pede para que o réu cumpra o contrato e lhe entregue o veículo. Se o Estado
sequestrar o bem e entregar o autor, haverá tutela específica. O resultado é o mesmo que ocorreria
se o contrato fosse cumprido.
b) tutela pelo resultado prático equivalente: ocorre nos casos em que não é possível a
concessão da tutela específica. Aqui, o juiz poderá determinar providências que assegurem o
resultado prático equivalente. Embora não proporcione ao exequente o adimplemento da obrigação
conforme requerido na inicial, proporciona a satisfação mais próxima possível disso. Por exemplo, a
parte não pode cumprir uma obrigação de fazer fungível. O juiz pode determinar que esse réu
contrate alguém para cumprir aquela obrigação de fazer.
c) tutela pelo equivalente em dinheiro: quando não for possível a tutela específica e a tutela
pelo resultado prático equivalente, transforma-se a obrigação em perdas e danos.
Pois bem.
Os arts. 497 a 499 e art. 536, todos do CPC, consagram exatamente o princípio da primazia
da tutela específica e essa classificação supramencionada.
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se
procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que
assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.
50
NEVES, Daniel. Op. Cit., p. 1185-1188.
51
O referido autor enquadra a tutela pelo resultado prático equivalente dentro da tutela específica.
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Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer
OU se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente.
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de
fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da
tutela específica OU a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar
as medidas necessárias à satisfação do exequente.
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Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer,
o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer OU se
impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
(Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Ex4: Em 2002, o legislador cria o art. 461-A, que diz respeito às obrigações de dar coisa distinta
de dinheiro;
Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444,
de 7.5.2002)
§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461. (Incluído
pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Ex5: No CPC/2015, os artigos 497 a 501, 536 e 537 do NCPC prevêem a tutela específica
relativas a prestações de fazer, não fazer e entregar coisa.
6.2 - ALCANCE DOS ART. 497 A 499 E 536, CPC
52
Art. 497, Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a
continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de
culpa ou dolo.
53
DE SÁ, Renato Montans. Op. Cit., p. 810.
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O magistrado não poderia modificar o bem da vida (pedido mediato) pleiteado pela parte,
pois seria uma ofensa ao princípio da congruência ou adstrição (arts. 141 e 492), pois concederia algo
que não foi pedido.
2ª corrente (Marinoni, Didier, Leonardo da Cunha, Paula e Rafael): o resultado prático
equivalente opera no plano do direito seria uma exceção ao princípio da congruência. Nesses casos,
o juiz estaria autorizado a conceder inclusive pedido mediato diverso que alcançasse o mesmo
objetivo. Há duas razões para tanto.
i- O legislador, ao utilizar o “ou” tanto no art. 497 quanto no art. 536 quis demonstrar que há
duas saídas alternativas para o juiz.
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se
procedente o pedido, concederá a tutela específica OU determinará providências que
assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de
fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela
específica OU a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as
medidas necessárias à satisfação do exequente.
ii- A 1ª corrente torna inócua a previsão do caput, pois a diversidade de meios já teria sido
garantida pelo art. 461, §5º, CPC/73 ou art. 536, §1º do CPC/15, por exemplo.
Art. 461, § 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático
equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas
necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão,
remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva,
se necessário com requisição de força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de
7.5.2002)
Art. 536, § 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras
medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o
desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário,
requisitar o auxílio de força policial.
Por exemplo, o MP pede entra com ACP para a empresa reduzir a produção a fim de que lance
30% menos de poluentes no ar. O juiz não acolhe o pedido mediato formulado pelo MP de redução
da produção (tutela específica), mas o modifica, determinando a instalação de filtro que gerará a
mesma redução de 30% (resultado prático equivalente).
Por fim, cabe salientar que o magistrado não estará absolutamente livre para escolher o
resultado prático equivalente. Sempre deverá respeitar a regra da proporcionalidade e seus sub-
tópicos: i- adequação: o uso da medida é apta a atingir o fim visado? ii- necessidade: há outro meio
menos gravoso? iii- proporcionalidade em sentido estrito: o grau de melhoria na aplicação de um
princípio deve ser tanto maior quanto maior for a lesão ao princípio aparentemente colidente.
6.3 – CONVERSÃO EM PERDAS E DANOS
CPC, Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o
requerer OU se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado
prático equivalente.
CC, Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais
juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e
honorários de advogado.
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DIDIER JR., CUNHA, Leonardo da.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 587-589.
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Nesse ponto, importante lembrar que citação constitui o devedor em mora (art. 240, CPC),
ressalvados os casos do art. 397 e 398, CC.
Atenção: Daniel Assumpção traz outra classificação, dividindo a impossibilidade em material
ou jurídica.
A impossibilidade material se refere, normalmente, às obrigações infungíveis, que devem ser
prestadas exclusivamente pelo devedor. Por exemplo, pintor X não pode irá mais cumprir a obrigação
de fazer; cantor Y não cumpre sua obrigação de fazer. Ainda, encaixa-se nessa hipótese a recusa
reiterada do devedor em cumprir o obrigado, mesmo com as medidas coercitivas.
Na impossibilidade jurídica, por sua vez, há regra jurídica que torna inviável o cumprimento
da obrigação, a exemplo da inviolabilidade profissional que o impede de praticar certa conduta.
Quem pode requerer/promover essa conversão?
Na impossibilidade de obtenção da tutela específica ou de resultado prático equivalente,
qualquer das partes (exequente e executado) poderão pedir ao juízo a conversão, pleito a que o juízo
dará ciência à outra parte para exercício do contraditório.
Ainda, o próprio magistrado poderá reconhecer de ofício tal impossibilidade, convertendo
a obrigação em perdas e danos, não sem antes ouvir as partes (art. 10, CPC).
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À
EXECUÇÃO. MILITAR TEMPORÁRIO. DETERMINAÇÃO DE REINTEGRAÇÃO AO SERVIÇO
ATIVO. ESCOAMENTO DO PRAZO. IMPOSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO. CONVERSÃO DA
CONDENAÇÃO, EM SEDE DE EXECUÇÃO, EM PERDAS E DANOS. JULGAMENTO EXTRA
PETITA NÃO CONFIGURADO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Diante da
impossibilidade de satisfação do comando sentencial que determinou a reintegração do
autor, militar temporário, apenas pelo tempo que restaria para cumprimento do prazo de
engajamento, o Juiz da execução, com atenção aos limites da coisa julgada, concluiu pela
conversão da obrigação de fazer em reparação pecuniária. 2. Não representa afronta os
arts. 128 e 460 do CPC a convolação da execução da obrigação de fazer em perdas e danos,
solução adotada nas instâncias ordinárias, tendo em vista que a data limite para o
reengajamento, determinado no título executivo judicial exequendo, encontra-se
ultrapassada há mais de dez anos. 3. O Magistrado pode trazer para a lide, sem
transbordamento de seus limites, fundamentos jurídicos não ventilados pelas partes, às
quais cabe tão-somente expor os fatos: Jura novit curia. Assim, tomando-se em
consideração que o título executivo não comporta interpretação extensiva, bem como que
não há determinação de reintegração do autor em caráter definitivo na carreira militar, a
conversão, pelo Juízo a quo, da obrigação de fazer em perdas e danos, decorrente da
inviabilidade de cumprimento específico, não representa julgamento extra petita. 4.
Agravo Regimental desprovido. (STJ, AgRg no REsp 992028/RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, d.j. 14/12/2010).
É possível conversão em perdas e danos em decorrência da onerosidade excessiva?
1a corrente (Marinoni, Grinover): É possível que, utilizando-se do art. 805, CPC, conclua-se
pela maior adequação da conversão da tutela específica em perdas e danos.
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6.4 – PROCEDIMENTO
55
DIDIER JR., CUNHA, Leonardo da.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 593-594.
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Se a sentença transitada em julgado, porém, tiver fixado um prazo para cumprimento, esse será adotado.
57
STJ, CE, EREsp 1371209/SP, Rel. Min. Herman Benjamin e Rel. p. acordão Min. João Otávio de Noronha, d.j. 19/12/2018.
58
(...) Ainda que a prestação de fazer seja ato a ser praticado pela parte, não se pode desconsiderar a natureza processual
do prazo judicial fixado para o cumprimento da sentença, o que atrai a incidência da regra contida no art. 219 do CPC.
Não se desconsidera que essa questão é controversa na doutrina. No entanto, a melhor interpretação é conferida por
aqueles que defendem a contagem do prazo em dias úteis. (STJ, REsp 1.778.885-DF, Rel. Min. Og Fernandes, Segunda
Turma, por unanimidade, julgado em 15/06/2021, info 702).
59
Descabe a citação da União para opor embargos à execução quando se tratar de obrigação de fazer. Nesse caso,
intimada para o cumprimento da decisão judicial, cumpre à Fazenda Pública manifestar-se por simples petição nos
autos (precedentes). (STJ, AgRg no REsp 958363/DF, Rel. Min. Felix Fischer, d.j. 12/08/2008).
53
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princípio da fungibilidade, irá recebê-los como mera petição, sendo autuados nos próprios autos
principais60.
Sanados esses pontos, pode-se adentrar na temática da atipicidade das formas de
cumprimento da obrigação.
6.5 - ATIPICIDADE DAS FORMAS EXECUTIVAS
Sempre se teve a ideia de que a execução no Brasil fosse regrada pelo princípio da tipicidade,
segundo o qual as medidas executivas passíveis de serem adotadas deveriam estar previstas em lei.
Assim, tínhamos a previsão de penhora, expropriação, busca e apreensão, arresto executivo,
remoção de pessoas e coisa, fechamento de estabelecimentos comerciais etc.
Entretanto, diante da constatação de que a lei não consegue prever todas as minúcias dos
casos concretos, o ordenamento brasileiro vem relativizando a tipicidade, adotando a atipicidade
dos meios executivos e a concentração de poderes na mão do juiz, por meio de cláusulas gerais
executivas.
Em 1990, o art. 84, CDC já apresentou rol exemplificativo de medidas executivas.
Em 1994, já vimos que o CPC/73 foi alterado para também prever um rol exemplificativo de
medidas para a satisfação de obrigações de fazer e não fazer (art. 461, §5º).
Em 2002, o CPC/73 foi alterado para também prever um rol exemplificativo de medidas para
a satisfação de obrigações de entregar coisa (art. 461, §3º).
Em 2015, já com o CPC/15, o art. 536, §1º repetiu o art. 461, §5º, CPC/73 e o art. 538, §3º
repetiu o art. 461-A, §3º, CPC/73.
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de
fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da
tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as
medidas necessárias à satisfação do exequente.
§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas,
a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o
desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário,
requisitar o auxílio de força policial.
VUNESP/HCFMUSP – Direito na Área da Saúde Pública/2015 - Em se tratando de tutela específica ou para obtenção do
resultado prático equivalente, quais as medidas necessárias que o Juiz poderá determinar? a) Busca e apreensão. b)
Remoção de coisas e pessoas. c) Busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento
de atividade nociva, além de requisição de força policial. d) Somente requisição de força policial. e) Busca e apreensão
com requisição de força policial.
A alternativa C está correta. Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer
ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela
pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. § 1o Para atender ao
disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão,
60
(...) Tendo o devedor ajuizado embargos à execução, ao invés de se defender por simples petição, cumpre ao juiz,
atendendo aos princípios da economia processual e da instrumentalidade das formas, promover o aproveitamento desse
ato, autuando, processando e decidindo o pedido como incidente, nos próprios autos. Precedente da 1ª Turma: REsp
738424/DF, relator para acórdão Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de 20.02.2006 5. Recurso especial parcialmente
conhecido e, nesta parte, provido. (STJ, REsp 1079776 / PE, Rel. Min. Teori Zavascki, d.j. 23/09/2008).
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a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário,
requisitar o auxílio de força policial.
Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença,
será expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor,
conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.
§ 3o Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as disposições
sobre o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer.
Ainda, no CPC/15, essa atipicidade dos meios executivos passou a vigorar também para
obrigações de pagar quantia (art. 139, IV).
Art. 139, IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-
rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas
ações que tenham por objeto prestação pecuniária;
Com fulcro nessas cláusulas gerais, passamos a nos deparar com decisões judiciais que
determinam o bloqueio do cartão de crédito, suspensão da CNH, apreensão de passaporte de
devedores etc.
Nesse ponto, válido sublinhar que não só o art. 139, IV, mas também o art. 536, §1º e outros
dispositivos que consagram o princípio da atipicidade das formas executivas devem respeitar os
seguintes critérios:
a) subsidiárias: prefere-se o meio típico para, depois, tentar o atípico.
b) devem observar o contraditório (arts. 9º e 10, CPC) e as decisões devem ser
fundamentadas (art. 489, §1º, CPC).
c) devem obedecer à regra da proporcionalidade (adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito).
Enunciado 12, FPPC: A aplicação das medidas atípicas sub-rogatórias e coercitivas é cabível
em qualquer obrigação no cumprimento de sentença ou execução de título executivo
extrajudicial. Essas medidas, contudo, serão aplicadas de forma subsidiária às medidas
tipificadas, com observação do contraditório, ainda que diferido, e por meio de decisão à
luz do art. 489, §1º, I e II, CPC.
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seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para
cumprimento do preceito.
Dentro do tópico atipicidade das formas executivas, interessante lembrar das formas de
execução (sub-rogação ou coerção) para saber onde que se encaixarão essas medidas determinadas
pelo juízo (astreintes, prisão civil, dentre outras).
Normalmente, a execução por sub-rogação é utilizada nas execuções por quantia certa, seja
de TEJ seja de TEE. Já a execução por coerção é manejada nas obrigações de fazer ou não fazer.
Se a natureza da obrigação de fazer for infungível - personalíssimo (apenas aquele artista foi
contratado para cantar/pintar quadro etc.), o Estado não poderá se sub-rogar (substituir a vontade
do executado). Apenas restará ao juiz a fixação de astreintes na tentativa de convencer o executado
a cumprir a obrigação.
Se a obrigação de fazer for fungível, porém, o juiz terá excepcionalmente a possibilidade de
se utilizar da sub-rogação. Poderá determinar que a obrigação seja cumprida por terceiro à custa do
executado (arts. 817 a 820, CPC).
Nas obrigações de entregar coisa diversa de dinheiro, por fim, as duas atividades (sub-
rogatória e coercitiva) atuam com a mesma intensidade. Por exemplo, o juiz pode determinar busca
e apreensão ou imissão na posse ou fixar multa para que o executado cumpra a obrigação de entrega
de coisa.
6.6 - MULTA COERCITIVA
6.6.1 - Introdução
A multa coercitiva é medida executiva que pode ser imposta pelo juiz, de ofício ou a
requerimento da parte, com o objetivo de compelir alguém ao cumprimento de uma prestação (art.
536, §1º c/c art. 537, CPC).
Art. 536, § 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras
medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o
desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário,
requisitar o auxílio de força policial.
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de
conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que
seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para
cumprimento do preceito.
Trata-se de técnica de coerção indireta mais famosa e aplicada, sendo muito similar às
astreintes do Direito Francês e, por isso, é por muitos designada dessa forma. Segundo Didier, Cunha,
Paula e Rafael61, tem natureza processual, finalidade coercitiva e caráter acessório, servindo para
constranger e convencer o devedor a cumprir a obrigação.
61
DIDIER JR., CUNHA, Leonardo da.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 605-606.
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A multa não é indenizatória, não devendo corresponder ao valor do dano apurado. Portanto,
não tem teto, não tem limite.
Enunciado 144, Fonaje: A multa cominatória não fica limitada ao valor de 40 salários
mínimos, embora deva ser razoavelmente fixada pelo Juiz, obedecendo ao valor da
obrigação principal, mais perdas e danos, atendidas as condições econômicas do devedor.
Todavia, a jurisprudência tem reiteradamente diminuído algumas multas que se tornaram
desproporcionais. Veremos mais à frente.
A multa também não é punitiva, pois se assim o fosse, estaria limitada ao valor da obrigação
principal, como é o caso da cláusula penal (art. 412, CC).
Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação
principal.
Enunciado 96, I JDPC do CJF: Os critérios referidos no caput do art. 537 do CPC devem ser
observados no momento da fixação da multa, que não está limitada ao valor da obrigação
principal e não pode ter sua exigibilidade postergada para depois do trânsito em julgado.
Aliás, há várias diferenças da multa coercitiva/cominatória e a cláusula penal do Direito Civil.
Esse tema foi cobrado na Prova de Juiz Federal do TRF2 em 2016.
TRF2 – Juiz Federal Substituto/2016 - Cláusula penal e multa cominatória (astreintes). Aborde: conceitos e funções.
Limites legais. Incidência quando da ausência de prejuízo. Preceito cominatório e sua modificação: preclusão e revisão
da decisão (interlocutória ou sentença) que fixa a multa cominatória. Contrato e fixação, em seu bojo, de multa
cominatória: preceito cominatório ou cláusula penal? Termo de ajustamento de conduta e acordos homologados
judicialmente: as multas aí fixadas têm natureza de cláusula penal ou de astreintes? Sujeitam-se a tetos imperativos?
Multa cominatória contra a Fazenda Pública. Mínimo 10 linhas, Máximo 30 linhas.
Análise
Notem que a questão correlaciona institutos do direito material (direito civil) e direito processual. A questão, portanto,
é para treinar não apenas os aspectos processuais, mas também a interdisciplinaridade e a dificuldade de se fazer isso
durante a prova.
Desse modo nossa resposta deverá transitar pelos seguintes assuntos, segundo a própria banca examinadora afirmou:
1- Cláusula penal e multa cominatória (astreintes).
2 - Preceito cominatória e sua modificação.
3 - Contrato e fixação, em seu bojo, de multa cominatória: natureza jurídica.
4 - Termo de ajustamento de conduta e acordos homologados judicialmente: natureza jurídica.
5- Multa cominatória contra a Fazenda Pública.
Analisada a proposta, vamos passar de forma objetiva pelo conteúdo teórico respectivo.
Cláusula penal e multa cominatória (astreintes)
Conceito: Cláusula penal é o ajuste acessório que impõe sanção econômica, em dinheiro ou em bem estimável em
pecúnia, à parte em mora ou inadimplente no cumprimento de certa obrigação. Ela nasce sempre do negócio jurídico e
sua disciplina geral está nos artigos 408/416 do Código Civil.
Suas funções básicas são duas: i-exercer reforço obrigacional, de modo a dissuadir a contraparte de descumprir o ajuste
e ii-instituir prévia liquidação das perdas e danos.
Já o preceito cominatório é a multa, normalmente periódica, imposta em ordem judicial ou em título executivo, para
coagir o obrigado a satisfazer certo comando.
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Ela é prevista de modo genérico em artigos do Código de Processo Civil (v.g., artigos 139, IV, 536, § 1º, 537, 806, § 1º, e
814), bem como em leis especiais e sua função é coercitiva; por isso, é agrupada, pelos processualistas, como meio de
coerção, e não como meio de sub-rogação62. É também referida como astreinte, no singular, ou astreintes, no plural.
A cláusula penal tem natureza de direito substantivo, e uma de suas funções é a prévia liquidação das perdas e danos,
enquanto as astreintes não têm essa finalidade: elas tutelam o processo, têm natureza instrumental.
Em razão de suas lógicas e origens distintas, a disciplina é diferente para uma e para outra. Assim, enquanto a cláusula
penal incide no campo do direito das obrigações (em sentido estrito), a multa cominatória, instituto processual, pode
tutelar processo em que apenas se discutam direitos não patrimoniais.
Quanto aos limites, para a cláusula penal existe preceito geral impondo que ela não possa ultrapassar o valor da
obrigação principal (art. 412 do CC). Além desse limite, existem outros em leis específicas, tendo destaque o limite do
CDC (art. 52, § 1º), para as multas de mora. Ademais, mesmo respeitado o teto máximo, o Código Civil estabelece o dever
de o juiz reduzir equitativamente a cláusula penal toda vez que o seu valor seja manifestamente excessivo (artigo 413 do
CC).
Já a astreinte tem como objetivo a efetividade do processo e, assim, não se submete a teto prévio legalmente fixado (algo
que já ocorreu, no CPC de 1939, e sofreu severas críticas). Trata-se de instrumento de coerção, utilizável até no campo
não patrimonial (artigo 537, § 5º). Mesmo quando adotado para induzir ao cumprimento de prestação patrimonial não
há o teto.
Preceito cominatório e sua modificação: A ausência de teto não autoriza fixá-las em patamar desproporcional ou
desarrazoado, desligado de seu fim primário. Por isso, consoante interpretação do artigo 537 do CPC, a multa deve ser
compatível com o cumprimento da obrigação, e pode ser sempre revista e limitada (ou aumentada) para cumprir a sua
finalidade.
Em ambas as hipóteses, tanto na cláusula penal (cf. art. 416 do CC) quanto na astreinte, o credor não precisa provar
prejuízo. Na primeira, a previsão já representa a quantificação do dano, ainda que ele não exista. Já as astreintes não
buscam indenizar o prejuízo, por isso a incidência não o pressupõe e, existente que seja o dano, ele pode ser recomposto
juntamente com a exigência da multa cominatória.
A astreinte pode ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução (art.
537 do CPC).
As astreintes incidem até o cumprimento da prestação (art. 537, § 4º) e, se for o caso, também é possível exigi-las e
cobrar as eventuais perdas e danos (cf. art. 500 do CPC).
Contra a respectiva decisão caberá agravo de instrumento (art. 1.015, inciso I ou parágrafo único, CPC) ou apelação (art.
1.009, Idem), conforme a hipótese.
Nada obstante, segundo fixado pelo STJ, no regime de recurso repetitivo: "A decisão que comina astreintes não preclui,
não fazendo tampouco coisa julgada" (2ª Seção, REsp nº 1.333.988/SP, DJe 11/04/2014), pelo que, como se extrai do
voto do eminente relator, pode “ser cominada, alterada ou suprimida posteriormente”. O atual CPC, no § 1º do artigo
537, menciona que o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda
ou excluí-la.
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela
provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se
determine prazo razoável para cumprimento do preceito. § 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor
ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que: I - se tornou insuficiente ou excessiva; II - o obrigado
demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento. § 2o O valor da
multa será devido ao exequente. § 3o A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser
depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte ou na
pendência do agravo fundado nos incisos II ou III do art. 1.042. § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento
provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença
62
Nos termos do inciso IV do art. 139 do CPC, incumbe ao juiz “determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que
tenham por objeto prestação pecuniária”, sendo agora admitida, embora excepcionalmente, por suas próprias
peculiaridades, a aplicação de astreinte em prestações pecuniárias.
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favorável à parte. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) § 4o A multa será devida desde o dia em que se configurar
o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumprida a decisão que a tiver cominado.
§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de
não fazer de natureza não obrigacional.
Surgiu, por conseguinte, dissensão doutrinária:
1ª corrente: há autores sustentando que, agora, apenas a multa vincenda pode ser modificada.
2ª corrente: Outros apontam que essa conclusão se afigura incompatível com o inciso II do art. 537, § 1º, já que não se
pode negar a modificação de multas vencidas em caso de cumprimento superveniente da obrigação ou de demonstração
da justa causa para o descumprimento, hipóteses que deverão, naturalmente, ser apreciadas após a fixação da multa.
Ademais, o próprio CPC admite a supressão retroativa da astreinte, como se vê do § 3º do artigo 537, que alude ao
“trânsito em julgado da sentença favorável à parte”, e do art. 806, § 1º, que não refere apenas as multas vincendas.
O STJ, já sob a vigência do novo CPC, aplicou o entendimento do repetitivo e citou expressamente:
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que o artigo 461 do Código de Processo Civil
de 1973 (correspondente ao art. 537 do NCPC) permite ao magistrado, de ofício ou a requerimento da parte, afastar ou
alterar o valor da multa quando este se tornar insuficiente ou excessivo, mesmo depois de transitada em julgado a
sentença, não havendo espaço para falar em preclusão ou em ofensa à coisa julgada (4ª Turma, AgInt no REsp
1.396.065/PE, DJe 15/02/2017).
Em outro aresto, após aludir à “possibilidade de revogação das astreintes pelo magistrado”, o STJ afirmou que “O novo
Código de Processo Civil previu expressamente essa possibilidade”, transcrevendo o art. 537 e § 1º do NCPC (cf. 4ª Turma,
REsp 1.186.960/MG, DJe 05/04/2016).
Contrato e fixação, em seu bojo, de multa cominatória:
Quanto à incidência por força de convenção, não basta o nome dado pelas partes para escapar aos limites legais do
Código Civil, disfarçando a cláusula penal em astreinte. Mas, como figura instrumental que tutela o processo, o CPC
admite que as astreintes possam resultar de título executivo, inclusive extrajudicial (cf. artigo 814).
TAC e acordos homologados:
Antes, o art. 5º, § 6º, Lei de Ação Civil Pública já previa, quanto ao termo de ajustamento de conduta, que “os órgãos
públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial”. Certo, portanto, que as cominações visam a
coagir o compromissário a cumprir a lei, com relação a direitos fundamentais e interesses transindividuais ou individuais
homogêneos, que em muitos casos extrapolam qualquer dimensão patrimonial (por exemplo, hipótese de dano
ambiental). O controle judicial, em tais casos, ocorre quanto às distorções e abusos.
Por isso, apesar da controvérsia sobre a natureza jurídica do compromisso de ajustamento de conduta, todas as correntes
asseveram a ínsita e forte restrição à autonomia privada, porquanto não é possível admitir concessões à ilegalidade, não
é possível dispor dos interesses envolvidos, sujeitando-se o TAC à manifesta incidência do direito público. Até as correntes
que aceitam a transação costumam adjetivá-la como “transação formal”, “transação híbrida”, “transação especial”.
O Superior Tribunal de Justiça, inclusive, há muitos anos e repetidas vezes, ao cuidar de cominações para cumprimento
de termos de ajustamento de conduta, refere-se a astreintes. Exatamente porque não se trata de cláusula penal, o teto
do Código Civil não se aplica. Aliás, como aplicá-lo, por exemplo, nas hipóteses em que não há dimensão patrimonial
equivalente? Por isso, mesmo quando a prestação é patrimonial, a indução ao cumprimento do título executivo tem
natureza processual e a jurisprudência tem reiteradamente afastado a adoção de tetos imperativos, sem prejuízo do
controle referido no parágrafo único do artigo 814 do Código de Processo Civil.
Com relação aos acordos homologados, o STJ já assentou que:
“A transação ou conciliação homologada judicialmente equipara-se ao julgamento de mérito da lide e tem valor de
sentença, dando lugar, em caso de descumprimento, à execução de obrigação, podendo o juiz aplicar multa na
recalcitrância emulativa”, reconhecendo a “aplicação das astreintes” mesmo em hipótese não patrimonial (cf. 3ª Turma,
REsp 1.481.531/SP, DJe 07/03/2017).
Astreintes contra Fazenda Pública: Por fim, a aplicação de multa cominatória contra a Fazenda Pública é em tese
admitida, mas não pode ser generalizada, ou equiparada a situações em que ela é imposta ao particular. A rigor, deve ser
medida excepcional, e houve tempo em que nem admitida ela era. E isto porque o administrador, em comparação com
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o particular, não tem a mínima opção entre cumprir ou não a ordem judicial e, de outro lado, a coação apenas tem sentido
se pesar contra quem descumpre a ordem 63. Como ensina a doutrina: “Em vista das peculiaridades (e deficiências) da
estrutura interna administrativa, muitas vezes apenas a multa contra a própria autoridade atinge concretamente a meta
de pressionar ao cumprimento” (TALAMINI, Eduardo. Tutela relativa aos deveres de fazer e não fazer. 2ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2003. p. 247 e 449, espec. p. 449), e nada impede que o magistrado, no exercício do seu poder
geral de efetivação, imponha as astreintes diretamente ao agente público (pessoa física) responsável por tomar a
providência necessária ao cumprimento da prestação. Tendo em vista o objetivo da cominação (viabilizar a efetivação da
decisão judicial), decerto que aí a ameaça vai mostrar-se bem mais séria e, por isso mesmo, a satisfação do credor poderá
ser mais facilmente alcançada (DIDIER Jr., Fredie et al. Curso de Direito Processual Civil: Execução. Salvador: Juspodivm,
2009. 5º Vol., p. 449).
Isso sem embargo da possível aplicação de sanção processual (multa punitiva) por ato atentatório à dignidade da justiça,
contra aquele que deixar de cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, ou criar
embaraços à sua efetivação, nos termos do art. 77, inciso IV e §§ 1º a 5º, do CPC), sem prejuízo, é evidente, da
responsabilidade civil, administrativa e penal do agente.
Em tese, nada obstaria, portanto, a imposição contra quem não é parte na lide. Mas, ex vi legis, “aos advogados públicos
ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério Público não se aplica o disposto nos §§ 2º a 5º, devendo
eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará”
==13272f==
(§ 6º do art. 77).
Em síntese, a multa cominatória não é o único meio à disposição do juiz para buscar a satisfação do exequente, como
deixa claro o CPC na enumeração exemplificativa do § 1º do artigo 536. A determinação de prazo razoável, pena de início
de apurações penais e administrativas, além da aferição do ato ímprobo, são, em geral, mais adequadas ao caso do
agente público relapso. Deve a multa cominatória, por conseguinte, ser utilizada como ultima ratio, para evitar os
indisfarçáveis males de sua aplicação: acanhado poder coercitivo e oneração de futuras gestões, em detrimento de toda
a sociedade. É errado, porém, afirmar a impossibilidade de astreintes, alegando a incidência do artigo 100 da Constituição
Federal.
Em suma: Cláusula penal é o ajuste acessório que impõe sanção econômica, em dinheiro ou em bem estimável em
pecúnia, à parte em mora ou inadimplente no cumprimento de certa obrigação, nascida sempre de um negócio jurídico,
com intuito de prefixar perdas e danos, ao passo que preceito cominatório é a multa, normalmente periódica, imposta
em ordem judicial ou em título executivo, para coagir o obrigado a satisfazer certo comando, tendo natureza instrumental
Quanto aos limites, a cláusula penal não pode ultrapassar o valor da obrigação principal (art. 412), bem como outros
limites impostos por lei especial (CDC, art. 51, § 1º), podendo o juiz reduzir o valor equitativamente (art. 413, CC). Já a
astreinte não possui limite.
Contudo, a astreinte não pode ser destoante da obrigação que se quer ver cumprida, razão pela qual pode ser reduzida
ou aumentada pelo juízo, conforme as necessidades (art. 537, § 1º, CPC), não havendo preclusão nem coisa julgada,
conforme STJ.
Salienta-se a admissão de a astreinte ser fixada em título executivo extrajudicial, bem como em Termos de Ajustamento
de Conduta, porquanto nesses casos pode não haver dimensão patrimonial existente (ex: meio ambiente), sendo
inaplicável o instituto da cláusula penal. Em decorrência desse entendimento, também não se pode reduzir
equitativamente o valor imposto de astreinte (art. 413).
Por fim, a aplicação de astreinte contra Fazenda é, em tese, admitida. Contudo, deve ser medida excepcional, porquanto
quem irá pagar, na realidade, será toda a sociedade e não o funcionário que desrespeitou a ordem judicial. Desse modo,
em decorrência do poder geral de efetivação, é possível que se imponha astreintes contra o agente público responsável,
63
Advertem inúmeros julgados que: “A imposição de multa cominatória só encontra sentido se for direcionada àquele
que, verdadeiramente, detenha meios de dar efetividade ao comando judicial.” (TRF2, 3a Turma, AG 0029066-
38.1997.4.02.0000, Rel.Des. Ricardo Perlingeiro, DJE 21.8.2001; TRF2, 5a Turma Especializada, AG 0002687-
40.2009.4.02.0000, Rel. Des. Ricardo Perlingeiro, DJE 1.10.2012). “Em última análise, tal medida constritiva serviria
apenas para onerar ainda mais a sociedade, a qual arcaria com o custo de seu pagamento.” (5ª Turma Especializada, AC
00002678020124025004, julg. 27/04/2016). No mesmo sentido, TRF2, 6a Turma Especializada, AC 0000233-
63.2007.4.02.5107, DJE 28.1.2015.
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sem embargo da possibilidade da multa por ato atentatório (art. 77, IV, CPC), bem como da responsabilidade civil,
administrativa (ex: improbidade) e penal do agente.
É indene de dúvidas de que a multa cominatória se aplica às obrigações de fazer, não fazer e
entregar coisa (arts. 536, §1º, 537, 538, §3º). A dúvida reside sobre a possibilidade da multa
cominatória nas obrigações de pagar quantia certa.
O STJ64, durante a vigência do CPC/73, negava a aplicação de astreintes na execução da
obrigação de pagar quantia certa.
O STJ65, durante a vigência do CPC/73, negava a aplicação de astreintes na execução da
obrigação de pagar quantia certa. Agora, com o CPC/15, pode haver alguma mudança de
entendimento66, até porque, como se vê na parte final do art. 139, IV, é possível ao juiz se valer de
todas as medidas indutivas, sub-rogatórias, coercitivas para todas as espécies de obrigações,
“inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária”.
6.6.2 - Critérios para a Fixação e Alteração
Inicialmente, na decisão que o juiz estipula a multa cominatória, o magistrado irá fixar um
prazo razoável para cumprimento voluntário da ordem.
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de
conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que
seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para
cumprimento do preceito.
Por exemplo, não é razoável fixar um prazo de 24 horas para fornecer medicamento não
comercializado no Brasil.
Esse prazo é aplicável, por óbvio, quando se almeja uma conduta positiva (fazer, entregar
coisa ou até pagar quantia certa), mas não quando:
a) busca-se uma conduta negativa (não fazer), pois, aqui, a parte deve cumprir
imediatamente, a partir do momento em que é intimada.
b) pretende-se declaração de vontade que pode ser substituída pela própria decisão (art.
501).
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sentença
que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos
da declaração não emitida.
A multa incidirá desde o dia seguinte do prazo, caso a obrigação não for cumprida e perdurará
enquanto ela não for adimplida.
Art. 537, § 4o A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da
decisão e incidirá enquanto não for cumprida a decisão que a tiver cominado.
64
STJ, REsp 1.343.775/PB, Rel. p/ acórdão Min. João Otávio Noronha, j. 15/09/2015; REsp 1.239.714/RJ, Rel. p/ acórdão
Min. Maria Isabel Gallotti, j. 16/08/2011
65
STJ, REsp 1.343.775/PB, Rel. p/ acórdão Min. João Otávio Noronha, j. 15/09/2015; STJ, REsp 1.239.714/RJ, Rel. p/
acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, j. 16/08/2011.
66
Didier não concorda com a aplicação de astreintes em obrigação de pagar quantia certa, porquanto os juros moratórios
já exerceriam essa função.
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Finalizada a questão do prazo e adentrando na multa coercitiva, frisa-se que o juiz se valerá
de vários critérios para fixar seu valor e periodicidade.
Quais são esses critérios?
Critérios do STJ
No tocante especificamente ao balizamento de seus valores, são dois os principais vetores
de ponderação:
a) efetividade da tutela prestada, para cuja realização as astreintes devem ser
suficientemente persuasivas; e
b) vedação ao enriquecimento sem causa do beneficiário, porquanto a multa não é, em si,
um bem jurídico perseguido em juízo.
Ademais, o STJ afirma que o arbitramento da multa coercitiva e a definição de sua
exigibilidade, bem como eventuais alterações do seu valor e/ou periodicidade, exige do
magistrado, sempre dependendo das circunstâncias do caso concreto, ter como norte alguns
parâmetros:
i) valor da obrigação e importância do bem jurídico tutelado;
ii) tempo para cumprimento (prazo razoável e periodicidade);
iii) capacidade econômica e de resistência do devedor;
iv) possibilidade de adoção de outros meios pelo magistrado E dever do credor de mitigar o
próprio prejuízo (duty to mitigate de loss).
Vejam a ementa completa desse julgado extremamente relevante.
1. É verdade que, para a consecução da "tutela específica", entendida essa como a
maior coincidência possível entre o resultado da tutela jurisdicional pedida e o
cumprimento da obrigação, poderá o juiz determinar as medidas de apoio a que faz
menção, de forma exemplificativa, o art. 461, §§ 4º e 5º do CPC/1973, dentre as quais se
destacam as denominadas astreintes, como forma coercitiva de convencimento do
obrigado a cumprir a ordem que lhe é imposta. 2. No tocante especificamente ao
balizamento de seus valores, são dois os principais vetores de ponderação: a) efetividade
da tutela prestada, para cuja realização as astreintes devem ser suficientemente
persuasivas; e b) vedação ao enriquecimento sem causa do beneficiário, porquanto a
multa não é, em si, um bem jurídico perseguido em juízo. 3. O arbitramento da multa
coercitiva e a definição de sua exigibilidade, bem como eventuais alterações do seu
valor e/ou periodicidade, exige do magistrado, sempre dependendo das circunstâncias
do caso concreto, ter como norte alguns parâmetros: i) valor da obrigação e importância
do bem jurídico tutelado; ii) tempo para cumprimento (prazo razoável e
periodicidade); iii) capacidade econômica e de resistência do devedor; iv) possibilidade
de adoção de outros meios pelo magistrado e dever do credor de mitigar o próprio
prejuízo (duty to mitigate de loss). 4. É dever do magistrado utilizar o meio menos
gravoso e mais eficiente para se alcançar a tutela almejada, notadamente verificando
medidas de apoio que tragam menor onerosidade aos litigantes. Após a imposição
da multa (ou sua majoração), constatando-se que o apenamento não logrou êxito em
compelir o devedor para realização da prestação devida, ou, ainda, sabendo que se tornou
jurídica ou materialmente inviável a conduta, deverá suspender a exigibilidade da
medida e buscar outros meios para alcançar o resultado específico equivalente. 5. No
tocante ao credor, em razão da boa-fé objetiva (NCPC, arts. 5° e 6°) e do corolário da
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vedação ao abuso do direito, deve ele tentar mitigar a sua própria perda, não podendo
se manter simplesmente inerte em razão do descaso do devedor, tendo dever de
cooperação com o juízo e com a outra parte, seja indicando outros meios de
adimplemento, seja não dificultando a prestação do devedor, impedindo o crescimento
exorbitante da multa, sob pena de perder sua posição de vantagem em decorrência da
supressio. Nesse sentido, Enunciado n° 169 das Jornadas de Direito Civil do CJF. 6. Na
hipótese, o importe de R$ 408.335,96 a título de astreintes, foge muito da razoabilidade,
tendo em conta o valor da obrigação principal (aproximadamente R$ 110.000,00).
Levando-se em consideração, ainda, a recalcitrância do devedor e, por outro lado, a
possibilidade de o credor ter mitigado o seu prejuízo, assim como poderia o próprio juízo
ter adotado outros meios suficientes para o cumprimento da obrigação, é razoável a
redução da multa coercitiva para o montante final de R$ 100.000,00 (cem mil reais). 7.
Recurso especial parcialmente provido. AgInt no AgRg no AREsp 738682/RJ, Rel. Min. Isabel
Gallotti, Min. Rel. p. acórdão Luis Felipe Salomão, d.j. 17/11/2016).
O credor tem o dever de mitigar o prejuízo - duty to mitigate the own loss -, dever esse
derivado do princípio da boa-fé objetiva.
Enunciado 169, III Jornada de Direito Civil: O princípio da boa-fé objetiva deve levar o
credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.
Se o autor obtém a tutela provisória com fixação de multa diária, mas espera 1, 2 anos para
informar o descumprimento ao juízo, querendo obter todo esse retorno financeiro, violará a boa-fé
objetiva. Se o autor obtém a tutela provisória, faz carga do processo e só o devolve 6 meses depois,
estará também incorrendo em violação ao princípio supracitado. Se assim agir, o magistrado poderá
muito bem excluir a multa coercitiva.
Critérios da Doutrina
Didier, Leonardo, Paula e Rafael67 elogiam os critérios adotados pelo STJ, mas salienta que,
para a fixação da multa cominatória, é fundamental os magistrados efetuarem um juízo de
proporcionalidade (adequação, necessidade, proporcionalidade em sentido estrito), tentando
buscar o direito fundamental à satisfatividade, mas também proibindo os excessos (v.g. proibindo o
enriquecimento sem causa).
Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do
bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Por isso que os autores supramencionados advogam a existência de três critérios.
1o critério: avaliar se o cumprimento da obrigação na forma específica é material e
juridicamente possível.
Enunciado 53, FPPC: Na ação de exibição não cabe a fixação, nem a manutenção de multa
quando a exibição for reconhecida como impossível.
2o critério: Avaliar se a multa é meio executivo adequado. Por exemplo, não é razoável impor
multas para obrigações cujo valor é muito pequeno. Ainda, descabe impor multa se o condenado não
tem condições financeiras suficientes. Por fim, é inadequada multa para servir de pressão psicológica
para um prestador de serviço desempenhar sua criatividade (ex: arquiteto, pintor etc.).
67
DIDIER JR., CUNHA, Leonardo da.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 609-613.
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qual não é possível discutir o valor da multa após o descumprimento de ordem por longo
período. Ficou registrado que a confrontação entre o valor da multa diária e o valor da
obrigação principal não deve servir de parâmetro para aferir a proporcionalidade e
razoabilidade da sanção. O que se deve levar em consideração nessa situação é a
disposição da parte em cumprir a determinação judicial. REsp 1.192.197-SC, Rel.
originário Min. Massami Uyeda, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em
7/2/2012 (informativo 490).
Ora o STJ acolhia a redução, argumentando que o ordenamento não pode amparar o
enriquecimento sem causa.
ASTREINTES. ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. Logo em sede de antecipação de tutela, o
juízo determinou, sob pena de multa diária, que a seguradora providenciasse o
desembaraço administrativo do veículo sinistrado, pois, apesar da perda total, continuava
cadastrado no Detran local, causando ao ora recorrido despesas tributárias e
administrativas. Fixada no valor de R$ 200,00 em 2001, época da cominação, houve o
acolhimento de pedido em 2004, para elevar aquela multa diária a R$ 1 mil, resultando, já
em sede de execução, valor próximo a R$ 2 milhões, contados aí R$ 20 mil de indenização
por danos morais. Diante disso, a Turma firmou que houve mesmo o desvirtuamento da
cominação, visto que o valor da multa em muito ultrapassou o da intempérie
administrativa e tributária provocada pela recalcitrância da seguradora, algo em torno
de R$ 600, mesmo quando considerado o valor total do veículo sinistrado, de R$ 5 mil.
Daí que se tem por certa a punição imposta à seguradora; certo, também, que essa não se
pode dar de forma desmesurada, sob pena de gerar o enriquecimento sem causa e ferir
a própria lógica do razoável. Assim, a Turma fixou o montante da multa em cinco mil
reais. REsp 793.491-RN, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 26/9/2006 (informativo
298).
A tendência no STJ foi se formando para possibilitar a alteração das astreintes a qualquer
tempo. Inclusive, em recurso repetitivo, o STJ decidiu que:
A decisão que comina astreintes não preclui, não fazendo tampouco coisa julgada. A
jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a multa cominatória não integra a coisa
julgada, sendo apenas um meio de coerção indireta ao cumprimento do julgado, podendo
ser cominada, alterada ou suprimida posteriormente. Precedentes citados: REsp
1.019.455-MT, Terceira Turma, DJe 15/12/2011; e AgRg no AREsp 408.030-RS, Quarta
Turma, DJe 24/2/2014. REsp 1.333.988-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado
em 9/4/2014 (informativo 539).
Com o CPC/15, cujo art. 537, §1º diz que apenas haverá alteração da multa vincenda, o STJ já
analisou algum recurso?
A Corte Especial do STJ, já sob a vigência do CPC/15, aplicou o mesmo entendimento:
É possível que o magistrado, a qualquer tempo, e mesmo de ofício, revise o valor
desproporcional das astreintes. O valor das astreintes é estabelecido sob a cláusula rebus
sic stantibus, de maneira que, quando se tornar irrisório ou exorbitante ou desnecessário,
pode ser modificado ou até mesmo revogado pelo magistrado, a qualquer tempo, até
mesmo de ofício, ainda que o feito esteja em fase de execução ou cumprimento de
sentença, não havendo falar em preclusão ou ofensa à coisa julgada. STJ. Corte Especial.
EAREsp 650.536/RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 07/04/2021 (Info 691)
Portanto, o STJ acolhe a possibilidade de alterar e revisar o montante arbitrado a título de
multa cominatória a qualquer momento, tanto as multas vencidas quanto as vincendas.
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MPE-SC/MPE-SC – Promotor de Justiça/2016 - No que se refere às astreintes, não havendo limite máximo de valor para
a multa, tomando-se em conta sua natureza jurídica, reconhece o Superior Tribunal de Justiça ser lícito ao magistrado,
de ofício ou a requerimento das partes, alterar o montante a qualquer tempo, inclusive na fase de execução, quando
modificada a situação para a qual foi imposta.
A alternativa está correta.
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DIDIER JR., CUNHA, Leonardo da.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 626-628.
69
TALAMINI, Eduardo. Tutela relativa aos deveres de fazer e não fazer. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p.
247 e 449.
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Art. 77, § 2o A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz,
sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do
valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta.
71
Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do executado que: IV - resiste
injustificadamente às ordens judiciais; Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante
não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do
exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material.
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AZEVEDO, Gustavo Henrique Trajano de. Comentários ao art. 774 do CPC. Comentários ao Código de Processo Civil.
Lenio Luiz Streck, Dierle Nunes e Leonardo Carneiro da Cunha (org). Alexandre Freire (coord). São Paulo: Saraiva, 2016,
p. 1.015.
73
DIDIER JR., CUNHA, Leonardo da.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 628-634.
74
STJ, AgRg no REsp 1492647/PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma, d.j. 10/11/2015.
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efeito suspensivo. Assim, uma decisão interlocutória que fixa a multa, p. ex., pode ser executada
imediatamente, porquanto o agravo de instrumento não tem efeito suspensivo.
2ª corrente (Marinoni): deve-se aguardar o trânsito em julgado para que se possa exigir a
multa.
O STJ, no tema 74375, adotou um meio termo, entendendo que a multa é devida desde o dia
em que configurado o descumprimento, quando fixada em antecipação de tutela, mas somente
poderá ser objeto de execução provisória após a sua confirmação pela sentença de mérito e desde
que o recurso eventualmente interposto não seja recebido com efeito suspensivo.
O CPC/15, por fim, também adotou um meio termo entre as duas primeiras correntes, mas
um pouco diferente do STJ. O CPC/15 consagrou a eficácia imediata da multa. Todavia, só pode ser
executada após o trânsito em julgado da demanda.
Art. 537, § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo
ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da
sentença favorável à parte. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)
O marco é o trânsito em julgado, pois se entende que o beneficiário só se torna titular do
direito subjetivo de crédito se e quando a decisão transitar em julgado certificando seu direito
subjetivo à prestação (fazer ou não fazer), até porque a multa é acessória a essa prestação.
Uma vez definido o valor, a execução da multa se dá pelo procedimento do cumprimento de
sentença que reconhece obrigação de pagar quantia certa, podendo ser provisório (arts. 520 a 522 e
art. 537, §3º76) ou definitivo (arts. 523 a 527).
Tanto no cumprimento provisório quanto no definitivo da multa, intimado (art. 513), o
executado pode: a) efetuar o pagamento no prazo de 15 dias; b) não satisfazer a obrigação em 15
dias, gerando algumas consequências: i - imposição da multa de 10% sobre o valor da obrigação; ii-
fixação de honorários advocatícios no importe também de 10%, independentemente de o devedor
ter apresentado impugnação ou não.
Para livrar-se da incidência desses acréscimos, o executado, no cumprimento provisório, tem
que depositar o valor cobrado a título de multa cominatória, que poderá ser levantada somente após
o trânsito em julgado (não se aplicando aquelas hipóteses do art. 520, IV, CPC).
75
STJ, CE, REsp. 1.200.856/RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, d.j. 1/07/2014, info 546.
76
Art. 537, § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo,
permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte. (Lei nº 13.256, de 2016)
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Segundo Didier, Leonardo, Paula e Rafael77, os dispositivos são elogiáveis, pois irão se aplicar
não só ao direito obrigacional, mas sim ao gênero dever jurídico.
Na linha de Pontes de Miranda78, dever jurídico é gênero, do qual são espécies deveres
vinculados ao: a) direito obrigacional; b) direito real; c) direito sucessório; d) direito de família.
Enunciado 441, FPPC: (arts. 536, §5º, 537, §5º) O §5º do art. 536 e o §5º do art. 537
alcançam situação jurídica passiva correlata a direito real.
Enunciado 442, FPPC: (arts. 536, §5º, 537, §5º). O §5º do art. 536 e o §5º do art. 537
alcançam os deveres legais.
Como já dito, o Direito brasileiro não autorizava a tutela específica das prestações de fazer,
não fazer e entregar coisa. Assim, uma vez descumpridas as obrigações de prestá-las, o credor
deveria se contentar com a quantia a elas equivalente, com a conversão em perdas e danos.
Aos poucos, foram surgindo hipóteses de tutela específicas importantes: i- art. 84, CDC, em
1990; ii- em 1994, o legislador modificou o art. 461, CPC, dando-lhe o teor do art. 84 do CDC, quanto
às obrigações de fazer e de não-fazer; iii- apenas em 2002, o legislador cria o art. 461-A, que diz
respeito às obrigações de entrega de coisa coisa; iv- no CPC/2015, os artigos 497 a 501, 536, 537 e
538 do NCPC prevêem a tutela específica relativas a prestações de fazer, não fazer e entregar coisa.
Por todos esses dispositivos, percebe-se que a tutela jurisdicional da prestação de entrega de
coisa é muito similar à tutela das prestações de fazer e não fazer. Tanto é assim que o cumprimento
de sentença que reconheça obrigação de entrega de coisa é regido por apenas um dispositivo (art.
538) que, ao final, remete às disposições do cumprimento de obrigação de fazer e não fazer.
Art. 538, § 3o Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as
disposições sobre o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer.
Da mesma forma que ocorre no cumprimento das prestações de fazer e não fazer, a
preferência é pela tutela específica, quando a tutela judicial coincide exatamente com o pedido.
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.
Todavia, quando o credor quiser OU quando se tornar impossível a tutela específica, é possível
a conversão em perdas e danos.
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer
ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente.
77
DIDIER JR., CUNHA, Leonardo da.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 580-581.
78
MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Tratado de direito privado. Campinas: Bookseller, 2003, t. 22, p. 36.
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Essa vontade do credor é livre, assim como para as obrigações de fazer e não fazer?
Não. Primeiro, os arts. 233 a 242, CC dizem que a conversão em perdas e danos somente se
fará se a coisa for deteriorada ou perdida.
Ademais, segundo Marcelo Abelha, enquanto na obrigação de fazer e não fazer o objeto da
obrigação ainda não existe fisicamente, pois o comportamento esperado exige uma realização
concreta do devedor, na obrigação de entregar coisa o bem devido existe e está indevidamente na
posse do devedor ou terceiro.
Por conta disso, essa opção de escolha é mais limitada. A doutrina entende que poderá
realizar essa opção se o caso se enquadrar em uma das hipóteses do art. 809, CPC.
Art. 809. O exequente tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa,
quando essa se deteriorar, não lhe for entregue, não for encontrada ou não for reclamada
do poder de terceiro adquirente.
a) Quando a coisa se deteriorar;
b) Quando a coisa não lhe for entregue;
c) Quando a coisa não for encontrada;
d) Quando a coisa não for reclamada do poder de terceiro adquirente.
No tocante à conversão decorrente da impossibilidade, replica-se o já exposto para as
obrigações de fazer e não fazer.
7.3 – PROCEDIMENTO
Da mesma forma que ocorre no cumprimento de sentença de obrigação de fazer e não fazer,
aqui também não há um procedimento específico de cumprimento de sentença previsto em lei.
Assim, o procedimento poderá se influenciar pelo regramento do cumprimento das
prestações de fazer e não fazer, bem como do art. 498, CPC.
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela
quantidade, o autor individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a
escolha couber ao réu, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
Não sendo entregue a coisa, pode haver duas consequências:
a) o credor requer ou o juiz determina de ofício medidas sub-rogatórias (busca e apreensão,
imissão na posse – art. 537, §1º) ou mesmo mandamentais (astreintes ou outras do art. 536, §1º),
até porque o art. 538, §3º diz que é possível se aplicar disposições do cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer. Aqui também se aplica a atipicidade dos meios executivos e da multa coercitiva.
Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença,
será expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor,
conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.
§ 3o Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as disposições sobre
o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer.
b) o credor poderá requerer a conversão da obrigação de entregar coisa em perdas e danos,
conforme relatado no tópico anterior.
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STJ, REsp 14138/MS, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, d.j. 20/10/1993
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§ 1o Não constando do título o valor da coisa e sendo impossível sua avaliação, o exequente
apresentará estimativa, sujeitando-a ao arbitramento judicial.
§ 2o Serão apurados em liquidação o valor da coisa e os prejuízos.
Terminamos...
Como não poderia deixar de ser, vamos fazer algumas questões objetivas para fixar o
conhecimento?
8 - QUESTÕES
8.1 – LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS
Procurador
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De acordo com o Código de Processo Civil, é correto afirmar sobre o cumprimento provisório da
sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa.
e) Poderá ser dispensada a caução para o levantamento de quantia em dinheiro quando a sentença
exequenda estiver em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos.
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A regra é a intimação do devedor para cumprir a sentença. Todavia, caso tenha sido revel na fase de
conhecimento, dispensa-se a sua intimação, bastando-se a notificação da Defensoria como curadora
especial.
Q6. QUADRIX/CRQ 18 Região – PI – Advogado/2016
Com relação ao cumprimento de sentença, considerando o disposto no Código de Processo Civil de
2015, assinale a alternativa incorreta.
a) O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo,
será feito a requerimento do exequente.
b) Por ocasião da sentença que reconheceu o dever de pagar quantia certa, bem como do respectivo
requerimento do exequente, o devedor será intimado para pagar o débito em 15 dias, sob pena de
multa e novos honorários advocatícios.
c) Nos casos de sentença penal condenatória, o cumprimento será realizado perante o juízo cível
competente.
d) Durante o cumprimento de sentença, reconhecendo o crédito do exequente e comprovado o
depósito de trinta por cento do valor em execução, o devedor poderá requerer o parcelamento da
dívida.
e) A apresentação de impugnação ao cumprimento de sentença não impede a prática dos atos
executivos, inclusive os de expropriação, observados os trâmites previstos no Código de Processo
Civil.
Q7. FCC/Prefeitura de Campinas-SP – Procurador/2016
Em relação ao cumprimento de sentença, considere:
I. O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do
corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento.
II. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o cumprimento da sentença
dependerá de demonstração de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo.
III. A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo, mas não pode versar sobre
relação jurídica que não tenha sido deduzida em Juízo, por implicar lesão ao princípio da adstrição
ou congruência.
IV. São títulos executivos judiciais as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a
exigibilidade de obrigação de pagar quantia, somente, dependendo a obrigação de fazer, de não fazer
ou de entregar coisa de prévio processo de conhecimento.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) II, III e IV.
b) II e IV.
c) I e III.
d) I e II.
e) I, III e IV.
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a) o juiz não pode alterar a técnica executiva para outra mais contundente, uma vez que o comando
de não fazer emitido em sede liminar não foi desrespeitado.
b) o juiz não pode aumentar o valor da multa, considerando que R$ 5.000,00 é valor suficiente para
indenizar Frederico em caso de descumprimento da ordem.
c) o juiz poderá alterar a técnica executiva para outra mais contundente, mas não poderá utilizar
força policial, por não se tratar de direitos indisponíveis.
d) o juiz poderá alterar a técnica executiva para outra mais contundente, como determinar a busca
e apreensão dos cabos de ligação dos equipamentos de som à rede elétrica.
e) o juiz poderá alterar a técnica executiva para outra mais contundente, desde que promova a oitiva
do Ministério Público na condição de fiscal da lei.
Q11. VUNESP/TJSP – Juiz Substituto/2018
Quando a sentença contiver condenação ilíquida ao pagamento de quantia,
a) será inviável ao credor promover o cumprimento de sentença, ainda que parte da decisão seja
líquida.
b) terá lugar liquidação por cálculo, caso o credor não apresente o demonstrativo do débito
atualizado.
c) terá lugar o arbitramento, se assim exigir a natureza do objeto da liquidação.
d) a decisão será inválida porque a condenação deve ser sempre líquida, ainda que o pedido do autor
seja genérico.
Q12. CESPE/TJPR – Juiz Substituto/2017
Assinale a opção correta de acordo com as normas referentes ao cumprimento de sentença, ao
procedimento monitório e ao processo de execução.
a) As defesas processuais relativas ao controle da regularidade dos atos executórios no procedimento
do cumprimento de sentença somente podem ser arguidas por meio de impugnação ao
cumprimento de sentença.
b) A existência de título executivo extrajudicial não é óbice ao ajuizamento de ação condenatória,
podendo ainda o credor optar pelo ajuizamento de ação monitória, a despeito da possibilidade de
utilização da via executória.
c) É incompatível com o regime de cumprimento provisório da sentença a multa de 10% prevista
como sanção ao executado que, devidamente intimado, deixa de adimplir voluntariamente a
condenação em quantia certa.
d) O protesto da decisão que determine a prestação de alimentos somente poderá ser feito após o
trânsito em julgado da decisão, devendo o autor se valer de outros meios coercitivos para a
efetivação de decisão interlocutória que fixe alimentos.
Q13. TRF 3/TRF 3ª Região – Juiz Federal Substituto/2018
No cumprimento de sentença, afigura-se CORRETO afirmar que:
a) A decisão judicial sujeita a recurso desprovido de efeito suspensivo poderá ser levada a protesto,
depois de transcorrido o prazo para pagamento.
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b) É título executivo judicial a decisão homologatória da autocomposição judicial, sendo que essa
última pode versar relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo, desde que se limite aos
sujeitos já presentes no processo.
c) O cumprimento provisório, a ser realizado da mesma forma que o definitivo, corre por iniciativa e
responsabilidade do exequente, e será iniciado mediante prestação de caução.
d) Em se tratando de quantia certa, não ocorrendo o pagamento voluntário no prazo legal, o débito
será acrescido de multa e de honorários advocatícios, ambos no percentual de dez por cento (10%)
cada.
Q14. CESPE/TRF5ª Região- Juiz Federal Substituto/2017
Com base na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), julgue os seguintes itens, no que
concerne à tutela provisória, à competência e ao cumprimento de sentença.
I. Mesmo após o comparecimento espontâneo do réu em juízo, é indispensável sua intimação formal
para que se inicie o prazo para a impugnação na fase de cumprimento de sentença.
II. A justiça federal possui competência para julgar demanda proposta por estudante acerca de
credenciamento de instituição privada de ensino superior junto ao Ministério da Educação, com
vistas à expedição de diploma de ensino a distância ao autor.
III. Em demanda previdenciária, os valores recebidos por força de tutela provisória de urgência
antecipada posteriormente revogada serão irrepetíveis, em razão da natureza alimentar e da boa-fé
no seu recebimento.
Assinale a opção correta.
a) Nenhum item está certo.
b) Apenas o item I está certo.
c) Apenas o item II está certo.
d) Apenas o item III está certo.
e) Todos os itens estão certos.
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estado anterior implica, conforme expressa previsão legal, o desfazimento da transferência de posse
ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizado.
IV - A caução prestada nas hipóteses legais, suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juízo e
prestada nos próprios autos, poderá ser dispensada, desde que, cumulativamente, o crédito seja de
natureza alimentar, independentemente de sua origem, no valor máximo de 60 salários mínimos, e
o credor demonstrar situação de necessidade.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Apenas a assertiva III está incorreta.
b) Apenas as assertivas I e II estão incorretas.
c) Apenas as assertivas III e IV estão incorretas.
d) Todas as assertivas estão incorretas.
e) Não respondida.
Q16. MPE-PR/MPE-PR – Promotor Substituto/2016
Assinale a alternativa correta sobre o cumprimento de sentença, do Código de Processo Civil de 2015:
a) Quando o cumprimento de sentença se efetuar perante juízo de primeiro grau de jurisdição, o
exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se
encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação
de fazer ou de não fazer;
b) A decisão judicial transitada em julgado poderá ser imediatamente levada a protesto;
c) Em todas as hipóteses do cumprimento de sentença, a intimação do devedor será realizada na
pessoa de seu advogado;
d) De acordo com o Código de Processo Civil de 2015, a decisão interlocutória estrangeira é título
executivo extrajudicial;
e) No período entre o trânsito em julgado e o pedido de cumprimento de sentença requerido pelo
exequente, o executado não tem qualquer meio disponível para regularizar o pagamento da dívida,
salvo o contato direto com a outra parte.
Q17. MPE-RS/MPE-RS – Promotor de Justiça – prova anulada/2016
Assinale com V (verdadeiro) ou com F (falso) as seguintes afirmações sobre o tema do cumprimento
da sentença, segundo o disposto no Código do Processo Civil.
( ) A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei, antes
mesmo de transcorrido o prazo para pagamento voluntário.
( ) No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre
parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente,
sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 10 (dez) dias, acrescido de custas, se
houver.
( ) A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença ainda não
transitada em julgado, se processa em autos apartados.
( ) No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer,
o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de
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e) é possível, bem como é possível ao juiz, nesta fase, de ofício ou mediante requerimento do
interessado, fixar multa pelo descumprimento, que também será passível de execução provisória,
mas cujo levantamento fica condicionado ao trânsito em julgado.
Q20. UFMT/DPE-MT – Defensor Público/2016
Considerando a execução no Código de Processo Civil (CPC/2015), analise as assertivas abaixo.
I - Na execução fundada em título executivo extrajudicial que contenha obrigação alimentar, se o
executado não pagar o débito em 3 dias ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz
decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
II - No caso de condenação em quantia certa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a
requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15
(quinze) dias, acrescido de custas, se houver. Transcorrido o prazo mencionado, sem o pagamento
voluntário, será novamente o executado intimado para, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentar, nos
próprios autos, sua impugnação, contado do termo de penhora.
III - A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei, depois
de transcorrido o prazo para pagamento voluntário. A requerimento do executado, o protesto será
cancelado por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três)
dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da
obrigação.
IV - Na execução de título extrajudicial, o executado, independentemente de penhora, depósito ou
caução, poderá se opor à execução por meio de embargos, cujo prazo para oferecimento é 15 dias
úteis.
V - No cumprimento de sentença e na execução de título extrajudicial, no prazo para impugnação ou
embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do
valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer
que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção
monetária e de juros de um por cento ao mês.
Estão corretas as assertivas
a) I, II e III.
b) II, IV e V.
c) I, III e IV.
d) I, II e V.
e) III, IV e V.
Outros
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c) o executado poderá alegar excesso de execução, caso em que deverá declarar de imediato o valor
que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo, sob
pena de rejeição liminar da impugnação, se este for seu único fundamento, ou de não conhecimento
do argumento, caso outro também tenha sido alegado.
d) pode versar sobre a incompetência absoluta do juízo da execução, porém não da relativa.
e) impede, em regra, a prática de atos executivos.
Q22. FCC/PGE-MT – Analista Bacharel em Direito/2017
No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou não fazer, para
a efetivação da tutela específica, o juiz poderá,
a) de ofício ou a requerimento, impor multa, em decisão passível de cumprimento provisório,
permitindo-se o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte.
b) desde que a requerimento da parte, determinar busca e apreensão de pessoas e coisas, cujo
mandado será cumprido por um oficial de justiça.
c) de ofício ou a requerimento, impor multa, em decisão passível de cumprimento provisório,
permitindo-se o levantamento imediato do valor, independentemente do trânsito em julgado da
sentença favorável à parte.
d) desde que a requerimento, impor multa, em decisão passível de cumprimento provisório,
permitindo-se o levantamento imediato do valor, independentemente do trânsito em julgado da
sentença favorável à parte.
e) desde que a requerimento da parte, impor multa que será devida desde o dia em que se configurar
o descumprimento, até a prolação da sentença.
Q23. FCC/TRT 20 (SE) – Analista Judiciário – área judiciária/2016
Acerca do cumprimento de sentença que reconhece o dever de pagar quantia, é correto afirmar:
a) Inicia-se de ofício ou a requerimento do exequente.
b) Não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não tiver
participado da fase de conhecimento.
c) O devedor deve ser intimado sempre pessoalmente.
d) Será efetuado na primeira instância, em regra, ainda que a causa seja de competência originária
de tribunal.
e) As questões relativas à validade do procedimento e dos atos executivos subsequentes não poderão
ser arguidas nos próprios autos, devendo ser objeto de ação autônoma.
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Cartórios
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a) A multa de 10% (dez por cento), bem como os honorários advocatícios de 10% (dez por cento),
previstos para o caso de não ocorrer o pagamento voluntário, também incidem no cumprimento
provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa.
b) A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei, desde que
antes de transcorrido o prazo para pagamento voluntário.
c) No cumprimento definitivo de sentença condenatória, transcorrido o prazo de quinze dias, sem o
pagamento voluntário, procede-se à penhora de tantos bens quanto bastem à garantia da execução,
a partir de quando se inicia o prazo de quinze dias para que o executado, independentemente de
nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
d) O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende os alimentos
atuais, ou seja, as prestações alimentares que vencerem no curso do processo.
e) No cumprimento de sentença que reconheça exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer,
a decisão que fixa a multa (astreintes) não é passível de cumprimento provisório, pois o levantamento
do valor somente pode ser realizado após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte.
Q29. IADES/CRF-DF – Analista I – Advogado/2017
Sobre o processo de execução de título extrajudicial e o cumprimento de sentença, com base no
Novo Código de Processo Civil, assinale a alternativa correta.
a) Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior
à resultante da sentença, deverá o próprio exequente, isto é, o credor, apontar o valor correto,
porque se cuida de ônus próprio da parte interessada na execução.
b) A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de
expropriação. Todavia, poderá o juiz, ex officio, mesmo que sem garantia do juízo com penhora,
caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes
e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave
dano de difícil ou incerta reparação.
c) A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados suspenderá a
execução contra os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser respeito
exclusivamente ao impugnante.
d) A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de
conhecimento, a fim de obter título executivo judicial
e) A sentença arbitral, por se tratar de ato jurídico entre privados, tem força de título executivo
extrajudicial.
Q30. CONSULPLAN/TJMG – Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento/2017
Acerca da possibilidade de o título ser levado a protesto, assinale a alternativa correta:
a) A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei, mesmo
antes de transcorrido o prazo para pagamento voluntário.
b) Não se incluem dentre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa de autarquias e
fundações públicas.
c) A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro,
arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea
para asseguração do direito.
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8.2 – GABARITO
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Procurador
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A alternativa B está incorreta, pois com base no art. 523,§1°, caso haja
pagamento integral dentro dos 15 dias, não haverá condenação em honorários.
Art. 523. § 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o
débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários
de advogado de dez por cento.
A alternativa C está incorreta, pois apesar de as normas do cumprimento
definitivo aplicarem-se ao cumprimento provisório, o art. 520 traz algumas disposições
específicas.
A alternativa D está incorreta.
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 [15 dias para o
pagamento] sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze)
dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova
intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
A alternativa E está incorreta.
Art. 525. § 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como
pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que
supervenientes à sentença.
Q2. FCC/PGE-TO-Procurador do Estado/2018
Em relação ao cumprimento definitivo da sentença que obrigue a pagar quantia certa,
a) não havendo pagamento voluntário, o executado só poderá impugnar a execução se
oferecer bens a penhora ou caução idônea.
b) o cumprimento do julgado pode ser determinado de ofício pelo juiz.
c) não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo,
mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.
d) o executado será intimado a pagar o débito em 72 horas, sob pena de penhora livre
e avaliação de bens.
e) se o pagamento voluntário não ocorrer no prazo legal, o débito será acrescido de
multa de 10% e honorários advocatícios de 15% se houver impugnação futura que se
julgue improcedente.
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arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes serão decididas pelo
juiz.
A alternativa B está correta.
Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a
protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento
voluntário previsto no art. 523.
A alternativa C está correta.
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em
liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento
definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o
executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias,
acrescido de custas, se houver.
A alternativa D está correta.
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de
obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a
requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela
pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à
satisfação do exequente.
A alternativa E está correta.
Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido
na sentença, será expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na
posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.
Q4. FEPESE/Prefeitura de Bombinhas - Procurador/2019
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A alternativa E está correta.
Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada
nos casos em que:
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com
súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no
julgamento de casos repetitivos.
A alternativa A está incorreta.
Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada
nos casos em que: I - o crédito for de natureza alimentar,
independentemente de sua origem.
A alternativa B está incorreta.
Art. 520, § 2º A multa e os honorários a que se refere o § 1º do art. 523
são devidos no cumprimento provisório de sentença condenatória ao
pagamento de quantia certa.
A alternativa C está incorreta.
Art. 520, Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por
recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que
o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença
objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e
liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos; (...) § 4º A
restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o
desfazimento da transferência de posse ou da alienação de propriedade ou
de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o
direito à reparação dos prejuízos causados ao executado.
A alternativa D está incorreta.
Art. 520, § 3º Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o
valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havido como
incompatível com o recurso por ele interposto.
Q5. QUADRIX/CFO-DF – Procurador Jurídico/2017
Com base em conhecimentos relativos a direito processual civil e à legislação correlata,
julgue o próximo item.
A regra é a intimação do devedor para cumprir a sentença. Todavia, caso tenha sido
revel na fase de conhecimento, dispensa-se a sua intimação, bastando-se a notificação
da Defensoria como curadora especial.
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b) II e IV.
c) I e III.
d) I e II.
e) I, III e IV.
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Na vigência do Novo Código de Processo Civil, instituído pela Lei nº 13.105/2015, Susan
propõe ação pedindo que Frederico se abstenha de produzir ilegalmente ruídos em
excesso. Apresenta, ainda, na petição inicial, pedido de antecipação de tutela. O juiz, ao
despachar a inicial, concede ordem de não fazer, fixando multa de R$ 5.000,00 para caso
de descumprimento. Cerca de 20 dias depois da intimação pessoal de Frederico, Susan
verifica que ele está fazendo ingressar, no pátio de sua residência, potentes caixas de
som e instrumentos musicais elétricos. Susan peticiona, juntando fotografias, vídeos e
uma ata notarial, que dão conta de tais fatos, e afirma que, caso o som seja produzido,
sofrerá danos materiais na ordem de R$ 5.000,00. Nesse contexto, é correto afirmar
que, em tese,
a) o juiz não pode alterar a técnica executiva para outra mais contundente, uma vez que
o comando de não fazer emitido em sede liminar não foi desrespeitado.
b) o juiz não pode aumentar o valor da multa, considerando que R$ 5.000,00 é valor
suficiente para indenizar Frederico em caso de descumprimento da ordem.
c) o juiz poderá alterar a técnica executiva para outra mais contundente, mas não
poderá utilizar força policial, por não se tratar de direitos indisponíveis.
d) o juiz poderá alterar a técnica executiva para outra mais contundente, como
determinar a busca e apreensão dos cabos de ligação dos equipamentos de som à rede
elétrica.
e) o juiz poderá alterar a técnica executiva para outra mais contundente, desde que
promova a oitiva do Ministério Público na condição de fiscal da lei.
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d) a decisão será inválida porque a condenação deve ser sempre líquida, ainda que o
pedido do autor seja genérico.
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9 - DESTAQUES DA LEGISLAÇÃO
Neste ponto da aula, citamos, para fins de revisão, os principais dispositivos de
lei que podem fazer a diferença na hora da prova. Lembre-se de revisá-los!
--
arts. 1º, 5º, XXI, XXXV, da CF:
Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Art. 5º, LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
Parte Especial – Livro I – Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento de Sentença (Tìtulo II – Do
Cumprimento de Sentença).
Parte Especial – Livro II – Do Processo de Execução (Título I – Da execução em Geral; Capítulo I –
Disposições Gerais).
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o do art. 246, não tiver procurador constituído
nos autos
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento.
§ 3o Na hipótese do § 2o, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o devedor houver
mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único
do art. 274.
§ 4o Se o requerimento a que alude o § 1o for formulado após 1 (um) ano do trânsito em julgado da
sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento
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§ 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar a decisão exequenda pode
requerer, a suas expensas e sob sua responsabilidade, a anotação da propositura da ação à
margem do título protestado.
§ 4o A requerimento do executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz, mediante
ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do
requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação.
Art. 518. Todas as questões relativas à validade do procedimento de cumprimento da sentença e
dos atos executivos subsequentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes
serão decididas pelo juiz.
Art. 519. Aplicam-se as disposições relativas ao cumprimento da sentença, provisório ou definitivo,
e à liquidação, no que couber, às decisões que concederem tutela provisória.
CAPÍTULO II
DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO
DE PAGAR QUANTIA CERTA
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao
seguinte regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada,
a reparar os danos que o executado haja sofrido;
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução,
restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte,
somente nesta ficará sem efeito a execução;
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de
posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano
ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos
próprios autos.
§ 1o No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se
quiser, nos termos do art. 525.
Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que:
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem;
II - o credor demonstrar situação de necessidade;
III – pender o agravo do art. 1.042; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)
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Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e
atualizado do crédito, devendo a petição conter:
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional
da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3o;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.
§ 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites da condenação,
a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o
juiz entender adequada.
§ 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo
máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado.
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Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo
de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação,
apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação,
compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença.
§ 2o A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148.
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10 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula!
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou
disponível no fórum do Curso, pelo instagram e por e-mail.
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!
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