Tópicos Especiais de Fotografia Forense
Tópicos Especiais de Fotografia Forense
Tópicos Especiais de Fotografia Forense
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NOSSA HISTÓRIA
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Sumário
1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4
2- FOTOGRAFIA E CIÊNCIA FORENSE ............................................................. 5
3- A NATUREZA JURÍDICA DA FOTOGRAFIA E SUAS TIPOLOGIAS
FUNCIONAIS ............................................................................................................. 8
4- A FOTOGRAFIA EM UMA ABORDAGEM HISTÓRICO-LEGAL .......... 12
5- A PERÍCIA E O ADVOGADO CRIMINALISTA ........................................... 16
6- PREVISÃO LEGAL ............................................................................................ 19
7- RELEVÂNCIA DA FOTAGRAÇÃO EM SÍTIOS DE CRIME ..................... 22
8- FOTOGRAFIA FORENSE: ÚTIL E NECESSÁRIA NO CENÁRIO
PERICIAL ................................................................................................................. 23
9- REFERÊNCIAS ................................................................................................... 26
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1 – INTRODUÇÃO
Apesar de ser possível considerá-la uma ciência per se, a Ciência Forense ainda
é mais popularmente referida, por não especialistas, como aplicação das ciên-
cias naturais à matéria ou a problemas legais. Mais especificamente, o uso da
fotografia forense tem um papel fundamental, no entanto, a categoria jurídica
probatória da fotografia ainda é discutível, seja como fonte ou como elemento de
prova. Dessa forma, esta deve passar pelo crivo dos meios de prova pericial ou
documental, ou ainda, sua contribuição deve restringir-se à interpretação do
laudo pericial e perpetuação das evidências, garantindo a cadeia de custódia da
prova.
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Mudanças histórico-legais, especialmente ao longo da república, a natureza ju-
rídica da fotografia forense e a representação dos atores envolvidos na socie-
dade em cada momento foram rastreadas a partir dos elementos documentais
investigados.
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a questões penais, pois a demanda de conhecimento científico se faz em todos
os ramos do direito (GARRIDO e GIOVANELLI; 2015).
No mundo ficcional, Edgar Allan Poe, que eternizou a figura do detetive técnico
científico em diversos livros, reconheceu, em 1840, o início da fotografia como
um marco, “um invento representativo do potencial mágico dos anos modernos;
o mais extraordinário triunfo da ciência” (POE, 1980, p.37-38). Entretanto, tendo
em vista farsas fotográficas já denunciadas à época, apenas em 1859 a Suprema
Corte dos EUA pronunciou-se pela admissibilidade de fotografias usadas como
prova (JÚNIOR, 2012a).
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de partes do corpo, visando a individualização de pessoas, as quais apresenta-
riam, em tese, uma combinação única de medidas antropométricas. Em home-
nagem à Bertillon, o método passou a ser chamado de bertillonagem (JÚNIOR,
2012a).
A fotografia de cenas de crimes teve seu início na mesma época, tendo o ano
de 1867 como marco. Nesse ano, anúncios comerciais prometiam que, após a
fotografia, o exame em local de crime não seria mais como antes, propondo in-
clusive que a “câmera iria substituir os esboços e desenhos técnicos” (JÚNIOR,
2012, p. 150). Para tanto, adaptaram-se câmeras fotográficas a um tripé, de ma-
neira que se pudesse examinar o corpo de vítimas ainda no chão em cenas de
crime (JÚNIOR, 2012).
Logo após, devem ser feitas fotos de minúcias, destacando evidências específi-
cas que foram contextualizadas no ambiente por imagens à média distância.
Para tanto pode-se utilizar lentes macro ou emular esta função em câmeras com-
pactas (ZARZUELA, 1992). Quando há vítimas, a própria legislação requer fotos
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na posição original, contextualizada; fotos de aspectos individualizadores (feri-
mentos, marcas, tatuagens) bem como da face cadavérica, conforme arts. 164
e 165 do Código de Processo Penal.
Fonte de prova são as pessoas ou coisas que podem fornecer uma informação
apreciável sobre o objeto de prova, ou seja, os fatos alegados. Daí porque as
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fontes podem ser reais (documentos) ou pessoais (testemunhas, acusado, ví-
tima, perito, assistentes técnicos). Já os elementos de prova, no inglês evidence,
são os “(...) dados objetivos que confirmam ou negam uma asserção a respeito
de um fato que interessa à causa” (GOMES FILHO, 2005, p. 307) e sobre os
quais o juiz vai realizar um procedimento inferencial para chegar a alguma con-
clusão sobre os fatos. Assim, são informações valoráveis pelo juiz.
Por sua vez, a fotografia como elemento de prova pode ser interpretada:
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enquanto documento, juntado ao processo pelo meio de prova documen-
tal, se torna um elemento de prova valorável pelo julgador (GRECO, 2012)
como parte do elemento de prova utilizado pelo perito na confecção do
laudo, vez que o laudo contendo a fotografia pode ser valorado pelo jul-
gador (ESPÍNDULA, 2014).
A fotografia forense de acordo com seus usos principais, partindo do que Zarzu-
ela, Matunaga e Thomaz (2000, p. 260) chamaram de “funções básicas da Fo-
tografia Judiciária”, pode ser dividida em três categorias, fotografia analítica,
fotografia referencial e fotografia ilustrativa.
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Pode ser de natureza subjetiva ou objetiva e mensurável, muito embora, essa
diferenciação não seja de todo absoluta. Ou seja, o uso fotográfico objetivo já
está associado às atuais tecnologias de fotografia, digitalização e comparação.
Como exemplos, impressões digitais, microfotografias para análise de falhas es-
truturais em construção civil ou materiais, fotografias em diferentes espectros
luminosos para a detecção de alterações intencionais de padrões de segurança
de cédulas e documentos de identificação, dentre outros (ZARZUELA; MATU-
NAGA e THOMAZ, 2000). Enquadra-se aí, também, o uso de fotografias com o
intuito de reprodução de documentos probatórios, os quais assumem o status
destes, uma vez atestada sua autenticidade. Por outro lado, a utilização subjetiva
da fotografia analítica pauta-se, por exemplo, na comparação de padrões faciais,
muito embora hoje seja possível associar algoritmos matemáticos para a identi-
ficação facial (GRECO, 2012).
A fotografia referencial, por sua vez, consiste no uso de imagens visando a cons-
trução da hipótese ou dinâmica dos fatos por parte do perito ou mesmo do policial
incumbido da investigação criminal (ZARZUELA; MATUNAGA e THOMAZ,
2000). Nesse caso, são tomadas fotografias em diferentes ângulos do local de
crime, do cadáver e seus ferimentos e de objetos em geral. Inicialmente, a reali-
zação de fotografias referenciais em quantidade adequada era limitada em vir-
tude do uso de máquinas tradicionais, com revelação por filme, que exigiam co-
nhecimento técnico mais elaborado. Entretanto, com o advento das máquinas
digitais, essas fotografias tiveram grande desenvolvimento, tornando-se comuns
a todo exame (POZZEBON; FREITAS e TRINDADE, 2017).
Importante destacar que não se deve buscar correlações entre as tipologias fun-
cionais acima descritas e a natureza da fotografia no âmbito jurídico, conquanto
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no primeiro caso, a análise baseia-se nos usos periciais da fotografia e no se-
gundo caso, trata-se da natureza ou essência jurídica da fotografia.
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morais e cognitivas com caracteres somáticos, físicos. Tais proposições que ten-
tavam provar-se como científicas, contaram com um período de acolhimento na
ciência forense, tendo sido base para critérios técnicos de busca de tipos crimi-
nais, embasando, inclusive, propostas de vigilância antecipada de certos sujei-
tos, calcadas em “evidência científica” de periculosidade (GARRIDO e GIOVA-
NELLI, 2015).
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No entanto, não se deve menosprezar o papel da fotografia, nos meios policiais.
A fotografia permaneceria, ainda, como instrumento de controle de sujeitos, por
ser um documento de mais fácil produção, circulação e análise.
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flagrante, ou do inquérito policial ou outra forma de investigação” (BRA-
SIL, 2009).
Em relação ao uso direto da fotografia como prova, aqui considerada como foto-
grafia analítica, o legislador tem como principal preocupação confirmar a auten-
ticidade das fotos. Assim, tanto na lei processual civil, quanto penal, encontra-
mos esse cuidado. Os arts. 422 e 423 do CPC fazem menção à autenticidade
de cópias de documentos, seja através de fotocópia ou fotografia. No artigo 232
(parágrafo único) do CPP, como já exposto, reconhece-se que “À fotografia do
documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original” (BRA-
SIL, 1941).
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A fotografia referencial, cuja finalidade é instruir ou orientar os próprios peritos
que a produzem, tem grande poder de síntese de dados. Aliado a isto, a repro-
dução de cenários com nível de detalhamento crescente pelas novas tecnologias
de registro e a reprodução da imagem com elevado potencial de ampliação de
detalhes são fatores responsáveis pelo largo uso da fotografia referencial nas
análises forenses. Associados com técnicas fotográficas que permitem interpo-
lação de distância, reconstrução de cenários em 3D e apreensão de detalhes
com lentes macro a fotografia dá um poder de organização e sistematização de
informações, enquanto representa desafio de grande complexidade de manipu-
lação e entendimento por parte de um público leigo. Dessa forma, a fotografia
referencial, dada a sua utilização restrita ao grupo dos técnicos, aparece predo-
minantemente nos manuais especializados (ESPÍNDULA, 2014; GARRIDO e GI-
VANELLI, 2015).
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Um pedido de perícia pode ser feito em qualquer fase do processo: inquérito,
instrução, julgamento e execução.
Pessoas vivas (exame médico-legal, exames de laboratório) ou mortas (exame
necroscópico, exumação, exames de laboratório), esqueletos, animais e coisas
podem ser seu objeto e a lei hoje permite a realização do exame por perito único.
Os peritos podem ser oficiais (perito judicial) ou nomeados pela Justiça para o
ato. No caso de nomeados, volta a ser necessário duas pessoas.
O advogado deve ter especial atenção aos laudos, haja vista laudos irregulares,
com falhas, que omitem dados e que podem se tornar nulos.
Você Sabia?
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Na equimose o sangue se infiltra nas malhas do tecido subcutâneo. No
hematoma, o sangue se aglomera num ponto, formando bolsas.
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Degolamento é a produção de ferida incisa na parte posterior do pes-
coço.
6- PREVISÃO LEGAL
O Código de Processo Penal trata dos meios de provas e perícias em seus arti-
gos 155 a 250, sendo imprescindíveis para a formação, diretas ou indiretas, da
verdade real. Trata também em outro dispositivo, quanto aos locais das infrações
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penais ao estabelecer que sejam preservados, providenciando a autoridade que
primeiro chegar aos locais dos fatos, a sua integridade até que os peritos o exa-
minem. Prevê ainda, a apreensão de objetos que tiverem relação com o fato,
após liberação dos peritos, assim como colher todas as provas que servirem
para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.
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Para facilitar a futura elaboração do laudo, os cadáveres serão fotogra-
fados onde forem encontrados e, sempre que possível, todas as lesões
externas e vestígios que permeiam o local da infração. Esses elemen-
tos fotográficos vão instruir o laudo, sem prejuízo de esquemas de de-
senhos realizados para elucidar o acontecido. Estes últimos devem se-
guir devidamente rubricados pelo perito". (ALENCAR E TÁVORA,
2014, p. 544).
O artigo 166 do Código Processo Penal, trata dos casos em que há dúvida sobre
a identidade do cadáver exumado, procedendo ao reconhecimento pelo Instituto
de Identificação ou inquirição de testemunhas, servindo a fotografia como norte
no levantamento da identidade do morto.
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das partes e de toda sociedade, porquanto ainda que a causa verse sobre uma
questão estritamente particular, todos têm interesse que a pacificação social seja
promovida pela atividade policial e jurisdicional, sendo desenvolvida com justiça
e vital para sua plena efetivação a colaboração de todos.
A Polícia Civil de São Paulo, por exemplo, possui entre suas carreiras a figura
do Fotógrafo Técnico-Pericial, policial que além de outras atribuições, é o res-
ponsável de fotografar os locais de crime, e que por meio dos seus registros
perenizará a cenadas mais variadas naturezas, como homicídio, suicídio, morte
suspeita, roubo, furto, sequestro etc. Por meio de suas fotos há a possibilidade
de tirar dúvidas e auxiliar polícia e judiciário a repassarem o local do crime sem-
pre que acharem necessário. Após sua formação pela Academia de Polícia é
designado para a Superintendência de Polícia Técnico-Científica, compondo as
equipes do Instituto de Criminalística e Instituto Médico Legal. É capacitado e
dotado de olhar apurado para auxiliar no levantamento de vestígios, do mesmo
modo os elementos de relevância e registrá-los.
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O Perito Criminal se valerá das imagens captadas durantes os trabalhos periciais
para instruir o laudo pericial de forma satisfatória, que posteriormente auxiliará
na convicção da autoridade requisitante.
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Qual a principal importância da fotografia forense no cenário pericial?
A fotografia forense é de suma importância para a perícia como visto, ferramenta
essencial em um local de crime, por exemplo, para a produção de evidências
sólidas e materialização necessária para que as autoridades possam formar
suas convicções no curso do processo penal. Ressalta-se sua importância no
registro de detalhes, seja para uma análise futura, como também esclarecendo
possíveis dúvidas que venham a surgir, procedimento que enriquece o laudo
pericial.
Após as fotos serem feitas no local de crime elas são encaminhadas para
onde? Tem algum passo a passo?
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Tão importante quanto o cuidado anterior e a sua utilização no local, o momento
após os registros deve ser respeitado com atenção. Para a preservação da ca-
deia de custódia, é valoroso transferir as imagens a um local seguro, e sempre
que possível manter cópia em outro lugar. Tal medida mantém o zelo pela repro-
dução das provas, documentando e provendo registros perenes dos vestígios.
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9- REFERÊNCIAS
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BRASIL. Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Pe-
nal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del3689.htm>. Acesso em: 11 jan. 2017.
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