DOC158
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Julho, 2006
Documentos 158
Alberto Gomes
Médico-Veterinário, Ph.D. em Parasitologia Veteriná-
ria, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo
Grande, MS
Fábio José Carvalho Faria
Médico-Veterinário, D.Sc. em Ciência Animal,
pesquisador e professor da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS
Agradecimentos
Resumo ........................................................................ 9
Abstract..................................................................... 11
Introdução .................................................................. 12
Pecuária ..................................................................... 13
Perdas e subqualidade na fase de produção da
pele bovina (couro cru) ............................................................ 13
Transporte do gado ..................................................... 19
Perdas e subqualidade na fase de transporte dos bovinos............... 19
Manejo pré-abate ........................................................ 21
Perdas e subqualidade da pele bovina na fase de pré-abate ............. 21
Abate ........................................................................ 23
Perdas e subqualidade da pele bovina na fase de abate .................. 23
Conservação .............................................................. 28
Perdas e subqualidade na fase de conservação da pele .................. 28
Classificação .............................................................. 30
Situação atual do couro na fase de classificação .......................... 30
Referências bibliográficas ............................................ 32
Couro Bovino: Qualificação
para Valorização
Eva Maria Corrêa Medeiros
Mariana de Aragão Pereira
Manuel Antônio Chagas Jacinto
Alberto Gomes
Fábio José Carvalho Faria
Resumo
Este trabalho do tipo exploratório, bibliográfico e descritivo tem como
objetivo oferecer subsídios técnicos para processos que visam à obtenção
da matéria-prima couro bovino de alta qualidade, além de difundir procedi-
mentos, leis e recomendações técnicas das Boas Práticas Agropecuárias
Bovinos de Corte. Esta publicação foi elaborada com base em informações
diretas e simples, voltada para todos os elos da cadeia produtiva do couro,
tais como: pecuaristas; transportadores; frigoríficos e curtumes.
Abstract
This exploratory, bibliographical and descriptive work has the objective of
offering technical subsidies to processes that aim the high quality bovine
leather, besides spreading out rules, laws and recommendations of Good
Practices in Beef Cattle Production. This paper was produced based on
direct and simple information to all leather productive chain partners, such
as beef cattle farmers, transporters, slaughter houses and tanneries.
Index terms: good practices in beef cattle production, high quality leather,
grading, bovine skin
14 Couro bovino: qualificação para valorização
Introdução
A moderna pecuária brasileira vem adotando novas tecnologias para
atender o mercado globalizado e, para tanto, alguns aspectos estão sendo
aprimorados, tais como: melhoramento genético, precocidade, nutrição,
manejo, sanidade, qualidade, rastreabilidade, entre outros. Porém, maior
produtividade e lucratividade continuam sendo grandes desafios para o
setor produtivo.
Pecuária
Perdas e subqualidade na fase de produção da pele
bovina (couro cru)
No Brasil, 60% dos defeitos no couro têm origem na fazenda e são causa-
dos por: a) marcação a fogo —10%; b) arame farpado, ferrão e outros —
5%; c) galhos, espinhos e outros — 5%; e) ectoparasitos — 40% (GO-
MES, 2002).
Como se sabe, tudo aquilo que afeta a pele também afeta a produção de
carne, reduzindo o ganho de peso e o desenvolvimento do animal. Em
média, estima-se que, em 100 animais, o pecuarista pode perder R$
3.056,00 anuais (Tabela 1).
de ferro quente (Tabela 2). Ressalta-se, porém, que, parte das lesões
abertas não são oriundas somente da fazenda. Elas podem ocorrer durante
a fase de manejo pré-abate, em função de embarque e desembarque
malconduzidos, de falhas no processo de transporte, de manejo incorreto
dos animais e instalações inadequadas no frigorífico, ou ainda por esfola
malfeita.
(1)
Sistema de Classificação de Couro Bovino, estabelecido na publicação Brasil (2002).
Fonte: Pereira et al. (2005)
Tabela 3. Classificação das peles bovinas tipo “AB” e “C” (BRASIL, 2002) nas
categorias de couro wet blue (5a, 6a, 7a e refugo), Mato Grosso do Sul.
(1)
a, b representam o percentual total de couros na classe AB e C, respectivamente. Diferenças
significativas pelo teste Qui-Quadrado a 1% de significância.
Fonte: Pereira et al. (2005)
Além disso, uma produção de alta qualidade poderá servir de estímulo para
a produção de outras fases de processamento do couro com maior valor
agregado (Tabela 4), atraindo a implantação de indústrias de acabamento,
aumentando a oferta de empregos, a inclusão social e, ainda, a arrecada-
ção de impostos para o Estado.
Tabela 4. Comparação dos valores pagos pelo boi gordo, pelo couro bovino em
diferentes estágios de processamento e pelo couro acabado transformado em
calçado.
Fig. 1. Hematoma (dano na carcaça), risco cicatrizado, ralado e risco aberto (danos
no couro), respectivamente.
Fig. 4. Ilustração dos locais impróprios (1) e adequados (2) para receberem a
marcação a ferro candente.
Fonte: Embrapa Gado de Corte (2005).
Transporte do gado
Perdas e subqualidade na fase de transporte dos
bovinos
No Brasil, 10% dos defeitos do couro são causados durante o transporte
do gado da fazenda até o frigorífico (GOMES, 2002).
Fig. 6. Caminhão dentro dos padrões de bem-estar para transporte de animais vivos.
Fonte: Embrapa Gado de Corte (2005).
Manejo pré-abate
Perdas e subqualidade da pele bovina na fase de pré-
abate
Parte dos defeitos do couro é de responsabilidade dos frigoríficos e ocorre
durante o pré-abate e o abate dos bovinos (Gomes, 2002).
Fig. 7. Uso do ferrão (1) e danos no couro decorrentes de seu uso (2).
Foto: Mariana de Aragão Pereira
Abate
Perdas e subqualidade da pele bovina na fase de abate
No Brasil, 15% dos defeitos do couro ocorrem durante o abate, por causa
da esfola (retirada da pele do animal) malfeita e da conservação inadequa-
da até a industrialização da pele (GOMES, 2002).
(1)
A quantidade, a área e o comprimento das lesões acima apresentadas referem-se às médias
observadas apenas nos couros que tinham o tipo de defeito em análise (subamostra) e não na amostra
como um todo.
Fonte: Pereira (dados não publicados).
Fig. 10. Demonstração da maneira correta de realizar a esfola com uso adequado das
facas.
Couro bovino: qualificação para valorização 29
Fig. 12. Orientação para os cortes Foto: Centro das Indústrias de Curtumes
Conservação
Perdas e subqualidade na fase de conservação da pele
No Brasil, 15% dos defeitos do couro são provenientes da má conservação
nos curtumes (GOMES, 2002).
Classificação
Situação atual do couro na fase de classificação
A qualidade do couro é que determina sua classificação e, conseqüente-
mente, sua valorização. Existem vários sistemas de classificação, sendo o
mais comum aquele que estabelece até oito níveis de classificação: 1a a 7a
e refugo.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10453: marcas de
identificação no gado, regiões e tamanho. Rio de Janeiro, 1996, 2 p.
BASF. Vade – Mécum do curtidor. 4. ed. rev. ampl., 2004. p. 219 - 222.