Livro Reatores Anaeróbios 41 49
Livro Reatores Anaeróbios 41 49
Livro Reatores Anaeróbios 41 49
Reatores anaeróbios
CAPÍTULO 3
3.1 INTRODUÇÃO
por muitos anos o maior problema da digestão anaeróbia, uma vez que o tempo de
retenção de sólidos não podia ser controlado independentemente da carga hidráuli-
ca. Dessa forma, os microrganismos envólvidos no processo, com baixas taxas de
crescimento, necessitavam de tempos de retenção extremamente longos e, conse-
quentemente, de reatores de grandes volumes. O desenvolvimento dos processos
anaeróbios de alta taxa resolveu esse problema, uma vez que tais processos são ca-
pazes de propiciar o desenvolvimento de grandes quantidades de biomassa, de ele-
vada atividade, que pode ser mantida nos reatores mesmo quando operados com
baixos tempos de detenção hidráulica. Se for garantido o contato suficiente entre a
biomassa e os compostos orgânicos, elevadas cargas podem ser aplicadas ao siste-
ma.
3.2.1 Preliminares .
|
!
a um meio suporte.
Biofilme aderido
Meio Suporte
80 Reatores anaeróbios
Acidogênicas
Redutoras de Sulfato
Methanosarcina sp.
Met. hidrogenotróficas
Acidogênicas
Met. hidrogenotróficas
Methanosaeia
Este tipo de imobilização de biomassa ocorre nos interstícios existentes nos mei-
os suportes estacionários, como é o caso dos reatores anaeróbios de leito fixo. As
superfícies do material suporte servem de apoio para o crescimento bacteriano ade-
rido (formação do biofilme), enquanto os espaços vazios existentes no material de
empacotamento são ocupados por microrganismos que crescem dispersos.
Retenção intersticial
82 Reatores anaeróbios
Exemplo 3.1
Reatores anaeróbios
3.4.1 Preliminares
Nos últimos anos. com o desenvolvimento dos processos anaeróbios de alta taxa,
& com o aumento do conhecimento da microbiologia e bioquímica do processo, tem-
se observado uma utilização crescente da digestão anaeróbia pára o tratamento de
uma diversidade de efluentes líquidos. No entanto, o sucesso de qualquer processo
anaeróbio, especialmente os de alta taxa, depende fundamentalmente da manuten-
cão, dentro dos reatores, de uma biomassa adaptada, com elevada atividade microbi-
ológica, e resistente a choques. Para que essa biomassa possa ser preservada e
moni-
torada, tornou-se imperativo o desenvolvimento de técnicas para a avaliação da ati-
vidade microbiana de reatores anaeróbios, notadamente das bactérias metanogêni-
cas.
Nesse sentido, foram propostos diversos métodos para avaliar a atividade micro-
biana anaeróbia, a partir da caracterização da atividade metanogênica específica
Uma análise preliminar dos trabalhos já desenvolvidos na área indica que alguns
métodos utilizados para a avaliação da AME são grosseiros ou imprecisos, enquanto
outros são caros ou sofisticados em demasia. O método simplificado desenvolvido
por James et al. (1990), a partir de uma adaptação de funcionamento do respirôme-
tro Warburg, foi sem dúvida uma contribuição valiosa, mas como os próprios auto-
res atestaram, um sucesso maior dependia da automação do sistema de medição de
gases e da otimização do sistema'de monitoramento do teste como um todo. Nesse
sentido, o trabalho desenvolvido por Monteggia (1991), incorporando manômetros.
com sensores elétricos para o monitoramento contínuo da produção de biogás, cons-
tituiu-se num aprimoramento importante para o teste de AME.
rejeitos industriais;
para determinar a carga orgânica máxima que pode ser aplicada a um determinado
frascos de reação;
36 Reatores anaeróbios
1
! Concentraçã
: KH,PO, 1500 mg/L Tampão
1 KHPO, 1500 mg/L
/ NH,Cl 500 mg/L | Macronutriente
Na,S.7H,0 50 mg/L
FeCl,.6H,0 2000 mg/L
ZnCl, 50 mg/L
j CuCl,.4H,0 30 mg/L
, 2 MnCl,.2H,0 500 mg/L Micronutriente
(NHg)s.M0;0,,4H,0 50 mg/L
AICls ' 50 mg/L
CoCl,.6H,0 2000 mg/L
HCI (concentrado) tmL
Nota: No momento de zação das soluções, adicionar Iml. da solução 2 por litro da
solução 1, perfa-
zendo uma solução única que deverá ser adicionada ao frasco de reação.
'
Biogás
Frasco de
Reação
Proveta
Graduada
88
Exemplo 3.2
(20% de head-space);
Solução:
* Determinação do volume de lodo a ser adicionado em cada frasco, a fim
Reatores anaeróbios
no é máxima.
º Determinação do percentual de substrato convertido em metano:
bem como para avaliação e reprodução, na tela do vídeo, das curvas de evolução
- frasco 1: Vems = 75 mL
- frasco 2: Vens = 10 mL :
1 Frasco de controle
2 Frasco de reação
4 Controlador de
temperatura
6 Transdutor diferencial de
pressão
7 Válvulas solenóides
8 Recipiente de coleta de
biogás
9 Interface de controle
10 Microcomputador
92 Reatores anaeróbios
V = apl (3.1)
onde:
Embora o teste se constitua num instrumento bastante útil, seus resultados de-
vem ser utilizados ainda com reservas, uma vez que inexiste uma padronização in-
ternacionalmente aceita para o mesmo. Dessa forma, as diferentes metodologias e
condições de experimentação podem conduzir a resultados de AME também dife-
rentes, difíceis de serem comparados entre si. Nesse sentido, entende-se que os re-
sultados obtidos com o teste representam muito mais as atividades metanogênicas
específicas relativas, e não as absolutas. Todavia, ainda que os resultados sejam
rela-
tivos, para determinadas condições de teste, estes são muito importantes para o
acom-
panhamento e avaliação dos reatores anaeróbios.
BIBLIOGRAFIA
ANDERSON G.K., CAMPOS CM.M., CHERNICHARO C.A.L. & SMITH, L.C. (1991).
Evaluation of the inhibitory effects of lithium when used as tracer for anacrobic
digesters.
Water Research, 25, pp. 755-760.
CAMPOS C.M.M. & CHERNICHARO C.A.L (1990). The use of the SMA-test for measu-
ring toxicity in anaerobic sludge. In: Proc. IAWPRC International Seminar on
Industrial
Residuals Management, Salvador, Brasil, pp. 191-199.
Biomassa nos sistemas anaeróbios 93
COHEN A (1991). Effects of some industrial chemicals on methanogenic activity
measured
by sequential automated methanometry (SAM). In: Proc. VI International Symposium on
Anaerobic Digestion, São Paulo, Brasil, pp. 11-20.
CHERNICHARO C.A.L. & CAMPOS CM.M. (1990). A new methodology to evaluate the
behaviour of anaerobic sludge exposed to potentially inhibitory compounds. In:
Proc.
JAWPRC International Seminar on Industrial Residuais Management, Salvador, Brasil,
pp. 79-88.
CHERNICHARO C.A.L. & CAMPOS, C.M.M. (1991). O uso do respirômetro Warburg para
a avaliação da atividade metanogênica específica de lodos anaeróbios. In: Anais do
16º
Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Vol 2, Tomo I, pp. 272-
285.
CHERNICHARO, C.A.L., BORGES A.M., MESQUITA L.C.P. & DIASA.M.A. (1997). "De-
senvolvimento de um Respirômetro Automatizado para Avaliação da Atividade Microbi-
ana Anaeróbia. Revista Engenharia Sanitária, no prelo.
CHRISTENSEN D.R., GERICK J.A. & EBLEN J.E. (1984). Design and operation of an
upflow anaerobic sludge blanket reactor. J. Water Pollution Control Federation, 56,
pp.
1059-1062.
DOLFING J. & MULDER J.W. (1985). Comparison of methane production rate and coenzy-
me Fo content of methanogenic consortia in anacrobic granular sludge. Applied Envi-
rorynental Microbiology, 49, pp. 1142-1145,
GORRIS L.6., DE KOKT.M., KROON B.M., VAN DER DRIFT C. &VOGELS, G.D. (1988).
Relationship between methanogenic cofactor content and maximum specific methanoge-
nic activity of anaerobic granular sludges. Applied Environmental Microbiology, 54,
pp.
1126-1130.
GUIOT S.R., PAUSS A. & COSTERTON J.W. (1992). A structured model of the anaerobic
granule consortium. Water Science and Technology, 25, 7, pp. 1-10.
HAMODA M.F & VAN DEN BERG L. (1984). Effect of settling on performance of the
upflow anaerobic sludge bed reactors. Water Research, 18, pp. 1561-1567.
HULSHOFF POL L.W., DOLFING J.. VAN STRATE K., DEZEEUW W.J. & LETTINGA
G. (1984). Pelletization of anaerobic sludge in upflow anaerobic sludge bed
reactors on
sucrose-containing substrate. In: Proc. 3“ International Symposium on Microbial
Ecolo-
gy American Society of Microbiology. pp. 636-642.
JAMES A., CHERNICHARO CAL. & CAMPOS CM.M. (1990). The development of a
new methodology for the assessment of specific methanogenic activity. Water
Research,
24, pp. 813-825.
94 Reatores anaeróbios
LETTINGA G., VAN VELSEN A.RM, DE ZEEUW W. & HOBMA S.W. (1979). Feasibility
of the upflow anaerobic sludge blanket (UASB) process. In: Proc. Nat. Conf.
Environ-
mental Engineering, ASCE, pp. 35-45.
LETTINGA G., VAN VELSEN A.EM., HOBMA S.W., DE ZEEUW W. & KLAPWIJC
A.(1980). Use of upflow sludge blanket (USB) reactor concept for biological
wastewater
treatment, especially for anacrobic treatment. Biotechnology and Bioengineering,
22, pp.
699-734.
LETTINGA G.. ROERSMA R. & GRIN P (1983). Anaerobic treatment of raw domestic
sewage at ambient temperatures using a granular bed UASB reactor. Biotechnology and
Bicengineering, 25, pp. 1701-1723.
LEPTINGA G., HULSHOFF POL L.W., KOSTER I.W., WIEGANT W.M., DE ZEEUW
Wl., RINZEMA A.. GRIN PC., ROERSMA RE. & HOBMA S.W. (1984). High-rate
anaerobic waste-water treatment using the UASB reactor under a wide range of
tempera-
ture conditions. Biotechnology and Genetic Engineering Reviews, 2, pp. 253-284.
MONTEGGIA, L.O. (1991). The use of specific methanogenic activity for controlling
anae-
robic reactors. Ph.D. Thesis, University of Newcastle upon Tyne, UK.
STRONACH S.M., RUDD T. & LESTER J.N. (1986). Anaerobic Digestion Processes in
Industrial Wastewater Treatment, Springer-Verlag, Berlin.
UMBREIT W.W., BURRIS R.H. & STAYFFER, J.F. (1964). Manometric Techniques, 4%
edition, Burgess, Berks.
YOUNG J.€. & MCCARTY PL (1969). Anaerobic filter for waste treatment. J. Water
Pollu-
tion Control Federation, 41, R160-R173.