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UNIDADE II/AULA 4 – TEORIAS DEMOGRAFICAS

Em 1798, Malthus publicou uma obra “Ensaio sobre o princípio da população, no qual
desenvolveu uma teoria demográfica que se apoiava basicamente em dois
postulados:
1) Crescimento da população;
2) Produção de alimentos.

A população, se não ocorrerem guerras, epidemias, desastres naturais, etc.,


tenderia a duplicar a cada 25 anos. Ela cresceria, portanto, em progressão
geométrica (2, 4, 8, 16, 32...) e constituiria um factor variável, que cresceria sem
parar.

O crescimento da produção de alimentos ocorreria apenas em progressão


aritmética (2, 4, 6, 8, 10...) e possuiria certo limite de produção, por depender de
um fator fixo: a própria extensão territorial dos continentes.

Ao considerar esses dois postulados, Malthus concluiu que o ritmo de crescimento


populacional seria mais acelerado que o ritmo de crescimento da produção de
alimentos (progressão geométrica versus progressão aritmética). Previu também
que um dia as possibilidades de aumento da área cultivada estariam esgotadas, pois
todos os continentes estariam plenamente ocupados pela agropecuária e, no
entanto, a população mundial ainda continuaria crescendo.

Consequências da dinâmica demográfica malthusiana:

A consequência disso seria a fome, ou seja, a falta de alimentos para abastecer as


necessidades de consumo do planeta, e as mortes, doenças, guerras civis, disputas
por territórios, etc.

Proposta de Malthus:

Para evitar esse flagelo, Malthus, que além de economista era pastor da Igreja
Anglicana, na época contrária aos métodos anticoncepcionais, propunha que as
pessoas só tivessem filhos se possuíssem terras cultiváveis para poder alimenta-los,
ou seja, Malthus propôs uma “restrição moral” aos nascimentos, o que significaria:
proibir o casamento entre pessoas muito jovens; limitar o número de filhos entre as
populações mais pobres; elevar o preço das mercadorias e reduzir os salários, a fim
de pressionar os mais humildes a ter uma prole menos numerosa.

Falhas da teoria de Malthus:


Elaborado por: Rui Sicola UPQ-GADEC 1
UNIDADE II/AULA 4 – TEORIAS DEMOGRAFICAS
Hoje, verifica-se que suas previsões não se concretizaram: a população do planeta
não duplicou a cada 25 anos, e a produção de alimentos se acelerou graças ao
desenvolvimento tecnológico. Mesmo que se considere uma área fixa de cultivo, a
quantidade produzida aumentou, uma vez que a produtividade (quantidade
produzida por área; toneladas de arroz por hectare, por exemplo) também vem
aumentando ao longo das décadas.

Por que Malthus errou?

Essa teoria, quando foi elaborada, parecia muito consistente. Os erros de previsão
estão ligados principalmente às limitações da época para a coleta de dados, já que
Malthus tirou suas conclusões partindo da observação do comportamento
demográfico em uma determinada região, com população predominantemente rural,
e as considerou válidas para todo o planeta no transcorrer da história, sem
considerar os progressos técnicos advindos da natural evolução humana. Não previu
os efeitos decorrentes da urbanização na evolução demográfica e do progresso
tecnológico aplicado à agricultura.

Reflexões finais

Desde que Malthus apresentou sua teoria, são comuns os discursos que relacionam
de forma simplista a ocorrência da fome no planeta ao crescimento populacional. A
fome que castiga mais da metade da população mundial é resultado da má
distribuição da renda e não da carência na produção de alimentos. Nos primeiros
anos do século XXI, a produção agropecuária mundial era suficiente para alimentar
cerca de 9 biliões de pessoas, enquanto a população do planeta era pouco superior a
6 biliões.

Teoria Neomalthusiana
A visível e dura realidade da situação de miséria do mundo subdesenvolvido, bem
como a explosão demográfica do período pós Segunda guerra mundial acabaram
ressuscitando as ideias de Malthus.

Esse período, imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial, foi marcado pelo
surgimento de novos países independentes africanos e asiáticos e por grandes
conquistas na área da saúde, como a produção de antibióticos e de vacinas contra
uma série de doenças.

A diminuição da mortalidade e a manutenção das altas taxas de natalidade


resultaram num grande crescimento populacional, que atingiu seu apogeu na década
de 1960 e ficou conhecido como explosão demográfica.

Com a nova aceleração populacional, voltaram a surgir estudos baseados nas ideias
de Malthus, dando origem a um conjunto de teorias e propostas denominadas
neomalthusianas. Novamente, os teóricos explicavam o subdesenvolvimento e a
pobreza pelo crescimento populacional, que estaria provocando a elevação dos
gastos governamentais com os serviços de educação e saúde. Para os
neomalthusianos, uma população numerosa seria um obstáculo ao desenvolvimento
e levaria ao esgotamento dos recursos naturais, ao desemprego e à pobreza. Enfim,
ao caos social.

Eles se baseiam nos seguintes argumentos:

Elaborado por: Rui Sicola UPQ-GADEC 2


UNIDADE II/AULA 4 – TEORIAS DEMOGRAFICAS
• Atribuem ao Terceiro Mundo a culpa pelo crescimento populacional e pela
miséria;
• Concordam que a agricultura é capaz de produzir alimentos para todos;
• Não defendem a sujeição moral como solução.

Proposta de Neomalthusianos:

Contrariamente a Malthus que contraria os métodos anticoncepcionais, para evitar o


risco, propunham a adopção de políticas de controle de natalidade, que se
popularizaram com a denominação de “planeamento familiar”.

Falhas da teoria dos Neomalthusianos:

Não. Rejeitado pela grande maioria dos países, pela igreja católica, pelos marxistas e
outros por um lado, foram aceitos por outros como a Índia e o México, mas estes
não tiveram sucesso, o que obteve sucesso foi o Japão – pois possuía um grande
planeamento e óptimas condições financeiras.

Teoria Reformista (ou marxista)


Na mesma época em que foi criada a teoria neomalthusiana, representantes dos
países subdesenvolvidos elaboraram, em resposta, a teoria reformista (ou marxista),
que chega a uma conclusão inversa à das duas teorias demográficas anteriores.

As ideias básicas desta teoria são todas contrárias as de Malthus: sua principal
afirmação nega o princípio malthusiano sobre o qual é a superpopulação a causa da
pobreza, acredita ser o contrário, é a pobreza a geradora da superpopulação.
Segundo a teoria reformista, se não houvesse pobreza as pessoas teriam acesso a
educação, saúde, higiene, etc., isto naturalmente regularia o crescimento
populacional, portanto, é a falta destas condições que acarretam o crescimento
desenfreado da população.

A terceira teoria tem origem na Alemanha, seu criador, Karl Marx. Este faz uma
crítica tanto a Malthus quanto aos reformistas.

Ele se baseia nos seguintes argumentos:

De início

• não concorda com a ideia de ser o excesso populacional a causa dos


problemas sociais e
• aceita o raciocínio de que a pobreza é gerada pela má distribuição da renda.

O que é que defendem:

Assim, defendem a necessidade de reformas socio-económicas que permitam a


melhoria do padrão de vida da população mais pobre.

Reflexões finais

Elaborado por: Rui Sicola UPQ-GADEC 3


UNIDADE II/AULA 4 – TEORIAS DEMOGRAFICAS
A conclusão desta teoria vai no sentido de que os governos deveriam implementar
uma política de reformas em dois planos: primeiramente, incentivar os investimentos
em tecnologia que aplicada a produção resolveria definitivamente o problema da
sobrevivência humana; em segundo lugar, deveria promover uma política de
distribuição de rendas mais equitativa objectivando o acesso da maioria as riquezas
produzida pelo avanço tecnológico.

Falhas da teoria dos Neomalthusianos:

O que falta aos reformista é explicar o porque da existência desta má distribuição da


renda na sociedade, isto e, porque poucos tem muito e muitos possuem tão pouco
ou nada. Isto acontece por causa da existência da propriedade privada dos meios de
produção na sociedade. Meios de produção (industrias, minas e fazendas) são os
meios pelos quais se produzem os produtos que consumimos. A propriedade privada
significa que estes meios de produção estão nas mãos de donos particulares e o que
ai é produzido fica com estes proprietários.

Teoria da Transição Demográfica

Em oposição às teorias descritas anteriormente, para as quais o mundo vive um


processo de explosão demográfica, tem sido cada vez mais aceita a teoria da
transição demográfica. Segundo os defensores dessa teoria, formulada em 1929,
o crescimento populacional tende a se equilibrar no mundo, com a diminuição das
taxas de natalidade e mortalidade.

Esse processo se daria em três etapas distintas:

Primeira fase ou Pré-industrial, caracterizada pelo equilíbrio demográfico e


por baixos índices de crescimento vegetativo, apoiados em elevadas taxas de
natalidade e de mortalidade. Nascem muitos, mas morrem muitos. A elevada
mortalidade era decorrente principalmente das precárias condições higiênico-
sanitárias, das epidemias, das guerras, fome, etc.

Segunda fase ou transicional, que apresenta as seguintes modificações: num


primeiro momento, há redução da mortalidade com o fim das epidemias e os
avanços médicos (decorrentes da Revolução Industrial), porém a natalidade ainda
se mantém elevada, ocasionando um grande crescimento populacional; num
segundo momento, a natalidade começa a cair, reduzindo-se então o crescimento
populacional.

Terceira fase ou Evoluída, etapa em que a transição demográfica se completa,


com a retomada do equilíbrio demográfico, agora apoiado em baixas taxas de
natalidade e de mortalidade. Actualmente estão nessa fase os países desenvolvidos,
a maior parte dos quais
apresenta taxas de
crescimento inferiores a 1%
e até negativas. Países cujo
crescimento vegetativo se
encontra estagnado.

Fig. 1. Teoria da transição demográfica.

Elaborado por: Rui Sicola UPQ-GADEC 4


UNIDADE II/AULA 4 – TEORIAS DEMOGRAFICAS

Fonte. World Developmente Report, 1995

Elaborado por: Rui Sicola UPQ-GADEC 5

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