Martinelli Filho
Martinelli Filho
Martinelli Filho
adjacente
Orientador:
Prof. Dr. Rubens Mendes Lopes
São Paulo
2007
ii
Instituto Oceanográfico
Aprovada em 23/08/2007.
____________________________
Prof. Dr. Rubens Mendes Lopes
____________________________
Prof. Dr. Jean Louis Valentin
_____________________________
Prof. Dr. Fabiano Lopes Thompson
iii
AGRADECIMENTOS
Luizinho, Valter Miyagi, Sandrinha, Maria Pureza, Raimunda (dona Rai), Wagner e à
Marta Stephan (Martinha). Agradeço também a paciência das funcionárias da secretaria
de pós-graduação, Ana Paula e Silvana!
Agradeço em especial a Lourdes, por estar sempre disposta a ajudar, ser minha
fonte constante de cafeína e pelas aulas particulares sobre o Surfer (Suffer!!!) 8.0.
Lourdes, sem você teria sido mais difícil! Professor Mário Katsuragawa, agradeço
igualmente por estar sempre disposto a ajudar e acolher as pessoas em seu laboratório.
A todos os moradores, ex-moradores e agregados da república mais tradicional
do I.O., a famigerada Estação 69. República onde já nasceram 2 dissertações e uma tese
até o momento! Todos vocês auxiliaram (ou dificultaram) o andamento dessa obra!. Em
ordem alfabética: Ada, Adriana (Miss Lindóia), Bũrcio (King Kong), Caio Caciporé,
Careca, Coelho, Denis (Meio-quilo), Daniel Moita, Daniel Piu-piu, Dutsch, Enrique
(Oraporfavor), Ghandi, Hélvio, Hermínio, Juarez (Gavião Guloso), Lucas (Tião),
Marcos (Bebarrão de Caruaru), Maurolicus, Michael, Mônica, Nirtão, Olaf the Viking,
Robinho e Sueco.
Agradeço também a todos meus amigos que fiz nessa universidade, desde a Poli
(incluindo o Politreco) até a FFLCH. Não posso citar um a um, seria uma
irresponsabilidade perante ao meio ambiente pela quantidade de tinta e papel utilizados.
Um muito obrigado também aos amigos da pós: Paulinha, Frango, Keyi, Débora,
Gominha, Marquinho, Cintia Ancona e Cintia Quintana, André Bemloco, Carol di
Paolo, Fábio (Limão), Thais, Sebastian, Fabrício, Naty, Patrick e Ricardo.
A toda a minha família, por apoiar, de uma maneira ou outra, a minha escolha
pela biologia marinha. Aos meus pais José Eduardo e Anete Martinelli, avôs, irmão e
irmãs, tios e tias, primos e primas, por constituírem uma família unida e acolhedora.
Não poderia esquecer também meus amigos de Jundiaí: Gustavo, Rafael, Cássio, os
irmãos Gasparotto, irmãos Peroni, Flávia, Gaúcho, Noctilucas, Lilian, Tropeço e Pererê.
Agradeço por fim a família Carolino em especial a Kátia, por todo o amor,
carinho, incentivo e paciência durante esses anos de pós-graduação. Obrigado por
acreditar nesta e nas futuras conquistas por vir.
vii
ÍNDICE
ÍNDICE DE FIGURAS.................................................................................................. ix
ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................... xiii
RESUMO...................................................................................................................... xvi
ABSTRACT ................................................................................................................ xvii
1) INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
1.1) Víbrios no ambiente marinho: interações com fatores bióticos e abióticos......... 1
1.2) Estados metabólicos bacterianos: viabilidade, dormência e cultivo ..................... 6
1.3) Vibrio cholerae: identificação e genômica............................................................ 9
1.4) A Cólera e sua epidemiologia no mundo e no Brasil.......................................... 11
1.5) Finalidade da pesquisa de Vibrio cholerae associada ao zooplâncton e a escolha
da região de estudo. .................................................................................................... 14
2) OBJETIVOS............................................................................................................. 15
2.1) Objetivo principal................................................................................................ 15
2.2) Objetivos específicos........................................................................................... 15
3) CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .................................................. 16
4) MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 19
4.1) Seleção das estações de coleta ............................................................................ 19
4.2) Variáveis ambientais ........................................................................................... 22
4.2.1) Coleta de dados ambientais e zooplâncton................................................... 22
4.2.2) Aquisição e análise de dados........................................................................ 23
4.3) Determinação e enumeração dos táxons zooplanctônicos .................................. 23
4.4) Ensaio de imunofluorescência direta (DFA)....................................................... 24
4.5) DVC-DFA (Contagem direta de bactérias viáveis, associada ao ensaio de
imunofluorescência direta) ......................................................................................... 27
4.6) Tratamento numérico e estatístico dos dados...................................................... 28
4.6.1) Cálculo do volume de água filtrado ............................................................. 28
4.6.2) Cálculo da densidade de organismos zooplanctônicos e densidade relativa 28
4.6.3) Freqüência de ocorrência ............................................................................. 29
4.6.4) Diversidade e eqüitatividade do zooplâncton............................................... 29
4.6.5) Análise estatística......................................................................................... 30
5) RESULTADOS ........................................................................................................ 32
5.1) Variáveis ambientais ........................................................................................... 32
5.2) Análise do zooplâncton ....................................................................................... 36
5.2.1) Determinação dos táxons zooplanctônicos .................................................. 36
5.2.2) Freqüência relativa dos organismos zooplanctônicos .................................. 36
5.2.3) Densidade do zooplâncton ........................................................................... 44
5.2.4) Densidade total e relativa dos grupos mais representativos......................... 47
5.2.5) Holoplâncton x Meroplâncton...................................................................... 53
5.2.6) Perfil horizontal de distribuição da densidade zooplanctônica para a
plataforma............................................................................................................... 55
5.2.7) Índice de diversidade de Shannon e eqüitatividade ..................................... 57
5.3) Variabilidade dos fatores ambientais e bióticos por ambientes e grupos de
estações (ANOVA)..................................................................................................... 61
5.4) Análise de dissimilaridade .................................................................................. 62
5.5) Ensaio de imunofluorescência direta................................................................... 66
5.5.1) Distribuição dos sorogrupos O1 e O139 sobre a plataforma continental..... 68
5.5.2) Relação entre a detecção de Vibrio cholerae O1 e O139 e parâmetros
ambientais............................................................................................................... 69
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Variedade de fatores descritos que conferem virulência para Vibrio cholerae.
........................................................................................................................................ 10
Tabela 2: Freqüência de ocorrência dos organismos zooplanctônicos nas amostras para
ambos os ambientes (plataforma e estuário). * : Organismo subestimado, removido das
amostras no momento da coleta. **: Organismos que não foram identificados até o nível
representado para a plataforma; ***: Organismos não identificados até o nível
representado para o estuário. .......................................................................................... 36
Tabela 3: Síntese dos valores de p para as variáveis analisadas entre os diferentes
ambientes e agrupamento de amostras. S.D.: Sem dados. %: Densidade relativa. ........ 61
Tabela 4: Presença do sorogrupo O1 nas amostras de plâncton coletadas no complexo
estuarino Santos-Bertioga. -: amostra negativa, +: 5 a 9 campos contendo víbrios; ++:
10 a 15 campos; +++ acima de 15 campos. Vintes campos foram analisados por
amostra. S. D.: Sem dados.............................................................................................. 66
Tabela 5: Presença do sorogrupo O139 nas amostras de plâncton coletadas no complexo
estuarino Santos-Bertioga. Campos determinados como descrito para a Tabela 4. ....... 66
Tabela 6: Presença dos sorogrupos O1 e O139 nas amostras de plâncton coletadas
durante a campanha de inverno (setembro de 2005). Campos determinados como
descrito para a tabela 4. .................................................................................................. 67
Tabela 7: Presença dos sorogrupos O1 e O139 nas amostras de plâncton coletadas
durante a campanha de verão (março de 2006). Campos determinados como descrito
para a Tabela 4................................................................................................................ 67
Tabela 8: Valores de probabilidade (p) dos testes t de Student e Mann-Whitney entre
variáveis bióticas e abióticas em relação à detecção de Vibrio cholerae. O1. E: Estuário;
P: Plataforma; I: Campanha de inverno; V: Campanha verão....................................... 70
Tabela 9: Valores de probabilidade (p) dos testes t de Student e Mann-Whitney entre
variáveis bióticas e abióticas em relação à detecção de Vibrio cholerae. O139. ........... 70
Tabela 10: Valores de probabilidade (p) dos testes t de Student para a temperatura e
salinidade em diversas profundidades, em relação à detecção de Vibrio cholerae.O1 e
O139. .............................................................................................................................. 70
Tabela 11: Táxons testados, número de testes e resultados positivos obtidos através do
DFA. ............................................................................................................................... 75
Tabela 14: Resultados obtidos durante os três meses de coleta, utilizando o método
DVC-DFA. RC__: cepas utilizadas como controle (detalhes em materiais e métodos). 77
Tabela 15: Detecção (%) de Vibrio cholerae. O1 e O139 sobre o plâncton estuarino e
costeiro em diversas amostragens ambientais. + : Os autores não forneceram dados
quantitativos; S.D. : Ausência de dados. ........................................................................ 89
Tabela 9.1.1: Valores médios de temperatura, seguidos pelos respectivos desvios-
padrão, para as estações analisadas no complexo estuarino de Santos-Bertioga. ........ 120
Tabela 9.1.2: Valores de temperatura (média e desvio padrão) para ambas as campanhas
na plataforma adjacente. ............................................................................................... 120
Tabela 9.3.1: Valores médios de salinidade, seguidos pelos respectivos desvios-padrão,
para as estações analisadas no complexo estuarino de Santos-Bertioga. ..................... 123
Tabela 9.3.2.: Valores de salinidade (média e desvio padrão) para ambas as campanhas
na plataforma adjacente. ............................................................................................... 123
Tabela 9.5.1: Densidade de organismos por metro cúbico dos táxons mais abundantes
durante o mês de julho para o complexo estuarino Santos-Bertioga............................ 126
Tabela 9.5.2: Densidade (org. m-3) dos táxons mais abundantes durante o mês de agosto
para o complexo estuarino Santos-Bertioga. ................................................................ 126
xiv
Tabela 9.5.3: Densidade (org. m-3) dos táxons mais abundantes durante o mês de
outubro para o complexo estuarino Santos-Bertioga.................................................... 126
Tabela 9.5.4: Densidade (org. m-3) dos táxons mais abundantes durante o mês de
novembro para o complexo estuarino Santos-Bertioga................................................ 127
Tabela 9.5.5: Densidade (org. m-3) dos táxons mais abundantes durante o mês de
dezembro para o complexo estuarino Santos-Bertioga. ............................................... 127
Tabela 9.5.6: Densidade (org. m-3) dos táxons mais abundantes durante o inverno de
2005 na plataforma adjacente. ...................................................................................... 128
Tabela 9.5.7: Densidade (org. m-3)dos táxons mais abundantes durante o verão de 2006
na plataforma adjacente. ............................................................................................... 128
Tabela 9.6.1: Índice de diversidade de Shannon (bits . ind.-1) e eqüitatividade,
calculados por estação para o complexo estuarino de Santos-Bertioga. H: Índice de
Shannon; J: Eqüitatividade; 7: Julho; 8: Agosto; 10: Outubro; 11: Novembro; 12:
Dezembro. O cálculo considera todos os táxons analisados. ....................................... 129
Tabela 9.6.2: Índice de diversidade de Shannon e eqüitatividade para as estações
amostradas durante a campanha de Inverno. H: Índice de diversidade; J: Eqüitatividade;
C: grupo Copepoda; T: todos os táxons analisados...................................................... 129
Tabela 9.6.3: Índice de diversidade de Shannon e eqüitatividade para as estações
amostradas durante a coleta de Verão. H: Índice de diversidade; J: Eqüitatividade; C:
grupo Copepoda; T: todos os táxons analisados........................................................... 130
Tabela 9.7.1: Coordenadas geográficas das estações de coleta sobre o complexo
estuarino de Santos-Bertioga. ....................................................................................... 130
Tabela 9.7.2: Coordenadas geográficas das estações de coleta sobre a plataforma
continental adjacente à Baixada Santista. I: estação amostrada durante o inverno; V:
estação amostrada durante o verão e I + V: estação amostrada durante ambas as
campanhas. ................................................................................................................... 131
Tabela 9.8.1.1: Informações sobre a coleta realizada durante o mês de julho de 2005.131
Tabela 9.8.1.2: Informações sobre a coleta realizada durante o mês de agosto de 2005.
...................................................................................................................................... 132
Tabela 9.8.1.3: Informações sobre a coleta realizada durante o mês de outubro de 2005.
...................................................................................................................................... 132
Tabela 9.8.1.4: Informações sobre a coleta realizada durante o mês de novembro de
2005. ............................................................................................................................. 132
Tabela 9.8.1.5: Informações sobre a coleta realizada durante o mês de dezembro de
2005. ............................................................................................................................. 133
Tabela 9.8.2.1: Dados referentes à campanha de inverno, durante o mês setembro de
2005. ............................................................................................................................. 133
Tabela 9.8.2.2: Dados referentes à campanha de verão, durante o mês de março de 2006.
...................................................................................................................................... 134
xv
µL – Microlitro
µm – Micrômetro
°C – Graus Celsius
CTX – Cholera toxin factor (conjunto de genes que conferem virulência e que
transcreve a toxina colérica)
LPS – Lipopolissacarídeo
m² – Metro quadrado
mL – mililitro
RTX – Repeat in toxin (conjunto de genes que conferem virulência em Vibrio cholerae)
VNC – Estado viável mas não cultivável (do inglês VBNC: viable but non culturable)
RESUMO
ABSTRACT
Vibrio cholerae is an autochthonous bacterium in the sea and may cause serious
health problems when pathogenic strains are accidentally ingested. V. cholerae are
found associated with copepods in concentrations up to a thousand times higher than the
free bacteria in the water. If ingested, a single copepod may have enough bacteria
necessary for human infection. The objective of this study was to verify the presence
and distribution of Vibrio cholerae O1 and O139 serogroups over Santos-Bertioga
estuarine complex and adjacent continental shelf in association with zooplankton and
over its distinct taxa. Zooplankton (>330 µm) sampling was carried out and detection of
V. cholerae O1 and O139 assessed in whole samples and on most abundant taxa by the
DFA and DVC-DFA (Direct Viable Count and Direct Fluorescence Assay) methods.
Briefly, formalin-fixed samples were grinded and preserved in a sterilized buffer
solution previously to the experiments. Live animals were selected, washed and grinded
and an aliquot transferred to culture media for the DVC-DFA assay. Presence of these
bacteria on zooplankton was correlated with physical and biological parameters of the
seawater. Serogroup O1 was found on 88% while O139 on 77% of the samples from
Santos-Bertioga estuarine complex, values higher than the ones found in other estuaries
in global literature. For the adjacent shelf, detection was smaller due to higher salinity.
43 taxa, belonging from 9 phyla were individually tested. Inedited data from the
association of V. cholerae and chaetognaths, Urochordata, larval stages of Polychaeta,
Echinodermata, and fish eggs were documented. This study suggests the existence of an
inshore-offshore gradient in V. cholerae attached to zooplankton from coastal waters
and the high ability of V. cholerae O1 and O139 to adhere on diverse marine
zooplanktonic taxa.
1) INTRODUÇÃO
tornam-se mais abundantes nos animais mortos. A associação do gênero Vibrio com
diversos substratos vivos como fito- e zooplâncton, macroalgas e zoobentos, além de
fungos é conhecida e bem documentada (Bartlet & Azam, 2005; entre outros). Tamplin
et al. (1990) encontraram bactérias do sorogrupo O1 aderidas a vários organismos do
plâncton em Bangladesh, como em copépodes (Acartia spp., Cyclops sp e Diaptomus
sp), cladóceros (Bosmina sp, Daphnia sp, entre outros), o rotífero Brachionus sp, a
clorófita Volvox sp e outras espécies fitoplanctônicas como Pediastrum simplex,
Spirulina sp e cianobactérias unicelulares. A aderência de Vibrio cholerae às
fanerógamas aquáticas, algas e diatomáceas (as quais contém quitina em suas testas)
também são documentadas (Islam, et al. 1989, 1996).
Outro importante reservatório seriam os biofilmes, formados numa infinidade de
superfícies. Substratos quitinosos são locais ideais para o desenvolvimento de biofilmes
de Vibrio cholerae, o que foi demonstrado com copépodes e cladóceros em laboratório
(Huq et al., 1990; Chiavelli et al., 2001 e Kirn et al., 2005). O sistema bentônico
funcionaria como reservatório da bactéria, devido também a presença de biofilmes
quitinosos. Vários trabalhos registrando diversas espécies de víbrios na fauna bentônica,
especialmente em bivalves filtradores, também foram publicados (e.g. Barboni, 2003).
Reservatórios naturais distintos foram descritos também para ambientes
límnicos. A detecção de Vibrio cholerae não-O1, não-O139 em ovos de insetos da
família Chironomidae (Halpern et al., 2004) e de V. cholerae O139 e outros sorogrupos
em amebas das espécies Acanthamoeba polyphaga e Naegeria gruberi (Thom et al.,
1992; Abd et al., 2005) são os exemplos mais recentes.
Todas as espécies de Vibrio produzem uma quitinase extracelular e também se
sabe que várias apresentam certa especificidade em aderir aos copépodes ao invés de
outros grupos de animais planctônicos, favorecendo a sobrevivência e multiplicação
dessas bactérias. Huq et al. (1990) notaram que a colonização de V. cholerae foi maior
nos copépodes do que em cladóceros e rotíferos. Em amostras onde os copépodes não
eram dominantes os outros grupos eram colonizados mais extensivamente. Kaneko &
Colwell (1975) estudaram a fixação de V. parahaemolyticus em quitina particulada. A
concentração inicial de bactérias dissolvidas na água foi de 107 a 108 e esses valores
caíram para 104 a 105 bactérias/mL após 6 horas numa cultura de água estuarina
contendo quitina particulada. Vibrio parahaemolyticus associa-se às partículas ao invés
de permanecer livre na coluna da água.
3
As células que não podiam ser cultivadas eram geralmente tidas como mortas,
porém técnicas de microscopia de imunofluorescência revelaram que células no estado
VNC continuam viáveis por meses e até anos (Mai et al. 1990).
Bactérias geralmente são encontradas no estado VNC quando associadas a
organismos vivos do zooplâncton. Signoretto et al. (2005) demonstraram que a adesão
de Enteroccocus faecalis em copépodes acelera a entrada das células no estado não
cultivável. Bactérias nesse estado ainda podem ser detectadas por métodos de
imunofluorescência, pois as estruturas celulares responsáveis pela adesão são mantidas
(lipopolissacarídeos, proteínas e outras moléculas na parede celular) (Chaiyanan et al.,
2001; Chaiyanan, 2002). Por outro lado, Huq et al. (1983) sugeriram que Vibrio
cholerae mantém a viabilidade e é capaz de se multiplicar na superfície de copépodes.
A viabilidade de Vibrio cholerae depende também de fatores bióticos como o
antagonismo. Uma diversidade de bactérias isoladas de partículas pelágicas apresentou
freqüência de inibição de V. cholerae mais alta do que bactérias livres isoladas da água
do mar (Long, et al.; 2005). Existe ainda um relaxamento da atividade inibitória com o
aumento da temperatura da água (de 20 a 30ºC), favorecendo a colonização de
partículas por V. cholerae nos períodos mais quentes.
Tentativas de correlacionar variáveis ambientais e biológicas com a presença de
Vibrio cholerae e suas influências na passagem da bactéria do estado viável cultivável
para o não cultivável têm sido publicadas (Xu et al., 1982; Miller et al. 1984; Ravel et
al. 1995; Gauthier, 2000; Louis et al. 2003; Long et al., 2005; Huq et al. 2005; Alam et
al., 2006 a e b; Gonzáles-Escalona et al., 2006).
A Figura 1 sintetiza os vários parâmetros bióticos e abióticos que influenciam a
passagem do estado viável não cultivável (VNC) para o viável cultivável (VC) e vice-
versa.
8
VC VNC
Radiação
Salinidade
pH
Temperatura
Antagonismo bacteriano
[Plâncton]
[Nutrientes]
Quitina
Epitélio
Intestinal
A
bactéria geralmente se apresenta no estado VNC quando associada à superfície externa
de crustáceos planctônicos, mas passa para o estado viável no intestino humano
(Colwell et al., 1996). Esse fato, associado às mais altas concentrações de víbrios nos
copépodes do que na coluna de água, faz com que a ingestão acidental desses
microcrustáceos seja provavelmente responsável pela manifestação da cólera. Huq &
Colwell (1996) sugeriram fortemente que a ingestão de copépodes presentes em corpos
de água doce de Bangladesh é responsável por desencadear surtos ou epidemias de
cólera naquela região. A hipótese é reforçada, pois a partir da utilização do sari (tecido
comum na Índia e países vizinhos) para filtração da água de uso doméstico visando a
remoção de grande parte do plâncton, diminuiu a incidência dos casos de cólera (Huq et
al., 1996).
A descoberta de uma proteína mediadora da associação da bactéria, a qual se liga
a um açúcar presente tanto em células epiteliais do zooplâncton quanto do intestino
humano reforça a hipótese da ingestão de zooplâncton como causa do surgimento de
epidemias (Kirn et al., 2005).
9
A Índia é a região onde a cólera tem sido endêmica por vários séculos, até sua
disseminação a partir de 1817, durante a primeira pandemia da doença. Em 1961,
iniciou-se a sétima pandemia, a partir da Indonésia e se espalhando para os continentes
asiáticos, africano, europeu e americano. Essa epidemia de cólera atingiu a América do
Sul apenas em 1991 pelo Peru mas rapidamente se disseminou para a maioria dos países
do subcontinente (Tauxe et al. 1994).
As atuais áreas de endemismo da cólera são o subcontinente indiano e vários
países da África e América latina (Colwell, 1996; PAHO, 2004). A incidência da cólera
é maior nos países em desenvolvimento devido a falta de saneamento básico e
temperatura da água mais elevada, favorecendo o crescimento das populações de
víbrios.
No Brasil, a cólera já esteve presente desde as primeiras pandemias, como a
terceira em 1853, a quarta em 1866 e a quinta em 1868 (Tauxe et al. 1994), sendo que a
sétima ocorreu a partir de 1991. A sexta pandemia, entre 1899 e 1923, não atingiu o
continente americano (PAHO, 1991). No Estado de São Paulo surgiram os primeiros
casos autóctones de cólera em 1993 (CETESB, 1997). Embora sejam poucas as vítimas
levadas a óbito nas regiões sul e sudeste, um foco da doença surgiu em Paranaguá (PR)
no ano de 1999, resultando em 466 ocorrências e 3 óbitos (Passos, 1999). Casos mais
antigos também foram documentados, como a incidência de um surto em Teixeira de
Freitas em 1974 no sul da Bahia (Hofer, 1987).
O continente americano apresentou cerca de 1,2 milhões de casos de cólera de
1991 a 2004 durante a sétima pandemia e aproximadamente 12 mil mortes (OPAS,
2007), fato que demonstra o risco de mortalidade durante surtos epidêmicos.
Em 1993 foi sugerido o início da suposta oitava pandemia de cólera, através do
isolamento de um novo sorogrupo, denominado O139 ou “Bengal”. A bactéria isolada
inicialmente na baía de Bengal provocou uma epidemia de cólera na Índia e Bangladesh
(Ramamurthy et al., 1993; Swerdlow & Ries, 1993). Sack et al. (2004) descartaram a
hipótese de uma nova pandemia, visto que a cólera estava restrita a uma região,
comportando-se como uma epidemia.
McCarthy & Kambathy (1994) verificaram que a água de lastro é um importante
vetor na disseminação de sorogrupos toxigênicos e endêmicos de Vibrio cholerae. O
sorogrupo O1 foi detectado em navios atracados no porto de Mobile, Alabama (E.U.A.)
e a água de lastro coletada procedeu de países como Brasil, Colômbia, Chile e Porto
Rico. Cepas endêmicas da América Latina foram identificadas nessas amostras.
13
2) OBJETIVOS
Figura 2: A Baixada Santista. A imagem foi obtida através da composição de fotos de satélite
(Landsat), obtidas no site da EMBRAPA e evidencia a aglomeração de núcleos urbanos em
torno da baía e canal de Santos.
4) MATERIAL E MÉTODOS
Rio Ipapanhaú
12 -23.9 S
I. de São Vicente
Ilha de Sto Amaro
Santos 6
2 4 5
-24.0
1 3
-24.1
23.5º S
INVERNO
São Sebastião
Bertioga
Santos
17
30 m
18
Praia Grande 24º
11 16
Peruíbe 10
3 9 12
8
1
7 15
14
4
6 24.5º
5
25º
47º W 46.5º 46º 45.5º
VERÃO
Santos
Bertioga
30 m
25º
19
indivíduos de cada táxon dominante foi contado, totalizando no mínimo 300 animais.
Esse valor, estipulado por Frontier (1981), reduz a introdução de erros devido ao
tamanho da subamostra, delimitando um número mínimo de organismos que deve ser
contado para que o erro devido ao fracionamento da amostra não seja significativo.
Foram utilizados um estereomicroscópio (Olympus, modelo SD-ILK) para
realização da triagem e identificação, além de um microscópio (Olympus, modelo BX-
50) para auxiliar a identificação dos organismos. A determinação das espécies e grupos
taxonômicos do zooplâncton foi feita com base em literatura pertinente (Williamson,
1957; Boltovskoy, 1981, 1999; Huys et al., 1996; Boxshall & Halsey, 2004). Os
copépodes e cladóceros foram identificados ao nível de espécie ou gênero, enquanto que
os outros grupos geralmente foram identificados em categorias taxonômicas superiores
(e.g. Família, Ordem).
Foram analisadas as amostras das campanhas estuarinas, dos meses de julho,
agosto, outubro, novembro e dezembro (quantitativas), além das amostras coletadas na
plataforma continental, durante o inverno de 2005 e o verão de 2006.
A técnica foi utilizada como a descrita inicialmente por Brayton & Colwell
(1987) e, posteriormente, por Chowdhury et al. (1995) e Binsztein et al. (2004), com
pequenas modificações. O método consiste na utilização do ácido nalidíxico, um
inibidor da enzima DNA girase. O bloqueio dessa enzima impede a divisão celular, o
que torna as células alongadas, devido ao crescimento, quando as mesmas se encontram
viáveis e cultiváveis num meio de cultura.
O material coletado durante o verão de 2007 (janeiro, fevereiro e março) foi
triado ainda vivo sob estereomicroscópio. Foram selecionados indivíduos saudáveis,
que exibiam atividade natatória, livres de epibiontes visíveis ao estereomicroscópio e
íntegros. Cerca de 30 a 50 espécimes dos táxons dominantes foram lavados em solução
PBS 1% e macerados com um bastão de vidro previamente esterilizado em tubos de
ensaio contendo 2 ml da mesma solução. Do macerado, um mililitro foi adicionado a
um tubo de ensaio contendo 2 ml de um meio de cultura de extrato de levedura (Difco),
atingindo uma concentração final de 0,025% do extrato de levedura e de 0,002% de
ácido nalidíxico (Sigma).
Os tubos foram incubados à temperatura ambiente, durante cerca de 12 a 14
horas após a adição do macerado. Após esse período, os tubos foram homogeneizados e
uma alíquota de 15 µL foi utilizada para a confecção das lâminas. Duas cepas de Vibrio
cholerae O1 e duas de O139 foram previamente semeadas em meio APA (Água
Peptonada Alcalina) líquido, durante 24 horas, para serem utilizadas como controles
positivos. As cepas de referência RC 46 e RC 107 foram provenientes de amostras
clínicas do sorogrupo O 139, coletadas na Índia em 1993. Já as cepas RC 223 e RC 231
foram isoladas de esgoto em Bangladesh e pertencem ao sorogrupo O1. As cepas foram
cedidas pelo laboratório de Microbiologia Ambiental, do instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade de São Paulo.
28
onde o Valor fluxômetro corresponde à diferença entre o valor final e inicial de rotações
dada pelo instrumento acoplado a rede, A representa a área da boca da rede e C o fator
de calibração do fluxômetro utilizado. A área da boca da rede bongô equivale a 0,2729
m² e o fator de calibração do fluxômetro utilizado para todas as coletas foi igual a
0,25325.
Para cada amostra de zooplâncton, foi subamostrada uma fração contendo acima
de 300 indivíduos. Cada subdivisão da amostra original introduz erros, pois a divisão
nunca é perfeita e a probabilidade de uma espécie rara ser contada numa fração é
sempre menor. Para reduzir a introdução de erros dessa natureza os táxons que
apresentaram menos de 10 indivíduos foram contados novamente numa fração maior de
amostra, para evitar que fossem estimados erroneamente (Frontier, 1981). A densidade
dos organismos (Do) foi calculada multiplicando o número de indivíduos contados (N)
pela fração da amostra analisada (fr) e posteriormente dividindo o valor pelo volume
filtrado (V).
Do = N x fr x V-1
Dr = Do x Dt-1 x 100
Fo = To x Ta-1 x 100
H = Σ pi x log2pi
5) RESULTADOS
Temperatura
Temperatura (°C)
23,5
23,0
22,5
22,0
21,5
21,0
20,5
20,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Baia Canal Bertioga
Estações
Temperatura (°C)
21,0
20,5
20,0
19,5
19,0
1 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 14 15 16 17 18
Estações
Temperatura (°C)
29
27
25
23
21
19
17
15
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 19
Estações
Salinidade
Salinidade
35
30
25
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Baia Canal Bertioga
Estações
Figura 11: Valores médios de salinidade, seguidos pelos respectivos desvios
padrão, para as estações analisadas no complexo estuarino de Santos-Bertioga.
sendo que a média para a primeira foi de 35,18 ± 0,42, enquanto que para a segunda foi
de 32,23 ± 0,34.
Salinidade
35,0
34,5
34,0
33,5
33,0
32,5
32,0
31,5
31,0
1 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 14 15 16 17 18
Estações
Salinidade
36,5
36,0
35,5
35,0
34,5
34,0
33,5
33,0
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 19
Estações
Tabela 2: Continuação.
Grupo zoológico Plataforma Estuário
Filo Platyhelmintes
Classe Turbellaria
Ordem Polycladida
não identificados 6% 4%
Filo Annelida
Classe Polychaeta
larvas da família Spionidae 19% ***
larvas não identificadas 90% 88%
Adultos Não Identificados 16% 8%
Filo Mollusca
Classe Gastropoda
véliger 90% 54%
Família Cavoliniidae 81% 0
Superfamília Heteropoda
Pterotrachea sp Förskal, 1775 3% 0
Classe Bivalvia
véliger 77% 60%
Classe Cephalopoda
paralarva 3% 4%
Filo Arthropoda
Classe Chelicerata
Ordem Acari
Ácaros 0 6%
Subfilo Hexapoda
Ordem Hemiptera
Subfamília Halobatinae Bianchi, 1896 0 4%
Subfilo Crustacea
Superordem Peracarida
Ordem Amphipoda
Subordem Hipperidea 81% 18%
Subordem Gammaridea 42% 70%
Subordem Caprellidea 0% 24%
Ordem Isopoda
Família Munidae Sars, 1899 6% 40%
Superfamília Epicaridea Latreille, 1831 0 48%
Ordem Mysidacea 42% 52%
Ordem Cumacea 10% 18%
Classe Malacostraca
Ordem Stomatopoda
antizoea 16% 8%
Ordem Euphausiacea
juvenis 6% 2%
Ordem Decapoda
larvas N. I. 55% 46%
Subordem Dendrobranchiata
Penaeoidea juvenis 16% 42%
Caridea juvenis 71% 98%
Periclimenes paivai Chace, 1969 6%
Sergestoidea juvenis 65% 42%
Lucifer faxoni Borradaile, 1915 71% 30%
L. faxoni juvenis 81% 40%
38
Tabela 2: Continuação
Grupo zoológico Plataforma Estuário
Subordem Pleocyemata
Infraordem Brachyura
Zoea 90% 100%
Megalopa 16% 66%
Infraordem Anomura
Porcelanidae Zoea 10% 84%
Paguroidea megalopa 6% 12%
Infraordem Thalassinidea
Zoeas 39% 70%
Classe Branchiopoda
Ordem Ctenopoda
Família Sididae Baird, 1850
Penilia avirostris (Dana, 1852) 94% 66%
Ordem Onychopoda
Família Podonidae Mordukhai-Boltovskoi, 1968
Pseudevadne tergestina (Claus, 1877) 100% 32%
Evadne spinifera (Muller, 1867) 10% 4%
Pleopis schmackeri (Poppe, 1889) 55% 12%
Classe Maxillopoda
Subclasse Copepoda
Ordem Calanoida
Copepoda náuplios 32% 32%
Copepoditos N. I. 3% 0
Família Calanidae (Dana, 1849)
Juvenis 23% 4%
Calanoides carinatus (Kröyer, 1849) 19% 2%
Nannocalanus minor (Claus, 1863) 65% 4%
Neocalanus gracilis (Dana, 1849) 3% 0
Undinula vulgaris (Dana, 1849) 10% 0
Família Paracalanidae Giesbrecht, 1892
Paracalanus spp. Boeck, 1865 94% 92%
Parvocalanus crassirostris Andronov, 1970 13% 40%
Família Calocalanidae (Bernard, 1958)
Acrocalanus sp Giesbrecht, 1888 26% 0
Calocalanus sp Giesbrecht, 1888 10% 0
Família Mecynoceridae Andronov, 1973
Mecynocera clausi Thompson, 1888 3% 0
Família Eucalanidae Giesbrecht, 1892
Subeucalanus pileatus (Giesbrecht, 1888) 90% 72%
S. pileatus juvenis 97% 84%
Paraeucalanus sewelli (Fleminger, 1973) 26% 6%
Família Rhincalanidae Geletin, 1976
Rhincalanus sp Dana, 1853 13% 0
Família Clausocalanidae Giesbrecht, 1892
Clausocalanus furcatus (Brady, 1883) 77% 10%
Ctenocalanus sp (Giesbrecht, 1888) 84% 20%
Família Aetideidae Giesbrecht, 1892
Aetidus acutus Farran, 1929 3% 0
Família Euchaetidae Giesbrecht, 1892
Euchaeta marina (Prestandrea, 1883) 23% 0
E. marina juvenis 45% 4%
39
Tabela 2: Continuação
Grupo zoológico Plataforma Estuário
Família Phaennidae Sars, 1902
Phaenna spinifera Claus, 1863 3% 0
Família Scolecitrichidae (Giesbrecht, 1892)
Scolecithrix danae (Lubbock, 1856) 10% 0
Família Augaptilidae Sars, 1905
Haloptilus sp Giesbrecht & Schmeil, 1898 3% 0
Família Heterorhabddidae Sars, 1902
Heterorhabdus sp Giesbrecht & Schmeil, 1898 3% 0
Família Metridinidae (Sars, 1902)
Pleuromamma sp juvenis Giesbrecht & Schmeil, 1898 3% 2%
Família Centropagidae Giesbrecht, 1892
Centropages velificatus de Oliveira, 1946 90% 66%
C. velificatus juvenis 39% 54%
Família Pseudodiaptomidae Sars, 1902
Pseudodiaptomus acutus (F. Dahl, 1894) 3% 84%
P. acutus juvenis 0 68%
P. richardi (F. Dahl, 1894) 0 14%
Família Temoridae Giesbrecht, 189)
Temora stylifera adultos (Dana, 1849) 100% 44%
T. stylifera juvenis 100% 42%
T. turbinata (Dana, 1849) 94% 98%
T. turbinata juvenis 90% 100%
Família Candaciidae Giesbrecht, 1892
Juvenis 16% 4%
Candacia pachydactyla (Dana, 1849) 13% 0
Família Pontellidae Dana, 1853
Labidocera fluviatilis F. Dahl, 1894 29% 58%
L. fluviatilis Juvenis 26% 76%
Pontella marplatensis (Ramírez, 1966) 3% 6%
P. marplatensis juvenis 0 8%
Calanopia americana F. Dahl, 1894 71% 10%
Pontellopsis brevis (Giesbrecht, 1889) 26% 4%
Pontellopsis villosa (Brady, 1883) 10% 2%
Família Acartidae Sars, 1903
Acartia danae Giesbrecht, 1889 23% 0
A. lilljeborgi Giesbrecht, 1889 55% 98%
A. lillijeborgi juvenis 10% 96%
A. tonsa Dana, 1849 0 100%
Ordem Harpacticoida Sars, 1903
Família Miraciidae Dana, 1846
Macrosetella gracilis (Dana, 1848) 13% 0
Família Euterpinidae Brian, 1921
Euterpina acutifrons (Dana, 1852) 10% 22%
Família Clytemnestridae Scott, 1909
Clytemnestra scutellata Dana, 1848 6% 0
Ordem Cyclopoida Burmeister, 1834
Família Oithonidae Dana, 1853
Oithona plumifera Baird, 1843 97% 60%
O. plumifera juvenis 19% 6%
Oithona spp. Baird, 1843 3% 20%
O. oswaldocruzi (Oliveira, 1945) 0 22%
O. hebes (Giesbrecht, 1891) 0 40%
40
Tabela 2: Continuação
Grupo zoológico Plataforma Estuário
Família Oncaeidae Giesbrecht, 1892
Oncaea venusta Philippi, 1843 84% 4%
O. mediterranea (Claus, 1863) 6% 0
Oncaea spp. Philippi, 1843 26% 2%
Triconia conifera (Giesbrecht, 1891) 29% 0
Família Corycaeidae (Dana, 1852)
Corycaeus speciosus (Dana, 1842) 65% 4%
Onychocorycaeus giesbrechti F. Dahl, 1894 97% 34%
Ditrichocorycaeus amazonicus F. Dahl, 1894 13% 18%
Corycaeus spp. Dana, 1846 16% 6%
Juvenis 13% **
Farranula gracilis (Dana, 1853) 3% 0
Família Sapphirinidae Thorell, 1859
Sapphirina sp Thompson, 1829 23% 0
Copilia miriabilis Dana, 1849 45% 0
Copilia quadrata (Dana, 1842) 6% 0
Família Clausidiidae Emblenton, 1901
Hemicyclops thalassius Vervoot & Ramirez, 1966 0 10%
Ordem Siphonostomatoida
Família Caligidae Burmeister, 1835 0 14%
Família Ergasilidae von Nordmann, 1832 0 2%
Ordem Monstriloida
Não Identificado 6% 6%
Subclasse Ostracoda
Ostrácodes 77% 14%
Infraclasse Cirripedia
náuplios 26% 90%
larva cypris 0 14%
Filo Echinodermata
larvas pluteus 39% 24%
Classe Asteroidea
larvas Bipinaria 16% 4%
Filo Chaetognatha
Família Sagittidae Claus & Grobben, 1905
Parasagitta spp. (Quoy & Gaimard, 1827) 97% 2%
P. tenuis (Conant, 1896) ** 94%
P. friderici (Ritter-Záhony, 1911) ** 18%
Flaccisagitta. enflata (Grassi, 1881) 97% 28%
Filo Ectoprocta
larvas cyphonauta 23% 30%
"Filo Hemichordata"
Classe Enteropneusta
larvas 13% 2%
Subfilo Urochordata
Classe Appendicularia
Família Oikopleuridae Lohmann, 1915
Oikopleura dioica Fol, 1827 94% 20%
Oikopleura longicauda (Vogt, 1854) 42% 4%
Oikopleura sp Mertens, 1831 19% 2%
Família Fritillaridae Seeliger, 1895
Fritillaria spp. Quoy & Gaimard, 1827 45% 0
41
Tabela 2: Continuação
Grupo zoológico Plataforma Estuário
Classe Thaliacea
Ordem Salpida
Thalia democratica (Förskal, 1775) 81% 12%
Ordem Doliolida 74% 6%
Classe Ascidiacea
larvas 0 12%
Subfilo Vertebrata
Classe Teleostei
larvas 58% 80%
Ovos 68% 66%
42
Calanoida
Brachyura
Decapoda: outros
Muito freqüente
Chaetognata
Cirripedia
Cyclopoida
Polychaeta
Anomura
Apendicularia
Pisces larvas
Noctiluca sp
Amphipoda
Cladocera
Hidromedusae
Pisces Ovos
Freqüente
Isopoda
Classe Bivalvia
Classe Gastropoda
Mysidacea
Poecilostomatoida
Ectoprocta (larvas)
Echinodermata
Pouco freqüente
Harpacticoida
Urochordata
Cumacea
Ctenophora
Ostracoda
Siphonostomatoida
Ascidiacea (larvas)
Phoronida (larvas)
Stomatopoda (larvas)
Esporádico
foraminíferos
Monstriloida
Acari
Siphonophora
Hemiptera
Cephalopoda
Turbellaria
Hemichordata
Euphausiacea
Scyphomedusae
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Frequência de Ocorrência
Chaetognata
Poecilostomatoida
Cyclopoida
Calanoida
Cladocera
Siphonophora
Urochordata
Muito freqüente
Appendicularia
Decapoda outros
Hidromedusae
Brachyura
Gastropoda
Noctiluca sp
Amphipoda
Pteropoda
Ostracoda
Bivalvia
Freqüente
Pisces Ovos
Pisces(larvas)
foraminíferos
Mysidacea
Echinodermata (larvas)
Thalassinidea
Pouco freqüente
Polychaeta
Cirripedia (larvas)
Ectoprocta (larvas)
Harpacticoida
Hemichordata (larvas)
Anomura
Stomatopoda
Cumacea
Esporádico
Isopoda
Monstriloida
Ordem Euphausiacea
Heteropoda
Turbellaria
Scyphomedusae
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Frequência de Ocorrência
Complexo estuarino:
Agosto de 2005
Julho de 2005
5000
5000
4000
4000
-3
Or 3000
-3
g. 3000
Org. m
m
2000 2000
1000 1000
0 0
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12
Estações
Estações
Figura 16: Densidade zooplanctônica para as Figura 17: Densidade zooplanctônica para as
amostras analisadas durante o mês de julho. amostras analisadas durante o mês de agosto.
2500
2000
-3
2000
Org. m-3
Org. m
1500
1500
1000
1000
500
500
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 7 8 9 10 11 12
Estações Estações
Figura 18: Densidade zooplanctônica para Figura 19: Densidade zooplanctônica para
amostras analisadas durante o mês de outubro. amostras analisadas durante o mês de novembro.
46
7.202
8000
10000 6000
5000
Org. m -3
8000
4000
-3
6000
Org. m
3000
4000
2000
2000 1000
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Estações Estações
Estações
Figura 20: Densidade zooplanctônica para as Figura 21: Densidade média zooplanctônica
amostras analisadas durante o mês de dezembro por estação de coleta para o complexo
estuarino Santos-Bertioga.
2500
2000
1500
-3
Org. m
1000
500
0
1 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 14 15 16 17 18
Estações
12000
10000
8000
-3
6000
Org. m
4000
2000
0
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 19
Estações
Complexo Estuarino
Cirripedia (155 ± 264 org. m-3), apendiculárias (48 ± 41 org. m-3), e quetognatos (88 ±
109 org. m-3), foram os animais mais representativos do meroplâncton. O copépode
Temora turbinata esteve presente em maior densidade comparado ao mês de agosto.
Em outubro, Copepoda foi dominante em 6 de 12 amostras analisadas. O gênero
Acartia (293 ± 457 org. m-3), novamente foi o mais abundante entre os copépodes,
exceto por 3 estações onde T. turbinata foi o organismo mais representativo (Figura 26),
com densidade de 111 org. m-3. A estação 2 representa uma exceção, foi a única onde o
organismo dominante foi uma espécie de anfípode gamarídeo representado 41,63% da
densidade zooplanctônica (283 org. m-3). Chaetognatha, náuplios de Cirripedia, larvas
de Brachyura e Noctiluca scintillans. também apresentaram contribuições importantes
em diversas estações.
Para o mês de novembro, os estágios de zoea da infraordem Brachyura, com
densidade numérica média de 624 ± 673 org. m-3, foram os táxons mais representativos,
variando entre 24,5 e 91,1 % da abundância relativa, exceto para a estação 12 (menos de
1%), onde outros grupos de Decapoda, Copepoda e Chaetognatha foram mais
abundantes. O grupo foi dominante em 6 das 10 amostras analisadas (Figura 27).
Já no mês de dezembro os copépodes retornaram a ser o grupo dominante (em
10 das 12 estações). Acartia tonsa (2.215 ± 4.223 org. m-3), A. lillijeborgi (256 ± 367
org. m-3), Centropages furcatus (36 ± 49 org. m-3) e Temora turbinata (55 ± 77 org. m-
3
), foram as espécies mais abundantes. As duas estações que fizeram exceção a esse
resultado demonstraram um número elevado de quetognatos, larvas de decapoda
(Pleocyemata) e do dinoflagelado Noctiluca scintillans (Figura 28).
Julho de 2005
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1 2 3 4 5
Baia Canal
Acartia lilljeborgi Acartia tonsa
Copépodes exceto Acartia spp Chaetognata
Larvas de Decapoda Outros grupos
Agosto de 2005
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12
Outubro de 2005
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Novembro de 2005
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1 2 3 4 7 8 9 10 11 12
Baia Bertioga
Dezembro de 2005
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Plataforma adjacente
80%
60%
40%
20%
0%
10 11 12 15 17 19 20 21 22 23 24 25 26 29 30 31 32
Estações
Copepoda Cladocera Noctiluca sp Chaetognata
Outros grupos Mollusca Larva de Decapoda
Figura 29: Abundância relativa dos principais grupos zooplanctônicos para a plataforma
adjacente durante a campanha de inverno de 2005.
100%
80%
60%
40%
20%
0%
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 19
Estações
Copepoda Cladocera Outros grupos
Larva de Decapoda Chaetognata Mollusca
Cnidaria
Figura 30: Abundância relativa dos principais grupos zooplanctônicos para a plataforma
adjacente durante a campanha de verão de 2006.
53
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Julho Agosto Outubro Novembro Dezembro
Copepoda Holoplâncton Meroplâncton
Figura 31: Densidade relativa do holoplâncton (exceto Copepoda),
copépodes pelágicos e meroplâncton durante a amostragem no sistema
estuarino de Santos-Bertioga.
54
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 14 15 16 17 18
Estações
Copepoda Cladocera Holoplâncton Meroplâncton
100%
80%
60%
40%
20%
0%
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 19
Estações
Copepoda Cladocera Holoplâncton Meroplâncton
Figura 33: Densidade relativa do holoplâncton (exceto Copepoda e
Cladocera), copépodes pelágicos, cladóceros e meroplâncton durante a
amostragem na plataforma adjacente, campanha de março de 2006.
23.5º S
INVERNO
São Sebastião
Bertioga
Santos
17
30 m
18
Praia Grande 24º
11 16
Peruíbe 10
3 9 12
8
1
7 15
14
4
75 a 400
6 24.5º
400 a 700 5
700 a 1000
1000 a 1500
1500 a 2030
25º
47º W 46.5º 46º 45.5º
VERÃO
Santos
Bertioga
30 m
60 a 1600 25º
1600 a 2100
2100 a 3000
3000 a 5500
5500 a 9200
19
5,0
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Baia Canal Bertioga
Estações
5,0
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 14 15 16 17 18
Estações
5,0
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 19
Estações
Figura 38: Índice de diversidade de Shannon (bits . ind.-1) calculado por estação
para a plataforma adjacente durante a campanha de março de 2006.
Equitatividade (J)
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Baia Canal Bertioga
Estações
Figura 39: Valores de eqüitatividade calculado por estação para o complexo
estuarino de Santos-Bertioga.
60
Equitatividade (J)
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
1 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 14 15 16 17 18
Estações
Figura 40: Valores de eqüitatividade calculado por estação para a plataforma
adjacente, durante a campanha de setembro de 2005.
Equitatividade (J)
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 19
Estações
Figura 41: Valores de eqüitatividade calculado por estação para a plataforma
adjacente, durante a campanha de março de 2006.
61
também entre os grupos de estações separados pela batimetria na plataforma (Tabela 3),
embora os valores não sejam significativos (p > 0,05).
O índice de diversidade de Shannon e eqüitatividade comportaram-se de maneira
semelhante e a variabilidade desses fatores foi significativa quando comparados o
complexo estuarino com a plataforma adjacente, os meses de coleta no complexo
estuarino e os grupos da plataforma separados pela profundidade. Entre os ambientes do
complexo estuarino, a diversidade também se apresentou variável (p = 0,046).
A variabilidade da densidade relativa de crustáceos totais e copépodes são
notáveis quando comparada entre o estuário e plataforma e também entre os meses de
coleta no estuário. Para os copépodes a diferença também é significativa entre as
campanhas de inverno e verão e para os crustáceos entre os grupos divididos pela
profundidade (isóbatas) na plataforma interna.
A variação entre a densidade relativa dos cladóceros, um dos grupos dominantes
na plataforma, não foi significativa (Tabela 3). Esse fator não foi calculado para o
complexo estuarino devido a densidade dos animais terem sido baixas (Apêndices 9.5.1
9.5.5).
Estuário
4
5
3
1
2
6
7
9
8
11
10
12
0
12
15
18
3
Dissimilaridade
Estuário
3
4
5
1
2
6
7
9
8
11
10
12
0
Dissimilaridade
Figura 43: Dendrograma de dissimilaridade(distância euclidiana), calculado pelo método
de ligação completa, para as estações amostradas no complexo estuarino de Santos-
Bertioga.
Plataforma: inverno
11
10
3
9
18
17
1
12
8
4
16
7
6
14
5
15
0
12
15
18
Dissimilaridade
Plataforma: inverno
11
10
3
9
18
17
1
4
8
12
16
7
6
14
5
15
0
Dissimilaridade
Plataforma: verão
2
3
9
11
8
10
12
7
5
13
4
6
14
19
0
12
15
18
Dissimilaridade
Plataforma: verão
2
3
9
11
8
10
12
7
5
13
4
6
14
19
0
Dissimilaridade
Figura 47: Dendrograma de dissimilaridade (distância euclidiana), calculado pelo
método de ligação completa, para as estações amostradas na plataforma durante a
campanha de verão (março de 2006).
66
Os resultados obtidos com a detecção das bactérias foram plotados no mapa para
observar se existiu um padrão de distribuição da associação. Era esperado que a
detecção diminuísse em direção a águas oceânicas, o que não foi possível afirmar
apenas pela visualização dos mapas (Figuras 48 a 51). A estação 19, analisada durante o
Verão, foi retirada dos mapas devido à sua distância da costa ser maior e os resultados
serem negativos para os dois sorogrupos de Vibrio cholerae.
23.5º S 23.5º S
INVERNO INVERNO
São Sebastião São Sebastião
Bertioga Bertioga
Santos Santos
17 17
18 Praia Grande 18 24º
Praia Grande 24º
11 16 11 16
Peruíbe 10 Peruíbe 10
3 9 12 3 9 12
8 8
1 1
7 15 7 15
14 14
4 4
6 24.5º 6 24.5º
5 5
30 m 30 m
25º 25º
47º W 46.5º 46º 45.5º 47º W 46.5º 46º 45.5º
Figura 48: Distribuição das amostras Figura 49: Distribuição das amostras positivas
positivas (círculos) para o sorogrupo O1 (círculos) para o sorogrupo O139 durante o
durante o inverno.
69
VERÃO VERÃO
23.7º S 23.7º S
Bertioga Bertioga
Santos San tos
30 m 11 30 m 11
10 10
2 3 9 12 2 3 9 12
24.2º 8
24.2º
8
13 13
7 7
14 14
4 4 Estação hidrográfica
Estação hidrográfica
6 6
5 5
24.7º 24.7º
25.5º 25.5º
19 19
26º 26º
47º 46.5º 46º 45.5º 45º W 47º 46.5º 46º 45.5º 45º W
Figura 50: Distribuição das amostras positivas Figura 51: Distribuição das amostras positivas
(círculos) para o sorogrupo O1 durante o verão. (círculos) para o sorogrupo O139 durante o
verão.
Tabela 10: Valores de probabilidade (p) dos testes t de Student para a temperatura
e salinidade em diversas profundidades, em relação à detecção de V. cholerae O1 e
O139.
Ambiente P I O1 P V O1 P O1 P I O139 P V O139 P O139
T média 0,982 0,737 0,665 0,91 0,056 0,791
T 5m 0,653 0,347 0,409 0,655 0,225 0,285
T 10m 0,48 0,537 0,282 0,843 0,129 0,38
T 15m 0,703 0,516 0,282 0,724 0,414 0,488
S média 0,583 0,843 0,253 0,816 0,117 0,162
S 5m 0,858 0,105 0,186 0,557 0,331 0,743
S 10m 0,308 0,352 0,104 0,783 0,378 0,387
S 15m 0,547 0,876 0,351 0,991 0,058 0,364
71
40%
40%
20% 20%
0% 0%
21 a 32 32 a 34 > 34 21 a 32 32 a 34 > 34
Salinidade
Salinidade
Figura 52: Influência da salinidade sobre a Figura 53: Influência da salinidade sobre a
detecção do sorogrupo O1 em amostras totais detecção do sorogrupo O139 em amostras
de plâncton. totais de plâncton.
72
Vibrio cholerae O1
100% Vibrio cholerae O139
n =33 n =31 100%
n =22
80% n =33
80% n=18
n =31
60%
60%
40%
40%
20%
0% 20%
19,5 a 21,5 21,5 a 23 > 23 19,5 a 21,5 21,5 a 23 > 23
Temperatura (ºC) Temperatura (ºC)
Densidade do zooplâncton
40% 40%
20% 20%
0% 0%
32 a 1000 1001 a 2.500 2.501 a 5.000 > 5.000 32 a 1000 1001 a 2.500 2.501 a 5.000 > 5.000
- -
Org m 3 Org m 3
Figura 56: Relação entre a detecção de V.c. Figura 57: Relação entre a detecção de V.c.
O1 e a densidade zooplanctônica. O139 e a densidade zooplanctônica.
60% 60% n =4
n =4
40% 40%
20% 20%
0% 0%
0-50 50-75 75-90 > 90 0-50 50-75 75-90 > 90
% Crustáceos % Crustáceos
Figura 58: Relação entre a porcentagem de Figura 59: Relação entre a porcentagem
crustáceos nas amostras e a detecção de V.c. de crustáceos nas amostras e a detecção
O1. de V.c. O139.
90% 90%
80% 80%
70% 70%
60% 60%
50% 50%
0 a 25 26 a 50 51 a 75 > 75 0 a 25 26 a 50 51 a 75 > 75
Copepoda (%) Copepoda (%)
Figura 60: Relação entre a porcentagem de Figura 61: Relação entre a porcentagem de
copépodes nas amostras e a detecção de V.c. copépodes nas amostras e a detecção de V.c.
O1. O139.
Tabela 12: Síntese dos resultados obtidos com Tabela 13: Síntese dos resultados obtidos
táxons, agrupados por filos ou subfilos (%). com crustáceos, agrupados por táxons (%).
Ao todo foram testados 6 táxons, todos foram positivos em pelo menos um dos
experimentos. De um total de 15 testes com os táxons, 5 (33,3%) foram positivos para
Vibrio cholerae O1 e 9 (60%) para V. cholerae O139. Durante o mês de março apenas o
sorogrupo O139 foi detectado em associação com o zooplâncton.
Foram observadas formas alongadas, muito maiores do que as células do
controle positivo, que provavelmente representam bactérias viáveis e cultiváveis devido
a utilização do ácido nalidíxico (Figura 62).
78
A B
Figura 62: Vibrio cholerae alongada, através da técnica de DVC-DFA. Aumento
aproximado de 2.000 x para A e 3.000 x para B (aumento digital).
A B
Figura 63: Controle positivo do kit de DFA para Vibrio cholerae O1(a); e apêndice de
microcrustáceo carregando Vibrio cholerae, provavelmente no estado VNC(b). Aumento de
aproximadamente 2.000 x para A e B.
Figura 64: bactérias no estado VNC, através do método DVC-DFA. Notar brilho mais
intenso na periferia da célula (parede celular). Aumento aproximado de 3.000 x.
80
6) DISCUSSÃO
baixas nas amostras, não foram testados isoladamente para detecção das bactérias
(exceto Cumacea).
Das espécies de cladóceros encontrados para a costa brasileira, foram registradas
Penilia avirostris, Pleopis schmackeri, Evadne spinifera e Pseudevadne tergestina. O
cladócero P. avirostris esteve entre os organismos mais abundantes na plataforma
adjacente (máximo de 5.439 org. m-3), mas foi pouco representativo no complexo
estuarino (máximo de 70 org. m-3). As espécies analisadas quanto à associação com
víbrio foram P. avirostris, P. schmackeri e P. tergestina e todas elas apresentaram altas
taxas de detecção (Tabela 11).
Para o grupo Copepoda, apenas a espécie Subeucalanus pileatus não apresentou
associação com Vibrio cholerae. Porém a espécie foi utilizada em um único teste, sendo
necessários mais estudos para verificar esse resultado.
Outros táxons de crustáceos planctônicos também foram determinados pelo
menos em grandes grupos (e. g. Ordem). Esses táxons compuseram importante
componente do meroplâncton e do zooplâncton total, principalmente as larvas de
Brachyura devido à elevada densidade no mês de dezembro para o estuário. Os estágios
larvais de Brachyura, Anomura (Porcelanidae), camarões peneídeos, carídeos e
sergestídeos e náuplios de cirripédios foram todos positivos para Vibrio cholerae O1 e
O139.
A densidade do zooplâncton apresentou ampla variação na área de estudo, fato
comum em outros trabalhos que estimaram esse parâmetro em regiões estuarinas
semelhantes como o estuário de Paranaguá (Lopes, 1997; Abrahão, 2000; entre outros).
Porém, como demonstrado, essa variação não foi significativa quanto a presença de
Vibrio cholerae em associação com o zooplâncton.
A densidade de bactérias associadas variou de forma independente da
composição do zooplâncton no estudo de Heidelberg et al. (2002), resultados que
concordaram com os obtidos para detecção de Vibrio cholerae O1 e O139 neste estudo.
É sugerido que amostras de zooplâncton positivas para Vibrio cholerae estejam
relacionadas à dominância de microcrustáceos, principalmente copépodes, quanto à
concentração dessas bactérias. Esses animais liberam maior quantidade de quitina no
ambiente do que outros crustáceos do plâncton devido ao elevado número de ecdises
(um copépode geralmente apresenta 6 estágios naupliares e 6 estágios de copepoditos).
Além disso, copépodes produzem quitina como revestimento de suas pelotas fecais,
espermatóforos e sacos ovígeros (Mauchline, 1998). Huq et al. (2005) apontaram a
82
1
Cheryl Trudil, representante da New Horizons Diagnostics Corp.; mensagem recebida por
zedu@io.usp.br em 08/2007.
85
2
Lipp, E., PhD, University of Georgia. Mensagem recebida por zedu@io.usp.br em 15/11/2006.
86
são detectadas por métodos convencionais de cultivo, mas são encontradas através de
métodos de biologia molecular como DFA, PCR ou citometria de fluxo.
No presente trabalho foi possível visualizar Vibrio cholerae O1 e O139 no
estágio VNC, a partir do método DVC-DFA (Figura 64). O método de DFA, quando
empregado com amostras fixadas, apresentou resultado satisfatório, porém a refletância
detectada pelo microscópio de imunofluorescência foi menor, dificultando a captura de
imagens de boa qualidade tanto de bactérias viáveis quanto não viáveis (Figura 63).
Bactérias no estágio viável foram mais fáceis de visualizar devido ao maior
tamanho, forma vibrióide da célula, e maior refletância, tanto em amostras fixadas
quanto no experimento de DVC-DFA (Figuras 62 e 63). É nítida a vantagem da
utilização do ácido nalidíxico no método de DVC-DFA, pois as bactérias apresentaram
um comprimento de cerca de 2 a 4 vezes maior do que o comum para víbrios viáveis
(cerca de 6 a 15 µm Figura 62).
O sinal de detecção é mais fraco quando as bactérias se encontravam no estado
VNC, pois as mesmas diminuem drasticamente de volume (Chaiyanan, 2002). Por esse
motivo o método DVC-DFA ou a utilização de amostras frescas torna-se mais
apropriado. A visualização das bactérias sobre o exoesqueleto de crustáceos também
tornou-se difícil (Figura 63 b). Os controles positivos fornecidos pelos kits apresentaram
melhores resultados, pois foram utilizadas bactérias viáveis, fixadas em solução de
formaldeído a 2% (Figura 63 a).
A maioria das bactérias onde o fenômeno VNC foi registrado pertence à
B C
subclasse das γ-Proteobacteria, espécies gram-negativas. Enterobactérias e bactérias
heterotróficas adaptadas a ambientes oligotróficos estão classificadas nesse grupo e por
sua vez são dominantes em ambientes aquáticos naturais (Gauthier, 2000), uma forte
evidência de que o estado VNC é um mecanismo de persistência e que provavelmente
conferiu vantagem evolutiva a essas bactérias.
Embora o estágio viável tenha sido identificado em associação com copépodes
(Huq et al., 1983), a maioria dos estudos aponta que essas bactérias geralmente se
apresentam no estado VNC, quando associadas externamente a esses animais (e.g. Huq
et al., 1990; Signoretto et al., 2004 e 2005).
87
Sebastião, enquanto que Gonçalves et. al. (2004 a) detectaram o grupo O1 71,1% e o
grupo O 139 em 32,7% das amostras de zooplâncton em um sistema estuarino. Valores
máximos encontrados na baía de Chesapeake (Estados Unidos) ocorreram no verão e
outono de 1999, atingindo até 77,8 % para Vibrio cholerae O1 em amostras de plâncton
(Louis et al., 2003). Os resultados encontrados para a região estuarina de Santos
demonstram um maior número de detecções, principalmente para o sorogrupo O139.
Um total de 52 amostras totais foram analisadas, sendo que 88,1% foram positivas para
o sorogrupo O1 enquanto que 76,9% foram positivas para o O139. O valor encontrado
para o sorogrupo O 139 é o mais alto até o momento, com base na literatura pesquisada.
Os elevados valores podem ser justificados pela natureza do ambiente, um estuário que
apresenta as condições ideais para a sobrevivência de Vibrio cholerae e pela presença
do porto de Santos, porta de entrada para diversas cepas de diferentes localidades
diariamente.
Já nas estações amostradas na plataforma continental adjacente, 75% foram
positivas para o grupo O1 e 81% para o O139 durante o inverno (setembro de 2005).
Para o verão (março de 2006), 57% foram positivas para O1 e 50% para O139. Essas
proporções também são bastante elevadas, uma vez que representam locais de
amostragem na plataforma interna, entre cerca 15 a 80 quilômetros de distância da
costa. Vale ressaltar que este é o primeiro estudo que detectou o sorogrupo O139 para a
Baixada Santista e plataforma adjacente e o segundo para ambientes costeiros de
plataforma na região sudeste do Brasil, através do método de DFA. É necessária a
confirmação
A quantidade de bactérias detectadas geralmente foi maior para as amostras do
complexo estuarino. Para a maioria das amostras, uma escala categórica da quantidade
de bactérias foi utilizada, o que permite dizer que as estações estuarinas provavelmente
apresentaram uma densidade de Vibrio cholerae em associação com o zooplâncton
maior do que as estações costeiras.
A seguinte Tabela fornece uma síntese dos trabalhos que utilizaram a técnica de
DFA para detectar Vibrio cholerae O1 e O139 sobre o zooplâncton.
89
3
Dra. Flávia Marisa P. Saldanha-Corrêa, Laboratório de Fitoplâncton e Produção Primária do IOUSP.
92
O139, n = 8). Tal resultado reforça a hipótese de que a associação de Vibrio cholerae
aos animais do zooplâncton aumenta a sobrevivência das bactérias e conferem maior
proteção contra essas substâncias, provavelmente devido à indução ao estágio VNC
(Chowdhury et al., 1997; Alexander et al., 1999). Porém, a concentração de poluentes
no momento da coleta na coluna de água não é conhecida e talvez não fosse suficiente
para causar algum efeito sobre os víbrios aderidos ao zooplâncton.
Ainda para o complexo estuarino, embora houvesse variabilidade entre as
variáveis ambientais analisadas como temperatura e salinidade (Tabela 3, Figuras 42 e
43), elas não estiveram correlacionadas com a detecção dos sorogrupos O1 e O139
(Tabela 9), os quais estiveram presentes em elevadas proporções em todos os casos
estudados.
Para a plataforma continental adjacente, os índices de detecção para ambos os
sorogrupos foram mais baixos. De 30 amostras analisadas, somando-se as duas
campanhas, 10 foram negativas para o sorogrupo O1 e O139, resultando em 66,67 % de
amostras positivas. Sete amostras foram negativas durante a campanha de inverno, e 13
foram para o verão. Esses resultados podem ser relacionados à variabilidade de fatores
abióticos analisados, quando comparados entre as campanhas de inverno e verão. A
salinidade foi, das variáveis analisadas, a mais provável de estar relacionada com os
índices de detecção. Durante o verão os valores foram de 35,18 ± 0,42, chegando a 37
para a estação mais distante da costa, enquanto que para o inverno a média foi de 32,23
± 0,34.
Os dendrogramas forneceram 3 agrupamentos de estações para a campanha de
inverno, sendo que a divisão corresponde com a distância da costa (um grupo mais
interno, um intermediário e um mais externo). O primeiro e segundo grupo
representaram 6 dos 7 resultados negativos, enquanto que o agrupamento de estações
mais externas representaram apenas um resultando de ausência das bactéria. Deve-se
levar em consideração que esse último agrupamento foi composto apenas por 3
estações, enquanto que o primeiro e segundo foram compostos por 7 e 6 estações
respectivamente. Já para a campanha de Verão é possível visualizar dois agrupamentos
distintos, também formados em relação à distância da costa. Ambos os grupos se
comportaram de maneira semelhante quanto a distribuição dos resultados negativos.
Por fim, conclui-se que a temperatura não influenciou a presença de Vibrio
cholerae sobre o zooplâncton, enquanto que a salinidade apresentou valores de
94
Além disso, as bactérias podem ter sido detectadas diretamente nos organismos,
por ser um dos recursos alimentares utilizado por esses larváceos (Alldredge, 1977),
capazes de se alimentar de células de até 0,1 µm de diâmetro.
As salpas apresentaram resultado negativo para o sorogrupo O1 e positivo para
O139. Os resultados se devem ao número muito baixo de testes com o grupo (n=1). Da
mesma maneira que as apendiculárias, a detecção pode ser resultado da atividade
alimentar do animal ou da produção de muco, que agregaria microorganismos presentes
na água.
É importante realçar a detecção de ambos os sorogrupos em ovos de peixes,
entre outros táxons, confirmando os resultados obtidos com as amostras fixadas.
Algumas espécies de Vibrio, como V. splendidus, V. alginolyticus, V. anguillarum e V.
fischeri, já foram registradas em ovos de peixes e no trato digestório das larvas (Verner-
Jeffreys et al., 2003; Miguéz & Combarro, 2003), embora a adesão de V. cholerae ainda
não tenha sido registrada.. Novamente, existiu um risco das bactérias detectadas estarem
associadas aos itens alimentares das larvas ou a eventual matéria orgânica particulada
para os testes realizados com amostras fixadas.
7) CONCLUSÕES
A detecção dos sorogrupos O1 e O139 não apresentou relação (p > 0,1) com a
temperatura e variáveis biológicas (densidade Total, de crustáceos, do grupo
Copepoda, respectivas densidades relativas, diversidade e eqüitatividade)
estudadas.
101
8) BIBLIOGRAFIA
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9) APÊNDICES
9.1) Temperatura
Tabela 9.1.1: Valores médios de temperatura, seguidos pelos respectivos desvios-padrão, para
as estações analisadas no complexo estuarino de Santos-Bertioga.
Estações Julho Agosto Outubro Novembro Dezembro
1 21,74 ± 0,18 21,95 ± 0,17 20,59 ± 0,37 21,44 ± 0,54 24,14 ± 0,47
2 21,75 ± 0,09 21,94 ± 0,12 20,65 ± 0,54 21,27 ± 0,47 23,99 ± 0,13
3 21,61 ± 0,06 21,79 ± 0,22 20,36 ± 0,15 21,4 ± 0,42 23,76 ± 0,46
4 21,81 ± 0,16 21,91 ± 0,22 20,80 ± 0,55 S.D. 24,11 ± 0,09
5 21,84 ± 0,06 21,98 ± 0,17 20,74 ± 0,39 S.D. 24,04 ± 0,07
6 S.D. 22,02 ± 0,06 20,82 ± 0,44 21,27 ± 0,46 23,92 ± 0,16
7 S.D. 22,42 ± 0,01 21,66 ± 0,22 22,01 ± 0,42 23,74 ± 0,47
8 S.D. 22,55 ± 0,02 21,67 ± 0,13 22,05 ± 0,66 23 ± 0,6
9 S.D. 22,66 ± 0,01 21,84 ± 0,10 22,1 ± 0,63 23,87 ± 0,05
10 S.D. 23 ± 0,20 22,13 ± 0,17 22,02 ± 0,49 23,36 ± 0,56
11 S.D. S.D. 21,78 ± 0,01 21,96 ± 0,33 23,8 ± 0,06
12 S.D. 23,01 ± 0,02 22,01 ± 0,10 21,98 ± 0,51 23,82 ± 0,17
23.5º S 23.5º S
INVERNO 21 INVERNO
São Sebastião São Sebastião
Bertioga
20.8
Bertioga
Santos Santos
17 17
20.6
18 18
Praia Grande 24º Praia Grande 24º
11 16 20.4 11 16
Peruíbe 10 Peruíbe 10
3 9 12 3 9 12
8 20.2
8
1 1
20
7 15 7 15
14 14
4 19.8 4
6 24.5º 24.5º
6
5 19.6 5
30 m 30 m
19.4
19.2
25º 19 25º
47º W 46.5º 46º 45.5º 47º W 46.5º 46º 45.5º
23.5º S 23.5º S
INVERNO INVERNO
São Sebastião São Sebastião
Bertioga Bertioga
Santos Santos
17 17
18 18
Praia Grande 24º Praia Grande 24º
11 16 11 16
Peruíbe 10 Peruíbe 10
3 9 12 3 9 12
8 8
1 1
7 15 7 15
14 14
4 4
6 24.5º 6 24.5º
5 5
30 m 30 m
25º 25º
47º W 46.5º 46º 45.5º 47º W 46.5º 46º 45.5º
23.5º S 23.5º S
27.4
VERÃO VERÃO
São Sebastião 26.7 São Sebastião
Bertioga Bertioga
26
Santos 11 25.3 Santos 11
Praia Grande 10 24º Praia Grande 10 24º
2 3 9 12 2 3 9 12
24.6
Peruíbe 8 Peruíbe 8
13 23.9 13
7 7
14
23.2 14
4 4
6 22.5 6
5 24.5º 5 24.5º
21.8
30 m 30 m
21.1
20.4
25º 19 25º
47º W 46.5º 46º 45.5º 47º W 46.5º 46º 45.5º
23.5º S 23.5º S
VERÃO VERÃO
São Sebastião São Sebastião
Bertioga Bertioga
Santos 11 Santos 11
Praia Grande 10 24º Praia Grande 10 24º
2 3 9 12 2 3 9 12
Peruíbe 8 Peruíbe 8
13 13
7 7
14 14
4 4
6 6
5 24.5º 5 24.5º
30 m 30 m
25º 25º
47º W 46.5º 46º 45.5º 47º W 46.5º 46º 45.5º
9.3) Salinidade
Tabela 9.3.1: Valores médios de salinidade, seguidos pelos respectivos desvios-padrão, para as
estações analisadas no complexo estuarino de Santos-Bertioga.
23.5º S
23.5º S
INVERNO INVERNO
São Sebastião
34.3
São Sebastião
Bertioga 34
Santos Bertioga
17 Santos
33.7 17
18
Praia Grande 24º 18
11 16 33.4
Praia Grande 24º
Peruíbe 10 11 16
3 9 12 Peruíbe 10
33.1 3 9 12
8
8
1 32.8
1
7 15
32.5 7 15
14
4 14
6 24.5º 4
32.2 6 24.5º
5
31.9 5
30 m
30 m
31.6
31.3
25º 31
25º
47º W 46.5º 46º 45.5º
47º W 46.5º 46º 45.5º
23.5º S 23.5º S
INVERNO INVERNO
São Sebastião São Sebastião
Bertioga Bertioga
Santos Santos
17 17
18 18
Praia Grande 24º Praia Grande 24º
11 16 11 16
Peruíbe 10 Peruíbe 10
3 9 12 3 9 12
8 8
1 1
7 15 7 15
14 14
4 4
6 24.5º 6 24.5º
5 5
30 m 30 m
25º 25º
47º W 46.5º 46º 45.5º 47º W 46.5º 46º 45.5º
23.5º S 23.5º S
VERÃO 36
VERÃO
São Sebastião São Sebastião
Bertioga Bertioga
35.7
Santos Santos 11
11 Praia Grande
Praia Grande 10 24º 10 24º
3 9 12 2 3 9 12
2 35.4
Peruíbe 8 Peruíbe 8
13 13
35.1 7
7
14 14
4 4
6 6
34.8
24.5º 5 24.5º
5
30 m 34.5 30 m
34.2
Estação hidrográfica
Estação hidrográfica
33.9 25º
25º
47º W 46.5º 46º 45.5º
47º W 46.5º 46º 45.5º
23.5º 23.5º S
VERÃO VERÃO
São Sebastião São Sebastião
Be rtioga Be rtioga
Santos Santos
Praia G rande 24º Praia G rande 24º
25 25
24 24
Peruíbe 26 Peruíbe 26
14 15 22 14 15 22
21 21
27 27
20 20
28 28
17 17
19 24.5º 19 24.5º
30 m 18 30 m 18
25º 25º
47º W 46.5º 46º 45.5º 47º W 46.5º 46º 45.5º
Tabela 9.5.1: Densidade de organismos por metro cúbico dos táxons mais
abundantes durante o mês de julho para o complexo estuarino Santos-Bertioga.
Número da estação 1 2 3 4 5
Penneoidea e Caridea juvenis 26 3 27 6 11
Brachyura Zoea 2 5 28 152 76
Eucalanidae 1 5 1 4 3
Pseudodiaptomidae 3 19 3 3 39
Temoridae 32 10 18 27 17
Acartidae 1869 698 1849 4417 3515
Chaetognatha 31 29 39 37 61
-3
Tabela 9.5.2: Densidade (org. m ) dos táxons mais abundantes durante o mês de agosto para o
complexo estuarino Santos-Bertioga.
Número da estação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12
Brachyura Zoea 45 3 12 18 20 101 78 609 947 112 1137
Penilia avirostris 12 1 31 8 69 37 44 0 0 1 0
Temoridae 5 27 40 92 101 109 111 0 1 5 32
Acartidae 85 120 17 260 138 118 709 470 525 1242 2533
Cirripedia: náuplios 4 12 3 22 6 19 1 395 229 163 853
Chaetognatha 5 5 6 23 43 31 53 157 107 361 174
Appendicularia 0 21 5 19 106 78 5 103 42 90 58
-3
Tabela 9.5.3: Densidade (org. m ) dos táxons mais abundantes durante o mês de outubro para
o complexo estuarino Santos-Bertioga.
Número da estação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Noctiluca sp 9 16 35 14 33 28 17 7 9 2 1 11
Cnidaria total 4 42 1 6 5 3 3 1 18 6 0 0
Gammaridea 0 283 1 2 1 7 49 0 2 0 1 0
Brachyura Zoea 15 19 15 11 53 66 56 225 212 83 75 232
Porcelanidae Zoea 3 28 10 10 10 12 0 1 0 1 0 0
Eucalanidae 7 36 45 11 23 25 3 1 1 0 1 0
Pseudodiaptomidae 0 3 2 1 4 7 196 20 156 30 20 99
Temoridae 6 40 111 6 52 80 66 22 59 20 9 48
Acartidae 34 75 21 25 19 47 612 416 1312 359 309 1193
Cirripedia náuplios 1 2 0 3 2 18 143 287 511 228 88 208
Chaetognatha 44 69 58 25 94 84 35 3 28 30 3 24
Appendicularia 0 0 0 0 1 1 35 10 13 19 73 40
127
Tabela 9.5.4: Densidade (org. m-3) dos táxons mais abundantes durante o mês de novembro
para o complexo estuarino Santos-Bertioga.
Número da estação 1 2 3 4 7 8 9 10 11 12
Noctiluca sp 9 9 6 9 19 6 2 1 1 1
Brachyura Zoea 137 73 115 321 1006 934 316 1297 2040 0
Pseudodiaptomidae 0 0 0 0 3 0 2 0 0 3
Temoridae 20 9 40 2 11 1 2 11 1 1
Acartidae 2 1 1 0 5 43 578 369 97 5
Pontelidae 0 31 31 14 0 0 0 0 0 0
Chaetognatha 0 0 1 3 1 0 0 1 0 5
Appendicularia 11 102 3 37 16 1 2 9 24 0
Pisces: larvas 3 1 2 1 1 0 1 1 1 1
Tabela 9.5.5: Densidade (org. m-3) dos táxons mais abundantes durante o mês de dezembro para
o complexo estuarino Santos-Bertioga.
Número da estação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Noctiluca sp 9 3 10 7 7 0 1 1 2 2 0 0
Cnidaria total 0 0 0 1 0 0 2 5 3 0 0 0
Amphipoda: Gammaridea 7 6 0 0 1 0 2 1 3 0 0 0
Penneoidea e Caridea juvenis 4 29 14 13 41 28 3 9 4 68 42 24
Brachyura Zoea 32 160 66 31 55 24 0 88 0 483 96 30
Penilia avirostris 0 0 19 2 9 0 0 26 0 0 0 0
Eucalanidae 2 14 14 56 27 41 0 0 0 1 1 0
Centropagidae 15 64 149 88 85 29 1 1 2 2 1 0
Temoridae 10 18 89 203 108 169 0 5 0 56 10 7
Acartidae 475 879 161 320 139 362 0 171 0 14945 6401 5791
Chaetognatha 12 42 3 27 28 94 6 1 9 193 46 186
Pisces: larvas 5 3 1 0 5 23 4 1 6 3 5 6
128
Tabela 9.5.6: Densidade (org. m-3) dos táxons mais abundantes durante o inverno de 2005 na plataforma adjacente.
Táxon/estação 1 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 14 15 16 17 18
Noctiluca sp 47 0 147 41 50 76 178 22 10 26 45 22 83 152 25 22
Mollusca 38 0 29 23 5 5 16 3 1 11 40 18 23 28 3 1
Decapoda larvas 81 9 43 11 9 13 26 54 19 36 68 6 30 31 94 15
Penilia avirostris 1059 2 237 10 35 99 210 263 126 983 1053 9 292 270 274 124
Pseudevadne tergestina 79 1 33 2 10 4 28 1 10 11 96 2 120 11 7 2
Paracalanus spp. 9 0 17 12 3 11 90 5 5 10 6 22 6 23 3 3
Clausocalanus furcatus 32 0 86 97 70 26 50 0 0 0 5 50 5 35 1 0
Ctenocalanus spp. 143 0 195 187 97 35 49 4 3 14 20 114 242 9 1 0
Temora spp. 90 13 82 90 112 85 115 100 218 516 114 34 486 49 310 33
Oithona plumifera 26 2 72 32 62 44 113 16 5 18 6 10 129 33 7 4
Oncaea venusta 23 0 38 46 31 35 94 0 0 2 2 17 112 13 0 0
Chaetognatha 67 48 22 13 15 11 30 66 73 71 30 8 38 20 61 39
Outros grupos 320 4 114 108 141 98 243 53 44 86 140 81 372 88 112 26
Tabela 9.5.7: Densidade (org. m-3)dos táxons mais abundantes durante o verão de 2006 na plataforma adjacente.
Táxon/estação 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 19
Cnidaria total 239 101 54 27 37 19 33 83 17 113 17 34 27 3
Mollusca total 122 61 120 21 23 46 201 12 31 188 36 26 34 1
Decapoda total 734 772 3 25 12 5 128 437 239 311 108 7 2 1
Penilia avirostris 5394 0 351 1156 605 445 2412 4069 455 1748 1348 1068 750 0
Pseudevadne tergestina 52 252 57 57 51 74 240 153 33 219 52 34 63 0
Subeucalanus pileatus 52 136 9 53 42 19 119 338 150 142 69 12 17 0
Ctenocalanus spp. 12 0 13 110 283 19 10 12 4 0 0 54 282 1
Temora spp. 1998 837 190 133 207 153 916 1399 951 1989 450 173 260 8
Oithona plumifera 29 35 241 92 133 111 152 83 50 0 249 232 212 7
Oncaea venusta 12 55 95 60 55 28 53 0 35 0 39 8 63 1
Chaetognatha 99 61 76 113 92 56 132 70 46 0 8 50 38 8
Outros grupos 437 398 342 322 496 403 969 343 492 14 381 11 161 37
129
Tabela 9.6.1: Índice de diversidade de Shannon (bits . ind.-1) e eqüitatividade, calculados por
estação para o complexo estuarino de Santos-Bertioga. H: Índice de Shannon; J: Eqüitatividade; 7:
Julho; 8: Agosto; 10: Outubro; 11: Novembro; 12: Dezembro. O cálculo considera todos os táxons
analisados.
Meses 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
7H 1,599 2,232 2,053 2,255 2,157 S.D. S.D. S.D. S.D. S.D. S.D. S.D.
7J 0,37 0,475 0,467 0,492 0,47 S.D. S.D. S.D. S.D. S.D. S.D. S.D.
8H 3,265 3,713 3,934 3,608 3,874 4,186 3,205 3,260 2,849 3,481 S.D. 3,338
8J 0,647 0,693 0,725 0,661 0,71 0,81 0,594 0,671 0,599 0,703 S.D. 0,702
10 H 3,996 3,510 3,864 4,214 3,801 4,111 3,798 3,050 3,160 3,225 3,537 3,547
10 J 0,785 0,696 0,696 0,772 0,724 0,767 0,760 0,641 0,680 0,639 0,736 0,671
11 H 2,749 3,154 3,470 1,875 S.D. S.D. 0,869 0,695 1,941 1,408 0,799 4,441
11 J 0,555 0,605 0,657 0,355 S.D. S.D. 0,189 0,146 0,449 0,290 0,157 0,934
12 H 3,089 3,186 3,665 3,639 4,263 3,837 4,309 2,815 4,370 1,535 1,215 1,186
12 J 0,650 0,663 0,704 0,698 0,801 0,767 0,854 0,563 0,859 0,327 0,272 0,255
Estações HC EC HT ET
1 1,164 0,285 3,246 0,595
3 1,237 0,372 3,931 0,779
4 1,950 0,477 3,996 0,746
5 2,741 0,645 3,945 0,732
6 2,698 0,588 4,472 0,805
7 2,404 0,588 4,485 0,832
8 2,362 0,578 4,324 0,818
9 1,216 0,366 3,263 0,653
10 1,788 0,538 3,376 0,688
11 1,452 0,372 2,675 0,510
12 0,965 0,253 2,518 0,480
14 2,789 0,645 4,679 0,852
15 2,129 0,521 3,864 0,712
16 1,514 0,345 3,613 0,666
17 1,434 0,400 3,476 0,702
18 1,148 0,310 3,168 0,604
130
Estações HC JC HT JT
2 1,033 0,253 2,499 0,458
3 1,8 0,542 4,115 0,847
4 2,026 0,486 4,129 0,776
5 1,468 0,34 3,223 0,583
6 1,975 0,45 4,1 0,734
7 1,970 0,464 4,022 0,766
8 1,537 0,356 3,533 0,623
9 1,302 0,319 2,774 0,511
10 2,468 0,571 4,101 0,727
11 1,756 0,439 3,657 0,67
12 1,734 0,416 3,276 0,604
13 1,118 0,254 2,659 0,484
14 1,74 0,403 3,56 0,652
19 2,424 0,481 4,816 0,822
Tabela 9.8.1.2: Informações sobre a coleta realizada durante o mês de agosto de 2005.
Hora Prof (m) Prof (m) Hora coleta
Estação Dia
local local coleta início final
1 20 09:35 8,5 7,5 09:59 10:02
2 20 08:30 6,0 5,0 09:05 09:08
3 20 11:30 12,0 11,0 11:53 12:00
4 20 12:55 6,0 5,0 13:28 13:31
5 20 14:04 15,0 14,0 14:33 14:38
6 20 15:50 15,0 13,0 17:18 17:24
7 21 08:00 11,0 10,0 09:03 09:10
8 21 09:55 2,7 1,5 10:20 10:23
9 21 10:40 4,3 3,0 11:03 11:05
10 21 11:25 5,0 4,0 12:02 12:04
12 21 14:58 6,7 5,5 15:15 15:18