Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimento

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA,

MERCADO DE CAPITAIS
E INVESTIMENTO

Autores: André Luiz Kopelke

Renato Oliveira Santos

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel

Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
Profa. Jociane Stolf

Revisão de Conteúdo: Profa. Lucimara Apareceida Terra

Revisão Gramatical: Profa. Marli Helena Faust

Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci

Copyright © UNIASSELVI 2012


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

330
K832f Kopelke, André Luiz
Fundamentos de economia, mercado de capitais e
investimentos / André Luiz Kopelke; Renato Oliveira
Santos. Indaial : Uniasselvi, 2012.
186 p. : il.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-513-0

1. Economia; 2. Mercado de capitais.


I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
André Luiz Kopelke

Economista, graduado pela Universidade


Federal de Santa Catarina, bacharel em
Administração pela UDESC-ESAG e Mestre em
Administração pela UFSC. Atua como docente em
disciplinas presenciais na UNIASSELVI, em Indaial,
na área de Economia, Fundamentos das Finanças e
Matemática Financeira. Coordenador de Estágios na
UNIASSELVI. É professor-autor do Caderno de
Estudos de Economia do EAD da UNIASSELVI.

Renato Oliveira Santos

Formado em Administração de
Empresas, Ciências Contábeis e Especialista
em Administração Financeira e Auditoria. Atua
como Professor de Sistema Financeiro Nacional e
Mercado de Capitais, nas Faculdades de Ciências
Contábeis e Administração Finanças da UNIASSELVI há
aproximadamente 9 anos. Têm experiência de Mercado
Financeiro há aproximadamente 29 anos.
Sumário

APRESENTAÇÃO...................................................................... 7

CAPÍTULO 1
Princípios Básicos de Economia e Finanças........................ 9

CAPÍTULO 2
Noções de Políticas Econômicas ....................................... 35

CAPÍTULO 3
Estrutura do Sistema Financeiro Nacional ..................... 57

CAPÍTULO 4
Produtos de Investimentos................................................. 83

CAPÍTULO 5
Produtos de Créditos........................................................ 109

CAPÍTULO 6
Mercado de Capitais............................................................ 145
APRESENTAÇÃO
O mundo moderno é profundamente dependente do sistema financeiro. Essa
dependência não é nova. Historiadores e economistas definem que o Sistema
Econômico Capitalista (modelo de organização econômica adotado por nossa
sociedade) iniciou sua “fase financeira” nas últimas décadas do século XIX. A
fase financeira do capitalismo é caracterizada pelo significativo crescimento da
atividade bancária e pela dependência cada vez maior dos capitais industriais do
setor financeiro.

Hoje é praticamente inconcebível realizar algum tipo de atividade produtiva


sem a utilização de algum produto ou serviço financeiro. As empresas utilizam
os produtos e serviços financeiros para financiar seus investimentos. Os
consumidores utilizam os serviços bancários para pagarem suas contas,
guardarem suas economias e financiarem a compra de bens duráveis. Até mesmo
os governos se utilizam amplamente dos serviços do sistema financeiro na
medida em que, ao venderem títulos públicos, financiam seus gastos excessivos
e realizam a rolagem da dívida pública.

Essa dependência da economia mundial ao setor financeiro fica evidente em


períodos de crise econômica. Quando bancos e entidades financeiras passam
por dificuldades sérias e prolongadas, os governos se apressam em ajudá-las,
pois sabem que a “quebra” das instituições financeiras sairá mais caro para a
sociedade do que o custo do seu socorro. Um banco, quando quebra, provoca
um efeito em cascata, quebrando também as empresas e pessoas físicas que
possuem investimentos em suas contas. A quebra de um banco pode provocar
pessimismo generalizado, saques dos investimentos, restrições de liquidez, o que
pode gerar, no final das contas, a paralisação de todo o sistema produtivo.

Por isso não é mais possível imaginar a economia moderna funcionando sem
a ajuda de um complexo e elaborado sistema financeiro.

O presente livro tem por objetivo apresentar esse sistema financeiro, seus
produtos e serviços, suas relações com o sistema econômico e as instituições que
nele operam.

O primeiro capítulo é dedicado a uma introdução à Economia. Veremos


o que significa economia, para que ela serve, o que é um sistema econômico,
o que é riqueza, o que é moeda, e como esses elementos fluem no sistema
econômico. Veremos o papel fundamental do sistema financeiro dentro do
sistema econômico capitalista.

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O segundo capítulo é dedicado ao estudo das Políticas Econômicas e como
elas influenciam as instituições do sistema financeiro. Ao longo do século XX e
XXI estamos presenciando uma crescente intervenção do Governo no Sistema
Econômico por meio de uma série de Políticas Econômicas. E essas ações
governamentais têm profundas implicações sobre as instituições financeiras e os
produtos e serviços por elas oferecidos.

No terceiro capítulo estudaremos a estrutura do Sistema Financeiro Nacional.


Veremos que ele é composto por dois grandes subsistemas. Um Subsistema
Normativo, responsável pela regulamentação e controle do sistema financeiro
e um Subsistema de Intermediação (ou Operativo), composto pelas instituições
propriamente ditas que oferecem produtos e serviços financeiros para o público
em geral. Veremos a estrutura e as responsabilidades de cada uma dessas
instituições.

No quarto capítulo falaremos dos Produtos de Investimentos, ou seja, das


diferentes alternativas de investimentos de recursos para aqueles que possuem
recursos “de sobra”, ou seja, à disposição para investimentos. Serão analisadas
as diferentes rentabilidades, graus de liquidez, impostos e taxas administrativas
incidentes sobre essas modalidades de investimentos.

O quinto capítulo é dedicado aos Fundos de Investimentos, que nada mais


são que condomínios constituídos para promover a aplicação coletiva dos recursos
dos participantes. Serão analisadas as diferentes modalidades de fundos, bem
como os riscos e rentabilidades envolvidos em cada um deles.

No sexto capítulo veremos os produtos de crédito, ou seja, o conjunto de


produtos e serviços financeiros para quem precisa de dinheiro emprestado.
Existe uma série de produtos para pessoas físicas e jurídicas, cada um com
suas peculiaridades e custos, e destinados aos mais variados serviços, desde a
quitação de dívidas até o financiamento da compra de bens de consumo duráveis.

O sétimo capítulo é destinado ao estudo da Bolsa de Valores, suas


características, sua importância para o empresário como fonte de recursos para os
investimentos produtivos e para o investidor que está procurando uma alternativa
de investimento rentável e segura para seus capitais. Serão analisados alguns
aspectos do processo de negociação de ações, as suas operações e seus riscos.
Serão estudadas ainda as diferentes modalidades de ações, alguns aspectos do
processo de abertura de capital pelas empresas e das negociações de ações no
mercado primário e secundário. Finalmente, o capítulo termina com uma breve
análise do Mercado de Derivativos, Mercado Futuro, Mercado de Opções e
Mercado a Termo.

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C APÍTULO 1
Princípios Básicos de Economia
e Finanças

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Diferenciar os vários entendimentos possíveis da palavra economia.

33 Compreender o processo de evolução da Ciência Econômica.

33 Identificar as contribuições dos principais economistas no desenvolvimento da


Ciência Econômica e suas influências no mundo atual.

33 Compreender os objetivos da Ciência Econômica.

33 Diferenciar os conceitos de Moeda e Riqueza.

33 Demonstrar o funcionamento do Fluxo Circular da Renda no Sistema


Econômico Capitalista.

33 Compreender o papel das Instituições Financeiras num Sistema Econômico


Capitalista.
Capítulo 1 Princípios Básicos
de Economia e Finanças

Contextualização
Para muitas pessoas, economia é um tema complexo e desinteressante,
pois envolve números e cálculos complicados, siglas estranhas e um emaranhado
de relações que parecem não fazer sentido. Algumas pessoas preferem atribuir
as causas das crises econômicas a um grupo de empresários, financistas e
investidores “desalmados” e “egoístas” que pensam apenas nos seus lucros
pessoais e se esquecem do bem-estar coletivo.

Muitos consideram que não existe lógica em muitas das ações tomadas pelo
poder público. Em um momento os juros baixam, para, logo em seguida, voltarem
a subir. Quando um imposto é extinto, outros são criados em seu lugar. O valor do
dólar oscila de forma errática, prejudicando os negócios com o setor externo. São
muitos os exemplos de ações aparentemente sem sentido no campo econômico.
E é natural que as pessoas que não compreendam a lógica por detrás dessas
ações percam o interesse pelas questões econômicas.

Mas, o fato é que o ambiente econômico e as ações governamentais destinadas


a conduzir e orientar as práticas econômicas afetam profundamente os negócios do
setor privado, sejam eles ligados ao setor produtivo, ao comércio e principalmente
ao setor financeiro. E um profissional do setor financeiro precisa ter algumas
noções do funcionamento do sistema econômico, das razões das constantes ações
governamentais sobre esse sistema, e as consequências dessas ações sobre o
seu ramo de atividade. É esse conhecimento que irá permitir a algumas empresas
tomar medidas estratégicas adequadas e sobreviver aos períodos de turbulência
econômica que inevitavelmente ocorrem de tempos em tempos.

Este capítulo tem por objetivo esclarecer os diversos significados da palavra


economia, e quando cada um deles pode ser utilizado. Pretende-se mostrar
como essa ciência evoluiu ao longo dos anos e como foram forjadas as principais
concepções a respeito da gestão do sistema econômico. Também será feita uma
distinção entre os conceitos de Riqueza e Moeda, fundamental para entender
muitos dos mecanismos utilizados nas ações de Política Monetária. Finalmente,
será apresentado o Fluxo Circular da Renda, uma simplificação dos principais fluxos
econômicos no sistema capitalista, e o papel do sistema financeiro nesse contexto.

Economia e seus Possíveis


Significados
A palavra economia tem múltiplos significados. Popularmente, entende-se por
economia o ato de fazer bom uso dos recursos financeiros, evitando desperdícios,

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Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

de forma a gerar um excedente a ser guardado, ou poupado. Dessa forma, “fazer


economia” significa “gastar pouco” e usar com sabedoria os recursos disponíveis,
de forma a gerar um determinado volume de poupança.

Mas a economia não se limita a esse sentido popular. A palavra economia


costuma ser utilizada como sinônimo de Atividade Econômica, ou seja, o
conjunto de ações realizadas pelos seres humanos no sentido de produzir,
distribuir e consumir riquezas. Este sentido é muito mais amplo. Ele engloba toda
a atividade produtiva dos diversos países do mundo. Nessa perspectiva, toda
atividade laboral, todo processo produtivo, do mais primitivo ao mais avançado,
todo o processo de distribuição, bem como a atividade logística envolvida,
além do consumo e as ações necessárias a fomentá-lo (marketing, publicidade,
financiamento ao consumidor), em suma, todas essas ações podem ser
classificadas como Atividades Econômicas.

Atividade Econômica: o conjunto de ações realizadas pelos


seres humanos no sentido de produzir, distribuir e consumir riquezas.

E o conjunto de atividades econômicas de uma sociedade compõe a


Economia de um país. É esse o significado da palavra “Economia” quando se
afirma que a “economia do país ‘X’ cresceu Y%” em determinado ano.

Dessa forma, é possível considerar que os seres humanos, no desempenho


de suas atividades formais, estão desenvolvendo algum tipo de atividade
econômica. É bem verdade que muitas atividades humanas não estão
relacionadas ao campo econômico, como as atividades espirituais e afetivas,
mas com a evolução da organização social, até mesmo essas atividades acabam
por desembocar em algum tipo de atividade econômica. Por exemplo, a troca
de presentes entre namorados ou entre pais e filhos em datas religiosas mostra
claramente essa tendência da sociedade moderna.

A Economia,
Finalmente, existe um terceiro significado para a palavra economia.
entendida pela
perspectiva de uma É o de “Ciência Econômica”. A Economia, entendida pela perspectiva
Ciência, busca de uma Ciência, busca compreender as diferentes relações sociais
compreender as destinadas a produzir, distribuir e consumir riquezas, isto é, a Ciência
diferentes relações Econômica tem por objetivo compreender a Atividade Econômica e, a
sociais destinadas partir de métodos científicos, estabelecer Leis Econômicas que possam
a produzir, distribuir
servir de base para ações de intervenção no próprio sistema econômico,
e consumir riquezas
de forma a dinamizá-lo, torná-lo mais produtivo, socialmente mais justo,

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Capítulo 1 Princípios Básicos
de Economia e Finanças

sustentável a longo prazo e orientado ao crescimento e à melhoria da qualidade


de vida da população em geral.

Ciência Econômica: é a ciência que procura compreender


as diferentes relações sociais destinadas a produzir, distribuir e
consumir riquezas. A Ciência Econômica tem por objetivo estudar
de forma sistemática e metódica a atividade econômica de forma a
estabelecer “Leis Econômicas” que ajudem a dinamizar, potencializar,
racionalizar e tornar socialmente mais justo o processo de produção,
distribuição e consumo de riquezas.

O Desenvolvimento da Ciência
Econômica
No seu processo de desenvolvimento, esta ciência recebeu a contribuição de
vários economistas, dentre os quais três nomes se destacam.

Adam Smith (1723-1790), economista e filósofo escocês, é considerado o


fundador da Ciência Econômica.

Adam Smith: Filho de um fiscal da alfândega, nasceu em 5 de


junho de 1723, em Kirkcaldy, Escócia. Aos 14 anos, ingressou na
Universidade de Glasgow, onde se graduou em 1740 e conseguiu uma
bolsa de estudos para a Universidade de Oxford, onde estudou filosofia.

Em 1751 ingressou na Universidade de Glasgow, onde atuou


como professor de lógica. Em 1752, passou a lecionar filosofia moral.
Em 1758, foi eleito reitor da Universidade. Seu primeiro trabalho, “A
Teoria dos Sentimentos Morais”, foi publicado no ano seguinte.

Em 1763, Adam Smith renunciou ao seu posto na Universidade


de Glasgow e mudou-se para a França. Passou quase um ano na
cidade de Toulouse e depois foi para Genebra, onde se encontrou
com o filósofo Voltaire. Em Paris, Adam Smith pôde frequentar os
salões literários e travou contato com os filósofos iluministas.
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Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Em 1767, Smith retornou a Kirkcaldy, onde iniciou a elaboração


e revisão de sua célebre teoria econômica. Passou mais três anos
em Londres, onde seu livro foi concluído. “Uma Investigação sobre
a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações” foi publicado em
1776, tornando-se um dos mais influentes livros de teoria moral e
econômica do mundo.

Depois da publicação do livro, tornou-se comissário da alfândega


na Escócia, o que lhe garantiu bons proventos. Smith morreu em
1790, aos 67 anos.

A publicação de seu livro “A Riqueza das Nações”, em 1776, é vista como


o marco inicial dessa nova Ciência. A partir de suas observações da sociedade
inglesa da segunda metade do século XVIII, Smith estabeleceu diversos princípios
econômicos, muitos dos quais ainda são considerados válidos nos dias atuais. Ele
defendeu, entre outras coisas, a ideia de que o mercado é “autoajustável”. Isso
significa que as decisões relativas à produção, distribuição e consumo de riquezas
não precisam ser previamente planejadas por um órgão governamental. Segundo
suas ideias, se fosse garantida a livre concorrência entre os empresários, a
alocação de recursos seria ótima e a sociedade caminharia, de forma automática,
para o crescimento econômico e para a melhoria generalizada da qualidade de
vida. Portanto, Adam Smith (HUNT, E.K., 1987) é associado, até os dias atuais, ao
liberalismo econômico, uma doutrina segundo a qual o Estado não deve intervir na
atividade econômica. Na visão de Smith, uma intervenção do Estado na Economia
prejudicaria o perfeito funcionamento do mercado, atrasando o crescimento e o
desenvolvimento econômico.

O segundo nome de destaque é o economista alemão Karl Marx. Marx é


considerado um Socialista Científico, e suas ideias surgiram na esteira das
consequências da disseminação das ideias liberais de Adam Smith pela Europa.

Karl Marx: Karl Marx nasceu em 5 de maio de 1818, em Tréveris,


na Alemanha. Ingressou na Universidade de Bonn para estudar
Direito, transferindo-se, mais tarde, para a Universidade de Berlin,
onde conheceu a obra do filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich
Hegel. O contato com as ideias de Hegel desenvolveu o interesse
de Marx pela filosofia, e ele veio a se doutorar nesta área em 1841.
Em 1842, tornou-se redator-chefe da Gazeta-Renana (Rheinische
Zeitung). Em função de seu ataque ao governo prussiano, foi expulso

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Capítulo 1 Princípios Básicos
de Economia e Finanças

daquele país em 1843, indo parar em Paris, onde assumiu a direção


da publicação Anais Franco-Alemães.

Marx teve cinco filhos com sua esposa Jenny Von Westphalen,
três dos quais morreram em função das péssimas condições materiais
da família. Em 1844 conheceu Friedrich Engels, industrial alemão que
se tornou parceiro de Marx em várias obras, inclusive numa das mais
importantes: O Manifesto do Partido Comunista de 1848.

Após um período extremamente tumultuado, sendo expulso


de diversos países em função de suas ideias (França, Bélgica e
Alemanha pela segunda vez), em 1848 fixou-se definitivamente em
Londres, onde permaneceu até sua morte, em 14 de março 1883, e
onde escreveu sua principal obra: O Capital, cujo primeiro volume foi
publicado pela primeira vez em 1867.

HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico. Rio de


Janeiro: Campus, 1987.

O liberalismo de Smith trouxe duas consequências bem distintas. Por um


lado, a indústria europeia deu um salto de produtividade, e o poder econômico
daí decorrente projetou o continente para a liderança mundial, econômica e
militarmente, no século XIX. Mas a outra consequência foi a degradação das
condições de vida das classes trabalhadoras. A industrialização levou a um
processo de migração da mão de obra dos campos para as cidades, criando
uma classe de trabalhadores assalariados. Como não havia intervenção estatal
nesse processo, os salários e as jornadas de trabalho eram fixados de acordo
com as decisões da classe empresarial. A exploração da mão de obra infantil e
feminina, jornadas de trabalho de até 18 horas diárias e salários baixíssimos se
tornaram frequentes.

Liberalismo, em economia, é considerado como uma


característica do sistema econômico Capitalista segundo a qual
os agentes econômicos (famílias e empresas) possuem liberdade
para tomar suas decisões de cunho econômico (comprar, vender,

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Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

contratar, demitir, investir, elevar, baixar preços, etc.). O liberalismo


não é idêntico para todos os países. O grau de liberdade varia muito.
Em alguns países existe um elevado grau de liberdade para os
agentes econômicos. Em outros, julga-se que a liberdade excessiva é
prejudicial ao bem comum. Nesses países, há uma maior interferência
do Estado no controle e na condução dos assuntos econômicos.
Nesses países, o grau de liberalismo econômico é menor.

Dentro desse contexto de precarização das relações de trabalho, muitos


economistas começaram a se perguntar se o Sistema Capitalista teria condições
de conduzir a sociedade rumo ao crescimento e ao desenvolvimento social. Karl
Marx acreditava que a melhoria das condições de vida dos trabalhadores não seria
possível dentro da sociedade capitalista. Ele julgava esse modelo de organização
social por demais injusto e, por isso, defendia a sua superação, ou seja, sua
destruição. Em seu lugar deveria ser instaurado um novo modelo de sociedade,
mais justo e humanitário, principalmente com as classes trabalhadoras. A esse
novo modelo de Sistema Econômico Marx (MARX, K; ENGELS, F., 2002) chamou
de Comunismo.

Os fatos históricos evidenciaram que o Comunismo, no século XX, não


representou uma melhora nas condições de vida das classes trabalhadoras.
Na verdade, em muitos países onde essa forma de organização econômica foi
adotada, os trabalhadores foram fortemente reprimidos, e qualquer ideia contrária
à dos dirigentes governamentais poderia ser severamente punida.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido


Comunista. São Paulo: Martin Claret: 2002.

De qualquer forma, as ideias de Marx formam, e ainda são, muito importantes


para o entendimento do sistema econômico capitalista, pois pela primeira vez as
ideias de crescimento automático e autoajustamento do mercado são fortemente
criticadas. Marx mostra ao mundo que o capitalismo tem problemas e que ele
não funciona de forma perfeita. E esses problemas do capitalismo se traduzem
das mais variadas formas: desemprego, estagnação econômica, desperdício de
recursos naturais, degradação ambiental, etc. Marx (MARX, K., 2008) era muito
pessimista quanto ao futuro do capitalismo e não procurou estudar alternativas
para melhorá-lo.

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Capítulo 1 Princípios Básicos
de Economia e Finanças

Apesar dos problemas sociais e da forte crítica de Marx (HUNT, 1987) as


ideias liberais predominaram no mundo ocidental ao longo de todo o século XIX e
durante as três primeiras décadas do século XX. O cenário somente mudou nos
anos 30 do século XX. Pode-se afirmar que o “mundo liberal” entrou em colapso
com a Crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque de outubro de 1929. A crise
trouxe como consequência a Grande Depressão dos anos 30. Ficou evidente,
nesse período, que o autoajustamento do mercado não funcionava.

A Crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque foi um processo


de queda significativa do valor das ações das empresas negociadas
naquela instituição. O processo foi precedido por uma ampla
especulação financeira entre 1927 e 1928. O economista norte-
americano John Kenneth Galbraith (GALBRAITH, 2010) identifica
que o processo de especulação começou bem antes. No segundo
semestre de 1924 já foram verificadas elevações das cotações dos
títulos imobiliários. Essas elevações nos valores de títulos e ações
perduraram até o início de setembro de 1929. A partir dessa data,
os títulos começaram a desvalorizar, no início de forma lenta e com
breves recuperações. Mas a partir de outubro de 1929 os preços
começaram a despencar vertiginosamente. O dia 24 de outubro de
1929 (quinta-feira negra) é a data que marca a mais significativa
queda do valor das ações na história. Mas a queda não se restringe a
esse dia. Os títulos e ações negociados na Bolsa de Valores de Nova
Iorque continuaram caindo até 1933. As enormes perdas financeiras,
tanto dos grandes investidores e industriais quanto dos pequenos
investidores e poupadores comuns, levaram os Estados Unidos,
Europa e demais países capitalistas a uma longa crise, conhecida
como a Grande Depressão dos anos 30, crise esta que somente foi
superada durante a II Guerra Mundial.

GALBRAITH, John Kenneth. 1929: A Grande Crise. São Paulo:


Ed. Larousse do Brasil, 2010.

A solução foi apresentada pelo terceiro grande economista a contribuir com

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Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

essa ciência: John Maynard Keynes. Keynes (1992) mostrou, em bases sólidas,
que o autoajustamento do mercado não funciona.

John Maynard Keynes nasceu em 5 de junho de 1883, mesmo


ano da morte de Marx. Sua família era composta por intelectuais.
Estudou no Colégio Eton, da aristocracia inglesa, onde obteve
medalhas por mérito em matemática. Em 1902 Keynes recebeu uma
bolsa de estudos para estudar no King’s College, da Universidade
de Cambridge. Nesta instituição, Keynes foi aluno do famoso
economista Alfred Marshall.

Em 1906 John M. Keynes tornou-se funcionário do Ministério


dos Negócios das Índias e passou dois anos na Ásia. Em 1908
passou a ocupar o cargo de professor de economia em Cambridge,
onde lecionou até 1915. Keynes ingressou no Tesouro Britânico em
1916, exercendo diversos cargos importantes.

Após a Primeira Guerra Mundial, Keynes foi conselheiro da


delegação britânica nas negociações de paz, mas em 1919 renunciou
ao cargo, por não concordar com as compensações econômicas
impostas à Alemanha pelo Tratado de Versalhes. Seu ponto de
vista sobre essa questão foi publicado no mesmo ano, no livro “As
Consequências Econômicas da Paz”. Sua obra mais importante foi
publicada em 1936, a “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”.

Durante a Segunda Guerra Mundial, John Keynes se


reincorporou ao Tesouro Britânico. Em 1944 chefiou a delegação
britânica na Conferência de Bretton Woods, que deu origem ao
Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional.

Além de ser um proeminente economista, John M. Keynes teve


também uma vida social muito ativa. Pertenceu ao famoso grupo de
Bloomsburry, formado por intelectuais e aristocratas.

Em 1925 Keynes casou-se com a bailarina russa Lydia


Lopokova, mas a união não resultou em filhos. Keynes faleceu em
21 de abril de 1946, em decorrência de seu terceiro ataque cardíaco.

Ao contrário de Marx, Keynes acreditava que o capitalismo merecia ser


“salvo”. Para tanto, desenvolveu modelos teóricos que subsidiaram as autoridades

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Capítulo 1 Princípios Básicos
de Economia e Finanças

governamentais a superar a Grande Depressão. Em linhas gerais, Keynes


afirmava que a depressão e o desemprego só poderiam ser superados mediante
a intervenção estatal no sistema econômico.

Essa intervenção deveria ocorrer por meio do estímulo à Demanda


Agregada, ou seja, ao consumo da sociedade. E esse estímulo ocorreria
pela realização de gastos públicos que gerariam empregos e renda. Como a
implementação dessas ideias implicava a realização de gastos públicos muito
acima dos orçamentos governamentais, suas ideias sofreram fortes resistências.
Mas, como se mostraram eficientes no combate ao desemprego e à depressão,
vêm sendo usadas até os dias atuais. Em linhas gerais, pode-se afirmar que o
modelo de Capitalismo adotado pela grande maioria dos países no mundo atual,
caracterizado pela forte intervenção Estatal em várias esferas da atividade
produtiva, é fruto da implementação das ideias de Keynes, apresentadas na sua
principal obra, “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, publicada pela
primeira vez em 1936.

Vimos, em linhas gerais, os principais aspectos da evolução do pensamento


econômico na visão dos três principais economistas. Na próxima seção trataremos
dos conceitos e dos objetivos da ciência econômica na atualidade.

Atividade de Estudos:

1) Pesquise na Internet uma pequena biografia dos economistas


estudados nesse tópico e procure identificar em que contexto
eles viveram. Procure verificar como os problemas econômicos
enfrentados em cada época específica foram importantes para a
formação das ideias desses economistas.
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Objetivos da Ciência Econômica


A Ciência Econômica, como já foi visto, busca compreender o funcionamento
da Atividade Econômica. A partir de um estudo sistemático dos processos

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Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

de produção, distribuição e consumo de riquezas, os economistas buscam


estabelecer leis e princípios econômicos que possam vir a ser utilizados para
aprimorar, dinamizar e potencializar a própria Atividade Produtiva.

Mas a função final do aprimoramento e da dinamização da Atividade Produtiva


é a melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade. McGuigan; Moyer; Harris
(2004) define produção como sendo a geração de um bem que tenha valor para
os compradores.

Embora os economistas muitas vezes sejam criticados por não considerar


as questões sociais em seus cálculos matemáticos, a Economia efetivamente se
preocupa com aspectos sociais. Mas a perspectiva da Economia, nesse aspecto,
é parcial. Atualmente se considera que a qualidade de vida das pessoas dependa
de um conjunto de fatores, entre eles os fatores materiais, religiosos, espirituais,
afetivos, de convívio social, além de muitos outros.

A preocupação social da Economia resume-se aos fatores


materiais, ou seja, uma vez que essa ciência se preocupa com a
Para os
economistas, geração de riquezas, e considerando que o acesso a um conjunto
tudo o que não mínimo de riquezas é uma pré-condição para uma vida digna, a
está prontamente Economia se preocupa em como organizar o processo produtivo para,
disponível para a partir de um conjunto relativamente limitado de recursos produtivos,
o consumo de produzir bens e serviços de forma a satisfazer, pelo menos em termos
um indivíduo é
materiais, da melhor maneira possível, os membros de uma sociedade.
relativamente
escasso. Por isso
existem bens Dentro dessa perspectiva, a Ciência Econômica é conhecida
mais ou menos como a “Ciência da Escassez”, pois ela parte do pressuposto que os
escassos. Todo recursos produtivos, necessários para a produção de bens e serviços,
objeto passível de são escassos.
compra e venda
possui algum Economia é, pois, a ciência que estuda as formas do
grau de escassez. comportamento humano resultantes da relação existente entre
Objetos muito as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que,
escassos tendem embora escassos, se prestam a usos alternativos. (ROBBINS,
a ter um valor apud ROSSETTI, 1997, p. 52).
muito elevado.
Bens com baixo O termo escassez precisa ser entendido em termos relativos. Para
grau de escassez os economistas, tudo o que não está prontamente disponível para o
costumam ter valor
consumo de um indivíduo é relativamente escasso. Por isso existem
mais baixo. Objetos
que não têm bens mais ou menos escassos. Todo objeto passível de compra e venda
escassez nenhuma possui algum grau de escassez. Objetos muito escassos tendem a ter
não têm valor, e por um valor muito elevado. Bens com baixo grau de escassez costumam
isso não podem ser ter valor mais baixo. Objetos que não têm escassez nenhuma não têm
comercializados. valor, e por isso não podem ser comercializados. O melhor exemplo de

20
Capítulo 1 Princípios Básicos
de Economia e Finanças

bem sem nenhum grau de escassez é o ar atmosférico, que existe em tamanha


abundância que cada ser vivo pode retirar da natureza a quantidade suficiente
para a manutenção de sua vida. Por isso, o ar não pode ser comprado e vendido.
Mas mesmo nesse caso, para algumas necessidades específicas, alguns gases
atmosféricos já são comercializados, como o oxigênio, o hélio, o nitrogênio, entre
outros. Mas estes gases somente são objeto de compra e venda porque não é
possível encontrá-los em estado puro na natureza.

Dessa forma, os recursos produtivos são considerados escassos. A mão


de obra qualificada é claramente escassa num país como o Brasil. Mas, na
perspectiva econômica, até a mão de obra de baixa qualificação possui um
relativo grau de escassez. Obviamente que esse grau de escassez é inferior à
escassez de trabalhadores qualificados, e é justamente por isso que a mão de
obra de baixa qualificação recebe uma remuneração menor. Quanto maior o
grau de escassez de um recurso, maior o seu valor. Portanto, a mão de obra de
elevada qualificação, por ser mais escassa, tem melhor remuneração.

O mesmo princípio é aplicado a todos os recursos produtivos: fontes


energéticas, matérias- primas, recursos naturais utilizados nos processos
produtivos, máquinas e equipamentos, tecnologias, etc. Por exemplo, o petróleo é
um recurso natural não renovável utilizado como fonte energética. À medida que
vai ficando mais escasso, ou seja, à medida que a oferta mundial dos produtores
de petróleo encontra maiores dificuldades para atender a demanda crescente do
mundo industrializado, em franca expansão, seu preço vai se elevando.

Paralelamente ao fato de os recursos serem considerados escassos,


as necessidades humanas são consideradas ilimitadas. A palavra “ilimitada”
também deve ser entendida em termos relativos. Com a evolução da sociedade
capitalista e com a melhoria generalizada do padrão de vida dos
países industrializados, o conjunto de bens e serviços aos quais uma
Além disso, o
pessoa precisa ter acesso para ter uma vida considerada digna é muito
Capitalismo estimula
maior do que era, por exemplo, durante a Idade Média. Atualmente, o consumismo, pois,
uma pessoa, para poder viver relativamente bem, e ter condições de fundamentalmente,
participar de forma ativa da sociedade, precisa ter acesso a níveis o ciclo econômico
mínimos de educação, saúde, cultura, transporte, segurança, entre no sistema
vários outros. Para usufruir desses serviços ela precisa ter um nível capitalista depende
do consumo. É o
mínimo de renda. A produção desses bens e serviços exige a utilização
consumo que irá
de recursos produtivos escassos. determinar o volume
de produção,
Em sociedades primitivas, estruturalmente mais simples, as a geração de
necessidades de seus integrantes eram mais modestas. Na complexa empregos e grande
sociedade Capitalista dos dias atuais, as necessidades humanas são parte da distribuição
muito grandes, e à medida que o capitalismo evolui, as necessidades de renda.
tendem a crescer ainda mais.
21
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Além disso, o Capitalismo estimula o consumismo, pois, fundamentalmente,


o ciclo econômico no sistema capitalista depende do consumo. É o consumo que
irá determinar o volume de produção, a geração de empregos e grande parte da
distribuição de renda.

Portanto, os países capitalistas mais avançados são também os mais


consumistas. Há, neles, uma constante busca por produtos mais sofisticados,
tecnologicamente mais avançados, maiores e mais potentes. Os consumidores desses
países consideram a aquisição desses produtos uma necessidade fundamental para
a elevação de sua qualidade de vida. Sem dúvida, muitas dessas necessidades
podem ser consideradas supérfluas, mas representam mais um aspecto de quão
relativo deve ser o entendimento da palavra “necessidade” em Economia.

Portanto, considerando que as necessidades humanas são ilimitadas, e que os


recursos produtivos, necessários para a produção de bens e serviços, são escassos,
tem-se um impasse. Não será possível produzir bens e serviços em quantidades
suficientes para atender a todas as necessidades de todas as pessoas. Algumas
pessoas poderão ter uma parcela bastante significativa de suas necessidades
atendidas, mas esse privilégio não poderá ser garantido a todas as pessoas.

Cada sociedade irá definir os seus critérios de distribuição da riqueza gerada


(bens e serviços), mas isso dependerá da orientação política e dos princípios
ideológicos dominantes em cada nação. O pensamento econômico, como vimos
no item anterior, pode ser influenciado por princípios ideológicos, adotando, por
vezes, posturas mais centralizadoras e estatizantes, e em outros momentos, mais
liberais e mercadológicas.

Figura 1 – Problemas econômicos fundamentais

Fonte: Kopelke (2006, p. 10).

22
Capítulo 1 Princípios Básicos
de Economia e Finanças

De qualquer maneira, independente de orientação ideológica, a


De qualquer
Ciência Econômica buscará compreender os processos por meio dos
maneira,
quais poderá ser realizada a melhor alocação possível dos escassos independente
recursos produtivos existentes, de forma a maximizar a produção de orientação
de riquezas de um determinado país. Dessa forma ela irá fornecer ideológica, a Ciência
subsídios aos formuladores de políticas econômicas de forma que Econômica buscará
as ações governamentais conduzam o país, não apenas no rumo compreender os
processos por meio
do crescimento econômico, mas no caminho do desenvolvimento
dos quais poderá ser
econômico, o que implica melhora não apenas nos aspectos realizada a melhor
quantitativos (de produção, emprego, vendas, etc.), mas também em alocação possível
aspectos qualitativos (melhores serviços educacionais, melhor saúde, dos escassos
segurança pública, acesso à cultura e lazer, etc.). recursos produtivos
existentes, de
forma a maximizar
A figura 1 ilustra o dilema enfrentado pela Economia. Diante
a produção de
da incapacidade de atender às necessidades ilimitadas dos seres riquezas de um
humanos, frente à escassez de recursos produtivos, cada sociedade determinado país.
deverá definir um conjunto de prioridades. Cada sociedade terá de
lidar com os problemas econômicos fundamentais, ou seja, os principais aspectos
relacionados ao processo de produção, distribuição e consumo de riquezas: o que
e quanto produzir, como produzir e para quem produzir.

Cada país, em função de sua orientação político-ideológica e de seus


governantes, irá resolver a questão de uma maneira específica. Mas cabe à
Ciência Econômica fornecer as informações e o suporte teórico para uma melhor
tomada de decisão por parte das autoridades governamentais.

Atividade de Estudos:

1) Pesquise na internet informações a respeito dos recursos


produtivos estudados nesse tópico. Verifique se esses recursos
são realmente escassos. Um bom indicador do grau de
escassez desses recursos é o seu preço. Quanto mais caro
um recurso, mais caro ele se torna. Por exemplo, o petróleo é
um recurso produtivo fundamental para a sociedade moderna.
Pesquise o que está acontecendo com o preço desse recurso
nos últimos 10 anos. Faça a mesma avaliação com outros
recursos produtivos (minério de ferro, água, terras raras, etc.).
Após seu estudo, verifique com seus colegas se eles chegaram
a conclusões parecidas.
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Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

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Riqueza e Moeda
Já foi demonstrado que a Ciência Econômica está profundamente
relacionada com o conceito de riqueza. Também é de conhecimento geral que,
quando tratamos de assuntos econômicos, a riqueza costuma ser mensurada
em termos monetários, ou seja, a riqueza é medida tendo por parâmetro uma
moeda, seja ela o Real, o Dólar, o Euro, a Libra, o Yen, ou qualquer outra moeda
do mundo.

Os conceitos de riqueza e moeda estão tão intimamente relacionados que


boa parte da população considera moeda como sinônimo de riqueza.
Segundo o senso comum, uma pessoa que consegue acumular, ao
Podemos
considerar a longo da vida, uma grande quantidade de dinheiro (moeda), pode ser
moeda como um considerada uma pessoa rica, ou seja, proprietária de uma quantidade
instrumento ou razoável de riquezas.
uma tecnologia
desenvolvida pelos
Embora a moeda possua a característica de funcionar como
seres humanos
para facilitar os reserva de valor, o que lhe permite ser associada à riqueza em
processos de determinadas circunstâncias, a moeda não pode ser considerada a
troca de bens, riqueza propriamente dita.
mercadorias e
serviços, esses, Podemos considerar a moeda como um instrumento ou uma
sim, a verdadeira
tecnologia desenvolvida pelos seres humanos para facilitar os
riqueza de
uma nação. processos de troca de bens, mercadorias e serviços, esses, sim, a
verdadeira riqueza de uma nação.

24
Capítulo 1 Princípios Básicos
de Economia e Finanças

Um bem pode ser considerado uma riqueza na medida em que ele tem
condições de satisfazer uma necessidade de uma pessoa. Um alimento, uma
casa, um automóvel, um diamante, um filme projetado no cinema, um remédio
para uma doença específica, uma peça de roupa da última moda. Todos são
exemplos de riquezas, pois todas essas mercadorias ou serviços têm condições
de atender a determinadas necessidades.

Podemos questionar a qualidade da necessidade. Algumas necessidades


são fundamentais, como os alimentos. Outras são supérfluas, como as roupas de
moda. Mas independente dessas características, elas atendem a determinadas
necessidades e isso as qualifica como riquezas.

Por esse motivo a riqueza de um país é medida pelo PIB (Produto Interno
Bruto), indicador que mede o valor total da produção de bens e serviços realizados
dentro das fronteiras do país ao longo de um ano. Ou seja, é um indicador baseado
em dados relativos a volume de produção. Observe que a riqueza do país não é
medida pela quantidade de moeda em circulação.

Caso moeda fosse um sinônimo para riqueza, seria muito fácil acabar
com a pobreza no mundo. Bastaria “produzir” moeda em grandes
quantidades e distribuir aos pobres. Porém, todo país que tentou A moeda é uma
resolver o problema da pobreza dessa maneira criou problemas ainda representação da
maiores. O excesso de moeda gerou inflação, o que acentua ainda riqueza. Ela é um
instrumento utilizado
mais a desigualdade social.
pela sociedade para
facilitar as trocas de
Isso ocorre porque a moeda, em si, não tem condições de riquezas e recursos
satisfazer as necessidades humanas. A moeda não alimenta, mesmo produtivos entre
que seja feita de ouro. Ninguém que tenha ingerido ouro teve sua os vários agentes
fome saciada. A moeda é utilizada, em nossa civilização, como um econômicos. E
esse instrumento
instrumento de trocas, ou seja, ela é um meio para atingir um fim.
de trocas passou
A moeda é trocada por uma mercadoria, e é a mercadoria que irá por um longo
satisfazer a necessidade do indivíduo. processo evolutivo
até chegar aos dias
Os poucos países que tentaram combater a pobreza pela atuais, passando
emissão de moeda criaram uma ilusão para a sua população. As por fases como
o de mercadoria-
pessoas, com dinheiro para gastar, tiveram, momentaneamente, a
moeda, metalismo,
sensação de serem ricas. Mas ao tentarem trocar suas moedas por cunhagem,
mercadorias, para buscar uma melhora no padrão de vida, perceberam moeda-papel, até
que as demais pessoas do seu país também tinham muito dinheiro chegar aos modelos
para gastar. O problema é que não havia mercadorias para atender atualmente em uso,
a todos (o conhecido problema da escassez de recursos diante de como o papel-
moeda e a moeda
necessidades ilimitadas). Então os poucos vendedores passaram a
escritural.
vender suas mercadorias para quem oferecesse mais pelo produto.

25
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

E estava criada a inflação. Em pouco tempo, a moeda perdia o seu valor, e não
servia mais para ser trocada por mercadorias.

Por isso, o combate à pobreza passa necessariamente pela questão da


ampliação da produção de bens e serviços, da melhoria qualitativa e quantitativa
dos recursos produtivos, bem como da questão da justiça distributiva, ou seja, dos
critérios de distribuição da riqueza gerada.

Portanto, a moeda é uma representação da riqueza. Ela é um instrumento


utilizado pela sociedade para facilitar as trocas de riquezas e recursos produtivos
entre os vários agentes econômicos. E esse instrumento de trocas passou por um
longo processo evolutivo até chegar aos dias atuais, passando por fases como
o de mercadoria-moeda, metalismo, cunhagem, moeda-papel, até chegar aos
modelos atualmente em uso, como o papel-moeda e a moeda escritural.

De modo geral, quanto mais complexas as relações de produção de uma


sociedade, mais abstrata se torna a sua forma de moeda. O que hoje chamamos
tecnicamente de moeda escritural, e que na prática representa o dinheiro
depositado em contas-correntes, não passa de um impulso eletromagnético
no disco rígido de um computador pertencente a uma instituição financeira.
Tecnicamente não existe na forma física. Mas o que dá valor a esse impulso eletro-
magnético (algo extremamente abstrato para uma pessoa de uma sociedade
pré-industrial) é a possibilidade de ele vir a ser trocado por papel (papel-moeda)
e a possibilidade de esse papel- moeda vir a ser trocado por mercadorias
propriamente ditas.

WEATHERFORD, Jack. História do Dinheiro. São Paulo:


Negócio Editora: 1999.

A moeda funciona também como instrumento de medida da riqueza. O ser


humano atribui valor à riqueza. Alguns bens valem mais do que outros. Uma
Ferrari vale mais que um Fusca. Alguns serviços valem mais que outros. O
trabalho de um cirurgião cardíaco é mais valorizado, em nossa sociedade, que o
de um contínuo de escritório. E o valor atribuído a cada bem ou serviço é sempre
medido em termos monetários. O próprio PIB, que é uma medida da produção dos
mais variados produtos e serviços de um país, é contabilizado em uma moeda.

Mas, dentre todas as funções que a moeda pode exercer, a única que ela
não pode exercer de forma adequada é a função de reserva de valor. A princípio,
uma pessoa pode acumular moeda ao longo da vida na expectativa de se tornar
rica. Mas a moeda perde valor com o passar dos anos. Ela se desvaloriza com o
passar do tempo em virtude dos efeitos da inflação. Essa deficiência das moedas
26
Capítulo 1 Princípios Básicos
de Economia e Finanças

pode ser em parte corrigida pelas instituições financeiras, como será visto no
próximo tópico.

O Papel das Instituições


Financeiras
No processo de produção, distribuição e consumo de riquezas, a partir de
recursos escassos, as tarefas são divididas entre vários agentes econômicos. Se
considerarmos um país como um sistema fechado, ou seja, se desconsiderarmos
as relações com o exterior, é possível identificar três categorias de agentes
econômicos:

• famílias (trabalhadores/consumidores);
• unidades de produção (empresas);
• Governo.

Caso a análise inclua as relações com o exterior, as Famílias do exterior,


assim como as Unidades de Produção de outros países, também devem ser
consideradas.

As Famílias são compostas por trabalhadores, que fornecem mão de obra


(um recurso produtivo) para as Unidades de Produção. As Famílias também
atuam como consumidoras dos bens e serviços produzidos pelas Unidades de
Produção (empresas).

Figura 2 – Interdependência entre os fluxos

Fonte: Rossetti (1995, p 188).

27
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Uma representação esquemática dos fluxos de riquezas entre os agentes


econômicos pode ser observada na figura 2. Pelo esquema é possível visualizar
que existem dois fluxos funcionando paralelamente.

No fluxo externo, que circula em sentido anti-horário, fluem as riquezas


materiais e concretas produzidas pela sociedade. Na parte superior do fluxo
externo, as Famílias encaminham recursos produtivos (mão de obra, terra,
capital, etc.) para as Unidades de Produção. Na parte inferior do mesmo fluxo, as
Unidades de Produção encaminham bens e serviços acabados aos consumidores
finais (Famílias).

O fluxo interno (em sentido horário) é a contrapartida monetária das


operações realizadas no fluxo externo. Na parte superior do fluxo interno, as
Unidades de Produção remuneram as Famílias pelo uso dos recursos produtivos,
por meio do pagamento de salários, juros, aluguéis e lucros. Na parte inferior do
fluxo interno, as Famílias pagam às Unidades de Produção pela aquisição de
bens e serviços produzidos por estas últimas.

As operações de troca (compra e venda) entre os agentes econômicos


ocorrem no mercado. A compra e venda de recursos produtivos ocorre no Mercado
de Recursos de Produção. A compra e venda de bens e serviços finais acontece
no Mercado de Bens e Serviços.

Para entendermos o papel das instituições financeiras nesse processo é


necessário compreender que a riqueza não é igualmente distribuída entre todos
os agentes econômicos. Existem agentes econômicos com um excedente de
renda. Ou seja, a renda desses agentes é superior aos seus gastos. Por outro
lado existem agentes com falta de recursos. Por exemplo, algumas empresas
podem ter projetos de ampliação da estrutura produtiva, mas não dispõem de
recursos suficientes para implementar os investimentos necessários.

É nesse ponto que surge o papel das Instituições Financeiras. Elas serão
responsáveis por captar os recursos excedentes da sociedade e disponibilizá-los
aos agentes que estiverem dispostos a investi-los na atividade produtiva.

Como as Instituições Financeiras conseguem captar os recursos excedentes


na sociedade? Já vimos que a moeda não cumpre de forma adequada a sua
função de reserva de valor, pois com o passar do tempo o seu valor vai sendo
corroído pela inflação. Por isso não é uma atitude racional, por parte do poupador,
manter seus recursos financeiros excedentes guardados em casa. As instituições
financeiras convencem os poupadores a aplicarem seus recursos mediante uma
remuneração denominada de juro. O juro é um prêmio pago ao poupador pela
Instituição Financeira por ter aberto mão do uso desta moeda para o consumo

28
Capítulo 1 Princípios Básicos
de Economia e Finanças

imediato de um bem ou serviço. O juro é uma compensação financeira paga ao


poupador que abriu mão de satisfazer, de forma imediata, uma necessidade por
meio do consumo.

Ao mesmo tempo, a Instituição Financeira oferece os recursos captados a


outros agentes dispostos a utilizar recursos financeiros de terceiros para atingir
seus objetivos. O empresário que decidir pela tomada de um empréstimo para
a concretização do investimento planejado terá de pagar juros pela utilização de
recursos de terceiros. Para o tomador de empréstimos, o juro é uma penalização
pelo uso de recursos alheios. Normalmente, quanto maiores as somas tomadas
em empréstimo, quanto maiores os prazos de uso dos capitais de terceiros, e
quanto maiores os riscos envolvidos na operação, maior será o volume de juros
cobrados pelas instituições financeiras.

E é da diferença entre os juros cobrados dos tomadores de empréstimos e


dos juros pagos aos poupadores, que no mercado é chamado de “spread”, que as
Instituições financeiras auferem seu lucro.

Pode-se afirmar que a função das instituições financeiras é de primordial


importância para o adequado funcionamento do Sistema Econômico Capitalista.
O economista Britânico John Maynard Keynes (KEYNES, 1992) identificou que,
caso toda a renda gerada na sociedade não seja destinada ao consumo de bens e
serviços, a Demanda Agregada (demanda total) da sociedade não será suficiente
para absorver toda a produção de bens e serviços, provocando um acúmulo de
estoques. Caso essa situação perdure por muito tempo, o volume de estoque
fica muito grande e as empresas são obrigadas a reduzir o ritmo de produção,
o que implica demissões de funcionários. Caso as demissões ocorram de forma
generalizada na sociedade, o volume total de renda disponível para consumo
diminui, o que provoca nova queda no consumo, um novo aumento de estoques,
e um novo ciclo de demissões, levando o país a entrar num ciclo vicioso que pode
culminar numa depressão econômica similar à que aconteceu com o
mundo capitalista nos anos 30 do século XX. As Instituições
Financeiras, ao
As Instituições Financeiras, ao captarem os recursos excedentes captarem os
não destinados ao consumo, e disponibilizá-los a empresários que recursos excedentes
não destinados
queiram investir, mantêm os recursos financeiros circulando e gerando
ao consumo, e
demanda. Está aí mais um motivo para o capitalismo estimular o disponibilizá-los
consumismo. O capitalismo precisa de demanda para funcionar, pois, a empresários
sem demanda, não há consumo, não há vendas, nem produção, que queiram
nem emprego e nem renda. E este é um motivo pelo qual o consumo investir, mantêm os
também é fonte de preocupação da Ciência Econômica. Sem recursos financeiros
circulando e gerando
consumo, sem demanda, o sistema não funciona.
demanda.

29
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Portanto, as instituições financeiras prestam um serviço fundamental


Portanto, as
ao funcionamento do sistema capitalista, permitindo a constante utilização
instituições
financeiras dos recursos financeiros, evitando que o Fluxo Circular da Renda deixe
prestam um serviço de funcionar.
fundamental ao
funcionamento do Figura 3 – Fluxo circular da renda e do produto
sistema capitalista,
permitindo a
constante utilização
dos recursos
financeiros,
evitando que o
Fluxo Circular da
Renda deixe de
funcionar.

Fonte: Adaptado de Froyen (2001, p. 95).

A figura 3 é uma ampliação da figura 2. O fluxo externo da figura 2 foi


suprimido na figura 3. Paralelamente, o fluxo interno (monetário) foi ampliado
de forma a mostrar os vazamentos e as injeções de recursos no fluxo circular
da renda.

Os vazamentos são representados pelos recursos financeiros adquiridos


pelas famílias que não foram prontamente gastos com consumo. As injeções
representam os mecanismos utilizados pelo sistema capitalista para redirecionar
esses recursos financeiros ao sistema, de forma a manter a demanda por bens e
serviços sempre elevada.

Na figura 3 é possível observar que a poupança é vista como um vazamento


do Fluxo Circular da Renda. Esses recursos financeiros que não foram utilizados
para o consumo não geraram demanda, e caso nada seja feito, põem em risco o
funcionamento de todo o sistema.

A partir do momento em que as Instituições Financeiras captam esses


recursos e os disponibilizam, via empréstimos, para a realização de investimentos
produtivos, esses recursos voltam a gerar demanda para as Unidades de
Produção, afastando o risco de crise por falta de demanda.

30
Capítulo 1 Princípios Básicos
de Economia e Finanças

Obviamente, o mesmo processo que funciona para pessoas jurídicas funciona


para pessoas físicas. Um indivíduo que tome um empréstimo (via financiamento,
cheque especial, ou outro serviço prestado por uma instituição financeira) para
pagar uma dívida, ou para adquirir um produto, também contribui da mesma
maneira para colocar em circulação os recursos excedentes de um terceiro, e
dessa forma gerar demanda e estimular todo o sistema econômico.

Os impostos pagos pelas famílias também são considerados vazamentos,


na medida em que o dinheiro gasto com o pagamento de impostos não pode ser
utilizado para o consumo. Porém, o governo, ao captar os recursos dos impostos
e redirecioná-los, via gastos do governo, a obras e serviços públicos, bem como
para o pagamento do funcionalismo público, volta a injetar os recursos captados
via impostos e volta a gerar demanda por bens e serviços no sistema econômico.

Finalmente, o mesmo raciocínio é válido para o setor externo. Um consumidor


nacional, ao adquirir um produto importado, está direcionando parte da renda
gerada internamente para fora do país. Portanto, o dinheiro gasto com produtos
importados não gera demanda dentro do país. A aquisição de um produto
importado ajuda a gerar demanda no país de origem do produto. Mas num mundo
globalizado é impossível fechar as fronteiras aos produtos importados. Por isso,
esse vazamento decorrente das importações precisa ser corrigido com um volume
equivalente de exportações. Um produto nacional exportado injeta recursos no
fluxo circular da renda. Quando um produto é exportado, a renda externa gera
demanda por um produto nacional, estimulando a atividade econômica.

Atividade de Estudos:

1) Nesta seção você viu que as Instituições Financeiras prestam


um importante serviço ao funcionamento do Sistema Econômico
Capitalista na medida em que captam os recursos excedentes dos
poupadores e os disponibilizam aos tomadores de empréstimos,
que os utilizarão para a realização de investimentos. Dessa forma,
a Demanda Agregada do país é mantida num patamar elevado,
o que é muito importante para a manutenção do crescimento
econômico. Você viu também que, para captar os recursos
excedentes dos poupadores, as instituições financeiras pagam
uma determinada taxa de juros. E aos tomadores de empréstimos,
as instituições financeiras cobram uma taxa de juros sobre os
valores emprestados. A diferença entre a taxa de juros paga
aos poupadores e a cobrada dos tomadores de empréstimos
é chamada de “spread”. Pesquise na internet informações a

31
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

respeito do spread praticado pelas instituições financeiras no


Brasil. Verifique se esse spread é mais elevado ou mais reduzido
do que o spread praticado pelas instituições financeiras em outros
países. Verifique também quais as justificativas das instituições
financeiras para a prática desse spread no Brasil.
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Algumas Considerações
Neste capítulo você teve uma visão geral do que é economia, tanto em
termos de atividade produtiva, quanto como concepção científica. Você viu que
a Ciência Econômica passou por um longo processo evolutivo e os principais
problemas econômicos de cada período histórico foram atacados com teorias
de renomados economistas que contribuíram para a construção dessa ciência.
Vimos que, em economia, partimos do pressuposto que os recursos produtivos
são escassos. Por esse motivo, não é possível atender as necessidades de todas
as pessoas do planeta. Dessa forma, todo país precisa estabelecer prioridades,
definindo quais problemas ele irá atacar primeiro, e com que intensidade, sempre
levando em consideração que os recursos não são infinitos. Foi feita uma distinção
muito importante entre riqueza e moeda. Mostrou-se que a moeda é, em grande
parte, uma representação da riqueza. Ela foi criada para facilitar o processo de
troca entre os agentes econômicos. Assim, pode-se considerar a moeda como
uma “tecnologia” criada pelos homens para facilitar a troca de riquezas entre eles.
Concluímos o capítulo estudando o papel das Instituições Financeiras dentro do
contexto do Sistema Econômico como um todo.
32
Capítulo 1 Princípios Básicos
de Economia e Finanças

No próximo capítulo estudaremos alguns dos instrumentos governamentais


de intervenção e ajuste do Sistema Econômico. Serão estudadas três das mais
importantes ações de políticas econômicas: política fiscal, política monetária e
política cambial. As ações tomadas pelo governo nesses campos afetam de forma
profunda os produtos e serviços oferecidos pelo setor financeiro.

Referências
FROYEN Richard T. Macroeconomia. São Paulo: Saraiva, 2001.

GALBRAITH, John Kenneth. 1929: A Grande Crise. São Paulo: Ed. Larousse do
Brasil, 2010.

GALBRAITH, John Kenneth. A Era da Incerteza. São Paulo: Thomson Pioneira,


1998.

HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico. Rio de Janeiro: Campus,


1987.

KEYNES, John Maynard. A Teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São


Paulo: Atlas, 1ª edição, 1992. 328 p.

MARX, Karl. O Capital. São Paulo: Civilização Brasileira: 2008.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo:


Martin Claret: 2002.

MCGUIGAN, J.R.; MOYER, R.C.; HARRIS, F.H.D. Economia de Empresas. São


Paulo: Cengage, 2004.

ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 17º


Edição, 1997.

SMITH, Adam. A riqueza das nações. São Paulo: Nova Cultural, 1988. Coleção
Os Economistas.

VASCONCELLOS, Marco Antônio; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de


Economia. São Paulo: Saraiva, 2005.

33
C APÍTULO 2
Noções de Políticas Econômicas

A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Apresentar os principais instrumentos de intervenção governamental sobre o


sistema econômico.

33 Discorrer sobre os mecanismos de implementação de uma política fiscal.

33 Compreender o processo de geração de uma dívida pública e os


procedimentos para o seu financiamento.

33 Entender a relação entre o processo de financiamento da dívida pública e a


oferta de títulos públicos.

33 Identificar os mecanismos de política monetária e compreender o seu


funcionamento como instrumento de implementação de uma política
econômica.

33 Perceber a relação entre as ações de política monetária e a rentabilidade de


alguns produtos financeiros.

33 Compreender os diferentes mecanismos de administração da taxa de câmbio


e suas implicações sobre o valor da moeda nacional.
Capítulo 2 Noções de Políticas Econômicas

Contextualização
No capítulo anterior vimos que, a partir da década de 30 do século XX e,
principalmente, após o término da II Guerra Mundial, os países capitalistas
passaram por uma profunda transformação caracterizada pela crescente
participação do Estado na condução dos assuntos econômicos. Nesse processo
existem avanços e retrocessos, mas de modo geral ele continua até os dias atuais.

Uma das principais formas de intervenção do Estado na economia de um


país ocorre pela implementação de políticas econômicas. Por política econômica,
entende-se o conjunto de ações adotadas por um governo destinadas a controlar
algumas variáveis macroeconômicas de um país com vistas a objetivos
pré-estabelecidos. Essas ações de política econômica estão embasadas e
respaldadas pela Teoria Econômica.

Macroeconomia: é uma das grandes divisões da Ciência


Econômica. A Macroeconomia preocupa-se em estudar questões
econômicas que dizem respeito à economia de todo o país.
Inflação, crescimento econômico, volume global de exportações
e importações, nível de emprego/desemprego são exemplos de
questões macroeconômicas. As questões macroeconômicas estão
mais relacionadas ao setor público, pois é o governo que tem
condições de fazer intervenções sobre essas variáveis.

Microeconomia: é a outra grande divisão do estudo econômico.


A Microeconomia preocupa-se em estudar questões econômicas
específicas dos agentes econômicos (empresas / famílias). A
Microeconomia irá estudar o comportamento dos consumidores nas
suas decisões de consumo e os empresários, nas suas decisões de
investimentos produtivos. A Microeconomia também se preocupa em
estudar as relações econômicas entre as empresas, a concorrência
e a estrutura de mercado. Por isso, as questões microeconômicas
estão mais diretamente relacionadas ao setor produtivo (privado) da
economia.

A política econômica de um governo é implementada por uma série de


medidas, mas três categorias de medidas estão profundamente relacionadas ao
mercado financeiro. São elas: Política Fiscal, Política Monetária e Política Cambial.

37
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Política Fiscal
A Política Fiscal compreende o conjunto de ações de política econômica
relacionadas aos gastos públicos e aos impostos cobrados pelo governo.

a) Gastos Públicos

Uma das principais formas de intervenção do governo na economia ocorre


por meio dos gastos públicos. O governo controla uma parcela significativa da
riqueza gerada num país, e as decisões de como ela deve ser gasta podem
funcionar no sentido de estimular a atividade econômica em diversos setores da
sociedade. Os gastos públicos em obras de infraestrutura (habitação, transportes,
telecomunicações, etc.) e na prestação de serviços variados (educação, saúde,
segurança pública, etc.) incrementam a demanda agregada na medida em que
geram mais empregos e renda.

Desde a década de 30 do século XX os economistas conhecem o poder dos


gastos públicos no estimulo à atividade econômica. Tanto que Keynes (KEYNES,
J.M., 1992) demonstrou ser, o gasto público, um dos principais instrumentos
disponíveis para a recuperação de economias enfraquecidas por crises e
depressões.

Para Keynes, uma das principais causas de crises econômicas é a queda nos
investimentos privados. A classe empresarial, quando sente que o crescimento
de seus negócios está ameaçado, entra num clima de pessimismo e reduz
substancialmente o volume de investimentos.

Esse é o comportamento normal dos empresários num sistema capitalista.


Nenhum empresário é obrigado a investir num novo negócio se não há
perspectiva de lucro. Mas se esse padrão de comportamento se estender a toda
a classe empresarial, a queda nos investimentos privados pode ser muito grande,
o que compromete a formação de capital (capacidade produtiva) e a geração de
empregos.

Caso esse comportamento da classe empresarial persista por um período


de tempo muito longo, o sistema econômico como um todo entra em crise. O
pessimismo quanto ao futuro se espalha pela sociedade, o consumo cai, as
vendas diminuem e a produção industrial despenca. Como resultado, as empresas
começam a demitir funcionários que, sem seu salário, reduzem ainda mais seu
consumo, agravando a crise e criando um ciclo vicioso que aprofunda cada vez
mais a depressão e o desemprego.

38
Capítulo 2 Noções de Políticas Econômicas

É justamente o governo, por meio dos gastos públicos, que tem


É justamente
o poder de quebrar esse ciclo vicioso da depressão e do desemprego.
o governo, por
Ao efetuar gastos públicos, realizando obras e fornecendo serviços meio dos gastos
à sociedade, o governo contrata funcionários, gerando renda. públicos, que tem
Esses funcionários, com a renda recém-adquirida, irão destiná-la ao o poder de quebrar
consumo. O próprio governo, ao realizar obras públicas, irá contratar esse ciclo vicioso
serviços da iniciativa privada. (KEYNES, 1992). da depressão e
do desemprego.
Ao efetuar
Dessa forma, o gasto público tem o poder de estimular o gastos públicos,
consumo de duas formas. A primeira, diretamente, pelo próprio realizando obras e
consumo do governo ao adquirir bens e serviços do setor privado. fornecendo serviços
A segunda, indiretamente, ao gerar renda, contratando funcionários à sociedade, o
públicos, que gastarão seus salários adquirindo bens e serviços das governo contrata
funcionários,
empresas privadas.
gerando renda.
Esses funcionários,
O aumento do consumo de bens e serviços oferecidos pelas com a renda
empresas privadas provocado pelo aumento dos gastos públicos recém-adquirida,
colabora no sentido de reduzir o pessimismo e aumentar o otimismo irão destiná-la ao
dos empresários que percebem a elevação nas vendas e o incremento consumo. O próprio
governo, ao realizar
de seus mercados. À medida que isso ocorre, eles voltam a investir e
obras públicas, irá
a economia volta a crescer. Este é o grande papel do gasto público no contratar serviços da
estímulo à atividade econômica. iniciativa privada.

b) Impostos

Se os gastos públicos têm o poder de estimular a economia, deve-se


perguntar de onde vem o dinheiro para financiá-los. A resposta é dos impostos.
Infelizmente não existem milagres em economia. O dinheiro gasto precisa vir de
algum lugar, e ele vem principalmente do bolso dos contribuintes.

Esse fato faz com que a cobrança de impostos tenha uma profunda influência
sobre a demanda agregada, e, portanto, sobre a capacidade de consumo da
sociedade. Caso o governo decida elevar a carga tributária, uma parte maior da
renda das famílias será destinada ao pagamento de impostos, o que desestimulará
as vendas e o consumo. Por este motivo, a elevação de impostos é muitas vezes
utilizada como um mecanismo de controle da inflação.

Carga Tributária: é o termo utilizado para designar o volume


total de impostos pagos por uma sociedade ao governo de seu país.
Normalmente é medido em relação ao Produto Interno Bruto – PIB.
Por exemplo: quando uma manchete de jornal informa que a carga

39
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

tributária do Brasil está em 38% do PIB, isso significa que o volume


total de impostos pagos pelos brasileiros (nas esferas federais,
estaduais e municipais) equivale a 38% de toda a riqueza produzida
no país ao longo de um ano. Ou seja, de cada R$ 100,00 de riqueza
gerada, R$ 38,00 irão parar nos cofres públicos.

Porém, quando o governo identifica que o volume de produção das indústrias


e o ritmo das vendas estão caindo, colocando em risco um grande número de
empregos, ele pode agir em sentido contrário, reduzindo a carga tributária.
Com um volume de impostos menor, as famílias têm mais recursos a serem
direcionados para o consumo. O aumento do consumo, por sua vez, estimula as
vendas e o emprego.

Percebe-se, portanto, que existe um tênue limite entre dois


problemas fundamentais nas economias modernas: o emprego e a
Então, uma das
inflação. Caso as medidas de estímulo ao emprego sejam muito fortes,
principais funções
dos formuladores o consumo aumenta muito, além da capacidade produtiva do país, o
de políticas que gera inflação. E as medidas de combate à inflação são, justamente,
econômicas é medidas que reduzem o volume agregado de renda, promovendo uma
administrar a diminuição do ritmo das vendas.
economia de um
país de forma
Então, uma das principais funções dos formuladores de políticas
que ela “caminhe”
sobre essa tênue econômicas é administrar a economia de um país de forma que
linha que demarca ela “caminhe” sobre essa tênue linha que demarca a inflação e o
a inflação e o desemprego. Caso a economia penda para o lado do desemprego, o
desemprego. governo precisa estimular o crescimento econômico. Caso ela venha
Caso a economia a pender para o lado da inflação, a ação correta será desestimular o
penda para o lado
consumo excessivo.
do desemprego,
o governo
precisa estimular Tanto o desemprego quanto a inflação trazem instabilidade
o crescimento econômica e são nocivos ao crescimento econômico sustentável a
econômico. longo prazo. Um volume de desemprego muito grande traz pessimismo
Caso ela venha aos consumidores e à classe empresarial. Os consumidores reduzem
a pender para o
ainda mais suas compras, tentando poupar para os tempos difíceis que
lado da inflação, a
ação correta será estão por vir. Os empresários, preocupados com a redução das vendas,
desestimular o reduzem seus investimentos, fecham unidades produtivas e demitem
consumo excessivo. funcionários.

De modo semelhante, uma inflação muito elevada é prejudicial ao


sistema econômico por uma série de fatores. Uma das principais é que a inflação
tem a capacidade de corroer o poder de compra dos assalariados, acentuando

40
Capítulo 2 Noções de Políticas Econômicas

as disparidades sociais e aumentando a diferença entre ricos e pobres. Mas um


dos principais fatores negativos da inflação é que, quando ela atinge valores
muito elevados, o poder de previsão dos empresários quanto à rentabilidade
futura de novos empreendimentos fica seriamente prejudicado. Ao mesmo
tempo, o sistema financeiro passa a oferecer uma série de produtos financeiros
lastreados com títulos corrigidos pelos índices de inflação. Isso faz com que, na
visão do empresário, o investimento produtivo seja considerado muito arriscado,
e o investimento financeiro, perfeitamente seguro, uma vez que este último fica
protegido dos efeitos da inflação.

Por consequência, uma inflação muito elevada estimula o que a mídia


brasileira convencionou chamar de “ciranda financeira”, que nada mais é do
que o investimento de vultosos recursos em produtos financeiros que não têm o
poder de estimular a produção e a renda. Apenas o investimento produtivo tem a
capacidade de estimular, de forma significativa, a produção, o emprego, a geração
de renda e a ampliação da capacidade produtiva do país.

No mundo capitalista moderno, não é possível abrir mão do sistema


financeiro, bem como dos produtos e serviços oferecidos por esse importante
segmento do sistema econômico. Mas é preciso ter em mente que emprego,
renda e ampliação da capacidade produtiva (que é importante para a ampliação
do PIB) somente são obtidos com a priorização dos investimentos produtivos.

Por isso é fundamental, para a boa gestão do sistema econômico, para a


manutenção da estabilidade econômica e para a manutenção de expectativas
otimistas entre empresários e consumidores, que o governo de um país
mantenha sua economia sobre essa linha imaginária que demarca a inflação
(excesso de consumo) de um lado e o desemprego (falta de consumo) de outro.
Esses “monstros” precisam ser evitados para que o país tenha perspectivas de
crescimento a longo prazo.

c) Dívida Pública e o seu financiamento

Até meados dos anos trinta do século XX imperava, entre os economistas,


a noção de que o Estado deveria gastar um volume de recursos equivalente
ao montante arrecadado de impostos. Essa visão era respaldada pelas ideias
dos economistas neoclássicos que defendiam uma reduzida intervenção do
Estado na Economia. Essa visão permitia, sem dúvida, uma boa administração
das contas públicas, mas reduzia a capacidade administrativa do Estado,
pois limitava sensivelmente sua capacidade de intervenção e condução das
questões econômicas.

41
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Mas com a Grande Depressão Econômica dos anos 30, as economias


capitalistas (Estados Unidos e Europa) sentiram a necessidade de uma
intervenção mais consistente do Estado. Houve então a necessidade do
aparelhamento do Estado, com a criação de diversas empresas públicas, que
resultaram no crescimento significativo de seus gastos.

A própria intervenção com a realização de obras públicas provocava um


crescimento acentuado dos gastos do governo. E, em período de depressão
econômica, esse aumento dos gastos do governo não pode ser compensado com
um aumento nos impostos, pois a depressão ocorre pela queda significativa no
consumo, nas vendas e na produção. Aumentar impostos nesse contexto seria
reduzir ainda mais a capacidade de consumo da sociedade, agravando ainda
mais a crise.

A solução encontrada foi o aumento dos gastos públicos financiados com


o endividamento do Estado. Esse procedimento, estimulado pelas ideias do
economista britânico J. M. Keynes, encontrou, no início, muita resistência por parte
dos governantes de modo geral, pois gastar além da arrecadação justamente em
época de crise econômica parecia um contrassenso. Mas as políticas de estímulo
à reconstrução da Europa após a II Guerra Mundial mostraram que essas políticas
eram eficientes para combater o desemprego.

Essas políticas funcionaram muito bem a partir dos anos 50 e foram


responsáveis por quase três décadas de crescimento contínuo do capitalismo em
todo o mundo. O endividamento público também crescia na mesma proporção,
mas era administrável. As primeiras crises só voltaram a ocorrer a partir dos anos
70, com os sucessivos choques do petróleo.

Atualmente, todo país capitalista possui uma dívida pública, fruto de seus
gastos excessivos decorrentes da intervenção no sistema econômico. Ao final
da primeira década do século XXI, esses países começam a enfrentar outro
problema. O endividamento excessivo vem comprometendo parcelas crescentes
dos recursos arrecadados de impostos com o pagamento de juros. Quanto maior o
grau de endividamento de um país, maiores serão seus custos com a manutenção
dessa dívida, pois maiores serão os juros pagos por ela.

Conclui-se que um mecanismo adotado nos anos 30 do século XX de


forma a estimular o emprego e a renda, e que foi largamente utilizado durante 80
anos, chega ao início do século XXI praticamente esgotado, pois já não funciona
de forma eficaz.

42
Capítulo 2 Noções de Políticas Econômicas

Quadro 1 - Grau de endividamento de países europeus em relação ao PIB

País Endividamento
Grécia 151,9 %
Itália 121,4 %
Portugal 106,3 %
Irlanda 104,6 %
Bélgica 98,4 %
França 86,1 %
Alemanha 81,1 %
Áustria 72,5 %
Malta 71,6 %
Chipre 66,8 %
Espanha 65,2 %
Holanda 63,8 %
Finlândia 45,3 %
Eslovênia 44,4 %
Eslováquia 42,5 %
Luxemburgo 18,7 %
Estônia 6,2 %

Fonte: Jornal Folha de São Paulo nº 30.156 de 26/10/1011, p. A-16.

De qualquer maneira, essa dívida pública precisa ser administrada, e a sua


gestão proporciona a oferta de uma série de produtos financeiros. A dívida pública
é consequência do acúmulo de déficits públicos. Déficit Público é a diferença
entre o valor total dos gastos públicos menos o valor total da arrecadação de
impostos. Ele ocorre toda vez que os gastos públicos superam a arrecadação
de impostos. Caso, num país, o volume de arrecadação de impostos supere o
volume de gastos, ter-se-á um Superávit Público. Mas esse fenômeno é muito
pouco frequente. O déficit público é praticamente uma regra entre as economias
capitalistas. Ou seja, em função do crescimento da máquina estatal, os custos
com a sua manutenção têm, frequentemente, superado o montante de recursos
arrecadados com os impostos.

Déficit: é um termo contábil de origem latina que significa


saldo negativo. É muito utilizado em economia para designar contas
negativas. Exemplo: Déficit Público, Déficit Orçamentário, Déficit na
Balança Comercial, Déficit habitacional, etc.

43
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Superávit: é a o oposto de déficit. Significa saldo positivo.


Também é amplamente utilizado em economia.

O déficit público precisa ser coberto de alguma maneira. Existem algumas


alternativas disponíveis, mas todas têm efeitos colaterais. Uma alternativa seria a
emissão de moeda para cobertura do déficit, mas essa é uma medida claramente
inflacionária. Todo país que enfrenta a questão da inflação com responsabilidade
evita ao máximo a emissão desenfreada de moeda. A outra alternativa é a emissão
de Títulos da Dívida Pública.

Os Títulos da Dívida Pública são um instrumento por meio do qual o governo


tem condições de financiar seu déficit público. É um ativo financeiro que o Tesouro
Nacional coloca à venda em leilões diários (Mercado Aberto) que se configura,
ao comprador, como uma forma de investimento financeiro, pois esses títulos
rendem juros. Por meio da venda de títulos, o governo arrecada os recursos
necessários para a cobertura do déficit público. O efeito colateral da emissão de
títulos públicos, como já foi visto, é o aumento da dívida pública.

Existe uma ampla variedade de títulos disponíveis para a compra por pessoas
físicas.

Quadro 2 – Títulos públicos disponíveis para compra por pessoas físicas

LTN - Letra do Tesouro Nacional: título com rentabilidade definida (taxa fixa) no momento da
compra. Forma de pagamento: no vencimento;

LFT - Letra Financeira do Tesouro: título com rentabilidade diária vinculada à taxa de juros básica
da economia (taxa média das operações diárias com títulos públicos registrados no sistema
SELIC, ou, simplesmente, taxa Selic). Forma de pagamento: no vencimento;

NTN-B – Nota do Tesouro Nacional – série B: título com rentabilidade vinculada à variação do
IPCA, acrescida de juros definidos no momento da compra. Forma de Pagamento: semestral-
mente (juros) e no vencimento (principal);

NTN-B Principal - título com a rentabilidade vinculada à variação do IPCA, acrescida de juros
definidos no momento da compra. Forma de Pagamento: no vencimento;

NTN-C – Nota do Tesouro Nacional – série C: título com rentabilidade vinculada à variação do
IGP-M, acrescida de juros definidos no momento da compra. Forma de Pagamento: semestral-
mente (juros) e no vencimento (principal);

NTN-F – Nota do Tesouro Nacional – série F: título com rentabilidade prefixada, acrescida de
juros definidos no momento da compra. Forma de Pagamento: semestralmente (juros) e no
vencimento (principal).
Fonte: BRASIL. Tesouro Nacional. Tesouro Direto. Perfil do Investimento.
44
Capítulo 2 Noções de Políticas Econômicas

Esses títulos podem ser adquiridos diretamente pelas pessoas físicas ou


indiretamente, por meio da aquisição de quotas em fundos de investimentos
oferecidos pelas instituições financeiras.

Atividade de Estudos:

1) Acesse o site do tesouro nacional e procure descobrir a rentabilidade


de alguns títulos públicos. Verifique se a rentabilidade desses títulos
é superior ou inferior à rentabilidade da Caderneta de Poupança.
Diante dos dados pesquisados, você considera o investimento em
títulos públicos uma alternativa viável?
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2) Pesquise em um banco se ele oferece opções de investimento


lastreados em títulos públicos. Compare o rendimento médio
dessas aplicações financeiras com o rendimento da caderneta de
poupança. Eles são mais ou menos atrativos que a poupança?
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Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Política Monetária
Outro importante instrumento de controle do nível de atividade econômica é
a Política Monetária. Esta política é composta por um conjunto de instrumentos
implementados pelo Banco Central cuja orientação irá depender do objetivo
principal do governo em determinado momento. Por exemplo, caso o governo
busque estimular a atividade econômica para gerar mais empregos, a política
monetária será orientada de forma a ampliar a renda disponível destinada ao
consumo da população em geral. Por outro lado, em momentos de inflação
elevada, o enfoque será ou

Existe uma série de instrumentos de política monetária:

• Emissão de moeda;
• Depósitos compulsórios;
• Operações de mercado aberto;
• Taxas de juros;
• Redesconto bancário;
• Regulamentações sobre o crédito.

a) Emissão de Moeda

O governo, por meio do Banco Central, detém o monopólio da emissão de


moeda. O meio circulante (cédulas e moedas) em poder do público, empresas
e bancos é fundamental para o adequado funcionamento do sistema
econômico. O seu excesso, bem como sua falta, pode ser prejudicial ao
O governo, por
meio do Banco crescimento econômico.
Central, detém
o monopólio da De modo geral, quando um país enfrenta um processo inflacionário,
emissão de moeda. as emissões de moedas devem ser reduzidas, pois o excesso de
moeda em circulação provoca sua desvalorização, gerando inflação.
Porém, se o desemprego for o principal problema, as emissões devem
Os depósitos
compulsórios, ou ser ampliadas, de forma a ampliar a renda e estimular a atividade
recolhimentos econômica.
compulsórios,
representam um b) Depósitos Compulsórios
percentual dos
recursos captados
Os depósitos compulsórios, ou recolhimentos compulsórios,
pelas entidades
bancárias que representam um percentual dos recursos captados pelas entidades
devem ficar à bancárias que devem ficar à disposição do Banco Central. As entidades
disposição do bancárias, através do mecanismo do empréstimo, têm o poder de criar
Banco Central. moeda. Não se trata de papel-moeda, mas de moeda escritural (depósitos

46
Capítulo 2 Noções de Políticas Econômicas

bancários em conta corrente, por exemplo). O dinheiro depositado por um correntista


não fica guardado no banco. Ele é emprestado para terceiros mediante a cobrança
de juros. Por meio deste mecanismo, o dinheiro se multiplica, pois várias pessoas o
utilizam ao mesmo tempo (o depositante e o tomador de empréstimo).

Os depósitos compulsórios são um mecanismo por meio do qual o governo


controla a velocidade de multiplicação da moeda escritural. O efeito multiplicador
da moeda escritural no sistema financeiro é dado pela seguinte fórmula:

1
K = ____
r

Onde: K = Efeito multiplicador da moeda;


r = Depósito compulsório (%)

Portanto, quando o governo estipula um depósito compulsório de 30% sobre


os recursos captados pelos bancos, o efeito multiplicador da moeda será de
3,3333 vezes.
1 3,3333
K = ____
0,3
Por exemplo, se R$ 1.000,00 foram depositados em determinado banco e
o depósito compulsório em vigor for de 30% (30/100 = 0,3), esse depósito irá se
converter em R$ 3.333,33. Deve-se ressaltar que não existe multiplicação física
do dinheiro, mas em função do mecanismo de empréstimos, o mesmo dinheiro é
utilizado por várias pessoas ao mesmo tempo.

Caso o governo julgue que o efeito multiplicador está muito elevado (o que
pode provocar aumento no consumo e, por consequência, elevação da inflação),
ele pode elevar o valor do depósito compulsório. Por exemplo, ele pode elevar os
depósitos compulsórios de 30% para 50%. Nesse caso, o efeito multiplicador cai
para apenas 2 vezes.

1 2,0
K = ____
0,5

Se o governo julgar que a economia deve ser estimulada, ele deve tomar a
medida contrária, reduzindo o depósito compulsório.

c) Operações de Mercado Aberto

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Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

O Mercado Aberto é o instrumento por meio do qual o governo


O Mercado Aberto
compra e vende títulos da dívida pública. Além da função de financiar
é o instrumento
por meio do qual o déficit público, como foi visto anteriormente, as operações com
o governo compra títulos possuem uma função monetária muito importante. Por meio das
e vende títulos da operações de mercado aberto o governo pode controlar a liquidez do
dívida pública. sistema financeiro (quantidade de meios de pagamento em circulação),
assim como controlar a taxa de juros.

Quando for necessário reduzir o ritmo de crescimento econômico, para evitar


inflação, o governo atua no mercado aberto no sentido de emitir novos títulos e
colocá-los à venda. O público, ao adquirir os títulos, estará direcionando uma
parcela de seus rendimentos para esse fim. Portanto, esses recursos não mais
serão destinados ao consumo, reduzindo as pressões inflacionárias.

Se a necessidade de “enxugar” a liquidez do mercado for muito grande, o


volume de títulos colocados à venda pode ser muito grande e o governo pode ter
dificuldade para convencer os investidores a adquiri-los. Quando isso acontece,
outra medida precisa ser adotada de forma conjunta, que é a elevação da taxa
de juros. A taxa de juros funciona como uma compensação a investidor que abre
mão, momentaneamente, de seus recursos para aplicá-los em títulos. Assim, os
juros configuram um prêmio ao investidor. Quando o governo precisa convencer
mais pessoas a abrir mão do consumo para direcionar seus recursos para a
compra de títulos, ele o faz elevando a taxa de juros, e dessa forma, premiando
os investidores.

O contrário acontece quando o objetivo do governo for acelerar o ritmo de


crescimento da economia. Nesse caso ele irá atuar no sentido de resgatar, ou
adquirir títulos públicos em poder dos agentes econômicos. Nesse processo, o
governo devolve dinheiro ao investidor, que agora possui recursos para direcioná-
los ao consumo. O aumento do consumo estimula as vendas, a produção, o
emprego e o crescimento.

d) Taxas de Juros

A administração das taxas de juros são ações complementares às operações


de mercado aberto. Um aumento da taxa de juros estimula o público a abrir mão do
consumo e direcionar seus recursos para a compra de títulos. O mesmo processo
ocorre com a classe empresarial. Num ambiente econômico de juros elevados
eles julgam muito mais seguro e rentável aplicar seus recursos em instituições
financeiras, na compra de títulos públicos. A retração do consumo das famílias e
a queda dos investimentos dos empresários provocam uma retração da Demanda
Agregada, o que colabora para o controle da inflação.

48
Capítulo 2 Noções de Políticas Econômicas

Por outro lado, quando se busca promover a ampliação do


Quando se
emprego, o processo é o inverso. Os juros são reduzidos, o que
busca promover
estimula o consumo e o investimento, ampliando a demanda agregada. a ampliação
do emprego, o
Como os títulos públicos não são emitidos fisicamente, ou seja, processo é o
são títulos escriturais, as operações com esses documentos são inverso. Os juros
realizadas por um sistema denominado SELIC: Sistema Especial de são reduzidos, o que
estimula o consumo
Liquidação e Custódia. O sistema SELIC é um sistema eletrônico
e o investimento,
de teleprocessamento, administrado pelo Banco Central do Brasil ampliando a
e operado em parceria com a ANDIMA, Associação Nacional das demanda agregada.
Instituições do Mercado Aberto. Este sistema foi criado em 1979. É
nas negociações envolvendo títulos públicos no sistema SELIC que é
definida a taxa SELIC, que serve como referencial para a formação dos juros do
mercado.

A meta da taxa de juros é fixada nas reuniões do COPOM, Comitê de Política


Monetária, órgão vinculado ao Banco Central que costuma realizar 8 reuniões
ordinárias por ano, uma a cada 45 dias, em média.

e) Redesconto Bancário

O redesconto bancário compreende operações de empréstimo de assistência


à liquidez que o Banco Central realiza para instituições financeiras, empréstimos
estes concedidos em momentos de necessidade de caixa decorrente de uma
elevação da demanda dos recursos dos depositantes.

Quando o governo vê a necessidade de estimular a atividade econômica,


ele realiza esses empréstimos a uma taxa inferior à taxa adotada pelo mercado.
Assim, as instituições financeiras são incentivadas a elevar a oferta de crédito, o
que colabora para a redução das taxas de juros que as instituições financeiras
cobram de seus clientes.
Quando o
Mas em períodos de risco de inflação, o Banco Central eleva a governo tem por
taxa de redesconto, o que reduz a oferta de crédito no mercado, fato objetivo estimular
a atividade
que colabora para a elevação dos juros.
econômica,
ele buscará
f) Regulamentações sobre o crédito incrementar o
crédito, criando
A regulamentação sobre o crédito também é considerada um mecanismos de
instrumento de política monetária. Quando o governo tem por objetivo financiamento
facilitado para os
estimular a atividade econômica, ele buscará incrementar o crédito,
consumidores e/ou
criando mecanismos de financiamento facilitado para os consumidores empresários.
e/ou empresários. Poderá também atuar no sentido de restringir o

49
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

crédito no caso de risco inflacionário. Uma vantagem desse mecanismo é que ele
pode ser utilizado de forma seletiva. Caso o governo deseje estimular um setor
específico, por exemplo, a construção civil, poderá conceder programas facilitados
de crédito para a aquisição da casa própria.

Atividade de Estudos:

1) Pesquise na Internet qual o valor percentual do depósito


compulsório praticado atualmente. O percentual varia em função
do tipo de recurso (recursos à vista em conta corrente, recursos
a prazo, depósitos em poupança)? Os valores recolhidos pelo
Banco Central são remunerados?
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2) Descubra a taxa de juros SELIC praticada atualmente. Essa taxa


de juros foi definida em qual reunião do COMPOM? Quando foi
realizada essa reunião? Tente descobrir qual foi a taxa de juros
SELIC mais alta e a mais baixa já praticada no Brasil. Em quais
datas essas taxas foram praticadas?
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Capítulo 2 Noções de Políticas Econômicas

Política Cambial
Política Cambial compreende o conjunto de ações destinadas a administrar o
valor da moeda nacional em relação às moedas estrangeiras. Existem dois tipos
básicos de políticas cambiais: o regime de taxas cambiais fixas e o regime de
taxas cambiais flutuantes.

a) Regime de Taxas Cambiais Fixas

No regime de taxas cambiais fixas, o Banco Central fixa o valor da moeda


nacional em relação a uma determinada moeda externa. Esse regime de taxas
cambiais foi adotado no Brasil durante a primeira fase do Plano Real, entre os
anos de 1994 e 1998. Na verdade, o Brasil adotou um regime misto, batizado de
Regime de Bandas Cambiais, no qual o valor da moeda poderia flutuar dentro de
uma estreita faixa de câmbio. Quando a taxa de câmbio se aproximava do limite
máximo ou mínimo definido pelo governo, ocorriam medidas corretivas do Banco
Central no sentido de reconduzir a taxa aos parâmetros considerados aceitáveis.
Em termos práticos, funcionava como um regime de taxas cambiais fixas.

Taxa Cambial: Taxa Cambial ou Taxa de Câmbio é o preço relativo


de uma moeda em relação a outra. É a taxa de troca de uma moeda
por outra. A taxa de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em
relação a outra. Por exemplo, quando afirmamos que a taxa de câmbio
(para o dólar) é de “2,00”, isso significa que para adquirirmos uma
unidade de dólar (Us$ 1,00) precisamos trocá-la por duas unidades de
moeda nacional (R$ 2,00). O mesmo procedimento ocorre com todas as
demais moedas do mundo. E a cotação da taxa de câmbio irá depender
muito do regime de taxas de câmbio que o país adota.

O ponto positivo dessa modalidade de regime cambial é que ele pode trazer
certa estabilidade econômica, pois permite a empresários e consumidores saber o
valor da taxa de câmbio no futuro próximo. Isso favorece a elaboração de contratos
de importações e exportações. Também é muito importante para o planejamento
de empresas estrangeiras que queiram fazer investimentos no Brasil e vice-versa.

Mas essa modalidade de regime cambial tem desvantagem, se um país


fixa a taxa de câmbio de forma tal que a moeda interna fica muito valorizada em
relação à moeda externa. Foi o que aconteceu no Brasil em 1994, quando o valor

51
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

do Real foi equiparado ao valor do Dólar. Para os importadores, isso foi ótimo num
primeiro momento, pois com o Real valorizado, os produtos importados ficaram
muito baratos. Mas isso foi péssimo para os exportadores, pois os produtos
nacionais ficaram muito caros no mercado externo. Como consequência dessa
política, as importações subiram muito e as exportações caíram dramaticamente.

Com a queda nos preços dos produtos importados, os consumidores estavam


substituindo os produtos nacionais pelos importados. Dessa forma, a produção
nacional começou a cair, provocando um desemprego significativo.

Paralelamente a esse fato, o aumento das importações gerava um consumo


cada vez maior de divisas (dólares), ao mesmo tempo em que a queda nas
exportações reduzia a entrada desses recursos no país. Com isso, o Brasil passou
a apresentar déficits sucessivos em sua balança comercial, algo que não poderia
ser mantido por muito tempo.

Esse processo perdurou até o final de 1998 quando, em função de uma saída
acelerada de divisas do país, o Banco Central foi forçado a abandonar o Regime
da Taxas Cambiais Fixas.

b) Regime de Taxas Cambiais Flutuantes (ou Flexíveis)

No regime de taxas cambiais flutuantes, o valor da moeda nacional em


relação ao valor das moedas externas flutua ao sabor do mercado de divisas. Isso
significa que a taxa de câmbio irá depender das forças de demanda e oferta de
moeda externa no país. Por exemplo, se a demanda por dólares (para importações
e pagamento de obrigações externas) for superior à oferta (decorrente de
exportações e investimentos externos no país) o volume de dólares que saem
do país será maior que o volume de dólares que entram. Isso provocará uma
apreciação do valor do dólar e uma depreciação do valor do real.

Na verdade, o fenômeno segue o comportamento típico do mercado. Todo


produto que fica mais escasso tem seu preço elevado. Da mesma forma, se o
Dólar, como divisa internacional, fica escasso no país, o seu valor se eleva.

O contrário também é verdadeiro. Se a oferta de Dólares supera em muito a


sua demanda, seu valor tende a cair, e o Real tende a se valorizar.

O regime de taxas cambiais flutuantes, embora possa estar sujeito a grandes


oscilações nas taxas de câmbio, é considerado mais seguro a longo prazo, pois
tem a capacidade de promover ajustes automáticos no mercado de câmbio. Por
exemplo, numa situação como a enfrentada pelo Brasil no final de 1998, com o

52
Capítulo 2 Noções de Políticas Econômicas

Real extremamente valorizado, num regime de taxas cambiais flexíveis ocorreria


um ajuste nas taxas cambiais. Isso porque, com o Real valorizado, a demanda
por dólares para importações é muito alta. Paralelamente, com a queda das
exportações, a oferta de dólares é muito baixa.

Num contexto em que a demanda por dólares é alta e a oferta é baixa, essa
divisa apresenta uma tendência de forte valorização. E a valorização do dólar
implicaria uma redução da demanda por produtos importados e aumento das
exportações de produtos nacionais. Esse movimento provocaria uma redução da
demanda por dólares e uma ampliação de sua oferta, o que voltaria a equilibrar o
mercado de divisas.

Por esse motivo, o regime de taxas cambiais flutuantes é considerado mais


seguro e adotado por um número maior de nações, notadamente as principais
economias do mundo.

Atividade de Estudos:

1) Pesquise na Internet o valor da Taxa de Câmbio do Real em


relação ao Dólar de julho de 1994 até a data atual. Você identificou
comportamentos diferenciados da taxa de câmbio ao longo dos
anos? Os picos da taxa de câmbio (períodos em que o valor da
moeda norte-americana estava muito elevado em relação ao real)
podem ser associados a um evento ou fato econômico específico
do período?
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53
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Algumas Considerações
Neste capítulo estudamos o funcionamento de três importantes instrumentos
de Política Econômica. Vimos que a política fiscal é responsável pela administração
dos gastos públicos e pela arrecadação de impostos. Como no Brasil os gastos
públicos têm superado a arrecadação de impostos, o país obtém um déficit
público. O déficit público é financiado com a emissão de títulos da dívida pública.
A soma dos títulos públicos emitidos pelo governo compõe a dívida pública interna
do país. E os títulos da dívida pública funcionam, para o governo, como um
mecanismo para conseguir recursos para cobrir seus gastos excessivos. Para o
setor financeiro e para os investidores de modo geral, os títulos públicos funcionam
como um lastro (uma garantia) para seus investimentos. Também estudamos que,
para administrar a moeda, o governo lança mão de uma série de instrumentos de
política monetária, muitos deles com profundas implicações sobre a rentabilidade
de muitos produtos financeiros oferecidos pelas instituições do sistema financeiro.
Deve-se estar atento ao fato de que as medidas de política monetária adotadas
pelo governo visam, em primeira instância, à estabilidade da moeda e ao bem
comum. O fato de medidas de política monetária afetarem a rentabilidade de
aplicações financeiras não influencia, ou não deveria influenciar, as decisões dos
formuladores de políticas econômicas. E por fim, estudamos os regimes de taxas
cambiais. Foi visto que o regime de taxas cambiais fixas, adotado no Brasil na
primeira fase do Plano Real, entre 1994 e 1998, tem a vantagem de trazer certa
estabilidade para o valor da moeda nacional, mas a longo prazo, esse regime está
sujeito a provocar distorções na balança de pagamentos do país. As importações
poderão ser muito superiores às exportações, provocando um déficit na Balança
Comercial e na própria Balança de Pagamentos. Essa fragilidade pode provocar
uma fuga de investimentos externos que, em casos extremos, pode levar o país a
declarar uma moratória (não pagamento de obrigações externas). No regime de
taxas cambiais flutuantes a taxa de câmbio flutua ao sabor do mercado de divisas,
ou seja, em função do ritmo de entrada e saída de divisas (dólares e outras
moedas fortes) do país. Embora nesse regime a taxa de câmbio esteja sujeita
a oscilações relativamente acentuadas no curto prazo (o que pode prejudicar
negócios privados com o exterior), no longo prazo, em função da capacidade de
autoajustamento da taxa, o risco de fuga de capitais externos (e, portanto, de uma
moratória) é significativamente reduzido. Indiretamente, a taxa de câmbio também
afeta a rentabilidade de muitos produtos e serviços financeiros, pois a taxa de
câmbio afeta a inflação, a taxa de juros, o ritmo de crescimento do país e uma
série de outras variáveis.

No próximo capítulo estudaremos a estrutura do Sistema Financeiro Nacional,


seus subsistemas normativo e de intermediação, as funções e responsabilidades
de cada modalidade de instituição financeira.

54
Capítulo 2 Noções de Políticas Econômicas

Referências
FROYEN Richard T. Macroeconomia. São Paulo: Saraiva, 2001.

HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico. Rio de Janeiro: Campus,


1987.

KEYNES, John Maynard. A Teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São


Paulo: Atlas, 1ª edição, 1992. 328 p.

ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 17º


Edição, 1997.

VASCONCELLOS, Marco Antônio; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de


Economia. São Paulo: Saraiva, 2005.

55
C APÍTULO 3
Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Apresentar a estrutura do Sistema Financeiro Nacional.

33 Caracterizar o Subsistema Normativo apresentando as instituições que o


compõem, bem como suas respectivas responsabilidades.

33 Qualificar o Subsistema de Intermediação detalhando e diferenciando as


diversas instituições financeiras e não financeiras que o compõem.

33 Destacar o papel das Cooperativas de Crédito no contexto do Subsistema


de Intermediação do Sistema Financeiro Nacional.
Capítulo 3 Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

Contextualização
Como foi estudado no primeiro capítulo, o sistema financeiro tem um papel
muito importante para o funcionamento adequado do sistema capitalista. Sua
função primordial é captar os recursos disponíveis de poupadores e agentes
econômicos superavitários e disponibilizá-los aos investidores e agentes
econômicos deficitários.

Por meio desse mecanismo permite-se o eficiente fluxo de recursos


financeiros entre os agentes econômicos, evitando o chamado vazamento de
recursos do Fluxo Circular da Renda, fator prejudicial à manutenção da demanda
agregada em níveis elevados e ao crescimento econômico propriamente dito.

Mas, na sociedade capitalista moderna, o sistema financeiro passou a oferecer


muito mais produtos e serviços, funcionando como um elo entre os vários agentes
econômicos. O próprio volume de moeda escritural utilizado, em relação ao volume
de papel-moeda, é um indicativo de quão dependente a sociedade atual é do
sistema financeiro. De acordo com dados do Banco Central (IPEADATA, 2011) em
dezembro de 2010, da moeda em circulação no país cerca de 57,2% encontram-se
sob a forma de moeda escritural (em depósitos à vista em instituições bancárias) e
apenas 42,8% sob a forma de papel-moeda em poder do público.

Denomina-se Sistema Financeiro Nacional o conjunto de instituições que


criam condições para que os recursos dos poupadores (agentes superavitários)
sejam transferidos para os investidores (agentes deficitários).

O Sistema Financeiro Nacional é o conjunto de instituições


(agentes intermediários) que propiciam condições para que os
recursos dos poupadores (agentes superavitários) sejam transferidos
para os investidores (agentes deficitários), ou seja, constitui-se no
elo entre poupança e investimento.

O Sistema Financeiro Nacional é composto por dois grandes subsistemas:


o Subsistema Normativo e o Subsistema Operativo, também chamado de
Subsistema de Intermediação.

O Subsistema Normativo é composto pelo conjunto de instituições


responsáveis pelo estabelecimento das normas e diretrizes de atuação das
instituições que operam no sistema financeiro.
59
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

O Subsistema de Intermediação (ou operativo) é composto pelas entidades


bancárias e não bancárias que atuam em operações de intermediação financeira.

Figura 4 – Estrutura do sistema financeiro nacional

Fonte: Assaf Neto (2008, p. 35).

Subsistema Normativo
Cabem ao Subsistema Normativo a regulamentação, o controle
Cabem ao
Subsistema e a fiscalização das atividades no mercado financeiro. Para tanto ele
Normativo a conta com um conjunto de instituições:
regulamentação,
o controle e a • Conselho Monetário Nacional – CMN;
fiscalização das • Banco Central do Brasil – BACEN;
atividades no
• Comissão de Valores Mobiliários – CVM;
mercado financeiro.
• Banco do Brasil – BB;
• Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES;
• Caixa Econômica Federal – CEF.
O Conselho
Monetário Nacional
a) Conselho Monetário Nacional (CMN)
é o órgão máximo
do Sistema
Financeiro, O Conselho Monetário Nacional é o órgão máximo do Sistema
responsável pelas Financeiro, responsável pelas diretrizes da política monetária, creditícia,
diretrizes da fiscal e cambial do país. Ao Conselho Monetário Nacional não cabem
política monetária, funções executivas.
creditícia, fiscal e
cambial do país.

60
Capítulo 3 Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

Entre as atribuições do CMN é possível citar:

• zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;


• coordenar a política monetária, fiscal e cambial do país;
• adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da
economia;
• regular o valor interno e externo da moeda;
• autorizar a emissão de papel-moeda;
• aprovar os orçamentos monetários preparados pelo BACEN;
• fixar diretrizes e normas de política cambial;
• determinar as taxas de recolhimento compulsório das instituições financeiras;
• estabelecer normas a serem seguidas pelo BACEN nas transações com
títulos públicos;
• regulamentar a constituição, o funcionamento e a fiscalização de todas as
instituições financeiras do país;
• regulamentar as operações de redesconto de liquidez.

O Conselho Monetário Nacional é composto por apenas três (3) membros:


o Ministro da Fazenda (Presidente do Conselho), o Ministro do Planejamento,
Orçamento e Gestão e o Presidente do Banco Central.

b) Banco Central do Brasil (BACEN)

O Banco Central é o órgão responsável pela execução das normas


que regulam o Sistema Financeiro Nacional. Cabe-lhe cumprir e fazer
O Banco Central é o
cumprir as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional e as órgão responsável
disposições da legislação em vigor. As principais funções do Banco pela execução
Central são: das normas que
regulam o Sistema
• emitir papel-moeda e moeda metálica nas condições autorizadas Financeiro Nacional.
Cabe-lhe cumprir
pelo CMN;
e fazer cumprir as
• executar os serviços do meio circulante; normas expedidas
• receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais; pelo Conselho
• realizar operações de redesconto e empréstimos às instituições Monetário Nacional
financeiras; e as disposições da
• efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais; legislação em vigor.
• controlar e fiscalizar o crédito;
• fiscalizar as instituições financeiras e aplicar as penalidades previstas em lei;
• controlar o fluxo de capitais estrangeiros;
• determinar, via COPOM, a taxa de juros de referência – taxa SELIC.

Além disso, o Banco Central do Brasil exerce as funções de Banco dos


Bancos, por receber os depósitos compulsórios das instituições financeiras e

61
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

realizar as operações de redesconto e de empréstimos às instituições bancárias.


O Banco Central do Brasil pode ser considerado um gestor do Sistema Financeiro
Nacional e executor da política monetária implementada pelo Governo Federal.
Finalmente, o Banco Central também assume a função de Banqueiro do
Governo na medida em que atua como gestor da dívida pública e das reservas
internacionais do país.

No Brasil o Banco Central é subordinado ao Ministério da Fazenda, mas em


países como a Alemanha, Japão e Estados Unidos, o modelo clássico de Banco
Central é independente, ou seja, seus diretores são designados pelo congresso,
eleitos com um mandato fixo e renovável. É um quarto poder, além do Executivo,
Legislativo e Judiciário.

• Copom

O Comitê de Política Monetária é um órgão do Banco Central criado pela


circular 2.698 em 2 de junho de 1996, e tem como objetivo estabelecer as
diretrizes da política monetária e de definir a taxa básica de juros (SELIC), além
de ter a competência específica de manipular a liquidez econômica, por meio dos
instrumentos de política monetária.

A taxa SELIC é o instrumento primário de política monetária do


Copom, é a taxa de juros média que incide sobre os financiamentos
diários com prazo de um dia útil (overnight), lastreados por títulos
registrados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).
É a taxa de juros básica da economia que serve de referência para
as demais taxas de juros do país.

O Copom tem como objetivo alcançar as metas de inflação definidas


O Copom tem como
objetivo alcançar as pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Se no ano a inflação ultrapassar
metas de inflação a meta estabelecida pelo CMN, o Banco Central deverá justificar, em
definidas pelo carta aberta ao Ministério da Fazenda, quais os motivos que contribuíram
Conselho Monetário para não atingir a meta, e explicar as medidas a serem adotadas com a
Nacional (CMN). finalidade de trazer a inflação de volta à trajetória predefinida, e qual o
tempo para essas medidas surtirem o efeito desejado.

O Copom é composto pelos membros da diretoria colegiada do BC, sendo


que o presidente tem direito ao voto decisório em caso de empate na decisão da
política monetária.

62
Capítulo 3 Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

Os integrantes do COPON e suas atribuições são:


A embalagem
é grande
Presidente e Diretoria colegiada: influenciadora no
processo de decisão
–– avaliar propostas; de compra. Chega-
–– acrescentar proposições acerca das questões, e se a dizer que
–– definir, por meio de voto, a meta da Taxa SELIC e seu ela é o vendedor
silencioso de
eventual viés.
uma empresa.

Presidente do Banco Central do Brasil

–– presidir as reuniões e, ao final, encaminhar a votação;


–– decidir com voto de qualidade;
–– ter a prerrogativa de alterar a meta para a Taxa Selic, no mesmo sentido
do viés, sem necessidade de convocação de reunião extraordinária do
COPOM.

Diretor de Política Monetária

–– apresentar sugestões sobre as diretrizes de política monetária e proposta


para a definição da meta da Taxa Selic e seu eventual viés.

Chefe do DEPEC – Departamento Econômico

–– apresentar análise da conjuntura, abrangendo inflação, nível de


atividade, evolução dos agregados monetários, finanças públicas e
balanço de pagamentos.

Chefe do DEPIN – Departamento de Operações das Reservas Internacionais

–– informar sobre o ambiente externo, bem como a evolução do mercado de


câmbio, das operações do BACEN e das reservas internacionais.

Chefe do DEBAN – Departamento de Operações Bancárias e Sistema de


Pagamentos

–– discorrer sobre o estado de liquidez bancária.

Chefe do DEMAB – Departamento de Operações de Mercado Aberto

–– relatar sobre o mercado monetário e sobre as operações de mercado


aberto.

63
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Chefe do DEPEP – Departamento de Estudos e Pesquisas

–– apresentar avaliação prospectiva das tendências da inflação.

Viés de taxas de juros: O Copom pode estabelecer um viés


de taxa de juros (de elevação ou redução), prerrogativa que autoriza
o presidente do Banco Central a alterar a meta para a taxa Selic na
direção do viés (para cima ou para baixo) a qualquer momento entre
as reuniões regulares do Copom. O viés é utilizado, normalmente,
quando alguma mudança significativa na conjuntura econômica for
esperada.

Atividade de Estudos:

1) O que é o Sistema Financeiro Nacional – SFN?


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2) O que é o Conselho Monetário Nacional – CMN?


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3) Qual é a composição do CMN?


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4) O Banco Central do Brasil – BACEN – é autoridade monetária ou
de apoio ao SFN?
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Capítulo 3 Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

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5) Cite 3 atribuições específicas do Conselho Monetário Nacional.


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6) Quem determina, via COPOM – Comitê de Política Monetária – a


taxa de juros de referência – taxa SELIC?
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7) Cite 3 atribuições do BACEN que você julga mais importantes.


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8) O Banco Central do Brasil é independente ou não? Por quê?


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c) Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

A Comissão de Valores Mobiliários é uma autarquia vinculada ao Ministério


da Fazenda voltada para o desenvolvimento, disciplina e fiscalização do mercado
de valores mobiliários (mercado de ações e debêntures). Sua finalidade básica é
normatizar e controlar o mercado de valores mobiliários.

65
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

A Lei que criou a CVM (6385/76) e a Lei das Sociedades por Ações (6404/76)
disciplinaram o funcionamento do mercado de valores mobiliários e a atuação de
seus protagonistas, assim classificados, as companhias abertas, os intermediários
financeiros e os investidores, além de outros cuja atividade gira em torno desse
universo principal.

O objetivo da Comissão de Valores Mobiliários é o fortalecimento


do Mercado de Capitais através das Bolsas de valores, lançando
ações, debêntures e Bolsa Mercantil e Futuros, que no Brasil é
representado pela BMF&BOVESPA.

A CVM tem poderes para disciplinar, normatizar e fiscalizar a atuação dos


diversos integrantes do mercado.

Seu poder normatizador abrange todas as matérias referentes ao


mercado de valores mobiliários. Especificamente, a CVM tem como
A CVM tem poderes
atribuição:
para disciplinar,
normatizar e
fiscalizar a atuação • estimular a aplicação no mercado acionário;
dos diversos • assegurar que as Bolsas de Valores atuem de forma transparente e
integrantes do eficaz;
mercado. • proteger investidores contra atos ilícitos de empresas que objetivem a
manipulação de preços nos mercados;
• assegurar a lisura nas operações de compra e venda de valores
mobiliários;
• fortalecer o mercado acionário como um todo.

O Banco do Brasil d) Banco do Brasil – BB


é uma Sociedade
Anônima de capital O Banco do Brasil é uma Sociedade Anônima de capital misto,
misto, cujo controle
cujo controle acionário é exercido pela União. Além disso, o Banco
acionário é exercido
pela União. Além do Brasil é um banco múltiplo que opera como Agente Financeiro do
disso, o Banco do Governo Federal. Ele possui algumas funções que não são próprias de
Brasil é um banco um banco comercial comum, mas são típicas do principal parceiro do
múltiplo que opera governo federal na prestação de serviços bancários. Entre as funções
como Agente do Banco do Brasil, cabe destacar:
Financeiro do
Governo Federal.

66
Capítulo 3 Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

• administrar a Câmara de Compensação de cheques e outros papéis;


• agenciar os pagamentos e recebimentos fora do país;
• executar a Política de Comércio Exterior do Governo, adquirindo ou
financiando os bens de exportação;
• executar a política de preços mínimos dos produtos agropastoris;
• atuar como Agente Financeiro do Governo Federal, recebendo os tributos e as
rendas federais, além de realizar os pagamentos necessários e constantes no
Orçamento da União.

d) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES

O BNDES é a instituição vinculada ao Ministério do Desenvolvimento,


Indústria e Comércio Exterior, responsável pela política de investimentos de médio
e longo prazo do Governo Federal.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social O Banco Nacional


tem o objetivo de apoiar empreendimentos que contribuam para o de Desenvolvimento
desenvolvimento do país com financiamentos com Longo Prazo de Econômico e
Social tem o
Pagamento.
objetivo de apoiar
empreendimentos
O BNDES busca promover o crescimento das micro, pequenas e que contribuam para
médias empresas do país, mas também atende a mega corporações e o desenvolvimento
inclusive empresta recursos para governos de outros países, quando do país com
se trata de interesse político do nosso país. financiamentos com
Longo Prazo de
Pagamento.
Também é possível destacar que o BNDES participa de
financiamentos para o desenvolvimento de novas tecnologias que
venham ao encontro das necessidades do Brasil, através de abertura de Capital
desta empresa e imediata subscrição de ações pelo BNDESPAR - BNDES
Participações, através de contrato por prazo definido, permitindo a esta instituição
participar do Capital Social e, após, colocar essas ações em Bolsa de Valores ou
alienar aos controladores da Cia pelo valor de Mercado.

O BNDES é a principal instituição de fomento do país e a partir da década


de 1990 essa instituição ficou encarregada de implementar o processo de
privatizações.

Os objetivos básicos do BNDES são:

• impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país;


• fortalecer o setor empresarial nacional;
• promover o crescimento e a diversificação das exportações.

67
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Embora o BNDES possa, eventualmente, operar de forma direta,


normalmente sua atuação ocorre por meio de agentes financeiros como bancos
comerciais, bancos de investimentos e sociedades financeiras, responsáveis por
intermediar a relação com os tomadores de recursos.

A atuação do BNDES ocorre, em grande parte, por meio de suas subsidiárias:

• FINAME: Agência Especial de Financiamento Industrial: voltada para


o financiamento de máquinas e equipamentos industriais para empresas
nacionais;
• BNDES Participações S.A.: tem o objetivo de promover a capitalização da
empresa nacional por meio de participações acionárias.

São características de suas linhas de crédito:

• carência – prazo maior dado para o início dos pagamentos. O tomador de um


empréstimo do BNDES tem 6 ou até 60 meses ou mais para o pagamento da
primeira parcela, dependendo dos produtos envolvidos;
• prazos longos – os empréstimos do BNDES possuem prazos alongados para
pagamentos, atingindo 15 ou até 30 anos;
• juros - TJLP = Taxa de Juros de Longo Prazo – destinam-se a operações de
Longo Prazo com Captações de Recursos Específicos para tal fim.

e) Caixa Econômica Federal – CEF

A Caixa Econômica Federal é a responsável pela operacionalização das


políticas do Governo Federal para habitação e saneamento básico. Ela é um
instrumento governamental que atua com objetivos claramente sociais.
A Caixa Econômica A Caixa Econômica Federal é o principal agente do SFH – Sistema
Federal é o Financeiro da Habitação, atuando no financiamento da casa própria,
principal agente principalmente no segmento de baixa renda. Os recursos previstos para
do SFH.
o SFH são originados principalmente do FGTS – Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço e da Caderneta de Poupança.

Os recursos do FGTS são direcionados basicamente para os projetos de


habitação e saneamento básico.

Além das funções acima descritas, a Caixa conta ainda com as seguintes
atribuições:

• administrar, com exclusividade, os serviços das Loterias Federais;


• arrecadar e administrar o FGTS;
• administrar o Programa de Integração Social – PIS;

68
Capítulo 3 Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

• operações de Penhor: empréstimos garantidos por bens de valor e alta


liquidez (joias, metais preciosos, pedras preciosas, etc.).

f) Outros Integrantes do Subsistema Normativo

Fazem parte ainda do subsistema normativo, sem serem consideradas


autoridades monetárias:

• Superintendência de Seguros Privados – SUSEP - responsável pela


regulamentação e fiscalização do mercado de seguros;
• Secretaria de Previdência Complementar – responsável pela fiscalização
e coordenação das atividades relacionadas à previdência complementar
fechada.

Atividade de Estudos:

1) Qual o Banco que administra a Câmara de Compensação de


cheques?
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2) Qual a instituição responsável pela política de investimentos de


longo prazo do Governo Federal e principal instituição de fomento
do país?
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4) O que diferencia uma instituição monetária de uma instituição não


monetária?
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Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

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5) O que é depósito compulsório? Para que existe o depósito


compulsório?
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6) Qual o banco que ficou encarregado de gerir todo o processo de


privatização das empresas estatais?
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7) Qual a instituição responsável pela operacionalização das políticas


do Governo Federal para habitação e saneamento básico?
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8) A execução da política de preços mínimos dos produtos


agropastoris e o principal executor da política oficial de crédito
rural cabe a que instituição?
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Capítulo 3 Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

9) Os recursos do FGTS são direcionados para que áreas?


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SubsistemadeIntermediação(Operativo)
O Subsistema de Intermediação é composto pelo conjunto de
O Subsistema de
instituições que operam no processo de intermediação financeira. As Intermediação é
instituições do Subsistema de Intermediação são classificadas em composto pelo
quatro (4) categorias: conjunto de
instituições que
• Instituições Financeiras Bancárias; operam no processo
de intermediação
• Instituições Financeiras Não Bancárias;
financeira.
• Instituições Auxiliares;
• Instituições Não Financeiras.

Figura 5 – Estrutura do Subsistema de Intermediação

Fonte: Elaborado pelos Autores.

71
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

a) Instituições Financeiras Bancárias (Monetárias)


Os Bancos
Comerciais são
intermediários que A característica distintiva das Instituições Financeiras Bancárias é
recebem recursos que elas podem receber depósitos à vista e emprestar esses recursos.
de quem tem Por isso, essas instituições têm a capacidade de multiplicar a moeda,
excedentes e os como visto no capítulo anterior.
distribuem através
do credito seletivo a
Existem três modalidades de Instituições Financeiras Bancárias:
quem necessita de
recursos, criando Bancos Comerciais, Bancos Múltiplos e Cooperativas de Crédito.
moeda através do
efeito multiplicador • Bancos Comerciais
do crédito.
Os Bancos Comerciais são instituições financeiras constituídas
obrigatoriamente sob a forma de Sociedades Anônimas. Tais
Um Banco Múltiplo instituições executam operações de crédito caracteristicamente de
deve ter pelo
curto prazo, atendendo às necessidades de recursos de capital de giro
menos uma carteira
base (Comercial ou das empresas.
de Investimento).
A carteira de Os Bancos Comerciais são intermediários que recebem recursos
Desenvolvimento só de quem tem excedentes e os distribuem através do credito seletivo
poderá ser operada a quem necessita de recursos, criando moeda através do efeito
por um banco
multiplicador do crédito.
público.

Os bancos, ao agirem como intermediários neste processo,


assumem os riscos da inadimplência dos tomadores, comprometendo-se a
restituir aos aplicadores o montante aplicado, mesmo em caso de não pagamento,
e por essa intermediação cobram uma comissão.

Outra importante função dos bancos é a de prover liquidez ao mercado dando


garantia ao tomador de que este não precisará devolver os recursos, mesmo se o
aplicador resolver receber antecipadamente a sua aplicação.

Além disso, os Bancos Comerciais cumprem um importante papel na


prestação de serviços financeiros. Como exemplos dos serviços prestados pelos
bancos comerciais, é possível citar:

• pagamento de cheque;
• transferências de fundos;
• ordens de pagamento;
• cobranças diversas;
• recebimentos de impostos;
• recebimento de tarifas públicas;

72
Capítulo 3 Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

• aluguel de cofres e custódia de valores;


• serviços de câmbio, etc.

Os Bancos Comerciais podem ser classificados quanto ao volume de


negócios com os quais operam. Os bancos que possuem uma grande quantidade
de agências, em vários municípios, de grande e pequeno porte, e contam com um
grande número de correntistas, são chamados de Bancos de Varejo.

Já as instituições que trabalham com um volume reduzido de clientes, de


elevado poder aquisitivo, que demandam operações financeiras de maior porte e
complexidade são chamadas de Bancos de Negócios.

Outra classificação possível é quanto ao tipo de cliente e a modalidade


de atendimento prestado em função de suas necessidades específicas. São
basicamente três tipos:

• Private Bank: atendem pessoas físicas de renda ou patrimônio muito


elevados;
• Personal Bank: atendem pessoas físicas de renda elevada, e muitas vezes,
pequenas e médias empresas;
• Corporate Bank: voltado preferencialmente para pessoas jurídicas de grande
porte.
• Bancos múltiplos

São Instituições Financeiras que consolidam, numa única empresa, vários


tipos de atividades financeiras (bancárias, não bancárias e auxiliares).

A designação de banco múltiplo cabe aos bancos com pelo menos duas das
seguintes carteiras:

• Carteira Comercial (base);


• Carteira de Investimento (base);
• Carteira de Crédito Imobiliário (acessória);
• Carteira de Desenvolvimento (acessória/Pública);
• Carteira de Arrendamento Mercantil (acessória).

Um Banco Múltiplo deve ter pelo menos uma carteira base (Comercial ou
de Investimento). A carteira de Desenvolvimento só poderá ser operada por um
banco público.

A criação dos bancos múltiplos surgiu como uma necessidade de racionalizar


processos administrativos e financeiros de grandes grupos financeiros que
operavam em vários setores financeiros.

73
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

• Cooperativas de crédito

As Cooperativas de Crédito são instituições voltadas a oferecer créditos e


prestar determinados serviços financeiros a seus associados. Seus recursos são
captados dos associados através de depósitos à vista e a prazo, e também de
empréstimos, repasses e refinanciamentos de outras instituições financeiras. As
Cooperativas de Crédito também podem receber doações.

Por definição pode-se considerar que Cooperativa é a união de pessoas


com interesses comuns, que buscam satisfazer aspirações e necessidades
econômicas, sociais e culturais por meio de uma cooperativa organizada
economicamente e de forma democrática.

As Cooperativas de Crédito oferecem praticamente todos os produtos de


qualquer banco comercial: talão de cheques, cartão de crédito, empréstimos e
aplicações, entre outros.

Mas as Cooperativas de Crédito possuem algumas características que as


distinguem dos Bancos Comerciais tradicionais. As Cooperativas de Crédito
não possuem finalidade lucrativa e estão preferencialmente voltadas aos seus
associados com a oferta de empréstimos em condições mais vantajosas (taxas
e encargos mais baixos), taxas de serviços reduzidas e menores exigências para
concessão de crédito.

Apesar de receberem depósitos à vista de seus associados, e multiplicarem


a moeda escritural, as Cooperativas de Crédito não estão sujeitas
ao recolhimento dos depósitos compulsórios do Banco Central. Com
As Cooperativas de
Crédito somente isso, podem contar com a totalidade dos recursos disponíveis para
podem receber empréstimo, o que lhes permite oferecer tal serviço cobrando taxas
depósitos dos seus mais reduzidas.
associados.
As Cooperativas de Crédito somente podem receber depósitos
dos seus associados.

Alguns autores (ASSAF NETO, 2008, p. 43) consideram que as cooperativas


de crédito, por possuírem tais peculiaridades que as diferenciam dos bancos
comerciais, não deveriam ser classificadas como instituições bancárias. Tais
autores preferem classificá-las como instituições financeiras não bancárias.

• Bancos Cooperativos

Por meio da Resolução 2.788, de 30 de novembro de 2000, do Banco Central


do Brasil, foi instituída a criação de Bancos Cooperativos.

74
Capítulo 3 Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

Os Bancos Cooperativos são Bancos Comerciais ou Bancos


Os Bancos
Múltiplos cujo controle acionário pertence a um grupo de Cooperativas
Cooperativos são
Centrais de Crédito. Bancos Comerciais
ou Bancos Múltiplos
O Banco Cooperativo tem por finalidade a prestação de serviços cujo controle
de natureza financeira, operacional e consultiva às cooperativas de acionário pertence
crédito que o constituíram. Sua finalidade é viabilizar a compensação a um grupo de
Cooperativas
dos Cheques, TEDs, Ordens de Pagamentos e demais créditos e
Centrais de Crédito.
débitos das Cooperativas Associadas.

Sobre a atuação dos Bancos Cooperativos vale destacar que:

• nos cheques dos correntistas constam informações da cooperativa singular,


visando a identificá-la junto à Câmara de Compensação e viabilizar o trânsito
de cheques de seus associados;
• os talões de cheques para os cooperados correntistas são fornecidos pela
Cooperativa de Crédito e não pelo Banco Cooperativo;
• nos casos de devolução, por qualquer motivo, quem responde é a Cooperativa
Singular e não o Banco Cooperativo, sendo a responsável pelo seu pagamento,
em espécie (no caixa) ou por intermédio da Câmara de Compensação;
• o Banco Cooperativo não é substituto nem concorrente das Cooperativas.

b) Instituições Financeiras Não Bancárias (Não Monetárias)

As Instituições Financeiras não Bancárias são as que não apresentam


a capacidade de emitir moeda ou meios de pagamento. Existem basicamente
duas categorias: os Bancos de Desenvolvimento e as Sociedades de Crédito,
Financiamento e Investimento.
Os bancos de
• Bancos de Desenvolvimento desenvolvimento
são instituições
financeiras
Os bancos de desenvolvimento são instituições financeiras controladas
controladas pelos governos estaduais, e sua função primordial é pelos governos
promover, por meio de financiamentos a médio e a longo prazos, o estaduais, e sua
desenvolvimento econômico e social do Estado no qual o banco está função primordial é
instalado. promover, por meio
de financiamentos
a médio e a
São, necessariamente, Instituições Públicas vinculadas ao longo prazos, o
Governo Estadual e apoiam o setor privado da economia por meio desenvolvimento
de operações de empréstimos, financiamentos, arrendamentos econômico e social
mercantis, etc. do Estado no
qual o banco está
instalado.
Exemplos:

75
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

• Banco do Nordeste do Brasil – BNB;


• Banco da Amazônia;
• Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE.

• Sociedades de crédito, financiamento e investimento

Destinam-se ao As Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento,


financiamento de conhecidas popularmente por Financeiras, destinam-se ao
bens de consumo financiamento de bens de consumo duráveis aos consumidores por
duráveis aos meio do CDC – Crédito Direto ao Consumidor.
consumidores por
meio do CDC. As Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento podem
atuar de forma independente, mas normalmente estão vinculadas a
conglomerados financeiros, estabelecimentos comerciais de grande
porte ou grandes grupos industriais, como as montadoras de veículos.

Por atuar numa atividade considerada de alto risco, seu passivo é limitado a
12 vezes seu capital.

c) Instituições Auxiliares

As Instituições Financeiras Auxiliares são compostas pelas Bolsas de Valores,


pelas Sociedades Corretoras e pelas Sociedades de Arrendamento Mercantil.

• Bolsas de valores

As Bolsas de Valores são organizações que mantêm um local onde


As Bolsas de
são negociados os títulos e valores mobiliários de pessoas jurídicas
Valores são
organizações públicas e privadas. O seu objetivo principal é gerar demanda (liquidez)
que mantêm um aos títulos negociados.
local onde são
negociados os As Bolsas de Valores devem ter uma infraestrutura adequada para
títulos e valores que os negócios ocorram num mercado livre e aberto, obedecendo
mobiliários de a suas próprias regras e propiciando a continuidade dos preços e a
pessoas jurídicas
liquidez dos negócios realizados.
públicas e
privadas. O seu
objetivo principal Por meio da realização de pregões, a Bolsa de Valores objetiva a
é gerar demanda fixação de um preço justo dos títulos negociados, formado por consenso
(liquidez) aos títulos de mercado mediante mecanismos de oferta e procura.
negociados.
Também faz parte das atribuições da Bolsa de Valores a
divulgação, no menor prazo possível, de todas as operações efetuadas,
condição sine qua non para o perfeito funcionamento do mercado de ações.

76
Capítulo 3 Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

• Bolsas de mercadorias e futuros

São associações privadas civis, com objetivo de efetuar o registro,


São associações
a compensação e a liquidação, física e financeira, das operações
privadas civis,
realizadas em pregão ou em sistema eletrônico. com objetivo de
efetuar o registro,
Para tanto, devem desenvolver, organizar e operacionalizar a compensação
um mercado de derivativos livre e transparente, que proporcione e a liquidação,
aos agentes econômicos a oportunidade de efetuarem operações física e financeira,
de hedging (proteção) ante flutuações de preço de commodities das operações
agropecuárias, índices, taxas de juro, moedas e metais, bem como de realizadas em
todo e qualquer instrumento ou variável macroeconômica cuja incerteza pregão ou em
sistema eletrônico.
de preço no futuro possa influenciar negativamente suas atividades.

Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa e são fiscalizadas


pela Comissão de Valores Mobiliários.

• Sociedades Corretoras

As Sociedades Corretoras são as instituições que executam as


intermediações financeiras nos pregões da Bolsa de Valores. Sua principal As Sociedades
Corretoras são
função é a de promover a aproximação entre compradores e vendedores
as instituições
de títulos e valores mobiliários, através de operações realizadas em que executam as
pregões da Bolsa de Valores. São instituições que dependem do BACEN intermediações
para constituírem-se e da CVM para o exercício de suas atividades. financeiras nos
pregões da Bolsa
Entre as funções das Sociedades Corretoras destacam-se: de Valores.

–– promover ou participar de lançamentos públicos de ações;


–– administrar e custodiar carteiras de títulos de valores mobiliários;
–– organizar e administrar fundos e clubes de investimentos;
–– efetuar operações de intermediação de títulos e valores mobiliários, por
conta própria e de terceiros;
–– efetuar operações de compra e venda de metais preciosos, por conta
própria e de terceiros;
–– operar como intermediadora na compra e venda de moedas estrangeiras
por conta própria e de terceiros (operações de câmbio).

• Sociedades de Arrendamento Mercantil

São instituições que realizam operações de leasing. As


São instituições
operações de leasing funcionam como uma forma de locação de bens
que realizam
que, ao final do contrato, permite ao contratante da operação renovar operações de
o contrato, adquirir o bem por um valor residual ou devolver o bem leasing.
locado à sociedade.
77
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Existem três modalidades de leasing:

–– O LEASING OPERACIONAL: a arrendadora é que arca com os custos de


manutenção dos equipamentos, e é efetuado geralmente pelas próprias
empresas fabricantes dos bens.

–– O LEASING FINANCEIRO: assemelha-se a um aluguel, com a diferença


de que se pode comprar o bem no final do prazo pré-determinado por um
preço já estabelecido.

–– O LEASING BACK: ocorre quando uma empresa necessita de capital de


giro. Ela vende seus bens a uma empresa que aluga de volta os mesmos.

d) Instituições Não Financeiras

São instituições não financeiras: as Sociedades de Fomento Mercantil e as


seguradoras. Vamos conhecer um pouco de cada uma delas?

• Sociedades de Fomento Mercantil (Factoring)

As Sociedades de As Sociedades de Fomento Mercantil, popularmente chamadas de


Fomento Mercantil, empresas de factoring, são empresas comerciais (não financeiras) que
popularmente operam por meio de aquisição de duplicatas, cheques, etc.
chamadas
de empresas
de factoring, O risco do título negociado passa a ser de exclusiva competência
são empresas da empresa de factoring, eximindo a empresa cliente das
comerciais (não responsabilidades de recebimento. Para isso cobram juros, repassando
financeiras) que à empresa-cliente os resultados líquidos no ato da operação. O
operam por meio factoring não é considerado uma operação financeira de crédito, e sim
de aquisição
uma transferência plena dos créditos da empresa produtora para a de
de duplicatas,
cheques, etc. factoring, ou seja, uma aquisição definitiva dos valores recebíveis e dos
riscos inerentes ao pagamento desses valores.

Há quatro tipos de serviços:

–– ransação com recebíveis: Envolve a compra de recebíveis a vencer da


empresa.

Ex. duplicatas comerciais e/ou serviços; cheques; Notas Promissórias.

–– Maturity: Implica a total assunção de qualquer crédito da empresa pela


casa de factoring.

78
Capítulo 3 Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

–– Over advanced: É um adiantamento de recursos, para posterior


recebimento dos recebíveis.

–– Trust: É a transferência, para a casa de factoring, da administração do


negócio da empresa.

• Seguradoras

São instituições que, por meio do recebimento de prêmios cobrados dos


segurados, garantem a cobertura financeira do objeto selecionado para seguro.

As Seguradoras constituem reservas técnicas mediante recursos acumulados


e cobrados no valor dos prêmios pagos por seus segurados.

Essas reservas são aplicadas no mercado financeiro em títulos de renda fixa


ou variável, e têm por finalidade preservar a segurança, rentabilidade e liquidez
dos recursos e gerar condições para honrar as indenizações previstas nos
contratos de seguro.

Existe uma ampla variedade de seguros disponíveis aos consumidores.


Seguem alguns exemplos:

• Seguros de Vida;
• Seguros de Acidentes Pessoais;
• Seguro Saúde;
• Seguro Educação;
• Seguro de Automóveis;
• Seguro de Incêndios;
• Seguro de Responsabilidade Civil;
• Seguro de Fiança Locatícia;
• Seguro de Lucros Cessantes;
• Etc.

Atividade de Estudos:

1) Cite 3 operações efetuadas pelos bancos comerciais.


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79
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

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2) Qual a diferença fundamental entre os bancos comerciais e as


cooperativas de crédito?
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3) O que é uma instituição financeira não-monetária? Cite um


exemplo.
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4) Qual a principal função das “Corretoras”?


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5) Nas operações de leasing, quem é o proprietário do bem?


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80
Capítulo 3 Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

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6) Qual é a agência de fomento no Estado de Santa Catarina?


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7) O que é a Comissão de Valores Mobiliários – CVM? Como podem


ser sintetizados os seus objetivos?
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8) Sob o enfoque de participação acionária, qual a diferença entre


banco público e privado?
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9) Qual o significado de carteira comercial e de carteira de leasing


de um banco múltiplo?
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81
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

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10) Faça breve comentário sobre a taxa básica de juros – SELIC,


abordando os principais reflexos na economia quando há aumento
e quando há queda da referida taxa.
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Algumas Considerações
Neste capítulo tivemos uma visão geral da estrutura do sistema financeiro
nacional, seus dois subsistemas, Normativo e de Intermediação, bem como uma
série de instituições que os compõem. Vimos suas responsabilidades e seus
campos de atuação.

No próximo capítulo vamos estudar as diferentes alternativas de investimentos


existentes no mercado financeiro, além de tratarmos dos instrumentos e os
conceitos tipicamente utilizados nesse mercado.

Referências
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. Ed. Atlas: São Paulo, 8ª Ed.
2008.

FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: produtos e serviços. Ed. Qualitymark,


Rio de Janeiro: 2007.

GITMAN, Lawrence J. Princípios da Administração Financeira Essencial. Ed.


Bookman Ltda, São Paulo: 2ª edição. 2002.

82
C APÍTULO 4
Produtos de Investimentos

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Explanar sobre os principais conceitos que envolvem os instrumentos


de investimentos, os modelos de determinação do preço dos títulos
e as análises de retornos e riscos envolvidos nessas operações.

� Analisar, conceitualmente, opções de investimento, formas de precificação


e de análise de risco e retorno existentes no mercado de capitais.

� Abordar os principais aspectos do funcionamento e da gestão dos fundos de


investimentos no Brasil.

� Examinar normativa e operacionalmente as questões que envolvem os fundos


de investimento no Brasil.
Capítulo 4 Produtos de Investimentos

Contextualização
Procuraremos apresentar neste capítulo as diversas alternativas de
investimentos existentes no Mercado Financeiro.

Quando for investir, é importante definir o principal objetivo da sua aplicação


– segurança, rentabilidade, liquidez, complemento para sua aposentadoria – e daí
escolher o produto que mais se encaixa em suas necessidades.

Ao tomar dinheiro emprestado, identifique os produtos destinados a pessoas


físicas e jurídicas que se encaixem também em suas necessidades, quer de
carências para iniciar a amortização, prazo de pagamento, etc.

As operações de empréstimos variam de acordo com o prazo para


pagamento, custo, e mesmo classe empresarial, a exportadores, importadores, e
tipo de Garantia oferecida à Instituição Financeira.

FGC – Fundo Garantidor de Crédito


O FGC é um fundo de compensações em que os próprios bancos
FGC é uma
são responsáveis por garantir os recursos dos clientes. entidade privada,
sem fins lucrativos,
De acordo com informações contidas no site do Banco Central, o que administra
FGC: um mecanismo
de proteção aos
É uma entidade privada, sem fins lucrativos, correntistas,
que administra um mecanismo de proteção poupadores e
aos correntistas, poupadores e investidores, investidores, que
que permite recuperar os depósitos ou créditos permite recuperar
mantidos em instituição financeira, em caso os depósitos ou
de falência ou de sua liquidação. São as créditos mantidos
instituições financeiras que contribuem com uma em instituição
porcentagem dos depósitos para a manutenção
financeira, em caso
do FGC (BRASIL, 2011).
de falência ou de
sua liquidação.

Os Créditos Garantidospelo FGC


são:
–– depósitos à vista ou sacáveis mediante aviso prévio;
–– depósitos em contas-correntes de depósito para investimento;
–– depósitos de poupança;

85
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

–– depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado (CDB/RDB);


–– depósitos mantidos em contas não movimentáveis por cheque destinadas
ao registro e controle do fluxo de recursos referentes à prestação de
serviços de pagamento de salários, vencimentos, aposentadorias, pensões
e similares;
–– letras de câmbio;
–– letras imobiliárias;
–– letras hipotecárias;
–– letras de crédito imobiliário.

Após a onda de quebradeira de instituições financeiras que assolou o país


na década de 90, com altos índices hiper-inflacionários, quando muitos bancos
foram à falência e foram liquidados extrajudicialmente, o Governo Federal,
através do Banco Central do Brasil, lançou um programa de recuperação do
segmento Bancário.

Esse programa levou o nome de PROER - Programa de Estímulo à


Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional.

Na época, sete instituições entraram nesse Programa de Recuperação


Extrajudicial: Banco Nacional, Banco Econômico, Bamerindus, Mercantil, Banorte,
Pontual e Crefisul.

Os Recursos até este montante, portanto, estão garantidos ao investidor


mesmo em caso de falência do banco que escolheu.

Vocabulário básico: – Limite: R$ 70.000,00 por conglomerado financeiro e por CPF ou


liquidez, Taxa de CNPJ.
Administração,
– Marido e Mulher são considerados Pessoas distintas, desde que
Juros reais, Imposto
de Renda, Lastro, tenham CPF – Cadastro de Pessoas Físicas, junto à Receita Federal,
Prefixados / Pós- em separado.
Fixados e Tabela – Esse é o montante garantido ao investidor
do IOF. – Situações: falência do banco que escolheu.
– Uma forma de escapar de uma eventual falência de um banco é
dividir suas aplicações em diversos bancos e ficar dentro dos limites do
Fundo Garantidor.

Conceitos Básicos
Para que possamos analisar alguns produtos para aplicação no mercado
financeiro brasileiro, é fundamental que conheçamos um vocabulário básico,

86
Capítulo 4 Produtos de Investimentos

que são: liquidez, Taxa de Administração, Juros reais, Imposto de Renda, Lastro,
Prefixados / Pós-Fixados e Tabela do IOF. (FORTUNA, 1999).

a) Liquidez

É disponibilidade para saques. Se uma aplicação tem liquidez diária, isso


significa que a qualquer momento o aplicador poderá dispor de seus recursos,
não havendo necessidade de aguardar até o prazo final de resgate.

b) Taxa de Administração

É a comissão cobrada pela instituição financeira para administrar seus


recursos. Esta taxa é cobrada diariamente dos investidores, sendo deduzida dos
juros diários.

Uma maneira muito fácil de visualizar é pensar num investidor interessado


no mercado acionário. Talvez ele fique inicialmente confuso sobre em qual ação
aplicar, por não conhecer o mercado.

Mas ele pode aplicar num fundo de ações de um banco. Especialistas


escolhem quais as melhores ações para aplicar e quais devem ser descartadas
naquele momento. Os fundos de ações cobram taxa de administração, para
remunerar o serviço daquele grupo de profissionais que escolheu a melhor
carteira de ações.

É importante salientar que isso não garante o valor aplicado. Em caso de


queda nas ações, os profissionais pretendem que a sua carteira caia menos do
que as ações em geral, mas não garantem a rentabilidade nem o capital investido.

c) Juros Reais

São os juros já descontados da inflação. De que adianta a


rentabilidade de uma aplicação ser de 4% ao mês se a inflação foi
Juros reais são
de 3%? Nesse caso, o juro real, ou seja, já descontada a inflação, aqueles em que o
seria inferior a 1%. Juros reais são aqueles em que o investidor ganha investidor ganha
acima da inflação. acima da inflação.

d) Imposto de Renda

O imposto sobre a renda incide apenas sobre os juros da aplicação. Se um


investidor aplicou R$ 1.000,00 e após 8 meses seu saldo era R$ 1.080,00, isso
significa que ele ganhou R$ 80,00 de juros. É exatamente sobre esses R$ 80,00
que irá incidir o imposto de renda. Com uma alíquota de 20%, o cálculo dos juros

87
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

ficaria assim:
Aplicação g 1.000,00
Juros g 80,00
Imposto de renda g (16,00) g calculamos 20% sobre os juros
Saldo final g 1.064,00 g já descontado o Imposto de Renda

Atualmente o Imposto de Renda conta com uma tabela regressiva, na qual o


aplicador irá pagar mais imposto se deixar o dinheiro aplicado por menos tempo.
Quanto mais tempo seus recursos ficarem aplicados, menos impostos ele irá
pagar. (FORTUNA, 1999).

Quadro 3 – Imposto de Renda - Prazo da Aplicação e a sua alíquota

Prazo da aplicação Alíquota de IR sobre os juros


Até 180 dias 22,5%
De 181 a 360 dias 20%
De 361 a 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15%
Fundos de Ações 15%

Fonte: Os autores.

e) Lastro

Os recursos que aplicamos em uma instituição financeira têm destino certo.

Dependendo do Dependendo do produto em que aplicamos, esses recursos


produto em que
deverão ser investidos pelo banco no mercado imobiliário, ou em títulos
aplicamos, esses
recursos deverão públicos etc., que constituem o Lastro da operação, sua garantia.
ser investidos pelo
banco no mercado A caderneta de poupança, por exemplo, deve ter seus recursos
imobiliário, ou em investidos quase que na sua totalidade em projetos de financiamento
títulos públicos etc., imobiliário e saneamento. (FORTUNA, 1999).
que constituem o
Lastro da operação,
sua garantia. f) Prefixados / Pós-Fixados

Quando aplicamos nossos recursos, dependendo do produto que


escolhermos, saberemos antecipadamente os juros que incidirão sobre
aqueles recursos.

Um CDB ou uma
Caderneta de Um CDB ou uma Caderneta de Poupança possuem juros
Poupança possuem prefixados. Isso significa que são fixados antecipadamente e, na data
juros prefixados. da aplicação, o investidor já sabe de quanto será o seu resgate ao final
do período.
88
Capítulo 4 Produtos de Investimentos

Já um produto pós-fixado, como os fundos, por exemplo, os bancos só podem


informar seu rendimento ao final do período, deixando o investidor praticamente
“no escuro”, pois não há como saber qual a rentabilidade exata que aquele fundo
apresentará naquele mês.

O investidor deverá se guiar pelas rentabilidades passadas do produto para


prever aproximadamente qual será o resultado de sua aplicação. (FORTUNA, 1999).

g) Tabela do IOF (Imposto sobre Movimentações Financeiras)

Tabela criada pelo Governo para desestimular resgates antes


do período de 30 dias. Como a tabela é regressiva, ela penaliza mais Tabela criada
pelo Governo
quem sacar mais cedo.
para desestimular
resgates antes do
Quem fizer uma aplicação e sacar logo no dia seguinte, deixará período de 30 dias.
para o governo, a título de IOF, 96% do seu rendimento, e ainda terá Como a tabela
deduzidos dos juros o Imposto de Renda. é regressiva, ela
penaliza mais quem
sacar mais cedo.
Quem deixar por 2 dias, perde 93%, e aí por diante, até o 29° dia,
que penaliza a aplicação em 3% de seus rendimentos.

Ao 30° dia, o rendimento está livre da tabela do IOF, e se for resgatado,


pagará somente o Imposto de Renda. (FORTUNA, 1999).

Tabela 1 – IOF

Dias de aplicação % IOF Dias de aplicação % IOF


1 96 16 46
2 93 17 43
3 90 18 40
4 86 19 36
5 83 20 33
6 80 21 30
7 76 22 26
8 73 23 23
9 70 24 20
10 66 25 16
11 63 26 13
12 60 27 10
13 56 28 6
14 53 29 3
15 50 30 0
Fonte: Os autores.
89
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Produtos de Aplicação
A seguir, explicaremos alguns produtos bancários para aplicações financeiras
mais comuns no sistema financeiro: Caderneta de poupança e CDB.

a) Caderneta de Poupança

A caderneta de poupança é o investimento mais simples e popular


A caderneta
de poupança do Brasil. É uma modalidade básica de investimento oferecida pelo
é destinada a governo federal, que paga juros mensais e é normalmente destinada
quem vive de a quem vive de rendas ou tem pequenas quantias para investir
rendas ou tem periodicamente.
pequenas quantias
para investir
Seu rendimento é o da Taxa Referencial (TR) + 0,5% a.m. (ao
periodicamente.
mês), o que é o mesmo que TR + 6,17% a.a. (ao ano). A TR é a taxa
que o governo escolheu para expressar a inflação do período. Com
isto, o governo quer demonstrar que remunera a poupança com juros reais de
0,5% a.m., ou seja, acima da inflação. Sobre a caderneta de poupança não incide
imposto de renda, ou seja, seu rendimento é líquido para aplicações de pessoas
físicas e condomínios residenciais.

Os recursos captados pelas Instituições em caderneta de poupança são


aplicados, prioritariamente, no setor habitacional. Financiam a aquisição, reforma
e construção de imóveis residenciais. Além disso, financiam também as obras de
saneamento básico das prefeituras. (FORTUNA, 1999).

b) CDB – Certificado de Depósito Bancário

São Títulos Privados emitidos por bancos. O banco emite um título


CDBs são utilizados no valor, por exemplo, de R$ 30 milhões, com prazo de vencimento de 3
para compor anos, e subdivide esse título em várias “fatias” como se fosse um bolo,
a carteira de para a aplicação de seus clientes. Desde que não ultrapasse o valor e o
empréstimos prazo final de emissão do título, o banco pode vender e recomprar esse
do banco.
título inúmeras vezes.

Os recursos captados pelos bancos através dos CDBs são utilizados para
compor a carteira de empréstimos do banco. São esses recursos que o banco
utiliza para fazer empréstimos, leasing, fazer desconto de cheques etc.

Sofrem incidência de Imposto de Renda na Fonte de acordo com a tabela


regressiva no vencimento.

90
Capítulo 4 Produtos de Investimentos

Quanto ao prazo e taxa, podem ser: pré-fixados e pós-fixados. (FORTUNA,


1999).

a) Pré-fixados

O cliente escolhe um prazo dentre os disponibilizados e o banco lhe informa


a taxa correspondente.

Um CDB prefixado não pode ser prorrogado. Na data combinada, o valor


final com juros será creditado na conta corrente do cliente.

Este poderá então resgatar seus recursos ou optar por fazer nova aplicação,
respeitando os novos prazos e taxas oferecidos pelo banco.

b) Pós-fixados

Preferência da maioria das médias e grandes empresas, o CDB-


Preferência da
DI tem este nome, exatamente, por ter sua rentabilidade vinculada à maioria das
remuneração do CDI. médias e grandes
empresas.
Quando uma empresa faz uma aplicação junto a um banco, ela
acerta um percentual do CDI que irá receber, por exemplo, 96% do CDI.

A partir daí a empresa pode se tranquilizar, por saber que, independentemente


dos sobressaltos da economia, como alta ou queda dos juros, ou normas de
política econômica que podem alterar bruscamente o rendimento de um fundo,
sua aplicação estará sempre vinculada ao rendimento do CDI, um instrumento
sensível a essas flutuações, e amplamente utilizado pelos bancos em suas
transações diárias.

Outra vantagem do CDB-DI é o fato de não ter prazo final, não ter vencimento.
Como o produto apresenta liquidez diária a partir do 30° dia, a empresa pode ir
resgatando sua aplicação aos poucos, na medida em que for precisando.

Exemplo de cálculo de CDB prefixado:

Valor aplicado: R$ 10.000,00


Prazo da aplicação: 90 dias
Taxa no período: 3%
1° passo – cálculo dos juros brutos
Juros = valor aplicado x taxa da aplicação
Juros = 10.000,00 x 3%

91
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Juros = 300,00

2° passo – cálculo da tributação por Imposto de Renda


g Alíquota para aplicações até 180 dias à 22,5%
IR = juros x alíquota
IR = 300,00 x 22,5%
IR = 67,50

3° passo – cálculo dos juros líquidos


Juros líquidos = juros brutos – Imposto de Renda
Juros Líquidos = 300,00 – 67,50
Juros Líquidos = 232,50

4° passo – cálculo do resgate final


Resgate final = valor aplicado + juros líquidos
Resgate final = 10.000,00 + 232,50
Resgate Final = 10.232,50

Portanto, quem aplicou R$ 10.000,00 por 90 dias, com uma taxa de 3% neste período,
- ganhou R$ 300,00 de juros, dos quais
- pagou para o governo R$ 67,50,
- ficando com juros líquidos de R$ 232,50 e
- tendo seu resgate final de R$ 10.232,50

Exemplo de cálculo de CDB pós- fixado (CDB-DI)

Valor Aplicado – R$ 70.000,00


Percentual do CDI pactuado com o banco = 95%
CDI do mês = 1,20%
Supondo que o cliente aplicou seus recursos no início do mês e sacou no final,
30 dias depois.

1° passo – calcular o rendimento percentual


Rendimento percentual = CDI do mês x percentual pactuado com o banco
Rendimento Percentual = 1,20 x 95%
Rendimento Percentual = 1,14

2° passo – lançar o rendimento percentual sobre o valor aplicado, para cálculo dos juros
Juros Brutos = valor aplicado x rendimento percentual
Juros Brutos = 70.000,00 x 1,14%
Juros Brutos = 798,00

92
Capítulo 4 Produtos de Investimentos

3° passo – cálculo da tributação por Imposto de Renda


g Alíquota para aplicações até 180 dias à 22,5%
IR = juros x alíquota
IR = 798,00 x 22,5%
IR = 179,55

4° passo – cálculo dos juros líquidos


Juros líquidos = juros brutos – Imposto de Renda
Juros Líquidos = 798,00 – 179,55
Juros Líquidos = 618,45

5° passo – cálculo do resgate final


Resgate final = valor aplicado + juros líquidos
Resgate final = 70.000,00 + 618,45
Resgate Final = 70.618,45

Portanto, quem aplicou R$ 70.000,00 por 30 dias, com uma taxa de 95% do CDI, neste
período:
- ganhou R$ 798,00 de juros, dos quais
- pagou para o governo R$ 179,55 (a título de Imposto de Renda),
- ficando com juros líquidos de R$ 618,45 e
- tendo seu resgate final de R$ 70.618,45

c) Fundos de investimentos

Têm as mesmas características dos CDBs – Certificado de Depósito


Bancário, apenas com a exceção de que, caso o aplicador deseje liquidez antes
do vencimento da aplicação, o Banco não irá remunerar com a taxa de juros
contratada.

Esse tipo de aplicação serve para as Instituições financeiras terem uma


garantia de longo prazo nesta captação, daí serem proibidos, pelo Banco Central,
de remunerar com juros as aplicações que forem resgatadas antes do vencimento
contratado. (FORTUNA, 1999).

d) Títulos Públicos

São classificados em dois tipos distintos: Déficit Público e Controle Monetário.

• Déficit Público

93
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Afundado num déficit crescente, fruto de uma política histórica de


Déficit crescente,
gastar mais do que arrecada, não resta outro recurso ao governo senão
fruto de uma
política histórica a emissão de títulos.
de gastar mais do
que arrecada, não Títulos são como uma promessa de pagamento, um papel
resta outro recurso garantindo que no dia tal, o governo devolverá ao proprietário daquele
ao governo senão a título o montante “emprestado”, acrescido de juros que podem ser pré
emissão de títulos. ou pós-fixados.

Normalmente na data de vencimento, por não dispor de recursos,


o governo emite novos títulos ainda maiores, que servem para quitar o principal e
os juros dos títulos anteriores, bem como arrecadar mais recursos para financiar
seu déficit cada vez maior. (ASSAF NETO, 2006).

• Controle Monetário

São títulos que o São títulos que o Banco Central do Brasil emite com a finalidade
Banco Central do de controlar o volume de dinheiro em circulação no Brasil, utilizando-os
Brasil emite com como instrumento de controle da inflação.
a finalidade de
controlar o volume Quando falta dinheiro no mercado, o Banco Central recompra
de dinheiro em esses títulos, dessa forma injetando dinheiro em circulação.
circulação no Brasil,
utilizando-os como Quando está sobrando dinheiro no mercado, o Banco Central
instrumento de vende seus papéis, dessa forma tirando-os de circulação.
controle da inflação.
O Banco Central se utiliza de alguns Bancos chamados de
DEALER (intermediários negociantes).

Figura 6 - intermediários negociantes

Fonte: Os autores.
• Forma de negociação desses Títulos federais

94
Capítulo 4 Produtos de Investimentos

Anteriormente eram restritos aos bancos, que os utilizavam como lastro para
seus Fundos de Aplicação, haja vista a exigência de valores mínimos altamente
elevados para sua aquisição.

Atualmente estão ao alcance da população em geral, através do <www.


tesourodireto.gov.br> site do governo que tem o objetivo de popularizar sua
aquisição.
Lá, o aplicador pode investir quantias a partir de R$ 100,00 adquirindo títulos
que podem ser revendidos antes de seu vencimento, conseguindo assim liquidez
diária com rentabilidade superior à paga pela maioria dos bancos para pequenas
quantias.

Alguns dos títulos mais comuns são:

–– Títulos do déficit Público identificados pelo TN – Tesouro Nacional:


 LTN - Letras do Tesouro Nacional,
 NTN – Notas do Tesouro Nacional,
 BTN – Bônus do Tesouro Nacional.

–– Títulos do controle Monetário:


 LBC – Letras do Banco Central,
 NBC - Notas do Banco Central,
 BBC – Bônus do Banco Central
 etc.

Obs.: O Banco Central do Brasil emite os Papéis acima


conforme suas necessidades de captação, podendo ainda ser Pós-
fixados; pré-fixados e/ou Cambiais.

• Essas aplicações têm sua rentabilidade garantida desde que o


investidor carregue o título até o vencimento.

• dois fatores influenciam na rentabilidade: o custo e a


tributação.

• Tributação: IOF – para aplicações até 30 dias;


IR - até 180 dias 22,5%
181 a 360 dias 20,0%
361 a 720 dias 17,5%
acima 720 dias 15,0%

95
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Fundos de Investimentos
São condomínios São condomínios constituídos com o objetivo de promover a
constituídos aplicação coletiva dos recursos dos participantes.
com o objetivo
de promover a São regidos por um Estatuto contendo todas as regras de
aplicação coletiva funcionamentoe, têm na AGO - Assembleia Geral Ordinária - seu
dos recursos dos
principal forum de decisões.
participantes.

O Fundo é uma reunião de recursos com o objetivo de investir


dinheiro dos cotistas e dividir os resultados obtidos.

Os Fundos são Mútuos, e todos os cotistas do fundo dividem mutuamente os


resultados, proporcionalmente às cotas possuídas.

É um investimento que reúne vários aplicadores, formando uma espécie de


condomínio, no qual as receitas e as despesas são divididas proporcionais às
cotas de cada investidor.

Podem ser administrados pelos Bancos, ou Corretoras de Valores ou Bancos


de Investimentos, que aplicam os recursos dos aplicadores em títulos ou mesmo
em outros fundos, com o objetivo de maximizar a rentabilidade ao mesmo tempo
em que reduzem as perdas.

Cobram uma taxa de administração que varia entre as instituições e mesmo


entre diferentes fundos de uma mesma instituição, tendo, como fatores que
oneram, o valor inicial da aplicação e o prazo de permanência da aplicação.
Quanto maior o valor de entrada e maior o prazo de permanência, a tendência é
de a taxa de administração ser menor. (ASSAF NETO, 2006).

Em momentos de baixa inflação devemos tomar muito cuidado com o custo


da taxa de administração, que não deve ser superior a 2% a.a., já que a taxa selic
e a inflacionária devem ficar em um dígito.

A ANBID - Associação Nacional dos Bancos de Investimento reconhece


como existentes 17 tipos de fundos que podem ser classificados de acordo com:
política de investimento e fatores de risco.
Como escolher um Fundo de Investimentos:

Ao aplicar num Fundo de Investimentos, você deverá analisar todos os


fatores que podem influenciar na rentabilidade do mesmo. Destacamos abaixo:

96
Capítulo 4 Produtos de Investimentos

–– Qual o objetivo que me leva a guardar dinheiro?


–– De quanto dinheiro preciso para realizar esse objetivo?
–– Em quanto tempo quero realizar esse objetivo?
–– Desempenho passado do fundo.
–– Taxa de Administração.
–– Descolamento em relação aos indicadores.

Você deverá ter, bem claros, o tempo e a finalidade da sua aplicação,


direcionando-a segundo os conceitos abaixo:

–– Fundos Curto Prazo e DI: Nesta aplicação, mais do que rentabilidade,


procura-se dar liquidez para uma situação de emergência.

–– Fundos Renda Fixa: Deve ser direcionada para garantir recursos para a
aposentadoria.

–– Fundos Cambiais: longo prazo, morar no exterior e precisar manter o


poder de compra do dinheiro em dólar.

–– Fundos Multimercados, de Ações ou Cambiais: correr maior risco em


troca de uma melhor rentabilidade a longo prazo.

–– Fundos imobiliários: interessantes para quem não quer correr o risco


alto da bolsa e busca algo mais que os juros da renda fixa.

Figura 7 - Dinheiro

Fonte: Os autores.

O dinheiro depositado nos fundos é convertido em cotas. Os cotistas - pessoas


que integram o fundo - são proprietários de partes da carteira, proporcionais ao
capital investido.

97
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

A cota é atualizada diariamente e o cálculo do saldo é feito multiplicando o


número de cotas adquiridas pelo valor da cota daquele dia. Se um fundo conseguir
rentabilidade de 3% em um mês, todos os cotistas terão a mesma valorização,
independentemente do valor aplicado por cada um. (ASSAF NETO, 2006).

O dinheiro aplicado nos fundos é utilizado para a compra de títulos diversos


como, por exemplo, ações, títulos públicos, CDBs etc., conforme a política de
cada fundo.

Uma das principais vantagens de aplicar em um fundo é deixar seus


recursos administrados por especialistas, que procurarão a melhor alternativa
de rentabilidade e segurança para aplicar seus investimentos. É interessante
também porque, como dispõe de um volume de dinheiro maior para operar, o
fundo consegue melhores taxas e oportunidades do que aplicações individuais
menores.

Todos os bancos comerciais contam com fundos populares que permitem


resgates e aplicações com liquidez diária, mesmo em valores reduzidos. Esses
fundos, porém, normalmente apresentam rentabilidade menor do que outros,
que exigem valores maiores para movimentação ou até mesmo uma carência
para resgate.

Existe na verdade uma infinidade de fundos, sendo que cada instituição


possui dezenas deles. Diferem-se pela exigência de valor mínimo de aplicação
e resgate, por sua composição, por sua liquidez e, consequentemente, por sua
rentabilidade.

Basicamente, podemos dividi-los entre fundos sem risco, nos quais se


incluem os Fundos DI e os Fundos de Renda Fixa, que têm obrigação de aplicar
no mínimo 80% de seu patrimônio em títulos públicos, e os Fundos de Renda
Variável, que devem ter no mínimo 51% de sua carteira aplicada em títulos de
renda variável, como ações.

Todos os fundos são pós-fixados e, portanto, não garantem antecipadamente


uma rentabilidade. A melhor maneira de escolher um fundo é analisar seu
retrospecto. Apesar de a rentabilidade passada não ser garantia de rentabilidade
futura, analisando o rendimento do fundo nos últimos meses (ou mesmo anos)
e como ele acompanhou o índice que se propõe a acompanhar (o CDI, por
exemplo), o investidor poderá avaliar sua performance. (ASSAF NETO, 2006).

Cabe ainda ao aplicador montar uma “cesta” com algumas aplicações


diferenciadas, evitando o risco de concentrar todos os seus recursos em um só
produto ou uma só instituição.

98
Capítulo 4 Produtos de Investimentos

Sobre a rentabilidade dos fundos também incide a tributação de Imposto de


Renda e da tabela do IOF, para aplicações resgatadas antes de 30 dias.

Principais características dos fundos:

a) Renda Fixa

–– Aplicam uma parcela de seu patrimônio em títulos prefixados.


–– Rendem uma taxa fixa previamente acordada.
–– São justamente o oposto dos fundos DI.
–– Juros estão caindo, esses fundos rendem mais que os fundos DI.
–– Taxas de juros em alta, os fundos DI rendem acima dos de renda fixa.
–– A expressão “fixa” se refere à natureza do rendimento: juros.
–– Não significa que o rendimento do fundo é fixo em termos de valores, ou
que os juros são pré-fixados.
–– Fundo de renda fixa é composto, em sua maioria, de papéis que rendem
juros, por exemplo, debêntures, LFT, NTN, CDB, etc.
–– Prazo máximo a decorrer de 365 dias.
–– Prazo médio da carteira do fundo inferior a 60 dias.

b) Multimercados

–– Combinam investimentos em ativos de renda fixa, câmbio e ações.


–– Utilizam ativamente os derivativos.
–– Procuram as melhores oportunidades desses mercados para obter
rentabilidades maiores.
–– Devido à flexibilidade, dependem do talento do gestor na escolha do
melhor momento de alocar os recursos do fundo em cada um desses
mercados.
–– Essas aplicações devem permanecer por médio ou longo prazo.

c) Referenciados

–– Obrigados a aplicar no mínimo 95% do seu patrimônio em títulos que


remuneram direta ou indiretamente o CDI.
–– Combinam investimentos em ativos de renda fixa, câmbio e ações.
–– Oscilação nas cotas em virtude da necessidade legal de contabilização
dos títulos pelos preços de mercado.
–– Efeito de valorização e cálculo de cotas, pelos preços praticados no
mercado diariamente.
–– Exemplos de fundos referenciados:

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Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

 Fundos DI
 Fundos Cambiais
 Genéricos

d) Ações

–– São fundos que investem majoritariamente seus recursos em ações


negociadas em bolsa de valores.
–– Estão sujeitos às oscilações de preços das ações que compõem sua
carteira.
–– Por essas variações e o risco, são mais indicados para quem tem objetivos
de investimento de longo prazo.

e) Fundos Cambiais

–– São aqueles cuja carteira é composta por títulos indexados pelo dólar.
–– Têm expectativa de rentabilidade, portanto, próxima à variação do dólar
comercial de venda.
–– Esses fundos são recomendados para pessoas que têm dívidas em dólar,
ou que acreditam que o real vai desvalorizar.
–– Rentabilidade acompanha o câmbio do dólar.
–– Dólar sobe, a rentabilidade sobe e vice-versa.

f) Não Referenciados

–– Os fundos incluídos nesse grupo não precisam seguir o desempenho de


um índice específico.
–– Podem aplicar seus recursos em títulos de renda fixa pré ou pós-fixados.
–– Dentre os fundos não referenciados estão incluídos os fundos de renda
fixa tradicionais.
–– Retorno varia de acordo com a estratégia adotada pelo gestor do fundo.

g) Genéricos

–– Em geral são fundos com um perfil de investimento um pouco mais


agressivo do que o dos referenciados e não referenciados.
–– Têm liberdade para decidir como investir seus recursos.
–– Até 49% do patrimônio do fundo pode estar investido em ações.
–– Dado o perfil de risco desses fundos, recomenda-se uma análise ainda
mais detalhada do estatuto do fundo.

100
Capítulo 4 Produtos de Investimentos

h) Fundos Derivativos

–– São opções de investimento que buscam superar a variação do CDI.


–– Atuam em diferentes mercados, independentemente de suas tendências
de alta ou baixa.
–– Esses fundos tendem a investir de forma agressiva para maximizar o
retorno.
–– Fundos imobiliários interessantes para quem não quer correr o risco alto
da bolsa e busca algo mais que os juros da renda fixa.
–– Receita gerada pelos aluguéis de imóveis.
–– Retorno de cerca de 9% ou 10% em dividendos anuais oriundos de
aluguéis.
–– Os contratos de locação de imóveis são reajustados pelo IGP-M.
–– Se os juros continuarem a cair como o mercado espera, a vantagem dos
fundos imobiliários sobre a renda fixa vai crescer.
–– Quotas negociadas na BM&FBovespa são isentas de Imposto de Renda
para pessoas físicas.
–– Risco de vacância ou inadimplência de um imóvel é bem maior que o de
um calote do governo federal.

As aplicações em fundos de investimentos não são garantidas


nem pelo administrador, nem por qualquer mecanismo de seguro,
nem pelo Fundo Garantidor de Créditos – FGC.

Os fundos de investimentos possuem liquidez diária, não têm


vencimento, sofrem incidência de retenção na fonte de IR no resgate,
à alíquota de 15%. Na compra e venda de ações não há incidência
de IOF.

i) Vantagens dos fundos de investimentos

–– Poder de barganha, porque pequenos investidores se tornam grandes


investidores.
–– Os recursos dos cotistas são administrados como um único patrimônio.
–– Diluição dos custos fixos, de controle e acompanhamento da carteira.
–– Acesso a mercados de atacado.
–– Alguns tipos de ativos e derivativos só são negociados no “atacado”.
–– Fundos de investimento conseguem transformar vários investimentos de
curto prazo num único investimento de longo prazo.

101
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

–– Uma vez que os recursos são administrados em conjunto.


–– No dia em que um investidor está resgatando, outros estão aplicando.

j) Outras características dos Fundos de Investimento

–– Cota: os recursos dos fundos são controlados pelo sistema de cotas.


Esse sistema parte do pressuposto de que o investidor ingressa no fundo
comprando várias pequenas partes do seu patrimônio, que são as cotas.
Cota, portanto, é a menor fração do patrimônio do fundo.

– Cotista: é o investidor que adquire as cotas do fundo. Como “donos”,


Cotista: é o
investidor que os cotistas devem ter acesso a todas as informações, desde aquelas
adquire as cotas necessárias para permitir a escolha do tipo de fundo mais adequado
do fundo. Como às suas necessidades, até as que lhes permitam acompanhar o fundo
“donos”, os escolhido.
cotistas devem ter
acesso a todas
– Regulamento: cada fundo tem um regulamento próprio, que
as informações,
desde aquelas determina todas as suas regras. O regulamento é feito por quem
necessárias para administra o fundo, com base na legislação vigente (BACEN e CVM).
permitir a escolha
do tipo de fundo – Condomínio: os cotistas são donos dos recursos do fundo em
mais adequado às condomínio com os outros cotistas, da mesma forma que os donos
suas necessidades,
dos apartamentos de um edifício são donos em condomínio das
até as que
lhes permitam partes comuns do edifício. É por isso que os cotistas também são
acompanhar o chamados de condôminos.
fundo escolhido.
– Administrador: é uma espécie de “síndico” do condomínio,
responsável pela gestão, supervisão, acompanhamento e prestação
de informações relativas ao fundo. Sua atribuição é o gerenciamento
da carteira de ativos, buscando obter a melhor relação rentabilidade/
risco. Os Fundos e seus administradores são proibidos de oferecer
garantia de rentabilidade tendo em vista a impossibilidade de se
efetuar esse cálculo por conterem aplicações em papéis os mais
variados, inclusive taxas de remuneração.

– Taxa de administração e de performance: pelos serviços prestados o


administrador recebe uma taxa, que poderá ser de administração e/ou
performance.

– Taxa de administração: É fixa, definida no regulamento do respectivo Fundo.


Ela é representada em percentuais anualizados sobre o patrimônio líquido do
fundo.

102
Capítulo 4 Produtos de Investimentos

As taxas fixas podem, especialmente em cenários de baixa dos juros como


atualmente, impactar a rentabilidade proporcionada pelo fundo.

A Taxa de Administração varia de 0,5% a.a. a até 4% a.a. em alguns casos.

–– Taxas de performance: são cobradas após atingidos patamares de


rentabilidade predefinidos. As taxas de performance são a remuneração
do administrador por ter superado a expectativa do cliente e consistem
num percentual que incide sobre a parcela que excede o “benchmark”
acordado entre as partes.

–– Tributação - Imposto de Renda (fundos de renda fixa): O IR incide


sobre os rendimentos da aplicação. Nos Fundos de investimento ocorre
o recolhimento semestral na fonte a uma alíquota de 15%, e a diferença é
paga na hora do resgate.

Abaixo, a tabela de recolhimento do Imposto de Renda sobre a rentabilidade:

Prazo de Aplicação Alíquota de IR


Até 180 dias - 22,5%
De 181 a 360 dias - 20,0%
De 361 a 720 dias - 17,5%
A partir de 721 dias - 15,0%

k) Classificação dos Fundos de Investimento

Os fundos de investimentos podem ser de renda fixa e de renda variável.

• Renda fixa: O Modo fácil de entender um título de renda fixa


Os Juros cobrados
é imaginar cada título como um empréstimo. Cada vez que
nada mais são do
você compra um título de renda fixa você está basicamente que a remuneração
emprestando dinheiro ao emissor do título. Pode ser o seu banco, que você recebe por
uma empresa ou o governo. Os Juros cobrados nada mais são do emprestar
que a remuneração que você recebe por emprestar seu dinheiro. seu dinheiro.

• Renda variável

– Devem ter no mínimo 51% de seu patrimônio em ações.


– São regulamentados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
–– São compostos por ativos reais (ações, ouro, commodities). Objetivam
retorno a médio e a longo prazos.
–– Possível obter ganhos superiores aos fundos de renda fixa.
–– Mas podem, mais facilmente, apresentar rentabilidade negativa.

103
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

–– Nem sempre as ações se valorizam na Bolsa.


–– Maior rentabilidade têm os de perfil mais agressivo = risco é maior

l) Tipos de fundos de investimentos

Os fundos de investimentos podem ser: pré-fixados e pós-fixados.

• Pré-Fixados

–– As taxas de juros são conhecidas pelo administrador do fundo no momento


da aquisição do papel.
–– Exemplo: você sabe o que significa quando o gerente do seu banco lhe
oferece um CDB pré-fixado de 360 dias rendendo 18% a.a?
–– Você já sabe o quanto receberá dentro de um ano –
–– o valor investido mais juros pelo período (360 dias) em que o dinheiro foi
investido.
–– Se no resgate os juros do mercado tiverem caído, esta terá sido uma boa
aplicação.
–– Se os juros tiverem subido, o ganho é menor ou pode haver perda.

• Pós-fixados:

–– As taxas de juros são conhecidas somente no resgate.


–– Isso ocorre porque o rendimento é determinado pela variação de um
determinado índice de correção monetária mais uma taxa de juros
determinada no momento da aplicação.
–– A taxa de juros oscila diariamente.
–– Se houver aumento da taxa de juros, o fundo obtém maior rentabilidade,
–– Se houver queda, o fundo vai remunerar menos.

• Pré ou pós-fixados

–– São conceitos que se referem às taxas de juros que remuneram os papéis


que compõem a carteira.
–– Não indicam que o aplicador pode saber quanto vai ganhar no fundo antes
da aplicação.
–– Nunca se sabe com exatidão quanto vai render um fundo, sejam as taxas
pré ou pós-fixadas.

104
Capítulo 4 Produtos de Investimentos

Classificação de risco conforme CVM e ANBID:

CLASSE RISCO PRAZO


Curto prazo Conservador Curtíssimo/curto
Referenciados Conservador Curto/médio
Renda fixa Moderado Médio
Ações Agressivo Longo
Cambiais Agressivo Longo
Dívida Externa Moderado Longo
Multimercado Moderado Longo

Atividade de Estudos:

1) Por que quando aplico meus recursos numa caderneta de


poupança o rendimento é baixo, como 0,5% ao mês, mas quando
uso o cheque especial a taxa de juros é muito alta, chegando
a 8% ou 9% ao mês? O Banco não está exagerando na sua
margem de lucro?
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2) Caderneta de poupança sempre é o produto que rende menos?


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105
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

3) Existe possibilidade de eu não resgatar um CDB prefixado no seu


rendimento?
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4) O gerente do meu banco disse que o fundo em que estou


aplicando meus recursos vai render 1% no mês que vem. Posso
confiar?
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5) Por que aplicar meu dinheiro num fundo de renda variável, se


posso investir diretamente na bolsa de valores, sem pagar taxa
de administração?
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6) Sempre que aplico em fundos de renda fixa, o banco investe


meus recursos em títulos do governo e me repassa parte do
rendimento, ficando com o spread, que é a sua comissão. Existe
algum produto para eu “pular” este intermediário?
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106
Capítulo 4 Produtos de Investimentos

7) Se eu compro um título do governo que vence em 2032, por


exemplo, só posso resgatar no vencimento?
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8) Os fundos de investimentos são constituídos na forma de


condomínio, que significa nesse sentido:

a) ( ) Retorno garantido;
b) ( ) Risco zero;
c) ( ) Co-propriedade;
d) ( ) Gestão participativa.

9) A taxa de administração de um fundo de investimentos é calculada


conforme:

a) ( ) Determinado pelo administrador;


b) ( ) Negociação anual entre administrador e cotistas;
c) ( ) Determinado pelos cotistas;
d) ( ) Determinado no regulamento do fundo.

Algumas Considerações
Neste capítulo apresentamos algumas ideias sobre os fundos de
investimentos, principalmente sobre a classificação de acordo com a política de
investimento e fatores de risco, o tempo disponível e a finalidade da aplicação e
os tipos de fundos, que podem ser de Renda Fixa e Renda Variável.

Referências
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

107
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

BRASIL. Banco Central do Brasil. Disponível em: <http://www.bcb.gov.


br/?FAQFGC>. Acesso em: 19 dez. 2011.

FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: produtos e serviços. 10. ed. São


Paulo: Ed. Qualitymark, 1999.

108
C APÍTULO 5
Produtos de Créditos

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Explanar sobre os principais produtos disponíveis no mercado financeiro


para captação de recursos, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas
jurídicas.

33 Demonstrar, dentre uma série de opções, quais as alternativas mais


adequadas de captação de recursos para pessoas físicas e jurídicas em
função de suas necessidades específicas.
Capítulo 5 Produtos de Créditos

Contextualização
As operações de Crédito são classificadas em Curto e Longo Prazo. Curto
Prazo são operações financeiras que, de acordo com o balanço, são contabilizadas
no curto prazo, ou seja, até 180 dias de prazo de vencimento. Exemplos:

– Hot Money;
– desconto de títulos;
– conta garantida;
– cédula de crédito comercial;
– cédula de crédito industrial;
– cheques especiais (c/c Devedora).

Operações de Longo Prazo são operações financeiras que, de acordo com o


balanço, são contabilizadas no longo prazo, ou seja, acima de 180 dias de prazo
de vencimento. Exemplos:

– Resolução nº. 2770/00;


– FINAME agrícola e automático;
– Finame Leasing;
– BNDES Operações;
– Programa de Operações Conjuntas Automático até R$ 10.000.000,00;
– Programa de Operações Conjuntas Finem acima de R$ 10.000.000,00;
– Financiamentos à Importação de máquinas e equipamentos;
– Financiamentos à exportação de máquinas e equipamentos;
– Programas agrícolas;
– Exim Pré-Embarque;
– Exim Pré-Embarque Curto Prazo;
– Exim Pré-Embarque Especial;
– Exim Pós-Embarque;
– Financiamento à Marinha Mercante;
– Garantia de Subscrição de Valores Mobiliários;
– Prestação de Aval e Fianças;
– Entre outros mais programas.

Os produtos listados a seguir são os mais constantemente utilizados, mas


podem apresentar variações na sua sistemática de um banco para o outro, o
que normalmente configura mais uma estratégia de marketing do banco do que
propriamente o lançamento de um novo produto.

Você encontra, no site www.bndes.gov.br , mais detalhes


acerca das linhas de crédito de longo prazo que estão disponíveis,
assim como os Bancos Autorizados a operar.

111
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Cheque Especial
Limite de crédito em Conta Corrente do cliente, desburocratizado,
normalmente concedido tendo como garantia apenas o aval dos responsáveis.

Normalmente muito utilizado pela pouca exigência, pratica as taxas mais


altas. Em alguns bancos, pode ter taxas reduzidas se for oferecido como garantia
um veículo (ou mesmo uma aplicação de um sócio).

Observe que o Cheque especial é um ótimo recurso oferecido


Cheque especial é
um ótimo recurso pelos bancos, desde que usado com parcimônia, e de acordo com seus
oferecido pelos objetivos: em caso de emergência.
bancos, desde
que usado com Veja os exemplos:
parcimônia, e de
acordo com seus
• Uma aplicação em fundos que remunera seu investidor a 94% do
objetivos: em caso
de emergência. CDI, por ex.: pagou num determinado mês uma taxa próxima a 1,29%
(supondo o CDI a 1,37%).

A utilização de um cheque especial de taxa = 8% a.m. durante cinco dias


resulta nos mesmos juros de 1,29%. Ou seja, usar cheque especial durante
apenas 5 dias, praticamente “mata” os juros de todo um mês de aplicação.

• Supondo que a caderneta de poupança renda algo próximo a 50% do CDI (porém
neste caso já líquida de impostos) esses mesmos 5 dias de juros eliminariam o
rendimento de quase 2 meses de poupança (ou do dobro do valor).

Portanto, o cheque especial deve ser o último recurso a ser utilizado. Antes
dele, toda e qualquer aplicação deve ser resgatada.

Observe também que um empréstimo parcelado em um banco cobra juros


proporcionais à metade dos juros do cheque especial, portanto, também deve ser
preferido no lugar do cheque especial.

Se você utiliza o cheque especial eventualmente, restrinja o uso. Resgate


qualquer aplicação, ou faça um pequeno empréstimo, mesmo que deixe sua conta
positiva e pague em 4 ou 6 meses.

Se você utiliza frequentemente seu cheque especial, e seu salário ou suas


entradas de dinheiro servem na maioria das vezes apenas para cobrir seu limite,
saia desta imediatamente. Faça um empréstimo parcelado, inclusive num valor
um pouco superior ao limite tomado, e pague em 10 ou 12 vezes.

112
Capítulo 5 Produtos de Créditos

Cheque especial mal utilizado é um veneno.

O equivalente ao cheque especial para Pessoas Jurídicas - empresas


chama-se conta garantida.

Empréstimo Parcelado
Também conhecido como Capital de Giro ou Mútuo. Pode ser uma alternativa
interessante para captação de recursos, principalmente quando em substituição
ao cheque especial.

Tem como grande vantagem a taxa e o prazo prefixados, ou seja, o tomador


sabe exatamente quando vai pagar e qual o valor da prestação.

É especialmente útil para quem está utilizando o cheque especial


costumeiramente. Em muitos casos, principalmente em prazos maiores, o valor
da prestação será semelhante ao que era pago anteriormente somente nos juros
do cheque especial, com a vantagem de que no empréstimo parcelado estamos
também amortizando o principal.

Exemplo: um cheque especial no valor de R$ 10.000,00, com juros de 9%


a.m., resulta em juros mensais de R$ 900,00.

Se o tomador conseguir que o banco parcele esses mesmos R$ 10.000,00


em 15 vezes com juros de 4% a.m., a parcela resultante será dos mesmos R$
900,00.

Com o mesmo desembolso mensal, o devedor estará amortizando as


prestações e em 15 meses não terá mais dívida, enquanto que no
cheque especial o pagamento dos R$ 900,00 mensais serviria apenas
O Penhor para
para pagar os juros, sem amortizar a dívida. PF é exclusivo da
Caixa Econômica
Federal e podem
ser empenhados
Penhor pratarias, máquinas
fotográficas,
O Penhor para PF é exclusivo da Caixa Econômica Federal TV de pequeno
porte, filmadoras,
e podem ser empenhados pratarias, máquinas fotográficas, TV de
instrumentos
pequeno porte, filmadoras, instrumentos musicais, utensílios e objetos musicais, utensílios
de valor, não perecíveis. e objetos de valor,
não perecíveis.

113
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Não é exigida ficha cadastral, ou abertura de conta corrente. Para obter o


empréstimo, basta dirigir-se às agências que trabalham com Penhor munido de
Documento de Identidade (RG), CPF e Comprovante de Residência, originais. Os
prazos de 28, 56 ou 84 dias, podem ser renovados. Os empréstimos podem ser
divididos em duas faixas:

– Faixa I - até R$ 300,00 (trezentos reais), limitado a 80% do valor de


avaliação.

– Faixa II - acima de R$ 300,00 (trezentos reais), limitado a 80% do valor de


avaliação.

Os analfabetos, deficientes visuais ou impossibilitados de assinar poderão


contratar o empréstimo, exigindo-se a assinatura de terceiro, devidamente
identificado, e impressão digital do mutuário no contrato.

O objeto penhorado fica em poder da Caixa, e o cliente recebe o valor do


empréstimo já líquido dos juros, podendo renovar a operação ao final do prazo.

Se o cliente não quitar a operação, nem renovar, a joia passa ao poder da Caixa
Econômica Federal, que fará um leilão com todas as joias não retiradas no prazo.

Antecipação de Recebíveis
No atual nível de concorrência entre as empresas, prazo é um dos principais
diferenciais oferecidos pelos fabricantes/lojistas. Como infelizmente não
conseguem uma reciprocidade de seus fornecedores, na falta de capital de giro
próprio, nada resta a fazer senão antecipar o recebimento desses recebíveis junto
a factorings e bancos.

São os recebíveis mais comuns:

– cheques;
– duplicatas;
– cartões de Crédito.

Os tipos mais comuns de antecipação de recebíveis praticados pelos bancos


são:

– desconto;
– conta garantida.

114
Capítulo 5 Produtos de Créditos

a) Desconto de Recebíveis
Títulos ou
Recebíveis são as
Desconto de títulos ou recebíveis é a antecipação dos valores duplicatas, Notas
financeiros da venda a prazo realizada pelo emitente do título. Promissórias e/
ou cheques
Títulos ou Recebíveis são as duplicatas, Notas Promissórias e/ pré-datados com
ou cheques pré-datados com vencimento futuro de cobrança. Se no vencimento futuro
de cobrança.
vencimento o título não for pago, o Banco debita tal valor na conta do
emitente do título.

Comumente utilizado pela grande maioria dos empresários tomadores


de recursos, o desconto de recebíveis (cheques, duplicatas, cartão de crédito
etc.) busca antecipar o recebimento de um título que, de outra forma, só seria
descontado quando de seu vencimento.

Os bancos cobram juros proporcionais ao prazo que falta para conseguir


descontar aquele título, além de outros custos como taxa de contrato, IOF, tarifa
por título ou borderô etc. que devem ser consideradas quando da operação.

Muita gente acha que está levando vantagem por ter taxa mais baixa que
outro banco, mas se considerar todos os custos anexos, acaba pagando mais.

O recomendável é que o tomador faça uma planilha englobando todos os


custos, bem como calcule na mesma planilha a parcela que será efetivamente
descontada do que tem a receber, para se certificar de que seu banco efetivamente
utilizou a taxa que prometeu.

Veja um exemplo de cálculo de desconto de títulos:

Quadro 4 – Cálculo de desconto de Títulos

Nº valor vencto dias juros líquido


1 1.000,00 11/05/09 15 -15,00 985,00
2 560,00 26/05/09 30 -16,80 543,20
3 1.800,00 25/06/09 60 -108,00 1.692,00
TOTAL 3.360,00 -139,80 3.220,20

Fonte: Os autores.

Apesar de trabalhar com cálculos lineares e ser obviamente muito simples,


o quadro acima consegue chegar a um valor bastante aproximado dos juros
cobrados em um desconto de títulos.

115
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Com um quadro como esse, o tomador consegue, antes de ir ao banco,


saber qual o resultado aproximado de sua operação de desconto.

Novamente relembramos que os bancos cobram ainda outros valores a título


de borderô, contrato etc. O quadro acima mostra somente os juros que seriam
descontados para a antecipação dos títulos.

A seguir apresentamos alguns modelos de Títulos de Crédito: Duplicata, Nota


Promissória, Cheque e Letra de Câmbio.

Figura 8 – Duplicata

Fonte: Os autores.

Duplicata pode ser de Comercialização e Serviços sempre


baseados na Nota Fiscal.

116
Capítulo 5 Produtos de Créditos

Figura 9 – Nota Promissória

Fonte: Os autores.

Figura 10 – Cheque

Fonte: Os autores.

117
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Quadro 4 - Letra de Câmbio

Vencimento em 10 de maio de 2009


• Nº: 01/05         

• Valor R$ 5.000,00
• I N D A I A L – SC, dia 10 de MARÇO de 2009

Aos deis dias do mês de maio do ano de dois mil e nove pagará por esta
única via de LETRA DE CÂMBIO a JOÃO JOSE DA SILVA XAVIER  a
quantia de cinco mil reais em moeda corrente do país, e por qualquer
atraso que ocorrer pagará mais juros de mora de 12% ao ano.

• DOM PEDRO I. JOÃO JOSE DA SILVA XAVIER



• ASS_________________ ASS_________________.
• CPF-000.000.001-00 CPF-000.000.002-00
• PRAÇA DA LIBERDADE, 100010000-000 BRASÍLIA - DF

Fonte: Os autores.

Conta Garantida
Conta Garantida é um empréstimo em conta corrente, com limite
Conta Garantida é de crédito utilizável de forma rotativa para utilizar eventualmente
um empréstimo em
como capital de giro. Destina-se a empresas de qualquer porte de
conta corrente, com
limite de crédito faturamento. O limite depende de análise de crédito feita pelo Banco
utilizável de forma do cliente.
rotativa para utilizar
eventualmente Diferentemente das operações de desconto, na conta garantida o
como capital de cliente paga pelo saldo e período que utilizar.
giro. Destina-se
a empresas de
qualquer porte de Se dispuser de recursos no meio do período, pode amortizar o seu
faturamento. O saldo devedor e, portanto, pagar menos juros.
limite depende de
análise de crédito Seu funcionamento é extremamente semelhante ao de um cheque
feita pelo Banco especial.
do cliente.

118
Capítulo 5 Produtos de Créditos

Na conta garantida o banco dá ao cliente um limite máximo até onde pode


operar, como um limite de cheque especial.

O cliente levará seus recebíveis (cheques, duplicatas etc.) ao banco e os


caucionará em sua conta garantida.

Esse valor custodiado estabelece qual o limite do tomador para essa data.

Se o limite global for R$ 200.000,00, este é o valor máximo de títulos que


poderá ser custodiado, mas se no primeiro dia o cliente levar ao banco o valor de
R$ 40.000,00 em títulos, este será seu limite de crédito para aquele dia.

Se nenhum recurso for utilizado, os títulos ficam custodiados e, na data de


seu vencimento, serão depositados na conta corrente do cliente.

Se, porém, necessitar de recursos, basta sacar o valor de que necessitar (até
o seu limite de R$ 40.000,00) que o banco não utilizará seu cheque especial, mas
sim seu limite de conta garantida, com juros semelhantes aos de uma operação
de desconto, muito inferiores aos do cheque especial.

Da mesma maneira que num cheque especial, o banco irá calcular


diariamente os juros sobre o saldo devedor utilizado. Se a empresa utilizar R$
10.000,00, pagará juros sobre R$ 10.000,00. Se usar os R$ 40.000,00, pagará
sobre R$ 40.000,00.

A qualquer momento o cliente poderá levar mais recebíveis para o banco e


agregar em sua conta caução, aumentando assim seu limite, até o limite máximo
oferecido pelo banco.

Quando os títulos começarem a vencer, seu saldo devedor será amortizado,


e o tomador passará a pagar menos juros.

Se a qualquer momento dispuser de recursos, poderá depositar em sua


conta corrente e solicitar ao banco que “cubra” sua conta garantida, cessando
assim a cobrança de juros.

Ressalte-se que, apesar de funcionamento semelhante ao cheque especial, a


conta garantida em nada ameaça seu limite, e o cliente pode utilizar normalmente
aquele produto.

Grandes empresas não costumam fazer desconto, só utilizam conta garantida


pela facilidade de controle.

119
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

O cliente recebe mensalmente um extrato de sua conta corrente e outro de


sua conta garantida, na qual pode visualizar rapidamente que dias utilizou, quanto
pagou de juros no mês etc., informações muito difíceis de serem controladas por
quem só trabalha com desconto de títulos.

Ressalte-se, finalmente, que na conta garantida os títulos continuam sendo


do cliente, que os está utilizando apenas como garantia para seu empréstimo,
enquanto no desconto os títulos são vendidos para o banco, que é o novo dono e
pode dispor como bem lhe convier.

Hot Money
Hot Money é um Produto de Crédito para Pessoas Jurídicas, utilizado
Hot Money é
um Produto de em prazos muito curtos, variando entre 1 e 15 dias, para cobrir possíveis
Crédito para necessidades, como compensar uma eventual falta de caixa das empresas.
Pessoas Jurídicas,
utilizado em prazos Ao contrário dos produtos de antecipação de recebíveis, em que
muito curtos, a empresa precisa negociar garantias com o banco, no Hot Money a
variando entre 1
empresa assina um contrato e uma Nota Promissória (NP), e toma o
e 15 dias, para
cobrir possíveis empréstimo sem garantias adicionais.
necessidades,
como compensar O produto é usado por prazos muito pequenos, como um ou dois
uma eventual dias (no máximo e raramente dez dias) e, muitas vezes, o cliente já
falta de caixa das deixa um contrato assinado no banco, simplesmente autorizando, por
empresas.
e-mail ou telefone, a liberação do empréstimo em conta corrente.

CDC – Crédito Direto ao


Consumidor
Trata-se de uma operação de crédito concedida a pessoas físicas ou
jurídicas, para a aquisição de bens e serviços. O consumidor que contrata esse
tipo de crédito passa a desfrutar imediatamente de um bem que será pago com
sua renda futura. Os cartões de crédito também podem conceder crédito direto ao
consumidor para aquisição de bens.

As taxas de juros variam conforme a instituição financeira, o prazo de


pagamento e o valor do empréstimo. Mas podem ser consultadas individualmente,
por instituição, no site do Banco Central. Além da taxa, há a cobrança do Imposto
sobre Operações Financeiras (IOF).

120
Capítulo 5 Produtos de Créditos

Quase sempre o bem financiado constitui a garantia da operação. Em outros


casos, a instituição financeira pode exigir a garantia de um avalista pessoa física
ou jurídica.

Leasing
O Leasing é uma modalidade de financiamento que sempre
O Leasing é uma
deverá ser analisado junto ao Contador da Empresa para avaliar o
modalidade de
efeito no Balanço, visto as prestações serem lançadas como despesa financiamento que
e somente o saldo residual do contrato ser lançado como Imobilizado. sempre deverá ser
analisado junto
No Brasil são praticados 4 tipos diferentes de Contrato de ao Contador da
Leasing: Empresa para
avaliar o efeito no
Balanço, visto as
– Leasing Financeiro. prestações serem
– Leasing Operacional. lançadas como
– Leasing Back. despesa e somente
– Leasing Importação/exportação. o saldo residual do
contrato ser lançado
como Imobilizado.
Porém, voltado para a aquisição de automóveis em geral, veículos
pesados tipo ônibus, caminhões além de máquinas para indústrias.

Mas pode também ser usado por consumidores em geral, que, ao optarem
pelo Leasing, barateiam o custo do empréstimo, haja vista não haver, nas
prestações do Leasing, a incidência do IOF.

Normalmente, porém, é utilizado por empresas de maior porte, principalmente


as tributadas com base no lucro real, que lançam as prestações de Leasing
como despesa em seus balanços, diminuindo assim a receita tributável,
consequentemente pagando menos imposto de renda. (ROSS, 1995).

Modalidades de leasing praticadas no Brasil:

• O Leasing Operacional: a arrendadora é que arca com os custos de


manutenção dos equipamentos, e é efetuado geralmente pelas próprias
empresas fabricantes dos bens.

• O Leasing Financeiro: assemelha-se a um aluguel, com a diferença de


que se pode comprar o bem no final do prazo pré-determinado por um
preço já estabelecido.

121
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

• O Leasing Back: ocorre quando uma empresa necessita de capital de giro.


Ela vende seus bens a uma empresa que aluga de volta os mesmos.

• Leasing Importação/Exportação: Leasing Internacional ou Arrendamento


Mercantil Internacional é uma alternativa de financiamento para aquisição de
bens novos ou usados, produzidos no Brasil ou no exterior e utilizados para
uso próprio da empresa arrendatária.

As principais vantagens do leasing de Importação/Exportação são:

– financia até 100% do valor do bem;


– pode ser importado com qualquer fornecedor cujo país tenha
relacionamento comercial com o Brasil;
– podem ser utilizados os benefícios fiscais na contabilização das prestações
como despesas operacionais;
– pode usufruir os benefícios contábeis em virtude da não imobilização do
bem arrendado;
– paga à vista ao fornecedor diretamente pela Empresa de Leasing, podendo
negociar melhor o preço;
– pagamentos trimestrais ou semestrais, conforme fluxo de caixa de sua
Empresa e negociação com a empresa de Leasing;
– financiamento com taxas internacionais, e custos reduzidos para Empresa
arrendatária;
– operação de longo prazo, com contratos a partir de 2 anos.

O Leasing internacional de exportação está previsto no artigo 20 da lei 6.099.

ARTIGO 20 DA LEI Nº 6.099, DE 12 DE SETEMBRO DE 1974

Art 20. São assegurados ao vendedor dos bens de que trata


o artigo anterior todos os benefícios fiscais concedidos por lei para
incentivo à exportação, observadas as condições de qualidade da
pessoa do vendedor e outras exigidas para os casos de exportação
direta ou indireta. (Vide Decreto-Lei nº 2.397, de 1987) (Vide Decreto-
Lei nº 2.413, de 1988)

§ 1º Os benefícios fiscais de que trata este artigo serão


concedidos sobre o equivalente em moeda nacional de garantia
irrevogável do pagamento das contraprestações do arrendamento
contratado, limitada a base de cálculo ao preço da compra e venda.

122
Capítulo 5 Produtos de Créditos

[...]
§ 2o  Para os fins do disposto no § 1o, a equivalência em
moeda nacional será determinada pela maior taxa de câmbio do
dia da utilização dos benefícios fiscais, quando o pagamento das
contraprestações do arrendamento contratado for efetivado em
moeda estrangeira de livre conversibilidade. (Redação dada pela Lei
nº 12.024, de 2009)

Fonte: disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/


leis/L6099.htm>. Acesso em: 15 dez. 2011.

O vendedor no país vende seu produto a uma companhia de leasing sediada


no país e está arrendada ao usuário no exterior. Por ex.: Aviões da Embraer
podem ser exportados dessa forma.

Os leasings de importação tratam de uma operação na qual a empresa


Brasileira demonstra interesse em importar equipamentos de fornecedores do exterior.

A empresa Brasileira negocia o bem, preço e demais características


diretamente com o próprio fornecedor, e a empresa de Leasing providencia a
importação dos equipamentos.

Podem ser financiados, via Leasing Importação, bens importados, novos ou


usados. Destina-se a pessoas jurídicas com crédito devidamente aprovado na
empresa de Leasing.

Vendor
Num mercado cada vez mais competitivo, é normal as indústrias ganharem
mais espaço no mercado fornecendo mais prazo para pagamento aos seus
clientes. Nesse prazo, porém, elas embutem juros, exatamente para suportar o
descasamento de caixa que esse prazo provocou.

A mercadoria custa R$ 100,00, mas como todos os clientes exigem prazo


para pagamento, a indústria fixa o preço em R$ 110,00, já embutindo aí os juros.

O problema é que, sobre esses R$ 10,00 de juros, incidem também os


impostos, como IPI, ICMS, PIS e COFINS, por exemplo, reduzindo novamente a
margem da empresa vendedora.

123
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

O Vendor ocorre quando o banco entra nesse processo,


O Vendor
financiando a empresa compradora e pagando o vendedor à vista.
ocorre quando
o banco entra
nesse processo, A indústria vendedora utilizará o vendor para seus principais
financiando clientes, com os quais tem mais tradição de vendas, e informará os
a empresa dados desses clientes ao banco.
compradora e
pagando o vendedor
O risco da venda é da vendedora, e não do banco. O banco não
à vista.
tem risco de crédito.

O que ocorre é uma operação na qual todos têm facilidades e benefícios.

A empresa coloca o preço do produto de volta ao seu preço de venda original,


pagando menos impostos, já que não tem mais tantos juros embutidos.

O cliente tem um crédito liberado mais rapidamente, já que está utilizando o


limite de crédito preestabelecido para a vendedora.

O Banco não analisa seu cadastro, e não concede crédito para os


compradores. Isso agiliza muito o processo, e muitas vezes, o comprador
consegue prazos para pagamento ainda maiores do que conseguiria se estivesse
financiando diretamente com a vendedora.

E o banco ganha cobrando juros da vendedora.

É claro que a indústria vendedora ainda pagará juros, menores, e sem


incidência de impostos.

E ainda poderá ganhar mercado vendendo seus produtos a preços mais


competitivos do que a concorrência, e com prazos de pagamento maiores.

Compror
É um produto
semelhante ao É um produto semelhante ao vendor, mas ocorre quando
vendor, mas
grandes empresas (como grandes magazines) compram de pequenos
ocorre quando
grandes empresas fornecedores.
(como grandes
magazines) Normalmente, os pequenos fornecedores não têm condições de
compram de oferecer o prazo que os grandes exigem, e são obrigados a reduzir suas
pequenos margens de lucro tomando capital de giro emprestado nos bancos, para
fornecedores.
suportar o prazo exigido por seus clientes, os grandes compradores.

124
Capítulo 5 Produtos de Créditos

Além disso, pequenos fornecedores tomam recursos a custos maiores do


que grandes empresas.

No compror, as grandes empresas abrem uma linha de crédito junto aos


bancos, com custos muito menores, para financiar suas compras.

Elas conseguem preços muito menores nos produtos, pois podem prometer
aos fornecedores pagamentos imediatos.

A grande loja compra o produto, e o fornecedor (a pequena empresa) recebe


o valor da venda no dia seguinte, sem precisar dar prazo.

É o banco que irá financiar o comprador, dando o prazo de que ele precisa, a
um custo muito mais atrativo.

Novamente haverá menor incidência de impostos, pois o preço de venda


será menor, já que o vendedor não precisará embutir os juros na operação.

ACC/ACE (Adiantamento sobre


Contratos de Câmbio e Adiantamento
de Cambiais Entregues)
Produtos de crédito destinados aos exportadores funcionam
Produtos de crédito
como um adiantamento de recebíveis para empresas que vendem
destinados aos
para o exterior. exportadores
funcionam como
São linhas de crédito mais baratas que os bancos tomam de outros um adiantamento
bancos no exterior, destinadas a financiar os exportadores aqui no Brasil. de recebíveis para
empresas que
vendem para o
Ao realizar uma venda para um cliente no exterior, normalmente
exterior.
a empresa no Brasil precisa de um prazo para fabricar a mercadoria.
Depois ela embarca o produto e transcorre todo o tempo da viagem
até ao exterior. (RUDGE, 1993).

Quando finalmente chega ao exterior, o comprador em outros países ainda


levará de seis meses a um ano para fazer o pagamento pelos bens adquiridos,
dependendo do acordo comercial feito com o fabricante aqui no Brasil.

Trata-se de um prazo muito longo que o fabricante passa sem receber os


recursos.
125
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Assim como um desconto de duplicatas ou de cheques, o ACC é um


produto que permite ao exportador adiantar os recursos que no futuro virá a
receber pela venda.

CONHEÇA O MERCADO: DÓLAR/CÂMBIO

O que é câmbio?

Câmbio é toda operação em que há troca de moeda nacional por


moeda estrangeira ou vice-versa. Por exemplo, quando uma pessoa
vai viajar para o exterior e precisa de dinheiro para sua estada ou
para suas compras, o banco vende a essa pessoa moeda estrangeira
(recebe moeda nacional e lhe entrega moeda estrangeira). Quando
essa pessoa retorna da viagem ao exterior e ainda possui algum
dinheiro do país que visitou, o banco compra a moeda estrangeira
(recebe a moeda estrangeira e lhe entrega moeda nacional).

O que é mercado de câmbio?

Chama-se mercado de câmbio o ambiente abstrato onde se


realizam as operações de câmbio entre os agentes autorizados pelo
Banco Central do Brasil (bancos, corretoras, distribuidoras, agências
de turismo e meios de hospedagem) e entre estes e seus clientes.
No Brasil, o mercado de câmbio é dividido em dois segmentos, livre e
flutuante, que são regulamentados e fiscalizados pelo Banco Central.
O mercado livre é também conhecido como “comercial” e o mercado
flutuante, como “turismo”. À margem da lei, funciona um segmento
denominado mercado paralelo, mercado negro, ou câmbio negro.
Todos os negócios realizados no mercado paralelo, bem como a
posse de moeda estrangeira, sem origem justificada, são ilegais e
sujeitam o cidadão ou a empresa às penas da lei.

Qualquer pessoa pode comprar e vender moeda


estrangeira?

Qualquer pessoa física ou jurídica pode ir a uma instituição


autorizada a operar em câmbio para comprar ou vender moeda
estrangeira. Como regra geral, para a realização das operações de
câmbio é necessário respaldo documental. Visto que nas operações
de câmbio são negociados direitos sobre a moeda estrangeira, na
grande maioria dos casos os clientes não têm acesso à moeda

126
Capítulo 5 Produtos de Créditos

estrangeira em espécie. Na importação, por exemplo, uma pessoa


entrega reais (R$) ao banco em troca do direito sobre o equivalente
em moeda estrangeira, que é entregue ao exportador estrangeiro
ou a um terceiro interessado (normalmente um banco) no exterior.
Excetuam-se as operações relativas a viagens internacionais, que
podem ter a moeda estrangeira entregue em espécie no País.

Qual é a função do Sisbacen no mercado de câmbio?

O Sisbacen - Sistema de Informações do Banco Central é um


sistema eletrônico de coleta, armazenagem e troca de informações
que liga o Banco Central aos agentes do sistema financeiro nacional.
Visto ser obrigatório o registro de todas as operações de câmbio
realizadas no País, o Sisbacen é o principal elemento de que dispõe
o Banco Central para monitorar e fiscalizar o mercado.

Quais são as instituições que podem operar no mercado de


câmbio?

Podem operar no mercado de câmbio apenas as instituições


autorizadas pelo Banco Central. O segmento livre é restrito aos
bancos e ao Banco Central. No segmento flutuante, além desses
dois, podem ter permissão para operar as agências de turismo, os
meios de hospedagem de turismo e as corretoras e distribuidoras
de títulos e valores mobiliários. A Empresa Brasileira de Correios
e Telégrafos - ECT também é autorizada pelo Banco Central a
realizar operações com vales postais internacionais, limitados a US$
3.000,00 por operação.

A transação PCAM 830, do Sisbacen, disponível ao público em


geral, lista todas as instituições autorizadas nos dois segmentos do
mercado de câmbio. Em dúvida, o cliente deve solicitar documentação
comprobatória da aprovação do Banco Central e/ou contatar uma
das representações do Departamento de Capitais Estrangeiros e
Câmbio – Decec, ou ainda ligar para as Centrais de Atendimento do
Banco Central.

Que tipos de operações podem ser realizadas no mercado


de câmbio?

Como regra geral, quaisquer pagamentos ou recebimentos em


moeda estrangeira podem ser realizados no mercado de câmbio.
Grande parte dessas operações não necessita de autorização

127
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

prévia do Banco Central para sua realização, pois já está descrita e


especificada nos regulamentos e normas vigentes. Basta procurar
uma instituição autorizada a operar em câmbio. As operações não
regulamentadas dependem de manifestação prévia do Banco Central.

Quais são as operações que podem ser realizadas no


mercado de câmbio livre ou “comercial”?

No mercado livre podem ser realizadas as operações:

• decorrentes de comércio exterior, ou seja, de exportação e de


importação;
• relacionadas às atividades dos governos, nas esferas federal,
estadual e municipal;
• relativas aos investimentos estrangeiros no País e aos empréstimos
a residentes sujeitos a registro no Banco Central; e
• referentes aos pagamentos e recebimentos de serviços.

E no mercado flutuante ou “turismo”, quais são as


operações que podem ser realizadas?

Inicialmente, esclarecemos que o termo “turismo” é utilizado de


forma inadequada, visto que nesse mercado, além das operações
relativas à compra e venda de moeda estrangeira para o turismo
internacional, podem ser realizadas diversas transferências não
relacionadas ao turismo, tais como contribuições a entidades
associativas, doações, heranças, aposentadorias e pensões,
manutenção de residentes e tratamento de saúde.

É importante ressaltar que, como regra geral, não há limite


de valor para as operações previstas no regulamento do mercado
flutuante (capítulo 2 da CNC), tais como compras a título de turismo,
transferências unilaterais e pagamentos de serviços.

[...]

Fonte: Disponível em: <http://financenter.terra.com.br/index.cfm/


fuseaction/secao/id_secao/4>. Acesso em: 16 dez. 2011.

128
Capítulo 5 Produtos de Créditos

a) ACC - Adiantamento sobre Contratos de Câmbio

ACC é uma operação de crédito que os bancos oferecem a


ACC é uma
clientes exportadores, assim que estes lhes apresentam um contrato
operação de crédito
comercial fechado com um cliente importador no exterior, prometendo que os bancos
a entrega do produto no futuro. oferecem a clientes
exportadores, assim
Com o adiantamento financeiro em mãos, o fabricante terá mais que estes lhes
facilidade em produzir o bem, com custos muito mais baixos do que apresentam um
contrato comercial
os recursos tomados das linhas de crédito tradicionais aqui no Brasil.
fechado com um
cliente importador no
Quando o fabricante finaliza a produção do produto e coloca a exterior, prometendo
mercadoria no porto, pronta para embarcar, a autoridade portuária a entrega do produto
lhe entregará uma série de documentos chamados de cambiais, no futuro.
demonstrando que ele já cumpriu sua parte no processo, produzindo e
entregando as mercadorias no porto.

A partir de agora irá transcorrer o prazo de embarcar a mercadoria no navio e


fazer toda a viagem até o seu destino.

O cliente entregará essas cambiais ao Banco financiador, que a partir desse


momento irá transformar o ACC em ACE, adiantamento de contratos de exportação.

Atualmente o Banco Central autoriza os bancos a realizar ACC de até 360


dias de prazo e ACE de mais 180 dias.

b) ACE – Adiantamento de Cambiais Entregues Um ACE é um


crédito que o banco
Um ACE é um crédito que o banco disponibiliza para o exportador, disponibiliza para o
exportador, referente
referente ao valor total ou parcial do contrato de câmbio. O crédito
ao valor total ou
é disponibilizado somente depois do embarque da mercadoria e parcial do contrato
mediante a entrega dos documentos. Esse financiamento representa a de câmbio. O crédito
antecipação do pagamento da exportação. é disponibilizado
somente depois
No caso da ACE, o crédito é concedido quando a mercadoria já do embarque
da mercadoria e
está pronta e embarcada, e poderá ser solicitado até 60 dias depois
mediante a entrega
do embarque, com o objetivo de aproveitar a variação cambial. Esse dos documentos.
prazo pode se estender até 180 dias da data do embarque. Esse financiamento
representa a
Nessa fase, o adiantamento pode ser feito através da simples antecipação do
manutenção do ACC, devendo fazer apenas a transformação contábil pagamento da
exportação.
da operação.

129
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Nas modalidades de ACC/ACE não incidem IOF – Imposto


sobre Operações Financeiras e os Juros praticados são o SIMPLES,
tornando-as mais baratas que empréstimos convencionais.

Garantias Usuais na Exportação


São garantias na exportação a carta de crédito, a Brochura 500 e o Seguro
de Crédito.

• Carta de Crédito

É um documento de crédito emitido por um Banco destinado a garantir o


pagamento de uma transação Internacional, mediante uma série de condicionantes
comerciais e documentais, transcritas neste documento e regidas em regras de
comércio (OMC) Internacional na chamada Brochura 500.

• Brochura 500

OMC - Organização Mundial do Comércio – Esta instituição regulamenta as


regras gerais que regem o comércio Internacional e toda sua abrangência, e seu
regulamento é chamado de BROCHURA 500 ou EDIÇÃO 500. Este termo deve
obrigatoriamente constar nos Contratos de exportação e Cartas de Crédito. Os
prazos podem ser à vista (30 dias) e até 360 dias – dependendo de limite de
crédito que a empresa tenha no Banco.

Pode ser Emitida sob a Forma de:


– Transferível – o exportador poderá transferir, na totalidade ou parte, a
titularidade dessa Carta de Crédito tantas vezes quantas achar necessário,
sempre com a anuência do Banco emissor.

– Intransferível – Com esta condicionante, somente o titular dessa Carta de


Crédito é quem poderá negociá-la junto a um Banco.

130
Capítulo 5 Produtos de Créditos

– Revogável – Com esta condicionante, o importador poderá cancelar essa


Garantia e consequentemente a operação.

– Irrevogável – Esta condicionante garante ao exportador que se ele


embarcar a mercadoria/serviço dentro do que foi contratado, o importador
não poderá rejeitá-la ao chegar ao destino.

– Com prazo determinado de validade – quem abre uma Carta de Crédito


paga uma taxa pelo período contratado ao Banco Emissor e, para reduzir
custos, o usual é estabelecer prazo para a utilização da mesma.

– Características dos bens adquiridos – Os bens e ou serviços devem


ser especificados na Carta de Crédito/Contrato de exportação para
que não haja dúvidas sobre os bens adquiridos e embarcados. Essas
características, por exemplo, vão desde gramatura de malha/tecido,
quando de tratar de confecção, com um percentual de tolerância para cima
ou para baixo; quantidades a serem embarcadas; entre tantas outras.

– Margens de eventuais correções de preço – poderão ser previstas


eventuais correções de preço em função de alterações de custos por
fatores climáticos, entre outras.

– Margens para eventuais redução ou aumento da quantidade de


produtos – quando o exportador produz itens destinados a clientes com
características e especificações próprias a determinado cliente, é usual
colocar uma margem de segurança quanto à quantidade a ser embarcada,
para que o produtor não fique com um estoque invendável.

– Banco a ser negociada a Carta de Crédito – No contrato de exportação a


exportadora deverá incluir um Banco com o qual já possua relacionamento
comercial, para evitar que, ao abrir a Carta de Crédito, o importador o faça
junto a uma instituição com a qual o exportador não se relacione ou que
não exista na sua região.

– Outras condicionantes de interesse comum do importador e


exportador – devem ser analisadas cuidadosamente, visto que cada
alteração a ser solicitada após a abertura da Carta de Crédito tem um
custo Internacional de aproximadamente US$ 150.00, valor a ser pago
pelo solicitante da alteração. (ROSS, 1995).

131
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

A OMC - Organização Mundial do Comércio - regula as regras


gerais do comércio Internacional em toda sua abrangência através
do Regulamento chamado EDIÇÃO 500 ou Brochura 500. Sua
citação é obrigatória em todas as transações Internacionais para o
regulamento ter validade.

• Seguro de Crédito

O Seguro de Crédito de Exportação protege contra a falta de pagamento das


exportações realizadas a seus clientes internacionais.

Este Seguro destina-se a clientes que não aceitam abrir Carta de Crédito
devido aos custos envolvidos e tomar seus limites de Crédito no Banco emissor.

Esta ferramenta financeira ajuda os exportadores a expandir seus negócios


por facilitar a obtenção de financiamentos (curto, médio e longo prazo), por deter
uma Carteira de Clientes no exterior devidamente garantidos, enquanto reduz
os riscos comerciais. Quem contrata esse seguro, e paga, é o exportador e
normalmente envolve toda a sua Carteira de clientes no exterior.

Limite: 90% do valor exportado


Garante a Carteira de exportações da empresa
Prazo: até 180 dias

Você encontra no site do Banco Central do Brasil a lista completa


dos bancos autorizados a operar na modalidade de câmbio.

www.bcb.gov.br

132
Capítulo 5 Produtos de Créditos

Atividade de Estudos:

1) Taxa de câmbio é fixada pelo Banco Central?


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2) Banco é obrigado a vender moeda em espécie?


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3) Devo apresentar documentos ao comprar moeda estrangeira


para gastos com viagem?
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4) Ao comprar moeda estrangeira fico obrigado a viajar ao exterior?


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133
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

5) Sou obrigado a vender a um banco brasileiro a moeda estrangeira


restante na volta da viagem?
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6) Descreva as várias formas de cotação de moeda estrangeira e


sua finalidade.
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7) Explique os vários tipos de Radar e suas aplicações.


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8) Qual a finalidade da Carta de Crédito e suas principais


características?
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134
Capítulo 5 Produtos de Créditos

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9) Posso usar cartão de crédito internacional no pagamento de


importação?
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10) É possível ter conta em dólares no exterior?


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Bndes
Conforme já explicamos ao definir o BNDES no capítulo de Mercado
Financeiro, esta é uma instituição pública com o objetivo de contribuir para o
desenvolvimento de empresas nas áreas de infraestrutura, indústria, comércio
exterior, principalmente.

O BNDES oferece às empresas linhas de crédito provenientes do FAT


– Fundo de Amparo ao Trabalhador, Fundo PIS-PASEP, Fundo Nacional de
Desenvolvimento, além de recursos externos captados junto a organismos
internacionais.

Entre seus principais produtos, destacamos:

– BNDES Automático: linha de crédito renovável a cada 12 meses para


aquisição ou importação de máquinas e capital de giro.

135
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

– Finame Leasing: linha para aquisição de veículos e máquinas, muito


utilizada por empresas para aquisição de caminhões, ônibus etc.

– Apoio à exportação: para financiar, com capital de giro, empresas


exportadoras.

– Cartão BNDES: financiar os investimentos das micro, pequenas e médias


empresas (ver leituras complementares).

– BNDES Finame: Aquisição de peças, partes e componentes de fabricação


nacional para incorporação em Máquinas e Equipamentos.

O BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento


Econômico e Social

O compromisso fundamental do BNDES, desde a sua fundação,


é com o desenvolvimento econômico do Brasil. Para executar sua
missão, o Banco oferece as mais diversas modalidades de apoio
financeiro às grandes empresas brasileiras, parceiras fundamentais
na implantação de projetos que contribuam para o crescimento
do país, de forma conjugada à geração de emprego e renda e em
harmonia com as melhores práticas da sustentabilidade.

O BNDES oferece linhas de crédito permanentes, programas


com finalidades mais específicas, operações em fundos de
investimentos e outros mecanismos de apoio. São, enfim, muitas as
opções para que a sua empresa tenha plenas condições de realizar
grandes projetos em prol do desenvolvimento.

Fonte: Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/


bndes_pt/Navegacao_Suplementar/Perfil/Grande_Empresa/>.
Acesso em: 15 dez. 2011.

a) Algumas áreas de atuação do BNDES

– POC Automático – Programa de Operações Conjuntas;


– POC Finem;

136
Capítulo 5 Produtos de Créditos

– Programas agrícolas;
– Exim Pré-Embarque;
– Exim Pré-Embarque Curto Prazo;
– Exim Pré-Embarque Especial;
– Exim Pós-Embarque;
– Financiamento a Marinha Mercante;
– Programa Brasileiro de Franquias;
– Trading Company/Comercial exportadora;
– Recursos serão transferidos direto ao produtor.

b) FINAME

Financiamento destinado à aquisição de máquinas, equipamentos


Financiamento
e veículos de transporte novos, produzidos no país, com índice de destinado à
nacionalização superior a 60% do seu valor e peso. Os recursos são aquisição de
originários da Agência Finame – BNDES, porém o risco de crédito é do máquinas,
Agente (Banco). equipamentos
e veículos de
transporte novos,
Destina-se a Pessoas Físicas (programa agrícola e transporte
produzidos no
rodoviário de carga) e Pessoa Jurídica (qualquer programa). país, com índice
de nacionalização
Suas vantagens são: superior a 60%
do seu valor e
– prazo de até 60 meses com pagamentos mensais; peso. Os recursos
são originários da
– carência de até 6 meses para início do pagamento do principal;
Agência Finame –
– encargos reduzidos com base na TJLP; BNDES, porém o
– financiamento de até 70% do valor de aquisição do bem; risco de crédito é do
– garantia: os próprios bens financiados. Agente (Banco).

Suas Características são:

– Programa Industrial: financiamento para aquisição de máquinas e


equipamentos novos destinados à manutenção ou incremento da
produção industrial, ônibus, caminhões, e máquinas e equipamentos
novos envolvidos em projetos de interesse para a economia nacional.

– Programa agrícola: destinado à aquisição de máquinas e equipamentos


novos exclusivamente pertinentes à atividade agrícola.

– Liberação do financiamento diretamente ao fornecedor do bem. Encargos:


custo básico TJLP + juros de 1 a 4% a.a., conforme enquadramento
operacional Finame + Del-credere (comissão de repasse) de até 6% a.a.
137
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Falamos de FINAME, cujos dados servem inclusive para


veículos, mas sem capital de giro associado.

c) FINAME Leasing
Financiamentos
destinados a
Financiamentos destinados a empresas de Leasing para a
empresas de
Leasing para aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional,
a aquisição de credenciados pelo BNDES, para operações de Leasing mercantil junto
máquinas e a seus clientes de qualquer porte de faturamento.
equipamentos
novos, de O financiamento se dá através de instituições financeiras
fabricação nacional,
credenciadas ao BNDES e é concedido à empresa de Leasing adquirir
credenciados
pelo BNDES, bens, a serem, simultaneamente, arrendados à empresa cliente.
para operações
de Leasing
mercantil junto a d) Cartão BNDES
seus clientes de
qualquer porte de Figura 11 – Cartão BNDES
faturamento.

Fonte: Disponível em: < https://www.cartaobndes.gov.br/


cartaobndes/>. Acesso em: 17 dez. 2011.

De acordo com o site do Cartão do BNDES, apresentamos as explicações


que poderão ser importantes em sua vida profissional.

138
Capítulo 5 Produtos de Créditos

CONHEÇA O CARTÃO BNDES



Qual é a finalidade do Cartão BNDES?

Financiar os investimentos das micro, pequenas e médias empresas.

Quais as principais vantagens do Cartão BNDES ?

• Crédito rotativo pré-aprovado.


• Financiamento automático em até 48 meses.
• Prestações fixas e iguais.
• Taxa de juros atrativa (informada na página inicial do site www.
cartaobndes.gov.br).

Quem pode obter o Cartão BNDES ?

As micro, pequenas e médias empresas (com faturamento


bruto anual de até R$ 90 milhões), sediadas no País, que exerçam
atividade econômica compatível com as Políticas Operacionais e
de Crédito do BNDES e que estejam em dia com o FGTS, RAIS e
tributos federais.

Quais são os bancos emissores do Cartão BNDES ?

O Banco do Brasil, o Bradesco e o Banrisul, que emitem o


Cartão BNDES com a bandeira Visa, e a Caixa Econômica Federal,
que emite o Cartão BNDES com a bandeira Mastercard.

Como solicitar o Cartão BNDES?

Pela internet:
Digite o endereço do site www.cartaobndes.gov.br
Clique em “Solicite seu Cartão BNDES”.
Selecione o banco emissor.
Preencha a proposta de solicitação do Cartão e envie-a ao
banco emissor, conforme
instruções constantes no site.

O que pode ser comprado com o Cartão BNDES ?

139
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Os mais de 140 mil itens de variados setores expostos no


site www.cartaobndes.gov.br, que vão desde computadores até
caminhões, incluindo:

• Materiais para a construção civil;


• Aço e outros metais não ferrosos para o setor metalmecânico;
• Insumos para os setores de fabricação de móveis, têxtil e de
confecção, coureiro-calçadista, embalagens e rochas ornamentais;
• componentes, partes e peças de bens de capital, equipamentos
de informática e automação industrial;
• Autopeças e pneus para ônibus, caminhões, tratores, máquinas
agrícolas, industriais e rodoviárias;
• Navipeças;
• Resinas termoplásticas e termofixas, farinha de trigo para
panificação e papel para impressão de livros;
• Fabricação de CD áudio e DVD gravados, de produção nacional,
bem como impressão de livros;
• Serviços de metrologia, normalização e avaliação de conformidade
(calibração, ensaios laboratoriais, certificações), como por exemplo
a certificação ISO 9000, prestados por entidades acreditadas pelo
INMETRO;
• Serviços de acreditação de hospitais, clínicas e laboratórios,
prestados por entidades reconhecidas pela ANS;
• Serviços de pesquisa, desenvolvimento e inovação relacionados à
pesquisa aplicada para o desenvolvimento de produtos e processos
contratados junto às instituições científicas e tecnológicas e de
outros fornecedores especializados reconhecidos;
• Qualificação profissional para o turismo.

Onde comprar utilizando o Cartão BNDES ?

Exclusivamente no site www.cartaobndes.gov.br, nas seguintes


modalidades:

Compra direta - Compra realizada diretamente pelo cliente (on-


line) no site com o Cartão BNDES. Esta modalidade está disponível
apenas para os produtos cujo fornecedor tenha optado por vender
desta forma.

Compra Indireta - Depois de finalizada a negociação tradicional


entre o fornecedor e o cliente, o fornecedor registra a venda no site.

140
Capítulo 5 Produtos de Créditos

Quais as condições financeiras em vigor?

• Limite de crédito de até R$ 1 milhão por cartão, por banco emissor*


• Prazo de parcelamento de 3 a 48 meses.
• Taxa de juros pré-fixada (informada na página inicial do site).

*Obs 1: o limite de crédito de cada cliente será atribuído pelo


banco emissor do cartão, após a respectiva análise de crédito.

Quem pode se credenciar como Fornecedor no site do


Cartão BNDES?

Empresas fabricantes* de bens e insumos utilizados por


setores autorizados pelo BNDES necessários às atividades das
micro, pequenas e médias empresas e distribuidores/revendedores
indicados por estes fabricantes.

*Com índice de nacionalização mínimo de 60%

Quais as principais vantagens para o Fornecedor?

• Financiamento automático para o cliente em até 48 meses.


• Garantia de recebimento da venda, em 30 dias, com a segurança
típica dos cartões de crédito.
• Redução do comprometimento do capital de giro próprio.
• Exposição gratuita do seu catálogo de produtos no site www.
cartaobndes.gov.br

Como o Fabricante solicita o credenciamento como


Fornecedor?

Pela internet:
Digite o endereço do site www.cartaobndes.gov.br
Clique em “Seja um Fornecedor Credenciado”.
Selecione a bandeira responsável pela afiliação.
Preencha a proposta de afiliação e envie-a à bandeira
selecionada, responsável pela afiliação, conforme as instruções
constantes no site.

Quais os próximos passos após a solicitação de


credenciamento?

Após a análise do BNDES, sua empresa já poderá montar o

141
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

catálogo com os produtos que serão ofertados no site do Cartão BNDES.

A(s) administradora(s) de cartão de crédito selecionada(s) irá(ão)


contactar a sua empresa a fim de iniciar o processo de afiliação.

Concluída a afiliação, seu catálogo de produtos estará


disponibilizado no site e sua empresa poderá realizar as vendas
aceitando o Cartão BNDES como meio de pagamento.

Onde o Fornecedor pode vender seus produtos, aceitando


o Cartão BNDES como forma de pagamento?

Exclusivamente no site www.cartaobndes.gov.br, nas


modalidades de compra direta ou indireta.
Como o Distribuidor/Revendedor pode ser Fornecedor no
site do Cartão BNDES?

O distribuidor/revendedor pode ser fornecedor do Cartão BNDES


desde que indicado no site por fabricante(s) já credenciado(s). O
fabricante credenciado deverá verificar no menu “Manuais” em “Veja
como indicar Distribuidores no Portal” como efetuar esta indicação.

Onde conseguir informações mais detalhadas sobre o


Cartão BNDES?

No próprio site www.cartaobndes.gov.br, acessando no Menu


a opção “Dúvidas”, existe uma série de perguntas e respostas, por
assunto.

A opção “Manuais” disponibiliza os manuais que explicam o


passo a passo de como:

– solicitar o Cartão BNDES;


– realizar suas compras;
– fazer seu credenciamento;
– montar seu catálogo de produtos;
– indicar distribuidores;
– realizar suas vendas;
– utilizar a agenda financeira;
– divulgar o Cartão BNDES para os seus clientes.

Fonte: Disponível em: < https://www.cartaobndes.gov.


br/cartaobndes/>. Acesso em: 17 dez. 2011.
142
Capítulo 5 Produtos de Créditos

Atividade de Estudos:

1) Qual a alternativa de crédito disponível para uma empresa com


grande número de clientes que pagam com cheques pré-datados?
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2) Qual a vantagem para uma grande empresa em adquirir um


veículo via Leasing?
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3) Qual a vantagem do Vendor?


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_____________________________________________________

Algumas Considerações
Sobre os conteúdos deste capítulo, você pode:

143
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

– Identificar os principais produtos para captar dinheiro no mercado


financeiro de Curto e Longo Prazo;

– Identificar principais características dos produtos para tomar dinheiro


emprestado;

– Conhecer o que é o Cartão BNDES, produto muito divulgado e utilizado


pelas Micro e pequenas empresas por conter um limite de crédito rotativo
pré-aprovado.

Referências
FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: produtos e serviços. 10. ed. São
Paulo: Ed. Qualitymark, 1999.

ROSS, Stephen A., RANDOLPH W. WESTERFIELD, Jeffrey F. Jaffe.


Administração Financeira – “Corporate Finance”. São Paulo: Atlas, 1995.

RUDGE, Luiz Fernando. Mercado de capitais. Belo Horizonte. CNB, 1993.

144
C APÍTULO 6
Mercado de Capitais

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Descrever os aspectos relacionados à estrutura e ao funcionamento do


mercado acionário, destacando sua importância como ferramenta de
captação de recursos para os empresários e instrumento de aplicação
financeira para poupadores/investidores.

33 Demonstrar aspectos relacionados ao processo de abertura do capital de


uma empresa.

33 Diferenciar os tipos de ações, Descrever os determinantes dos preços das


ações. Demonstrar as diferenças entre o mercado primário e o secundário.
Definir derivativos, mercado futuro, de opções e mercado a termo.
Capítulo 6 Mercado de Capitais

Contextualização
Através dos noticiários de rádio, televisão, jornais e revistas, recebemos
informações e notícias diárias sobre a evolução deste Mercado com seus índices
de evolução de ganhos positivos, com momentos muito elevados e outros
momentos não tão elevados e até momentos com perdas significativas.

Afinal, que mercado é este? Será que pertence somente aos superdotados
financeiramente e “experts” ou um simples mortal também pode participar dele?

Neste capítulo procuraremos desmistificar o Mercado de Bolsa, sua história,


finalidade, principais características, qual sua função, componentes deste
mercado, aspectos positivos e negativos de se abrir o Capital de uma Companhia
e forma de atuação neste mercado. Também destacaremos os principais tipos de
papéis existentes no mercado, a estrutura de funcionamento de uma Companhia
de Capital Aberto e seus órgãos Regulamentadores.

Bolsa de Valores
Sua história é bastante remota, sendo que a palavra Bolsa nasceu na cidade
medieval de Bruges, na Bélgica, onde se reuniam os comerciantes da época na
casa de “Van Der Burse”, cuja fachada ostentava um escudo com três Bolsas,
brasão familiar, que simbolizava honradez por méritos em sua atuação comercial.

A seguir destacamos o início das atividades de algumas das Bolsas mais


conceituadas do mundo atual:

Quadro 12 – Início das atividades de algumas bolsas de valores

BOLSA ANO DE FUNDAÇÃO


1ª Bolsa Amberes 1531
2ª Londres 1554
3ª Paris 1724
4ª Nova Iorque 1792
5ª São Paulo 1890

Fonte: Os autores.

147
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Figura 13 – Wall Street: rua onde está localizada a Bolsa de Valores


de Nova York – Edifício, Em 1º. Plano, com as bandeiras

Fonte: Os autores.

Bolsas de Valores têm por finalidade dar liquidez aos recursos


financeiros de Investidores Institucionais, Privados, Públicos,
Fundações e outras entidades que investiram em ações de
Companhias de Capital Aberto.

A decisão de ter suas ações negociadas ou não em Bolsa pertence


Quando uma
às empresas.
empresa demonstra
interesse em
ter suas ações Quando uma empresa demonstra interesse em ter suas ações
negociadas em negociadas em Bolsa, precisará atender a uma série de requisitos
Bolsa, precisará exigidos pela CVM – Comissão de Valores Mobiliários, que é o Órgão
atender a uma Federal Regulamentador do Sistema.
série de requisitos
exigidos pela CVM.
a) Principais Características do Mercado de Bolsa

O Mercado de Capitais, através das Bolsas de Valores, é constituído por


um conjunto de instituições que visam a aproximar os possuidores de recursos
financeiros com as empresas que precisam desses recursos, a fim de obter
recursos financeiros para atingir suas metas de desenvolvimento de produtos e ou
mercados e aumentar seus lucros. (ASSAF NETO, 2006).

Com isso as Bolsas procuram manter local propício para os investidores


compradores e vendedores efetuarem seus negócios e manterem a liquidez
desses papéis negociados.

148
Capítulo 6 Mercado de Capitais

Portanto, esses negócios são realizados via Corretoras de


Os Índices de
Valores Mobiliários, que só operam títulos de companhias devidamente
valorização das
registrados na CVM – Comissão de Valores Mobiliários. ações negociadas
em Bolsa
Os preços são livres, ofertados entre compradores e vendedores refletem como os
de forma eletrônica, e fixados pelas Leis de Mercado, ou seja, oferta e Investidores estão
demanda. confiantes ou não
nos indicadores
conjunturais dos
Para dar garantias de que esses “papéis” negociados existem de vários segmentos
fato e de direito, todas as ações ofertadas são registradas num sistema da economia e
de garantia chamado CBLC – Companhia Brasileira de Liquidação suas respectivas
e Custódia, por onde transitam eletronicamente todas as ordens de Companhias
Compra e Venda dos “papéis” para verificar a existência ou não dos participantes.
mesmos, antes de entrarem propriamente no mercado.

Para dar transparência na fixação de preços, todas as ofertas de compras e


vendas são registradas no sistema eletrônico, com todos os participantes sabendo
das Corretoras ofertantes de ordens de compras e vendas por ordem de valor a
ser negociada, partindo do maior valor para o menor valor ofertado pelo “papel”.

O mercado de papéis também opera no Mercado de Balcão,


cujas características são:

• não ter lugar físico determinado;


• qualquer título poderá ser negociado;
• não ter divulgação dos negócios realizados;
• negócios são realizados entre os interessados compradores e
vendedores.

b) Funções da Bolsa

Para o Investidor facilita poupar por concentrar, em Bolsa, ações das mais
variadas Companhias e segmentos econômicos, através de local apropriado
para comprar e vender ações, protegendo os investidores e seus capitais, com
regulamentos rigorosos que protegem seus investimentos.

É fonte de recursos para financiar seus planos de Investimentos em novos


produtos, mercados e aumento consequente de Lucro.

149
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Os Índices de valorização das ações negociadas em Bolsa refletem como


os Investidores estão confiantes ou não nos indicadores conjunturais dos vários
segmentos da economia e suas respectivas Companhias participantes.

Facilitam a captação de novos recursos pelas Companhias de Capital Aberto,


refletindo na expansão econômica do país.

Para a sociedade torna-se importante por ter os preços das ações


divulgados pelos meios de comunicação em tempo real, servindo como proteção
aos fornecedores, funcionários, entidades governamentais e aplicadores, e
incentivando, dessa forma, pequenos investidores a aplicar suas economias em
ações como alternativa na procura por melhores ganhos.

Em 1997, a BOVESPA passou a ter um sistema de negociações


eletrônico, em que as COMPRAS e VENDAS são efetuadas por
terminais de computadores, pondo fim aos pregões presenciais.

c) Formas de Captação de recursos por uma companhia de capital aberto

As Companhias obtêm recursos financeiros para fazerem frente às suas


necessidades através de:

• Empréstimos Bancários de Curto e Longo Prazo – Capital de Giro.


• Aumento do capital pelos atuais sócios – Aumento de Capital.
• Colocação de novas ações ao Público em geral.
• Lucros sociais dos balanços anuais.

Nas Bolsas:

As negociações são públicas.


As negociações são efetivadas através de corretoras.
As quantidades de ações por Companhia são padronizadas.
Negócios são divulgados através de TV; Rádio; Jornais, Publicações
diversas.
Existe sistema de garantia, que é a CBLC.

150
Capítulo 6 Mercado de Capitais

Para maiores informações, acesse o site: <www.bmfbovespa.


com.br>.

Figura 14 – Bolsa de Nova Iorque em pregão presencial

Fonte: Os autores.

d) Objetivos das Bolsas

Podemos destacar como objetivos das Bolsas de Valores: manter um


sistema padronizado de negociação; transparência nas negociações; formação
de preços justos através da livre negociação em ambiente neutro e eletrônico;
fiscalização das negociações para evitar manipulação de Mercado e punir
eventuais irregularidades; liquidação das ordens de compras e vendas de forma
segura; “Clearing house”, que é o sistema de garantias através da CBLC, que
informa detalhadamente aos investidores suas posições de Compra/Venda de
ativos financeiros.

VISITAS À BOLSA

A BM&FBOVESPA oferece visitas monitoradas gratuitas a todas


as pessoas interessadas em conhecer o funcionamento da Bolsa
tanto na teoria quanto na prática.

Além de agradável, o passeio é muito rico em informações


sobre o mercado de ações e de futuros e proporciona ao visitante
uma visão geral sobre o assunto.
151
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Se você mora em São Paulo ou está a passeio pela cidade, vá


conhecer as atrações do Espaço BM&FBOVESPA como o Cinema
3D, a Mesa de Operações e o Café, ou ainda do Espaço Cultural,
com exposições culturais gratuitas durante todo o ano.

Quem não mora em São Paulo, pode assistir à palestra


“A BM&FBOVESPA e os Mercados de Ações e Futuros” que é
apresentada em todas as unidades regionais da Bolsa que ficam no
Rio de Janeiro, em Porto Alegre, em Curitiba e em Fortaleza.

A BM&FBOVESPA espera você(s)!

FONTE: Disponível em: <www.bmfbovespa.com.br>.


Acesso em: 24 jan. 2010.

Alguns pontos e) Precondições econômicas para um país ter um mercado


considerados
acionário forte
positivos para
uma Companhia
colocar ações O mercado acionário é forte quando num país predominam:
no mercado, tais a confiança na economia; mercado consumidor forte; estabilidade
como, os capitais política; inflação controlada; mercado secundário ativo; motivação para
recebidos nas oferta de novos títulos. Todos esses aspectos traduzem economia de
vendas das ações,
mercado dinâmico.
os Investidores
não podem exigir
sua devolução,
para isso deverão f) Aspectos positivos e negativos de colocar novas ações
recorrer às Bolsas
de Valores, que são Podemos destacar alguns pontos considerados positivos para
o local apropriado
uma Companhia colocar ações no mercado, tais como, os capitais
para negociarem
suas posições. recebidos nas vendas das ações, os Investidores não podem exigir sua
Também podemos devolução, para isso deverão recorrer às Bolsas de Valores, que são
destacar o não o local apropriado para negociarem suas posições. Também podemos
pagamento de destacar o não pagamento de juros, a preço dos Bancos, desses
juros, a preço dos capitais; a empresa consegue diluir seu capital colocando suas ações
Bancos, desses
em maior número de investidores.
capitais; a empresa
consegue diluir seu
capital colocando Entretanto, a Companhia precisará: de novos sócios para distribuir
suas ações em os dividendos; obrigatoriedade de maior transparência das informações
maior número de para os novos acionistas, publicar balanços trimestrais contendo
investidores. informações acerca do seu mercado, produtos, participações em outras

152
Capítulo 6 Mercado de Capitais

Companhias etc.; auditoria externa mais eficiente e de melhor qualidade; manter


política regular de distribuição de dividendos e bonificações; e ter novos sócios
em assembleias.

g) Principais títulos negociáveis neste mercado

No mercado de Capitais as negociações são realizadas com os mais diversos


títulos:

• ações propriamente ditas;


• direitos de subscrição;
• bônus de subscrição;
• debêntures que poderão ou não ser conversíveis em ações;
• índices representativos do sistema financeiro;
• índices representativos do mercado acionário;
• “depositary receipts” utilizados para captação de recursos no exterior;
“Commercial Papers”;
• opções de compra e venda de valores mobiliários;
• quotas de fundos imobiliários;
• contratos mercantis de compra e venda de energia elétrica;
• cotas de fundos imobiliários.

h) Estrutura funcional do mercado acionário

A Estrutura do Mercado Acionário é composta pela CVM – Comissão


de valores Mobiliários, que normatiza o funcionamento desse mercado; a
Bolsa de Valores participa dessa normatização e disponibiliza espaço ideal e
equipamentos, divulga as movimentações das ações e demais papéis para que o
mercado se desenvolva.

As Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários As Sociedades


efetuam as operações atuando junto aos Investidores, demonstrando Corretoras de
a evolução e perspectivas destas das Companhias de Capital Aberto. Títulos e Valores
Mobiliários efetuam
as operações
Os Investidores são: atuando junto
aos Investidores,
• pessoas físicas; demonstrando
• pessoas jurídicas não institucionalizadas; a evolução e
• investidores institucionais; perspectivas destas
das Companhias de
• seguradoras;
Capital Aberto.
• entidades de previdência privada;

153
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

• sociedades de capitalização;
• clubes de investimentos em ações;
• fundos externos de investimentos;
• fundos mútuos de investimentos;
• agentes autônomos de investimentos;
• sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários;
• bancos múltiplos e de investimentos;
• companhias de capital aberto.

i) O que você deverá analisar para investir em ações

• Riscos qualitativos

– Sucessão: Esta Companhia em seus Estatutos prevê como ocorrerá a


sucessão de toda a Diretoria?

– Tecnologia: esta Companhia acompanha ou desenvolve tecnologia atual


e segue as tendências de mercado?

– Globalização: esta Companhia é globalizada ou se preocupa com o que


está ocorrendo com suas concorrentes?

• Riscos quantitativos

– Risco do negócio: Quais os riscos que este negócio corre? Seus custos
estão sendo reavaliados periodicamente com “olho” na concorrência?

– Risco de performance: Sua performance corresponde ao que seus


acionistas esperam da Companhia?

– Risco financeiro: A geração de caixa atende as necessidades da


Companhia e seu desenvolvimento? Ou está muito endividada?

• Comportamento da ação no mercado

– Lucratividade: Em que patamar está, dentro do segmento de atuação?

– Histórica: Qual é o comportamento histórico desta Companhia? Tem


demonstrado relacionamento aberto e transparente com seus acionistas?

154
Capítulo 6 Mercado de Capitais

– Índice de liquidez: Seus papéis mantêm bom histórico de liquidez no


mercado e com movimentações que não impeçam novos negócios,
tanto na COMPRA quanto na VENDA, ou o volume em circulação é tão
insignificante que impede essa movimentação?

j) Análise Fundamentalista

O trabalho de análise é realizado com dois focos principais: Aspectos


materiais e Aspectos subjetivos.

– Aspectos Materiais: São analisadas as informações históricas contábeis


e financeiras, disponibilidade tecnológica, capacidade financeira, fontes de
recursos, capital humano, histórico empresarial dos sócios.

– Aspectos Subjetivos: São analisados o momento e as oportunidades de


mercado, projeções de desempenho, cenários macroeconômicos, riscos
envolvidos, alternativas de investimento, valores éticos, socioambientais.

k) Análise Gráfica de Ações

As origens da análise técnica moderna estão nos trabalhos de


Charles Dow, no início do século XX. Dow, junto com Edward D. As origens da
análise técnica
Jones, publicava um informativo financeiro que mais tarde seria o
moderna estão nos
“The Wall Street Journal”. Dow apresentava suas observações sobre trabalhos de Charles
o comportamento do mercado, o que gerou o início da análise técnica: Dow, no início do
a teoria de Dow. século XX.

Algumas questões importantes com relação à teoria de Dow são:

• É uma abordagem que utiliza gráficos como ferramenta principal para


determinar o melhor momento (e preço) para comprar e vender ativos.

• A utilização de gráficos na análise técnica inclui também uma série de teorias


sobre como acontecem os movimentos do mercado.

• Funciona porque o mercado corresponde à soma:



– dos desejos,
– medos e
– expectativas das pessoas.

155
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

• O valor de um ativo reflete o encontro entre os que acreditam que o ativo irá
se valorizar (compra).

l) Precificação de Ações (e seus Derivativos)

Para investimento em ações de uma companhia aberta, esse método é


utilizado na determinação do “Preço Justo”. Divide-se o valor econômico calculado
pelo número total de ações da empresa.

A relação “preço justo” e seu valor de mercado (cotação em Bolsa) indicará:

• potencial do ativo-objeto,
• determina a decisão de COMPRA ou VENDA desses papéis.

m) Operação “DAY TRADE”

No mercado à vista, futuro ou de opções, é a Compra e Venda


No mercado à
vista, futuro ou de um mesmo lote de ações ou títulos de uma mesma Companhia,
de opções, é a pela mesma corretora, no mesmo dia, podendo ser com lucro ou com
Compra e Venda prejuízo. O eventual crédito ou débito, quando a operação deu prejuízo,
de um mesmo lote é efetuado em D + 3, ou seja, 3 dias depois de realizada a operação.
de ações ou títulos
de uma mesma Exemplo:
Companhia, pela
mesma corretora,
Você comprou 1.000 ações da VALE PN a R$ 37,50 e vendeu no
no mesmo dia,
podendo ser com mesmo dia, as 1.000 ações da VALE PN por R$ 39,00.
lucro ou com
prejuízo. Valor da compra em D + 3 = R$ 37.500,00
Valo da venda em D + 3 = R$ 39.000,00
Diferença = R$ 1.500,00

Portanto, você obteve um lucro bruto de R$ 1.500,00, a descontar as taxas


de corretagem e emolumentos que são cobrados pela Bovespa.

n) Lote Padrão

São lotes de títulos de características idênticas e em quantidade prefixada


pelas bolsas de valores. O lote padrão define o preço por ação de um determinado
ativo e pode ser de 1000 (mil) ações ou 1 (uma) ação. Quando o lote padrão é de
mil ações o código do papel vem acompanhado de um asterisco.

156
Capítulo 6 Mercado de Capitais

Este padrão foi adotado em função dos vários planos


econômicos que ocorreram no país que, para não haver distorção
no mercado acionário, passou a adotar lotes de ações com 100 ou
1.000 unidades de ações.

o) Mercado Fracionário

Refere-se ao mercado fracionário a quantidade de ações inferior ao lote-


padrão. No mercado acionário é permitida a negociação de volumes de ações em
lotes abaixo do padrão, que é de 100 ou 1.000 unidades, e este tipo de negociação
denomina-se “mercado fracionário”.

p) Tipos de Ordem

Quando você efetua uma COMPRA ou VENDA de ações em Bolsa de


Valores, existem várias formas diferentes de instrução para se efetuar a operação,
que são classificadas como o abaixo:

• Mercado;
• Limitada;
• Casada;
• Para o dia;
• Em aberto.

Vamos esclarecer estas instruções!

• Ordem a Mercado

Quando só há a especificação da quantidade de ações que você deseja,


e suas características de um valor mobiliário, e deverão ser efetuadas desde o
momento de seu recebimento no pregão.

• Ordem Limitada

No caso de o investidor querer delimitar um preço para venda, estando


satisfeito com o lucro já atingido, ele pode colocar uma oferta de venda ao preço
desejado. A venda vai ser executada quando houver oferta de compra nesse
preço ou em outro melhor.

157
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

A esse procedimento damos o nome de ordem limitada.

• Ordem Casada

Ordem casada refere-se à composta por uma ordem de compra e outra de


venda de um determinado valor mobiliário. Sua efetivação só se dará quando
ambas puderem ser executadas.
q) Escolha da Ação

Apresento alguns aspectos importantes com relação à escolha das ações:

– “blue Chip” ou de 1ª. Linha: são as ações mais negociadas


1ª. Linha: são
as ações mais nas Bolsas de Valores que apresentam grande liquidez e volume de
negociadas nas negociações, e são ações de empresas de grande porte.
Bolsas de Valores
que apresentam – 2ª Linha: são ações também de grande movimentação nas Bolsas
grande liquidez de Valores, entretanto não apresentam movimentação tão expressiva
e volume de
quanto as “blue chips”.
negociações, e são
ações de empresas
de grande porte. – 3ª. Linha: São ações de Companhias que não fazem questão
de movimentar suas ações em Bolsas e, mesmo sendo de excelente
qualidade, têm pouca liquidez, mas não são, necessariamente, de menor
qualidade.

r) Atitudes dos Investidores

Os investidores se caracterizam por algumas atitudes que são:

• Jogador

No dia a dia não sabe o que fazer, normalmente toma as suas decisões
baseado 100% em dicas de amigos ou em boatos lidos em algum fórum da
internet.

A sua frequência de compras e vendas é muito alta e, não raro, com empresas
sem fundamentos sólidos.

– Não paga imposto de renda, pois vive com prejuízo.


– Muitas vezes esta pessoa é classificada como viciado em jogo e
– precisa de ajuda médica para mudar de hábitos.

158
Capítulo 6 Mercado de Capitais

• Especulador

Essencial ao mercado. Age com racionalidade e audácia. Tende a assumir


riscos elevados. Tem o espírito de jogador e procura aumentar o seu capital ao
máximo possível, de preferência num único pregão, e procura influenciar os
demais investidores de qual é a melhor opção.

• Manipulador

Age de má fé, divulgando boatos e usando diversos meios, criando


condições artificiais de volumes, oferta ou preços, visando a obter ganhos com
as variações das cotações dessa determinada ação, procurando mostrar volumes
acima do normal de compra e venda de um determinado papel. O manipulador
efetua compras de uma determinada ação através de uma corretora e atua como
vendedor deste mesmo papel, através de outra corretora. Outra técnica usada é a
de divulgar notícias sem fundamentos, ou seja, boatos, tendo por objetivo forçar a
alta ou a queda das cotações de uma determinada ação.

Na manipulação de alta, o manipulador adquire o título por um determinado


valor e divulga boatos para afetarem positivamente o preço desta ação. Quando
os preços estão em valores que lhe interessam, o manipulador negocia o título
realizando lucros. Assim quando o boato passa, os preços retornam ao nível real,
mas o manipulador normalmente já realizou seus lucros.

• Insider

O Insider é o investidor que está por dentro, está ligado à Companhia e detém
função de confiança onde, por força de sua posição, tem acesso a informações
privilegiadas e as usa em proveito próprio. O insider pode ser diretor, conselheiro
fiscal ou outro membro da Companhia.

s) Bovespa – Índice Bovespa

O Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) é o principal O Ibovespa é o


indicador do mercado de ações brasileiro, refletindo o desempenho principal indicador
periódico (diário, semanal, mensal, anual etc.). É composto pelas do mercado de
ações brasileiro,
50 ações mais negociadas. A Bovespa também divulga outros três
refletindo o
índices: o IBX (Índice Brasil), com o desempenho das 100 ações mais
desempenho
negociadas, o IEE (Índice Setorial de Energia Elétrica), composto pelas periódico
empresas do segmento de energia elétrica e o mais novo índice, o IGC
(Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada). Cada Bolsa tem seu
próprio índice, refletindo suas negociações no período, por exemplo, a NYSE (Bolsa
de Nova York) tem o Índice Dow Jones.
159
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

f) Home Broker

É uma opção de É uma opção de negociação na Bovespa, em que o investidor opera


negociação na diretamente via computador, dando ordens de compra e/ou venda de
Bovespa, em que papéis sobre saldos próprios disponíveis (ações/títulos e/ou numerário
o investidor opera
em conta corrente bancária sob a guarda de uma Corretora de Valores).
diretamente via
computador, dando
ordens de compra Como atuar nesta forma? Os passos são:
e/ou venda de
papéis sobre saldos – Acesse o site da Bovespa (www.bovespa.com.br) e identifique
próprios disponíveisuma Corretora de Valores autorizada a operar nesta sistemática;
– preencha o cadastro no site desta Corretora escolhida;
– após aprovação do cadastro, você receberá número de conta bancária
que servirá para seus depósitos e recebimentos de créditos referentes a
Vendas/Dividendos etc.
– o passo seguinte será iniciar as operações que poderão ter ou não a
assistência de operadores da Corretora escolhida.

Um exemplo de Corretora: www.agorainvest.com.br

Taxa manutenção: R$ 6,00/ mês abatida com operações.


Preço por transação: R$ 20,00.
Facilidades: plantão de especialista via chat e fone.

u) Principais Investidores

• BNDES e suas subsidiárias;


• Fundos de investimento;
• Fundos externos de investimento;
• Companhias de seguros;
• Entidades de previdência privada;
• Clubes de investimentos.

Após o que estudamos, aproveite para Refletir sobre os tópicos


abaixo:

– Por que abrir o capital da empresa?

160
Capítulo 6 Mercado de Capitais

– A Imagem da empresa junto a clientes, fornecedores e funcionários


é afetada pela abertura?
– Como deve ser o relacionamento Empresa X Bolsa?
– Como deve ser o Relacionamento Empresa X Investidor?
– Quando uma Companhia pretende abrir seu Capital Social, lançando
ações no Mercado de Capitais, de que entidade ela se utiliza?

Figura 15 – Visão geral da mesa de operações de uma corretora de valores

Fonte: Os autores

Atividade de Estudos:

1) Analise as seguintes sentenças e classifique-as em (C) corretas


ou (I) incorretas:
( ) Mercado de Balcão participa do Sistema de Garantias.
( ) Na Bovespa as negociações são realizadas publicamente.
( ) Na Bovespa as negociações são realizadas através de corretora.
( ) Na Bovespa existe sistema de Garantia.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:


a) A sequência correta é: C – I – C – C.
b) A sequência correta é: C – C – I – C.
c) A sequência correta é: C – C – C – I.
d) A sequência correta é: I – C – C – C.

161
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

2) Sobre a BOVESPA, classifique as seguintes sentenças em (C)


corretas ou (I) incorretas:
( ) Tem a função de ser um centro de liquidez de negócios.
( ) Tem a função de centro formador justo e transparente de preços.
( ) Tem a função de desenvolver mercados.
( ) Tem a função única de divulgar preços.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:


a) A sequência correta é: I – I – I – C.
b) A sequência correta é: C – C – C – I.
c) A sequência correta é: C – I – C – I.
d) A sequência correta é: I – C – C – C.

3) Sobre a finalidade do Mercado de Capitais, classifique as seguintes


sentenças em (V) verdadeiras ou (F) falsas:
( ) Circulação de capital para custear o desenvolvimento econômico.
( ) Participação de acionistas investidores em várias empresas.
( ) Recursos novos não exigíveis obtidos pelas empresas para
financiar seus investimentos.
( ) Recursos novos não exigíveis obtidos pelas empresas para pagar
dívidas.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:


a) A sequência correta é: V – V – V – F.
b) A sequência correta é: F – V – V – V.
c) A sequência correta é: V – F – F – F.
d) A sequência correta é: V – F – V – F.

4) Associe os itens, usando o seguinte código:

I- Day Trade
II- fracionário
III- Lote padrão
IV- Home Broker
( ) Define o preço por ação de um determinado ativo.
( ) Compra e Venda de ações ou títulos no mesmo dia.
( ) Negociação de ações via internet .
( ) Quantidade de ações inferior ao lote-padrão.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:


a) A sequência correta é: III – II – IV – I.
b) A sequência correta é: III – IV – II – I.

162
Capítulo 6 Mercado de Capitais

c) A sequência correta é: III – I – IV – II.


d) A sequência correta é: II – II – I – IV.

5) Associe os itens, usando o seguinte código:


I- Ordem a mercado
II- Ordem Limitada
III- Ordem Casada
IV- Em aberto
( ) Oferta de venda ou compra ao preço desejado.
( ) Só há a especificação da quantidade e das características.
( ) Oferta de venda ou compra por preço e prazo em aberto.
( ) Uma ordem de compra e uma outra de venda simultânea de um
determinado valor mobiliário.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:


a) A sequência correta é: II – I – IV – III.
b) A sequência correta é: II – III – IV – I.
c) A sequência correta é: II – I – III – IV.
d) A sequência correta é: II – IV – III – I.

6) Associe os itens, usando o seguinte código:

I- Especulador
II- Manipulador
III- Insider
IV- Dow Jones
( ) Quem está por dentro.
( ) Índice Industrial.
( ) Tende a assumir riscos elevados.
( ) Age de má fé. Divulga boatos.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:


a) A sequência correta é: III – II – I – IV.
b) A sequência correta é: III – I – II – IV.
c) A sequência correta é: III – I – IV – II.
d) A sequência correta é: III – IV – I – II.

Ações

163
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Nesta seção iremos conhecer os tipos de ações existentes e os direitos e


obrigações dos acionistas de uma Companhia de Capital Aberto.

Ação: Título de renda variável, emitido por sociedades anônimas,


que representam a menor fração do capital da empresa emitente.

Estamos num período econômico com inflação baixa, a remuneração de uma


aplicação é muito importante, e procuraremos mostrar várias formas de remuneração
para o acionista. Portanto, estaremos aprimorando nosso conhecimento sobre a
estrutura de funcionamento de uma Companhia de Capital Aberto, visando a facilitar
nosso conhecimento sobre abrir ou não o Capital de uma Empresa.

a) Cia. de Capital Aberto ou Fechado

São duas as alternativas de controle do Capital da Companhia:

• Cia. de capital fechado

Como o próprio nome diz, suas ações estão em poder de um pequeno grupo
de investidores e/ou até familiares, e a eventual negociação das ações desta
empresa depende de um contato direto com os detentores das mesmas.

• Cia. de Capital aberto

Sua característica é que o capital representado pelas ações é dividido


entre muitos e indeterminados acionistas, abertura esta realizada após o trâmite
obrigatório nos órgãos governamentais competentes da CVM – Comissão de
Valores Mobiliários que regulam este segmento econômico.

As ações podem ser negociadas nas Bolsas de Valores ou no mercado de


balcão.

Ações: são recursos não exigíveis, captados pelas Companhias


de Capital Aberto junto aos Investidores para atingirem seus objetivos
sociais de novos investimentos e gerar lucros a serem distribuídos
aos seus acionistas. São recursos que tendem a ser interessantes

164
Capítulo 6 Mercado de Capitais

para a empresa, por obter recursos não exigíveis e de custo inferior


ao de Mercado Bancário.

• Direitos e Responsabilidades do Acionista


O acionista de uma Companhia detém direitos e obrigações conforme segue:

– recebimento de dividendos conforme os valores estipulados nas


Assembleias anuais e definidos nos Estatutos Sociais;
– recebimentos de bonificações em ações e financeiro, conforme foi a
evolução dos lucros da companhia no exercício anterior;
– recebimento de juros sobre o capital investido;
– recebimentos em desdobramentos (SPLIT) das ações do capital da
companhia, também conforme a evolução dos lucros e aprovados pela
Assembleia da companhia;
– direito de participar das Assembleias Gerais Ordinárias e Extraordinárias;
– direito de indicar membro no Conselho Fiscal;
– direito de indicar membro no Conselho de Administrativo;
– direito de receber informações Auditadas sobre a Companhia.

b) Tipos de Ações

Os tipos de ações devem estar de acordo com direitos outorgados e a forma


de circulação. Podem ser: AON – Ações Ordinárias Nominativas – e APN – Ações
Preferenciais Nominativas.

• AON – Ações ordinárias nominativas

– proporcionam participação nos resultados da empresa;


– conferem ao acionista o direito a voto em assembleias gerais;
– votam na montagem e correção dos Estatutos sociais;
– elegem a diretoria executiva;
– autorizam eventuais fusões/cisões e incorporação da sociedade;
– autorizam a venda de Ativos Imobilizados ou fixos;
– autorizam a emissão de novas ações.

• APN – Ações preferenciais nominativas

– garantem ao acionista a prioridade no recebimento de dividendos;


– geralmente em percentual mais elevado do que o atribuído às AO;

165
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

– reembolso de capital, no caso de dissolução da sociedade;


– a Lei das S/As garante que, no caso de não distribuição de dividendos
por três exercícios consecutivos, as APNs adquirem o direito a voto. O
Estatuto da Companhia pode conferir direito a voto às APNs.

c) Representação da Posse das Ações


A posse das ações pode ser escritural ou por certificados. Vamos conhecer
cada uma dessas formas?

• Escriturais

Ações não são representadas por certificados, funcionando como uma conta
corrente bancária, na qual os valores são lançados a débito ou a crédito dos
acionistas; não há movimentação física dos documentos.

• Cautelas / Certificados

Ações são representadas por certificados e há movimentação


As ações
física dos documentos, para atualização de dividendos, bonificações,
têm seu valor
estabelecido nos pagamentos de juros e/ou desdobramentos.
Estatutos Sociais
da Companhia,
entretanto, d) Valor da ação
conforme a
análise efetuada,
As ações têm seu valor estabelecido nos Estatutos Sociais da
apresentam
valores monetários Companhia, entretanto, conforme a análise efetuada, apresentam
diferentes. valores monetários diferentes, podendo ser:

– DE BOLSA OU MERCADO: Representado pelo valor negociado


em Bolsa de Valores.

– PATRIMONIAL: Valor Patrimonial da Companhia dividido pelo número de


ações desta.

– CONTÁBIL: Valor atribuído às ações quando da montagem do Capital


Social.

– INTRÍNSECO: Valor apurado através da Análise Fundamentalista.

– SUBSCRIÇÃO: Valor determinado para lançamento de um novo lote de


ações.

166
Capítulo 6 Mercado de Capitais

– NOMINAL: Valor da ação estabelecido pelos estatutos sociais.

– LIQUIDAÇÃO: Valor apurado quando do encerramento das atividades da


companhia.

e) Remuneração Oferecida pela Ação


As ações apresentam várias formas de remuneração a seus investidores.

• Dividendos

Conforme o estabelecido pela Lei No. 4.595 de 31/12/1964, as Companhias


S/As de Capital Aberto devem pagar anualmente, por ocasião da divulgação do
Balanço Anual, no mínimo 25% do lucro líquido.

Para você saber o percentual correto, deverá consultar o estatuto social da


Companhia em questão, podendo ser maior conforme o lucro apresentado no
fechamento do balanço anual e a proposta apresentada pela diretoria executiva à
AGO - Assembleia Geral Ordinária Anual.

• Bonificações

Têm as características abaixo:

– recebimento sem custo de uma quantia de ações da Cia.;


– proporcional ao volume possuído;
– sua origem é o aumento de Capital por incorporar as reservas;
– não alteram o patrimônio da empresa;
– passam de lucros – reservas etc. para conta de Capital;
– podem ser novas ações e/ou aumento do valor nominal das ações.

• Pagamentos de juros sobre capital próprio

Como funciona:

– é uma forma de remuneração ao acionista;


– é pago em dinheiro ao acionista;
– é pago sobre as contas das reservas de Lucros acumulados em anos
anteriores.
– para a empresa é interessante por representar despesa em seu balanço,
reduzindo o Imposto de Renda a pagar.

167
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Desdobramentos ou Split (Novas ações e/ou Dinheiro)

Forma de distribuição:

– distribuição de novas ações aos acionistas atuais;


– diluição do Capital em maior volume de ações;
– dá maior liquidez às ações negociadas em Bolsa, por reduzir o valor de
mercado, mas mantendo o valor Patrimonial do acionista.
• Negociação em Bolsas

Conforme o volume negociado em Bolsa e fatores de mercado, as ações


poderão ter ou não uma melhor valorização.

– Ações “Com”: São aquelas que oferecem a seu proprietário participação


em distribuições de Lucro, dividendos e/ou juros sobre o Capital em data
futura prefixada.

– Ações “Ex”: As participações nas distribuições de Lucro, dividendos e/ou


juros sobre o capital, em data futura prefixada, já foram exercidas.

– Ações Classe: A Companhia poderá emitir ações com finalidades


específicas, em que cada acionista terá os mesmos direitos e obrigações.
Para diferenciá-las recebem identificações com letras. Por exemplo: PNA;
PNB; PN1; PN2 etc.

As ações valem o quanto o mercado estiver disposto a pagar e


independem do desempenho da empresa.

f) Passos para a Emissão de Ações

A seguir apresentamos os principais passos para uma empresa emitir ações:

• Emissão Pública

– convocação dos acionistas da Companhia através de uma AGE -


Assembleia Geral Extraordinária - com esta finalidade;
– publicação da ata da AGE em jornais de grande circulação e no Diário
Oficial do Estado sede da Companhia;

168
Capítulo 6 Mercado de Capitais

– arquivamento da Ata da AGE que aprovou esta emissão de ações, na junta


comercial do Estado sede da Companhia;
– contratação do agente intermediário financeiro (Banco e/ou Corretora
de Valores) que irá efetuar todas as formalizações necessárias junto à
CVM – Comissão de Valores Mobiliários e montar “pool” de Instituições
Financeiras que sejam capazes de Garantir tal venda de ações;
– publicação do edital de chamada para exercício de preferência (compra
das ações) pelos atuais acionistas;
– impressão dos extratos de subscrição.

• Intermediação financeira elabora a montagem do custo e pagamento

– comissionamento de coordenação de lançamento;


– comissionamento de garantia de colocação das ações;
– comissionamento de colocação das ações.

• Publicar em jornais de grande circulação

Atos e fatos relevantes da Companhia, relatório de atividades; Investimentos;


Resultados; Faturamento; publicar no Diário Oficial do Estado de origem da
Companhia e em jornal de grande circulação após aprovação da CVM.

• Outros Passos

– Demonstrações Contábeis trimestrais e anuais;


– Remunerar os Conselhos de Administração e Fiscal;
– Manter contrato com empresa de Auditoria Externa;

Auditoria externa obrigatória e Auditoria Interna opcional, que serve para


que seus controles administrativos fiquem mais transparentes e facilitem a
administração da Companhia.

g) Como as ações das companhias são controladas?

São controladas através do serviço de Custódia.

A custódia é um serviço que as bolsas e as corretoras de valores


As ações das
prestam a seus clientes e que consiste na guarda das ações, controle companhias São
e atualização de propriedade, distribuição de dividendos, bonificações, controladas através
pagamento dos Juros de capital etc. (MONITOR INVESTIMENTO, 2008). do serviço
de Custódia.

169
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Atualmente, a grande maioria das ações negociadas é escritural e são


registradas e custodiadas sem a emissão das cautelas.

Você também poderá negociar ações diretamente (comprador


e vendedor), entretanto faltará transparência na formação de preço,
podendo ser justo ou não, e este mercado chama-se de “Balcão”.
Comprador e vendedor assumem o risco de negociar uma ação
inexistente.

h) Estrutura de Empresa de Capital Aberto

A empresa de A empresa de capital aberto tem a seguinte estrutura de


capital aberto tem a funcionamento: Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária; Conselho
seguinte estrutura de Administração; Conselho Fiscal; Diretoria Executiva.
de funcionamento:
Assembleia
• Assembleia Geral Ordinária – AGO
Geral Ordinária
e Extraordinária;
Conselho de Reunião anual dos acionistas portadores de ações Ordinárias e
Administração; convocada pela Diretoria Executiva, obrigatória pela Lei das Sociedades
Conselho Fiscal; Anônimas do Brasil, com finalidade de:
Diretoria Executiva.

– votar os acionistas ordinários;
– Acionistas Preferencialistas só votam quando o estatuto da companhia
assim o permitir;
– reunir todos os acionistas da companhia com as seguintes finalidades:

▪ eleger os membros do conselho de administração, conselho fiscal e


diretoria executiva;
▪ definir os planos de atividades da companhia;
▪ aprovar ou não os balanços da companhia;
▪ deliberar sobre destinação dos lucros/perdas da companhia;
▪ autorizar, ou não, eventuais fusões, incorporações etc.;
▪ autorizar a alienação de ativo fixo/imobilizado da companhia;
▪ alterar a quantidade de ações tanto ordinárias quanto preferenciais;
▪ autorizar, ou não, a emissão de debêntures ;
▪ todos os assuntos de interesse da companhia.

• Assembleia Geral Extraordinária – AGE

170
Capítulo 6 Mercado de Capitais

Reunião que poderá ser convocada:

– Pela diretoria executiva;


– Pelo conselho fiscal e/ou administrativo;
– Pelos acionistas.

A convocação da Assembleia Geral Extraordinária ocorrerá sempre que for


necessária, sem prazo definido. Votam os acionistas ordinários; os acionistas
preferencialistas só votam quando o estatuto da companhia assim o permitir.

• Conselho de Administração

O Conselho de Administração é obrigatório em:


– Sociedade de economia mista;
– Cia. de capital aberto;
– Cia. de capital autorizado.

As Funções são deliberativas e entre outras funções podemos destacar:


eleger/destituir a Diretoria executiva; aprovar os planos de desenvolvimento e
Investimentos, elaborados pela Diretoria Executiva.

Considera-se que as empresas de Capital Aberto têm ganhos adicionais


em sua gestão, por contar com abertura cultural da empresa, por contar com
profissionais experientes em outras áreas e de integridade reconhecida no
mercado; maior transparência nas suas decisões; membros cada vez mais
fortes e independentes, por estarem protegidos e cobrados por Leis específicas e
manter equilíbrio adequado do Conselho e por ter profissionais não envolvidos no
dia a dia da Companhia.

• Conselho Fiscal

Conforme o nome diz, o papel deste Conselho é o de fiscalizar o trabalho


da Diretoria Executiva e verificar se a sua atuação está dentro do previsto nos
Estatutos Sociais, caso contrário devem tomar as medidas a seguir:

– denunciar aos órgãos de administração, através das AGO, providências


necessárias para proteger a Companhia contra erros, fraudes, crimes e
sugerir providências;

– convocar a AGO, se os órgãos de administração atrasarem mais de um


mês a convocação;

– analisar trimestralmente balancetes e demais demonstrações financeiras


da Cia.
171
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

O funcionamento do Conselho Fiscal se dará mediante a autorização da


Assembleia Geral, que é eleita pela Assembleia Geral e instituída a pedido de
qualquer sócio com 10% de ações ordinárias ou 5% de ações preferenciais,
são remunerados.

A Lei das S/As introduziu uma série de restrições aos participantes do


Conselho Fiscal, visando a dar maior transparência e seriedade ao mesmo,
impedindo que dele participem membros do órgão de administração;
funcionário de companhias associadas ou coligadas e cônjuge ou parente até
3º grau dos administradores.

• Diretoria Executiva
É o órgão responsável pela administração da Companhia, e deve atuar
em conformidade com a política de administração traçada pelo Conselho de
Administração.

É dividida entre as várias áreas de atividade da Companhia, conforme


definição em Estatuto.

Exemplo de estrutura de Diretoria Executiva:

– Presidente;
– Diretor Financeiro;
– Diretor Industrial;
– Diretor Comercial.

Considerando o que estudamos até então, pesquise em jornais,


revistas, sites (www.terra.com.br/economia), empresas de Capital
aberto e seu segmento de atividade, valor do Capital social, tipos de
ações desta Companhia e se pertencem ou não ao Novo Mercado da
Bovespa.

Com isso, talvez você encontre empresas perto de você


que sejam de capital aberto/fechado e entenderá melhor seu
funcionamento, como a quem pertencem, como são dirigidas e quem
recebe seus lucros e se sua atuação no mercado e relacionamento
com clientes/ fornecedores e funcionários apresenta diferença em
relação a Companhias que não tenham Capital aberto em Bolsa de
Valores. Você poderá identificar essas empresas, e suas informações
econômicas, no site <www.bmfbovespa.com.br>.

172
Capítulo 6 Mercado de Capitais

Atividade de Estudos:

Vamos desenvolver uma atividade prática. Você também pode


ganhar na BOLSA, saiba como:

– Cadastre-se no site: www.folhainvest.com.br;


– você receberá uma carteira virtual de ações, com aproximadamente
R$ 200.000,00 em ações e R$ 40.000,00 em REAIS em CAIXA;
– acesse a Carteira de ações;
– o valor de cada ação corresponde à cotação real no momento;
– o horário de funcionamento da Bovespa: Normal: das 10 às 17
horas; Verão: das 11 às 18 horas;
– fora dos horários de funcionamento suas ordens de compra e venda
ficarão aguardando o início de atividades da Bovespa;
– para cada empresa listada, acesse na sua carteira de ações da
Folhainvest: cotações/ i na 2ª. Coluna ao lado da empresa sobre
a qual você desejar saber os dados/ notícias e informações/
relatórios financeiros. Nesse roteiro você poderá conhecer todas as
características das Companhias de Capital Aberto que você deseja;
– selecione os segmentos de atividade principal, das empresas que
fazem parte da sua carteira virtual e fique com apenas 5 (cinco)
segmentos diferentes, a seu critério, para facilitar seu conhecimento
das atividades dessas Cias.

LEMBRANDO: COMPRE na Baixa cotação de mercado e


VENDA na alta cotação de mercado da Bolsa.

Neste site você terá a oportunidade de treinar a aplicação em


Bolsa de Valores, a rentabilidade mensal e anual que você poderá
alcançar, ficando apto a realmente aplicar suas reservas e/ou da sua
Empresa ou Carteira de Clientes, a qual você poderá montar com a
finalidade de Agente Autônomo de Investimentos.

No site: <www.invertia.com.br>, ou <www.terra.com.br> ícone


de economia, você encontrará informações sobre a atividade das
empresas no dia a dia, que lhe serão muito úteis na definição das

173
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Companhias nas quais você irá COMPRAR/VENDER suas ações.

Atividade de Estudos:

Vender e Comprar Ações

Prezado Pós-Graduando: recomendo desenvolver esta atividade


prática para adquirir experiência em trabalhar com a Bovespa.
– Acesse o ícone VENDER ou COMPRAR na barra do folhainvest
(www.folhainvest.com.br).
– Preencha os dados nos quadrados abertos.
– Código da empresa.
– Ordem de venda “a Mercado”.
– Efetue suas operações (compra/venda) a preços que estiverem
cotados na Bovespa no presente momento.
– Tão logo você preencha a quantidade, abaixo aparecerá o valor total
da negociação para você poder avaliar se terá ou não caixa virtual
para suportar esta operação no caso de COMPRA. Caso esteja
vendendo, você saberá o quanto irá receber para poder programar
novos negócios com esse recurso.
– Lembre-se de que todos os créditos/débitos dos valores em R$, de
negócios realizados em Bolsa, são concretizados após 72 horas.
– Lembre-se de que essas operações são virtuais.

Caracterize as Companhias da Carteira do último dia do mês


identificando:

– segmento de atividade da Cia.;


– quantidade de ações e tipos de ações (AO; AP) da Cia.;
– valor R$ do capital da Cia.;
– extrato da movimentação da carteira no mês para analisar débitos e
créditos de vendas/compras, créditos de juros, dividendos etc.;
– classificação da Cia. na Bovespa Nível 1 ou 2 ou Novo Mercado ou
não;
– analisar o porquê das 4 compras e 4 vendas;
– Saldo em caixa na virada do mês tem de ser inferior a R$ 1.000,00;
– Analisar a razão da variação positiva ou negativa da sua carteira de
ações.

174
Capítulo 6 Mercado de Capitais

Como obter dados das empresas? Quando você estiver na


Carteira de ações, clique em:

– Cotações;
– escolha o nome da empresa que lhe interessa: posteriormente clique
em: Notícias e informações; Relatório financeiro; ITR = Informações
Trimestrais; Dados da Empresa (dados do capital; mercado a que
pertence - N1; N2; NM - segmento de atuação; valor do capital
social; tipos de ações – AO e ou AP).

Obs.: Todos esses dados ajudarão você a conhecer a


empresa e o segmento de atuação da mesma, para você poder
tomar suas decisões de comprar/ vender ou não.

Uma outra dica: Monte uma planilha excel contendo:

– em cada final de semana;


– saldo caixa;
– saldo R$ da carteira;
– rentabilidade do mês;
– acompanhar a evolução (ganhos/perdas) semana a semana, que
faz parte da planilha de ações.

Com essa prática você estará abrindo um novo mercado de


trabalho e/ou forma de aplicação rentável e arriscada.

Com a montagem da planilha acima (Excel), você começará a ter


o preço máximo e mínimo alcançado pelas ações das Companhias
que você está acompanhando. Então comece a praticar um conceito
popular de mercado: COMPRE NA BAIXA E VENDA NA ALTA do
preço da ação em Bolsa. Dessa forma você estará acelerando seus
ganhos em Bolsa.

CUIDADO: você está entrando num mundo de grandes


emoções, em que o risco deverá ser calculado como de curto prazo
ou de longo prazo.

– Curto prazo: você deverá efetuar negócios de compra/venda de


ações constantemente, para obter os ganhos desejados.

– longo prazo: você deverá efetuar negócios visando ao longo prazo, ou


seja, efetuar compras de ações com intuito de ganhar através do(a):

▪ valorização em Bolsa;

175
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

▪ recebimento de dividendos;
▪ recebimento de juros sobre o capital;
▪ desdobramento de ações;
▪ distribuição de novas ações como forma de distribuição de lucros.

Nessa modalidade de longo prazo (acima de 5 anos) você


deverá se preocupar com a aplicação para efeito de aposentadoria.

No site <www.bovespa.com.br>, você encontrará vários cursos


on-line para você aprimorar sua atividade no mercado de Bolsa de
Valores.

Figura 16– Que pena que o governo desistiu

Fonte: Disponível em: <http://veja.abril.com.br>. Acesso em: 24 jan. 2010.

i) Mercado Primário e Secundário

Para finalizar esta seção, vamos conhecer o que é mercado primário e


secundário.
176
Capítulo 6 Mercado de Capitais

• Mercado Primário

As principais características são:

– Abertura do capital da empresa.


– É a subscrição de novas ações ao público (Underwriting/IPO).
– Empresa obtém novos recursos para seus planos de investimentos.
– Antecede a negociação em Bolsa.
– Empresa Registra este lançamento de novas ações na CVM – Comissão
de Valores Mobiliários.

Nesta etapa, uma instituição financeira é líder em conjunto com outras


instituições Financeiras apoiadoras que montarão um “pool” (Bancos/Corretoras de
valores/Distribuidoras de Valores) na operação de comercialização desses papéis.

• Mercado Secundário

Principais características são:

– Caracteriza-se pela negociação em Bolsa de Valores.


– Caracterizado pela oferta e procura por determinados papéis das
Companhias, valorizando-os ou não.
– A liquidez realiza-se entre Investidores.
– A companhia não é beneficiada financeiramente nesta etapa.
– À medida que este mercado cresce, facilita a colocação de novos lotes de
ações no mercado.

Atividade de Estudos:

1) Classifique as seguintes sentenças em (C) corretas ou (I)


incorretas:

( ) Ações ordinárias garantem ao acionista a propriedade no


recebimento de dividendos (geralmente mais elevados do que
o atribuído às ordinárias) e no reembolso de capital, no caso
de dissolução da sociedade.
( ) Ação é um título representativo da propriedade da menor
parcela do capital de um fundo de investimentos.
( ) Ação escritural é a cautela ou certificado que apresentam o
nome do acionista, cuja transferência é feita com a entrega da

177
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

cautela e a averbação de termo, em livro próprio da sociedade


emitente, identificando o novo acionista.
( ) Acionista é o proprietário de ação; possuidor de parcela do
capital de uma sociedade por ações.
( ) Índice Bovespa, número que exprime a variação média dos
valores das negociações na Bolsa de Valores de São Paulo, de
uma carteira de poupança selecionada.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:


a) A sequência correta é: C – I – C – I – I.
b) A sequência correta é: I – C – I – C – I.
c) A sequência correta é: I – I – I – C – I.
d) A sequência correta é: I – C – C – I – I.

2) Classifique as seguintes sentenças em (C) corretas ou (I)


incorretas:
( ) Empresa de capital aberto é uma sociedade anônima em que
o capital social representado por ações é dividido entre poucos
acionistas, e suas ações não são negociadas em Bolsa de
Valores.
( ) Empresa de capital aberto é aquela que tem de publicar
os balanços trimestralmente, juntamente com relatório de
atividades, Investimentos, Resultados e demais informações.
( ) Empresa de capital aberto é aquela em que é obrigatória
Auditoria externa.
( ) Empresa de capital aberto é obrigada a manter um
departamento de acionistas.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:

a) A sequência correta é: C – C – C – I.
b) A sequência correta é: I – C – C – C.
c) A sequência correta é: I – I – C – C.
d) A sequência correta é: I – C – I – C.

3) Classifique as seguintes sentenças em (C) corretas ou (I) incorretas:

( ) Conselho fiscal é obrigatório em todas as empresas constituídas


por ações negociadas em Bolsa.
( ) Conselho fiscal opina sobre o capital social da empresa;
emissão de debêntures; planos de investimentos; orçamento
de capital e eleição da Diretoria executiva.
( ) Conselho fiscal tem atribuições deliberativas.

178
Capítulo 6 Mercado de Capitais

( ) Conselho fiscal destitui Diretoria executiva.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:

a) A sequência correta é: C – I – C – C.
b) A sequência correta é: C – I – I – I.
c) A sequência correta é: I – C – C – I.
d) A sequência correta é: C – C – C – I.

4) Dentro do meu trabalho no departamento de acionistas, preciso


saber o que são ações ordinárias. Sendo assim, classifique as
seguintes sentenças em (V) verdadeiras ou (F) falsas:

( ) Proporcionam participação nos resultados da empresa e


conferem ao acionista o direito a voto em assembleias gerais.
( ) É um título de renda fixa.
( ) Garantem ao acionista a propriedade no recebimento de
dividendos e no reembolso de capital.
( ) Em caso de liquidação social, são as primeiras a receberem
seus valores do capital liquidado.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:

a) A sequência correta é: V – F – V – F.
b) A sequência correta é: V – F – F – F.
c) A sequência correta é: F – F – F – V.
d) A sequência correta é: F – V – F – F.

5) Admita uma ação que promete pagar indefinidamente um


dividendo no valor de R$ 10,00 por ação, suponha que para
adquirir esta ação o Investidor exige um retorno de 10% a.a. Para
este investidor, qual seria o valor máximo que ele estaria disposto
a pagar por esta ação considerando-se essas informações?

a) ( ) R$ 100,00
b) ( ) R$ 102,00
c) ( ) R$ 104,00
d) ( ) R$ 105,00

6) Dividendos; Bonificações em ações; Bonificação em Dinheiro;


Juros sobre Capital próprio; Desdobramento, são formas com as
quais as Cias de Capital Aberto remuneram:

179
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

a) Seus clientes e fornecedores.


b) Só os fornecedores.
c) Acionistas.
d) Clientes e Acionistas.

Derivativos
Prezado pós-graduando!!! Já estudamos sobre como é constituída uma
empresa de Capital Aberto, sua estrutura e funcionamento para ter liquidez com
essas ações, através das Bolsas de valores, entre outras informações.

O Mercado acionário apresenta duas formas distintas de operações com


seus papéis, o Mercado Primário e o Mercado Secundário.

O Mercado Primário é quando a Companhia lança um novo lote de ações no


Mercado e os recursos virão para o seu caixa a fim de atender as necessidades
programadas no lançamento dessas ações.

Já o Mercado Secundário se caracteriza por ser o mercado no qual os


Investidores dão Liquidez a seus Investimentos.

Agora passaremos a ter uma visão sobre o Mercado de Derivativos, que são
aplicações que, conforme o próprio nome diz, derivam de outros Ativos preexistentes.

São realizadas a) Mercado Futuro


operações
envolvendo lotes Mercado no qual são realizadas operações envolvendo lotes
padronizados de padronizados de commodities ou ativos financeiros, para liquidação em
commodities ou datas futuras, em Bolsa, para tentar se defender de oscilações de preços
ativos financeiros,
futuros de um ativo financeiro ou até mesmo alavancar suas aplicações.
para liquidação
em datas futuras,
em Bolsa, para São negociados os índices dos ativos do tipo: Produtos agrícolas
tentar se defender (café, soja, algodão, boi gordo, milho, etc.); Commodities (Petróleo,
de oscilações de álcool); Índices (financeiros, Bovespa, dólar futuro).
preços futuros de
um ativo financeiro Para facilitar, neste mercado são negociados ativos com as
ou até mesmo características a seguir:
alavancar suas
aplicações.
– contrato padronizado em Bolsa;

180
Capítulo 6 Mercado de Capitais

– estabelece limites;
– especificação do produto;
– qualidade do produto;
– local de entrega do produto;
– prazo de entrega do produto
– transporte do produto;
– forma de pagamento;
– predomínio de liquidações financeiras;
– operações garantidas pela Bolsa.

A finalidade do mercado futuro é comprar ou vender certa A finalidade do


quantidade de um bem (mercadoria ou ativo financeiro) por um preço mercado futuro é
estipulado para liquidação em data futura. comprar ou vender
certa quantidade
No mercado futuro, esses compromissos são ajustados de um bem
financeiramente às expectativas do mercado acerca do preço futuro (mercadoria ou
ativo financeiro) por
daquele bem, por meio do procedimento de ajuste diário (que apura
um preço estipulado
perdas e ganhos). para liquidação em
data futura.
O Investidor Procura: obter proteção para o preço desejado; lucro
sem riscos; garantir margens de ganho futuro desejado sobre determinado ativo.

b) Mercado de Opções

É o mercado em que são negociados direitos de compra ou venda de um lote


de produtos, com preços e prazos de exercício predeterminados, tendo por base
o mercado. O investidor pode ou não exercer o direito da opção, dependendo da
evolução do preço do ativo.

Exemplo de operação: Crise das Tulipas (ou tulipomania), do século XVII,


na Holanda. Devido à alta volatilidade causada pelo frenesi comercial em torno
dessa planta, comerciantes protegiam suas negociações comprando opções
sobre o preço das tulipas. Isso dava o direito ao portador da opção de comprar
a tulipa pelo preço previamente acordado, não dependendo de qual valor a tulipa
atingiria ao longo do vencimento desse direito. (DESCHAMPS, 2011).

O PLANTADOR

Devido à volatilidade do mercado, daqui a 30 dias a planta


poderá estar custando muito mais que R$10,00, define com o

181
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

comerciante um preço a ser pago por esta negociação, simplesmente


ele não lhe dará este direito de forma gratuita.

O plantador então vende ao comerciante a opção de compra da


tulipa por R$1,00.

• Comentários:

Independente do que acontecer, o plantador irá ganhar R$1,00


pela venda da opção, mesmo que a tulipa seja precificada em R$ 0,00.

O valor recebido pela venda da opção é creditado no início da


negociação; antes mesmo de saber o que irá acontecer no futuro, o
plantador já recebe o seu prêmio.

O comerciante pagará R$1,00, independente do que acontecer.

O comerciante tem um direito (e não uma obrigação) de exercer


a opção.

O plantador tem a obrigação de entregar a tulipa, caso seja


exercido pelo comerciante.

• Possíveis acontecimentos:

O preço da tulipa cai para R$5,00 (abaixo do valor do direito).

O comerciante não irá exercer o direito de comprar a tulipa por


R$10,00, poderá comprar à vista no mercado por apenas R$ 5,00.

O comerciante perde R$1,00 do direito.

O plantador continua com a tulipa em mãos e com R$1,00 pago


pelo comerciante.

O preço da tulipa sobe para R$40,00 (acima do valor do


direito).

O comerciante irá exercer o direito de comprar a tulipa por


R$10,00, poderá em seguida vender a mesma pelo valor de R$40,00.

Essa operação irá lhe gerar um lucro de R$29,00 (R$10,00


pagos pela tulipa + R$1,00 contra a receita de R$40,00).

182
Capítulo 6 Mercado de Capitais

O plantador deverá entregar a tulipa ao comerciante


vendendo-a por R$10,00.

O plantador gerou com isto uma receita de R$11,00.

• Quem fez o melhor negócio e em qual caso?

É neste ponto que esbarramos na ganância: caso ela o(a)


cegue, você deixará de enxergar uma das mais promissoras
estratégias a curto e longo prazo e partirá para operações de alto
risco com opções.

No primeiro caso dos “Possíveis acontecimentos”, fica mais fácil


saber quem fez um bom negócio, ou relativamente, um negócio que
lhe gerou receita.

Neste cenário, o comerciante desembolsou R$1,00 imaginando


que a tulipa poderia custar mais do que o direito lhe garantia
(R$10,00).

Como não chegou, o direito dele virou pó, sem valor e sem
sentido de se exercer.

Ao final, ele não exerceu o direito e perdeu R$1,00.

Analisando apenas receitas e despesas, este não foi um bom


negócio.

Já para o plantador, foi um bom negócio, uma vez que


embolsou R$1,00 e continuou com a tulipa em mãos.

Ele poderá vender a tulipa mais para a frente ou poderá lançar


mais uma vez opções, embolsando assim um novo prêmio.

• Já no segundo caso, a situação é mais delicada.

A princípio, um investidor pensará que o comerciante teve uma


vantagem muito maior do que o plantador, de fato, teve, mas isto não
implica dizer que o plantador teve alguma espécie de prejuízo.

Pense que, no início das negociações, a tulipa estava sendo


negociada a R$7,00.

183
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

Então, mesmo tendo que vendê-la ao comerciante, conseguiu


vender por R$10,00 (três reais acima do valor de mercado naquele
momento) e ainda ganhou mais R$1,00 como prêmio.

A questão da ganância tem um impacto muito pesado nestas


horas. O investidor não irá gostar da situação de ficar com sua
posição travada (fixar o preço de venda da tulipa em R$10,00), e não
poder vendê-la em um Topo Histórico das cotações.

De fato, não é a situação ideal…

Mas lhe pergunto:

• Quantas vezes você já conseguiu atingir a situação ideal


negociando ativos na bolsa de valores?
• Muitas vezes, vale mais a pena fixar no começo das negociações
quanto exatamente você poderá ganhar
• e, independendo de onde o mercado for, colocar um lucro no bolso
e continuar com o ativo.

Fonte: Disponível em: <http://blogs.advfn.com/materias/a-historia-das-


opcoes-o-que-e-e-qual-a-sua-origem>. Acesso em: 24 jan. 2010.

c) Mercado a Termo

São valores mobiliários cujos valores e características de negociação estão


amarrados aos ativos que lhe servem de referência.

– As formas de negociação são:


– Através das Corretoras de Valores que executam as ordens.
– Operações eletrônicas.
– Liquidações podem ser físicas ou financeiras.
– Transações realizadas em horários específicos para cada ativo.
– Operações garantidas pela Bolsa, através da CBLC.

A característica principal deste mercado é que os preços estão sujeitos à


variação de preço de outros ativos no mercado à Vista. Seu objetivo é transferir
riscos entre os participantes deste mercado e são negociados nas oscilações de
preços dos ativos.

A natureza dos derivativos é a dos agropecuários (café; boi; milho; soja; café;
algodão; boi; etc.) e o setor financeiro (Taxa de juros; taxa de inflação; índices de
ações; taxa de câmbio; etc.).
184
Capítulo 6 Mercado de Capitais

Atividade de Estudos:

1) Analise o texto e complete as lacunas em branco com as palavras


adequadas:

Um importador de produtos eletrônicos, temendo uma


_________________ do real, deverá ________________ contratos
futuros ou de opções de dólar na BM&F, para _______________ os
riscos de um possível prejuízo.

Agora, assinale a alternativa que apresenta as palavras que


completam as lacunas corretamente:

a) ( ) Desvalorização – comprar – maximizar.


b) ( ) Desvalorização – vender – minimizar.
c) ( ) Valorização – comprar – minimizar.
d) ( ) Desvalorização – comprar – minimizar.

2) Considerando o Mercado Futuro e de Opções, assinale a


alternativa correta:
a) ( ) O preço de um ativo no mercado futuro em geral é inferior ao
preço desse ativo atualmente negociado no mercado.
b) ( ) Ao adquirir uma opção de compra de um determinado ativo,
um investidor está apostando na redução do preço desse
ativo no mercado.
c) ( ) O Mercado Futuro é de grande valia, principalmente para o
setor agrícola, pois pode auxiliar na manutenção de níveis de
preços aceitáveis através dos contratos de venda futura.
d) ( ) Nenhuma opção acima é válida;

3) Associe os itens, usando o seguinte código:


I- Mercado a Termo
II- Mercado à Vista
III- Mercado de opções

( ) Transação na qual o comprador e o vendedor negociam


determinado ativo para entrega em data futura. O preço poderá
ser acertado no ato ou na data futura.
( ) Compra e/ou venda , na Bovespa, de determinada ação para
liquidação em 72 horas.

185
Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

( ) Transação em que são negociados direitos sobre ativos-


objetos.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:


a) A sequência correta é: I – III – II.
b) A sequência correta é: II – I – III.
c) A sequência correta é: II – III – I.
d) A sequência correta é: I – II – III.

Algumas Considerações
Neste último capítulo apresentamos o funcionamento das Bolsas de Valores,
como aplicar em ações e os derivativos.

Assim concluímos os estudos da disciplina de Fundamentos de Economia,


Mercados de Capitais e Investimentos. Espero que o conteúdo desta disciplina possa
ajudar você a melhor entender a questão econômica e financeira de nosso país.

Referências
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

DESCHAMPS, Filipe. Origem das Opções. Disponível em: <http://tradercalixto.


blogspot.com/2012/01/origem-das-opcoes.html>. Acesso em: 20 dez. 2011.

FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: produtos e serviços. 10. ed. São


Paulo: Ed. Qualitymark, 1999.

MONITOR INVESTIMENTO (Brasil). Monitor Investimento. O que é Home Broker.


Disponível em: <http://www.monitorinvestimentos.com.br/aprendizado.php?id_
aprendizado=5>. Acesso em: 25 abr. 2008.

PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de Capitais: fundamentos e técnicas. 4. ed.


São Paulo: Atlas, 2008.

ROSS, Stephen A., RANDOLPH W. WESTERFIELD, Jeffrey F. Jaffe.


Administração Financeira – “Corporate Finance”. São Paulo: Atlas, 1995.

RUDGE, Luiz Fernando. Mercado de capitais. Belo Horizonte. CNB, 1993.


186

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