Aula 05 Psicologia Da Educação

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PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

AULA 5 – CORRENTES
TEÓRICAS DA
APRENDIZAGEM

Olá,

Nesta unidade de aprendizagem estudaremos as correntes teórica que


sustentam a teoria da aprendizagem e compreendem um amplo espectro de
abordagens e conceitos, elaborados a partir da visão de diversos teóricos e
com influência no contexto social e histórico nos quais se inserem.
Conforme as pesquisas de muitos desses teóricos, as teorias de
aprendizagem auxiliam, sustentam e amparam os educadores a compreender
como o processo de ensino se relaciona com a aprendizagem.

Bons estudos!
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, espera-se que você seja capaz
de:

• Caracterizar as principais teorias da aprendizagem.


• Distinguir a diferença entre elas.
• Relacionar as teorias da aprendizagem com os processos de
ensino-aprendizagem.
5 CORRENTES TEÓRICAS DA TEORIA DA APRENDIZAGEM

A aprendizagem pode ser entendida como o processo de modificação de


comportamento resultante de experiências de natureza presente nos estímulos
inerentes à situação. O comportamento humano pode se modificar em função do
tipo de resposta que se espera obter e da observação de como agem
outras pessoas que acabam se tornando modelos a serem copiados.
Nesta concepção aprender é reflexo de relações criadas com o contexto,
conforme seus aspectos afetivos e possibilidades de criação com o social. Dessa
maneira, cada sujeito tem, em si, um processo único para o desenvolvimento da
aprendizagem (ALLPORT, 1973).
A aprendizagem se desenrola conforme a subjetividade do viver de cada
sujeito e se manifesta em um tempo determinado por ocorrências especificas de
cada entendimento. Os conhecimentos produzidos pelo processo de
aprendizagem, bem como os modos de assimilação e fixação desses
conhecimentos, e ainda qual é a posição do sujeito diante desse processo, são
alguns dos questionamentos que alguns teóricos utilizaram para desenvolver as
teorias de aprendizagem (ALLPORT,1973).
As teorias de aprendizagem são provenientes de duas teorias base da
ciência psicológica: o inatismo, que designa o objeto como fonte do
conhecimento, estabelecendo para a aquisição e apreensão da aprendizagem
os níveis de pensamento, ou seja, todas as características básicas para o
desenvolvimento da aprendizagem estão presentes no sujeito antes mesmo de
seu nascimento, por meio de uma transferência hereditária; e o empirismo, que
tem como base o aprendizado promovido pela experiência com o ambiente,
potencializando o modo como o sujeito percebe esses estímulos ambientais, dos
mais simples aos mais complexos.
As teorias de aprendizagem são modelos que organizam padrões para
viabilizar a explicação acerca do modo como os sujeitos aprendem e não
necessariamente como a mente funciona, mas compreendendo um
entendimento sobre seu desenvolvimento biopsicossocial. Dentre as principais
sustentações teóricas em teorias da aprendizagem, é possível destacar, a partir
das bases da ciência psicológica, o racionalismo e o ambientalismo
(ALLPORT,1973).
O ambientalismo, também conhecido como empirismo ou
associacionismo, teve sua sustentação nas teorias de John Locke (1632-1704),
filósofo inglês reconhecido como criador do liberalismo. Constituiu o conceito de
“tábula rasa”, no qual refere que todos os sujeitos nascem com sua capacidade
de sentir e perceber, imprimindo as experiências sensório-motoras a partir dessa
base fundamental.
Outro teórico que é referência para o ambientalismo é David Hume (1711-
1776), que discute a construção do conhecimento por meio da interação do
sujeito com o ambiente, percebido através dos cinco sentidos, de modo que, a
partir disso, nenhum conhecimento se construiria sem passar pelos sentidos.
Esses conceitos iniciais do ambientalismo deram origem ao behaviorismo ou
comportamentalismo, do russo Ivan Pavlov (1848-1958) e do americano John
Watson (1878-1958), trazendo o conceito de que estímulos do ambiente geram
respostas (ALLPORT,1973).
O behaviorismo entrou na educação por Burrhus Skinner (1904-1989),
que, a partir de seus experimentos, propôs que a aprendizagem está relacionada
aos estímulos que gerarão respostas, que podem ser determinadas ou
encaminhadas por reforço positivo ou reforço negativo, promovendo o processo
de condicionamento e, por consequência, o comportamento complexo, com a
combinação de uma série de condutas simples.
Por exemplo, ao caminhar, inicialmente o bebê aprende a firmar o
abdômen e as costas, em seguida, aprende a sentar, para, então, arrastar-se ou
tentar erguer-se e, por fim, caminhar; ou seja, ações simples condicionadas pela
repetição e pelo reforço positivo do ambiente, como o incentivo dos pais ou
cuidador, que ao insistirem em produzir mais comportamentos simples, levam ao
caminhar, que se constitui como um comportamento complexo.
Para o behaviorismo, o papel do educador é o de estimulador, como um
treinador que se disponibiliza de modo a oferecer estímulos que gerem situações
que promovam assimilação da aprendizagem. As aulas são sucessões de
estímulos que objetivam transformar uma resposta zero, sem reação,
incondicionada, ou seja, com reação que não necessita de aprendizagem ou
resposta instintiva, em resposta condicionada, que é uma reação produzida após
percepção de estímulos que levam a uma aprendizagem (ALLPORT,1973).
A avaliação, para o behaviorismo, desenvolve-se em função da resposta
certa condicionada para o estímulo correspondente. Outro ponto de destaque
para o behaviorismo é com relação ao conceito de livre arbítrio. Dessa maneira,
para o behaviorismo, com a alteração do ambiente as emoções, os pensamentos
e comportamentos são alterados, de modo que o ambiente determina a natureza
humana. Não é a natureza, mas o ambiente que influi sobre o modo de ser dos
sujeitos (ALLPORT,1973).
Sendo assim, conceitos como bom e ruim, bonito e feito são determinados
pelo ambiente; por exemplo, em uma região onde a pimenta é o tempero
principal das refeições, os sujeitos se acostumam com refeições bastante
apimentadas, mas, em regiões não acostumadas com este tempero, a pimenta
pode ser insuportável para o paladar.
O racionalismo, ancorado nas ideias do inatismo e do teórico René
Descartes (1596-1650), com seu discurso do método, não potencializa a
importância dos sentidos para o desenvolvimento do conhecimento, que só se
enfatiza a partir de evidências. Assim, as influências do ambiente pouco têm a
ver com o modo de aprender.
O racionalismo é uma corrente filosófica que teve seu início marcado pela
definição de raciocínio e da aprendizagem, não meramente como uma operação
sensorial, mas sim como uma operação mental, discursiva e lógica que utiliza
uma ou mais proposições para extrair conclusões, ou seja, forma conjunturas
sobre se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou provável (ZÓIA, 2009).
Do racionalismo, emergiu o nativismo ou apriorismo, teoria que refere o
conhecimento como fruto da herança genética do sujeito. A partir dessa teoria,
surgiu o interacionismo ou construtivismo, teoria do conhecimento que visualiza
o sujeito histórico e cultural em constante interação. O interacionismo, sob a ótica
dos estudos aprofundados a partir de Jean Piaget, foi reconhecido como
interacionismo cognitivista. O interacionismo sociointeracionista teve sua
conceituação com base nos estudos de Vygotsky, ambos com entendimento
sobre o sujeito implicado pela busca de sentido e significados no mundo.
É possível pensar em uma dicotomia entre racionalismo e ambientalismo
quando observamos que as teorias racionalistas desenvolvem seu foco no
pensar e o ambientalismo tem foco no sentir. No entanto, percebemos também
similaridades: tanto para os ambientalistas quanto para os racionalistas, são as
experiências com o ambiente que geraram aquisição de conhecimento, ou seja,
as condições do meio influenciam o desenvolvimento. No entanto, a diferença
está no modo de compreender a devolução do sujeito para o ambiente (ZÓIA,
2009).

5.1 Processo de ensino e aprendizagem

A aprendizagem é compreendida como processo que tende a oportunizar


o desenvolvimento intelectual e a ampliação da consciência. Assim, a
aprendizagem não está vinculada somente à condição física, como idade
cronológica, experiência ou atributos intelectuais, mas se conecta diretamente
com a formulação de estratégias mentais que viabilizem a estruturação e o
planejamento para aquisição de conhecimento (VYGOTSKY, 2000).
A partir dessa perspectiva, as teorias de aprendizagem auxiliam os
educadores a compreender como o processo de ensino se relaciona com a
aprendizagem. Isto é, as teorias de aprendizagem promovem sustentação ao
método de ensino utilizado, permitindo a visualização do aprendizado a partir da
aplicação de estratégias educacionais.
O processo de ensino se ampara nas teorias de aprendizagem para
perceber como o sujeito aprende, considerando sua singularidade referente a
tempo, forma e ritmo. Ainda, o processo de ensino busca perceber aspectos
emocionais, como motivação e identificação com a aprendizagem (VYGOTSKY,
2000).
Dentre os modelos teóricos sustentados nas teorias da aprendizagem que
produzem mais significação sobre o processo de ensino e aprendizagem,
podemos destacar: o comportamentalismo ou behaviorismo; o construtivismo; e
o socioconstrutivismo.
O comportamentalismo ou behaviorismo se sustenta no ambientalismo e
produziu seus estudos para a aprendizagem com base nas pesquisas do
psicólogo americano Skinner. Seus pressupostos se baseiam no
condicionamento dos comportamentos, com o objetivo de promover uma
modelagem nos sujeitos (VYGOTSKY, 2000).
Dessa maneira, o processo de ensino e aprendizagem para esta
abordagem teórica se estrutura com a proposta de estímulos e recompensas,
mediados pela resposta a esses estímulos, para o alcance de um resultado
almejado.
O conceito âncora para essa abordagem teórica é o estímulo-resposta.
Assim, o ensino se constitui em meio aos conteúdos transmitidos e mediados
pelo educador. Os educadores, assim como o conteúdo didático, têm papel
fundamental, pois são os detentores do conhecimento ofertado. Nesse sentido,
para essa abordagem, o papel do aluno se restringe a absorver o conhecimento,
por meio da memorização pela repetição (VYGOTSKY, 2000).
O construtivismo foi constituído a partir das ideias de Piaget, com suas
teorias sobre os estágios do desenvolvimento e da aprendizagem. Piaget não
desenvolveu um método de aprendizagem em seus escritos, mas suas teorias
geraram sustentação para outros teóricos, dentre os quais está Emilia Ferreiro,
com pesquisas sobre a aquisição da escrita e da leitura em crianças (ZOIA,
2009).
Essa concepção teórica entende que o sujeito aprende quando em
interação com o ambiente, sendo essa aprendizagem mediada por sua
capacidade de absorver e processar as percepções geradas em si mesmo. Ou
seja, o ensino se transmite em meio aos processamentos sensoriais e cognitivos,
provocando uma ampliação de ideias em meio à estimulação para a exploração
do mundo em busca por respostas.
O educador é um observador que busca explorar como os conhecimentos
são absorvidos para, em seguida, disponibilizar elementos que provoquem o
aluno. Assim, o aluno tem parte essencial em seu aprendizado, pois, de maneira
ativa, constrói seu saber; a aprendizagem se desenvolve a partir das vivências
e experiências.
A aprendizagem, para esse modelo, acontece em meio a uma relação
dialética entre o sujeito e o contexto social. Dessa maneira, o ambiente modifica
o sujeito tanto quanto é modificado por ele. Assim, todo aprendizado é mediado
pela interação entre sujeito, educador e contexto social (VYGOTSKY, 2000).
O educador tem o papel de captar o desenvolvimento das estruturas
mentais e buscar meios de promover qualidade mediante a assimilação da
aprendizagem. O ensino deve preceder ao que os sujeitos ainda não conseguem
desenvolver sozinhos ou não percebem como fazer.
O foco dessa abordagem está na mediação, na interação, na relação. O
educador atua como facilitador entre o aluno, os conhecimentos prévios desse
aluno e a aprendizagem que necessita ser desenvolvida. O aluno aprende ao
observar o meio, assimilando seus conhecimentos e gerenciando novas
aprendizagens na interação com outros.
Para desenvolver o método socioconstrutivista, o educador disponibiliza
problemáticas em que os alunos possam encontrar respostas a partir de
conhecimentos prévios; quando confrontados por si mesmos sobre a restrição
desses saberes, os alunos buscarão novas formas de ampliar seus
conhecimentos. Portanto, o educador pode auxiliar indicando caminhos para a
exploração, por exemplo, com pesquisas físicas ou virtuais, entrevistas ou
experimentos. A aprendizagem se desenvolve de maneira colaborativa, na qual
os erros são percebidos como constituintes do processo de aprendizado
(ALLPORT, 1973)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLPORT, G.W. Personalidade: padrões e desenvolvimento. São Paulo:


EPU, 1973.

VYGOTSKY, L. S. A Construção do Pensamento e da Linguagem. São Paulo:


Martins Fontes, 2000.

ZOIA, E. T. Alfabetização: um estudo sob a ótica do construtivismo e da


Teoria Histórico--Cultural. Monografia (Especialização em Teoria Histórico-
Cultural) - UniversidadeEstadual de Maringá, Maringá, 2009.

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